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Módulo 5
5. Licenças Ambientais
Como já mencionado, a Política Nacional do Meio Ambiente, responsável por
determinar a obrigatoriedade do processo de licenciamento ambiental para diversas
atividades e empreendimentos, criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA e deu ao órgão a prerrogativa de elaborar resoluções para pormenorizar e
dar efetividade prática ao conteúdo da PNMA.
As resoluções do CONAMA estão subordinadas à PNMA (que, por sua vez, está
subordinada à Constituição Federal) e são válidas em todo o território nacional. 
Dentre inúmeras já publicadas, a Resolução 237/1997 é responsável por
regulamentar de forma específica o já mencionado Artigo 9º, IV da PNMA,
apresentando diretrizes essenciais sobre licenciamento ambiental.
A resolução em questão estabelece o que é chamado de licenciamento
ambiental trifásico, um processo que compreende três fases. Na verdade, não se
trata de um processo único de licenciamento, mas sim há a previsão de três tipos de
licenças que poderão ser solicitadas, devendo, para cada uma delas haver um
processo de licenciamento.
Antes de falarmos dos três tipos de licenças, a Prévia, de Instalação e de
Operação, é muito importante que tomemos conhecimento sobre o procedimento
de licenciamento em si. Segundo a Resolução 237/19971:
Art. 10. O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às
seguintes etapas:
1 Disponível em http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=237.
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=237
I – Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,
necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à
licença a ser requerida;
II – Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado
dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a
devida publicidade;
III – Análise pelo órgão ambiental competente (…) dos documentos,
projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias;
IV – Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente (…) uma única vez, em decorrência da análise dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber
(...)
V – Audiência pública, quando couber (...)
VI – Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando
couber, (...)
VII – Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico;
VIII – Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a
devida publicidade.
Assim, a regra é que para cada tipo de licença seja realizado um licenciamento
específico. A seguir, são apresentados os três tipos de licenças ambientais que
integram o sistema trifásico de licenciamento:
Art. 8º – O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as seguintes licenças:
I – Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;
Como o próprio nome diz, esta licença é solicitada antes de qualquer
movimentação construtiva ou operacional relacionada ao empreendimento ou
projeto. É uma licença anterior, de forma prévia. O processo de licenciamento
referente à solicitação de uma licença prévia analisará diversos fatores ligados à
localização e a concepção do projeto, daquilo que pretende ser empreendido,
construído ou idealizado e onde será.
A partir destas premissas, será analisada a viabilidade do ponto de vista
ambiental. Quais os possíveis impactos negativos, as formas de se evitá-los e, não
sendo possível, porém viável o empreendimento, como mitigá-los ou compensá-los.
II – Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
determinante;
A Licença de Instalação autoriza o início da construção de todas as obras e
estruturas necessárias à atividade ou empreendimento. Porém, não autoriza o
funcionamento ou operação.
III – Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Finalmente, a licença que autoriza o início efetivo da atividade ou
funcionamento do empreendimento é a Licença de Operação. Embora concedida,
esta licença não será por prazo indeterminado.
Parágrafo único – As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou
sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade2.
As licenças ambientais não necessariamente precisam ser concedidas
seguindo a sequência estipulada pela legislação: LP > LI > LO. O órgão licenciador, a
pedido do interessando, poderá, justificadamente e embasado em elementos
fáticos, conceder licenças de acordo com a realidade que se encontre o
empreendimento.
Por exemplo, se no momento da solicitação da LP o interessado comprovar as
totais condições do empreendimento para a obtenção da LI, o órgão público
concedente poderá aprovar a referida licença.
Em outros casos, a Licença de Operação poderá ser diretamente concedida ao
empreendimento, sempre, mediante comprovação estrita do cumprimento de todas
as exigências para sua concessão.
2 https://cetesb.sp.gov.br/licenciamento/documentos/1997_Res_CONAMA_237.pdf 
https://cetesb.sp.gov.br/licenciamento/documentos/1997_Res_CONAMA_237.pdf
Art. 14 – O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de
análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em
função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como
para a formulação de exigências complementares, desde que observado o
prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o
requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos
em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de
até 12 (doze) meses.
Ao longo do processo de licenciamento ambiental, serão necessários estudos
e análises com a finalidade de se determinar os possíveis impactos ambientais. São
inúmeros estudos que podem ser requeridos, a depender das características do
empreendimento ou da atividade, como Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA),
Estudo de Impacto da Vizinhança (EIV), Relatório de Controle Ambiental (RCA),
dentre outros.
Art. 15 – O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos
e complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente, dentro
do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da
respectiva notificação
Parágrafo Único – O prazo estipulado no caput poderá ser prorrogado,
desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão
ambiental competente.
Em diversas situações, poderá surgir a necessidade por mais informações a
respeito dos estudos apresentados ao longo do licenciamento ambiental. Neste
caso, a parte solicitante da licença deverá ficar atenta ao prazo estipulado para
prestação das informações adicionais, sob pena de arquivamento.
Art. 17 – O arquivamento do processo de licenciamentonão impedirá a
apresentação de novo requerimento de licença, que deverá obedecer aos
procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de
custo de análise.
O arquivamento de um processo de licenciamento ambiental ocorre, por
exemplo, quando não há o cumprimento de alguma exigência ou procedimento
essencial pela parte solicitante da licença.
Uma vez arquivado, o licenciamento não terá mais continuidade, e a licença
pretendida não será concedida, tampouco haverá uma decisão sobre a concessão ou
não, tendo em vista que não se chegou ao momento decisório.
Porém, nada impede que a parte interessada solicite novamente a respectiva
licença, iniciando um novo processo de licenciamento ambiental, seguindo-se todas
as etapas essenciais e legalmente previstas para tal.
Art. 18 – O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade
de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento,
levando em consideração os seguintes aspectos:
Como mencionado em momento anterior, as licenças concedidas não
possuem caráter permanente, mas sim por prazo determinado. Cada qual possuí
suas especificidades e também prazos próprios de duração.
I – O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o
estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e
projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser
superior a 5 (cinco) anos.
II – O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo,
o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou
atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.
III – O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os
planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no
máximo, 10 (dez) anos.
§ 1º – A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os
prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos
máximos estabelecidos nos incisos I e II
§ 2º – O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de
validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos
ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a
encerramento ou modificação em prazos inferiores.
§ 3º – Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou
empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante
decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após
avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no
período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso
III.
§ 4º – A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou
empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na
respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a
manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
O órgão ambiental competente para o licenciamento ambiental também
poderá determinar procedimentos especiais para a concessão da licença ambiental.
Tais procedimentos deverão atender às necessidades para se identificar a
potencialidade lesiva da atividade ou empreendimento a ser licenciado ou não.
Ainda na mesma resolução em questão:
Art. 12 – O órgão ambiental competente definirá, se necessário,
procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a
natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento
e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de
planejamento, implantação e operação.
Com base nesta maleabilidade segundo os critérios do órgão licenciador o
processo de licenciamento, incluindo o estudo ambiental necessário, poderá ser
simplificado. 
§ 2º – Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental
para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para
aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados,
previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a
responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades.
Embora o licenciamento ambiental trifásico seja o mais recorrente no país,
existem outros tipos realizados por órgãos ambientais, principalmente no âmbito
estadual. Um exemplo é o Licenciamento Ambiental Simplificado – LAS, realizado no
Estado de Minas Gerais.
O LAS poderá ser realizado eletronicamente, em uma única fase, por meio de
cadastro ou da apresentação do Relatório Ambiental Simplificado – RAS pelo
empreendedor, segundo critérios e pré-condições que serão estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, resultando na concessão de uma Licença Ambiental
Simplificada.

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