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Saúde e Meio Ambiente

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Saúde e Meio Ambiente
Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Nilza Maria Coradi
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
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• Introdução
• Meio Ambiente e Saúde
• Desenvolvimento dos Conceitos Saúde, 
Ambiente e Sustentabilidade
Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura. Na sequência, realizar 
as atividades de fixação do conteúdo (Atividade de Sistematização) e as atividades de 
interação (Fórum, Reflexiva ou Aplicação).
Explore todos os recursos do blackboard. Não acumule dúvidas! Participe, pergunte! 
Bons estudos e aproveite ao máximo todo o material disponível e sugerido!
Nesta unidade, vamos tratar do tema Saúde e Meio Ambiente. 
Discutiremos os conceitos de saúde e meio ambiente bem 
como a interdependência entre essas áreas. Verificaremos 
como o profissional de meio ambiente pode interferir e gerir 
o meio de modo a proporcionar um ambiente saudável e 
equilibrado, com mais saúde e qualidade de vida. Daremos 
início, também, ao tema Poluição Ambiental, no qual iremos 
nos aprofundar no decorrer do curso.
Conceitos e Correlação entre Saúde e 
Meio Ambiente
• Modificações Ambientais e seus Impactos 
na Saúde
• Dispersão dos Poluentes
• As Formas mais Comuns de Poluição 
e seus Efeitos na Saúde (Ar, Água, Solo)
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Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
Contextualização
As modificações no meio ambiente decorrentes dos processos antrópicos, que acontecem em 
escala global, ocorrem em taxas incompatíveis com a capacidade de suporte dos ecossistemas, 
resultando no esgotamento dos recursos naturais e na poluição ambiental.
As modificações ambientais decorrentes dos padrões de consumo e de produção das 
sociedades modernas alteram significativamente o ambiente natural, aumentando o risco de 
doenças e atuando de forma negativa na qualidade de vida da população.
O mundo moderno apresenta muitas contradições para a humanidade. Se, por um lado, 
propicia melhores condições de vida, por outro, cria novos desafios para o homem ao alterar 
profundamente seu habitat.
Fica clara a importância de os profissionais de saúde e meio ambiente aprofundarem seus 
estudos sobre a epidemiologia ambiental, fazerem uma análise que envolva a importância do 
saneamento e do manejo ambiental para a promoção da saúde e suas interações com o meio 
ambiente, estudarem as condições sanitárias, doenças infecciosas e parasitárias e as políticas 
públicas relacionadas. 
Assim podemos começar a desenvolver um ambiente sustentável com maior equilíbrio, 
proporcionando uma melhora na qualidade de vida da população sem deixar de lado as 
necessidades de todos os seres vivos do planeta em que vivemos.
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Introdução
Nesta unidade discutiremos os conceitos de saúde e meio ambiente bem como a 
interdependência entre essas áreas. Vamos verificar, também, como o profissional de meio 
ambiente pode interferir e gerir o meio, de modo a proporcionar ambiente saudável e equilibrado, 
com mais saúde e qualidade de vida. A saúde ocupa uma posição de destaque na vida do 
indivíduo e da sociedade. Vamos ver como o indivíduo compõe uma relação com o corpo, 
consigo mesmo e com o meio em que vive. 
As modificações no meio ambiente decorrentes dos processos antrópicos, que acontecem em 
escala global, ocorrem em taxas incompatíveis com a capacidade de suporte dos ecossistemas, 
resultando no esgotamento dos recursos naturais e na poluição ambiental.
As modificações ambientais decorrentes dos padrões de consumo e de produção das 
sociedades modernas alteram significativamente o ambiente natural, aumentando o risco de 
doenças e atuando de forma negativa na qualidade de vida da população.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a saúde é entendida como um estado de completo 
bem-estar físico, mental e social ou, simplesmente, ausência de doença.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, apresenta um conceito amplo de 
saúde, definindo-o da seguinte forma:
A saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a 
serviços de saúde.
Nesse conceito, a situação de saúde é direta ou indiretamente produto das condições da vida 
biológica, social e cultural e da interação entre o meio físico e social.
A preocupação com a saúde sempre acompanhou o homem ao longo da história. Os homens 
desenvolveram diversas formas de explicar os fenômenos naturais e sociais. A doença, ao longo 
do tempo, obteve diversas explicações, algumas atribuídas a causas externas e relacionadas a 
fatores ambientais, e para elas, depois de identificadas, foram desenvolvidas práticas curativas 
incorporadas à sabedoria popular.
É fácil percebermos que, até hoje, há diferentes concepções do que seja saúde e sobre as causas 
das doenças. Esse conceito varia no tempo e no espaço. Cada cultura, cada época tem seus 
conceitos e critérios para distinguir o normal do patológico. Daí a importância de incorporarmos 
os aspectos que focalizam a posição do indivíduo em relação ao sistema econômico, social e ao 
meio ambiente no qual está inserido.
A Epidemiologia, ciência que estuda o processo saúde-doença na comunidade, analisando 
a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades e dos agravos à saúde coletiva e 
sugerindo medidas específicas de prevenção, de controle ou de erradicação, apresentou, ao 
longo da história, várias teorias que mostram a origem das doenças. Apresentamos, a seguir, um 
resumo dos métodos epidemiológicos convencionais e suas peculiaridades:
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Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
• TEORIA UNICAUSAL: a doença decorre de uma única causa, sempre fora do 
organismo agredido, sendo um agente biológico capaz de promover um processo 
patológico e que penetra no organismo e desencadeia a doença, a qual apresenta 
sintomas característicos, com causa, patogenia e patologia. Esse modelo foi reforçado 
com as descobertas microbiológicas que colocaram, como foco da causa da doença, 
o micro-organismo.
• TEORIA MULTICAUSAL: a doença, segundo esta teoria, tem multiplicidade de causas 
coexistentes, capazes de produzir alterações físicas, com possível correção a partir de 
medidas que intervêm na cadeia causal. 
• TEORIA DA TRIADE ECOLÓGICA: o equilíbrio da saúde depende da interação 
entre o meio ambiente físico, social e econômico, com os diferentes agentes biológicos e 
físicos, e o homem, com características etárias, de raça, sexo, hábitos, fatores genéticos, 
personalidade e mecanismo de defesa. O mais interessante deste modelo é que ele 
apresenta intervenções na promoção da saúde - com ações sobre o ambiente, educação, 
alimentação e lazer - na proteção da saúde - com imunizações, diagnósticos precoces – e 
na limitação do dano e reabilitação.
A interdependência entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento é reconhecida há muito 
tempo, no entanto nosso modelo de desenvolvimento vem provocando danos irreversíveis ao 
meio ambiente e, consequentemente, à saúde. Com o rápido crescimento populacional e a 
urbanização vem toda espécie de abusos e destruição que colocam em risco não só a qualidade 
de vida e a saúde das pessoas, mas também a biodiversidade e os processos naturais que 
sustentam a sobrevivência na terra.
Em um ecossistema primitivo, o conjunto de atividades antrópicas apresenta uma pequena 
ou nenhuma modificação no ecossistema. Entende-se por ecossistema o sistema onde se vive. 
É uma unidade natural constituída de parte não viva (água, gases atmosféricos, sais minerais e 
radiação solar) e de parcela viva (plantas e animais, incluindo os microrganismos), que interagem 
ou se relacionam entre si, formando um sistema estável.
Em um ecossistema rural, já ocorrem mudanças no ambiente. Nesse ecossistema já se 
observa um processo de importação energética, com os fertilizantes químicos, combustível 
para movimentação dede prognósticos.
A epidemiologia tem como base para ser aplicada os seguintes elementos: determinantes, 
distribuição e frequência. A distribuição e a frequência descrevem o estado de saúde das 
populações, essa parte da epidemiologia é chamada de descritiva. Portanto, a epidemiologia 
descritiva investiga o fenômeno de saúde em evidência, realizando uma exploração para entender 
quais grupos o evento em saúde (agravo, doença, características etc.) está presente, de acordo 
com as diferentes variáveis e também quantos são afetados. A partir disso, são elaboradas 
questões primárias que dão suporte a essa investigação. De acordo com a abordagem escolhida, 
aparecem as proposições com questões relativas à distribuição, como quem, quando e onde.
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Quem . São as pessoas afetadas pelo evento suas características como gênero, grupo
etário, nível educacional, renda etc.
Quando . Período de tempo definido pelo investigador na análise epidemiológica.
Onde . Estabelecimento da relação entre o evento de saúde e o espaço geográfico a ser analisado 
( cidade, país, bairro etc.).
A epidemiologia descritiva produz a base para outros fundamentos utilizados em pesquisas 
acadêmicas ou em serviços em saúde. No final do século XX, os conceitos de doenças emergentes e 
reemergentes difundiram-se. As doenças emergentes são aqueles agravos novos que passam a estar 
presentes nas populações como a gripe aviária. É aquela proveniente de um agente de identificação 
recente, antes desconhecido. As reemergentes são as doenças que voltam a estar frequentes nas 
populações depois de estarem ausentes por um período, como a dengue. É aquela que reaparece de 
maneira a atingir outras regiões que antes estavam isentas da sua presença.
A epidemia é o aumento inesperado da frequência de eventos num período e numa 
determinada região, podendo classificar então um surto. Endemia é quando um agravo persiste 
numa região mantendo sua frequência estabilizada quantitativamente. Pandemia é o termo 
utilizado para a ocorrência de muitos casos em grandes proporções territoriais.
Acredita-se hoje que muitos fatores são responsáveis pelos efeitos na saúde. Fatores próximos 
ao indivíduo sempre associado a um determinado ambiente ou cultura podem gerar condições 
favoráveis que influenciam no seu estado de saúde. Esse entendimento, conhecido como 
“determinante social” no processo saúde-doença vai ao encontro da realidade que vivemos 
hoje, pois os estados tem um importante papel no desenvolvimento da saúde das populações. 
A Epidemiologia é constituída de duas etapas principais, a analítica e a descritiva. A etapa 
analítica da epidemiologia se dedica a elucidar os fatores de risco associados aos efeitos em 
saúde, o objetivo é identificar ou destacar aqueles fatores que possam estar ajudando ou 
protegendo o aparecimento de doenças. A etapa descritiva gera os dados acerca das condições 
de saúde das populações. Utiliza dados secundários, geralmente dos sistemas de informação 
em saúde, com o objetivo de construir o perfil de saúde dos indivíduos em seus territórios. Uma 
etapa depende da outra, uma hipótese é gerada na etapa descritiva e testada pela analítica.
Tanto a fase analítica quanto a descritiva empregam a compreensão da noção de risco. Hoje em 
dia, o conceito de risco tem a conotação de ganho ou perda, mas com um sentido negativo do perigo. 
É usual o termo risco nos processos que envolvem saúde-doença, principalmente na mudança do 
estado de ausência para a presença de doença. Essa mudança é conhecida em epidemiologia como 
causalidade. O conceito de causa é utilizado para associar suposta causas a seus efeitos.
Os fatores ambientais são responsáveis por grande parte dos fatores de risco, sendo considerado 
um fator multicausal. É parte de um todo que interage com outros fatores, como a genética, estilo 
de vida, biologia humana, acesso a serviços de saúde, entre outros. O meio ambiente envolve 
um espectro amplo de correlações, como espaço social, economia, infraestrutura urbana entre 
outros. É neste contexto que as ciências da saúde encontram seus principais desafios.
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Unidade: Epidemiologia
Dentre os inúmeros riscos que influenciam as causas das doenças, temos:
Riscos de controle individual, representado pelo estilo de vida.
Riscos conhecidos de controle coletivo, representado pelas 
politicas públicas.
Riscos conhecidos de controle institucional, representados pela 
organização dos serviços de saúde e suas relações com outros serviços.
Riscos conhecidos de ação sinérgica de controle multidimensional, 
representado através de ações individuais, coletivas interssetoriais.
Riscos não conhecidos.
Na busca de categorizar o processo saúde-doença, diferentes campos na saúde são apontados: 
biologia humana, estilo de vida, ambiente e serviços de saúde.
A biologia humana envolve as características imutáveis do individuo, como: idade, sexo, raça, 
patrimônio genético e constituição do individuo. Acredita-se que o individuo não tem controle 
sobre esses fatores de risco. O estilo de vida engloba hábitos e comportamentos adquiridos 
social ou culturalmente, tais como: tabagismo, alcoolismo, alimentação, medicações, drogas, 
falta de exercícios, utilização de proteção no setor ocupacional, adesão ou não de medidas 
preventivas e tratamentos, opção de lazer etc. Acredita-se que os indivíduos tenha controle 
sobre esses fatores. 
O campo da saúde que diz respeito ao meio ambiente implica a parte física, psíquica e social. 
O ambiente físico abrange entre outras coisas o relevo, a hidrografia, o clima, os poluentes 
ambientais do ar, água e do solo. Na dimensão social incluem-se as múltiplas causas das doenças 
crônicas não transmissíveis como: nível sócio econômico, escolaridade, processo de migração 
etc. A psíquica envolve as tensões sociais e individuais que inclui as relações, a informação, o 
preconceito e todos os componentes da sociedade moderna que refletem na saúde mental dos 
indivíduos. No campo ambiental estão os eventos externos ao corpo sobre os quais o individuo 
tem pouco ou nenhum controle. É importante ressaltar que quando o impacto ao meio ambiente 
é revertido é porque houve alguma forma de controle mesmo que coletivo.
Epidemiologia e riscos
Conforme observamos, o risco está diluído nos meandros da sociedade. Como saber se a 
exposição a um risco especifico é suficiente para um efeito nocivo ao meio ambiente ou à saúde? 
Como isolar um possível fator causal dos demais? Usando a epidemiologia como exemplo, 
conclui-se que uma doença não pode ser causada por um fator de risco apenas, sendo resultado 
de um conjunto multicausal de fatores, acentuado por um fator de risco, mas não apenas ele. A 
epidemiologia faz a análise comparativa entre indivíduos ou grupos expostos e não expostos ao 
fator de risco, mas quando se trata de elucidar questões como o aquecimento global, mostra-se 
limitada, sem dispor de meios comparativos entre os grupos expostos e não expostos.
Em um entendimento mais amplo da saúde humana, em que as doenças e os agravos são 
apenas uma faceta do processo saúde – na doença, observamos que os determinantes sociais 
incluem o meio ambiente, as relações econômicas, o desenvolvimento, os meios de produção etc. 
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Então a saúde não se restringe a ação curativa e sim é um resultado das macro relações globais 
que incidem sobre o local e o individual, portanto um processo multifatorial, que engloba, entre 
outros o meio ambiente.
Nas discussões ambientais e de saúde, medidas de controle são compensatórias e a relação 
saúde e ambiente é deixada de lado, por isso, o sistema deve incorporar uma nova articulação 
entre natureza, ciência e sociedade.
Metodologia epidemiológica
A epidemiologia nasceu com uma forte ênfase nas doenças transmissíveis e com a evolução 
dessa disciplina foi incorporado elementos das doenças não transmissíveis, causas externas, 
ocupacionais, entre outras. 
Essa transição da epidemiologia mostra que a frequência das doenças e das mortes ao longodo 
tempo foi mudando de acordo com fatores econômicos, sociais, ambientais e comportamentais. 
Peste e fome matavam mais pessoas que outras etiologias, doenças infecto contagiosas 
predominavam no século XIX, diferente do final do século XX e inicio do século XXI, onde 
predominam as doenças produzidas pelo homem e as doenças não transmissíveis. A transição 
demográfica também tem seu papel nesta mudança, se no passado o contingente de população 
jovem era maior, hoje houve um aumento significativo da população idosa, com isso os agravos 
referentes a essa população passam a figurar outro perfil. Algumas mudanças como a nutricional e 
a de risco também aparecem à medida que a sociedade obtém novos índices de desenvolvimento.
Em relação à transição nutricional, existem pontos relevantes como o aumento do consumo 
de alimentos industrializados, com maior concentração de conservantes, acidulantes, colorantes, 
sódio etc. Isso trouxe novos hábitos de dietas e consumo. Como resultado, temos uma 
desproporção entre obesos e desnutridos com um aumento nos dois grupos.
As transições não devem ser analisadas separadamente, pois a sociedade vive também 
em transição. A sociedade convive com riscos antigos e modernos, riscos identificáveis e não 
identificáveis riscos conhecidos e riscos desconhecidos.
O pesquisador precursor da epidemiologia John Snow experimentou um método de teste 
para verificar o risco do adoecimento por cólera, com isso nasceu a hipótese epidemiológica 
para relacionar a água a essa doença. Utilizando o elemento contraste a comunidade foi exposta 
a água limpa ou contaminada para concluir que o fator de risco estava associado ao efeito 
saúde. A partir dai estabeleceu-se uma ordem de investigação respaldando metodologicamente 
a epidemiologia a partir do método cientifico. As etapas da investigação são:
1 - Detectar o efeito em saúde;
2 - Estabelecer o perfil epidemiológico;
3 - Formular a hipótese;
4 - Testar a hipótese;
5 - Concluir.
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Unidade: Epidemiologia
Nesta primeira etapa, temos a detecção do agravo sugerindo a necessidade de investigação para 
detectar o efeito em saúde. Passamos então para a segunda etapa onde o perfil epidemiológico 
se estabelece. A partir deste perfil, os grupos de interesse se definem em um espaço e num 
período determinado. Todos esses elementos são a base para identificar as propriedades em 
saúde e com essa informação tomar a melhor decisão. A partir deste momento, se pergunta 
onde e quando acorreu o evento e qual a população mais afetada, essa etapa cabe também 
identificar a magnitude do evento e o quanto se é afetado. 
Os indicadores em epidemiologia são divididos em absolutos e relativos, sendo os relativos mais 
apropriados à comparação. Esses indicadores se dividem em dois tipos: índices de distribuição 
proporcional e os coeficientes de probabilidade de risco. Esses coeficientes se agrupam em:
 · Incidência – probabilidade do risco de adoecer;
 · Prevalência – probabilidade do risco do agravo se instalar;
 · Mortalidade – probabilidade de risco de morrer na população geral;
 · Letalidade – probabilidade do risco de morrer entre os doentes.
A terceira etapa acontece após o perfil estar estabelecido pela frequência e distribuição 
oferecendo subsídios para uma hipótese. O grupo mais afetado pode acrescentar elementos 
comuns podendo ser o fator de risco o que gera uma relação causal. Nesta etapa, os estudos 
descritivos apresentam maior utilidade, de modo a estabelecer, uma relação causal entre os 
fatores de risco e os efeitos em saúde, embasando assim uma hipótese. 
A Quarta etapa concentra-se no teste da hipótese causal a partir dos elementos das investigações 
anteriores. A última etapa do estudo são as conclusões acerca das relações causais, que não 
devem ser restritas a um estudo, mas a um conjunto de resultados. É sempre importante manter 
uma postura crítica com relação a uma conclusão de relação direta entre causa e efeito e adotar 
uma visão mais ampla, questionando tanto os resultados como os métodos e o processo.
A Epidemiologia é uma ciência importante para estudar, quantificar e tabular, no entanto 
não deve reduzir-se a conceitos e métodos, deve abrir-se em direção às necessidades globais, ao 
desenvolvimento e à sociedade.
No Brasil, a epidemiologia originou-se a partir dos naturalistas e da medicina tropical, que de 
forma sistemática, descreveram a ocorrência de diversas doenças infecciosas, vetores e agentes. 
Em meados do século XIX, três médicos estrangeiros criaram a Escola Tropicalista Baiana, 
embora não sendo uma instituição formal de ensino, a escola se dedicou à prática médica e à 
pesquisa da etiologia das doenças tropicais que acometiam os homens livres e os escravos. 
Epidemiologia no Brasil 
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A metodologia utilizada pelos pesquisadores da escola compreendia as mais modernas 
técnicas da medicina cientifica europeia. Esse grupo de pesquisadores rejeitou o determinismo 
racial e de clima das doenças, pois acreditavam na universalidade das doenças e que a umidade 
e o calor apenas conferiam características peculiares a elas. Os tropicalistas associavam as 
doenças tropicais à pobreza, desnutrição, falta de saneamento e às péssimas condições de vida. 
Esses pesquisadores desenvolveram importantes trabalhos sobre a ancilostomíase, tuberculose, 
hanseníase, entre outras.
No final do século XIX, houve várias tentativas de análise quantitativas de ocorrência de 
doenças no Brasil, sem empregar técnicas estatísticas já utilizadas na Europa e nos Estados 
Unidos. Foi em 1903, que o presidente da República Rodrigues Alves nomeou o médico Oswaldo 
Cruz para a diretoria da saúde pública. A tarefa inicial era sanear o Rio de Janeiro e combater 
as epidemias que tomavam a cidade como a febre amarela, peste bubônica e a varíola. Houve 
uma campanha bem rigorosa para combater a febre amarela com medidas como aplicação 
de multas, intimação aos proprietários de imóveis insalubres etc. Na sequência, Oswaldo Cruz 
começou a trabalhar para combater a peste bubônica, com notificação compulsória dos casos, 
combate aos ratos da cidade, entre outras medidas de saneamento. Em 1904, o Rio de Janeiro 
é acometido por uma epidemia de varíola, fazendo com que o governo obrigue por meio de um 
projeto de lei que a população se vacine, com pena de sanções para quem não cumprisse a lei. 
Isso gerou muita insatisfação popular originando a Revolta das Vacinas, deixando um saldo de 
30 mortos em uma semana, tempo que durou a revolta.
Outro médico, Carlos Chagas em 1905 conseguiu controlar um surto de malária no interior 
de São Paulo, tornando uma referência para o combate desta doença no mundo todo. Esse 
mesmo médico descobriu o protozoário causador da tripanossomíase americana, denominada 
por ele como tripanossomíase Cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. Essa é conhecida como 
doenças de chagas. 
Após o termino da segunda guerra mundial, surgiu a ideia de que as doenças endêmicas 
poderiam ser controladas e até erradicadas. Durante a guerra, os sanitaristas norte americanos 
usavam essa ideia como um trunfo na busca de aliados. Desta forma, com o incentivo do 
governo norte americano, a organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial 
da Saúde empreenderam muitas ações globais com o objetivo de erradicar diversas doenças. 
No Brasil, houve duas campanhas de erradicação da malária com um sucesso parcial e da 
erradicação do Aedes Aegypti, com um sucesso pleno, embora não definitivo.
Na organização do ensino, duas instituições de pesquisa e formação na área da saúde 
coletiva foram criadas na metade do século XX: Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro e a 
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Em 1942, após um acordo com o governo americano criou-se o Serviço Especial de Saúde 
Pública (SESP). O SESP priorizava ações para o controle da malária e outras doenças endêmicas 
da região amazônica, posteriormente esse serviço se expandiu para outras regiões. Após 1960, o 
SESP se transformouem fundação exercendo um importante papel na normatização de muitas 
atividades de saúde e saneamento até o final da década de 1970.
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Unidade: Epidemiologia
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica no Brasil se consolidou a partir das 
campanhas de erradicação da varíola na década de 1960 e da poliomielite na década de 1970. 
Foi na década de 70 que houve um esforço para construir novas teorias, enfoques e métodos 
da epidemiologia, buscando aplicar métodos da planificação da saúde, que no Brasil ganhou o 
nome de saúde coletiva.
No processo de desenvolvimento da saúde coletiva, vários núcleos de pesquisas foram criados 
e consolidados nas principais instituições de ensino e pesquisa do país. A pesquisa epidemiológica 
no Brasil vem se consolidando de forma muito consistente, ganhando respeitabilidade no cenário 
mundial. A pesquisa brasileira tem dois conjuntos temáticos que lhe conferem uma identidade, 
como o desenvolvimento de aplicações para o planejamento e a gestão de sistemas e serviços 
de saúde e a investigação de problemas de saúde de grande importância social com ênfase nos 
determinantes políticos, sociais, econômicos e culturais dos fenômenos da saúde-doença.
Epidemiologia e meio ambiente
Objetivos de aprendizado
Neste item, vamos focalizar resumidamente alguns aspectos da epidemiologia. Diante deste vasto 
campo que é essa disciplina, vamos construir um raciocínio crítico a ser aplicado por aqueles que 
estão trabalhando na área de meio ambiente.
Enquanto a ciência médica atua principalmente no organismo, a saúde pública é detentora 
de uma visão ecológica, procurando compreender as relações que se estabelecem entre 
populações, comunidades e ecossistemas. Os seres humanos ao interagir com outras espécies 
e com o ambiente recebe as influências que podem definir seu estado de saúde. A forma de 
interação do homem com o meio passa ter uma relação muitas vezes direta entre saúde-doença.
Diante disso, destaca-se a importância da epidemiologia ambiental, cuja ênfase está na 
discussão dos fatores do meio, físicos, químicos, biológicos e psicossociais que atuam nas causas 
das doenças.
O objetivo é refletir sobre a causa de uma doença, na epidemiologia, a questão é ampliada, 
pois a doença é multicausal e a questão da causalidade não é linear ou simplista. Se a ocorrência 
da doença é devido à influência de muitos fatores, então cabe a epidemiologia investigar 
para entender melhor a rede multicausal. Ela pode ser explicada como uma série de fatores 
determinantes que, atuando em determinado espaço e tempo leva à ocorrência do agravo. 
Com o intuito de prevenir as doenças, os estudos devem levar em consideração fatores 
genéticos e a suscetibilidade a exposição de fatores. Ao investigar a etiologia da doença, 
está investigando o quanto que uma doença se deve a fatores genéticos e o quanto a fatores 
ambientais e como essa interação acaba aumentando o risco da doença.
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Com a evolução da epidemiologia, chegou-se a três fatores principais: agente, hospedeiro e 
ambiente. Entende-se que a saúde e a doença estão na dependência das interações estabelecidas 
entre esses fatores. Acredita-se que o equilíbrio dessas três partes leva à saúde, no entanto, 
qualquer desequilíbrio no sistema seria suficiente para gerar um estado de doença.
Na epidemiologia, o hospedeiro que ocupa a discussão central é o homem. Muitas 
características do ser humano ajudam a constituir os fatores que podem levar à doença como o 
sexo, a idade, condições de vida, raça, credo, entre muitas outras.
Diante disso, o ambiente é um importante componente do sistema. Entre o agente, o 
hospedeiro e o ambiente qualquer desequilíbrio pode gerar consequências, fatores ambientais 
associados a doenças podem ser de origem física, biológica e social. 
Variações anuais de temperatura podem influenciar várias doenças. As transmitidas por 
vetores têm nos períodos mais quentes do ano um aumento da transmissão. Insetos proliferam-
se mais em temperaturas elevadas. Agentes patogênicos são transmitidos com mais facilidade 
em razão do maior contato do homem e desses vetores, isso normalmente acontece quando 
as temperaturas são mais elevadas. Muitos agentes responsáveis por infecções respiratórias tem 
seu aumento no inverno. Em temperaturas baixas, a tendência é das pessoas ficarem mais 
fechadas e ambientes sem circulação de ar favorecem a transmissão dos agentes biológicos. Até 
as doenças não infecciosas tem relação com a temperatura. Nos trópicos, onde as temperaturas 
são mais elevadas, as pessoas normalmente se expõem mais ao sol, podendo desenvolver, por 
exemplo, câncer de pele. Nas regiões onde o inverno é muito prolongado, as pessoas podem 
estar sujeitas a outros tipos de agravos, inclusive de ordem psicológica, pois ficam muitos meses 
sem a luz do sol e em ambientes confinados. A pluviosidade também influencia no aparecimento 
ou não de certas doenças. Em ambientes antrópicos, sem saneamento adequado, pode ocorrer 
maior contaminação das fontes de água. Águas contaminadas colocam a população em risco 
de diversas enfermidades. Chuvas intensas também podem provocar inundações nas áreas 
urbanas, muitas doenças se proliferam nessa situação, podemos citar o caso da leptospirose, 
uma zoonose que contamina os ratos que eliminam o agente através da urina. A inundação 
espalha o agente pela área e o homem se contamina ao entrar em contato com essa água 
através de algum ferimento na pele. É uma doença bem característica das áreas de inundação. 
Outro fator que pode influenciar o aparecimento de determinadas doenças é a topografia. A 
malária, por exemplo, está ligada aos charcos que se formam próximos ao leito dos rios. Esses 
charcos são criadouros dos mosquitos vetores da doença. As montanhas com altitude elevada, 
onde a pressão atmosférica é menor, favorecem as pessoas que sofrem de pressão baixa, já os 
terrenos baixos, com uma maior pressão atmosférica, favorecem a saúde dos hipertensos.
No mundo contemporâneo, a preservação do meio ambiente já é vista como um fator 
importante para a sobrevivência humana. Muitos esforços foram e são feitos no sentido da 
preservação da biodiversidade. Nas áreas urbanas, a manutenção dos espaços verdes torna-se 
cada vez mais necessária para contribuir com o equilíbrio do clima e da poluição. 
Quando o ambiente natural é modificado por ações antrópicas, geralmente com a exploração 
de recursos naturais e desmatamentos ocorre a quebra do equilíbrio aumentando a possibilidade 
de transmissão de agentes que causam doenças. Desta maneira podem surgir novas doenças. 
Nesses ambientes impactados pela ação do homem é comum haver o desequilíbrio do 
componente biológico. Espécies antes raras podem se tornar abundantes e vetores como os da 
malária, quando proliferam aumentam o risco de transmissão. 
16
Unidade: Epidemiologia
No ambiente antrópico rural, o homem acaba facilitando o aparecimento de riscos 
epidemiológicos por meio das suas atividades. Na agricultura, para manter a plantação produtiva, 
aduba o solo com produtos químicos e combate às ervas daninhas com herbicidas e para 
evitar o ataque dos insetos usa os inseticidas. Ao manter sua plantação produtiva, o agricultor 
acaba contaminando seriamente o meio ambiente colocando em risco a sua saúde, de seus 
trabalhadores e de toda a população que vai ingerir o alimento contaminado. Situação parecida é 
observada na pecuária intensiva, com os animais confinados há o acúmulo de esterco e com um 
manejo inadequado ocorre a proliferação das moscas, que acabam chegando às comunidades 
humanas. Muitas espécies dessas moscas servem de vetor a inúmeras infecções. Para combater 
esses insetos que atacam os rebanhos, venenos são aplicados contaminando os animais e seus 
produtos. Nas áreas urbanas, outros riscos relacionados ao meio ambiente surgem como a 
falta de áreas verdes, por exemplo. Em áreas de clima quente, o calor torna-se insuportável e a 
radiação do calor liberado pelas superfícies pavimentadaseleva a temperatura em vários graus, 
provocando as ilhas de calor. As altas temperaturas contribuem para a multiplicação de insetos e 
outras pragas urbanas. As áreas verdes por sua vez, ajudam amenizando a poluição, diminuindo 
o ruído e melhorando a qualidade de vida. 
Nosso meio urbano comporta muitas espécies indesejáveis chamadas de pragas. São animais 
que evoluíram, passando a viver no próprio ambiente humano, essas espécies quase sempre 
representam riscos à saúde. É o caso de ratos, pombos, baratas, aranhas, escorpiões, mosquitos, 
moscas etc. Toda essa fauna está relacionada com doenças como leptospirose, infecções diversas, 
acidentes por picadas etc.
A humanidade vive, em sua quase totalidade, em um meio modificado. O ambiente antrópico 
exerce uma notável influência sobre a saúde e o bem estar dos seres humanos. A melhora da 
qualidade de vida, e isso inclui claro ter saúde, tem muito a ver com a consciência, valores, 
atitudes e ações frente aos problemas ambientais que se apresentam na modernidade.
Portanto, no cenário atual o homem convive com as doenças infecciosas e as não infecciosas; 
com um agravamento das doenças ligadas aos hábitos de vida. Nesse quadro, o entendimento 
da saúde da população torna-se complexo, temos então como instrumento de planejamento e 
gestão do ambiente a Epidemiologia.
17
Material Complementar
 
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Para complementar seus estudos, segue sugestão de link para ampliar seus conhecimentos:
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18
Unidade: Epidemiologia
Referências
Ianni, A. M. Z. Biodiversidade e saúde pública: questões para uma nova abordagem. Saúde. 
Soc. v. 14 n. 2 São Paulo. 2005
Almeida, N; Barreto, M. L. Epidemiologia e saúde: fundamentos, métodos e aplicações. Rio 
de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 2011.
Franco, L. J. et al. Fundamentos de epidemiologia. 2. ed. Barueri: Manoele, 2011.
Philippi, A; Pelicioni, M. C. F. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. ed. Barueri: 
Manoele, 2014.
Philippi, A. Saneamento, saúde e ambiente. Editor. Barueri: Manoele, 2014.
Battaglin, P. et al. Saúde coletiva: um campo em construção. Curitiba: Ibpex, 2006.
Rosa, A. et al. Meio ambiente e sustentabilidade (recurso eletrônico). Porto Alegre: 
Bookman, 2012.
19
Anotações
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Saúde e 
Meio Ambiente
Políticas de saúde pública, ambiental e
desenvolvimento sustentável
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Nilza Maria Coradi
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
5
•	Introdução
•	Políticas de saúde pública
•	Políticas de saúde pública no Brasil 
(vigilância ambiental)
Nesta Unidade discutiremos temas relacionados às políticas de 
saúde pública, ambiental, desenvolvimento sustentável e qualidade 
de vida. Para que o profissional obtenha um resultado importante 
na promoção da saúde e no equilíbrio ambiental, faz-se necessário 
uma visão holística.
A avaliação no contexto das reformas 
educativas no Brasil
•	Desenvolvimento sustentável, gestão 
ambiental e qualidade de vida
•	Considerações finais
Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência fazer as 
atividades de fixação dos conteúdos (Atividade de Sistematização), e as atividades de interação 
(Fórum, Reflexiva ou Aplicação). É importante também acessar o material complementar.
Explore todos os recursos do blackboard. Não acumule dúvidas, participe, pergunte.
6
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
Contextualização
Objetivos de aprendizado
Nesta Unidade será abordado os temas de saúde coletiva, meio ambiente e desenvolvimento 
sustentável, refletindo como esses caminhos podem nos levar a atingir uma melhor qualidade de 
vida em um ambiente ecologicamente equilibrado. Aqui fica visível a importância do profissional da 
gestão ambiental para o atingimento desses objetivos.
Um mundo rápido e em permanente processo de mudança foi o cenário das ultimas décadas. 
Ao promover um crescente enriquecimento dos países a economia global deixou inúmeros 
passivos sociais e ambientais. Tal cenário traduz os desafios para a gestão dos espaços antrópicos 
e naturais, induzindo situações de conflito entre as prioridades políticas.
O panorama que se apresenta quanto a gestão dos espaços antrópicos e naturais mostra um 
rol de dificuldades dentro de um círculo vicioso. Nesse há um sistema de planejamento que não 
acompanha a dinâmica das cidades; descontinuidade das políticas, planos e projetos, fazendo 
com que os resultados esperados pelos investimentos em infraestrutura e operacionalização dos 
assentamentos urbanos não apareçam; além disso, ainda é tímida a participação social nesse 
processo de gestão.
Diante desse quadro, reconhece-se a prioridade da promoção de mudanças, entendendo 
as inter-relações dos ecossistemas naturais construídos, além da urgência no envolvimento 
comunitário no processo de gestão de seu espaço, nas dimensões local e global.
7
Introdução
Nesta Unidade discutiremos temas relacionados às políticas de saúde pública, ambiental, além 
de desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. Para conseguir um resultado importante 
na promoção da saúde e no equilíbrio ambiental faz-se necessário uma visão holística, 
principalmente para os profissionais que trabalham na área. É importante, sobretudo, priorizar 
sistemas autossustentáveis, onde os princípios ecológicos sejam otimizados e não contrariados.
Em síntese, a questão da saúde ambiental é interdisciplinar e complexa, exigindo um esforço 
conjunto de instituições com diferentes perfis e de profissionais com diversidade de formação.
O caráter essencialmente interdisciplinar da questão ambiental requer um tratamento que 
envolva aspectos econômicos, tecnológicos, culturais, políticos, enfim, todos os relacionados a 
atividade humana com a base que a sustenta.
As ações dos diversos profissionais e instituições para a promoção da saúde têm como 
resultado a prevenção de doenças e a melhora da qualidade de vida da população. Sem 
dúvida, a melhor forma de prevenir inúmeras doenças é garantir um ambiente que proporcione 
condições básicas de vida.
Ideias-chave
Nesse sentido, a saúde pública é definida como a Ciência de evitar doenças, prolongar a vida e 
desenvolver as saúdes física e mental. Para tanto, faz-se necessário o saneamento do meio ambiente; 
o controle das infecções na comunidade; a organização dos serviços médicos, diagnósticos e 
tratamento preventivo das doenças.
A gestão ambiental é um conjunto de medidas e procedimentos que visam reduzir e controlar 
os impactos referentes a empreendimentos sobre o meio ambiente e que envolve um grande 
número de variáveis. Para gerenciar as atividades humanas tendo como foco a questão 
ambiental, não se pode perder a visão do todo. Tal gestão deve garantir a utilização dos recursos 
ambientais de forma que sejam observados os limites de sua exploração.
Este início de milênio é o momento para concentrarmos esforços no sentido de rever os 
atuais padrões de consumo e produção, além de reavaliar o impacto que o atual modelo de 
desenvolvimento tem sobre nossa saúde e meio ambiente.
O entendimento dessas questões sob o enfoque da promoção da saúde pública deve culminar 
em um conjunto de ações preventivas e de recuperação da saúde e do meio ambiente, além de 
desenvolver políticas públicas para alcançarmos um desenvolvimento sustentável.
8
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
Políticas de saúde pública
O conceito de políticas públicas é compreendido como o conjunto de princípios, normas e 
diretrizes que orientam as ações tomadas e implementadas pelo Estado (PHILIPPI, 2014).
A Constituição de 1988, dentro das políticas públicas estabeleceu a política de meio ambiente. 
Ao instituir a políticaambiental, é necessário estabelecer os objetivos, definir as estratégias e criar 
as instituições para sua aplicação. Esse universo de implementação da política se refere à gestão 
ambiental. A gestão ambiental é, portanto, a implantação pelo governo da sua política ambiental.
Nesta perspectiva, a gestão ambiental desenvolve-se a partir de uma política ambiental e 
como elementos dessa, devem ser definidos também os critérios de uso, manejo e controle das 
qualidades dos recursos ambientais.
Ultimamente, o conceito de gestão é aplicado também por empresas e instituições não 
governamentais, no sentido de proteção ao meio ambiente. Nesse sentido, o conceito de gestão 
ambiental tem evoluído com a ideia que a responsabilidade pela proteção do meio ambiente 
é de toda a sociedade e não somente do governo, buscando uma postura proativa de todos os 
agentes inseridos na administração da política ambiental.
A questão ambiental deu um salto significativo desde 1972, quando aconteceu a primeira 
Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que orientou o controle 
da poluição em escala mundial. Em 1973 foi criada no Brasil a Secretaria Especial do Meio 
Ambiente (SEMA), que recebeu as atribuições de coordenar as ações governamentais relativas 
à proteção ambiental e ao uso dos recursos naturais.
Com a rápida e desordenada industrialização na década de 1960, aconteceu uma rápida 
deterioração das condições sanitárias dos centros urbanos. Em decorrência desse processo 
houve um direcionamento nesse período para o controle da poluição provocada pelas indústrias. 
Mesmo sem uma política formalizada nessa época, havia claramente uma preocupação em 
controlar a poluição industrial, em especial a qualidade do ar e da água.
Os primeiros programas de controle ambiental passaram a vigorar e ser aplicados pela SEMA 
e nesse período foram criados órgãos estaduais de meio ambiente nos Estados de São Paulo e 
Rio de Janeiro.
Entre os anos de 1975 e 1979, a política governamental definiu como prioridade o controle da 
poluição industrial e a necessidade de ordenamento territorial através do zoneamento das atividades 
industriais. Para dar andamento a esse objetivo foram elaborados sistemas de licenciamento 
ambiental. Em São Paulo foi criada a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico 
e Defesa do Meio Ambiente (CETESB) que, a partir de 1976, ainda que a sigla tenha se mantido, 
passou a ser chamada de Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Desde então a 
CETESB se caracterizou como uma importante agência de controle ambiental. 
Paralelamente às políticas ambientais, diferentes ações para a promoção da saúde foram 
desenvolvidas a partir da década de 1970 em diferentes países, com o objetivo de conseguir 
mais saúde para todos. Em 1974 foram realizados estudos no Canadá para identificar e analisar 
as causas determinantes da morbidade e mortalidade da população e como essas influenciavam 
os níveis de saúde.
9
Pela primeira vez foi realizado o paralelo entre saúde e meio ambiente, quando foi formulada 
a correlação de problemas relacionados com a poluição. Foram avaliados outros fatores, como 
a incompetência dos serviços de saúde; os comportamentos e o estilo de vida que geravam 
inúmeras doenças; bem como as causas socioeconômicas, políticas e culturais.
Como já discutido, grande parte dos agravos da saúde está relacionada com a degradação 
ambiental, pois as alterações no meio interferem de forma incisiva na saúde e qualidade de vida 
da população, com destaque para as poluições do ar, água e solo.
Sendo a saúde e o meio ambiente indissociáveis, a devida manutenção implica na preparação 
do Estado para cumprir o papel que a Constituição Federal de 1988 lhe atribui, assim como da 
sociedade exercer o controle social, a fim de que ambos desenvolvam um sistema de políticas 
públicas de prevenção, tratamento e recuperação das doenças e manutenção da saúde.
Desde a década de 1980, oito conferências internacionais foram realizadas para a promoção da 
saúde com a participação de inúmeros países, resultando em cartas, declarações e recomendações 
sobre esse tema.
Na primeira conferência, realizada em 1986 em Ottawa (Canadá), surgiram as bases de 
discussão da promoção da saúde, cujas recomendações vigoram até hoje.
De acordo com a carta de Ottawa, a promoção da saúde é uma forma de consegui-la para 
todos por meio de um processo voltado para a capacitação da população, ou seja, ensinar os 
povos a obter saúde, segundo as suas diferentes realidades.
Foram estabelecidos como requisitos fundamentais para a manutenção da saúde: a paz; a 
educação; a moradia e alimentação; um ecossistema equilibrado; a conservação dos recursos 
e justiça social. Portanto, o atendimento das necessidades básicas à saúde, das quais um meio 
ambiente saudável é imprescindível, a partir desse evento teve seu conceito ampliado, sendo 
resultante das condições de vida.
Nesse mesmo evento ficaram estabelecidas algumas áreas de intervenção social prioritárias 
para a promoção da saúde com a criação de políticas públicas voltadas à saúde, criação de 
ambientes que favoreçam a saúde, o fortalecimento das ações comunitárias e a reorientação 
dos serviços de saúde.
Para a obtenção desses resultados foram definidas as seguintes estratégias: uma ação 
coordenada entre as organizações governamentais e não governamentais, empresas e mídias, 
capacitação de todas as pessoas no sentido de realizar seu potencial e defesa de saúde com a 
divulgação das ideias da promoção.
Os participantes também se comprometeram a olhar para o tema ecologia e combater a 
produção de substâncias prejudiciais à saúde; a depredação dos recursos naturais; as condições 
ambientais de vida não saudável e a má nutrição, entre outras.
Em 1988 foi realizada a segunda Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde em 
Adelaide (Austrália). A discussão se concentrou na importância das políticas públicas de saúde 
e meio ambiente, priorizando a saúde da mulher; a nutrição e segurança alimentar; a prevenção 
ao tabagismo e ao alcoolismo, que cada vez mais provoca mortes e degradam o meio ambiente.
10
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
A terceira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde ocorreu em Sundsvall (Suécia) 
em 1991 e o tema foi a criação de ambientes físicos, sociais e econômicos favoráveis à saúde e 
compatíveis com o desenvolvimento sustentável. Os tópicos saúde, ambiente e desenvolvimento 
humano foram tratados conjuntamente. Desenvolvimento envolvendo melhoria da qualidade de 
vida e da saúde, conservação, proteção e sustentabilidade ambiental.
Em Jacarta (Indonésia) foi realizada em 1997 a quarta edição da Conferência. Foi a primeira 
a ser realizada em um país em desenvolvimento. Nessa ocasião o tema adotado foi Novos 
protagonistas para uma nova Era: orientando a promoção da saúde no século XXI. O evento 
incluiu o setor privado como apoio na promoção da saúde, estabelecendo como prioridades:
 ·Promover a responsabilidade social em saúde;
 · Aumentar o poder das comunidades e do individuo;
 · Formar e consolidar alianças em favor da saúde;
 · Aumentar os investimentos para o desenvolvimento da saúde;
 · Garantir a infraestrutura para a promoção da saúde.
Mais uma vez concluiu-se que a saúde é um direito humano reconhecido e é essencial para 
o desenvolvimento social e econômico de um país e que a pobreza ameaça a saúde e o meio 
ambiente, pois usa indiscriminadamente os recursos naturais.
Em 2000 a quinta Conferência sobre a Promoção da Saúde foi realizada na Cidade do 
México (México). Essa edição procurou consolidar as ideias geradas nas conferências anteriores, 
entre outros pontos, permitindo a análise das estratégias e diretrizes das medidas de controle 
das desigualdades no âmbito mundial. O aspecto mais relevante desse evento foi a assinatura 
inédita de uma declaração por ministros da saúde de diversos países, comprometendo-se com 
diretrizespara a promoção da saúde em suas nações.
A sexta Conferência Internacional para a Promoção da Saúde foi realizada em Bangkok 
(Tailândia) em 2005 e o tema foi a Promoção da Saúde em um Mundo Globalizado. A carta de 
Bangkok deixa claro que as políticas e parcerias devem dar poder às comunidades, melhorar 
a saúde e a igualdade, além de dar prioridade aos projetos de desenvolvimento global. 
Reconheceu que a saúde é um direito de todos, sem discriminação de raça, cor, sexo ou poder 
socioeconômico, além de ratificar de forma positiva o conceito inclusivo de saúde, incluindo o 
bem-estar mental e espiritual.
Promover a saúde é aumentar o controle dessa e de seus determinantes, levando toda a 
comunidade a se mobilizar para melhorar a saúde e o meio ambiente. Por sua vez, a função da 
saúde pública tem como meta o enfrentamento das doenças transmissíveis e não transmissíveis. 
Em Nairóbi (Quênia) foi realizada a sétima Conferência Internacional sobre a Promoção 
da Saúde, que teve como tema A chamada para a ação, com o objetivo de estabelecer 
compromissos para diminuir as dificuldades de implementação em saúde, destacando-se 
as metas de desenvolvimento do milênio. Ao se implementar a promoção da saúde, tem-se 
uma sociedade mais justa, de modo que as pessoas podem levar uma vida mais saudável, 
aumentando o controle sobre sua saúde e os recursos para o bem-estar da comunidade.
11
A oitava Conferência Internacional para a Promoção da Saúde foi realizada em 2013, com 
dezenas de delegados representando países de todo o mundo. Essa discussão abordou como as 
decisões políticas sobre saúde são implementadas na prática. O principal tema foi sobre como 
incluir a saúde como prioridade em todas as políticas.
Colocar a saúde em todas as políticas é a solução para aumentar as chances para uma 
vida saudável. Essa abordagem pode influenciar de forma positiva fatores relevantes 
relacionados à saúde, como a pobreza, o saneamento básico, a sustentabilidade econômica 
e o equilíbrio ambiental.
Políticas de saúde pública no Brasil (vigilância ambiental)
A década de 1990 foi importante para a reflexão acerca da relação saúde e ambiente. A noção 
de vigilância ambiental se iniciou nessa época. Trabalhos voltados à construção de indicadores 
de desenvolvimento sustentável contribuíram para que fossem verificados indicadores de saúde 
ambiental, incluindo o contexto sociodemográfico, as condições de saneamento, os riscos 
ocupacionais, a segurança alimentar, a poluição do ar, água, solo etc.
Esses indicadores de saúde ambiental trazem uma visão abrangente e integrada da relação 
entre saúde e ambiente. A vigilância ambiental é um processo contínuo de coleta de dados e 
análise de informação sobre saúde e meio ambiente, com o objetivo de esclarecer a execução 
de ações no controle de fatores ambientais que interfiram na saúde e contribuam para a 
ocorrência de doenças.
Com o objetivo de preservar a qualidade de vida por meio da vigilância dos fatores de risco 
ambiental e embasada pelo Decreto n.o 3.450/2000, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) 
assume como competência institucional a gestão nacional do sistema de vigilância ambiental, a qual 
está associada à Regulamentação Normativa n.o 1/2001, do Ministério da Saúde (MS), que define 
as competências no âmbito federal. Com o fim de proteger a população dos riscos ambientais, 
a FUNASA tem como prioridade a intervenção sobre os fatores ambientais de riscos biológicos 
(vetores, hospedeiros, reservatórios e animais peçonhentos) e os fatores de risco não biológicos 
(qualidade da água, do solo, do ar, desastres naturais e acidentes com produtos perigosos).
Para promover a saúde, prevenir e controlar as doenças, a vigilância ambiental é um 
campo vasto de ação local para equipes multidisciplinares, levando a uma responsabilidade 
compartilhada no gerenciamento dos problemas de saúde relacionados ao meio ambiente, 
no sentido de mitigá-los, preveni-los e até eliminá-los. Para tanto, o campo de atuação em 
vigilância ambiental está intimamente ligado aos estudos epidemiológicos, sanitários e de saúde 
do trabalhador, uma vez que os antecedentes mostram a relação entre os sistemas produtivos, 
o meio ambiente e os processos de saúde e doença.
O Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde (SINVAS) requer articulação de 
diversos ministérios e secretárias estaduais e municipais no âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
12
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
Os indicadores de vigilância ambiental são utilizados como suporte para tomadas de decisão. 
Essas informações chegam através de diversas fontes, tais como estatística, epidemiologia e 
Sistemas de Informação Geográfica (SIG). O SINVAS é alimentado por inúmeros sistemas 
(relacionados entre si) de informação em saúde, incluindo fatores biológicos; contaminantes 
ambientais; qualidade da água para o consumo humano; qualidade do ar e solo; desastres 
naturais; produtos perigosos, entre outros.
Com a operação do SINVAS em todo território nacional, conta-se com uma ferramenta 
valiosa para que seja alcançada a qualidade de vida, minimizar impactos relacionados à saúde 
e ao meio ambiente, além de atingir alguns princípios estabelecidos nas diversas cartas de 
promoção à saúde. 
Como visto, entre saúde e meio ambiente há uma forte relação. O processo de saúde e 
doença não pode desconsiderar as interações do homem com o meio – tanto o natural como 
o que sofre seu impactado. Como um conceito em construção, a saúde ambiental tem novos 
métodos, teorias e abordagens, enriquecidos por outras disciplinas e com o envolvimento de 
toda a sociedade. 
Promover a saúde, construir meios mais saudáveis e em equilíbrio, compatibilizar os 
desenvolvimentos econômico, social, sustentável e humano é, sem dúvida, o maior desafio para 
a humanidade neste século. 
Desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e qualidade de vida
O desenvolvimento sustentável pressupõe o atendimento às necessidades atuais, sem 
comprometer a possibilidade das gerações futuras a atenderem suas próprias necessidades.
A gestão para o desenvolvimento sustentável inclui o entendimento dos fatores econômicos, 
sociais, políticos, tecnológicos e ambientais, possibilitando uma reflexão sobre os diferentes 
modelos de desenvolvimento e definindo as direções para o século XXI.
Os estudos mostram que as alterações ambientais provocadas pelas ações humanas, 
maculando os ambientes naturais, poluindo o meio físico e consumindo os recursos naturais, 
aumentam o risco de exposição a doenças, atuando de forma negativa na qualidade de vida.
O tema desenvolvimento sustentável está presente em nossa sociedade, representada por um 
conjunto de discussões e por projetos internacionais e locais que dialogam sobre o tema.
A sustentabilidade é uma questão complexa, o que aumenta a necessidade de ações de 
todos os setores da gestão ambiental. Para buscar soluções sustentáveis deve-se priorizar a 
compreensão das questões sociais, econômicas, ambientais e políticas, presentes na sociedade 
e no ambiente aos quais estão inseridas.
Inúmeros trabalhos são elaborados na área do desenvolvimento sustentável. Em sua maioria 
possuem como objetivo a colaboração à reversão dos processos de degradação ambiental e ao 
consumo elevado de recursos naturais, almejando a melhoria da qualidade de vida dos seres 
humanos de forma sustentável.
13
No processo de gestão ambiental um dos principais problemas encontrados é a falta de 
reconhecimento da importância das políticas ambientais e o despreparo de órgãos públicos de 
gestão frente à complexidade dos temas ambientais.
Com pouca disponibilidade dos dados relativos à situação social, econômica e ambiental, 
aumenta a dificuldade da gestão do meio ambiente e da conscientização popular. Além disso, 
a ausência de ações interdisciplinares e interinstitucionais se apresentam como mais uma 
dificuldade no momento da implementação de projetos voltados ao desenvolvimentosustentável. 
É fundamental, no entanto, a criação de um sistema de indicadores para a orientação da tomada 
de decisões dentro dos princípios deste desenvolvimento. 
Alguns indicadores ambientais são utilizados nos sistemas de planejamento e gestão urbana 
como ferramentas de diagnóstico e monitoramento da qualidade ambiental. Todavia, com 
a incorporação dos princípios de sustentabilidade, faz-se necessário à adequação dessas 
ferramentas convencionalmente utilizadas, pois com indicadores adequados torna-se possível 
a apresentação de uma forma mais transparente e acessível da complexidade das questões 
presentes no processo de gestão do meio, possibilitando que a população e tomadores de 
decisão se conscientizem do panorama socioeconômico e ambiental.
Assim, os indicadores são fundamentais não apenas nas fases de mobilização e conscientização, 
mas também na elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável, no monitoramento e na 
avaliação da implantação. Em síntese, a gestão do meio ambiente com foco na sustentabilidade 
requer uma atuação dinâmica e contínua.
Em função da complexidade dos temas envolvidos na gestão para um desenvolvimento 
sustentável é necessário não só mais pesquisas sobre as modificações ambientais que o atual 
desenvolvimento vem causando, mas também que os resultados sejam incorporados como 
políticas de desenvolvimento sustentável.
Ainda ocorre uma defasagem na qualidade, na padronização e no acesso à informação entre 
os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para que um indicador ambiental consiga medir 
o desenvolvimento sustentável, é necessário que esse possibilite uma relação entre as atividades 
antrópicas e os impactos que são causados e que podem influenciar de forma negativa na 
qualidade de vida presente e futura.
Com as informações dos indicadores é possível estabelecer as metas para o gerenciamento 
do futuro e, com isso, as mudanças do padrão de consumo poderão ser atingidas por meio de 
maior eficiência no sistema de produção através da otimização no uso dos recursos naturais e a 
minimização da geração de resíduos.
Como resultado, espera-se a diminuição do consumo de recursos naturais como uma natural 
consequência na redução da quantidade de poluentes lançados no meio, agregando mais saúde 
e qualidade de vida.
Portanto, de posse dessas informações estratégicas, os indicadores proporcionam o envolvimento 
da comunidade no processo de gestão, na sua qualidade ambiental. Como resultado, a gestão 
adequada da qualidade ambiental reduz os riscos à saúde humana, provocados pela poluição, 
podendo dar um suporte à proteção de grupos mais vulneráveis, inclusive.
14
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
Um bom planejamento urbano, entre outras características, traz um uso eficiente de energia. 
Os indicadores adequadamente escolhidos e aplicados podem indicar a tendência de melhora 
ou piora da qualidade de vida e ambiental e, com isso, permite avaliar se a comunidade está na 
direção do desenvolvimento sustentável.
Portanto, entende-se que a inserção dos indicadores de desenvolvimento sustentável como 
ferramenta de gestão ambiental é de suma importância, pois possibilita que se faça a conexão 
das atividades diárias da população com o desejado desenvolvimento sustentável. 
Considerações finais
Nesta Unidade discutimos a saúde coletiva, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, 
refletindo como esses caminhos podem nos levar a atingir uma melhor qualidade de vida, com 
saúde e em um ambiente ecologicamente equilibrado. Neste texto ficou visível a importância do 
profissional da gestão ambiental para o atingimento desses objetivos.
Um mundo em rápido e permanente processo de mudança foi o cenário das últimas décadas. 
A economia global com o crescente enriquecimento dos países deixou inúmeros passivos sociais 
e ambientais. Esse contexto se traduz em desafios para a gestão dos espaços antrópicos e naturais, 
induzindo a situações de conflito pelas prioridades políticas dentro de um círculo vicioso.
Temos um sistema de planejamento que não acompanha a dinâmica das cidades, com 
descontinuidade das políticas, planos e projetos; fazendo com que os resultados esperados pelos 
investimentos em infraestrutura e operacionalização dos assentamentos urbanos não apareçam. 
Paralelamente, há uma participação discreta da sociedade nesse processo de gestão.
Diante desse quadro fica reconhecida a prioridade de promoção das mudanças mencionadas, 
entendendo as inter-relações dos ecossistemas naturais e construídos, assim como na urgência 
do envolvimento comunitário no processo de gestão ambiental, nas dimensões local e global.
Para dar suporte a essas mudanças há o conjunto de princípios propostos do desenvolvimento 
sustentável. Essas premissas possuem a necessidade de estabelecimentos de metas para dar 
subsídios às políticas públicas e tomadas de decisão, incluindo a reflexão sobre os padrões de 
consumo e produção, tais quais seus impactos, uma vez que o consumo dos recursos naturais 
em bases insustentáveis resulta na degradação dos sistemas físico, biológico e social, além de ter 
forte relação com o agravo da saúde pública. 
As modificações ambientais, como a disposição inadequada de resíduos e lançamentos de 
efluentes sem tratamento adequado nos cursos de água podem criar ambientes propícios para 
a existência de vetores de interesse em saúde pública.
Os determinantes sociais, como hábitos, estilos de vida e aspectos de organização ganham 
cada vez mais espaço nos projetos de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. Nesse 
sentido, a saúde pública deve ter como objetivo a busca de soluções para os problemas que 
levam ao agravamento da saúde e da qualidade de vida comunitária. Compreende-se como 
ações de saúde pública as medicinas preventiva e social e as atividades de saneamento do meio.
15
Em 1998 o Banco Mundial gerou um relatório de gestão dos problemas de poluição no 
Brasil, que em ordem de importância incluem: a falta de abastecimento de água potável e 
coleta segura de esgotos; a poluição atmosférica; poluição das águas superficiais em áreas 
urbanas, essas com impactos visuais, de odor e restrição às atividades de lazer; gestão 
inadequada dos resíduos sólidos, o que aumenta a proliferação de vetores potenciais de 
agravo à saúde e à poluição. Esse conjunto causa danos reais à saúde humana, qualidade de 
vida e perdas ambientais em toda a sociedade brasileira, o que aumenta a responsabilidade 
do País no processo de desenvolvimento sustentável.
Ademais, esta Unidade também dedicou atenção às políticas de implementação para um 
desenvolvimento sustentável com o objetivo de atingimento de maior qualidade de vida, saúde 
e um ambiente ecologicamente equilibrado, visto que tais questões estão interligadas, de modo 
que o êxito de um aspecto depende do sucesso dos demais.
Gestão, planejamento, informação, epidemiologia, ética, meio ambiente e políticas são os 
campos essenciais para a reflexão social, construindo o conhecimento na saúde coletiva. Somos 
responsáveis por construir e preservar a saúde coletiva, com responsabilidade social e atenção 
no equilíbrio ambiental, buscando sempre o desenvolvimento sustentável.
16
Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável
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17
Referências
BATTAGLIN, P. et al. Saúde coletiva: um campo em construção. Curitiba, PR: Ibpex, 2006.
PHILIPPI, A. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri, SP: Manole, 2014.
______. PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. ed. Barueri, SP: 
Manole, 2014.
ROSA, A. et al. Meio ambiente e sustentabilidade (recurso eletrônico). Porto Alegre, RS: 
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	Blank Pagemáquinas, plantio e colheita, importação de água. Ocorre também 
a importação de espécies vegetais e animais de outras regiões, além da retirada de 
vegetação primária.
No ecossistema urbano, as alterações ocorridas já se apresentam de forma bem mais 
significativa, evidenciando características bastante alteradas em relação aos ambientes 
primitivos. Nos ecossistemas urbanos, temos como principais características a alta densidade 
demográfica, elevado volume de resíduos, alterações significativas da diversidade biológica 
natural, impermeabilização do solo, alterações de cursos de água, etc.
Os diversos estudos mostram diferenças importantes entre um ambiente natural e um ambiente 
urbano. Como exemplo, podemos citar a poluição atmosférica, responsável pelo maior risco de 
problemas de saúde e pela piora da qualidade de vida da população.
9
O homem está submetido não só à exposição obrigatória à natureza, ar, água, solo e radiações 
solares como também à exposição provocada por outros agentes, como os aditivos alimentares, 
pesticidas, agrotóxicos e hormônios. Nas indústrias, moradias e transportes, temos os dejetos, 
contaminando solo, ar e água e afetando o meio ambiente e a saúde humana.
Os processos de industrialização e de urbanização desencadearam processos de alteração 
do equilíbrio sociedade-natureza e homem-ambiente. Os avanços tecnológicos e os modos 
de produção após a Segunda Guerra, com o uso da química e petroquímica, aumentaram 
a nocividade ambiental. 
O desequilíbrio socioecológico contemporâneo está distribuído de maneira diferente no 
planeta. Nos países desenvolvidos, concentra-se a poluição da riqueza, como usinas nucleares, 
chuva ácida, montanhas de lixo, doenças provocadas por excesso de alimentos, álcool, drogas 
e medicamentos. Nos países em desenvolvimento, concentra-se a poluição da pobreza, como 
escassez de água potável, falta de rede de esgoto, lixo sem disposição adequada, com doenças 
provocadas por esses desequilíbrios, como diarreias, malária e dengue.
Países desenvolvidos, poluição da riqueza – usina nuclear. | Países em desenvolvimento, poluição da pobreza – população sem rede de esgoto. 
Fontes: Thinkstock/Getty Images
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD –, no entanto, sustenta que 
o desenvolvimento humano tem consequências diretas sobre a proteção do meio ambiente e 
adverte que a pobreza é uma das piores ameaças ao meio ambiente e à sustentabilidade da vida.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, chamada Comissão BRUNDTLAND, em 1987, 
conceituou desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente 
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”
O Conceito de ECODESENVOLVIMENTO, que tem como foco o desenvolvimento 
econômico, a sustentabilidade social e humana e a biosfera, possui um conjunto de cinco 
dimensões da sustentabilidade:
a) Sustentabilidade Social, apoiada nos princípios de distribuição de renda e solidariedade 
dos laços sociais;
b) Sustentabilidade Ecológica, apoiada no princípio da solidariedade com o planeta e 
suas riquezas e a biosfera;
c) Sustentabilidade Econômica, apoiada no desenvolvimento menos agressivo ao meio 
ambiente com base na organização da vida material;
10
Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
d) Sustentabilidade Geográfica ou Espacial, apoiada no princípio da equanimidade 
nas relações inter-regionais e na distribuição espacial mais equilibrada dos assentamentos 
humanos e das atividades econômicas;
e) Sustentabilidade Cultural, baseada em uma pluralidade de soluções locais, adaptadas 
a cada ecossistema e a cada cultura.
Vale a pena ressaltar que o conceito de desenvolvimento sustentável engloba não só o 
crescimento econômico mas também a igualdade social e o equilíbrio ecológico. Esses princípios 
apontam para uma nova forma de ver o mundo, focando na responsabilidade presente e na 
qualidade de vida das futuras gerações.
As condições ambientais em que vivem as pessoas têm grande influência na saúde e 
contribuem para a incidência de muitas doenças, incluindo câncer, doenças respiratórias e 
distúrbios mentais. Em áreas carentes e densamente habitadas, o próprio ambiente de moradia 
constitui um risco para a saúde, resultado da falta de saneamento e abastecimento de água 
inadequado, disposição do lixo e drenagem impróprias, condições de higiene precárias, entre 
outros fatores. Pequenas melhorias nesse ambiente e no entorno exerceriam grandes impactos 
na redução do sofrimento humano, na melhoria da qualidade de vida e na diminuição de 
doenças como diarreias e infecções respiratórias.
Nesse contexto, as concepções de saúde, meio ambiente e desenvolvimento adquirem 
novas dimensões: a saúde ambiental, além de envolver aspectos da saúde humana, inclui 
qualidade de vida, determinada pelos fatores ambientais físicos, químicos, biológicos e sociais. 
Para a construção de um processo sustentável de desenvolvimento econômico e social, o 
meio ambiente e os efeitos nocivos desse ambiente na saúde humana e nos desequilíbrios 
ambientais devem ser considerados.
Para tratarmos dos desafios envolvendo saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, 
são fundamentais ações integradas e estratégicas intra e intersetoriais para uma abordagem 
integral e interdisciplinar. Só assim teremos resultados mais efetivos.
O desenvolvimento sustentável inclui, entre outros aspectos, abastecimento seguro de água, 
coleta, tratamento e destino sanitário dos dejetos e resíduos sólidos, controle dos riscos derivados 
do processo de desenvolvimento, como a contaminação por produtos tóxicos utilizados nas 
atividades humanas, redução da poluição do ar e do desmatamento, a qual gera o desequilíbrio 
dos ciclos de vida dos vetores, aumentando a incidência de outras doenças.
Meio Ambiente e Saúde
A relação saúde e meio ambiente sempre esteve presente no discurso e nas práticas de saúde 
pública, mas foi a partir do século XX que a preocupação com as questões ambientais tornou-se 
evidente em diversos países. Algumas publicações, como Primavera Silenciosa (Silent Spring), de 
Rachel Carson e o relatório Limites de Crescimento (Limits to Growth), e duas grandes conferências 
mundiais sobre o tema, realizadas em Estocolmo (1972) pelas Nações Unidas e no Rio de janeiro, 
em 1992, colocaram um holofote sobre a necessidade de dar atenção aos problemas ambientais.
11
Esquema do crescimento da população e as consequências no desequilíbrio ambiental
Concomitantemente, uma nova saúde pública despontou com um enfoque na saúde 
preventiva, passando a direcionar as ações para as dimensões ambientais da saúde. Com essa 
ideia mais abrangente de saúde, podemos perceber a importância da qualidade de vida. Entre 
essas ações, podemos destacar a educação relativa aos problemas de saúde e os métodos de 
prevenção, o aporte de alimentos e nutrição adequada, o abastecimento de água potável e 
saneamento básico, a imunizações contra enfermidades infecciosas, o tratamento apropriado 
das enfermidades e a disponibilidades de medicamentos.
Essa nova concepção de promoção da saúde, no campo da medicina preventiva e social, 
inclusive com aumento das pesquisas no campo das ciências sociais aplicadas à saúde, trouxe 
um novo enfoque calçado nos fatores sociais e ambientais. De uma forma mais abrangente, 
podemos colocar o entorno físico e social como determinante na condição da saúde. Aspectos 
como a violência, acidentes, contaminação da água e do ar, má alimentação, falta de habitação 
e hábitos higiênicos, consequências de ambientes totalmente desfavoráveis, exigem uma ação 
efetiva que inclua a responsabilidade do indivíduo e políticas públicas mais eficientes.
Desenvolvimento dos Conceitos Saúde, Ambiente e Sustentabilidade
Foi no século XX, após a Segunda Guerra Mundial – quando houve um pico na taxa de 
consumo dos recursos naturais, um processo acelerado de urbanização, aumento dos índices de 
poluição urbana,com alterações ambientais na escala global, como aumento do efeito estufa, 
redução da camada de ozônio e redução da biodiversidade – que houve a necessidade de iniciar 
uma discussão a respeito das questões ambientais e suas consequências para a saúde humana.
12
Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
Na década de 70, iniciaram-se, então, as discussões ambientais de forma mais efetiva. A 
conferência de Estocolmo (1972) deu início ao processo de estruturação dos órgãos ambientais. 
Nesse contexto, poluir passou a ser crime em diversos países.
Em 1974, a Alemanha aprovou o primeiro SELO ECOLÓGICO, chamado Anjo Azul, para 
destacar produtos que se distinguiam por sua qualidade ambiental. Nesse mesmo ano, ficou 
estabelecida a relação entre os CFCs – clorofluorcarbonos – e a destruição da camada de ozônio.
Nos anos 80, no Brasil, passaram a vigorar as legislações específicas sobre poluição, com 
o objetivo de controlar a instalação de novas indústrias e controlar as já existentes. Para a 
aplicação dessa legislação, foram implementados os Estudos de Impactos Ambientais (EIAs) e 
os Relatórios de Impactos Ambientais (RIMAS). A partir daí, foi marcante a preocupação com 
os impactos gerados no ambiente e na saúde humana.
No entanto, a década de 90, sem dúvida, foi a mais produtiva em termos de preocupação 
com a inter-relação saúde e meio ambiente. A conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) mostrou que os problemas ambientais extrapolavam 
os limites de ações localizadas e constituíam preocupação para toda a humanidade. Vários 
documentos foram elaborados, dentre os quais se destaca a Aprovação da Agenda 21. Esse 
documento é um orientador para a integração, em âmbito mundial, de ações articuladas para o 
desenvolvimento sustentável, a saúde humana e a proteção ao meio ambiente.
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). UN Photo/Michos Tzovaras
Testemunhou-se, também, a entrada em vigor das Normas Internacionais de Gestão 
Ambiental, sob o título de ISO 14000, coroando o processo de conservação do meio ambiente 
em bases sustentáveis.
Em 1995, em Washington, durante a Conferência Pan-Americana sobre saúde e Ambiente 
no Desenvolvimento Humano Sustentável, a qual objetivava a adoção de políticas e estratégias 
sobre a saúde e meio ambiente, concluiu-se que as ações visando à saúde humana ainda eram 
incipientes em diversas partes do mundo. 
Não são recentes os problemas relacionados à poluição. Surgiram com o advento da Revolução 
Industrial, que acelerou o processo de urbanização, adensou as cidades, aumentando as necessidades 
de fontes de energia e promovendo, assim, o maior lançamento de poluentes ao meio ambiente.
13
Modificações Ambientais e seus Impactos na Saúde
As últimas décadas foram marcadas pelas ações antrópicas e pela destruição ambiental; 
nunca se destruiu tanto em tão curto período de tempo. 
A exposição do ser humano a poluentes presentes no ar, na água, no solo e nos alimentos 
contribui, de forma direta ou indireta, para o aumento da morbidade e da mortalidade. O fator 
ambiente na condição da saúde é percebido facilmente quando ocorre a exposição à poluição, 
tanto na forma aguda, com altos níveis de concentração de poluentes, como ao longo do tempo, 
com baixos, mas constantes, níveis de exposição.
A exposição a poluentes é, normalmente, involuntária; as pessoas não percebem a 
presença dos poluentes, e isso faz com que elas não exerçam um controle sobre os riscos da 
exposição. Agentes biológicos, químicos e físicos podem ser encontrados nos diversos tipos 
de ambientes e são responsáveis por diferentes efeitos à saúde. Esses efeitos vão depender 
da periculosidade intrínseca do poluente, da intensidade da exposição e da suscetibilidade 
do indivíduo exposto.
Os riscos ao meio ambiente e à saúde são diversos e englobam tanto os riscos tradicionais, 
representados pelos dejetos humanos em áreas densamente povoadas, como os riscos 
provocados por poluentes atmosféricos resultantes do tráfego dos veículos automotores. No 
entanto, a origem de todos é similar; o ponto inicial é, normalmente, alguma forma de atividade 
ou intervenção humana. Esse processo é chamado de emissão. Uma vez no ambiente, os 
poluentes são dispersados por meio do ar, da água, do solo ou dos alimentos. 
As atividades humanas geram uma série de resíduos que são dispostos no ambiente. A 
emissão de resíduos pode ocorrer durante todo o ciclo de vida de um produto, desde a extração 
inicial até a rejeição final. A área de origem de resíduos é conhecida como fonte. Uma grande 
variedade de fontes gera a emissão de poluentes, que podem ser classificados como poluentes 
primários ou secundários. 
Os poluentes primários originam-se nas fontes de emissão, as quais podem ser classificadas como:
- pontuais (incinerador);
- lineares (rodovias);
- de área (drenagem urbana);
- estacionárias (refinaria de petróleo);
- móveis (automóveis);
- antropogênicas (lixão).
Os poluentes secundários aparecem por meio da condensação de vapores e de reações 
químicas, produzindo novos compostos.
14
Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
Os problemas relacionados à poluição química acabam impactando a qualidade da água, 
do solo e dos alimentos, trazendo uma série de riscos associados, como a redução da camada 
de ozônio, contaminações atmosféricas, e desencadeando diversos problemas de saúde na 
população. O problema da poluição do ar atinge todas as regiões do planeta. Na Índia, respirar 
o ar de Bombaim é equivalente a fumar dez cigarros por dia. A OMS calcula que três milhões 
de pessoas morrem por ano devido à poluição do ar.
Poluição do ar em Bombaim (Índia). Thinkstock/Getty Images
Pesquisas desenvolvidas nos anos 70 já apontavam a presença, no ambiente, de resíduos 
de produtos farmacêuticos (hormônios, medicamentos de uso humano e veterinário) e 
agroquímicos (pesticidas e fertilizantes). Tais produtos podem produzir alterações no meio 
ambiente e nos seres vivos. 
Podemos citar, como exemplo, os resíduos do diclofenaco (anti-inflamatório de amplo 
uso mundial humano e veterinário) presentes em carcaças consumidas por abutres de uma 
determinada espécie acabou levando um grande número de animais à falência renal. Hoje essa 
espécie encontra-se em ameaça de extinção no Paquistão.
Os medicamentos têm um importante papel no tratamento e na prevenção de doenças tanto 
em humanos como em animais, mas também apresentam outros efeitos no meio ambiente e 
merecem ser estudados na área da saúde ambiental.
Dispersão dos Poluentes
Os poluentes são dispersos pelo ar, água, solo, organismos vivos, alimentos. Existem diversas 
formas de dispersão, dependendo tanto da fonte do poluente como do próprio poluente. A 
dispersão da poluição do ar, por exemplo, depende das condições climáticas, da altura da 
emissão, das fontes, como exaustão de veículos automotores, que ficam ao nível do solo, ou 
como as chaminés de indústrias, que estão em níveis altos. A topografia local e regional também 
influencia o comportamento da dispersão dos poluentes. No solo, por exemplo, a dispersão 
ocorre dependendo da estrutura, da textura e da característica de drenagem. 
15
Os poluentes entram no corpo humano de diferentes maneiras; pode ser por inalação, ingestão 
ou por absorção pela pele. A quantidade de poluente que entra no corpo é chamada de dose e 
depende da duração e da intensidade da exposição. A quantidade de poluente absorvida pode 
ser metabolizada, transportada, acumulada ou eliminada pelo organismo. O poluente absorvido 
pelo organismo pode alcançar um órgão, podendo causar efeitos adversos. Os primeiros efeitos 
podem ser alterações subclínicas, podendo ser seguidas por doenças e até pela morte.
As Formas mais Comuns de Poluição e seus Efeitos na Saúde 
(Ar, Água, Solo)
O ar contaminado entra no organismo por inalação dos poluentes e também por absorção 
pela pele. Os efeitosmais comuns estão associados ao sistema respiratório. Em pessoas mais 
suscetíveis, como crianças e idosos, o material particulado inalado pode levar à constrição 
brônquica, bronquite crônica, agravar as alergias do sistema respiratório, etc.
A água contaminada é absorvida pelo corpo humano por ingestão. Alguns contaminantes 
ainda podem ser absorvidos por inalação ou contato dérmico. Dependendo do tipo de 
contaminação, diferentes órgãos podem ser atingidos. Alguns contaminantes, como 
compostos orgânicos voláteis, podem afetar o fígado e os rins, causando hepatite ou 
paralisação renal.
A exposição ao alimento ou solo contaminado pode apresentar muitas formas. O chumbo, 
por exemplo, pode atingir quase todos os sistemas orgânicos. Efeitos do chumbo podem ser 
sentidos tanto no sistema nervoso como na pressão sanguínea. 
Um amplo espectro de efeitos adversos à saúde pode ser percebido como resultado 
de exposição a ambientes contaminados. Podemos dividir esses efeitos em duas categorias 
principais: efeitos agudos e efeitos crônicos. Eles variam de gravidade, podendo ser desde um 
simples desconforto ou até a morte prematura.
Água e alimentos contaminados por micro-organismos, por exemplo, podem provocar 
um agravamento à saúde pouco tempo após uma exposição. Por outro lado, o arsênico na 
água pode levar a um efeito grave após longo período de exposição a níveis baixos, porém 
constantes, causando o câncer, por exemplo. O chumbo, por sua vez, pode causar efeitos 
tanto agudos como crônicos. Dessa maneira, alguns poluentes provocam um efeito quase 
imediato após o contato, enquanto outros precisam se acumular antes de causar qualquer 
efeito detectável à saúde.
De uma forma geral, as pessoas não são afetadas igualmente pelo mesmo risco ambiental. 
Existe uma variação na sensibilidade para determinada exposição devido a muitos fatores. Essa 
diferença acontece, além das características genéticas individuais, por conta da idade, do estado 
nutricional e do estado geral da saúde. Alguns subgrupos populacionais, como crianças, idosos, 
gestantes, indivíduos subnutridos ou doentes, são considerados mais suscetíveis. 
16
Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
A vulnerabilidade a esses riscos de agressões ambientais depende, também, das diferentes 
habilidades de grupos de indivíduos. A ocorrência e a gravidade de casos de doença devido 
à contaminação de água por microrganismos, por exemplo, vai depender do acesso dessa 
população a fontes de água alternativas e acesso ao atendimento médico. A condição econômica, 
muitas vezes, limita a população e deixa-a mais vulnerável a riscos ambientais.
Para uma avaliação mais ampla e segura dos efeitos da poluição ambiental na população, 
precisamos de dados de saúde para estudos. Eles fornecem indicadores dos efeitos à saúde 
humana de exposições conhecidas a poluentes ambientais, que, quando relacionados aos dados 
ambientais, tornam possível confirmar as associações entre exposição e efeito em uma área 
específica ou quantificar a contribuição da exposição para o total de mortes. O monitoramento 
pode fornecer também informações sobre os efeitos de mudanças na exposição como resultado 
de políticas de intervenção ou adoção de novas tecnologias. 
O mundo moderno apresenta muitas contradições para a humanidade. Se, por um lado, 
propicia melhores condições de vida, por outro, cria novos desafios para o homem ao alterar 
profundamente seu habitat.
Nas próximas unidades, iremos aprofundar nossos estudos sobre a epidemiologia ambiental, 
fazer uma análise que envolve a importância do saneamento e manejo ambiental para a 
promoção da saúde e suas interações com o meio ambiente, estudar as condições sanitárias, 
doenças infecciosas e parasitárias e as políticas públicas relacionadas. 
17
Material Complementar
 
Sustentabilidade - Saúde e Meio Ambiente - Jornal Minas. 
www.youtube.com/watch?v=g1MEqJN1Lh4
18
Unidade: Conceitos e Correlação entre Saúde e Meio Ambiente
Referências
Battaglin, P. et al. Saúde Coletiva: um Campo em Construção. Curitiba: Ibpex, 2006.
Philippi, A; Pelicioni, M.C.F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. 2 ed. Barueri: 
Manoele, 2014.
Philippi, A. Saneamento, Saúde e Ambiente. Editor. Barueri: Manoele, 2014.
Rosa , A et al. Meio Ambiente e Sustentabilidade (recurso eletrônico). Porto Alegre: 
Bookman, 2012.
19
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
Saúde e Meio 
Ambiente
Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Nilza Maria Coradi. 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites. 
5
• Introdução
• Poluição das Águas e Saneamento
• Contaminação dos Solos
Nesta unidade, serão abordados as fontes e os tipos mais comuns de poluição nas águas, 
no solo e no ar, destacando as características e propriedades dos principais contaminantes. 
Estudaremos os aspectos gerais relacionados ao transporte, à reatividade e aos processos 
que os poluentes sofrem, e suas consequências na saúde da população.
Para o profissional que trabalha na gestão do meio ambiente é importante conhecer as 
principais fontes de poluição a que estamos submetidos e como isso afeta o meio ambiente 
e a saúde. 
É fundamental que fique claro que os profissionais da área de saúde e meio ambiente devem 
unir esforços para manter um ambiente saudável, de modo que todos os elementos interajam 
de forma equilibrada e harmoniosa.
 · Nesta unidade, serão abordados as fontes e os tipos mais 
comuns de poluição nas águas, no solo e no ar, destacando as 
características e propriedades dos principais contaminantes. 
Estudaremos os aspectos gerais relacionados ao transporte, à 
reatividade e aos processos que os poluentes sofrem, e suas 
consequências na saúde da população.
Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
• Poluição Atmosférica – Qualidade do Ar
6
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Contextualização
Para termos um desenvolvimento sustentável, devemos equilibrar as atividades antrópicas 
suas modificações ambientais e os impactos causados que podem comprometer negativamente a 
qualidade de vida presente e futura. Com isso bem claro, podemos propor mudanças no padrão 
de consumo com uma maior eficiência no sistema de produção, otimização dos recursos naturais 
e minimização da geração de rejeitos. Como resultado, teremos uma redução na quantidade de 
poluentes lançados no meio, melhoria da qualidade de vida e da saúde da população.
Um planejamento ambiental urbano adequado pode trazer um uso mais eficiente da energia, 
com um sistema de transporte urbano que estimule a redução de viagens, transportes de cargas 
menos poluentes, reduzindo assim a poluição atmosférica.
É necessário que os recursos hídricos sejam utilizados de forma mais consciente, no sentido 
de preservar os recursos ainda disponíveis e tratar as águas residuárias, promovendo mais saúde 
para a população.
Da mesma maneira a utilização de pesticidas deve ser controlado e medidas mitigadoras 
adotadas para minimizar os efeitos na saúde.
Para tanto, o profissional de meio ambiente precisa ter uma formação abrangente e conseguir 
gerir uma equipe multidisciplinar, desta forma os resultados serão com certeza mais eficientes, 
tanto na preservação dos recursos naturais, na melhor maneira de utilizá-los, como melhorando 
a saúde e a qualidade de vida da população.
7
Introdução
Nesta unidade, serão abordados as principais fontes e tipos de poluição nas águas, solo 
e ar, destacando as características e propriedades dos principais contaminantes. Estudaremos 
os aspectos gerais relacionados ao transporte, à reatividade e aos processos que os poluentes 
sofrem e suas consequências na saúde da população. Para o profissional que trabalha na 
gestão do meio ambiente é importante conhecer as principais fontes de poluição a que estamos 
submetidos e como isso afeta o meio ambientee a saúde. É fundamental que fique claro que os 
profissionais da área de saúde e meio ambiente devem unir esforços para manter um ambiente 
saudável, de modo que todos os elementos interajam de forma equilibrada e em harmonia.
As modificações nos padrões de consumo em escala global bem como o que seus impactos 
alcançaram no último século foram aspectos determinantes para as alterações dos espaços 
naturais. Houve um grande pico na taxa de consumo de recursos naturais associado ao processo 
de urbanização com o aumento dos índices de poluição urbana, levando a grandes modificações 
ambientais, reduzindo a camada de ozônio, aumentando o efeito estufa e diminuindo a 
biodiversidade, entre outros resultados.
As alterações ambientais decorrentes do processo antrópico de ocupação dos espaços e de 
urbanização ocorrem em escalas incompatíveis com a capacidade de suporte dos ecossistemas 
naturais, resultando em esgotamento dos recursos e em poluição. Diversos estudos mostram que 
essas alterações levaram à poluição do meio ambiente físico, aumentando o risco de exposição 
a doenças e atuando de forma negativa na qualidade de vida da população.
Poluição das Águas e Saneamento
A água é a substância mais abundante do planeta e é o elemento mais importante para 
a sobrevivência da espécie humana e de toda a vida na terra. A água é um recurso natural 
essencial, tanto como componente nos seres vivos, meio de vida de várias espécies vegetais 
e animais, quanto como elemento de produção de bens de consumo e produtos agrícolas. A 
água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva. No homem, representa 60% 
do seu peso. Como fator de consumo nas atividades humanas, a água também tem um papel 
importante, tanto na agricultura, indústria, quanto no uso doméstico. 
Em termos globais, as fontes de água são abundantes, no entanto, quase sempre são mal 
distribuídas na superfície da terra. Mesmo no Brasil, que possui a maior disponibilidade hídrica 
do planeta, os recursos hídricos estão localizados em sua maior parte na região norte (68,5%), 
onde habita apenas 7% da população; na região sudeste, que possui 43% da população 
brasileira, há apenas 6% dos recursos hídricos. 
As águas dos oceanos e lagos salgados correspondem a 98% e são indisponíveis para 
diversos tipos de usos. Da água doce restante (2%), cerca de 70% está na forma de gelo, na 
8
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
atmosfera e em águas subterrâneas, a maior parte em grandes profundidades – isso significa 
que a quantidade de água doce que de alguma forma pode estar disponível para o uso é de 
0,3%, e se encontra no solo. A parcela disponível nos cursos de água é a menor, é de onde 
retiramos a maior parte que consumimos, para uso nas mais diversas finalidades – e onde 
lançamos nossos resíduos. 
Nos últimos 50 anos, com o crescimento populacional, ocorreu um aumento da produção 
industrial e agrícola por conta da fabricação e utilização de compostos químicos sintéticos 
(inseticidas, herbicidas, plásticos, etc.). Os resíduos gerados por esses compostos chegam aos 
recursos hídricos alterando a qualidade da água. O conhecimento e a compreensão das fontes 
de poluição, interações e efeitos dos poluentes são essenciais para o controle e para a obtenção 
de um ambiente saudável e economicamente sustentável.
A água potável e de boa qualidade é fundamental para a saúde dos seres humanos, entretanto, 
a maioria da população não tem acesso a esse bem tão precioso.
Apesar de ser tão importante para os seres humanos, a água é também um dos meios mais 
comuns de transmissão de doenças. Se a água utilizada não apresentar a qualidade necessária, 
os organismos que a consumirem serão infectados e alvos de inúmeras doenças. O quadro 1.1 
apresenta algumas doenças infecciosas de veiculação hídrica.
Muitas doenças são transmitidas pela água e podem ser evitadas com um tratamento 
adequado dessa água antes do seu uso. As estações de tratamento se utilizam de vários recursos 
como a decantação, filtração, cloração, a fim de eliminar os microrganismos causadores das 
mais diversas enfermidades.
 
Principais Doenças causadas pela Ingestão de Água Contaminada
Doenças Agente Causador Sintomas
Cólera Víbrio Cholera 01
Diarreia abundante, vômitos ocasionais, rápida desidratação, acidose, 
câimbras musculares e colapso respiratório.
Amebíase Entamoeba Histolytica Disenteria aguda, com febre, calafrios e diarreia sanguinolenta
Gastroenterite Viral Rota Vírus Diarreia, vômitos, levando à desidratação grave.
Hepatite Vírus de Hepatite A Febre, mal-estar geral, falta de apetite, Icterícia
Desinteria Bacilar Bactéria Shigella Fezes com sangue e pus, vômitos e cólicas
Fonte: O básico da água - CUNO University - 1997
Fontes e Tipos de Poluição Hídrica
A Lei de Politica Nacional do Meio Ambiente (Lei No 6.938 de 31 de agosto de 1981) 
define poluição:
[...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta 
ou indiretamente:
a. Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
9
b. Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c. Afetem desfavoravelmente a biota;
d. Afetem as condições estéticas ou sanitárias do Meio Ambiente;
e. Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
A poluição das águas é consequência principalmente de atividades humanas, como o 
lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento. A poluição aquática pode ser 
classificada em:
 » Poluição térmica – Proveniente do descarte nos rios de grande quantidade de água 
aquecida utilizada em processos de refrigeração em refinarias, siderúrgicas e usinas 
termoelétricas. Dentre as várias consequências desse processo tem-se a redução do 
oxigênio, dificultando a respiração dos peixes, além de potencializar a ação de poluentes 
presentes na água, aumentando a velocidade das reações e a solubilidade de compostos;
 » Poluição sedimentar – Acúmulo de partículas em suspensão, geralmente partículas 
de solo e produtos químicos orgânicos ou inorgânicos insolúveis, essas partículas 
bloqueiam a entrada de raios solares, interferindo na fotossíntese de plantas aquáticas. 
O assoreamento dos corpos de água é uma consequência grave da poluição sedimentar;
 » Poluição biológica – É a presença de microrganismos patogênicos causadores de 
doenças que estão presentes nos excrementos humanos e animais, tais como: Bactérias, 
que provocam infecções intestinais epidêmicas e endêmicas; Protozoários; vírus e 
verminoses. Por meio das águas residuais, os microrganismos chegam a outros corpos 
aquáticos podendo contaminar outros indivíduos. Inúmeras medidas de saúde pública 
têm sido adotadas para minimizar essa contaminação, como a desinfecção da água 
destinada ao consumo humano, a coleta e o tratamento de efluentes (esgotos);
 » Poluição radioativa – A poluição por resíduos radioativos é proveniente principalmente 
de resíduos radioativos lançados no mar, afundamento de arsenais nucleares, explosões 
atômicas submarinas ou fugas radioativas. Esses compostos radioativos podem ser bem 
prejudiciais à saúde, o principal efeito da exposição é o câncer;
 » Poluição química – É a presença de compostos químicos na água, tais como: compostos 
biodegradáveis (matéria orgânica, sabões, proteínas, carboidratos e gorduras) e compostos 
persistentes, são compostos químicos utilizados na produção de plásticos, fibras sintéticas, 
borrachas, solventes, agentes preservantes, entre outros. Sua estrutura química é muito 
resistente, que é uma característica positiva, no entanto, essa característica tem se tornado um 
grave problema ambiental, já que esses compostos não se degradam facilmente. Seus efeitos 
ainda estão sendo estudados, mas podem ser carcinogênicos e mutagênicos. 
Os poluentes aquáticos podem ser classificados para efeito de legislação como:
 » Fontes pontuais – Aquelas de fácil identificação e monitoramento. É possível identificar 
a composição dos resíduos e prever o impacto noambiente e na saúde. Como exemplo, 
podemos citar os efluentes industriais;
10
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
 » Fontes difusas – Que apresentam características específicas e se espalham por diferentes 
locais, sendo difíceis de serem identificadas em função da característica de suas descargas 
e da abrangência de sua atuação. Exemplo: atividades agrícolas. 
Poluição Aquática no Brasil
O termo utilizado para as águas que apresentam suas características naturais alteradas após 
a utilização humana é efluente (esgoto). São na sua maioria compostas por excretas humanas e 
água de origem doméstica, comercial e industrial.
Um dos principais problemas de poluição das águas no Brasil diz respeito aos efluentes 
domésticos. O Brasil enfrenta um panorama bastante crítico em relação à coleta e tratamento de 
efluentes, onde apenas 32,5% da população tem seus efluentes tratados, enquanto a maioria, 
67,5%, não é beneficiada com o sistema de tratamento.
Os sistemas locais de tratamento de efluentes são principalmente fossas e sumidouros. A 
grande maioria está nas zonas rurais, onde a densidade populacional é baixa, e em zonas 
urbanas, nas periferias, onde o nível socioeconômico da população é baixo, não existindo rede 
pública eficiente de coleta e tratamento dos efluentes.
Os poluentes que podem estar presentes nas águas podem ser divididos em categorias. Nos 
efluentes domésticos, os principais poluentes encontrados são os poluentes orgânicos: matéria 
orgânica e organismos patogênicos. Nos efluentes industriais, além da matéria orgânica, também 
envolve substâncias metálicas e compostos organossintéticos. 
Os poluentes inorgânicos se diferenciam dos orgânicos por não serem degradáveis, fazendo 
com que haja acumulação nos diversos compartimentos ambientais. São amplamente utilizados 
na indústria, estando presentes na laminação de metais, formulações de pesticidas, em pigmentos 
como esmaltes, tintas e corantes. Os metais podem ser distribuídos no ambiente por conta 
das impurezas em fertilizantes; formulação de pesticidas; preservativos de madeira; dejetos da 
produção intensiva de porcos e aves; entre outros.
Usos e Tratamento de águas residuais
Nenhum recurso natural apresenta tantos usos quanto a água. Essa utilização pode ser 
dividida nos seguintes grupos:
• Abastecimento público;
• Abastecimento industrial;
• Atividades agropastoris, incluindo a irrigação;
• Preservação da Fauna e da flora aquáticas;
• Recreação;
• Geração de energia elétrica,
• Navegação;
• Diluição e transporte de poluentes.
11
Após a utilização das águas, temos a necessidade de tratar os resíduos, isso ocorre principalmente 
em virtude das exigências cada vez maiores dos órgãos públicos, como resposta ao interesse popular 
na saúde pública e a uma maior cobrança da sociedade em defesa do meio ambiente.
Um sistema de tratamento de águas residuais é constituído por uma série de processos, 
que são empregados para a remoção de substancias indesejáveis da água ou para adequá-
la a padrões aceitáveis. A remoção de substancias indesejáveis envolve a alteração de suas 
características físicas, químicas e/ou biológicas.
 » Processos Físicos – Esse processo é utilizado para separar sólidos em suspensão das 
águas residuais e para equalizar e homogeneizar um efluente.
 » Processos Químicos – São processos nos quais a utilização de produtos químicos 
é necessária para aumentar a eficiência da remoção de um elemento ou substância. 
Normalmente esse processo é realizado em conjuntos com processo físicos, e algumas 
vezes com processos biológicos.
 » Processos Biológicos – Os processos biológicos são aqueles que dependem da ação 
de microrganismos aeróbios ou anaeróbios. Os processos biológicos procuram reproduzir 
os fenômenos biológicos observados na natureza.
Os sistemas de tratamento de águas residuais, incluindo um ou mais processos descritos, são 
classificados de acordo com o tipo de material a ser removido e da eficiência da sua remoção.
Saneamento Básico
O saneamento básico trata de um conjunto de ações que visam proporcionar níveis crescentes 
de qualidade ambiental em determinado espaço geográfico – em prol da população que habita 
esse espaço. Essas ações, se bem aplicadas, produzem efeitos positivos sobre o bem estar e a 
saúde da população. 
Os principais efeitos positivos do saneamento básico, relatado no dossiê do saneamento, são: 
melhoria da saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças; 
diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do potencial 
produtivo das pessoas; dinamização da economia e geração de empregos; eliminação da 
poluição estético visual e desenvolvimento do turismo; eliminação de barreiras não tarifárias 
para os produtos exportáveis das empresas locais; conservação ambiental. O investimento em 
esgoto sanitário tem um forte impacto sobre a economia dos municípios como: valorização dos 
imóveis; crescimento da atividade de construção civil; criação de novos empregos; etc.
Fica claro que é importante e urgente resolver a crise da água. Esse recurso natural se situa em 
uma perspectiva mais ampla de solução de problemas e resolução de conflitos. O desafio para 
um desenvolvimento sustentável é unir esforços no sentido de erradicar a pobreza, modificar os 
padrões de produção e consumo insustentáveis, e proteger, administrar e recuperar os recursos 
naturais, para que possamos ter uma melhor qualidade de vida e mais saúde.
12
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Contaminação dos Solos
O solo é um recurso natural renovável de importância semelhante a da água e, como base 
de um ciclo orgânico, é pré-requisito para a existência da vida. Por outro lado, sem vida não 
existiria solo fértil e produtivo. A ação dos microrganismos no solo, decompondo a matéria 
orgânica, é uma condição fundamental para a fertilidade do solo.
Do solo, vegetais e animais retiram elementos para a manutenção da vida, encontram habitats 
e, num processo dinâmico e harmônico de troca de matéria e energia, reciclam os elementos 
minerais nos ciclos biogeoquímicos. O solo, portanto, tem vida, sendo necessário conhecer seus 
mecanismos e sua dinâmica para o equilíbrio ecológico, manter e preservar sua fertilidade e 
deixá-lo livre das contaminações decorrentes do uso inadequado de recursos.
O solo foi definido de diversas maneiras, mas para nosso estudo é importante saber apenas 
que é um recurso natural que deve ser bem utilizado para manter em equilíbrio a vida no 
planeta. O solo desempenha funções diversificadas e fundamentais, como: 
• Substrato essencial a vida na terra;
• Fator de controle natural dos ciclos de elementos e energia;
• Filtro bioquímico nas trocas entre a atmosfera e a litosfera;
• Reservatório natural de água doce;
• Substrato essencial para a produção de alimentos;
• Substrato essencial à vida animal e humana. 
Com a revolução industrial, houve um aumento considerável da poluição e da geração de 
resíduos. Muitos dos problemas ambientais que encontramos hoje é resultado de mais de 200 
anos de má gestão do lixo industrial, onde as contaminações são consequências frequentes.
Áreas contaminadas representam riscos à saúde pública onde substancias toxicas podem 
entrar em contato direto com a pele, serem ingeridas ou inaladas. Odores e gases nocivos podem 
ser liberados de terrenos contaminados, infiltrados nas águas subterrâneas, chegando até as 
redes de distribuição de água potável. Esses contaminantes podem influenciar negativamente a 
vegetação, os animais e o homem.
A contaminação de origem industrial, quando se manifesta no solo, tende a ser localizada, 
afetando normalmente as regiões industrializadas e as concentrações urbanas. A falta de 
esgotamento sanitário adequado nas zonas rurais e o uso indiscriminado de pesticidas e 
fertilizantes também são agravantes na contaminação dos solos.
A ideia de que a qualidade do solo também pode significar um problema de saúde pública e 
representarriscos para o ecossistema surgiu depois que a contaminação da água e do ar já eram 
objeto de vasta legislação. A poluição ambiental permitiu que as preocupações com a qualidade 
dos solos e sedimentos se tornassem presentes no cotidiano de pesquisadores do assunto.
13
A contaminação do solo tem características como caráter cumulativo e baixa mobilidade 
dos poluentes, no entanto, em algumas situações do solo com valores de pH baixos, ou com 
grandes quantidades de areia, essa mobilidade se torna maior, fazendo com que os elementos 
tóxicos tenham sua solubilidade facilitada, ficando mais suscetíveis à lixiviação para lenções 
subterrâneos e outros corpos de água.
O termo “contaminação do solo” se refere à presença de substâncias tóxicas como: 
hidrocarbonetos, óleos pesados, subprodutos petroquímicos, metais pesados, elementos 
inorgânicos, solventes, compostos clorados, pesticidas, entre outros. Os poluentes inorgânicos 
são conhecidos como “elementos tóxicos” e compreendem elementos metálicos e metaloides 
da tabela periódica. Incluem-se nessa denominação elementos que em baixa concentração são 
essenciais aos organismos vivos, mas quando se apresentam em concentrações mais elevadas, 
provocam desequilíbrio, oferecendo certa toxidez – elementos como mercúrio, chumbo, cadmio 
e arsênio são altamente tóxicos aos seres humanos, mesmo em baixas concentrações, e são 
causadores de doenças e anomalias.
Elementos tóxicos no solo
Alguns elementos quando presentes, mesmo em baixas concentrações, são muito tóxicos aos 
seres humanos, animais e plantas. Falaremos a seguir de alguns elementos cuja toxicidade é um 
risco para a saúde.
 » Cadmio (Cd) – Muitas atividades humanas resultam em lançamentos significativos 
desse elemento no meio ambiente. O cádmio é liberado no ar, solo e água por atividades 
antrópicas, as principais fontes de contaminação são a produção e o consumo de metais 
não ferrosos pela indústria automobilística em pigmentos, estabilizantes para plásticos, 
baterias, além de uso em foto e litografia, borrachas e fungicidas.
 » Chumbo (Pb) – O chumbo tetraetílico foi considerado a maior fonte antropogênica 
desse elemento no ambiente, por ter sido adicionado à gasolina na década de 1920.
 » Cromo (Cr) – O cromo hexavalente é altamente móvel no solo. Algumas fontes de 
contaminação do solo por cromo são: mineração, produção de ligas resistentes à 
corrosão, cromagem eletrolítica, adição de cromo a tijolos refratários, produção de óleos 
lubrificantes, curtimento de couro, produção de pigmentos de cromo. 
Colocar uma chamada para um vídeo que estará disponível no material complementar (http://
eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3516)
Contaminantes Biológicos (resíduos domésticos)
A partir do ponto de vista da saúde pública, discutiremos os riscos da contaminação do solo 
pelos resíduos domésticos. Estima-se que um grama de fezes pode albergar 10 milhões de vírus, 
1 milhão de bactérias, mil cistos de parasitas e 100 ovos de parasitas. Portanto, a presença 
desses seres no solo pode trazer sérias consequências aos humanos.
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3516
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3516
14
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Vários fatores influenciam no transporte desses organismos no solo. Vírus e bactérias são 
facilmente adsorvidos pela argila, quanto maior o teor de argila no solo, maior a capacidade de 
atenuar a presença desses seres patógenos. O pH ácido favorece a adsorção dos vírus, enquanto 
solos com pH básico propiciam a adsorção desses seres.
A velocidade do fluxo de água possibilita que os microrganismos penetrem mais intensamente. 
Depois de uma intensa chuva, há a possibilidade de haver desadsorção das bactérias e dos vírus 
retidos na superfície, por essa razão, é recomendado que os sanitários (tipo fossa seca) sejam 
construídos pelo menos a 1,5m de distância do aquífero ou lençol freático e a 15-30m do poço 
de água de abastecimento. 
O lixo doméstico, se disposto a céu aberto em barrancas de rios, lixões, encostas de 
montanhas, etc., constitui uma via de acesso a agentes patógenos para o homem. Esse acesso 
pode ser direto – quando o ser humano entra em contato com os resíduos – ou indireto – por 
meio do transporte por insetos, roedores, suínos, aves. O lixo doméstico e dos serviços de saúde 
podem apresentar vários seres patológicos que sobrevivem até 10 dias no lixo. 
 
Fonte: IBGE, 1989/2000.
Pesticidas no solo e suas consequências na saúde 
Com a produção de alimentos em larga escala em função do aumento da população, torna-
se indispensável o controle de pragas e doenças com a utilização dos pesticidas.
Pesticidas são definidos como substâncias químicas ou biológicas que são utilizadas no 
controle de pragas e doenças que afetam a agricultura, e para prevenir, destruir ou repelir 
insetos, fungos, nematoides, ervas daninhas, etc.
O uso indiscriminado com ausência de critérios é um problema sério para o meio ambiente 
e, consequentemente, para saúde. A principal consequência é o aumento dos riscos de 
contaminação de produtos da agropecuária com resíduos químicos prejudiciais a saúde. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que aproximadamente três milhões de pessoas 
15
são intoxicadas por ano em consequência da utilização de agrotóxicos – destas, 220 mil morrem 
e 750 mil adquirem doenças crônicas.
Com o intuito de controlar o uso de pesticidas e o nível desses resíduos nos alimentos, órgãos 
internacionais e nacionais têm estabelecido os chamados Limites Máximos de Resíduos (LMR). 
No âmbito internacional, esses limites são estipulados pelo Comitê para Resíduos de Pesticidas 
Codex Alimentarius (CCRP). Nacionalmente, os limites são estabelecidos pelos governos 
durante o processo de registro do produto. No Brasil, a legislação federal de agrotóxicos foi 
regulamentada em 1990.
Os pesticidas representam os produtos mais encontrados em corpos hídricos, em função 
de seu uso amplo em áreas agrícolas e urbanas. Eles englobam uma variedade de compostos 
químicos com diferentes propriedades com diversos graus de persistência ambiental e potencial 
tóxico, carcinogênico, mutagênico, com efeito endócrino em diversos animais e seres humanos.
Em virtude da gravidade do uso de agrotóxicos e suas consequências na saúde humana, é 
urgente e necessário que se realizem estudos mais aprofundados e medidas mitigadoras para 
diminuir e eliminar os efeitos nocivos dessas substâncias para o meio ambiente e seres humanos.
Poluição Atmosférica – Qualidade do Ar
As atividades antrópicas e sua intensificação ao longo da história são as responsáveis pela 
grande emissão de gases e partículas na atmosfera. Como resultado, a atmosfera vem sendo 
modificada na sua composição. Com o aumento de gases e partículas, diferentes efeitos surgem: 
mudança da qualidade do ar que respiramos, modificações no ambiente físico em escala regional 
– como a chuva ácida – e escala global – como o efeito estufa, que pode levar ao aquecimento 
do planeta com alterações no clima, resultando em um risco para a vida do homem no planeta.
As emissões provenientes dessas atividades, como a queima de madeira, carvão e demais 
combustíveis fósseis, nos processos industriais, nas atividades agropecuárias, visando atender 
os padrões de consumo e produção, têm provocado impactos na saúde pública, na qualidade 
de vida e no meio ambiente.
A atmosfera é um recurso natural, recebe concentrações de substâncias em processos 
naturais – tais como as erupções vulcânicas, decomposição de vegetais e animais, incêndios 
florestais, entre outros. Porém, com o crescimento dos espaços urbanos, houve um aumento 
considerável dessas emissões, agora com origem antrópica, elevando a poluição atmosférica 
tanto local como globalmente. Podemos perceber um processo de exaustão da capacidade de 
suporte dos ecossistemas, principalmente onde as aglomerações urbanas se instalaram. Como 
consequência, temos alterações significativas na atmosfera:aumento dos gases do efeito estufa, 
redução da camada de ozônio, chuva acida, entre outros. 
16
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Pesquisas mostram que milhares de pessoas morrem anualmente como consequência da 
poluição atmosférica em áreas urbanas, principalmente em decorrência de doenças respiratórias. 
Diante disso, são necessários esforços no sentido de reverter esse quadro, que resulta em 
impactos econômicos para as nações, para o bem estar das comunidades e, claro, para o meio 
ambiente. Para tanto, devemos focar em algumas medidas como:
• Politicas que priorizem as ações na reversão dessa problemática;
• Programas de educação ambiental com foco na questão da qualidade do ar e nas 
medidas mitigadoras;
• Minimização na produção de resíduos com mudanças nos padrões de consumo e produção;
• Aplicação de procedimentos adequados para tratar os resíduos gerados;
• Definir formas de ocupação e uso do solo, respeitando os limites de capacidade de suporte 
e do tempo de autodepuração dos espaços.
Poluentes Atmosféricos
A poluição do ar pode ser definida como: presença de matéria ou energia na atmosfera, 
de forma a torná-la imprópria, causar prejuízos aos usos antrópicos, à saúde pública e ao 
ecossistema natural (PHILIPPI, 2014). 
Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de acordo com sua forma e emissão:
 » Poluentes Primários – Poluentes emitidos diretamente pelas fontes. Exemplo: emissões 
de veículos movidos a gasolina que englobam, entre outros, o dióxido de carbono (CO2), 
monóxido de carbono (CO), hidrocarboneto (HC);
 » Poluentes Secundários – Não emitidos diretamente por fontes, mas formados a partir 
de reações ocorridas na troposfera. Exemplo: o ozônio.
Existe poluentes na atmosfera que resultam de reações ocorridas na própria atmosfera. 
Um exemplo de reação que ocorre em uma atmosfera poluída é a fotoquímica, onde alguns 
elementos como óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos, na presença da luz, produzem os 
oxidantes fotoquímicos que são tóxicos.
Principais Poluentes Atmosféricos
Alguns poluentes atmosféricos são emitidos em maior quantidade e por um grande número 
de fontes, estando mais presentes em áreas urbanas poluídas, oferecendo grandes riscos à 
saúde, flora e fauna. Entre eles, podemos destacar: as partículas em suspensão, o dióxido de 
enxofre, os óxidos de nitrogênio, os hidrocarbonetos, o monóxido de carbono e os oxidantes 
fotoquímicos. Devemos citar também os poluentes que apresentam grande impacto na saúde 
17
pública e ocupacional, dentre eles: o cloro e seus compostos, as névoas acidas, os odores, as 
fumaças, o mercúrio, partículas de chumbo, amianto, partículas radioativas, etc.
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde e no Meio Ambiente
Diversos efeitos são observados e sentidos na poluição atmosférica, tanto na saúde quanto 
no meio ambiente. Uma das alterações causadas pela poluição do ar é a deterioração da 
visibilidade. Esse efeito tem um impacto no bem estar das pessoas, aumentando os riscos de 
acidentes. A redução da visibilidade ocorre por conta de partículas sólidas e líquidas suspensas 
na atmosfera, que absorvem e dispersam a luz.
Na vegetação, alguns efeitos dos poluentes podem ocorrer: redução na penetração da luz – 
reduzindo a capacidade de fotossíntese – por sedimentação de partículas nas folhas, deposição 
de poluentes no solo, penetração dos poluentes pelos estômatos das plantas, interferindo na 
troca de gases. Essas alterações podem ocasionar alterações no crescimento e na produção das 
plantas, com prejuízos na agricultura.
Os efeitos na população podem ser divididos em dois grupos: efeitos agudos e efeitos 
crônicos. As pessoas não são afetadas igualmente pelos poluentes, diversos aspectos devem ser 
considerados: os biológicos, físicos e sociais no contexto do indivíduo e da população expostos. 
Em relação aos impactos na saúde pública, estudos encontraram uma associação entre a 
concentração média de determinados poluentes e indicadores de mortalidade e morbidade. 
Conforme observado, doenças respiratórias apresentam-se como um dos principais efeitos na 
saúde humana da poluição do ar. 
• Fazer uma indicação de um vídeo disponível (http://eaulas.usp.br/portal/video.
action?idItem=3517) no material complementar e de um PDF (Poluição nas grandes metrópoles)
Impactos econômicos também são observados em função da poluição atmosférica, podemos 
destacar os custos na saúde pública e na gestão dos espaços em função da contribuição no 
aumento da mortalidade e morbidade, bem como de maiores custos de manutenção de 
equipamentos urbanos, patrimônios históricos, etc. 
A quaidade do ar e a proteção da saúde pública são direitos da sociedade, garantidos pela 
Constituição Federal Brasileira de 1988, cabendo à sociedade atuar no sentido de eliminar ou 
reduzir os efeitos negativos à saúde agravados pela poluição do ar. 
Para tanto, a capacitação de recursos humanos para a atuação na gestão da qualidade do ar, 
pesquisas e estruturação do sistema de monitoramento tornam-se ações prioritárias. A mudança nos 
padrões de consumo e de produção, otimizando os recursos naturais e minimizando a geração de 
resíduos, também, pois terá como resultado a diminuição do consumo de combustíveis fósseis e de 
recursos naturais e, consequentemente, a redução na quantidade de poluentes lançados na atmosfera.
Um planejamento ambiental adequado pode resultar no uso mais eficiente da energia. Parte 
desse planejamento deve pensar em transporte urbano mais funcional, que reduza o número 
de carros particulares na rua. 
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3517
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3517
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Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
É necessário que a sociedade repense os modelos de desenvolvimento para um consumo 
sustentável, buscando alternativas que façam com que suas atividades sejam menos 
impactantes. A conscientização da comunidade para a importância da questão da poluição 
do ar resultará na tomada de decisão, considerando as questões de desenvolvimento 
econômico, social e ambiental.
Considerações Finais
Para termos um desenvolvimento sustentável devemos equilibrar as atividades 
antrópicas, suas modificações ambientais e os impactos causados que podem comprometer 
negativamente a qualidade de vida presente e futura. Com isso bem claro, podemos propor 
mudanças no padrão de consumo, alcançando maior eficiência no sistema de produção, a 
otimização dos recursos naturais e a minimização da geração de rejeitos. Como resultado, 
teremos uma redução na quantidade de poluentes lançados no meio, melhoria da qualidade 
de vida e da saúde da população.
Como dito anteriormente, o planejamento ambiental urbano adequado pode trazer um uso 
mais eficiente da energia, o estabelecimento de um sistema de transporte urbano que estimule 
a redução de viagens, o uso de transportes de cargas menos poluentes. Essas ações reduzirão a 
poluição atmosférica.
É necessário que os recursos hídricos sejam utilizados de forma mais consciente, no sentido 
de preservar e tratar as águas residuais, promovendo mais saúde para a população.
Da mesma maneira, a utilização de pesticidas deve ser controlada e medidas mitigadoras 
adotadas para minimizar os efeitos ruins para saúde.
Para tanto, o profissional de meio ambiente precisa ter uma formação abrangente e conseguir 
gerir uma equipe multidisciplinar. Dessa forma, os resultados serão com certeza mais eficientes, 
tanto na preservação dos recursos naturais, na melhor maneira de utilizá-los, quanto para 
melhora significativa da saúde e da qualidade de vida da população.
 
22
Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Material Complementar
Endereço eletrônico dos vídeos sugeridos no material teórico. 
• http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3516
• http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3517
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3516
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=3517
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ReferênciasPHILIPPI, A; Pelicioni, M.C.F. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. ed. Barueri: 
Manoele, 2014.
PHILIPPI, A. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri: Manoele, 2014.
BATTAGLIN, P. et al. Saúde Coletiva: um campo em construção. Curitiba: Ibpex, 2006.
ROSA, A et al. Meio ambiente e sustentabilidade (recurso eletrônico). Porto Alegre: 
Bookman, 2012. 
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Unidade: Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
Anotações
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Tel: (55 11) 3385-3000
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Saúde e 
Meio Ambiente
Epidemiologia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Nilza Maria Coradi
Revisão Textual:
 Profa. Ms. Fatima Furlan
5
Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência fazer as 
atividades de fixação dos conteúdos (Atividade de Sistematização), e as atividades de interação 
(Fórum, Reflexiva ou Aplicação). É importante também acessar o material complementar.
Explore todos os recursos do blackboard. Não acumule dúvidas, participe, pergunte.
Nesta unidade, abordaremos os conceitos, fundamentos e métodos 
da epidemiologia e suas aplicações no âmbito da saúde coletiva. 
A epidemiologia é uma disciplina que fornece subsídios para a 
construção de conhecimentos em relação à saúde das comunidades 
orientando as ações em populações humanas e seu ambiente.
Epidemiologia
•	Introdução
•	Epidemiologia no Brasil 
•	Epidemiologia e meio ambiente 
6
Unidade: Epidemiologia
Contextualização
Nesta unidade, focalizamos resumidamente alguns aspectos da epidemiologia. Diante desse 
vasto campo que é essa disciplina, vamos construir um raciocínio crítico a ser aplicado por 
aqueles que estão trabalhando na área de meio ambiente. 
Enquanto a ciência médica atua principalmente no organismo, a saúde publica é detentora de 
uma visão ecológica, procurando compreender as relações que se estabelecem entre populações, 
comunidades e ecossistemas. Os seres humanos ao interagir com outras espécies e com o ambiente 
recebem as influências que podem definir seu estado de saúde. A forma de interação do homem 
com o meio passa a ter uma relação muitas vezes direta entre saúde-doença.
Diante disso, destaca-se a importância da epidemiologia ambiental, cuja ênfase está na 
discussão dos fatores do meio, físicos, químicos, biológicos e psicossociais que atuam nas causas 
das doenças.
O objetivo é refletir sobre a causa de uma doença, na epidemiologia a questão é ampliada, 
pois a doença é multicausal e a questão da causalidade não é linear ou simplista. Se a ocorrência 
da doença é devido à influência de muitos fatores, então cabe à epidemiologia investigar 
para entender melhor a rede multicausal. Ela pode ser explicada como uma série de fatores 
determinantes que, atuando em determinado espaço e tempo leva a ocorrência do agravo. 
Com o intuito de prevenir as doenças, os estudos devem levar em consideração fatores 
genéticos e a suscetibilidade a exposição de fatores. Ao investigar a etiologia da doença, 
investiga-se o quanto uma doença se deve a fatores genéticos e o quanto a fatores ambientais 
e como essa interação aumenta o risco da doença.
7
Introdução
Nesta unidade, serão abordados os conceitos, fundamentos e métodos da epidemiologia 
e suas aplicações no âmbito da saúde coletiva. A epidemiologia é uma disciplina que fornece 
subsídios para a construção de conhecimentos em relação à saúde das comunidades orientando 
as ações em populações humanas e seu ambiente Em uma dinâmica ecológica, a existência 
de alguns seres vivos depende muitas vezes da existência de outros seres vivos. Na saúde, a 
história de cada doença também está atrelada à história de todas as doenças. O ciclo de doenças 
infectocontagiosas coloca em evidência a fragilidade do equilíbrio ambiental. A epidemiologia, 
disciplina que estrutura a saúde pública, ajuda a desvendar as relações ecológicas, reposicionando 
as implicações entre homem e a natureza. 
Em todo o planeta, a área da saúde apresenta fenômenos preocupantes. Além dos riscos 
potenciais, a saúde vem se agravando resultando em riscos cada vez maiores à integridade 
individual e coletiva, causando consequências desastrosas nas populações. Podemos citar o 
retorno de antigas infecções e o aparecimento de novas.
A maior parte desses problemas é consequência da ação do homem sobre o meio ambiente, 
dentre os quais, a exploração de ecossistemas, a migração de homens e mulheres por toda parte 
do planeta, desenvolvimento industrial, resistência a antibióticos etc. Todos esses aspectos fazem 
parte de um quadro complexo da saúde da população e sua relação com o meio ambiente.
É neste contexto que se faz necessário o estudo das intervenções do homem no ambiente e 
nas populações. Uma das formas de compreender o processo são as ações de saúde, aquelas 
voltadas à coletividade. A saúde coletiva é o caminho para entender a ação do ser humano sobre 
populações diversas, tanto humanas com as da natureza: animais, vegetais, vírus e bactérias. A 
saúde une homens e ambiente, natureza e sociedade.
Epidemiologia – conceitos
Existem muitos conceitos sobre epidemiologia girando em torno de uma mesma ideia. Nesta 
disciplina, trabalharemos a epidemiologia como um conjunto de conceitos, teorias e métodos 
que permitam estudar, conhecer e transformar o processo saúde – doença na dimensão coletiva 
(Franco, L. J. et al, 2011).
Outro conceito diz que a epidemiologia tem como objeto de estudos os fenômenos de saúde 
de populações e em populações (Castellanos, 1997 apud Lanni, 2005) e por conta disso tem 
Trocando Ideias
A epidemiologia é uma disciplina que surgiu para cumprir a tarefa de produzir conhecimentos 
científicos acerca da distribuição e determinação do processo saúde-doença em populações humanas 
e fornecer subsídios aos serviços de saúde para o controle de doenças. A epidemiologia fornece 
subsídios para a construção de conhecimentos em relação à saúde das comunidades orientando as 
ações em populações humanas e seu ambiente.
8
Unidade: Epidemiologia
sido definida como a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações 
humanas. A epidemiologia estuda também a ausência ou presença de enfermidades dos seres 
humanos como doenças infecciosas (malária, dengue etc.), não infecciosas (diabetes, obesidade 
etc.) e danos à integridade física (contaminações, homicídios, alcoolismo etc.). Portanto, a 
epidemiologia examina o corpo populacional, apontando as causas e orientando os meios de 
controle e profilaxia.
Desde os primórdios, muitos estudos já demonstraram as relações existentes entre problemas 
de saúde de populações e suas condições de vida, relativos basicamente às condições sanitárias, 
formas de alimentação e condições de trabalho. Na América Latina, por exemplo, podemos citar 
os trabalhos que demonstraram o papel dos mosquitos na transmissão da febre amarela. Esses 
estudos e muitos outros serviram para demonstrar que a relação entre saúde e as condições 
ambientais estão intimamente ligadas.
No século XIX, com as descobertas de Pasteur e o advento da bacteriologia, tornou-se 
possível provar que microorganismos eram responsáveis por doenças nos seres humanos. A 
partir daí, criam-se as bases para a busca incessante dos agentes que causam as doenças e seus 
mecanismos de transmissão.
A medicina cabe à tarefa de resolver os problemas que, direta ou indiretamente, atuam 
no processo saúde-doença do homem, embora, muitas vezes, tanto o problema como a 
solução estejam fora da área médica. Normalmente, esses problemas estão concentrados 
na relação homem-natureza.
Epidemiologia – usos
Com a compreensão do processo saúde-doença, a epidemiologia apresenta vários usos, 
dentre eles:
1 - Estudos históricos;
2 - Diagnóstico de saúde da comunidade;
3 - Identificação de síndromes;
4 - Pesquisa de causas;
5 - Investigação etiológica;
6 - Determinação de riscos;
7 - Determinação

Mais conteúdos dessa disciplina