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Teoria monetária - (essencial)

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TEORIA MONETÁRIA
	A palavra moeda (do latim moneta), segundo alguns autores, deriva do nome da deusa proteto
ra do Estado (Juno Moneta), em cujo templo se fabricavam as moedas romanas. Outros entendem que este templo ficava nas proximidades de uma casa onde eram produzidas as moedas romanas; daí o
seu apelido de moneta. A palavra dinheiro é sinônima de moeda e tem sua origem na expressão latina denarius, nome de uma das moedas romanas.
	Nas sociedades primitivas, com organização econômica incipiente, a forma de comércio predo
minante era o escambo, ou seja, a troca de uma mercadoria diretamente por outra. Deste modo, se um indivíduo dispusesse de uma determinada mercadoria em quantidade excedente às necessidades de
seu consumo, poderia trocar esta sobra por uma mercadoria de que precisasse com outro individuo.
	À medida que as organizações econômicas evoluíram, com o desenvolvimento do comércio, a
introdução da divisão do trabalho e a especialização das atividades dos indivíduos, o volume de tro-
cas aumentou significativamente e a troca direta passou a apresentar uma série de inconvenientes, 
uma vez que nem sempre a mercadoria excedente que o indivíduo A tinha para trocar era necessária 
ao indivíduo B que, por sua vez, possuía a mercadoria desejada por A, mas precisava da mercadoria de propriedade de C, e assim por diante.
	Para dirimir os conflitos de interesse entre as partes intervenientes nas transações, surgiu o cos
tume de se utilizar como intermediária nas trocas uma mercadoria que tivesse aceitação geral na so-
ciedade, em virtude de sua grande utilidade para todos os indivíduos. Assim, diversas mercadorias, de acordo com sua importância, passaram a ser usadas como intermediárias nas trocas. Daí, a origem da
moeda, que pode ser definida como um bem que possui aceitação geral na sociedade e que seja utili-
zada por todos como forma de pagamento nas transações de compra e venda.
	No início, as moedas eram mercadorias, ou seja, bens que tivessem valor de uso para seus pos-
suidores (ou seja, satisfizessem necessidades dos indivíduos). Dentre essas moedas em forma de mer-cadoria destacaram-se o sal (de onde deriva o termo “salário”) e o boi (do latim pecus), de onde deri-
vam modernamente os termos “pecúnia”, “pecuniário”, “peculato”, “pecuária”, etc. Outras moedas ti-
veram destaque como o chá na antiga China, o arroz no Japão, etc. No Rio de Janeiro, o açúcar teve curso forçado como moeda e, no Maranhão, o tecido de algodão foi dinheiro em muitas ocasiões.
	Entretanto, muitas mercadorias utilizadas para facilitar as permutas estragavam-se com facili-
dade; outras eram volumosas e a dificuldade de transporte impediam-lhes a aceitação. Por isso, foi 
predominando, progressivamente, o uso dos metais (ferro, cobre, bronze, etc.) devido às suas caracte-
rísticas de homogeneidade (propriedade de uma moeda ser exatamente igual a outra), indestrutibilida-
de (durabilidade), divisibilidade (facilidade de fracionamento) e praticidade de manuseio e transporte. Entretanto, como esses metais existiam com certa abundância na natureza, o eventual excesso tornava
os menos atrativos para os indivíduos, corroendo o seu valor de troca. Como solução para esses incon
venientes, as sociedades passaram a usar metais nobres, tais como ouro e prata, que são suficientemen
te escassos para conservar seu valor.
	Os metais preciosos usados como moeda tinham seus valores determinados pelo peso (algu-
mas guardaram a antiga particularidade no nome: peso, peseta, libra, etc.). Eram moedas feitas em for
ma de barras irregulares e isso obrigava os comerciantes a carregar uma balança bastante sensível pa-
ra pesar os metais e determinar seu valor. Mais tarde esse problema foi resolvido com a cunhagem,
que consistia em fundir peças de prata ou ouro com seu peso impresso.
	Embora o ouro e a prata fossem de mais fácil manuseio, a sua guarda e transporte acarretavam
grandes riscos de assaltos. Passou-se a adotar o costume de depositar as moedas em instituições deno
minadas casas de custódia que assumiam o compromisso de guarda e proteção desses valores. Os ou-
rives, proprietários destas casas, forneciam certificados de depósito e, progressivamente, tais certifica
dos passaram a ser usados como moeda, uma vez que seu titular tinha o direito de retirar, junto à casa de custódia, a quantidade de ouro ou prata representada por estes papéis. Surgia aí a moeda-papel,
que tem por característica ser uma moeda representada por um papel, mas que é lastreada integralmen
te em metal precioso.
	Com o correr do tempo, os ourives foram notando que os bilhetes circulavam livremente. Qua se ninguém retirava o ouro depositado. Surgiram, então, os empréstimos. No início, era emprestado um percentual seguro do valor custodiado pelos depositantes. Depois, eles passaram a emitir outros bilhetes (ou recibos), os quais passaram a circular juntamente com os primeiros. Os novos bilhetes eram emitidos por um valor superior ao ouro que realmente possuíam. Desta forma, ao emitir moeda-papel em um volume apenas parcialmente coberto por suas reservas de ouro, os ourives se converte-
ram em banqueiros e criaram moeda-papel nominalmente conversível em ouro. Essas novas moedas não eram um meio de pagamento, mas tão-somente promessas de pagamento, uma vez que poderiam ser trocados por ouro, se assim desejasse o portador. Contudo, se as pessoas porventura desejassem resgatar simultaneamente todas as dívidas reconhecidas nos recibos, não seria possível atendê-las.
	Mais tarde, a partir do século XVII, surgiram os bancos comerciais privados. Esses bancos co-
meçaram a emitir notas ou recibos bancários que passaram a circular como moeda, dando origem ao papel-moeda. Alguns desses bancos receberam o privilégio do monopólio da emissão de notas bancá-rias, sendo esse monopólio a origem de muitos bancos centrais, como é o caso do Banco da Inglaterra fundado em 1694 por um grupo de banqueiros privados para financiar os déficits da coroa.
	A partir de meados do século XIX, o Estado assumiu oficialmente o papel de agente emissor 
de moeda. As reservas de metais preciosos dos países passaram a ser propriedade estatal e lastro inte-gral para emissão das moedas. Na prática isto significava que a moeda continuava a ter um valor in-trínseco uma vez que havia garantia por parte do Estado da sua total conversibilidade em ouro ou pra-ta, ou seja, continuava a ser moeda-papel.
	As antigas cédulas que circularam entre nós faziam menção à conversibilidade em ouro. As cé
dulas continham os seguintes dizeres: “A Caixa de Estabilização pagará ao portador, a vista, do Rio de Janeiro, em ouro, conforme a Lei nº 5.108 de 18 de dezembro de 1926, a quantia de .........mil réis – valor recebido em ouro”.
	Entretanto, o volume de trocas continuava aumentando na sociedade e as reservas de ouro e
prata possuídas pelos países não aumentava na mesma proporção, impedindo o acréscimo do estoque de moeda necessário ao financiamento da circulação de bens e serviços. Passou-se então, a adotar sis-temas de conversão parcial e, progressivamente, a moeda desmaterializou-se por completo.
	Um último esforço da manutenção de um regime de moeda lastreada foi o Acordo de Bretton Woods (1944), pelo qual o dólar norte-americano respeitava uma regra de padrão-ouro, e as demais moedas tinham suas paridades fixadas em relação ao próprio dólar. Em 1971, com a suspensão da con
versibilidade do dólar em ouro, quase todas as moedas nacionais passaram a ser fiduciárias, ou seja,
baseadas na confiança (fidúcia) da sociedade.
	Modernamente, na maioria dos países, não há nenhum lastro de metais preciosos para emissão da moeda. Isto decorreu da consciência, por parte da sociedade, de que não é necessário que a moeda seja garantida por metais preciosos ou por outras mercadorias paraque ela possa exercer sua função de intermediária de trocas. Basta que todos a aceitem como meio de pagamento para que ela possa exercer tal função. Hoje em dia, o valor da moeda de qualquer país está na razão direta do maior nú-
mero de bens e serviços que se poderá obter com ela (poder de compra), uma vez que os valores mo- netários não são mais medidos pelo padrão-ouro – gold-standard (sistema pelo qual o valor da moe- da é igual a certo peso de ouro).
	A moeda fiduciária, sem lastro, é denominada de papel-moeda e é constituída por moedas me-
tálicas (sem valor intrínseco) e notas que circulam livremente no país. O papel-moeda tem curso legal, 
isto é: por força de lei os cidadãos devem aceitá-lo em pagamento, sem qualquer direito de conversibi
lidade em ouro, como antigamente. O mesmo acontece com as conhecidas moedas divisionárias (ou moedas de troco) fabricadas pelo governo com metais de pouco valor.
	Por outro lado, a inexistência de lastro físico para a moeda faz com que o Estado, a quem cabe tal mister, deva controlar de forma responsável o poder aquisitivo da moeda, evitando que emissões desenfreadas, sem o correspondente acréscimo na produção de bens e serviços, gerem inflação e a 
consequente queda do seu poder de compra. Com o mesmo objetivo, o Banco Central, que é a autori-
dade monetária máxima do sistema bancário do país, determina em lei a porcentagem dos depósitos de um banco que não pode ser emprestada ou empregada em qualquer negócio, devendo ficar como garantia, ou lastro. Essa porcentagem é chamada de encaixe.
	O desenvolvimento do sistema bancário e da intermediação financeira levou ao surgimento da moeda escritural ou bancária.
	A moeda escritural é representada pelos depósitos do público nos bancos comerciais e que são movimentados pelos seus titulares através de cheques. É importante notar que a moeda, nesse caso, é o depósito e não o cheque. Se esse último fosse moeda, todas as pessoas poderiam emiti-la, bastando preencher cheques sem fundos.
	A moeda escritural é criada pelos bancos comerciais, caixas econômicas e Banco do Brasil em decorrência de depósitos à vista e, devido ao efeito multiplicador de tais depósitos, a sua participação nos meios de pagamento é bastante alta, girando em torno de 90% de nossa economia.
	O efeito multiplicador bancário encontra explicação numa operação diária no sistema bancário: depósitos em conta movimento. Como a moeda possui um alto poder de expansão, boa parte dos depó-sitos é transformada (ou multiplicada) em empréstimos aos tomadores para seus negócios. De um jeito ou de outro, esses empréstimos retornam aos caixas dos bancos como novos depósitos, e depois são em prestados a outros (ou aos mesmos) tomadores. Como se vê, a coisa vai se multiplicando e compete às autoridades monetárias controlar essa expansão da chamada “emissão secundária da moeda”.
	O aparecimento da moeda escritural foi um passo extraordinário no desenvolvimento dos negó-cios, pois, em vez de aumentar a quantidade de moedas em circulação, recorreu-se a um expediente que economiza tempo e diminui os riscos. Esse expediente é a utilização do cheque (ordem de paga-mento a vista) e do cartão de crédito (ou dinheiro de plástico). Assiste-se hoje o emprego da desmone-tização da moeda manual, substituindo-a pela e-money, a moeda eletrônica. Já os cartões de crédito de supermercados, de uso mais recente, funcionam de maneira diferente dos cartões tradicionais, variando conforme a rede de estabelecimentos.
	Dois fatores caracterizam o regime de moeda bancária, pelo qual se define a moeda moderna. 
Em primeiro lugar, o princípio de emissão permite que uma categoria de agentes, os empresários, obte-nham a moeda sob a garantia de uma promessa de atividade. Apesar de o acesso ao crédito bancário es
tender-se atualmente ao conjunto dos agentes econômicos, há uma diferença fundamental entre aqueles –particularmente os assalariados- que podem obter empréstimos mediante a garantia de rendas passa-das (ou a probabilidade de continuarem a dispor dessas rendas) e aqueles –os empresários- que obtém crédito mediante a garantia de um projeto mercantil cujo êxito (caução única para o reembolso do em-préstimo) é incerto. Este princípio de emissão engendra, portanto, uma discriminação social, mas é tam
bém um fator de dinamismo econômico porque, como observou Keynes, “permite aos empresários le-var seus negócios com confiança”.
	Em segundo lugar, o sistema bancário é hierarquizado, e a atividade dos bancos secundários su-põe a existência de um credor de última instância. Este “banco dos bancos”, o banco central, tem du-pla função. Por um lado, assegura a compensação interbancária, e, para tanto, fixa na unidade de conta do território a taxa das moedas bancárias.
	O banco central protege os demais bancos das falhas de reembolso inerentes ao princípio de emissão, garantindo-lhes o refinanciamento em moeda escritural. Esse mecanismo de segurança certa-mente não-automático, faz com que recaiam sobre a sociedade, mediante sua repercussão sobre a infla-ção e as taxas de câmbio, as conseqüências da incapacidade de parte dos empresários em honrar seus compromissos de reembolso; mas também fornece ao sistema uma elasticidade relativa, como se cons-tata atualmente ao evitar a propagação de falências.
	Temos, também, em circulação os conhecidos tíquetes ou vales-refeição. Afirma-se que eles contrariam o código penal, mas são emitidos por quase uma centena de empresas. Consta que a impres
são desses tíquetes coloca mensalmente em circulação aproximadamente US$ 1.800 milhões, sem ne-nhum controle por parte do Banco Central, a quem cabe regular a oferta monetária.
TIPOS DE MOEDAS 
(Resumo)
 Moeda Mercadoria: Bens que tinham grande valor de uso para seus possuidores (ou seja,	 satisfaziam necessidades importantes dos indivíduos). Dentre as
 moedas mercadorias destacaram-se o sal (de onde deriva o termo
 salário), o boi (do latim pecus), de onde derivam modernamente os
 termos “pecúnia”, “pecuniário”, “peculato”, etc, bem como metais 
 em pepitas ou barras, avaliados pela raridade e pelo peso.
 Moedas com valor intrínseco: Cunhadas em metais nobres, tais co-
 mo o ouro e a prata, que além do atri-
 buto da beleza, são suficientemente 
 Moeda Metálica: escassos para conservarem valor.
 Moeda Divisionária: Moedas com função de troco, confeccionadas
 em metais de pequeno valor.
TIPOS
 DE Moeda papel: moeda representada por um papel
MOEDA lastreado integralmente em metal precioso.
 Papel-moeda: moeda sem lastro confeccionada
 Moeda Fiduciária: Moeda não me- em metal não valioso ou papel, que circulam livre
 tálica cuja emissão pode ou não ser mente no país. O papel-moeda tem curso legal, is
 lastreada por metais preciosos, ou to é, por força de lei, e os cidadãos devem aceitáseja, é respaldada na confiança (fi- lo como pagamento sem qualquer direito de con-
 dúcia) despertada pelo emitente. versibilidade em ouro, como era antigamente.
 Moeda Escritural: também chamada de moeda
 bancária, é criada pelos bancos comerciais, cai-
 xas econômicas e Banco do Brasil em decorrên-
 cia de depósitos a vista. Devido ao efeito multi-
 plicador de tais depósitos, a sua participação
 nos meios de pagamento é bastante alta.
FUNÇÕES DA MOEDA
	Três são as principais funções da moeda: Intermediária de trocas, unidade de conta (ou medida de valor) e reserva do valor.
	Ser intermediária de trocas é a função por excelência da moeda. Uma sociedade moderna com grande nível de especialização do trabalho e um volume significativo de trocas entre os agentes econô
micos, seria inviável sem a existência da moeda como intermediária das trocas. Para desempenhar es-
sa função, conforme já explanado, a moeda não necessita ter nenhum valor intrínseco ou ser lastreada em metal precioso, bastando que tenha a confiança e a aceitação geral pelos agentes econômicos.
	Outra função importante da moeda é servir como medida de valor (ou unidade de conta). Esta função diz respeito à necessidade das pessoas e das empresas de registrarem suas operações e transa-ções econômicas em uma medida que seja comum a todos os bens e serviços. Assim, uma empresa, que tem despesas com matérias-primas, equipamentos e mão-de-obra, registra as operações correspon
dentes pelo seu valor. Como o valor é expresso em unidades monetárias, a moeda é, neste caso, o ele-mento comum a todos os itens de despesas da empresa, que, fisicamente, são diferentes. Dessa forma, é possível somar tratores com galinhas e obter o produto de uma economia.
	A moeda também serve como reserva de valor. Se um indivíduo não necessita gastar imediata
mente toda a sua renda na aquisição de bens de consumo, seu saldo pode ser guardado na forma de moeda, entesourada ou depositada numa conta corrente bancária. Nesse particular, a moeda é um ati- vo financeiro, mas que não rende juros porque não se trata de uma forma de captação de rendimentos já que pode ser utilizada a qualquer momento para comprar bens e serviços (tem liquidez imediata).
	Os ativos, de forma geral, são bens ou direitos que satisfazem às necessidades humanas. A ca-
tegoria de ativos cuja utilidade é a de serem formas de “guardar” a riqueza de seu possuidor são os chamados ativos financeiros.
	Os ativos financeiros geralmente rendem juros e, em países de inflação crônica, o seu valor costuma ser atualizado monetariamente. São exemplos de ativos financeiros os depósitos de poupança,
Os depósitos a prazo fixo em instituições financeiras, os títulos da dívida pública do Governo (títulos emitidos para captar recursos para financiar seu déficit, caso incorra em gastos que excedam a sua re-ceita tributária), as letras de câmbio emitidas pelas sociedades de crédito e financiamento, etc.
	Esses ativos financeiros que não possuem a liquidez imediata (característica da moeda em es-pécie) mas que apresentam grande grau de liquidez, são denominados de quase-moeda. De fato, ulti-mado seu prazo de vencimento, a importância aplicada é restituída a seu proprietário na forma de moeda.
O VALOR DA MOEDA
	Conforme já dissemos anteriormente, o valor dos bens é medido por meio da moeda e esta ava
liação recebe o nome de preço. Assim, a moeda serve para avaliar os bens e, ao mesmo tempo, tam-bém possui valor.
	Em primeiro lugar convém destacar que a moeda não é um bem de produção, tampouco de consumo. Segundo Keynes: “A moeda, como tal, não tem qualquer utilidade, senão a que provém de seu valor de troca, isto é, da utilidade das coisas que ela pode comprar”.
	Assim, um país é rico, economicamente falando, quando produz de tudo e para todos e não porque tem grande quantidade de moeda em circulação. Na verdade, o dinheiro só é útil quando nos desfazemos dele.
	Se estabelecermos uma comparação ou relação entre a moeda e as coisas que podem ser adqui
ridas por ela, esta relação é que dá valor à moeda. Desta forma, podemos dizer que o nível geral de preços (média dos preços em geral) dos bens econômicos determina se a moeda vale mais ou vale menos. Assim, o valor do dinheiro é inversamente proporcional ao nível geral dos preços. O valor do dinheiro cai quando os preços dos bens econômicos sobem e sobe quando os preços descem. Não te-ria sentido estabelecer o valor do dinheiro em termos do próprio dinheiro, pois não se pode comparar uma coisa com essa mesma coisa.
O CRÉDITO
	A palavra crédito (do latim credere) significa confiar em que uma pessoa ou qualquer agente econômico, possa restituir, mais tarde, um valor igual ao que recebe no momento.
	O crédito funciona como substituto da moeda. Graças à sua existência, podemos comprar os bens e serviços que desejamos sem dar imediatamente o dinheiro, ou então, vender bens e serviços an
tes de receber o dinheiro em troca. Um exemplo deste fato encontramos nos financiamentos para aqui
sição de bens duráveis, pois recebemos as mercadorias de imediato e os pagamentos são feitos, parce-ladamente, em tempo futuro.
	Como o crédito substitui a moeda, por certo lapso de tempo, podemos conceituá-lo da seguin-te maneira: “Crédito é a transferência temporária do uso do dinheiro”.
	A aplicação do crédito é de grande importância na vida econômica de um país. Pode concorrer para a prosperidade ou para a depressão do sistema econômico. Não é por outra razão que o crédito constitui um instrumento de política monetária do governo e é disciplinado pelo Conselho Monetário Nacional.
	A expansão do crédito, a exemplo do que ocorre com o aumento de emissões de moedas pelo Banco Central, e, portanto, com o aumento exagerado de disponibilidades monetárias (excesso de li-quidez), provoca as mesmas conseqüências inflacionárias. A história econômica de muitos países re-vela que o abuso do crédito sempre teve conseqüências desastrosas para todos.
OS BANCOS E A CRIAÇÃO DE MOEDA BANCÁRIA
	A moeda bancária e muitos outros serviços financeiros são fornecidos pelos intermediários fi-nanceiros, isto é, instituições como os bancos comerciais que aceitam depósitos ou fundos das famí-lias e empresas, os poupadores, e os emprestam a outras famílias e empresas.
	Conforme já explicamos, em tempos idos os ourives se deram conta de que tinham uma consi-derável quantidade de ouro ociosa, da qual não extraiam nenhum rendimento –uma vez que os paga mentos diários representavam apenas uma pequena porcentagem da quantidade de ouro depositada- começaram a conceder empréstimos valendo-se de parte dessa quantidade não utilizada de moeda. Desta forma, teve início o sistema moderno de reservas dos bancos comerciais, pelo qual estes guar-dam em suas caixas-fortes, como reserva, apenas uma fração dos fundos depositados.
	No sistema atual, as reservas compõem-se de moeda em espécie, guardada na caixa-forte dos bancos, e de depósitos feitos pelos bancos no banco central. Isso se faz por duas razões: para fazer frente à retirada de depósitos por parte dos clientes e para criar reservas que o banco central utiliza pa
ra controlar a quantidade de moeda disponível no mercado.
 A proporção dos depósitos que os bancos devem guardar na forma de ativos líquidos ou re
servasé denominada coeficiente de caixa, (ou de reservas; ou encaixe), e sua função é tentar garantir a liquidez dos depósitos, ou seja, sua capacidade de se converter em moeda em espécie.
	Se os bancos, como qualquer outra empresa, almejam o lucro, tentarão emprestar os fundos que recebem de forma tal que a diferença entre a renda obtida e os custos incorridos seja a maior pos-sível. As rendas são, basicamente, os juros cobrados pelos créditos e empréstimos que concedem e pe los valores mobiliários que possuem. Os custos dos bancos nascem, sobretudo, dos juros que devem pagar pelos fundos recebidos, ou seja, pelos depósitos dos clientes e empréstimos do banco central, e dos gastos de intermediação (amortizações, salários e demais custos de gestão). A diferença entre ren da e custo gerará o lucro. As operações realizadas por um banco são representadas em seu balanço padrão que é o registro contábil da posição financeira de uma empresa em determinado momento.
	O encaixe, coeficiente de caixa ou de reservas não apenas é uma garantia de liquidez, mas de-sempenha um papel muito importante em tal processo. Suponhamos que o Banco Central do Brasil, para fazer frente a determinado pagamento, ponha em circulação R$1.000,00. Suponhamos ainda que
o destinatário desse pagamento, isto é, o proprietário da moeda, deposite esse valor em um banco X. 
	Supondo-se, agora, que o coeficiente de caixa ou de reservas determinado pelo Banco Central seja de 20%, e o banco X o cumpra integralmente, e, ainda, que os 80% restantes (R$800,00) sejam repassados como empréstimos a determinada empresa. Tendo o banco X emprestado R$800,00 e mantido R$200,00 de reservas, há R$800,00 de depósitos em outra conta (na conta da pessoa que re- cebeu o dinheiro), de forma que a quantidade total de moeda agora é de R$1.800,00. Assim, o banco X criou R$800,00 de moeda nova e, portanto, a quantidade de moeda em circulação recebeu um acréscimo de R$800,00. A empresa que recebeu o dinheiro certamente irá utilizá-lo para fazer paga- mentos. Os que recebem esses pagamentos, por sua vez, trabalham com outro banco, ou outros ban-cos, e neles os depositam integralmente etc, etc,. Deste modo, verifica-se que a partir do momento em que os R$800,00 saem do banco X que os criou e são depositados em outro banco, entra em marcha uma cadeia de expansão mediante a qual se cria moeda bancária.
Assim, os bancos que receberam os R$800,00 são os que estão em uma segunda etapa e farão 
como fez o banco X, destinando 20% dos R$800,00 para as reservas (R$160,00) e emprestando os R$640,00 restantes. Nesse momento, os R$1.000,00 originais já terão se convertido em R$2.440,00 da seguinte forma: R$1.800,00 em forma de depósitos (R$1000,00 + R$800,00) e R$640,00 em for- forma de saldo líquido disponível. Portanto, a quantidade original de moeda já terá sido expandida em R$1.440,00.
	Quando os R$640,00 (saldo disponível da 2ª etapa) forem emprestados, aquele que os receber vai, provavelmente, depositá-los em outro ou outros bancos, digamos, os bancos de uma terceira eta- 
pa, de forma que o processo continuará. Por sua vez, esses bancos também reterão, em forma de reser
vas, 20% dos R$640,00 que receberam em forma de depósitos e estarão dispostos a emprestar o res-tante
	Esse processo de expansão continuará da forma que acabamos de descrever até que todo o ex-cesso de reservas seja emprestado. Os aumentos na quantidade de moeda nas sucessivas etapas serão cada vez menores e se reduzirão até desaparecer.
Exemplo: Expansão múltipla dos depósitos bancários até a quinta etapa. (*)
Posição do banco Novos depósitos Novos empréstimos Novas reservas
Banco original				1.000,00		800,00			200,00
Banco da segunda etapa			 800,00		640,00			160,00
Bancos da terceira etapa			 640,00		512,00			128,00
Bancos da quarta etapa			 512,00		410,00			102,00
Bancos da quinta etapa			 410,00		328,00			 82,00
 (*) Todas as cifras expressas em reais.
	Como vimos, o processo de expansão múltipla dos depósitos bancários compõe-se de duas par tes. 1ª) o Banco Central determina a quantidade de reservas que os bancos comerciais devem manter e 2ª) tomando essas reservas como ponto de partida, o sistema bancário as transforma numa quantidade muito maior de moeda bancária. 
A MOEDA BRASILEIRA
	Após quatro séculos, o Brasil volta a ter como moeda o Real, criado em 1112 em Portugal e usado de 1500 a 1808 no Brasil.
	A partir de 1500, a maior parte do meio circulante brasileiro era composto por reales (plural de real) cunhados na Espanha e nas colônias hispano-americanas. Em 1582 o governo português fixou uma equivalência entre os reales da América Espanhola e os reis de Portugal. Oito reales passa
ram a valer 320 reis.
	Moedas propriamente brasileiras só vieram a surgir no final do século XVII. Salvador era en-tão a principal cidade da Colônia, sua capital e o mais importante centro de negócios. Por isso, foi lá que os portugueses instalaram a primeira Casa da Moeda do Brasil em 1694. As moedas eram cunha-das em ouro e prata. As de ouro valiam 1, 2 e 4 mil réis. As de prata observavam uma progressão arit-mética de valores mais originais: 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis. O povo logo lhes deu o nome de patacões, que tinha um certo sentido depreciativo, pois ninguém acreditava muito no valor das moe-das cunhadas no Brasil.
	Com a descoberta de jazidas de ouro pelos bandeirantes e a intensa exploração das “Minas Ge
rais”, deixou de ser vantagem para a coroa manter a Casa da Moeda em Salvador e a fabricação do di-nheiro foi transferida para o rio de janeiro em 1698. Em 1700 a Casa da Moeda mudou para Pernanbu
co, voltando, porém, ao Rio de Janeiro dois anos depois. Em 1714 havia duas casas da moeda: No Rio de Janeiro e novamente na Bahia. Em 1724 criou-se a terceira, em Vila Rica, que foi extinta dez anos mais tarde.
	O uso do dinheiro se restringia à faixa litorânea, onde se situavam quase todas as cidades e se realizavam as grandes transações. Nos distritos mineiros, que só produziam ouro e importavam tudo o que consumiam, o próprio ouro, cuidadosamente pesado, funcionava como moeda para o comércio. A economia de troca continuava prevalecendo em todo o interior brasileiro.
	Já as regiões agrícolas apresentavam um sistema econômico peculiar. As fazendas, com suas legiões de escravos, eram praticamente auto-suficientes, produzindo quase tudo que necessitavam. Ne
las o dinheiro tinha pouca importância. A riqueza era avaliada com base na propriedade imobiliária e o gado era visto como um meio de intercâmbio tão bom quanto qualquer outro.
	Até a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, o valor total das moedas que aqui cir-culavam não ultrapassavam a irrisória cifra de 10.000 contos (ou 10 milhões de réis).
	Os reais ou reis permaneceram em todo o Brasil Colônia, inclusive após a vinda de D. João VI em 1808. Embora o padrão monetário continuasse o mesmo, o povo passou a chamar a moeda de mil reis (ou múltiplos de real).
	Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, a Corte acelerou consideravelmente o processo econô-
mico. Crescendo a produção e o comércio, tornou-se imprescindível colocar mais dinheiro em circula
ção. Fundou-se então o Banco do Brasil, que iniciou a emissão de moeda-papel, cujo valor era garanti
do pelo seu lastro, ou seja, por reservas correspondentes em ouro. Entretanto, quando D. João VI retor
nou a Portugal, levou não só a Corte mas também o tesouro nacional. Golpe grave: as reservas bancá-rias da Colônia reduziram-se a 20 contos de reis. No dia 28 de julho de 1821, todos os pagamentos fo
ram suspensos. Passou-se, então, a emitir papel-moeda sem lastro metálico suficiente, ocasionando a progressiva desvalorização do dinheiro.
	Assim, quando D. Pedro I se tornou imperador do Brasil em 1822, encontrouos cofres vazios e uma enorme dívida pública. A independência brasileira começava praticamente sem fundos.
	Sob D. Pedro II a situação melhorou um pouco devido ao aumento da produção industrial, ao café e à construção de ferrovias e estradas, que permitiam um escoamento mais eficiente das riquezas.
A desvalorização, porém, já era um mal crônico e as crises financeiras se sucediam. Só em 1911 -em plena república- é que o dinheiro brasileiro registrou sua primeira alta no mercado internacional. De lá pra cá muita coisa mudou em nossa economia, inclusive a moeda que trocou várias vezes de nome.
	A primeira grande mudança ocorreu em 1942, com o corte de três zeros e a transformação da moeda de mil reis para cruzeiro, subdividido em centavos e simbolizado por Cr$.
	Quando o cruzeiro surgiu, o meio circulante estava caótico. Havia 40 valores de moedas, con-
feccionadas em vários materiais, circulando: cinco de prata, 14 de bronze-alumínio e 22 de níquel.
	A reforma seguinte só veio e. 1965, quando o governo lutava contra uma inflação que chegara a índices absurdos no ano anterior. Novamente cortou-se três zeros e surgiu o cruzeiro novo, simboli-zado por NCr$.
	Em março de 1970, o cruzeiro renasceu, só que desta vez sem a retirada de três zeros. Desta forma durou 16 anos, até 1986, quando a inflação voltara a corroer violentamente o seu poder de com
pra. Em nova reforma, a moeda perdeu novamente três zeros e passou a chamar-se cruzado, simboli-
zado por Cz$. Outros três anos de inflação violenta aconteceram e veio, em fevereiro de 1989, o cru-zado novo, também com três zeros a menos e simbolizado por NCz$.
	Em março de 1990 o governo Collor de Mello ressuscitou o cruzeiro, agora sem o corte de três zeros. Em agosto de 1993, já no governo Itamar Franco, a moeda perdeu novamente três zeros e passou a chamar-se cruzeiro real, representado por CR$, com duas letras grafadas em maiúsculas pa-ra diferenciá-lo do Cr$ da unidade anterior.
	Tendo a inflação alcançado o alarmante índice de 3.700% nos primeiros onze meses de dura-ção do cruzeiro real, o governo Itamar Franco passou a adotar, a partir de março de 1994, um indexa-dor único da economia, designado Unidade Real de Valor (URV), para estabelecer uma proporção en
tre salários e preços, que se transformaria em nova moeda quando todos os preços, em tese, estives-sem estáveis em termos de URV. 
	Essa estabilidade pressuposta ocorreu a 1º de julho de 1994, quando a URV, equivalendo a 2.750 cruzeiros reais, passou a valer 1 real, representado pelo símbolo R$.
	No vai e vem da inflação, até o advento do real, nossa moeda perdeu 15 zeros em 52 anos.
	Devido à freqüente troca de cadeiras no Ministério da Fazenda, principalmente a partir da dé-cada de 80, várias notas iguais em valor foram emitidas com assinaturas de ministros diferentes. Para os numismatas e colecionadores, quanto menos tempo ficar um ministro no seu cargo (nesse caso o da fazenda), menos assinaturas suas serão impressas nas notas e, consequentemente, menos notas cir-culantes terão suas assinaturas, elevando o seu preço no mercado de colecionadores devido a raridade dessa variedade
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Bibliografia consultada:
MOCHÓN, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
SILVA, Adelphino Teixeira da. Iniciação à Economia. São Paulo: Atlas, 2000.
SILVA, César Roberto Leite e LUIZ. Sinclair. Economia e Mercados. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 1987.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval e GARCIA, Manoel Enriquez. Fundamentos de Economia. 3 ed
São Paulo: Saraiva, 2008.
VICECONTI, Paulo e NEVES, Silvério das. Introdução à Economia. 3 ed. São Paulo: Frase Editora, 1999.

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