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Ordem dos Advogados do Brasil 1º Simulado – Exame XXXII 62 Durante um baile funk, Gil, 19 anos, conhece Karol. Dan- çam e ingerem bebidas alcoólicas na festa e, na mesma noite, vão para um motel e mantém relações sexuais. No dia seguinte, Gil é surpreendido pela chegada de Policiais Militares no motel, que realizam sua prisão em flagrante, informando que Karol tinha apenas 13 anos. Gil, então, é encaminhado à Delegacia e, ao prestar es- clarecimentos, disse desconhecer a idade de Karol e que acreditava ser ela maior de idade, devido ao seu porte físico e pelo fato de que era proibida a entrada de meno- res de 18 anos no baile funk. Diante da situação narrada, Gil agiu em (A) erro de tipo essencial, tornando a conduta atípica. (B) erro sobre a pessoa, devendo ser condenado como se tivesse praticado o crime de estupro contra uma moça maior de 18 anos. (C) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a pu- nição pelo crime de estupro de vulnerável culposo. (D) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da ilicitude. 63 No dia 15 de fevereiro de 2017, Morgana, nascida em 17 de fevereiro de 1999, realiza disparos de arma de fogo contra Matusalém, seu inimigo, na rua principal da pa- cata cidade do interior em que moram. No momento do crime, várias pessoas partem em socorro de Matusalém, que é levado à Santa Casa do município vizinho. Após duas cirurgias e cinco dias de internação, Matusalém falece no hospital, em virtude dos disparos efetuados por Morgana. Com a intenção de obter aconselhamento jurídico, a família de Morgana te procura. Com base na situação narrada, é correto afirmar que a moça: (A) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a teoria do resultado para definir o momento do crime. (B) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a teoria da ubiquidade para definir o momento do crime. (C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a teoria da atividade para defi- nir o momento do crime e o homicídio se consumou quando Morgana já tinha completado 18 anos. (D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a teoria da atividade para definir o momento do crime. Morgana praticou ato infracional análogo ao homicídio e poderá ser sub- metida a medida socioeducativa, nos termos do Es- tatuto da Criança e do Adolescente. DIREITO PROCESSUAL PENAL LORENA OCAMPOS 64 Após ministrar uma aula no Gran Cursos em 03/05/2020, a professora Michelle dirigiu-se ao estacionamento e encontrou, em seu carro, um bilhete anônimo, em que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2020, Michelle encontrou um dos professores, João Pedro, que lhe confessou a autoria do bilhete, ressaltando que Gus- tavo e Rogério também estavam envolvidos na ofensa. Michelle, em 17/11/2020, procurou seu advogado, apre- sentando todas as provas do crime praticado, manifes- tando seu interesse em apresentar queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso, o advogado da ofendida, após receber procuração com poderes espe- ciais, apresenta, em 14/12/2020, queixa-crime em face de João Pedro, Gustavo e Rogério, imputando-lhes a prá- tica dos crimes de injúria. Após o recebimento da queixa-crime pelo Magistrado, Michelle se arrependeu de ter buscado a responsabili- zação penal de João Pedro, tendo em vista que somente descobriu a autoria do crime em decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de João Pedro, informa seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado criminalmente e o convida para a festa de aniversário de seu filho, sendo a conversa toda registrada em mídia audiovisual. Considerando as informações narradas, é correto afir- mar que o(a) advogado(a) dos querelados poderá(ão) (A) buscar a extinção da punibilidade de João Pedro, mas não de Gustavo e Rogério, em razão da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por Michelle. (B) buscar a extinção da punibilidade dos três querela- dos, diante da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por Michelle, que poderá ser ex- presso ou tácito. (C) questionar o recebimento da queixa-crime, com fun- damento na ocorrência de decadência, já que ofere- cida mais de seis meses após a data dos fatos. (D) buscar a extinção da punibilidade dos três querela- dos, caso concordem, diante do perdão oferecido a João Pedro por parte de Michelle, que deverá ser es- tendido aos demais coautores.