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E-book 1
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO E SOCIAL 
Íris Nery do Carmo
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
A SOCIEDADE E AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS ��4
O Fato social �����������������������������������������������������������������������������5
CULTURA E SOCIEDADE ��������������������������������������11
Etnocentrismo �������������������������������������������������������������������������16
Socialização ����������������������������������������������������������������������������16
Identidade ��������������������������������������������������������������������������������18
A EXCLUSÃO SOCIAL �������������������������������������������20
Classe social ���������������������������������������������������������������������������21
ESTADO E SOCIEDADE ���������������������������������������27
Democracia �����������������������������������������������������������������������������28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 33
SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������34
2
INTRODUÇÃO
Ao longo destes estudos, você aprenderá sobre a 
relação entre indivíduo e sociedade, assim como 
temas relacionados à cultura, exclusão social e de-
sigualdades, a partir das contribuições das Ciências 
Humanas e Sociais� Para enriquecer a discussão, 
nossa abordagem terá como pano de fundo questões 
atuais de formação da sociedade contemporânea, 
levando em consideração a sua trajetória histórica�
Além disso, observaremos como o Estado é uma ins-
tituição própria da Modernidade Ocidental� Assentado 
no ideal iluminista de “liberdade, igualdade e frater-
nidade”, a sua emergência marcou uma nova página 
frente às sociedades feudais e ao absolutismo� Daí 
provém a noção de cidadania, tão celebrada e reivin-
dicada nos tempos atuais�
3
A SOCIEDADE E AS 
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Neste tópico, você conhecerá um pouco sobre o 
conceito de sociedade, desenvolvido a partir das 
seguintes indagações: como os indivíduos agem 
em sociedade? Como se relacionam com as normas 
sociais (tácitas e explícitas)? De que modo as ins-
tituições sociais operam? Como as desigualdades 
sociais são produzidas (e contestadas)? Essas são 
algumas das questões que iremos discutir�
A diversidade é uma característica fundamental das 
sociedades humanas� Ao longo do tempo e espa-
ço, as configurações dos agrupamentos humanos 
assumem múltiplos formatos, pois estamos a todo 
momento tecendo, negociado e construindo relações 
– sejam elas de cunho político, social, cultural ou 
histórico� As sociedades podem adquirir contornos 
variados: rural, urbana, industrializada, agrária, sim-
ples ou complexa, são alguns dos muitos adjetivos 
que podemos usar na sua caracterização�
Nas próximas páginas, voltaremos nosso olhar para 
tais transformações, analisando as mudanças pelas 
quais passam os seres humanos vivendo em socie-
dade. Verificaremos que a ideia de sociedade não é 
universal ou abstrata� Antes, ela sempre diz respeito 
a um determinado momento situado na história�
Assim, o conceito de sociedade merece nossa aten-
ção� Diferentemente dos demais animais, a espécie 
4
humana caracteriza-se por sua capacidade simbólica, 
isto é, sua capacidade de produzir símbolos e atribuir 
significado ao mundo, sujeitos e coisas ao seu redor.
Portanto, a sociedade não pode ser entendida sim-
plesmente como um conjunto de indivíduos compar-
tilhando certo território� Para além disso, a sociedade 
é tecida por instituições, normas e relações de poder 
que conformam determinada organização social�
A complexidade da relação indivíduo-sociedade tem 
sido objeto de reflexão de uma série de autores des-
de, pelo menos, o século 19� Entre eles, podemos 
citar pensadores clássicos da sociologia, como Karl 
Marx e Émile Durkheim, cujas reflexões serão intro-
duzidas ao longo de nossos estudos�
O Fato social
A origem das Ciências Sociais, e especialmente da 
Sociologia, remete ao século 19� Karl Marx, Émile 
Durkheim e Max Weber elaboraram as bases desse 
campo de estudos, mobilizados intelectualmente 
pelas transformações sociais, políticas, econômi-
cas e culturais então observadas na Europa, que 
passava por um período bastante agitado de tran-
sição da Idade Média (sociedades agrárias) para a 
Modernidade (sociedades industriais)�
Nesse sentido, a Revolução Francesa (1789) foi um 
acontecimento marcante, pois representou o fim do 
absolutismo e dos paradigmas que caracterizavam a 
Idade Média� Com o Iluminismo, ela abriu uma série 
5
de possibilidades, especialmente importantes no 
que diz respeito ao desenvolvimento das ciências 
(incluindo a Sociologia)�
Essa mudança de paradigma tirou a autoridade da 
Igreja e da religião para a explicação dos fenômenos 
humanos – abrindo espaço, portanto, para o estudo 
das sociedades humanas a partir de bases científicas 
e empíricas�
Outro acontecimento fundamental foi a Revolução 
Industrial� Naquele momento, o surgimento da má-
quina a vapor representou um novo domínio do ser 
humano sobre a natureza, que agora era transforma-
da em mercadoria� Esse contexto propiciou o rápido 
crescimento das cidades, e a emergência de um novo 
grupo social: o proletariado�
Todos esses elementos suscitaram o interesse de 
Marx, Durkheim e Weber que, cada um a seu modo, 
buscou elaborar compreensões sociológicas para 
explicar a nova organização social�
O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) 
elaborou uma contribuição muito importante para 
pensar e definir a sociedade por meio do conceito 
de fato social, que ainda hoje tem a sua relevância� 
É um conceito que nos ajuda a pensar aquilo que 
chamamos de sociedade e os fenômenos que ca-
racterizamos como “sociais”�
Para Durkheim, as normas, convenções e constran-
gimentos sociais modelam o indivíduo, e atuam de 
maneira independente à sua vontade� Sendo assim, 
6
os fatos sociais são estruturas empiricamente obser-
váveis, caracterizadas pela repetição e pela coerção 
que exercem sobre os indivíduos, moldando a suas 
ações� Portanto, na visão do autor, o fato social é 
anterior ao indivíduo�
Em outras palavras, quando nascemos, encontramos 
um conjunto de normas e valores já estabelecidos 
pelas gerações anteriores e que são transmitidas às 
novas gerações por meio da educação�
De acordo com essa perspectiva, cabe ao sociólogo 
investigar os “fatos sociais”� Essa ideia foi bastante 
inovadora na época, pois permitiu que as Ciências 
Sociais emergissem ao lado de outros campos disci-
plinares mais estabelecidos naquele contexto, como 
as Ciências Naturais�
O autor argumentou que os fatos sociais são obser-
váveis, podendo ser registrados, analisados, explica-
dos e sistematizados pelos pesquisadores� Com essa 
teoria do fato social, Durkheim angariou legitimidade 
para a sociologia nascente, dotando-a de objetividade 
(dentro dos parâmetros então vigentes no final do 
século 19)�
Em síntese, as três características dos fatos sociais 
são: exterioridade (pois os fatos sociais, em grande 
parte, já estão vigentes na sociedade antes mesmo 
do nascimento dos indivíduos), coercitividade (pois 
os fatos sociais impõem constrangimentos sobre os 
indivíduos, independentemente das suas vontades 
pessoais) e generalidade (pois os fatos sociais se 
impõem para todos os participantes da sociedade, 
7
em todas as suas esferas) (ALMEIDA, 2018)� São 
exemplos de fatos sociais as regras jurídicas, mo-
rais, dogmas religiosos, sistemas financeiros etc. 
(CABRAL, 2004)�
Em linhas gerais, Durkheim (1999) voltou seu traba-
lho para temas como a ordem social, o consenso e 
a integração, tendo como eixo central a questão: o 
que une e mantém as pessoas em sociedade? Para 
ele, a coesão social está relacionada à “consciência 
coletiva”, que consiste em um sistema de valores, 
normas e crenças compartilhados coletivamente�
Durkheim alegava que uma das ocupações dos so-
ciólogos consistia em estudar os “determinantes 
sociais do comportamento”, tais como “deveres, leis, 
e costumes”que unem e mantêm as pessoas em 
sociedade� Um dos seus principais temas de estudo 
foi a solidariedade social, isto é, um sistema de va-
lores, normas e crenças compartilhado entre todos 
os sujeitos (CABRAL, 2004)�
O autor nutria uma visão pessimista sobre as socie-
dades modernas industrializadas, nas quais a divisão 
do trabalho e a elevada especialização das funções 
colocaria em xeque a solidariedade, fragilizando a 
consciência coletiva e favorecendo o surgimento de 
conflitos. Para ele, quando a especialização de fun-
ções em uma sociedade é muito elevada, o sentimen-
to de interdependência fica comprometido. Assim, as 
sociedades industrializadas estão sujeitas a passar 
por um estado de anomia, gerado pelo excesso de 
individualismo e enfraquecimento dos vínculos�
8
SAIBA MAIS
Uma das principais obras de Émile Durkheim é O 
suicídio, escrita em 1897� Nesse livro, o autor teve 
como preocupação principal a relação do indiví-
duo com as normas e valores sociais� Ele partiu 
da hipótese de que as causas do suicídio estão 
associadas às condições sociais, contestando 
a ideia de que o ato seja resultado de condições 
psicológicas, de fatores biológicos ou hereditários� 
Analisando registros de taxas de suicídio nos paí-
ses europeus, Durkheim argumentou que a falta de 
integração no grupo social é uma causa básica de 
suicídio� Segundo sua hipótese, o pertencimento a 
um grupo social coeso opera como uma barreira 
para o ato� Assim, o suicídio seria um fato social 
registrado em diversas sociedades� Observando 
o fenômeno, o autor chegou a uma classificação 
que compreende quatro tipos de suicídio: anômico, 
egoísta, fatalista e altruísta� A ocorrência e a pre-
ponderância de um determinado tipo de suicídio 
em uma dada sociedade dependem, para o autor, 
da coesão social (CABRAL, 2004)�
A partir das contribuições da sociologia de Durkheim, 
podemos entender o que são as instituições sociais� 
Instituições sociais como a religião, a escola, a famí-
lia e o trabalho foram objeto de reflexão do autor por 
meio da teoria da ação social� É de valia mencionar 
o conceito de instituição: para Durkheim, “uma ins-
tituição é um conjunto de normas e regras de vida 
9
que se consolidam fora dos indivíduos e que as ge-
rações transmitem umas às outras” (TOMAZI, et al, 
2000, p� 18)�
Por exemplo, a educação tem sido objeto de estudo 
da teoria social desde o século 19� Autores pioneiros 
como Durkheim contribuíram para a ampliação do 
entendimento acerca do tema� Para além de associar 
a educação à função de incutir nos jovens conjuntos 
de fatos e informações, ele chamou atenção para o 
papel de socialização da escola� A educação, nessa 
perspectiva, pode ser definida como a socialização 
da geração mais jovem pela geração mais velha� Ela 
exerce, assim, uma função muito importante para a 
comunidade e o bem-estar social�
Nesse sentido, a educação pode tanto ser entendida 
de maneira mais restrita – como uma instituição 
voltada à transmissão de conhecimentos e habili-
dades – quanto de forma mais ampla, definindo-se 
como um conjunto de práticas voltadas à formação 
do indivíduo no contexto de socialização coletiva� Na 
escola, as regras da ação coletiva são incorporadas 
pelos indivíduos�
Podcast 1 
10
CULTURA E SOCIEDADE 
Ao lado do conceito de sociedade, o conceito de cul-
tura é também fundamental para os estudos socioló-
gicos e antropológicos� Neste tópico, você conhecerá 
um pouco sobre esses dois conceitos e as relações 
entre eles�
No senso comum, frequentemente empregamos a 
palavra cultura para designar comportamentos vis-
tos como eruditos ou refinados. É comum ouvirmos 
frases acusatórias do tipo “Fulano não tem cultura”, 
significando que a pessoa em questão seria despro-
vida de certos saberes e informações�
No entanto, o conceito de cultura para a Sociologia 
é muito mais amplo� Para os sociólogos e antropó-
logos, não há pessoas desprovidas de cultura, uma 
vez que ela é um aspecto intrínseco a todas as so-
ciedades humanas� Mas como então conceituar a 
cultura? Podemos distinguir os conceitos de cultura 
e sociedade?
Para Anthony Giddens (2005, p� 38), podemos con-
ceituar a sociedade como um “sistema de inter-rela-
ções que conecta os indivíduos uns com os outros”� 
Assim, podemos mencionar a sociedade francesa ou 
a sociedade brasileira, por exemplo� As sociedades 
podem ser formadas por milhões de pessoas ou por 
dezenas delas� 
Não existe sociedade sem cultura. Como afirma o 
autor,
11
sem cultura, não seríamos sequer ‘humanos’ no 
sentido em que comumente entendemos esse 
termo. Não teríamos línguas em que nos ex-
pressar, nenhuma noção de autoconsciência e 
nossa habilidade de pensar ou raciocinar seria 
severamente limitada (GIDDENS, 2005, p. 38).
Em linhas gerais, o conceito de cultura diz respeito 
aos modos de vida dos participantes de uma socie-
dade ou de grupos dentro da sociedade� Isso inclui 
as crenças, normas, valores, leis e costumes de uma 
dada sociedade� Vale notar que, quando os sociólogos 
e antropólogos se referem à cultura, estão se referindo 
àqueles aspectos da sociedade que são aprendidos e 
ensinados de geração para geração (GIDDENS, 2005)� 
Essa é uma característica fundamental para entender 
as organizações sociais humanas�
A cultura é formada por elementos culturais que são 
compartilhados pelos participantes da sociedade, 
tornando possível a comunicação e a relação entre 
eles� Ela compreende tanto aspectos tangíveis (como 
objetos, tecnologias, símbolos materiais) quanto 
aspectos intangíveis (como crenças, ideias, normas 
e valores) (GIDDENS, 2005)�
Em todas as culturas encontramos ideias e parâme-
tros que determinam o que é considerado apropriado, 
importante e desejável� Esses valores orientam o 
comportamento humano em meio às interações no 
mundo social� Por exemplo, um valor fundamental 
das sociedades ocidentais é a monogamia, isto é, 
12
a ideia de ser fiel a um único parceiro amoroso e 
sexual�
Os valores estão articulados às normas sociais, que 
operam em conjunto de forma a moldar o comporta-
mento dos membros de uma cultura� Desse modo, 
podemos entender as normas como “regras de com-
portamento que refletem ou incorporam os valores 
de uma cultura”� (GIDDENS, 2005, p� 38)� Voltando 
ao exemplo da monogamia: em nossa sociedade 
ocidental, as normas de união e matrimônio reco-
nhecem apenas as relações monogâmicas, que são 
salvaguardadas legalmente (com uma série de direi-
tos) e religiosamente�
Podemos ainda mencionar outro exemplo: em uma 
cultura em que o conhecimento é muito valorizado, as 
normas culturais tendem a encorajar os estudantes 
a dedicarem tempo e energia ao estudo e apoiam os 
pais, que fazem sacrifícios para garantir a educação 
das crianças�
A diversidade cultural é uma característica marcante 
das sociedades humanas� Os valores e normas so-
frem uma grande variação por meio das culturas: há 
culturas que valorizam o individualismo e outras que 
dão mais destaque às necessidades comuns� Por 
exemplo: há culturas em que o ato de “colar” em uma 
prova contraria os valores associados à realização 
individual, ao trabalho duro e ao respeito às regras� 
Nesse contexto individualista, o ato de colar é con-
siderado um ultraje� Em contrapartida, há culturas 
em que o ato de “colar” é visto como um modo de 
13
ajudar um ao outro a passar em um exame, como 
uma estratégia coletiva de apoio mútuo, driblando 
a autoridade�
Os valores e normas podem variar no interior de uma 
mesma sociedade� Por exemplo: certos grupos po-
dem valorizar doutrinas religiosas tradicionais, ao 
passo que outros podem ressaltar a ciência e o pro-
gresso do conhecimento científico.
Além disso, os valores e as normas culturais po-
dem ser transformados ao longo do tempo� Giddens 
(2005) lembra que diversas normas que hoje são con-
sideradas naturais em nossas vidas – como casais 
vivendo juntos sem estarem casados – contrariavam 
valores perpetuados até pouco tempo atrás� Isso 
mostra que a cultura não é algoestático e imutável, 
pois está sempre em (re)construção� 
A diversidade cultural é visível na pluralidade de 
identidades, comportamentos, práticas e valores 
por meio dos diversos agrupamentos sociais� As 
práticas alimentares ilustram bem esse assunto: na 
nossa sociedade é comum o consumo de carne de 
animais como vacas, porcos e galinhas, enquanto o 
consumo de animais como insetos é considerado 
repulsivo� Em outras sociedades, no entanto, grilos 
e outros animais invertebrados podem ser conside-
rados como uma iguaria valorizada�
14
Figura 1: Diversidade Cultural. Fonte: Pixabay
Atualmente, a diversidade é um assunto central no 
debate contemporâneo� Ao longo da história, proces-
sos como guerras, migrações, colonialismo, escravi-
dão e a globalização provocaram o deslocamento de 
populações ao redor do globo, levando ao surgimen-
to de sociedades multiculturais, isto é, sociedades 
“cuja população é feita de um número de grupos de 
diversas formações culturais, étnicas e linguísticas” 
(GIDDENS, 2005, p� 40)�
SAIBA MAIS
Se é correto afirmar que a cultura possui uma fun-
ção importante, no sentido de perpetuar e reprodu-
zir os valores e normas de uma dada sociedade, é 
igualmente válido afirmar que ela também propor-
ciona oportunidades para a mudança social� Por 
exemplo, os movimentos de contracultura (como 
15
é o caso do movimento hippie da década de 1960) 
são formados por grupos que recusam as nor-
mas e os valores predominantes na sociedade, 
pautando novos modos de vida� Além deles, os 
movimentos sociais em geral são agentes pode-
rosos de transformação no interior da sociedade�
Etnocentrismo
Quando julgamos outra cultura, comparando-a com 
a nossa, estamos praticando o etnocentrismo� O et-
nocentrismo é o entendimento segundo o qual se 
julga que a maneira de ser e viver de um determina-
do grupo é a correta e as demais seriam “erradas”, 
“aberrações” ou “exóticas”�
Trata-se de uma postura evitada pelos sociólogos, 
que buscam estudar uma cultura nos termos de seus 
próprios valores e significados. Essa perspectiva é 
chamada de relativismo cultural, e consiste em “sus-
pender suas próprias crenças culturais profundamen-
te sustentadas e examinar uma situação de acordo 
com os padrões de outra cultura” (GIDDENS, 2005, 
p� 40)� O relativismo cultural nos convida a olhar o 
mundo a partir de outro ponto de vista�
Socialização
Como visto anteriormente, a cultura é algo que nós 
aprendemos (e ensinamos) ao longo da vida, desde 
a mais tenra idade� Chamamos de socialização o 
16
processo pelo qual novos membros da sociedade 
(como as crianças) aprendem o modo de vida de 
sua sociedade, por meio da transmissão cultural� 
Mediante a socialização, a criança se transforma 
em uma pessoa autoconsciente e apta aos modos 
de vida da sua sociedade (GIDDENS, 2005)�
Contudo, isso não significa que a socialização seja 
uma espécie de “programação cultural” na qual a 
criança assimila passivamente as influências ao seu 
redor� A criança, assim como os demais membros 
da sociedade, é um ser ativo, dotado de capacidade 
de questionamento� A socialização é um processo 
que dura a vida inteira e não só a infância� Graças a 
ela, o comportamento humano é modelado de forma 
ininterrupta pelas interações sociais, envolvendo 
diferentes agentes�
Os agentes de socialização, segundo Giddens (2005), 
são “grupos ou contextos sociais em que ocorrem 
processos significativos de socialização”. Alguns 
autores dividem a socialização em duas fases: a 
socialização primária e a socialização secundária�
A socialização primária é aquela que acontece na 
primeira infância� É o período no qual as crianças 
aprendem a língua e os padrões elementais de com-
portamento que servem como base ao aprendizado 
posterior� Durante essa fase, a família é o principal 
agente de socialização�
Já a socialização secundária ocorre quando outros 
agentes de socialização são encarregados das res-
ponsabilidades que antes eram exclusivas da família� 
17
As interações sociais na escola, nos grupos de pares, 
nas organizações, na mídia e no local de trabalho au-
xiliam as pessoas a aprenderem as normas, crenças 
e valores que compõem os padrões da sua cultura�
Identidade
A identidade é algo que diz respeito a quem nós so-
mos em relação aos outros� A compreensão que 
temos sobre quem somos é sempre mediada pelas 
classificações sociais. Aspectos como gênero, se-
xualidade, raça, etnia, nacionalidade, classe social 
e geração são constitutivos da nossa identidade� 
Ou seja, são marcadores que situam o indivíduo em 
relação a outros que compartilham o mesmo atributo 
(GIDDENS, 2005)�
São exemplos de identidades sociais: a professora, 
o sem-teto, o solteiro, o pai, o estudante, o brasileiro, 
o indígena, a mulher, o católico etc� Muitas vezes, no 
entanto, nós somos formados por múltiplas identi-
dades que compreendem mais do que um atributo, 
refletindo as diversas dimensões da vida social: uma 
pessoa pode ser engenheira, mãe, evangélica, jovem 
e negra, por exemplo (GIDDENS, 2005)�
Portanto, as identidades não são produto de uma es-
colha deliberada dos indivíduos� Antes, elas possuem 
uma importante dimensão coletiva. Isso significa 
que as identidades são compartilhadas, baseadas 
em experiências comuns que marcam quem nós 
18
somos e moldam a forma como nos relacionamos 
com o mundo�
Muitas vezes, as identidades são uma base impor-
tante para movimentos sociais, como o movimento 
antirracista, o movimento feminista, o movimento 
pelos direitos indígenas, entre outros� Esses movi-
mentos lutam para que as experiências de ser mulher, 
negro ou indígena (por exemplo) sejam reconhecidas, 
respeitadas e livres de constrangimentos�
19
A EXCLUSÃO SOCIAL
Em linhas gerais, o conceito de desigualdade social 
indica uma distribuição desigual do acesso a recur-
sos materiais (renda, moradia, terra, entre outros) e 
simbólicos (informação, conhecimento e outros)� A 
desigualdade está diretamente associada à margi-
nalização de grupos cujo acesso aos direitos funda-
mentais básicos é frequentemente negado�
Neste tópico, você conhecerá um pouco sobre o de-
bate sociológico acerca das desigualdades sociais, 
quais são as suas causas e como elas são perpetu-
adas em sociedades modernas, como a nossa�
OS 20 PAÍSES MAIS DESIGUAIS DO MUNDO (2017)
1 África do Sul
2 Namíbia
3 Zâmbia
4 República Centro-Africana
5 Lesoto
6 Moçambique
7 Brasil
8 Botsuana
9 Suazilândia
10 Santa Lúcia
11 Guiné Bissau
12 Honduras
13 Panamá
14 Colômbia
15 Congo
20
OS 20 PAÍSES MAIS DESIGUAIS DO MUNDO (2017)
16 Paraguai
17 Costa Rica
18 Guatemala
19 Benin
20 Cabo Verde
Tabela 1: Os 20 Países mais desiguais do Mundo. Fonte: Uol
Podcast 2 
Classe social
De acordo com o Materialismo Histórico, fundado 
por Karl Marx e Friedrich Engels, o modo como o 
trabalho é exercido e organizado socialmente fornece 
a chave de compreensão das sociedades ao longo 
da história humana�
Para Marx, a luta de classes é a força motriz da histó-
ria, servindo em diversos momentos como propulsora 
de profundas transformações sociais. Os conflitos 
sociais, segundo o autor, estão diretamente relacio-
nados à organização dos meios de produção�
Nas sociedades capitalistas, o desenvolvimento his-
tórico das forças produtivas causou uma série de 
injustiças e desigualdades� Com a urbanização e a 
predominância da propriedade privada, comunidades 
em diversas regiões do globo perderam as suas ter-
ras. Isso significa que perderam também a sua fonte 
de subsistência, de modo que restou ao proletariado 
21
apenas a venda da própria força de trabalho como 
forma de sobrevivência�
Uma vez que, no capitalismo, os meios de produ-
ção constituem a propriedade privada nas mãos de 
um pequeno grupo, isso gera uma repartição desi-
gual dos resultados do trabalho na forma do lucro 
e da mais-valia, produzindo duas classes sociais 
entendidas como dois grupos antagônicos: pro-
prietários (burguesia) e trabalhadores assalariados 
(proletariado)�Nesse sentido, a classe social corresponde à posição 
ocupada pelo indivíduo no interior das relações de 
produção: de um lado aqueles que detêm os meios 
de produção (como fábricas, terrenos, máquinas, 
equipamentos), e de outro, aqueles que possuem 
apenas a sua própria força de trabalho�
Portanto, podemos considerar a classe social como 
um agrupamento de agentes sociais que se conflitam 
pela posição que ocupam no processo produtivo, 
quanto às relações de trabalho e à propriedade dos 
meios de produção�
Anteriormente à consolidação do capitalismo, vi-
gorava a produção mercantil simples dos artesãos 
e camponeses� Esse sistema de trocas pode ser 
representado da seguinte forma: M-D-M (onde “D” 
representa dinheiro e “M”, mercadoria)� O objetivo 
era a obtenção de valor de uso, uma vez que tinha 
como finalidade principal a subsistência.
22
Para explicar o modo de produção capitalista, Marx 
sintetiza a relação capital-trabalho na seguinte fór-
mula: D-M-D (onde dinheiro é usado para produzir 
uma mercadoria que será vendida em troca de mais 
dinheiro)�
Nesse processo de acumulação capitalista, existe 
primeiramente a transformação de dinheiro em mer-
cadoria e, então, a retransformação de mercadoria 
em dinheiro� No capitalismo, essa troca só faz sen-
tido se existir um ganho, ou seja, um acréscimo de 
valor (a mais-valia)� Sendo assim, os trabalhadores 
assalariados operam meios de produção e produzem 
novas mercadorias, criando valores excedentes�
É importante lembrar que, como foi colocado acima, 
no modo de produção capitalista os trabalhadores 
são alijados dos meios de produção, restando ape-
nas a possibilidade de vender a sua própria força de 
trabalho (que é transformada ela mesma em mer-
cadoria)� Nesse contexto, a mais-valia corresponde 
ao valor que o trabalhador gera e pelo qual ele não é 
remunerado� Portanto, existe uma relação intrínseca 
entre capitalismo e mais valia, produzindo desigual-
dades econômicas�
O sociólogo Anthony Giddens lembra que, assis-
tindo à consolidação do capitalismo europeu, Karl 
Marx nutria um sentimento de perplexidade frente 
às desigualdades produzidas por esse sistema� Ele 
faz a seguinte comparação entre a sociedade pré-
-industrial aristocrática e a então nascente sociedade 
capitalista:
23
Embora antigamente os aristocratas vivessem 
uma vida cheia de luxos, completamente dife-
rente daquela dos camponeses, as sociedades 
agrárias eram relativamente pobres. Mesmo se a 
aristocracia não tivesse existido, os padrões de 
vida seriam inevitavelmente parcos. Com o avan-
ço da indústria moderna, entretanto, a riqueza é 
produzida em uma escala que ultrapassa tudo o 
que já foi visto anteriormente, mas o acesso dos 
trabalhadores à riqueza gerada pelo seu trabalho 
é pequeno. Continuam relativamente pobres, 
enquanto a riqueza acumulada pelo proprietário 
cresce. (GIDDENS, 2005, p. 236)
FIQUE ATENTO
Para Karl Marx, o desemprego é estrutural ao ca-
pitalismo, o que significa que ele remonta aos pri-
mórdios do capitalismo e permanece até então, 
às vezes expandindo-se e às vezes contraindo-
-se, a depender das dinâmicas econômicas� Essa 
massa de trabalhadores sobrantes foi nomeada 
de “exército industrial de reserva”� Trata-se de um 
contingente de trabalhadores excedentes que, 
segundo a análise do autor, cumpre uma dupla 
função: a) manter ou reduzir os salários abaixo do 
valor suficiente para cumprir as necessidades de 
reprodução da classe trabalhadora; b) criar uma 
massa de pessoas dispostas a vender a sua força 
de trabalho de acordo com os ritmos e demandas 
do capitalismo (TRINDADE, 2017)�
24
A reestruturação produtiva e o século 21
A reconfiguração do mundo do trabalho na virada 
do século 21 trouxe graves consequências para os 
direitos dos trabalhadores. A flexibilização das nor-
mas trabalhistas tem levado a um número crescente 
de trabalhadores autônomos, exercendo trabalhos 
temporários, informais, terceirizados e precários – 
isto é, sem garantias e direitos sociais.
O enfraquecimento do poder de negociação dos sin-
dicatos é uma consequência desse processo, signi-
ficando o agravamento da assimetria entre a classe 
trabalhadora e o patronato�
O final do século 20 assistiu ao esgotamento do 
modelo fordista de produção� O toyotismo se con-
solida como uma resposta a essa crise� Essa nova 
reestruturação tem como fundamento a flexibiliza-
ção da produção, isto é, a produção é orientada pela 
demanda do mercado� O toyotismo é sintetizado por 
estudiosos na expressão em inglês just in time�
Uma das consequências desse processo é o esface-
lamento dos direitos trabalhistas, levando a regimes 
de trabalho intermitente, terceirização, e informalida-
de. Isso significa que a produção busca atender um 
mercado consumidor cada vez mais segmentado e 
complexo, em contraste com o paradigma fordista 
da produção massificada de bens e produtos (o qual 
predominou na primeira metade do século 20)�
O toyotismo, então, afirma-se como modelo domi-
nante na organização das empresas e nas relações 
25
de trabalho� Isso ocorre em um momento em que o 
Estado de bem-estar social (do inglês Welfare State) 
entra em crise, sendo solapado pelo neoliberalismo�
De acordo com a visão neoliberal, o livre mercado 
deve ser acompanhado pela menor intervenção e 
regulação estatal possível, isto é, uma prática eco-
nômica e política centrada na liberdade dos atores 
econômicos�
Em decorrência, defende-se a privatização de servi-
ços como educação, saúde e demais serviços sociais 
aos quais todos os cidadãos deveriam ter acesso� 
No léxico neoliberal, esses serviços deixam de ser 
entendidos como direitos sociais, e passam a ser tra-
tados como mercadorias, sendo ofertados de forma 
desigual, conforme a lógica do capital�
Figura 2: Desigualdade e exclusão social. Fonte: Pixabay
26
ESTADO E SOCIEDADE 
Nas sociedades industriais, estamos habituados a 
viver em meio a populações compostas por milhões 
de pessoas, grande parte delas vivendo em zonas 
urbanas, onde se concentram os empregos� Neste 
tópico, você conhecerá um pouco sobre a relação 
entre Estado e sociedade, no contexto das socieda-
des modernas, passando pelos diferentes tipos de 
regime político e o significado da democracia.
Os sistemas políticos das sociedades modernas são 
chamados de Estados-Nações� O termo designa co-
munidades políticas delimitadas por fronteiras que 
separam um estado-nação do outro� Nesse sistema, 
os governos nacionais detêm os poderes políticos 
e determinam as leis a serem aplicadas a todos os 
cidadãos que vivem no interior das suas fronteiras� O 
Brasil é um estado-nação, assim como a França, os 
Estados Unidos e grande parte dos países no mundo 
atual�
Em linhas gerais, o conceito de Estado remete a um 
mecanismo político de governo que detém o domínio 
sobre determinado território, “cuja autoridade conta 
com o amparo de um sistema legal e da capacida-
de de utilizar a força militar para implementar suas 
políticas” (GIDDENS, 2005, p� 342)�
As principais características dos estados-nações 
são: soberania, cidadania e nacionalismo� A sobera-
nia significa que o governo detém autoridade sobre 
27
o território� Todos os estados-nações são estados 
soberanos�
A cidadania consiste na igual distribuição de direitos 
e deveres� Nas sociedades modernas, são conside-
rados cidadãos todos aqueles que vivem no interior 
das fronteiras daquele sistema político, possuindo 
direitos e deveres comuns�
O nacionalismo está na raiz do surgimento dos es-
tados-nações, e pode ser definido como “um con-
junto de símbolos e convicções responsáveis pelo 
sentimento de pertencer a uma única comunidade 
política” (GIDDENS, 2005, p� 343)� 
Democracia
Nas sociedades humanas, encontramos uma varieda-
de de sistemas políticos ao longo da história� Ainda 
hoje observamos diferentes configurações políticas 
entre os países, como a monarquia, o autoritarismo 
e a democracia liberal (sobre a qual nos deteremos 
de forma mais detalhada)�
A monarquia é um sistemapolítico que dominou 
grande parte dos países durante a Antiguidade e a 
Idade Média� Ela é caracterizada por uma única pes-
soa (o rei ou a rainha) que lidera o regime político 
e detém um poder que lhe é transmitido de forma 
hereditária através das gerações de uma mesma 
família� A fonte de autoridade de uma monarquia não 
provém da lei, mas do costume� Atualmente, estados 
modernos – como a Grã-Bretanha – ainda possuem 
28
monarcas, mas estes têm uma função, sobretudo 
simbólica� Em outros países, como na Arábia Saudita, 
o regime monárquico está em pleno vigor, com mo-
narcas atuando de forma efetiva (GIDDENS, 2005)�
Os estados autoritários têm como traço principal o 
repúdio e a repressão à participação dos cidadãos 
nas questões políticas� Como apontado por Giddens 
(2005, p� 344), “nessas sociedades, as necessidades 
e os interesses do Estado ganham prioridade sobre 
os dos cidadãos comuns, e nenhum mecanismo legal 
de resistência ao governo, ou para remover um líder 
do poder, é instituído”� Hoje, encontramos diversos 
países que têm governos autoritários, como é o caso 
de Kuwait, Myanmar, Rússia, entre outros�
Atualmente, no entanto, grande parte dos estados 
modernos é republicana, o que significa dizer que 
os países aderem à democracia�
A origem etimológica do termo “democracia” remete 
ao grego demokratia formado por demos (povo) e kra-
tos (poder)� Assim, a ideia que está subentendida na 
palavra é a de que o povo deve ser responsável pelo 
seu próprio governo, ao invés de se sujeitar a uma 
autoridade que venha de cima, como os monarcas 
ou aristocratas (GIDDENS, 2005)�
Não obstante, essa ideia não é tão simples como 
parece à primeira vista� Quem é o “povo”? Que tipo 
de participação é possibilitada a essas pessoas? Ao 
longo da história, essas questões foram abordadas 
de maneiras diversas� Por exemplo, na sociedade da 
Grécia Antiga, que serviu de berço à democracia mo-
29
derna, mulheres, escravos e crianças eram excluídos 
do sistema político, estando à margem do povo� No 
Brasil, por muito tempo, apenas os homens brancos 
donos de propriedades tinham direito à participação 
política� Portanto, a democracia assume formatos 
variados, a depender do contexto�
Em linhas gerais, a democracia é normalmente en-
tendida como o regime político mais apto, no que 
diz respeito a promover a igualdade política, de sal-
vaguardar a liberdade e os direitos, e de favorecer o 
interesse e o bem comum�
A democracia originada na Grécia antiga é chamada 
de democracia participativa� Naquele contexto, os 
indivíduos que eram considerados cidadãos – ou 
seja, uma pequena minoria social – congregavam-
-se regularmente para tomar decisões acerca dos 
fatores que afetavam as suas vidas� Portanto, havia 
uma participação ativa dos cidadãos que decidiam 
diretamente a respeito das principais questões da-
quela sociedade�
No cenário recente, há diversos debates e discussões 
acerca da possibilidade de aplicação da democracia 
participativa nas sociedades modernas, dado o gran-
de volume da sua população� Observamos algumas 
práticas decisórias que guardam certa similaridade 
com esse tipo de democracia, como é o caso dos 
plebiscitos� 
O tipo de regime democrático mais comum hoje é a 
democracia participativa� O termo designa os “sis-
temas políticos nos quais as decisões que afetam a 
30
comunidade não são tomadas pelo conjunto de seus 
membros, mas pelas pessoas que eles elegeram para 
essa finalidade” (GIDDENS, 2005, p. 344).
 No caso de governo federal, a democracia represen-
tativa toma forma nas eleições para os membros 
do Congresso ou Parlamento� Ela também se faz 
presente nos níveis estadual e municipal em suas 
instâncias decisórias� É o atual modelo de sistema 
político adotado pelo Brasil, país que, ao longo da sua 
história, vivenciou períodos de governos autoritários, 
o que faz com que diversos autores considerem que 
temos uma democracia ainda bastante jovem�
Um olhar mais crítico revela que as democracias 
têm encontrado uma série de paradoxos� Se, por um 
lado, trata-se de um regime que vem conquistando a 
maior parte dos países em todo o mundo, por outro, 
observamos também uma grande desilusão em rela-
ção aos processos democráticos� Esses problemas 
estão presentes até mesmo em antigas democracias, 
como é o caso dos Estados Unidos�
É cada vez maior o número de pessoas que se sen-
tem insatisfeitas ou indiferentes com o sistema políti-
co das democracias representativas� Um dos fatores 
que explicam esse panorama é a incapacidade dos 
governos nacionais regularem processos associados 
à economia mundial em contexto de globalização� 
Isso é visível na falta de controle dos estados-na-
ções frente às grandes corporações empresariais 
(GIDDENS, 2005)�
31
Pesquisas mostram que os cidadãos exibem cada 
vez menos confiança em seus representantes polí-
ticos e julgam que eles agem em interesse próprio, 
colocando o interesse do eleitorado em segundo 
plano� Além disso, os avanços das novas tecnolo-
gias de informação e comunicação têm influenciado 
não só os regimes autoritários, como também as 
democracias� A maior oferta de informação ajuda 
a lançar luz sobre os caminhos antidemocráticos 
assumidos por governos democráticos, como as 
práticas de corrupção e acordos secretos travados 
por representantes políticos, causando indignação 
e desilusão�
Na visão de Giddens, isso não significa que as pes-
soas tenham perdido o interesse na democracia� Ele 
vê indícios de que há um crescimento no interesse 
na política que é canalizado em outras direções, para 
além dos partidos políticos� Como exemplo, cita os 
novos movimentos sociais e outras associações da 
sociedade civil que têm buscado alargar e aprofundar 
os modos de participação popular�
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para concluir, cabe retomar os argumentos principais 
desenvolvidos ao longo deste módulo, que tratou 
de conceitos-chave dos Estudos Sociais, como so-
ciedade, cultura, desigualdade, exclusão, Estado e 
democracia�
Assim, foi estudado que a cultura se refere aos mo-
dos de vida dos membros de uma sociedade, de 
modo que não existe grupo ou sociedade sem cultura 
ou com mais cultura do que outra� As sociedades e 
culturas são organizadas a partir de diferentes nor-
mas e valores que moldam os comportamentos dos 
seus membros, e, ao mesmo tempo, tais normas tam-
bém estão sujeitas à mudança ao longo da história� 
Os movimentos sociais e a chamada contracultura 
têm um papel importante nessas dinâmicas�
Tratando de mudança social, aprendemos que a 
democracia e os estados-nações são instituições 
sociais relativamente recentes na história humana, 
que ainda hoje carregam uma série de limitações 
no que diz respeito a garantir a efetivação dos di-
reitos relativos à igualdade para todos os cidadãos� 
Juntos, esses conceitos fornecem uma ferramenta 
para a reflexão da nossa realidade social, fomen-
tando também uma perspectiva crítica que instiga o 
questionamento daquilo que muitas vezes tomamos 
como natural, inato ou normal�
33
SÍNTESE
  Socialização primária
  Socialização secundária
  Socialização primária
  Socialização secundária
 
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO E SOCIAL
A sociedade e as instituições sociais
• O fato social 
Cultura e Sociedade 
• Etnocentrismo
• Identidade 
• Socialização
A exclusão social 
• Classe social
• Democracia 
Estado e Sociedade 
  A origem das Ciências Sociais
  Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber
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