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26204 
 
Revista Contemporânea, v. 3, n. 12, 2023. ISSN 2447-0961 
 
 
 
Contemporânea 
Contemporary Journal 
3(12): 26204-26219, 2023 
ISSN: 2447-0961 
 
Artigo 
 
USO DA CLONIDINA NO TRATAMENTO DOS 
COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS NO DÉFICIT 
INTELECTUAL MODERADO OU GRAVE 
 
USE OF CLONIDINE IN THE TREATMENT OF DISRUPTIVE 
BEHAVIORS IN MODERATE OR SEVERE INTELLECTUAL 
DEFICIT 
 
DOI: 10.56083/RCV3N12-076 
Recebimento do original: 03/11/2023 
Aceitação para publicação: 06/12/2023 
 
Marcone Nunes dos Santos 
Residente em Psiquiatria 
Instituição: Centro Universitário de Patos (UNIFIP) 
Endereço: R. Horácio Nóbrega, s/n, Boa Vista, Patos – PB, CEP: 58704-440 
E-mail: marcone.nsp@gmail.com 
 
Aécio Geovanne Cavalcanti Alves 
Residente em Psiquiatria 
Instituição: Universidade Regional do Cariri (URCA) 
Endereço: R. Cel. Antônio Luíz, 1161, Pimenta, Crato - CE, CEP: 63105-010 
E-mail: aeciocavalcanti@hotmail.com 
 
Milena Nunes Alves de Sousa 
Doutora em Promoção de Saúde 
Instituição: Centro Universitário de Patos (UNIFIP) 
Endereço: R. Horácio Nóbrega, s/n, Boa Vista, Patos – PB, CEP: 58704-440 
E-mail: milenanunes@fiponline.edu.br 
 
RESUMO: Comportamentos disruptivos são recorrentes em diversos 
transtornos psiquiátricos. De forma destacada, são comuns em pessoas com 
deficiência intelectual. A abordagem terapêutica preferencial envolve 
intervenções comportamentais e psicossociais. Quando as abordagens 
iniciais falham, a farmacoterapia, especialmente com antipsicóticos de 
segunda geração, é considerada, embora associada a efeitos colaterais 
significativos. A clonidina, originalmente um medicamento anti-hipertensivo, 
mailto:aeciocavalcanti@hotmail.com
mailto:milenanunes@fiponline.edu.br
 
 
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Revista Contemporânea, v. 3, n. 12, 2023. ISSN 2447-0961 
 
 
emerge como uma alternativa eficaz e de baixo custo para comportamentos 
disruptivos. Seus benefícios e efeitos colaterais são discutidos, 
principalmente em comparação com antipsicóticos. Este estudo propõe 
avaliar a resposta terapêutica e efeitos da clonidina em indivíduos com 
deficiência intelectual moderada ou grave. Foi conduzido no CAPS-II de 
Patos-PB. Utilizando a Escala de Impressões Clínicas Globais (CGI), realizou-
se uma pesquisa documental retrospectiva, quantitativa, para avaliar a 
resposta desses pacientes à prescrição de clonidina. Foram incluídos 
pacientes com diagnóstico de deficiência intelectual moderada ou grave e 
comportamentos disruptivos para os quais a clonidina foi prescrita. A 
resposta terapêutica foi documentada quantitativamente pela CGI após 
quatro semanas. O fármaco foi prescrito principalmente para casos graves e 
menos responsivos a outros medicamentos, resultando em melhora 
significativa na maioria. A interrupção foi rara, ocorrendo em um caso de 
hipotensão, sem outros relatos gerais de intolerabilidade dentre 18 pacientes 
incluídos no estudo. A clonidina mostrou-se benéfica como opção para 
comportamentos disruptivos, potencialmente prevenindo o uso de fármacos 
de maior risco metabólico e cardiovascular no longo prazo. Recomendações 
formais aguardam estudos mais abrangentes, especialmente ensaios clínicos 
controlados. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Psiquiatria, Deficiência Intelectual, Comportamento 
Problema, Agressão, Clonidina. 
 
ABSTRACT: Disruptive behaviors are recurrent in diverses psychiatric 
disorders. They are particularly common in individuals with intellectual 
disabilities. The preferred therapeutic approach involves behavioral and 
psychosocial interventions. When initial approaches fail, pharmacotherapy, 
especially with second-generation antipsychotics, is considered, although 
associated with significant side effects. Clonidine, originally an 
antihypertensive medication, emerges as an effective and cost-effective 
alternative for disruptive behaviors. Its benefits and side effects are 
discussed, primarily in comparison to antipsychotics. This study aims to 
evaluate the therapeutic response and effects of clonidine in individuals with 
moderate to severe intellectual disabilities. It was conducted at CAPS-II in 
Patos-PB. Using the Clinical Global Impressions Scale (CGI), a retrospective 
quantitative documentary research was carried out to assess the response 
of these patients to clonidine prescription. Patients diagnosed with moderate 
to severe intellectual disability and disruptive behaviors for which clonidine 
was prescribed were included. Therapeutic response was quantitatively 
documented by CGI after four weeks. The drug was mainly prescribed for 
severe cases and those less responsive to other medications, resulting in 
significant improvement in the majority of cases. Discontinuation was rare, 
 
 
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occurring in one case of hypotension, with no other general reports of 
intolerability among the 18 patients included in the study. Clonidine has 
proven to be beneficial as an option for disruptive behaviors, potentially 
preventing the use of medications with greater long-term metabolic and 
cardiovascular risk. Formal recommendations await more comprehensive 
studies, especially controlled clinical trials. 
 
KEYWORDS: Psychiatry, Intellectual Disability, Problem Behavior, 
Aggression, Clonidine. 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
 
Comportamentos disruptivos ou problemáticos são um padrão 
persistente de uma conduta negativa, desafiadora ou até mesmo hostil, 
como a agressão, autolesão, destruição de objetos, recusa a atividades, 
restrição alimentar e comportamentos socialmente inadequados (JOBSKI et 
al., 2017). São manifestações transdiagnósticas comuns a vários transtornos 
psiquiátricos assim como em algumas condições neurológicas e clínicas, 
sendo muito frequentes, entre outros, nos portadores de deficiência 
intelectual moderada ou grave. 
A abordagem terapêutica de primeira escolha neste público deve 
abranger intervenções comportamentais e psicossociais, principalmente 
quando a irritabilidade é o principal componente clínico registrado. 
Todavia, é fundamental que se recorra a alternativas quando as 
intervenções de primeira linha não são eficazes ou os pacientes não 
respondem adequadamente a esse tipo de abordagem (PISANO; MASI, 
2019). Nessa perspectiva, a farmacoterapia deve ser utilizada, já que os 
medicamentos desempenharão um papel adicional para os sintomas 
relacionados com a desregulação comportamental. 
 
 
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O tratamento medicamentoso dos comportamentos disruptivos em 
indivíduos com deficiência intelectual é geralmente reservado para casos 
mais graves e refratários ao tratamento comportamental. Os medicamentos 
mais comumente prescritos incluem antipsicóticos de segunda geração, 
como risperidona, olanzapina e aripiprazol. Embora esses medicamentos 
possam ser eficazes na redução dos comportamentos disruptivos, eles 
também estão associados a efeitos colaterais significativos, como ganho de 
peso, síndrome metabólica, discinesia tardia e sedação (BANAS; SAWCHUK, 
2020). É importante avaliar cuidadosamente os benefícios e riscos do uso de 
medicamentos, levando em consideração a gravidade e a cronicidade dos 
comportamentos disruptivos e a resposta ao tratamento comportamental. 
A clonidina é um medicamento que atua como agonista alfa-2 
adrenérgico, inicialmente aprovado para o tratamento da hipertensão 
arterial. Além disso, tem sido utilizado off-label em outras condições, como 
transtorno de Tourette, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade 
(TDAH), transtorno do espectro autista (TEA) e comportamentos disruptivos. 
Seu mecanismo de ação envolve a ativação de receptores pré-sinápticos alfa-
2 adrenérgicos, resultando na redução da liberação de noradrenalina e 
diminuição da atividade simpática, atuando de modo central a reduzir a 
resposta de luta e fuga, tornando-se uma boa alternativapara pacientes que 
podem tolerá-lo (BARDOLOI, 2023). 
Em relação aos comportamentos disruptivos, a clonidina tem sido 
relatada como eficaz em alguns estudos não controlados em crianças com 
agressividade e raiva, bem como em crianças com transtorno de conduta 
exibindo agressividade, como exemplo temos o Prado-Lima (2009), Banas e 
Sawchuk (2020) e Gurnani, Ivanov e Newcorn (2016). Seu uso pode 
apresentar efeitos colaterais, mas é, em geral, bem tolerada. Em 
comparação com os antipsicóticos quando usados para o mesmo fim, não 
apresenta os efeitos metabólicos em longo prazo. 
 
 
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Estudar o uso da clonidina para o tratamento dos comportamentos 
disruptivos é importante por se tratar de um grupo de sintomas que causam 
impactos na vida dos pacientes e suas famílias, já que são potencialmente 
perturbadores em uma grande variedade de domínios funcionais, como o 
desempenho acadêmico e ocupacional, relacionamentos sociais e familiares 
e desenvolvimento psicológico (GURNANI; IVANOV; NEWCORN, 2016). De 
baixo custo e com perfil de efeitos colaterais, em longo prazo, menos danoso 
do que os antipsicóticos geralmente utilizados (BARDOLOI, 2023), já é usada 
em outros diagnósticos que também podem apresentar comportamentos 
disruptivos como o TEA, TDAH e distúrbios comportamentais agressivos 
(SAYLOR; AMANN, 2016). 
Ante as ponderações, este estudo avaliou o padrão de resposta 
terapêutica e efeitos colaterais do uso da clonidina para o tratamento dos 
comportamentos disruptivos que podem estar presentes em indivíduos 
diagnosticados com deficiência intelectual moderada ou grave, o que pode 
contribuir para consolidar uma ferramenta a mais disponível para o manejo 
clínico destes sintomas. 
 
2. Metodologia 
 
No cadastro de pacientes do CAPS-II da cidade de Patos-PB foram 
identificados os pacientes diagnosticados com deficiência intelectual 
moderada ou grave. A pesquisa no prontuário destes pacientes buscou a 
presença de comportamentos disruptivos e a terapêutica instituída. 
Foi realizado um estudo quantitativo através de pesquisa documental, 
retrospectiva, de julho a outubro de 2023, com avaliação por meio da escala 
Escala de Impressões Clínicas Globais (CGI), do padrão de resposta dos 
pacientes à prescrição da clonidina no CAPS Adulto de Patos – PB. 
 
 
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Foram incluídos no estudo os pacientes cadastrados diagnosticados 
com deficiência intelectual moderada ou grave, que apresentam, entre suas 
manifestações sintomáticas, os comportamentos disruptivos. 
Foram excluídos os pacientes para os quais a clonidina não foi prescrita 
ou que, tendo sido prescrita o paciente não fez uso ou, tendo feito uso, 
interrompeu antes de quatro semanas por qualquer motivo que não tenha 
sido intolerabilidade aos efeitos colaterais. A interrupção do uso por 
intolerabilidade mantém o paciente no estudo. 
Para os pacientes para os quais foi prescrita a clonidina o padrão de 
resposta terapêutica do paciente após 4 semanas de uso do fármaco foi 
documentado de forma quantitativa pela Escala de Impressões Clínicas 
Globais - CGI (figura 1). Entre outros, um estudo que valida sua versão em 
língua portuguesa foi publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, por Lima 
et al. (2007). 
 
Figura 1. Escala de Impressão Clínica Global (CGI) 
 
Fonte: Lima et al. (2007). 
S – Gravidade da Doença 
Considerando a sua experiência com estes sintomas (comportamentos 
disruptivos), Quão mentalmente doente está o paciente neste momento? 
(marque apenas uma). 
1 – Normal, não doente 
2 – Límítrofe para a doença mental 
3 – Levemente Doente 
4 – Moderadamente doente 
5 – Marcadamente doente 
6 – Gravemente doente 
7 – Doença Mental extremamente Grave 
 
I – Melhora Global 
Comparando à condição do paciente o início do tratamento, qual o grau 
de alteração que ocorreu? 
1 – Muito melhor 
2 – Melhor 
3 – Ligeiramente melhor 
4 – Sem alteração 
5 – Ligeiramente pior 
6 – Pior 
7 – Muito pior 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Esta escala é amplamente empregada em estudos clínicos em 
psiquiatria devido a sua simplicidade e sua confiabilidade amplamente 
testada. Compõe-se de duas subescalas: gravidade da doença (CGI-S) e 
melhora global (CGI-I), avaliadas com escore de 1 a 7 (valores mais altos 
significam maior gravidade ou piora clínica). 
A pesquisa, de natureza quantitativa e retrospectiva, foi autorizada 
pelo comitê de ética do Centro Universitário de Patos – PB – CAEE 
70039923.1.0000.5181 / Protocolo de número: 6.127.030 
 
3. Resultados 
 
A clonidina foi prescrita para 18 pacientes (24%) de um conjunto de 
75 usuários, do serviço de saúde abordado, diagnosticados com deficiência 
intelectual moderada ou grave. Da população inserida na pesquisa, apenas 
um paciente não usava outras medicações antes da clonidina. Todos os 
demais já utilizavam fármacos com o objetivo de controle dos 
comportamentos disruptivos, a maioria em polifarmácia de antipsicóticos 
e/ou anticonvulsivantes, principalmente, mas também antidepressivos e 
benzodiazepínicos. 
No universo pesquisado, dez pacientes (55%) tinham o diagnóstico de 
deficiência intelectual moderada e oito (45%) foram diagnosticados com 
deficiência intelectual grave, além disso a totalidade da amostra apresentava 
um perfil crônico para comportamentos disruptivos; sendo 9 (50,0%) do 
sexo masculino e 9 (50,0%) do sexo feminino, com idades variando de 09 a 
73 anos e média de idade de 40 anos. 
Inicialmente, a dose utilizada foi de 0,1 mg, duas vezes por dia, para 
todos os pacientes. Quinze deles permaneceram com essa dose no primeiro 
mês de uso e três pacientes tiveram a dose aumentada para 0,2 mg, duas 
vezes por dia, ainda no decorrer das primeiras quatro semanas de uso. Um 
 
 
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paciente, também portador de hipertensão arterial sistêmica e em uso de 
losartana, teve hipotensão ao somar a prescrição da clonidina e interrompeu 
o uso da mesma por intolerabilidade poucos dias antes da reavaliação. Não 
houve nenhum outro caso de percepção de efeitos colaterais significativos. 
Dois pacientes não demonstraram benefício com o uso. 
Os demais quinze pacientes tiveram benefício com a introdução da 
clonidina e cursaram com a diminuição dos comportamentos disruptivos, 
como melhora de forma destacada da inquietação e da impulsividade, além 
de benefício adicional na qualidade do sono. Apesar da melhora, apenas um 
paciente referiu a cessação completa dos comportamentos problemáticos. 
Na escala CGI, a respeito da gravidade dos comportamentos antes da 
prescrição da clonidina os pacientes foram classificados, de acordo com a 
intensidade e frequência das disfunções, conforme a tabela 1. 
 
 Tabela 1. CGI – S (Gravidade da doença) 
1. Normal, não doente 0 pacientes 
2. Limítrofe para a doença mental. 0 pacientes 
3. Levemente doente. 0 pacientes 
4. Moderadamente doente. 11 pacientes 
5. Marcadamente doente. 2 pacientes 
6. Gravemente doente. 2 pacientes 
7. Doença extremamente grave. 3 pacientes 
Fonte: Dados de pesquisa, 2023. 
 
Na mesma escala, em relação a melhora global após quatro semanas 
da introdução do fármaco o padrão de resposta está demonstrado conforme 
a classificação anterior para a gravidade da doença na tabela 2. 
 
Tabela 2. Padrão de resposta após 4 semanas em uso de clonidine 
CGI-S 4 (Moderadamente doente) 01 paciente muito melhor (CGI-I – 1) 
08 pacientes melhores (CGI-I – 2) 
01 paciente ligeiramente melhor (CGI-I – 3) 
01 paciente ligeiramente pior (CGI-I – 5) 
CGI-S – 5 (Marcadamente doente) 01 paciente sem alteração (CGI-I – 4) 
01 paciente ligeiramente melhor (CGI-I – 3) 
CGI-S – 6 (Gravemente Doente) 01 pacientesem alteração (CGI-I – 4) 
 
 
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01 paciente ligeiramente melhor (CGI-I – 3) 
CGI-S – 7 (Extremamente Grave) 02 pacientes sem alterações (CGI-I – 4) 
01 paciente ligeiramente melhor (CGI-I – 3) 
Fonte: Dados de pesquisa, 2023. 
 
4. Discussão 
 
Os comportamentos disruptivos são comuns em pessoas com 
deficiência intelectual e podem incluir agressão, autolesão, destruição de 
objetos, recusa alimentar e comportamentos sociais inadequados 
(BARDOLOI, 2023). Esses comportamentos podem afetar negativamente a 
qualidade de vida do paciente e causar angústia para a família. Muitas vezes, 
eles também levam a uma sobrecarga de cuidados, rejeição social e, em 
casos mais graves, à institucionalização do paciente (KE; LIU, 2015). 
Quando a abordagem farmacológica se torna necessária no tratamento 
da deficiência intelectual, é importante que ela seja realizada de forma 
cuidadosa e após uma avaliação abrangente do paciente. É fundamental que 
a medicação seja prescrita como parte de um plano de tratamento que inclua 
manejo comportamental e envolvimento da família (BANAS; SAWCHUK, 
2020). 
A primeira ação natural é analisar o comportamento, verificar se há 
uma causa tratável, sempre mantendo uma consideração cuidadosa dos 
riscos potenciais e evitando a polifarmácia (GURNANI; IVANOV; NEWCORN. 
2016). 
A família e cuidadores são participantes ativos no processo terapêutico, 
que envolve o acesso a informações psicológicas, estímulo de habilidades 
sociais e apoio educacional e no emprego, garantindo, assim, que as 
intervenções sejam consistentes em todos os ambientes em que a pessoa 
com deficiência intelectual vive e interage (TURNER, 2020). 
Nos pacientes avaliados neste estudo, foi identificado um déficit da 
abordagem comportamental. Por questões sociais múltiplas, distância do 
 
 
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serviço, motivação familiar e dificuldade de acesso, os pacientes não 
realizam ou fazem em carga horária inferior à recomendada, a realização das 
terapias. 
Quando fármacos foram utilizados, a prescrição da clonidina se revela 
uma conduta de exceção. A maioria dos pacientes que receberam a 
prescrição da clonidina já faziam uso de vários outros fármacos e, em não 
obtendo bom controle dos comportamentos problemáticos, a clonidina foi 
prescrita em adição aos demais. Eram, tipicamente, os mais sintomáticos, 
cuja resposta não foi plenamente alcançada com as medidas 
comportamentais e uso de outros medicamentos. A concomitância de outras 
substâncias prescritas para o mesmo fim é um dos limitadores importantes 
deste estudo, assim como o fato de ter sido usada na maioria das situações, 
para pacientes já refratários e pouco responsivos. 
Para três pacientes cuja gravidade de doença foi inicialmente 
classificada como extremamente grave em relação aos comportamentos 
disruptivos (CGI S - 7), a adição da clonidina não teve reposta para dois 
deles (CGI I - 4) e um paciente teve ligeira melhora (CGI I - 3), sugerindo 
um baixo padrão de resposta global para pacientes com manifestações muito 
graves. 
Dois pacientes classificados inicialmente como gravemente doentes 
(CGI S – 6) e dois pacientes marcadamente doentes (CGI S – 5) tiveram, 
em cada grupo, um paciente com ligeira melhora (CGI I -3) e um paciente 
com melhora mais clara (CGI I – 2), sendo os dois subgrupos com padrão 
geral de resposta menos claro, ainda que tendo tido benefícios. 
Para onze pacientes classificados previamente com doença 
moderadamente grave (CGI S - 4), um paciente teve ligeira melhora (CGI I 
– 3), oito pacientes tiveram melhora mais clara (CGI I – 2), um paciente 
teve cessação dos comportamentos disfuncionais (CGI I – 1), um paciente 
interrompeu o uso por hipotensão - considerado uma piora no estudo (CGI I 
 
 
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– 5). O paciente que teve hipotensão com o uso, era hipertenso e fazia uso 
de losartana, tendo somado o efeito hipotensor da clonidina. O paciente que 
teve cessação completa dos comportamentos disruptivos era o único 
paciente do estudo que não fazia uso de outros fármacos e a clonidina foi 
prescrita em monoterapia. 
A melhora foi mais clara para o subgrupo de pacientes com menor 
gravidade e em uso de menor quantidade de outros fármacos, o que sugere 
que este grupo pode ter maior benefício e que a prescrição da clonidina antes 
da inclusão de drogas com maior comprometimento do perfil metabólico e 
maior risco cardiovascular, o que pode prevenir a necessidade de inclusão 
destes fármacos ou reduzir suas doses necessárias. 
É relevante observar que a melhora foi mais consistentemente relatada 
em relação a inquietação, impulsividade e insônia, o que pode nortear 
estudos mais direcionados. 
A agressividade é a principal manifestação dos comportamentos 
problemáticos disruptivos e é apontada como uma das principais causas para 
o encaminhamento às clínicas psiquiátricas. Entretanto, é importante 
ressaltar que a agressão pode ser considerada adaptativa em determinados 
contextos sociais e, em algumas ocasiões apropriadas, até mesmo ter um 
impacto positivo para o agressor. Contudo, é essencial destacar que a 
agressão mal adaptativa traz malefícios significativos para o indivíduo 
envolvido e acarreta consequências negativas (ROBB et al., 2019). 
A clonidina pode ser usada no contexto dos comportamentos 
problemáticos em vários subgrupos diagnósticos. Já foi avaliada na redução 
da agressividade e raiva em crianças com desenvolvimento típico e em 
crianças com transtorno de conduta (PISANO; MASI, 2019). As doses diárias 
usuais para transtorno de Tourette e TDAH variam de 0,1 a 0,4 mg, divididas 
em três ou quatro doses diárias (PERSICO et al., 2021). 
 
 
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Para os pacientes avaliados com deficiência intelectual moderada ou 
grave a dose variou de 0,2 a 0,4 mg divididos em duas doses diárias, nas 
primeiras quatro semanas. O benefício foi percebido desde a dose mais baixa 
para a maioria e apenas três (17%) dos dezoito que usaram o fármaco 
tiveram a dose aumentada durante o primeiro mês. 
No que tange aos efeitos colaterais desse tratamento farmacológico é 
importante observar cuidadosamente os efeitos da clonidina na frequência 
cardíaca e na pressão sanguínea durante a titulação gradual do 
medicamento, já que a hipotensão é o efeito adverso mais marcante para 
esse fármaco, que atua diminuindo o fluxo simpático para os neurônios 
cardiovasculares excitatórios. Assim, a hipotensão moderada ou grave pode 
afetar a tolerabilidade da clonidina, que apresenta forte correlação com a 
dose utilizada (SINGAL et al., 2023). Apenas um paciente teve hipotensão 
com o uso do fármaco e possivelmente pela concomitância de uso com a 
losartana. O medicamento foi bem tolerado, o que também reflete o cuidado 
quando da prescrição, feita exclusivamente a usuários com níveis pressóricos 
entre normais e elevados. 
Uma revisão sistemática da literatura, publicada em 2020, no Canadá, 
avaliou o benefício da clonidina para o tratamento de comportamentos 
disruptivos associados a pacientes com Transtorno do Espectro Autista e 
identificou efeitos benéficos no seu uso como uma opção farmacológica eficaz 
e de baixo custo para indivíduos com distúrbios comportamentais neste 
grupo. Participaram do estudo, jovens com TEA que lutam contra 
hiperatividade, hiperexcitação, impulsividade, dificuldades de sono e 
agressividade. Os resultados indicaram melhora no comportamento com o 
uso da clonidina em relação à linha de base. Sendo geralmente bem tolerada, 
tendo a sedação como efeito adverso mais consistentemente relatado e 
apesar de ser um medicamento anti-hipertensivo, poucos descontinuaram a 
clonidina por hipotensão oubradicardia. Embora ressaltem que mais 
 
 
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pesquisas são necessárias antes que qualquer recomendação clara possa ser 
feita, esclarecem que os efeitos são promissores ao beneficiamento desse 
tipo de tratamento (BANAS; SAWCHUK, 2020). 
Um outro artigo, fazendo uma comparação de resultados de ensaios 
clínicos, observou-se que a clonidina teve influência benéfica principalmente 
para o adormecimento, a manutenção do sono e a ansiedade. Também foi 
observado o benefício sobre a irritabilidade, hiperatividade e estereotipia. Os 
efeitos colaterais observados, foram dose dependentes, e incluíram 
sonolência e fadiga (COLEMAN et al., 2019). 
De forma similar ao encontrado nestes estudos, nos pacientes 
portadores de deficiência intelectual moderada ou grave ora avaliados, 
apenas um paciente interrompeu o uso por hipotensão e não houve outros 
relatos de intolerabilidade ao medicamento. A prescrição típica foi feita para 
pacientes refratários nos comportamentos disruptivos a despeito do uso de 
vários outros medicamentos e, portanto, aqueles mais graves e menos 
responsivos. Ainda assim, a maioria destes teve uma resposta positiva, com 
evolução em relação à linha anterior de base. 
A pesquisa apresenta limitações. Como os demais dados, o diagnóstico 
de deficiência intelectual, assim como os especificadores moderado ou grave 
foram coletados em prontuário e admitidos como tal, sem novos testes de 
quociente de inteligência e habilidades. A maioria dos pacientes usavam 
outros fármacos em diferentes combinações, de forma que o efeito da 
clonidina foi avaliado a partir do seu acréscimo aos demais mas não de forma 
isolada. Os usuários aos quais foi prescrita eram os mais refratários e a 
possível resposta naqueles menos sintomáticos para os quais o uso de 
antipsicóticos foi considerado satisfatório não está aqui retratada. Os 
usuários estavam submetidos a diferentes padrões de estímulo 
comportamental, de acordo com cada composição familiar e suporte, 
tornando o grupo bastante heterogêneo. 
 
 
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5. Conclusão 
 
A melhora clínica mais claramente percebida nos pacientes menos 
graves e o fato de um paciente para o qual a substância foi prescrita em 
monoterapia ter obtido remissão do quadro, são sugestivos de que uso da 
clonidina pode ser benéfica como uma opção inicial no tratamento dos 
comportamentos disruptivos, em especial tendo como alvo a inquietação, 
impulsividade e prejuízos da qualidade do sono, prevenindo o uso ou a 
necessidade de doses altas de fármacos com maior risco metabólico e 
cardiovascular no longo prazo. São necessários mais estudos, com ênfase 
em ensaios clínicos controlados, para que uma avaliação mais clara dos 
riscos e benefícios possam embasar uma recomendação formal para o uso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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