Logo Passei Direto
Buscar

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

CONTABILIDADE AVANÇADA I
AULA 1
MENSURAÇÃO A VALOR PRESENTE E A VALOR JUSTO
VALOR PRESENTE: 
O ajuste a valor presente é uma técnica contábil aplicada para garantir que transações de compra e venda sejam registradas corretamente, considerando o impacto do tempo e dos juros embutidos. Esse ajuste é essencial para a correta apropriação de encargos e reconhecimento das receitas e despesas no período adequado.
O cálculo pode ser feito por duas formas principais:
· Ajuste normal: Usa a fórmula matemática para calcular o valor do ajuste.
· Ajuste por equivalência: Usa uma taxa de desconto para trazer o valor futuro ao presente.
Exemplo prático:
Para um título de R$ 1.800.000 com taxa de 3% ao mês e prazo de 150 dias, os cálculos resultam em:
· Ajuste normal: R$ 270.000
· Ajuste por equivalência: R$ 247.304,19
A não aplicação do ajuste pode levar a erros, como o tratamento incorreto dos juros como parte do custo da mercadoria. Além disso, nas transações de longo prazo, independentemente da existência de juros explícitos, a contabilidade exige que os ativos e passivos sejam ajustados ao valor presente usando uma taxa de desconto adequada.
Muitas empresas no varejo alegam que preços à vista e a prazo são equivalentes, mas isso pode ser apenas uma estratégia comercial. O ajuste a valor presente deve ser feito sempre que for relevante para garantir a transparência e a representação fiel das demonstrações financeiras.
DEFINIÇÃO: 
O ajuste a valor presente, conforme o CPC 12 (R1) (CPC, 2023), consiste em calcular o valor atual de um fluxo de caixa futuro, considerando entradas e saídas de recursos financeiros, inclusive créditos que reduzem desembolsos. Para isso, são essenciais o valor do fluxo futuro, a data da transação e a taxa de desconto aplicável. A atualização contábil exige a aplicação de taxas que refletem o valor do dinheiro no tempo e os riscos dos ativos e passivos, sendo obrigatória para transações de longo prazo e relevante para curto prazo. O objetivo é garantir que os juros embutidos em transações não à vista ou fora dos prazos comerciais sejam corretamente contabilizados como resultado financeiro (Santos et al., 2022).
FORMA DE CALCULO E AS IMPLICAÇÕES DA TAXA DE DESCONTO:
A forma de cálculo do ajuste a valor presente utiliza a taxa efetiva de juros, sem considerar efeitos fiscais. A taxa de desconto aplicada deve ser a vigente na data da transação, podendo ser explícita, quando indicada no contrato, ou implícita, quando não especificada e determinada com base em taxas de mercado para transações semelhantes. O CPC 12 R1 (CPC, 2023) orienta que a taxa de desconto escolhida deve refletir a natureza, o prazo e os riscos da transação, considerando as condições de mercado. Mesmo quando valores à vista e a prazo são declarados iguais, o valor presente deve ser calculado e registrado conforme sua definição.
QUANDO USAMOS:
O conceito de valor presente, conforme o CPC 12 R1 (CPC, 2023), deve ser aplicado a ativos e passivos de longo prazo ou de curto prazo quando houver impacto significativo. A mensuração contábil ocorre no primeiro registro da transação, utilizando taxas de desconto que refletem o valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos. O ajuste é realizado por meio de contas retificadoras para preservar os valores originais, e suas reversões são classificadas como receitas ou despesas financeiras, salvo exceções normativas. Empresas que financiam vendas a prazo podem tratar essas reversões como receitas operacionais, desde que demonstradas corretamente. O ajuste também se aplica a obrigações de longo prazo, como financiamentos.
VALOR JUSTO:
O valor justo, conforme o CPC 46 (CPC, 2012), é o preço que seria recebido na venda de um ativo ou pago na transferência de um passivo em uma transação não forçada no mercado principal ou mais vantajoso, na data da mensuração. Esse preço reflete as condições atuais de mercado e pode ser diretamente observável ou estimado por técnicas de avaliação. Além disso, o valor justo não inclui custos de transação, que devem ser tratados conforme outras normas contábeis.
FORMA DE APURAÇÃO:
A apuração do valor justo, conforme Santos et al. (2022), visa determinar o preço de venda de um ativo ou a transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. A norma contábil estabelece que a técnica de mensuração é apenas um método, e o valor justo resulta das premissas utilizadas nas avaliações. Deve-se empregar técnicas apropriadas para estimar o preço da transação, priorizando dados observáveis e minimizando o uso de dados não observáveis, sempre considerando as condições de mercado atuais.
TÉCNICA DE AVALIAÇÃO:
A determinação do valor justo pode ser feita por meio de três abordagens principais: abordagem de mercado, abordagem de custo e abordagem de receita. A abordagem de mercado utiliza transações de ativos, passivos ou grupos de ativos e passivos semelhantes para determinar o valor. A abordagem de custo considera o valor necessário para substituir um ativo, levando em conta a obsolescência e o custo de reposição. Já a abordagem de receita usa o fluxo de caixa futuro esperado em uma negociação, empregando técnicas de valor presente. 
VALOR JUSTO E MARCAÇÃO A MERCADO:
https://www.youtube.com/watch?v=pmY516U_ybU&t=7s&ab_channel=V%C3%ADdeosSenacEAD
RESUMO PARA IDIOTA
O que é Valor Justo?
Imagina que você tem uma coleção de quadrinhos, e quer vender para um amigo. O valor justo seria o preço que ele pagaria se comprasse seus quadrinhos de você, mas sem pressa, em um mercado onde não existe pressão ou urgência. Ou seja, é o preço justo de um ativo, como uma casa ou uma máquina, que você pagaria por ele em uma venda que acontece nas condições normais do mercado, sem nenhuma forçação de lado. Esse preço não inclui custos extras, como taxas ou impostos, só o preço puro de venda ou compra, baseado nas condições de mercado no momento.
O que é Valor Presente?
Agora, imagine que você tem uma promessa de receber R$ 1.000 daqui a um ano. Mas, se você tivesse esse dinheiro agora, poderia fazer algo com ele, como investir ou gastar. O valor presente é basicamente o quanto esse R$ 1.000 no futuro vale hoje, considerando o tempo que falta para você receber e os juros ou a inflação. Como o valor do dinheiro muda com o tempo (pode ter mais valor hoje do que no futuro), o valor presente é uma forma de saber quanto um montante futuro vale no momento atual.
Como calcular?
Valor Presente: 
Você precisa de três coisas:
· Quanto você vai receber ou pagar no futuro.
· Quando esse pagamento vai acontecer.
· Qual a taxa de juros ou desconto aplicável
Por exemplo, se alguém promete pagar R$ 1.000 daqui a um ano, e a taxa de juros for 10%, esse valor no futuro vai ter menos valor hoje. A fórmula do valor presente vai calcular quanto esse R$ 1.000 realmente vale hoje, levando em conta esses 10%.
Valor Justo: Não precisa de uma fórmula complicada. Você só olha para o mercado. Se você quer vender sua bicicleta, o valor justo é o preço que outras pessoas estão dispostas a pagar por uma bicicleta igual à sua. Se você for comprar uma casa, o valor justo é o preço que outras casas similares estão sendo vendidas no mercado.
Quando usamos?
Valor Justo é usado quando precisamos saber quanto algo vale em um mercado, como no caso de uma empresa comprando ou vendendo um ativo (como um imóvel ou equipamento). Ele é importante em contabilidade, quando as empresas precisam calcular o valor de seus ativos para fins de relatório financeiro.
Valor Presente é usado quando estamos lidando com algo que vamos receber ou pagar no futuro, como um empréstimo, financiamento ou venda a prazo. Ele nos ajuda a entender quanto o valor futuro vale no presente.
Exemplos práticos
Valor Justo: Imagine que você quer vender seu celular. O valor justo seria o preço que outras pessoas estão dispostas a pagar por um celular igual ao seu em um mercado normal. Se a média é R$ 1.500,00, esse é o valor justo.
Valor Presente: Se você tem uma promessa de receber R$ 1.000 daquia um ano e os juros do mercado são de 10%, o valor presente seria menor do que R$ 1.000. Isso acontece porque, se você tivesse esse valor hoje, poderia usar esse dinheiro para ganhar mais, como investindo.
Implicações e por que isso importa?
Para Valor Justo, as empresas usam isso para garantir que seus ativos e passivos sejam contabilizados corretamente, sem exageros. Por exemplo, se uma empresa comprar um terreno, ela precisa usar o valor justo para saber quanto pagou e quanto vale no mercado.
Para Valor Presente, ele ajuda a saber o valor real de um fluxo de dinheiro que será recebido ou pago no futuro. No caso de financiamentos, o valor presente ajuda a entender se o valor que você paga ao longo do tempo é justo comparado com o valor atual.
Em resumo, o valor justo é o preço que algo tem no mercado, enquanto o valor presente nos ajuda a entender quanto um valor futuro vale hoje, levando em conta o tempo e os juros. Ambos são usados para garantir que as empresas e as pessoas tenham uma ideia clara e justa de quanto vale o que compram ou vendem, agora ou no futuro.
AULA 2
REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DOS ATIVOS
A gestão eficiente dos ativos é importante para manter as finanças saudáveis de uma empresa, e é preciso entender como recuperar o valor desses ativos, seguindo as regras e práticas atuais.
Os ativos podem ser recuperados de duas formas principais: usando-os nas operações da empresa ou vendendo-os. Cada forma exige uma estratégia para obter o máximo de valor e evitar perdas por desgaste ou obsolescência.
O teste de recuperabilidade (ou teste de impairment) serve para verificar se o valor de um ativo pode ser recuperado. Ele compara o valor registrado do ativo com o maior valor entre o que ele valeria no mercado (menos custos de venda) e o valor que ele pode gerar para a empresa. Se o valor registrado for maior, a empresa precisa registrar uma perda.
ATIVOS E SUAS FORMAS DE RECUPERAÇÃO: POR USO OU POR VENDA
Ativos podem ser recuperados de duas formas: pelo uso contínuo na operação da empresa ou pela venda no mercado. Para garantir que o valor registrado de um ativo seja realmente recuperável, é necessário realizar avaliações periódicas, conforme as normas contábeis. Quando o valor contábil de um ativo excede seu valor recuperável, deve-se registrar uma perda por impairment. O CPC 01 (R1) e a Lei nº 6.404/1976 orientam como aplicar o teste de recuperabilidade, que avalia o valor dos ativos com base em seu valor justo ou valor em uso. A depreciação e ajustes como provisões para créditos duvidosos também são formas de aplicar esse teste. Além disso, o conceito de Unidade Geradora de Caixa (UGC) é utilizado para determinar o valor de um ativo, considerando grupos de ativos que geram entradas de caixa de forma independente. O objetivo dessa prática é garantir que os ativos sejam apresentados de forma justa, aumentando a confiabilidade das demonstrações financeiras e permitindo decisões mais seguras por investidores e credores.
TESTE DE RECUPERABILIDADE (TESTE DE IMPAIRMENT)
O teste de recuperabilidade (ou impairment) verifica se o valor contábil de um ativo não é superior ao seu valor recuperável, ajustando-o caso necessário. O CPC 01 (R1) determina que o valor recuperável é o maior entre o valor justo líquido de despesas de venda e o valor em uso, que é calculado com base nos fluxos de caixa futuros do ativo. Caso o valor contábil exceda o recuperável, a diferença é reconhecida como uma perda no resultado. A avaliação de recuperação deve considerar evidências internas (como obsolescência ou danos ao ativo) e externas (como queda significativa no valor de mercado). Ativos intangíveis com vida útil indefinida e o goodwill precisam passar por teste anual, independentemente de indicativos de desvalorização. Além disso, as entidades devem revisar periodicamente se a perda por desvalorização ainda é válida, podendo reverter o impairment caso o valor do ativo tenha aumentado. As perdas e reversões devem ser devidamente informadas nas demonstrações financeiras.
Exemplo 1: Máquina de Produção
Suponha que uma empresa possua uma máquina de produção com valor contábil de R$ 300.000,00, mas devido a mudanças tecnológicas, ela se tornou menos eficiente. Após realizar o teste de recuperabilidade, a empresa estima que o valor justo líquido de venda da máquina (após despesas de venda) seria R$ 200.000,00, e o valor em uso, calculado com base nos fluxos de caixa futuros, é de R$ 220.000,00. Como o valor em uso é maior que o valor justo líquido, a empresa deve usar R$ 220.000,00 como valor recuperável. Assim, ela deve registrar uma perda de R$ 80.000,00 (R$ 300.000,00 - R$ 220.000,00) no resultado.
Exemplo 2: Imóvel Comercial
Uma empresa possui um prédio comercial registrado por R$ 1.000.000,00. Devido à recessão econômica, os preços dos imóveis na região caíram significativamente. O valor justo líquido de venda do imóvel, considerando custos com comissões e transporte, é R$ 950.000,00, enquanto o valor em uso, baseado nos fluxos de caixa futuros do aluguel do imóvel, é R$ 1.200.000,00. Como o valor em uso é maior, o valor recuperável será de R$ 1.200.000,00. Portanto, não há necessidade de registrar uma perda por impairment.
REVERSÃO DE PERDA POR RECUPERABILIDADE
VIDEO – 
Suponha que uma empresa tenha um ativo cujo valor histórico era de R$195.000,00 e que, no ano de 2022, já havia sido reconhecida uma perda por recuperabilidade de R$26.000,00, sendo que o valor líquido do ativo, nessa situação, era de R$169.000,00
No ano de 2022 ocorreu nova realização do teste de recuperabilidade. Dessa forma, foram definidos os valores em uso de R$156.000,00 e líquido de venda de R$208.000,00. Para definição do valor recuperável líquido, foi escolhido, entre o valor em uso e o líquido de venda, o maior, confirme CPC 01, assim, o valor de R$208.000,00 ficou definido como tal. 
Apesar do novo teste de recuperabilidade indicar um valor de R$208.000,00 par ao bem, ele não poderá ser reconhecido, já que configuraria uma reavaliação do bem, prática que, atualmente, é proibida no país. Assim, de acordo com motivos que indicam que a perda antes registrada já não se configura mais, deverá ocorrer a reversão até o valor recuperável, dede que não ultrapasse o valor contábil do bem, caso a perda não tivesse sido reconhecida. 
Com isso, observa-se que o valor contábil R$169.000,00 é menor que o recuperável de R$208.000,00, revertendo, assim a perda até o limite do valor contábil, ou os R$26.000,00 anteriormente constituídos como perda por recuperabilidade. 
O valor de R$26.000,00 deverá ser debitado em conta de ativo – perda por desvalorização, sendo que sua contrapartida, a crédito, deve ser feita na conta de resultado de reversão da perda por desvalorização. 
RESUMO PARA IDIOTA
O que são ativos?
Imagina que você tem uma empresa e compra várias coisas para ela funcionar, como máquinas, computadores ou até mesmo imóveis. Esses itens são chamados de ativos. Ativos são coisas que a empresa possui e que ajudam ela a ganhar dinheiro, como equipamentos, terrenos e até dinheiro que está guardado no banco.
Porém, com o tempo, esses ativos podem perder valor. Por exemplo, se uma máquina fica muito velha e não funciona tão bem, ou se o mercado para o qual você usava um equipamento desaparece. Então, é preciso verificar se os ativos ainda têm o valor que você pensava que eles tinham.
O que é o teste de recuperabilidade?
O teste de recuperabilidade (ou "impairment") serve para verificar se os ativos ainda valem a pena. Em outras palavras, ele ajuda a determinar se um ativo está com valor contábil (o valor registrado nos livros da empresa) maior do que o valor que a empresa conseguiria vender ou o valor que ela ainda pode usar para ganhar dinheiro.
Processo simplificado:
Valor Recuperável: Para saber se o ativo vale menos do que o registrado, você precisa calcular o valor recuperável. Esse valor pode ser de duas formas:
Valor Justo Líquido de Vendas: Quanto você conseguiria vender o ativo em um mercado, depois de tirar os custos da venda (comotaxas ou transporte).
Valor em Uso: Quanto você conseguiria ganhar de dinheiro com esse ativo no futuro, considerando o uso contínuo dele na empresa.
Comparação: Depois de calcular os dois valores, você compara o maior deles com o valor registrado do ativo. Se o valor registrado (contábil) for maior do que o valor recuperável, significa que o ativo perdeu valor e precisa ser ajustado.
Exemplo de como fazer o teste de recuperabilidade:
Imagina que você tem uma máquina em sua empresa. Vamos ver os dados:
Valor contábil da máquina: R$ 1.200.000 (esse é o valor que está nos livros da empresa, ou seja, o quanto a empresa pagou por ela, menos a depreciação).
Valor justo líquido de venda: R$ 800.000 (se você vendesse essa máquina agora, depois de descontar os custos, isso é o que receberia).
Valor em uso: R$ 900.000 (é o valor que você espera ganhar usando a máquina no futuro, descontando os custos dos próximos anos).
O valor recuperável é o maior valor entre o valor justo e o valor em uso, então nesse caso, seria R$ 900.000 (valor em uso).
Agora, você compara o valor recuperável (R$ 900.000) com o valor contábil (R$ 1.200.000). Como o valor contábil é maior, significa que a máquina perdeu valor, e você precisaria ajustar esse valor para o valor recuperável (R$ 900.000). Ou seja, a empresa teria que reconhecer uma perda de R$ 300.000.
Como fazer o lançamento contábil da perda?
Quando você reconhece essa perda, você registra ela nas contas da empresa. O lançamento contábil seria algo assim:
Débito: Despesa com perda por desvalorização (vai afetar o resultado da empresa) – R$ 300.000
Crédito: Perda estimada por valor não recuperável (vai diminuir o valor do ativo) – R$ 300.000
O que é a reversão de perda por desvalorização?
Às vezes, o ativo pode se valorizar de novo no futuro, ou seja, ele pode voltar a ter um valor maior. Quando isso acontece, você pode reverter a perda de desvalorização que foi feita no passado. Porém, essa reversão não pode ultrapassar o valor que o ativo teria se não tivesse sido desvalorizado.
Exemplo de reversão: Vamos imaginar que no futuro, a máquina que você desvalorizou volta a ter um valor maior, e o novo valor recuperável é agora de R$ 1.100.000. Isso significa que você pode reverter uma parte da perda, mas o máximo que você pode reverter é até o valor contábil original de R$ 1.200.000. Então, nesse caso, você poderia ajustar para R$ 1.100.000, mas nunca ultrapassar o valor que estava antes da desvalorização.
Para que serve esse processo?
O teste de recuperabilidade serve para garantir que a empresa tenha uma visão realista do valor de seus ativos. Caso contrário, ela pode acabar apresentando um valor de ativos maior do que realmente tem, o que pode afetar decisões de investidores, credores e até o planejamento da própria empresa.
O que é importante lembrar?
Todo ano a empresa deve testar se algum ativo perdeu valor.
Não pode manipular os valores. O teste precisa ser feito de forma realista, com base no que é possível de fato recuperar ou vender.
Se a perda for revertida (aumento do valor recuperável), a empresa pode ajustar o valor, mas não pode ultrapassar o valor original antes da perda.
Esse processo ajuda a manter as finanças da empresa em ordem e evita que ela se engane ao registrar ativos de valor excessivo.
AULA 3 – ARRENDAMENTOS E OUTROS CONTRATOS
A. CONCEITOS
1. Conceito de Arrendamento
· Contrato que transfere o direito de uso de um ativo (ativo subjacente) por um período determinado.
· Exige uma contraprestação (pagamento) pelo uso do ativo.
2. Tipos de Arrendamento
· Arrendamento Financeiro: Transfere substancialmente os riscos e benefícios do ativo para o arrendatário.
· Arrendamento Operacional: Não há transferência substancial dos riscos e benefícios.
3. Elementos do Arrendamento
· Ativo Subjacente: Bem envolvido no contrato de arrendamento.
· Arrendatário: Quem utiliza o ativo subjacente, pagando por seu uso.
· Arrendador: Quem cede o direito de uso do ativo ao arrendatário.
· Ativo de Direito de Uso: Direito do arrendatário de utilizar o ativo subjacente durante o contrato.
4. Subarrendamento
· O arrendatário pode repassar o ativo subjacente a um terceiro.
· Pode ser proibido por cláusula contratual, mas permitido se acordado entre as partes.
5. Valor Justo
· Preço pelo qual um ativo pode ser trocado ou liquidado em uma transação de mercado.
· Usado para contabilização do arrendamento, conforme normas vigentes.
B. TRATAMENTO CONTÁBIL NO ARRENDATÁRIO
Reconhecimento e Mensuração Inicial
· No momento da assinatura do contrato, o arrendatário deve reconhecer um ativo de direito de uso e um passivo de arrendamento.
· O valor inicial do ativo deve ser baseado no custo, que inclui: 
· Mensuração inicial do passivo.
· Pagamentos realizados antes do início do contrato.
· Custos diretos adicionais.
· Incentivos de arrendamento recebidos, se houver.
· O passivo representa o valor presente dos pagamentos futuros, considerando a taxa de juros contratual.
Mensuração Subsequente
· O ativo de direito de uso deve ser depreciado durante a sua vida útil ou até o final do contrato, dependendo da existência de opção de compra.
· O teste de recuperabilidade (CPC 01 – R1) deve ser realizado para verificar se o ativo não está desvalorizado.
Exemplo Prático
Uma empresa arrenda uma máquina produtiva por 5 anos, pagando R$ 12.000 por ano, com taxa de juros de 12% a.a. e um valor residual de R$ 2.400. O cálculo do valor presente dos pagamentos resulta em R$ 44.619,14.
Lançamentos Contábeis:
· Ativo: Direito de uso da máquina – R$ 44.619,14
· Passivo circulante: Arrendamento a pagar – R$ 12.000,00
· Passivo circulante (juros a transcorrer): R$ 1.285,71
· Passivo não circulante: Arrendamento a pagar – R$ 50.400,00
· Passivo não circulante (juros a transcorrer): R$ 16.495,15
Exceções à Regra
· Arrendamentos de curto prazo (até 12 meses) e ativos de baixo valor (exemplo: notebooks, telefones) podem ser contabilizados diretamente como despesas no resultado do período, sem reconhecer o ativo de direito de uso e o passivo de arrendamento.
C. TRATAMENTO CONTÁBIL NO ARRENDADOR
1. Classificação dos Arrendamentos pelo Arrendador
O arrendador deve classificar o arrendamento como:
· Arrendamento financeiro → Quando os riscos e benefícios da propriedade do ativo são transferidos ao arrendatário.
· Arrendamento operacional → Quando o arrendador mantém os riscos e benefícios da propriedade.
2. Arrendamento Financeiro
· O ativo arrendado é registrado como um valor a receber, equivalente ao investimento líquido do contrato.
· O valor presente dos recebíveis deve ser calculado utilizando a taxa de juros do contrato.
· Itens considerados como recebíveis: 
· Pagamentos fixos e variáveis do arrendamento.
· Garantias de valor residual.
· Opção de compra, caso o arrendatário demonstre intenção de adquiri-lo.
· A receita financeira deve ser reconhecida ao longo do contrato, refletindo uma taxa de retorno constante sobre o investimento líquido.
· Se houver perda por redução ao valor recuperável, o arrendador deve seguir o CPC 48 (Instrumentos Financeiros) e fazer os ajustes necessários.
Se o arrendador decidir vender o ativo durante o contrato, deve seguir as regras do CPC 31 (Ativo Mantido para Venda).
3. Arrendamento Operacional
· A receita do arrendamento é reconhecida de forma linear ao longo do contrato (ou outro método sistemático, se justificado).
· Custos do ativo (como depreciação e custos diretos iniciais) devem ser contabilizados como despesas ao longo do contrato.
· O arrendador deve aplicar o CPC 01 (Redução ao Valor Recuperável de Ativos) para avaliar perdas.
· Não há reconhecimento de ganho na venda do ativo, pois o arrendamento operacional não representa uma venda efetiva.
4. Exemplo Prático
Contrato de Arrendamento Operacional:
· Arrendadora: Arrenda Mais Ltda.
· Arrendatária: ABC S.A.
· Início: 01/01/2024
· Duração: 3 anos
· Valor mensal: R$ 10.000
· Sem valor residual garantido
· Vida útil do ativo: 10 anos
· Valor justo: R$ 400.000
· Custos diretos iniciais: R$ 20.000
Lançamentos Contábeis:📌 Recebimento do pagamento mensal:
📅 31/01/2024 e meses seguintes
· D – Caixa/Bancos (Ativo) R$ 10.000
· C – Receita de Arrendamento Operacional (Receita) R$ 10.000
📌 Amortização do custo direto inicial:
📅 31/01/2024 e meses seguintes
· Despesa mensal: R$ 20.000 ÷ 36 = R$ 555,56
· D – Despesa de Amortização (Despesa) R$ 555,56
· C – Custo Direto Inicial (Ativo) R$ 555,56
💡 Conclusão: O arrendador reconhece mensalmente a receita do arrendamento operacional e amortiza proporcionalmente os custos iniciais, garantindo que as informações financeiras sejam fidedignas ao longo do contrato.
D. TRANSAÇÕES DE VENDA E RETROARRENDAMENTO (LEASEBACK)
1. O que é Leaseback?
O leaseback é uma operação onde uma empresa vende um ativo e o aluga de volta do comprador.
· Objetivo: Gerar caixa mantendo o uso do ativo.
· Contrato: Normalmente prevê a recompra ao final do arrendamento.
· Partes envolvidas: 
· Vendedor-arrendatário → Vende o ativo e o aluga de volta.
· Comprador-arrendador → Compra o ativo e o aluga ao vendedor.
Para a contabilização correta, deve-se determinar se a transferência do ativo é uma venda legítima ou não.
2. Transferência é uma Venda
Se a operação for caracterizada como venda, os registros contábeis devem seguir os seguintes passos:
🔹 No vendedor-arrendatário:
· O ativo de direito de uso deve ser mensurado proporcionalmente ao valor contábil do ativo anterior.
· Deve reconhecer ganho ou perda na transferência.
🔹 No comprador-arrendador:
· Contabiliza a aquisição do ativo como ativo imobilizado.
· Registra a operação de arrendamento seguindo o CPC 06 (R2).
🔹 Ajustes de valor justo:
Se o preço da venda for diferente do valor justo do ativo ou se os pagamentos de arrendamento estiverem fora das taxas de mercado:
· Abaixo do mercado → Considera-se pagamento antecipado de arrendamento.
· Acima do mercado → Reconhece-se como financiamento adicional fornecido pelo comprador ao vendedor.
3. Transferência Não é uma Venda
Se a operação não configurar uma venda conforme o CPC 06 (R2):
· Não há reconhecimento de ganho ou perda.
· Apenas as estruturas de ativo e passivo são afetadas.
🔹 No vendedor-arrendatário:
· Mantém o ativo transferido em sua contabilidade.
· Reconhece um passivo financeiro, pois ainda detém a obrigação de pagamentos.
· Segue o CPC 48 – Instrumentos Financeiros.
🔹 No comprador-arrendador:
· Não reconhece o ativo transferido como imobilizado.
· Reconhece um ativo financeiro correspondente ao fluxo de pagamentos do leaseback.
4. Impacto de Reformas nas Taxas de Juros
Se houver mudanças em índices de referência usados para corrigir valores (ex.: IGP-M):
· O arrendatário deve reavaliar o passivo de arrendamento.
· O cálculo deve ser atualizado com um novo índice de mercado.
🔹Exemplo:
Se um contrato estiver corrigido pelo IGP-M e esse índice for alterado ou extinto, o arrendatário precisa recalcular os pagamentos futuros com base no novo índice.
Conclusão
O leaseback é uma estratégia para gerar liquidez sem perder o uso do ativo.
· Se a transferência for considerada venda, há reconhecimento de ganhos ou perdas.
· Se não for uma venda, apenas há ajustes nos ativos e passivos.
· Mudanças nos índices de correção podem exigir revisão dos passivos do arrendamento.
Reconhecimento do arrendamento
https://www.youtube.com/watch?v=0Al3v70TzJ8&ab_channel=V%C3%ADdeosSenacEAD 
image5.png
image1.png
image2.png
image3.png
image4.png

Mais conteúdos dessa disciplina