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FACULDADE DE ENSINO DE MINAS GERAIS

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FACULDADE DE ENSINO DE MINAS GERAIS
UNIDADE VENDA NOVA– MG
IGOR SEVERINO XAVIER 
JOÃO JAQUES
LEDA CRISPINA ALVES
LUCIENE
OTAVIO A. VIEIRA
OTACILIO LIMA 
ROSANA
ECAD
Trabalho de Direito Civil da Faculdade de Ensino de Minas Gerais
Sala 10 – Direito – 1º Período
Professor: Leandro
BELO HORIZONTE MG
 SETEMBRO DE 2015
História:
O Brasil, na época colonial, encontrava-se subordinado à legislação portuguesa, cuja Constituição de 1838 garantia aos inventores a propriedade das suas descobertas e aos escritores a de seus escritos, pelo tempo e na forma que a lei determinasse.
Com a independência brasileira e a partir das Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e da Emenda Constitucional de 1969, o direito autoral em nosso país passou a ser expressamente reconhecido. A Emenda Constitucional n.º 1/69 assim determinava: “aos autores de obras literárias, artísticas e científicas pertence o direito exclusivo de utilizá-las. Esse direito é transmissível por herança, pelo tempo que a lei fixar”.
No caso dos direitos autorais relativos às obras musicais, foram os próprios compositores que lutaram para a criação de uma normatização para a arrecadação e distribuição dos direitos autorais por execução pública musical. Eles perceberam que havia a necessidade de se organizarem para serem remunerados pelas suas criações, que eram utilizadas sem permissão, em qualquer local público.
No Brasil, as sociedades de defesa de direitos autorais surgiram no início do século XX. Estas associações civis, sem fins lucrativos, foram na sua maioria fundadas por autores e outros profissionais ligados à música, e tinham como objetivo principal defender os direitos autorais de execução pública musical de todos os seus associados.
Já em 1917, foi fundada a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (que posteriomente passou a se chamar Sociedade Brasileira de Autores) - SBAT, que no início era integrada somente por autores de teatro, mas que, com o passar do tempo, também permitiu a associação de compositores musicais.
Em 1973, em razão da promulgação da Lei de Direitos Autorais, Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, surgiu o Ecad, que passou a centralizar toda a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, além de toda a documentação necessária para o perfeito desenvolvimento do processo.
	
Ressalta-se, portanto, que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - Ecad, previsto na lei de direitos autorais, é patrimônio dos titulares de música, patrimônio este administrado pelas associações de gestão coletiva musical.
De acordo com a Lei Federal 9.610/98, somente o autor tem o direito de utilizar, fruir e dispor de sua obra, bem como autorizar ou proibir a sua utilização por terceiros, no todo ou em parte, por qualquer meio ou processo. Por esse motivo, promotores de shows/eventos, rádios, TVs, exibidores cinematográficos, estabelecimentos comerciais que façam a sonorização do ambiente através de rádio, TV, CDs e DVDs, entre outros, devem pagar direitos autorais pelas músicas que são utilizadas publicamente.
Toda pessoa ou empresa que utiliza músicas publicamente deve solicitar uma autorização ao Ecad. Essa autorização deve ser solicitada previamente ao uso da música e é fornecida através do pagamento da retribuição autoral, após quitação do boleto bancário emitido pelo Ecad.
Dos valores arrecadados, 80% são repassados aos titulares filiados e 6,89% às associações integrantes para as suas despesas operacionais. Ao Ecad, são destinados os 13,11% restantes para a administração de suas atividades em todo o Brasil.
 
O Ecad distribui os valores arrecadados para as associações para que estas realizem o devido repasse dos valores aos seus artistas filiados.
 
Para que os artistas possam receber seus direitos autorais de execução publica musical são necessárias algumas regras básicas:
ser filiado a uma das 9 associações que compõem o Ecad;
ter o repertório musical cadastrado e constantemente atualizado na sua associação;
ter a música executada e captada pelo Ecad;
o usuário onde a música foi executada deve pagar direitos autorais ao Ecad;
a rádio onde a música tocou deve enviar as planilhas com a sua programação musical ao Ecad;
no caso de shows, o organizador/promotor deve enviar ao Ecad o roteiro com as músicas tocadas durante o evento
O Ecad é responsável apenas pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, não sendo de sua competência a autorização para gravação, regravação ou utilização de obras musicais de titulares em suportes materiais; tampouco o combate à pirataria de CDs e DVDs (cuja responsabilidade é da ABPD - Associação Brasileira dos Produtores de Disco - e da Polícia Federal); bem como as  questões relativas à profissionalização do músico e divulgação de obras musicais em veículos de comunicação, tais como rádio, TV, internet e outros também não fazem parte das atribuições do Ecad.
Existem diversos tipos de direitos relacionados à exploração das obras musicais e dos fonogramas. Alguns desses direitos são exercidos diretamente por seus titulares, outros são geridos coletivamente.
• Direito de inclusão ou de sincronização – autorização para que uma obra musical ou fonograma faça parte da trilha sonora de uma produção audiovisual (filmes, novelas, peças publicitárias, programação de emissoras de televisão) ou de uma peça teatral. Quando se trata do uso apenas da obra musical executada ao vivo, a administração é da editora musical, quando se trata da utilização do fonograma, a administração é da editora e da gravadora.
 
• Direito de edição gráfica – partituras musicais impressas. Geralmente exercido pelos autores diretamente ou por suas editoras musicais;
 
• Direito fonomecânico – exploração comercial de músicas gravadas em suporte material (CD, DVD, LP etc). Exercido pelas editoras musicais e pelas gravadoras.  
• Direito de representação pública – relaciona-se à exploração comercial de obras teatrais em locais de frequência coletiva. Se essas obras teatrais tiverem uma trilha sonora, a autorização para a execução da trilha deverá ser obtida junto ao Ecad.
Pioneira:
 
Chiquinha Gonzaga foi uma das responsáveis, no Brasil, pelo movimento de defesa dos direitos autorais. Cada vez que suas obras musicais eram executadas nos teatros, ela considerava justo receber uma parcela do que era arrecadado, pois entendia que sua música era tão importante e gerava tanto sucesso quanto o texto apresentado. Foi ela quem fundou a primeira sociedade de autores de obras teatrais.
Jurisprudencia TJ MG:
1.0040.15.006451-3/001(1)
0667733-72.2015.8.13.0000
Relator: Des.(a) MÁRCIA DE PAOLI BALBINO
Data da decisão: 21/08/2015
Data da publicação: 25/08/2015
Decisão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0040.15.006451-3/001 - COMARCA DE ARAXÁ - AGRAVANTE(S): TAUA GRANDE HOTEL DE ARAXA E TERMAS LTDA - AGRAVADO(A)(S): ESCRITORIO CENTRAL ARRECADAÇÃO DISTRIBUIÇÃO
DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
DECISÃO MONOCRÁTICA
RELATÓRIO:
Tauá Grande Hotel de Araxá e Termas Ltda interpôs recurso de agravo de instrumento em razão da decisão de f. 178/181-TJ, prolatada nos autos da ação cominatória c/c perdas e danos ajuizada em seu desfavor pela agravada, ECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, em que o MM. Juiz deferiu o pedido de tutela antecipada formulado pela ora agravada, determinando que a agravante se abstivesse de transmitir qualquer obras musicais, lítero-musicais e fonogramas sem a autorização da agravada e sem o correspondente recolhimento das retribuições autorias, sob pena de multa diária de R$2.000,00, limitada em 30 dias.
A agravante alega que a cobrança de diretos autorais pela disponibilização de equipamentos de televisão em quartos de hotel não é devida porque de uso exclusivo dos hóspedes. Aduz que a incidência de cobrança de direitos autorias e multa em ambientes particulares é vedada e que os quartos de hotéis não consistem em"local de freqüência coletiva", nem são equiparados às demais áreas comuns do estabelecimento a ensejar o pagamento referente a direitos autorais pela execução de obras musicais, lítero-musicais e de fonogramas. Sustenta que Lei 11.771/2008 (Lei Geral de Turismo) conceitua quarto de hotel como unidade de frequencia individual e de uso exclusivo do hóspede e que a Lei 9.610/98, prevê o pagamento de direitos autorias apenas quando se tratar de execução pública de obras. Pede o efeito suspensivo e o provimento de seu recurso para que seja reformada a decisão agravada e, em eventualidade, caso mantida a liminar, pede autorização para realização de depósito nos autos no valor estimado de R$1.000,00 por entender que o valor cobrado pela agravada é discutível, permitindo-se a utilização de aparelhos de televisão dentro dos seus quartos.
É o relatório.
DECISÃO:
Conheço do recurso porque tempestivo, próprio e por ter contado com o preparo de f. 188-TJ.
Ressalto que, embora a decisão recorrida tenha sido prolatada após a vigência da Lei 11.187/2005, tenho que o agravo, na forma de instrumento, deve ser admitido porque a decisão recorrida, em tese, contém potencial lesivo à parte, conforme nova redação do caput do art. 522 do CPC.
Analisando os termos do recurso, tenho que não assiste razão aos agravantes e passo à decisão com base no art. 557, caput, do CPC, que dispõe:
"Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior."
Pois bem. No caso, a ora agravada, ECAD, ajuizou ação cominatória c/c perdas e danos contra a ora agravada, Tauá Grande Hotel de Araxá e Termas Ltda (cópia da inicial às f. 33/25-TJ), alegando que a ré não obteve prévia e expressa autorização para uso habitual e contínuo de obras musicais, lítero-musicais, audiovisuais e fonogramas, mediante sonorização ambiental por meio de equipamentos fonomecânicos e sinais de rádio e TV (aberta e fechada) em seus aposentos.
Na ocasião, a autora/agravada formulou pedido liminar visando a abstencao pela ré/agravante de execução de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas sem prévia e expressa autorização autoral, o que foi deferido na decisão ora recorrida, sob pena de multa diária de R$2.000,00, limitada em 30 dias.
A Lei 9.610/1998 que consolida a legislação sobre direitos autorais define que as associações de titulares de direitos autoraisdevem manter um único escritório central para arrecadação e distribuição dos direitos relativos à execução pública das obras musicais, conforme previsão do art. 99.
AECAD, ora agravada, exerce a prerrogativa exclusiva de arrecadar e distribuir a receita auferida a título de direitos autorais.
A exigência da retribuição autoral esta amparada nas circunstâncias objetiva previstas no art. 29 e 68, da Lei 9.610/98.
"Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I - a reprodução parcial ou integral;
II - a edição;
III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV - a tradução para qualquer idioma;
V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra;
VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:
a) representação, recitação ou declamação;
b) execução musical;
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;
d) radiodifusão sonora ou televisiva;
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva;
f) sonorização ambiental;
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;
h) emprego de satélites artificiais;
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados;
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero;
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas."
"Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas.
§ 1º Considera-se representação pública a utilização de obras teatrais no gênero drama, tragédia, comédia, ópera, opereta, balé, pantomimas e assemelhadas, musicadas ou não, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, em locais de freqüência coletiva ou pela radiodifusão, transmissão e exibição cinematográfica.
§ 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou lítero-musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fonogramas e obras audiovisuais, em locais de freqüência coletiva, por quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a exibição cinematográfica.
§ 3º Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros, cinemas, salões de baile ou concertos, boates, bares, clubes ou associações de qualquer natureza, lojas, estabelecimentos comerciais e industriais, estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais, órgãos públicos da administração direta ou indireta, fundacionais e estatais, meios de transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem ou transmitam obras literárias, artísticas ou científicas.
§ 4º Previamente à realização da execução pública, o empresário deverá apresentar ao escritório central, previsto no art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos autorais.
§ 5º Quando a remuneração depender da freqüência do público, poderá o empresário, por convênio com o escritório central, pagar o preço após a realização da execução pública.
§ 6º O empresário entregará ao escritório central, imediatamente após a execução pública ou transmissão, relação completa das obras e fonogramas utilizados, indicando os nomes dos respectivos autores, artistas e produtores."
§ 7º As empresas cinematográficas e de radiodifusão manterão à imediata disposição dos interessados, cópia autêntica dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou coletivos, autorizando e disciplinando a remuneração por execução pública das obras musicais e fonogramas contidas em seus programas ou obras audiovisuais.
Como se vê, a legislação em vigor é expressa quanto à necessidade de autorização e de recolhimento prévio dos direitos autorais.
No caso, na inicial da ação, conforme exposto, a autora/agravada EDAC afirmou que a ré/agravante não providenciou prévia e expressa autorização para uso diário de repertório musical, lítero-musical, audiovisual e fonograma alegação, a rigor, não negada pela ré nas razões do presente recurso de agravo de instrumento, em que cingiu-se a afirmar que ser indevida a cobrança de diretosautorais pela disponibilização de equipamentos de rádio e televisão em quartos de hotel porque entende ser de uso exclusivo dos hóspedes.
Note-se, demais disto, que mesmo depois de previamente notificada pela autora/agravada quanto à necessidade de prévia autorização e de débito referente à licença de execução pública de obra musicais, litero-musicais e de fonogramas em seu estabelecimento (f. 84/86-TJ), a agravante não vem cumprindo as normas de direitos autorais, sendo induvidosa a aparênciado bom direito nas alegações do ECAD.
Diante disso, tenho que a decisão agravada não merece reparo, eis que a suspensão de qualquer execução de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas, até regularização mediante prévia e expressa autorização da parte autora/agravante consiste em sanção prevista no art. 105 da Lei 9.610/98:
Assim dispõe o art. 105 da referida lei:
"Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou processo, e a comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares, deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro."
Saliente-se que, a princípio, a disponibilização de rádio e televisão em quartos de hotel consiste em fato gerador de arrecadação dedireitos autorais, por configurar exploração de obras artísticas para incremento dos serviços prestados pelos meios de hospedagem.
Sobre o tema, já se posicionou o STJ:
"DIREITOS AUTORAIS. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. ECAD. TV E RÁDIO DISPONIBILIZADOS EM QUARTOS DE HOTEL. ARRECADAÇÃO. PRECEDENTES.
1. Nos termos da jurisprudência firmada no âmbito da Segunda Seção do STJ, a disponibilidade de rádios e televisão em quartos de hotel é fato gerador de arrecadação de direitos autorais. Precedentes.
2. Embargos de divergência providos para dar parcial provimento ao recurso especial.
(EREsp 1025554/ES, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/10/2014, DJe 22/10/2014).
"DIREITOS AUTORAIS. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE MÚSICAS EM SUPERMERCADO. TRANSMISSÃO RADIOFÔNICA. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DE DIREITOS AUTORAIS. POSSIBILIDADE. PROVEITO ECONÔMICO PARA EXIGIBILIDADE. DESNECESSIDADE. BIS IN IDEM. NÃO CARACTERIZADO. MULTA. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO.
1. Na vigência da Lei n. 5.988/1973, a existência do lucro se revelava como imprescindível à incidência dos direitos patrimoniais.
Com a edição da Lei n. 9.610/1998, houve a subtração, no novo texto, da cláusula "que visem a lucro direto ou indireto" como pressuposto para a cobrança de direitos autorais.
2. A par disso, "são devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de musicas em estabelecimentos comerciais" (Súmula 63/SJ). Aliás, ao interpretar o referido enunciado, a Segunda Seção assentou que a disponibilidade de aparelhos de rádio e televisão nos quartos de motéis e hotéis, lugares de frequência coletiva, não escapa à sua incidência (REsp 556340/MG, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/06/2004, DJ 11/10/2004, p. 231). A hipótese em julgamento - transmissão radiofônica de músicas em supermercado - , sem autorização dos autores e pagamento da taxa devida ao Ecad, claramente deve receber o mesmo tratamento.
3. A multa prevista no art. 109 da Lei n. 9.610/1998 equivalente a vinte vezes o valor devido não deve ser aplicada ao caso concreto, pois para sua incidência deve ser apurada a existência de má-fé e intenção ilícita de usurpar os direitos autorais, o que não foi feito no acórdão recorrido.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1152820/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 25/06/2014).
'AGRAVO REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL. DIREITOS AUTORAIS. TELEVISORES E RÁDIOS EM QUARTOS DE HOTEL. SERVIÇOS PRESTADOS PELOS MEIOS DE HOSPEDAGEM. EXPLORAÇÃO DE OBRAS ARTÍSTICAS. PAGAMENTO DEDIREITOS AUTORAIS.
1.- São devidos, os pagamentos referentes aos direitos autorais em razão da disponibilização de televisores e rádios dentro dos quartos de hotéis, por configurarem exploração de obras artísticas para incremento dos serviços prestados pelo meios de hospedagem.
2.- Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgRg nos EDcl no REsp 1261136/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 27/06/2012).
O tema, demais disto, encontra-se sumulado pelo STJ. Vejamos:
"Súmula 63 do STJ: São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais."
"Súmula 261 do STJ: A cobrança de direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas, em estabelecimentos hoteleiros, deve ser feita conforme a taxa média de utilização do equipamento, apurada em liquidação."
Assim, nesta fase do processo, há aparência do bom direito nas alegações da ECAD a motivar a liminar deferida no primeiro grau, pelo que o recurso da ré/agravante não merece provimento.
Por fim, ressalto que a continuidade da execução de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas nos aposentos da ré/agravante sem o recolhimento prévio relativo aos direitos autorais prejudica a própria atuação da ECAD, que exerce a prerrogativa exclusiva de fiscalizar, arrecadar e distribuir a receita auferida a título de direitos autorais, conforme define a Lei 9.610/1998.
DISPOSITIVO:
Assim sendo, nego seguimento ao recurso, por ser manifestamente inadmissível, conforme art. 557, caput, do CPC.
Custas recursais, pela agravante.
Belo Horizonte, 21 de agosto de 2015.
DESA. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO

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