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1 2 Sandro Trindade Benites Secretário Municipal de Saúde Rosana Leite de Melo Secretária Adjunta Ana Paula Gonçalves de Lima Resende Superintendência da Rede de Atenção à Saúde Glória de Araújo Pereira Coordenadoria da Rede de Atenção Básica Elaboração Técnica Ester Marcele Ferreira Melo – Gerente Técnica de Saúde da Criança Karine Gomes Jarcem – Gerente Técnica da Saúde da Mulher Thamires Panferro de Carvalho – Gerente Técnica da Saúde do Homem Colaboradores Ellen Sabino de Oliveira – Supervisora da Divisão de Atenção Programáticas e Estratégicas Leika Aparecida Ishiyama Geniole–Supervisora Médica Coordenadoria da Rede de Atenção Básica Ramses de Barros Farias - Assessor Técnico da Coordenadoria da Rede de Atenção Básica 3 Sumário 1. Princípios básicos do cuidado pré-natal ............................................................................ 4 2. Diagnóstico de gestação ...................................................................................................... 5 3. Calendário de consultas e exames ...................................................................................... 5 4. Solicitação dos exames de rotina de pré-natal .................................................................. 6 5. Classificação de Risco Gestacional .................................................................................... 9 6. A urgência na gestação ..................................................................................................... 10 7. Primeira consulta da gestante .......................................................................................... 11 8. Calendário Vacinal para gestante .................................................................................... 13 9. Fluxo da atenção na Rede de Atenção à Saúde ............................................................... 14 10. Síndromes Hipertensivas gestacionais ............................................................................. 16 11. Classificações e definições sobre hipertensão ................................................................. 17 12. Profilaxia da Pré-Eclâmpsia no Pré-Natal ...................................................................... 17 13. Pré-natal do parceiro ........................................................................................................ 23 14. Orientações Importantes .................................................................................................. 24 15. Referências ......................................................................................................................... 25 16. Anexos ................................................................................................................................ 26 16.1. Mapa de vinculação da APS ..................................................................................... 26 16.2. Mapa de vinculação da gestação de Alto Risco ...................................................... 27 4 1. Princípios básicos do cuidado pré-natal • Os profissionais da APS realizam o pré-natal de baixo risco, provendo cuidado contínuo no decorrer da gravidez. Os serviços de atenção secundária e/ou terciária devem ser envolvidos apenas quando se faz necessário cuidado adicional, e a gestante deve permanecer em acompanhamento pela APS, independente do local onde estiver sendo cuidada (rede especializada, terciária ou rede privada). • Todos os membros da equipe devem envolver-se no cuidado à gestante. Idealmente, as consultas devem ser alternadas entre médico e enfermeiro, e os agentes comunitários de saúde (ACS) devem realizar visitas domiciliares mensais à gestante. • O Ministério da Saúde (MS) recomenda um número mínimo de seis consultas intercaladas entre médicos e enfermeiros, e o risco gestacional deve ser reavaliado a cada encontro. • O acompanhamento deve ser iniciado precocemente no primeiro trimestre, sendo este um indicador de qualidade do cuidado pré-natal. A cada consulta: avaliar queixas, avaliar risco, verificar pressão arterial (PA), altura uterina, peso, batimentos cardiofetais (BCF), exames solicitados e a solicitar, tratamentos instituídos e sua adesão. Realizar registro da consulta no ESUS-PEC com todas as informações verificadas na consulta. • Não existe alta do pré-natal, o acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puerperal encerra-se apenas após a realização de pelo menos uma consulta puerperal. O seguimento poderá ser prolongado se forem observados riscos nesse período evitando reinternação no pós-parto (como hipertensão e/ou diabetes gestacional). • Os registros da assistência no pré-natal devem ser completos com todas as informações contidas no prontuário e no cartão da gestante, para garantir a continuidade do cuidado. 5 2. Diagnóstico de gestação O sintoma mais comumente identificado para a suspeição de gravidez é o atraso menstrual. Outros sintomas e sinais comuns ou específicos podem compor o quadro, possibilitando a confirmação da Gestação. 3. Calendário de consultas e exames 6 4. Solicitação dos exames de rotina de pré-natal 7 8 9 5. Classificação de Risco Gestacional O sintoma mais comumente identificado para a suspeição de gravidez é o atraso menstrual. Outros sintomas e sinais comuns ou específicos podem compor o quadro, possibilitando a confirmação da Gestação. Com apoio da equipe da AAE, quando necessário. APS: Atenção Primária à Saúde; AAE: Atenção Ambulatorial Especializada 10 6. A urgência na gestação As ocorrências de morte materna, fetal e infantil estão, em grande parte, relacionadas a complicações das morbidades preexistentes ou identificadas durante a gestação. Assim, a equipe de saúde deve estar atenta e pronta para identificar precocemente os sinais e sintomas dessas complicações, e estabelecer a conduta adequada, o que inclui a valorização das queixas apresentadas pela gestante, mesmo que aparentemente não tenham repercussão clínica, e a vigilância redobrada para as mulheres com maior vulnerabilidade e menor capacidade de percepção da própria situação de saúde. 11 - Pack Adulto Brasil 7. Primeira consulta da gestante A primeira avaliação da gestante deve ser integrada e abranger avaliação clínica, exames complementares, identificação e investigação de fatores de risco. Preferencialmente, deve ser organizada com a lógica da atenção contínua, sendo realizadas avaliações individuais sequenciais pelo médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, ACS, dentista e outros profissionais da equipe, seguindo-se com a discussão de caso e a elaboração do plano de cuidados e autocuidado. É assegurado à gestante o direito de levar um acompanhante de sua escolha nas consultas (companheiro, mãe, amiga ou outra pessoa). Toda gestante deve ter seu acesso facilitado em qualquer unidade de saúde, atendendo a portaria da Rede Cegonha todos os serviços são porta aberta (APS, UPAS, CRS e maternidades). 12Fonte: FEBRASGO 13 8. Calendário Vacinal para gestante Fonte: Programa Nacional de Imunização.MS, 2023. 14 Observação importante: Para cada vacina, deve-se avaliar a caderneta/cartão de vacinação apresentada no momento (data da última dose de vacina registrada e número de doses recebidas anteriormente) e a idade do indivíduo, identificando a necessidade de iniciar/completar o esquema de vacinação ou realizar os reforços. Portanto, não precisa reiniciar o esquema de vacinação caso o adulto, por exemplo, apresente, no ato da vacinação, o registro de doses recebidas em qualquer idade e ciclo de vida. 9. Fluxo da atenção na Rede de Atenção à Saúde A continuidade do cuidado é um dos princípios que deve ser garantido à gestante durante todo o ciclo gravídico puerperal. As equipes da APS e AAE devem atuar como uma única equipe, “falando a mesma língua”, com relação aos critérios de manejo recomendados pelas diretrizes clínicas e os instrumentos pactuados, e com canais de comunicação e apoio recíproco, ágeis e úteis, para uma gestão compartilhada do cuidado da gestante. Em anexo verificar o MAPA de vinculação de baixo risco da APS. A Resolução CIB 126/2022 aprova a Grade de referência de ambulatorial de alto risco e assistências de alto risco no município de Campo Grande de acordo com a capacidade de atendimento e especialidade de cada maternidade. 15 16 10. Síndromes Hipertensivas gestacionais As síndromes hipertensivas são a intercorrência clínica mais comum da gestação e representam a principal causa de morbimortalidade materna no mundo. A maioria das mortes por pré-eclâmpsia e eclâmpsia é evitável através de cuidado efetivo às mulheres com essas complicações. As mulheres negras são as mais afetadas pela pré-eclâmpsia, as que mais apresentam desfechos perinatais desfavoráveis e as mais atingidas pela mortalidade materna. Não se trata apenas de alguma predisposição genética. A negligencia ao olhar para as estruturas às quais essas mulheres estão inseridas, e todos os determinantes sociais em saúde com indicadores sociais desastrosos, direciona a uma trajetória marcada pelo racismo institucionalizado que distancia essas mulheres de uma atenção à saúde de qualidade. A terapia anti-hipertensiva não previne pré-eclâmpsia ou os desfechos perinatais adversos associados, mas diminui à metade da incidência de desenvolvimento de hipertensão grave. 17 11. Classificações e definições sobre hipertensão 12. Profilaxia da Pré-Eclâmpsia no Pré-Natal 18 Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ 19 Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ 20 Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ 21 Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ 22 Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/prevencao-da-eclampsia-o-uso-do-sulfato-de-magnesio/ 23 13. Pré-na tal do parceiro No que diz respeito aos exames e aos procedimentos de rotina, sugerimos os seguintes: Anamnese e exame físico; Tipagem sanguínea e fator RH (no caso da mulher ter RH negativo); Pesquisa de antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg); Teste treponêmico e/ou não treponêmico para detecção de sífilis; 24 Pesquisa de anticorpos anti-HIV; Pesquisa de anticorpos do vírus da hepatite C (anti-HCV); Em caso de sintomas presentes, testagem para covid-19; Hemograma; Lipidograma: dosagem de colesterol total, HDL e triglicerídeos; Dosagem de glicemia de jejum; Eletroforese da hemoglobina (para detecção da doença falciforme); Aferição de pressão arterial; Verificação de peso e altura para cálculo de IMC (índice de massa corporal). 14. Orientações Importantes 1. Seguir a ferramenta de manejo clínico Pack Brasil Adulto; 2. Orientar sobre a importância do pré-natal; 3. A gestante deve ser informada sobre os objetivos e a importância do pré-natal; 4. O número de consultas e a forma de agendamento devem ser pactuados com as gestantes. A recomendação do MS é garantir no mínimo 06 consultas à gestante; a primeira deve ocorrer no 1º trimestre; duas no segundo e três no terceiro trimestre da gestação (BRASIL, 2006); 5. Recomenda-se a realização de consultas mensais até o 7º mês, passando, então, a quinzenais no 8º mês e semanais no último mês, totalizando 12 consultas durante a gestação; 6. Recomenda-se no mínimo uma consulta com a equipe de saúde bucal preferencialmente no segundo trimestre; 7. Incentivar a participação do pai no pré-natal, no parto e nos cuidados com o recém- nascido. Segundo recomendação da OMS, o cuidado pré-natal precisa ser estendido para o casal e para a família, não se restringindo apenas ao cuidado da mulher e do seu filho (BRASIL, 2021); 8. Orientar a mãe sobre mudanças físicas e psicológicas que ocorrem na gestação e procurar identificar a presença de depressão; 9. Incentivar atividade física habitual e ginástica orientada, evitando exercícios violentos; 10. Orientar sobre os sinais de trabalho de parto e o tipo de parto, estimulando o parto vaginal; 11. Estimular e orientar como realizar uma visita à maternidade A gestante tem direito, garantido por lei (Lei nº 11.108, de 7/04/2005, regulamentada pela Portaria GM 2.418, de 2/12/2005), a acompanhante de sua escolha durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto; 12. Orientar sobre a importância da consulta de puerpério e os cuidados com o recém- nascido; 13. Realizar aulas de primeiros socorros com foco na primeira infância abordando no mínimo engasgamento, aspiração de corpo estranho e prevenção de morte súbita conforme Lei nº 7.126 de 06/10/2023 preferencialmente para ambos os genitores. 25 15. Referência s Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Gestação de Alto Risco [recurso eletrônico] / High- risk pregnancy manual. 1ª edição – 2022 – versão preliminar. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. BRASIL. PACK Brasil Adulto: Kit de cuidados em Atenção Primária - Ferramenta de manejo clínico em Atenção Primária à Saúde, 2020. Portaria MS/GM nº 2.418, de 02-12-2005 - Regulamenta, em conformidade com o art. 1º daLei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, a presença de acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde - SUS. RIO GRANDE DO SUL. Guia de pré-natal da Atenção Básica. Porto Alegre: Secretária de Estado da Saúde/RS, 2018. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria deAtenção Primária à Saúde. Departamento de Gestão do Cuidado Integral. Atenção Primária à Saúde. Departamento de Gestão do Cuidado Integral. Guia do pré-natal do parceiro para profissionais de saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2023. RESOLUÇÃO CIB No 126/CIB/SES. Aprovar as decisões da Comissão Intergestores Bipartite. Campo Grande 25 de agosto de 2022. Nota Técnica Para Organização Da Rede De Atenção À Saúde Com Foco Na Atenção Primária À Saúde E Na Atenção Ambulatorial Especializada – Saúde Da Mulher Na Gestação, Parto E Puerpério. /Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2019. The FIGO Textbook of Pregnancy Hypertension: An evidence-based guide to monitoring, prevention and management. Edited by: Laura A. Magee MD, FRCPC, FACP Peter von Dadelszen MBChB, DPhil, FRANZCOG William Stones MD, FRCOG Matthews Mathai MD, PhD, FRCOG. ISBN: 978-0-9927545-5-6. World Health Organization (WHO). Recommendations for Prevention and treatment of pre- eclampsia and eclampsia. Recomendações da OMS para a Prevenção e tratamento da pré- eclâmpsia e da eclampsia. 2011. Souza, J. and on behalf of the WHO Multicountry Survey on Maternal and Newborn Health Research Network (2014), The World Health Organization Multicountry Survey on Maternal and Newborn Health project at a glance: the power of collaboration. BJOG: Int J Obstet Gy, 121: v– viii. doi:10.1111/1471-0528.12690 Hofmeyr GJ, Lawrie TA, Atallah ÁN, Duley L, Torloni MR. Calcium supplementation during pregnancy for preventing hypertensive disorders and related problems. Cochrane Database of Systematic Reviews 2014, Issue6. Art. No.: CD001059. DOI: 10.1002/14651858.CD001059.pub4. Rolnik, Daniel L. et al. Aspirin versus placebo in pregnancies at high risk for preterm preeclampsia. New England Journal of Medicine, v. 377, n. 7, p. 613-622, 2017. Moore GS, Allshouse AA, Post AL, Galan HL, Heyborne KD. Early initiation of low-dose aspirin for reduction in preeclampsia risk in high-risk women: a secondary analysis of the MFMU High-Risk Aspirin Study. 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