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25 26 Neste módulo trabalharemos com os indicadores econômicos. Não fique preocupado, pois não utilizaremos uma linguagem baseada no economiquês, mas, sim, uma linguagem simples, que contemple seu entendimento, para que você possa aplicar no seu cotidiano – e você com certeza o fará. Trataremos dos principais indicadores econômicos que influenciam de maneira direta o mercado de capitais. Primeiramente, trataremos do Produto Interno Bruto, o PIB, de que com certeza você já ouviu falar, pois quase todos os meses a mídia fala sobre sua evolução ou não. O segundo índice, também importante, mas menos que o PIB, é o Produto Nacional Bruto, o PNB. Após esses dois índices, trataremos de um assunto que assustou muito os brasileiros nas décadas de 1980 e 1990: a inflação. Assim, trataremos de índices que influenciam o mercado de capitais e a tomada de decisão do governo, das empresas, instituições financeiras e cidadãos. 27 Parte 1 – Indicadores Econômicos Olá, bem-vindo à nossa segunda aula! Você já ouviu falar em indicador econômico? Acredito que sim, mas, se caso nunca ouviu falar, fique tranquilo que no decorrer desse módulo, iremos tratar desse item de uma maneira adequada para que você possa agregar esse conhecimento e que, com isso, possa ter noção da influência dos indicadores econômicos no mercado de capitais e no seu cotidiano. Um indicador econômico, de acordo com Lagioia (2011), é um conjunto de dados que dão uma ideia da situação da economia de um país, estado ou município, em determinado período de tempo. Os indicadores econômicos financeiros são utilizados para medir a atividade econômica de regiões distintas. Sem estes dados, a sociedade não consegue medir de forma qualitativa o nível de crescimento. São indispensáveis para que medidas macroeconômicas sejam tomadas no intuito de subsidiar alguma das diversas esferas existentes dentro da economia e expressos de forma numérica dentro das estatísticas direcionadas para medir nível de desenvolvimento, prever comportamento econômico e aplicar políticas econômicas governamentais. Neste sentido, existem diversos indicadores, econômicos divididos conforme o setor da economia. Os indicadores econômicos com os quais iremos trabalhar são os seguintes: Produto Interno Bruto (PIB), Produto Nacional Bruto (PNB), Índices de inflação e Índices Gerais de Preços. 28 Parte 2 – Produto Interno Bruto (PIB) O primeiro indicador com que iremos trabalhar é o Produto Interno Bruto (PIB), que, de acordo com Lagioia (2011), é definido como tudo o que é produzido dentro de um espaço geográfico, em determinado período de tempo, não importando se quem o produziu foi agente econômico nacional ou estrangeiro. Também podemos definir o PIB como a contabilização de todos os bens e serviços produzidos dentro da economia de um país ou região – empreendimentos nacionais e internacionais entram nessa contabilização. Grandes investidores analisam a conjuntura das taxas do PIB antes de investir em negócios ou finanças nos títulos da dívida pública (CULTURAMIX.COM, 2018). O objetivo de se ter esse indicador é medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região. Quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo (G1.COM, 2018). O Produto Interno Bruto per capita (ou por pessoa) mede quanto, do total produzido, caberia a cada brasileiro se todos tivessem partes iguais no índice (G1.COM, 2018). Mas como chegamos ao PIB? Existe algum método para o seu cálculo? Quem faz esse cálculo? Pode-se confiar nesse número? De acordo com a figura a seguir, temos três formas de cálculo do PIB: pelo valor adicionado em cada etapa da produção, pela renda e pelos gastos. As formas de cálculo variam, mas nos três casos citados o resultado numérico do PIB deve ser o mesmo. Bom, mas quem calcula o PIB? Esse cálculo no Brasil é realizado desde 1990 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), instituição federal subordinada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Antes disso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) era responsável pela medição. O IBGE é uma instituição criada em 1937, com o objetivo de levantar e fornecer dados e informações sobre o território brasileiro e sua população. Assim, podemos confiar nos dados coletados pelo IBGE e no cálculo do PIB, que, como já foi citado anteriormente, é uma medida de grande importância para o governo, as empresas e os cidadãos, e que influencia o mercado de capitais e questões como políticas econômicas governamentais etc. Veja na figura a seguir como é interessante a maneira de se medir o PIB. 29 Fonte: https://luizmuller.com/2014/08/30/queda-no-pib-era-esperada-neste-trimestre-e-economistas-veem-estabilidade-na- economia-brasileira/ Para reforçar o conceito de PIB e como ele é calculado, convido você a ver o vídeo a seguir, que vai ajudar nesse entendimento. https://www.youtube.com/watch?v=Fx7PYfKwc1Y https://luizmuller.com/2014/08/30/queda-no-pib-era-esperada-neste-trimestre-e-economistas-veem-estabilidade-na-economia-brasileira/ https://luizmuller.com/2014/08/30/queda-no-pib-era-esperada-neste-trimestre-e-economistas-veem-estabilidade-na-economia-brasileira/ https://www.youtube.com/watch?v=Fx7PYfKwc1Y 30 Parte 3 – Produto Nacional Bruto (PNB) Após entendermos o que é Produto Interno Bruto (PIB), trabalharemos outro indicador econômico importante: o Produto Nacional Bruto (PNB). Ué, mas eles não são a mesma coisa? Não são, pois o PNB é o resultado de tudo o que foi produzido pelos agentes econômicos de determinado país, em qualquer parte do mundo. Se o PIB considera o que foi feito dentro de um país, o PNB considera, para seu cálculo, o que foi produzido pelos agentes econômicos nacionais localizados em qualquer parte do mundo. O PNB é a somatória de todas as riquezas produzidas por empresas pertencentes a um país, independentemente do local em que elas estejam atuando. Por exemplo: o PNB do Brasil é o conjunto de riquezas geradas a partir de produtos fabricados por empresas brasileiras, independentemente se essas empresas atuarem no país ou não. Em outra perspectiva sobre o conceito de PNB, considera-se que ele seja o conjunto de riquezas geradas no país com o desconto de toda renda enviada para o exterior e com a soma de toda riqueza enviada para o país por empresas nacionais que atuam externamente. No caso do Brasil, a renda gerada por uma multinacional estrangeira que atua em território nacional não é considerada pelo PNB, mas a renda de uma empresa brasileira que atua no mercado estrangeiro faz parte dos cálculos (MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). A diferença entre Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto está no fato de o PIB ser a somatória de todas as riquezas produzidas dentro do território sem considerar a sua nacionalidade e também sem levar em consideração as remessas advindas do exterior. Por isso, fala-se em “interno”, pois diz respeito apenas ao território do país. Já o PNB não se preocupa com a localidade, e sim com a nacionalidade, haja vista que as empresas nacionais que atuam no exterior remetem parte de seus lucros para o seu país de origem (MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). 31 Parte 4 – Índices de Inflação Após trabalharmos indicadores econômicos como o PIB e o PNB, vamos agora tratar de um assunto muito importante para as economias e o mercado de capitais, e que aqui no Brasil ganha ainda mais relevância, devido a questões históricas: a inflação. Mas o que é inflação? Como esse conceito pode afetar o Mercado de Capitais especificamente e, de uma maneira geral, a economia de um país? Vamos responder a essas questões. Assim, de acordo com Assaf Neto (2006), a inflação é um fenômeno econômico e pode ser interpretada como uma variação (aumento) contínua nos preços gerais da economiadurante certo período de tempo. Esse processo inflacionário ocasiona também contínua perda de capacidade de compra da moeda, reduzindo o poder aquisitivo dos agentes econômicos. Quando em uma economia ocorre o contrário – ou seja, quando os preços caem –, o termo utilizado é deflação. Lagioia (2011), afirma que os índices de inflação correspondem à média das variações dos preços dos produtos consumidos pelas famílias, das várias faixas de renda, em diversas regiões brasileiras. Como sugerem Trevizan e Cavallini (2018), você se surpreende ao lembrar que, com a mesma quantia que seria suficiente para comprar um carro zero no final dos anos 1990, não é possível adquirir mais que um modelo usado e não tão novo nos dias de hoje? Isso pode ser explicado pelos efeitos da inflação na economia, que veremos a seguir: a) Perda do poder de compra das famílias; b) Redução dos investimentos dos empresários, que podem ficar preocupados com os custos para produzir ou com a demanda dos consumidores; c) Ambiente de incerteza sobre a economia pode paralisar projetos. Apesar desses efeitos negativos, a inflação não representa apenas que a economia vai mal – pelo contrário. Ela pode ser interpretada como um sinal de que a economia de um país está em movimento, aquecida. Não é positiva para a economia a queda de preços de forma generalizada. Isso pode fazer com que os consumidores adiem suas compras, esperando que os valores sejam ainda mais reduzidos no futuro, travando a atividade do país (TREVIZAN; CAVALLINI, 2018). 32 SAIBA MAIS Você já deve ter ouvido de um parente ou de uma pessoa próxima, como era nos anos 1980 e 1990 a questão da inflação. Se ainda não ouviu falar sobre isso, certamente ainda ouvirá, mais cedo ou mais tarde. Assim, vamos esclarecer como os governos brasileiros tentaram acabar com a elevada inflação das décadas passadas. Até a entrada em vigor do Plano Real (1994), o Brasil conviveu com elevadas taxas de inflação, que debilitaram bastante a economia. Para combatê-las, o Governo promulgou diversos planos econômicos, que ficaram conhecidos por Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), Plano Collor (1990), Plano Collor 2 (1991) e Plano Real (1994). Todos esses planos tinham por objetivo debelar a inflação e promover o crescimento econômico, de maneira a atrair novos investimentos e elevar a riqueza nacional. Foram adotadas diversas medidas nos planos econômicos, como desvalorizações cambiais seguidas de congelamento do câmbio, congelamento de preços e salários, restrições de crédito, corte de despesas públicas, criação de novas moedas, e assim por diante. Em verdade, a economia brasileira nesses anos todos foi um verdadeiro laboratório de testes de idéias econômicas quase sempre frustrantes, que agravaram sua situação de desequilíbrio (ASSAF NETO, 2006). Fonte: http://sertaobaiano.com.br/noticia/inflacao-para-familias-com-renda-mais-baixa-sobe-para-056-em- novembro Para que você possa ter mais informações sobre a inflação e os planos econômicos, temos como sugestão três vídeos interessantes, com economistas consagrados, que serão de grande valor para você entender a nossa economia recente. https://www.youtube.com/watch?v=EwwlTOzCcyk https://www.youtube.com/watch?v=nQu51Bon_-4 https://www.youtube.com/watch?v=3LHH7nigO6A https://www.youtube.com/watch?v=EwwlTOzCcyk https://www.youtube.com/watch?v=nQu51Bon_-4 https://www.youtube.com/watch?v=3LHH7nigO6A 33 Parte 5 – Índices Gerais de Preços Bom, vimos na parte 4, o que é a inflação e como ela pode influenciar a economia. Vamos ver agora, através de quais índices de preços, a inflação, no Brasil é calculada. No Brasil, de acordo com Assaf Neto (2006) e Lagioia (2011), dentre outros, são divulgados e utilizados pelo mercado os seguintes índices de preços: IGP-M/FGV (Índice Geral de Preços do Mercado), IGP-Di/FGV (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), IPC-Fipe/USP (índice de Preços ao Consumidor), IPA/FGV (Índice de Preços por Atacado), INPC/Fundação IBGE (índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), etc. O IGP (Índice Geral de Preços), publicado todo mês pela Fundação Getúlio Vargas, é a medida da inflação brasileira. O índice apresenta-se em três versões: a) IGP-DI – abrange as variações de preços verificadas entre o primeiro e o último dia do mês de referência; b) IGP-M – idem, para o período entre o dia 21 do mês anterior ao de referência e o dia 20 do mês de referência; c) IGP-10 – idem, para o período entre o dia 11 do mês anterior ao de referência e o dia 10 do mês de referência. O IGP é uma medida ponderada do IPA – índice de preços por Atacado (60%) – do IPC – Índice de Preços ao consumidor (30%) – e do INCC – Índice Nacional de Preços da Construção Civil (10%). O IPC – Índice de Preços ao Consumidor – reflete a variação média de preços de um conjunto de bens e serviços no mercado de varejo. É publicado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e também pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas/USP). O IBGE apura todo mês dois índices de preços: o INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – e o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Ampliado. Estes índices medem a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias. Comparam os preços verificados nos 30 dias do período de referência com os 30 dias do período-base. A população-objeto do INPC são famílias com rendimentos mensais entre 1 e 8 salários mínimos. O IPCA considera em sua metodologia de cálculo famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos. A importância dos índices de preços na economia brasileira pode ser entendida no quadro a seguir: 34 Quadro 2: Os principais índices de preços no brasil Índice de Preços Principais Aplicações IPCA Mais relevante do ponto de vista de política econômica, sendo o índice de preços selecionado pelo Conselho Monetário Nacional como referência para o sistema de metas de inflação, implementado no Brasil em 1999. INPC Mais utilizado em dissídios salariais, pois mede a variação de preços para quem está na faixa salarial de até 8 salários mínimos. IGP-DI Bastante tradicional. Sua história remonta a 1944, e foi no passado a medida oficial de inflação do Brasil. Nos dias atuais, o índice é usado constantemente para a correção de determinados preços administrador. IGP-M É o índice mais utilizado como indexador financeiro, principalmente para títulos da dívida pública federal. Também corrige preços administrados. Foi criado em 1989 pelo mercado financeiro com o intuito de ser um índice mais independente e livre da interferência governamental. Utilizado para reajustar a maioria dos contratos imobiliários. IPC – FIPE Apesar de restrito ao município de São Paulo, tem peculiaridades metodológicas e de divulgação que reforçam sua importância. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Assaf Neto (2006, p. 41). Assim você pode verificar como os índices de preços são importantes para a nossa vida cotidiana, pois eles influenciam os preços dos produtos e serviços que consumimos, os nossos salários, os aluguéis, ou seja, influenciam em vários itens da nossa vida cotidiana. Agora você tem entendimento teórico e não vai ficar assustado quando sua mãe, seu pai ou outro familiar ou amigo ficar nervoso com o aumento dos preços, que na maioria das ocasiões são maiores do que o aumento do salário. São os efeitos e impactos da inflação! Veja as figuras a seguir e reflita. Fonte: https://portaldacoroa.blogspot.com/2017/04/aumento-nos- precos-dos-combustiveis.html 35 Fonte: https://www.oparana.com.br/noticia/supermercados- precos-de-produtos-tem-variacao-de-ate-35 Podemos citar que, na nossa instituição, a Rede Doctum, temos uma pesquisa mensal, realizada em Vitória-ES e Caratinga-MG, pelaEmpresa Júnior, na qual os alunos e professores pesquisam o impacto da inflação nos preços da cesta básica nessas cidades. É um trabalho interessante em que são aplicados os conceitos estudados sobre a inflação, na prática, no cotidiano. Acesse o link e veja o último levantamento realizado pela Empresa Júnior em Vitória-ES, no mês de novembro/2018: https://www.doctum.edu.br/cesta-basica-da-classe-media-capixaba-sobe-310-em-novembro-de-2018/ Assim, fechamos essa unidade, que tratou da inflação e dos índices de preços. Fique atento e pesquise sempre os preços! https://www.doctum.edu.br/cesta-basica-da-classe-media-capixaba-sobe-310-em-novembro-de-2018/ 36 Resumo Agora, vamos relembrar rapidamente o que estudamos na nossa segunda unidade. Em um primeiro momento, conceituamos o que é um indicador econômico. Definimos que iríamos trabalhar com dois indicadores econômicos importantes em um primeiro momento: o PIB – Produto Interno Bruto – e o PNB – Produto Nacional Bruto. Aparentemente podem ser considerados iguais, mas, como vimos, não são, e os dois são importantes para compreendermos a economia e o mercado. Depois, passamos na parte 4 a tratar de um assunto muito conhecido da maioria dos brasileiros: a inflação. Conceituamos o que é a inflação e alguns de seus aspectos, efeitos e impactos. Além disso, fizemos uma viagem histórica aos principais planos econômicos desenvolvidos pelo governo brasileiro nos últimos 30 ou 40 anos, para conter a inflação. Ao final, demonstramos quais os principais índices de preços que são levados em consideração para o levantamento do índice de inflação. Demos alguns exemplos práticos dos efeitos e impactos da inflação em nossa vida cotidiana. 37 Referências ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. CULTURA MIX.COM. Indicadores Econômicos. Disponível em: http://economia.culturamix.com/medidas/quais-sao-os-indicadores-economicos-investimentos- e-atividade-economica. Acesso em: 5 dez. 2018. G1.COM. O que é PIB? Disponível em: https://g1.globo.com/economia/pib-o-que-e/platb. Acesso em: 5 dez. 2018. LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do Mercado de Capitais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MUNDO EDUCAÇÃO. O que é Produto Nacional Bruto (PNB)? Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/produto-nacional-bruto-pnb.htm. Acesso em: 5 dez. 2018. TREVIZAN, K.; CAVALLINI, M. O que é inflação e como ela afeta sua vida? 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/educacao-financeira/noticia/o-que-e-inflacao-e-como-ela-afeta- sua-vida.ghtml. Acesso em: 10 dez. 2018. 38