Logo Passei Direto
Buscar
Material

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

30
DIREITO FINANCEIRO E ECONÔMICO – PFN 2012
Perguntas e Respostas
Sumário
1. Finanças públicas na Constituição de 1988. Cecília (cecilianrmorais@gmail.com)............................2
2. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº º 4.320, de 17/3/1964). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. Karine (karineduarte18@hotmail.com)...................................................................................2
3. Despesa pública. Conceito e classificação. Princípio da legalidade. Técnica de realização da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. Disciplina constitucional e legal dos precatórios. Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000) Vanessa (vscarpamota@yahoo.com.br)......................................................................................................5
4. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa. Cecília (cecilianrmorais@gmail.com)..............22
5. Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. Luiz Araujo (luizemmga@gmail.com)............................................................................................................................23
6. Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção. (carolina_kudse@hotmail.com) .................................................................................................25
7.Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964) Filipe Leonardo (creuzebeck@gmail.com) ..........................................................................................................................30
8. Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade econômica. Política agrícola e fundiária e reforma agrária. Solange ( solange2k3@yahoo.com.br) ......................................................35
9. Ordem jurídico-econômica. Conceito. Ordem econômica e regime político. Renato Saldunbides Jardim (resaldunbides@gmail.com) ..........................................................................................................39
10. Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. Definição. Normas: direito econômico internacional. Aspectos da ordem econômica regional. Definição. Normas: direito econômico regional – MERCOSUL. Yuri Excalibur (yuri.excalibur@gmail.com) .......................................................................................................................40
11. Sujeitos econômicos. Thales (thales78@yahoo.com.br) ..................................................................47
12. Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro. Eduardo (esbucci@gmail.com) ...............47
13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica. Filipe Sarpa (gandilson@hotmail.com) .....................................48
1. Finanças públicas na Constituição de 1988. Cecília (cecilianrmorais@gmail.com)
 
P: Em se tratando de legislar sobre matéria de direito financeiro e direito econômico, qual a competência atribuída pela CF/88 aos entes federados?
R: A competência para legislar sobre normas de direito financeiro e econômico é concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 24, I, CF). A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1º). Os Estados e o DF, por sua vez, exercem a competência suplementar (§2º). Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (§3º). A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual (ou distrital), no que lhe for contrário (§4º). Conquanto haja doutrina (p. ex.: Lenza) ressalvando a competência dos Municípios em matéria de direito financeiro, sob o auspício de que o art. 30, II, da CF autoriza os Municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, esse não é o posicionamento retirado da leitura do art. 24 da CF. Atualmente, o papel de normas gerais de direito financeiro é exercido pela LRF (LC 101) e pela Lei 4.320/64 (lei ordinária, quanto à forma, mas recepcionada com status de lei complementar). 
P: É cabível medida provisória em matéria de direito financeiro?
R: Em regra, não. As matérias constantes do art. 163 da CF/88 são reservadas à lei complementar e não podem ser tratadas por medida provisória, nos termos do art. 62, §1º, III. Sendo assim, é vedada a edição de medida provisória sobre estas matérias, quais sejam: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Além disso, art. 62, §1º, inciso I, alínea “d”, veda expressamente a edição de medida provisória sobre matéria relativa a planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares. A exceção fica por conta do art. 167, §3º, que assinala a edição de medida provisória para a abertura de crédito extraordinário, para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (ADI 4048).
P: Como forma de regular a atividade econômica, o BACEN poderá conceder empréstimos ao Tesouro Nacional?
R: Não. É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira (art. 164, §1º, CF). O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional (operações de open market), com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros (§2º). 
 
2. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº º 4.320, de 17/3/1964). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. Karine (karineduarte18@hotmail.com)
 
P: O que é orçamento público em sua concepção tradicional e moderna? Em que consiste o orçamento participativo?
R: Tradicionalmente, orçamento público é o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período de tempo, a realização das despesas para a execução de necessidades públicas e a obtenção das receitas já criadas em lei. 
Modernamente, o orçamento deixa de ser um mero documento financeiro ou contábil para passar a ser instrumento de ação do Estado. Ele deixa de ser documento estático de previsão de receitas e autorização de despesas para se constituir num documento dinâmico solene de atuação do Estado perante a sociedade. É instrumento representativo da vontade popular, que reflete a política econômica do governo e o plano de ação governamental, espelhando a vida econômica do Estado.
Já o orçamento participativo é a modalidade de consulta popular visando á participação dos administrados na construção do consenso sobre a alocação dos recursos públicos, nitidamente relativo a obras de grande vulto. O resultado desta consulta, geralmente um relatório, é encaminhado a Secretaria de Planejamento dos entes políticos, que analisam, filtram e fornecem subsídios para os projetos de leis orçamentárias
do art.97 do ADCT.
A EC 62 abrangeu não só os precatórios futuros, mas também todos os que estavam na fila à época da Emenda. Para os precatórios anteriores havia uma hipótese de sequestro para o caso de não pagamento das parcelas, nos termos do art.78 do ADCT (EC 30). O não pagamento dessas parcelas dava causa ao seqüestro de verbas.
COMPLEMENTO:
ANTES DA EC 62: seqüestro para o caso de preterição da ordem de pagamento e não pagamento da parcela, nos termos do art.78 do ADCT.
APÓS A EC 62: (se aplica a todos os precatórios não pagos. Portanto, inclusive aqueles sob o regime do art.78 do ADCT) seqüestro para o caso de preterição da ordem de pagamento e não alocação dos recursos para tanto no orçamento. Entretanto, para aqueles entes que aderiram ao regime especial do art.97 do ADCT, o seqüestro apenas é possível para o caso de não realização do depósito previsto em seu §10.
STF: a EC 62 abarcou todos os precatórios. Considerando que pela EC 62 a única possibilidade de seqüestro refere-se a não realização do depósito previsto no §10 do art.97 do ADCT, não cabe mais o seqüestro fundado no art.78 do ADCT, ou seja, fundado na ausência de pagamento das parcelas nele referidas.
Há vários precedentes do STF nesse sentido. Também há várias ADI’s no STF discutindo a constitucionalidade da Emenda 62. O voto do Ministro Relator foi no sentido da inconstitucionalidade de alguns dispositivos, mas não houve suspensão da eficácia de qualquer artigo.
A EC30/2000 acrescentou o art.78 do ADCT e parcelou o pagamento dos precatórios em 10 anos. O STF suspendeu a eficácia da emenda 30 em sede de ADI.
“(...) o Plenário, por maioria, deferiu pedidos de medida cautelar para suspender, até julgamento final das ações diretas, a eficácia do art. 2º da EC 30/2000, que introduziu o art. 78 e seus parágrafos no ADCT da CF/88 (...)”. (...) Reputou, conforme já afirmado pelo relator, que o Congresso Nacional, ao impor o parcelamento impugnado aos precatórios pendentes de liquidação na data de publicação da referida emenda, incidira em múltiplas transgressões à Constituição, porquanto teria desrespeitado a integridade de situações jurídicas definitivamente consolidadas, prejudicando, assim, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, além de haver violado o princípio da separação de poderes e o postulado da segurança jurídica (...)”. O disposto no art.33 do ADCT (que também prevê parcelamento) não poderia ser invocada pelo ente federativo “dado que resultara de deliberação soberana emanada de órgão investido de funções constituintes primárias, insuscetíveis de limitação de ordem jurídica (foi instituído pelo PCO)”.
Artigo 78 do ADCT, portanto, com eficácia suspensa em sede de cautelar concedida na ADI 2362.
P: Precatórios expedidos sob a égide da EC 30/2000 (parcelamento em 10 anos): essas parcelas deveriam ou não sofrer a incidência de juros?
R. Não incidem juros moratórios e compensatórios sobre as frações resultantes do parcelamento de precatório, previsto no art. 78 do ADCT.
“(...)incabíveis tais juros no que diz respeito à hipótese do art. 33 do ADCT, e que ter-se-ia estendido essa interpretação ao parcelamento estabelecido no art. 78 do ADCT, introduzido pela EC 30/2000. Salientou-se que o Congresso Nacional teria aprovado a citada emenda com o fim de restaurar o equilíbrio econômico-financeiro das unidades federadas, notadamente Estados e Municípios, cujos orçamentos estariam, em grande parte, compulsoriamente destinados a outros fins. Aduziu-se, ademais, que o art. 33 teria previsto a atualização das parcelas, ou seja, a correção monetária, com o escopo de manter o valor real de cada uma delas. Nesse sentido, o parcelamento de precatório apurado segundo o valor real do débito, acrescido de juros legais, apenas protrairia o seu pagamento no tempo, sem que o patrimônio do credor fazendário fosse afetado, desde que saldadas no prazo avençado e corrigidas monetariamente as prestações”.
“(...)O art. 78 do ADC possui a mesma mens legis que o art. 33 deste Ato, razão pela qual, uma vez calculado o precatório pelo valor real do débito, acrescido de juros legais, não há mais falar em incidência destes nas parcelas anuais, iguais e sucessivas em que é fracionado, desde que adimplidas a tempo e corrigidas monetariamente(...)”.
4. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa. Cecília (cecilianrmorais@gmail.com)
 
P: Conceitue receita pública. Diferencie de ingresso público.
R: “É a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer a seu vulto, como elemento novo e positivo” (Aliomar Baleeiro). O conceito deixa bem clara a diferença entre (i) os recursos que integram o patrimônio público sem reservas, daqueles que (ii) o integram com reservas. Essa diferença é importante para separar receita pública de ingresso público. Ingressos são todas as entradas, mesmo quando geram lançamento no passivo. São valores que não podem ser convertidos em bens e serviços, visto que a entrada deles se deu condicionada a um posterior levantamento (ex.: caução exigida e arrecadada de licitantes). Já as receitas, como dito, são ingressos que não geram lançamento no passivo, são valores que podem ser convertidos em bens e serviços. Assim, todos os valores carreados aos cofres públicos (receita em sentido amplo) são ingressos públicos, mas apenas aqueles que podem ser convertidos em bens e serviços são receitas públicas (aqui, em sentido estrito). 
P: Fale da classificação das receitas públicas quanto à origem.
R: Com base no entendimento de que as receitas podem ser originárias das próprias fontes de riqueza do Estado ou derivadas da imposição da lei é que surge a aludia classificação.
Assim, receitas originárias são aquelas que advêm da exploração do patrimônio do Estado. O Estado presta serviços, mercancia e pratica atividades como às dos particulares, e como resultado, obtém receitas. A produção das receitas originárias caracteriza-se pela bilateralidade: o particular ingressa voluntariamente nessa relação. Trata-se aqui de uma relação horizontal, de coordenação entre Estado e particular. Exemplo de receita originária é o preço público.
De outro lado, receitas derivadas são as que o Estado obtém através de seu poder de império, arrecadando-as coercitivamente dos particulares, com observância da legalidade. Não há bilateralidade, mas sim o comando unilateral da vontade do Estado. Trata-se aqui de uma relação vertical, de subordinação do particular em face do Estado. As receitas derivadas podem ser tributárias ou não tributárias (resultantes da aplicação de penalidades. p. ex., art. 5º, XLV, CF).
As receitas, quanto às fontes, ainda podem ser classificadas com receitas transferidas. Estas são decorrentes de transferências de recursos entre os entes da federação. Há dois tipos de transferências: transferência obrigatória e transferência voluntária. A transferência obrigatória deve ser realizada independente da escolha do ente, se dá por determinação constitucional ou legal (ex.: repartição da arrecadação tributária). Já as transferências voluntárias estão definidas no art. 25 da LRF e são realizadas a título de auxílio aos entes da federação.
Vale ressaltar que as receitas das transferências realizadas por conta da repartição da arrecadação tributária, do ponto de vista do ente que as recebe, são receitas não tributárias, porque não decorrem do seu poder de imposição, mas do poder do outro ente.
P: Diferencie preço público e taxa.
R: A doutrina apresenta as seguintes distinções entre taxa e preço público.
TAXA:
- Conceito: tributo cobrado “em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição” (art. 145, II, CF);
- Origina receita derivada tributária;
- Sujeita-se ao regime jurídico tributário (observância aos princípios da legalidade,
anterioridade, noventena etc). A prescrição é regida pelo CTN;
- Não há autonomia da vontade, a cobrança resulta da vontade da lei (cobrança compulsória);
- Pode ser cobrada por utilização potencial do serviço;
- Valor cobrado não guarda estrita proporção com a quantidade de serviço utilizado (taxas podem até mesmo ser cobradas pela mera utilização potencial, no caso de serviços de uso compulsório);
- Pode remunerar o exercício do poder de polícia ou a prestação de serviço público;
- Somente pode ter como sujeito ativo pessoa jurídica de direito público;
- Em regra, remunera serviço público ínsito à soberania do Estado e serviço público essencial ao interesse público.
PREÇO PÚBLICO:
- Conceito: “Valor pago ao Estado, ou a quem esteja atuando por delegação do Poder Público, destinado a remunerar o uso de um bem público ou a prestação de um serviço público, por força de vinculação jurídica de natureza contratual. Especificamente quando o preço público visa a remunerar um serviço público, ele é chamado de tarifa.” (Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo, Direito Tributário na Constituição e no STF).
- Gera receita originária;
- Regime jurídico contratual regulado pelo direito do consumidor. A prescrição é regida pelo Código Civil;
- Decorre da autonomia da vontade do usuário (a formação do vínculo contratual é facultativa);
- Só a utilização efetiva do serviço público enseja cobrança.
- Valor cobrado deve guardar estrita proporção com a quantidade de serviço utilizado.
- Não pode remunerar o exercício do poder de polícia;
- Pode ter como sujeito ativo pessoa jurídica de direito público ou de direito privado (delegatária de serviço público);
- Em regra, remunera serviço público não essencial. É vedada a cobrança de preço público para remunerar serviços exclusivos do Estado (RE 89.876/RJ).
Para a jurisprudência, importante elemento diferenciador entre taxa e tarifa é a compulsoriedade. Vide súmula 545 do STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação a lei que as instituiu”.
Vale destacar ainda que o pedágio (art. 150, V, CF) é tributo, na modalidade taxa, conforme decidido pelo STF no RE 181.475-6/RS.
 
5. Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. Luiz Araujo (luizemmga@gmail.com)
P. A Lei 4.320/64 estabeleceu um rol de créditos da Fazenda Pública e os enquadrou em duas categorias: dívida ativa tributária e não tributária. O enquadramento dado pela referida lei ainda perdura?
R. O rol estabelecido pela Lei 4.320/64, com o fim de distinguir os créditos tributários dos não tributários, não pode ser acolhido em sua integralidade. Tal classificação foi derrogada pelo texto constitucional, na parte em que coloca como dívida ativa não tributária os empréstimos compulsórios, as contribuições estabelecidas em lei e as custas processuais, pois o STF já firmou o entendimento de que tais créditos possuem natureza tributária.
P. Conceitue dívida ativa não tributária, delimitando o instituto.
R. Entende-se por dívida ativa não tributária a que decorre do poder de império, exercido na modalidade do poder de polícia ou de outra atividade legalmente conferida à autoridade de direito público, enquanto atividade típica e própria da entidade. Neste âmbito se enquadram os créditos da Fazenda Pública devidos em virtude de ato ou contrato administrativo típico e de ressarcimento por serviço público prestado a terceiros. Dessa forma, estão excluídos do conceito os créditos que se regem pelas normas comuns de responsabilidade civil disciplinadas pelo direito privado, tais como créditos decorrentes de dano ao patrimônio da pessoa jurídica de direito público.
P. De acordo com o critério da categoria econômica, como se classifica o recebimento da dívida ativa?
R. Sendo uma entrada que se integra ao patrimônio público sem quaisquer reservas, o recebimento da dívida ativa é considerada uma receita pública, enquadrando-se na categoria econômica “receitas correntes” e na fonte “outras receitas correntes”. Cabe observar que o recebimento da dívida ativa não se classifica como “receita tributária”, mesmo que decorrente do descumprimento de obrigação tributária.
P. Quanto à afetação patrimonial, as receitas públicas classificam-se em receitas efetivas e receitas por mutações patrimoniais. Em qual categoria se enquadra o recebimento da dívida ativa?
R. O recebimento da dívida ativa é receita por mutação patrimonial, porquanto nada acresce ao patrimônio público, sendo simples entrada compensatória. Em verdade, o recebimento da dívida ativa é uma exceção à regra das receitas correntes, que são efetivas por natureza (aumentam o saldo patrimonial).
P. Havendo cessão de créditos rurais pignoratícios à União, podem estes ser inscritos em dívida ativa e executados pelo rito da Lei 6.830/80?
R. Sim. O crédito rural originário de operações financeiras que tenha sido titularizado pelo Banco do Brasil e cedido à União por força da Medida Provisória 2.196-3/2001 pode ser enquadrado no conceito de dívida ativa não tributária, sendo, portanto, cobrado pelo rito da Lei de Execuções Fiscais. Este é o entendimento do STJ que, no julgamento do REsp 1123539-RS (sistemática dos recursos repetitivos), entendeu que os créditos rurais originários de operações financeiras, alongadas ou renegociadas (cf. Lei n. 9.138/95), cedidos à União por força da Medida Provisória 2.196-3/2001, estão abarcados no conceito de Dívida Ativa da União para efeitos de execução fiscal – não importando a natureza pública ou privada dos créditos em si -, conforme dispõe o art. 2º e § 1º da Lei 6.830/90.
P. Considere que a União sofreu um dano a seu patrimônio, causado por acidente automobilístico. Tal crédito pode ser inscrito na Dívida Ativa da União?
R. Não é possível a inscrição deste crédito na Dívida Ativa da União, pois o mesmo não se enquadra no conceito de dívida ativa tributária ou não tributária. Conforme jurisprudência firmada pelo STJ no REsp 330703/RS, “I - Dívida Ativa da Fazenda Pública, definida como não-tributária, é a que resulta qualquer outro crédito da Fazenda Pública, inscrita no setor administrativo competente, após apuração na forma prevista na legislação de regência; decorre do exercício do poder de império, exercido na modalidade do poder de polícia, e da atividade legalmente conferida à autoridade de direito público. II - Não é cabível a utilização da via de inscrição da dívida ativa no DNER, para propositura do executivo fiscal visando obter ressarcimento de dano causado ao patrimônio da autarquia em virtude de acidente automobilístico.”
P. É cabível a inscrição em dívida ativa de créditos referentes a tarifas ou preços públicos devidos pela prestação de serviços de água e esgoto?
R. Depende do sujeito que presta o serviço público. Há precedentes no STJ (REsp 1117903/RS; REsp 740.967/RS) que afirmam ser possível a inscrição em dívida ativa de débitos oriundos do inadimplemento dos serviços de água e esgoto, com posterior exigência mediante execução fiscal. Contudo, é de se considerar que estes precedentes referem-se a casos em que a prestação de tais serviços é realizada pela própria Fazenda Pública, geralmente através de autarquias. Sendo concessionária e, portanto, pessoa jurídica de direito privado, não é possível a sua inscrição em dívida ativa, pois estas entidades não são Fazenda Pública e não possuem dívida ativa. Nesse caso, a cobrança de tais créditos deverá realizar-se pelo rito do CPC.
P. A Taxa SELIC é aplicável à dívida ativa não tributária da União?
R. Sim. O art. 30 da Lei 10.522/02 prevê a aplicação da SELIC não somente para os débitos Fazendários, como para todos os créditos inscritos em Dívida Ativa da União.
6. Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção. (carolina_kudse@hotmail.com)
 
P: O que é crédito público?
R: Conforme definição extraída do glossário do Senado Federal “Crédito público é a capacidade de o governo cumprir obrigações financeiras com quem quer que seja, inclusive e principalmente com os próprios cidadãos. É a capacidade que tem os governos de obter recursos da esfera privada nacional ou de organizações internacionais, por meio de empréstimos. Essa capacidade é medida sob diversos ângulos: capacidade legal, administrativa, econômica, mas, principalmente, na capacidade de convencimento, medida pela confiabilidade que o candidato ao empréstimo desperta nos potenciais emprestadores. Considerando-se que o empréstimo terá que ser, um dia, amortizado, teoricamente, com as receitas regulares, trata-se, na verdade, de antecipação de receita futura. O crédito público, quando materializado em empréstimos, dá origem à dívida pública.”
Trata-se de um conceito de índole econômica, que leva em consideração a solvabilidade e o elemento fidúcia, que influem na capacidade de o Estado obter recursos através de empréstimos.
Sob o ponto de visto jurídico, crédito público consiste em uma das formas de que dispõe o Estado para obter recursos públicos, que se materializa por meio do empréstimo público.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 29, inciso III, define operação de crédito como sendo o “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”.
 
P: Crédito público configura receita pública?
R: A Lei nº 4.320/64, em seu artigo 11, classifica os valores oriundos de empréstimos públicos (créditos públicos) como receita corrente (parágrafo 1º), caso tais valores se destinem ao pagamento de despesas correntes, e como receita de capital (parágrafo 2º), na hipótese de se destinarem ao atendimento de despesas de capital e do superávit do orçamento corrente.
Todavia, para a doutrina majoritária, seguindo o entendimento de Aliomar Baleeiro, os empréstimos representados pelos créditos públicos seriam meras entradas de caixa, uma vez que a cada soma representada pelo ingresso, no ativo, deve corresponder a outro lançamento, no passivo, para contrabalancear a operação.
 
P: O que é empréstimo público? Qual a sua natureza jurídica?
R: Empréstimo público é um negócio jurídico representado por um contrato administrativo, firmado entre dois entes jurídicos, no qual o tomador do empréstimo - o Estado – recebe determinado valor do mutuante (pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado), comprometendo-se a restituí-lo, na forma e prazo avençados.
Há 3 posições acerca da natureza jurídica do empréstimo público. Uma primeira posição sustenta ser ele um ato de soberania, decorrente da autodeterminação e da auto-obrigação do Estado. Uma segunda posição afirma tratar-se de uma operação resultante de um ato legislativo, e não contratual, restando ao mutuante a possibilidade de aderir ou não. Por fim, a doutrina majoritária defende que o empréstimo público tem natureza de contrato sujeito ao regime jurídico público.
 (Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro e Tributário’, Kyoshi Harada).
 
P: Discorra sobre as possíveis classes do empréstimo público.
R: Os empréstimos públicos podem ser classificados quanto à coercibilidade, à origem e ao prazo de resgate.
Quanto à coercibilidade, tem-se:
a) Empréstimos forçados ou obrigatórios ou impróprios: ocorrem quando o Estado, valendo-se do seu poder de império, intervém na propriedade particular em situações de guerra, calamidade e grave crise de liquidez na economia. Exemplos: retenção de depósitos em dinheiro nas instituições bancárias ou financeiras, emissão de papel moeda, inflação sistemática (aumento de preços ocasionando a consequente perda do poder aquisitivo) e antecipação tributária. Há autores que citam o empréstimo compulsório (artigo 148 da CF) como exemplo de empréstimo público impróprio. No entanto, para a maioria da doutrina e da jurisprudência, os empréstimos compulsórios possuem natureza tributária, constituindo receita pública derivada;
b) Empréstimos voluntários ou próprios: são aqueles contraídos sob a égide do princípio da autonomia da vontade. Ex: empréstimos junto ao Banco Mundial e FMI, emissão de títulos públicos.
No que diz respeito à origem, os empréstimos públicos classificam-se em:
a) Internos: aqueles nos quais o Estado obtém no âmbito do seu espaço territorial. É regido por normas de direito público internas;
b) Externos: obtido em instituições estrangeiras públicas ou privadas. É regido pelas normas de direito internacional público.
Por fim, com relação ao prazo de resgate, o Empréstimo público pode ser:
a) Curto: contraído para a satisfação de necessidades imediatas, para resgate no mesmo exercício financeiro;
b) Longo: quando resgatável em períodos superiores a um exercício financeiro;
c) Perpétuo: quando não apresenta data de resgate, ficando o Estado obrigado apenas ao pagamento anual dos juros aos subscritores.
Ainda, Régis Fernandes de Oliveira lembra a chamada classificação constitucional, em:
a) Operações de crédito por antecipação de receita: modalidade de crédito que o Estado promove com o objetivo de suprir o déficit de caixa. São empréstimos de curto prazo a serem desenvolvidos no mesmo exercício financeiro.
b) Operações de crédito em geral: são aquelas que, por exclusão, não se acham compreendidas nas operações de crédito por antecipação de receitas, correspondendo aos empréstimos de longo prazo que objetivam atender, em geral, despesas de capital
 (Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro e Tributário’, Kyoshi Harada).
 
P: Quais são os princípios aplicáveis às operações destinadas à obtenção de créditos públicos (empréstimos públicos).
R: Considerando que as operações destinadas à obtenção de créditos públicos materializam-se por meio de empréstimos públicos, que, por sua vez, são externados por meio de contratos administrativos, a elas se aplicam os princípios elencados no artigo 37, caput, da Constituição da República de 1988, quais sejam, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de princípios específicos mencionados pela doutrina de Direito Financeiro.
Régis Fernandes de Oliveira, em seu Curso de Direito Financeiro, aponta os seguintes princípios:
a) Pacta sunt servanda – O contrato enquanto tal vincula as partes componentes e deve ser cumprido;
b) Cláusula rebus sic stantibus – Ocorrendo bruscas transformações na situação fática que se verificava à época da assinatura do contrato, modificação esta que torne difícil ou impossível o cumprimento do que foi pactuado, deve haver reformulação do teor do contrato;
c) Princípio da boa-fé;
d) Princípio do beneficium competentiae – não redução do devedor ao estado de necessidade;
e) Princípio do favor debitoris – a parte mais fraca deve ser tutelada, de modo a tornar mais suave o cumprimento das obrigações;
f) Impossibilidade de alteração unilateral das cláusulas.
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro e Tributário’, Kyoshi Harada).
 
P: Quais são as fases e condições para a contratação das operações de crédito (empréstimo público)?
R: O empréstimo público possui duas fases: emissão e dívida pública.
A emissão corresponde ao seu lançamento, pelo qual o Estado exterioriza seu desejo de obter crédito e indica as condições que fará a subscrição. A dívida pública é a obrigação assumida no empréstimo público.
No que tange às condições, conforme disciplina o artigo 32 da Lei de Responsabilidade Fiscal, a competência para verificar o cumprimento destas e dos limites para realizar operações de crédito de cada ente da federação é do Ministério da Fazenda, vedada a novação, refinanciamento ou postergação da dívida já contratada.
Para submeter o seu pleito à análise e possível aprovação, o ente contratante deverá deduzir pedido ao Ministério
da Fazenda, que contenha elementos fáticos e normativos para sua fundamentação (artigo 32, parágrafo 1º, da LRF).
Os fundamentos fáticos do pedido consistem na demonstração de que:
a) a operação de crédito almejada constitui um meio para atingir interesse público;
b) a economicidade do endividamento (relação custo-benefício).
Por sua vez, os elementos normativos a serem demonstrados são:
a) a existência de prévia autorização legislativa para contratar (LOA, créditos adicionais com esta finalidade ou Lei específica- artigo 32, § 1º, I, da LRF);
b) a inclusão no orçamento da receita que esse endividamento vai gerar (artigo 32, § 1º, II, da LRF);
c) observância do artigo 167, III, da CF - as receitas geradas pelo endividamento não poderão ser superiores às despesas de capital previstas na LOA, salvo se a operação for autorizada por crédito suplementar ou especial, com finalidade precisa e aprovado pelo Legislativo por maioria absoluta (artigo 32, § 1º, V, da LRF);
d) cumprimento dos limites e condições fixados pelo Senado (artigo 52, IX, da CF e artigo 32, § 1º, III, da LRF);
e) existência de autorização específica do Senado Federal, na hipótese de operação externa de natureza financeira - artigo 52, V, da CF (artigo 32, § 1º, IV, da LRF).
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Quais são as vedações existentes para a contratação das operações de crédito (empréstimo público)?
Além de o pedido formulado ao Ministério da Fazenda conter tais informações, a operação de crédito somente será válida se respeitadas as vedações constantes nos artigos 34 a 38 da LRF, quais sejam:
a) Emissão de títulos da dívida pública pelo BACEN, desde maio de 2002;
b) Realização de operações de crédito entre os entes da Federação, salvo entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, desde que não seja para financiar despesas correntes (“regra de ouro”) e refinanciar dívidas não contraídas junto à instituição concedente. Anote-se que esta vedação foi questionada na ADI 2250, por alegada ofensa ao pacto federativo, porém o STF julgou-a improcedente, com fundamento no artigo 165, § 9º, II, da CF (este dispositivo permite que a União, por lei complementar, discipline as normas de gestão financeira);
c) Captação de recursos a título de antecipação de receitas de tributo cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no artigo 150, § 7º, da CF (substituição tributária “para frente”). Artigo 37, I, da LRF;
d) Recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da lei. Artigo 37, II, da LRF;
e) Assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito (tendo em vista a impenhorabilidade dos bens públicos), não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes, as quais se submetem a regime de direito privado (seus bens são penhoráveis). Artigo 37, III, da LRF;
f) Assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores, para pagamento a posteriori de bens e serviços. Artigo 37, IV, da LRF.
Especificamente quanto às operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO), o artigo 38 da LRF prevê que estas não podem ser realizadas enquanto houver ARO anterior não integralmente quitada ou quando se tratar do último ano de mandato do Chefe do Poder Executivo.
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Em que consiste a cláusula compensatória?
R: Cláusula compensatória é uma cláusula contratual que prevê a possibilidade de compensação automática entre créditos e débitos, na hipótese de inadimplência do devedor. Esta cláusula é proibida nas operações de crédito externa, nos termos do artigo 32, § 5º, V, da LRF.
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Fale sobre as garantias do crédito público.
R: A Concessão de garantia é o compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada.
O artigo 52, VIII, da CF diz que cabe ao Senado Federal “Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno” e o faz por meio de Resolução, normatizando o montante de garantia e sua forma, sendo que a inobservância dos limites estabelecidos pelo Senado pode levar à nulidade da garantia, nos termos do artigo 40 da LRF.
As garantias oferecidas pelo Estado ao mutuante do empréstimo público são de duas ordens:
a) Garantia contra a desvalorização da moeda: por exemplo, as garantias de câmbio (vinculação do valor do pagamento a moeda estrangeira no momento da devolução), a cláusula ouro (valor do pagamento vinculado a cotação internacional do ouro).
b) Garantia da devolução da quantia emprestada, que pode ser, por exemplo, a indicação de fiadores ou a vinculação de determinadas rendas do Estado ao pagamento.
Anote-se que, apesar da vedação da vinculação da receita de impostos, inserta no artigo 167, inciso IV, da CF, este mesmo dispositivo, em sua parte final, excepciona esta proibição no caso de prestação de garantias em operações de crédito por antecipação de receita orçamentária, à prestação de garantia ou contragarantia à União e ao pagamento de débitos perante esta.
Assim, o ente poderá oferecer como garantia ou contragarantia as receitas tributárias advindas do exercício de sua competência ou as receitas transferidas (repartição constitucional).
Há que se observar, ainda, que é possível que a garantia seja oferecida por outro ente da Federação. Nesse caso, o § 1º do artigo 40 da LRF determina que o ente devedor preste contragarantia àquele, salvo se tratar-se de garantia prestada por órgão ou entidades do próprio ente.
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Discorra sobre a classificação da dívida pública.
R: A maioria da doutrina costuma utilizar as expressões empréstimo público, crédito público e dívida pública como sinônimas. No entanto, estes institutos não se confundem. Crédito público seria uma das formas de o Estado obter recursos públicos. Numa visão econômica, seria a sua aptidão para obter recursos por meio de empréstimos. Por sua vez, tal aptidão se concretiza mediante a realização de um negócio jurídico contratual, que corresponde ao empréstimo público, e dá origem à dívida pública, que é a obrigação assumida neste contrato.
Porém, em razão da utilização destas expressões como sinônimas, a classificação da dívida pública acaba coincidindo com a própria classificação do crédito público quanto ao prazo (curto, longo ou perpétuo), à origem (interna e externa) e à coercibilidade (forçados e voluntários), apenas com uma mudança de nomenclatura no que diz respeito à classificação relativa ao prazo, porquanto se costuma nominar a dívida de curto prazo como dívida flutuante e a de longo prazo como dívida fundada.
A classificação constitucional do crédito público também se aplica à dívida pública (operações de crédito por antecipação de receita e operações de crédito em geral).
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro e Tributário’, Kyoshi Harada).
 
P: Considerando que em determinado exercício financeiro apurou-se que o Estado X possuía dívidas que corresponderiam a 17% de sua receita corrente líquida, responda: A) Pode este Estado realizar operações de crédito? B) Em caso negativo, indique medida(s) a ser(em) adotada(s) para a solução deste problema.
R: A exemplo do que ocorre com as despesas com pessoal, os entes da Federação possuem um limite de endividamento, definido em Resolução do Senado Federal (artigo 30, I, da LRF).
Assim, à Exceção da União, que atualmente não se sujeita a limite de endividamento, por falta de previsão normativa, os demais entes da Federação (Estados, DF e Municípios) encontram-se subordinados
à Resolução do Senado Federal nº 43/2001, que prevê, em seu artigo 7º, que as operações de crédito interno e o comprometimento com o serviço da dívida (amortização, juros, etc) não podem ultrapassar o limite global de 16% da receita corrente líquida e de 11,5% desta, com relação aos valores vinculados com amortizações, juros e outros encargos, em um exercício financeiro.
Em vista disso, o Estado X, cujas dívidas alcançaram o patamar de 17%, não poderá realizar operação de crédito enquanto perdurar o excesso, conforme dispõe o artigo 31, parágrafo primeiro, da LRF, salvo se tratar-se de operação destinada a refinanciar o principal atualizado de sua dívida mobiliária.
Para solucionar esse problema, o Estado X, nos termos do artigo 31 da LRF, precisa reconduzir o montante global de seus débitos ao limite máximo disposto na Resolução, em até doze meses (três quadrimestres seguintes à apuração do excesso – o controle é realizado a cada quadrimestre), com a redução de pelo menos 25% no primeiro quadrimestre. Além disso, deverá obter resultado primário necessário para a recondução da dívida ao limite, promovendo, inclusive, limitação de empenho, nos termos do artigo 9º da LRF, ressalvada desta limitação as obrigações constitucionais (repartição de receitas tributárias) e legais do ente (ex: as despesas com serviço da dívida pública, as obrigações de caráter continuado ou, ainda, aquelas ressalvadas na LDO).
Esclarece-se que o resultado primário corresponde à diferença entre receitas e despesas empenhadas, exceto as relativas à dívida pública (se incluídas estas estaríamos diante do resultado nominal).
Ademais, deve-se ressaltar que, na hipótese de o excesso verificar-se no último ano de mandato do Chefe do Poder Executivo ou se o Estado não tiver êxito na redução do excesso, no prazo legal (três quadrimestres), ele também ficará impedido de receber transferências voluntárias.
(Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Em que consiste a emissão de títulos da dívida pública? É possível a sua utilização para pagamentos de tributos e para garantia em processo de execução fiscal?
R: A emissão de títulos da dívida pública, que gera a dívida pública mobiliária, consiste na emissão de títulos financeiros pelos entes da Federação, com o objetivo de captar recursos externos, comprometendo-se a honrar o seu valor e ao pagamento de juros durante o período em que o adquirente detiver o título.
Assim sendo, a quitação de tributos mediante a entrega de títulos da dívida pública deve ser entendida como uma modalidade de compensação tributária, forma de extinção do crédito tributário (artigo 156, II, 170 e 170-A, do CTN). Razão pela qual ela pode se concretizar apenas se houver lei específica que a autorize.
Por sua vez, referidos títulos somente podem ser oferecidos à penhora em execução fiscal se possuírem cotação em bolsa, conforme dispõe o artigo 11, II, da Lei de Execuções Fiscais.
 (Fonte de pesquisa: ‘Direito Financeiro Esquematizado’, Tathiane Piscitelli, 2011).
 
P: Quais são os modos de extinção da dívida pública?
R: A extinção do débito pode ocorrer pelas seguintes formas:
a) resgate:é o pagamento à vista, diretamente ou por compra em Bolsa (liquidação) ou por amortização, que consiste em pagamentos sucessivos de parcelas do empréstimo;
b) conversão: é a alteração feita pelo Estado, após a emissão, de qualquer das condições fixadas para a obtenção do crédito público, objetivando diminuir a carga anual do encargo que ele tem de suportar. O Estado oferece aos subscritores uma troca de seus títulos por outros títulos de menor juros ou resgate imediato. Na verdade, não há uma extinção do crédito/débito público;
c) consolidação: quando o débito é transformado de dívida flutuante em dívida fundada;
d) prescrição: perda do direito de haver o crédito.
 
7.Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964) Filipe Leonardo (creuzebeck@gmail.com)
P: Fale sobre a evolução histórica do Sistema Financeiro Nacional?
R: Abordarei por pontos em ordem cronológica para facilitar a memorização, destacando os pontos mais importantes. Melhor que decorar datas.
a) A história do Sistema Financeira no Brasil se inicia com a abertura do Banco do Brasil pela família real portuguesa em 1808. Entretanto, essa instituição encerrou as atividades em 1829, porque perdeu seu lastro em moeda metálica com o regresso do Rei Dom João VI a Portugal.
b) Em 1833 houve a criação de um novo Banco do Brasil, que sequer abriu as portas por falta de integralização de seu capital.
c) Em 1836 foi aberto o primeiro banco comercial privado do país, o Banco do Ceará.
d) Em 1851 houve a abertura do terceiro Banco do Brasil, que dois anos depois se fundiu com o Banco Comercial do Rio de Janeiro.
e) Na década de 1860 chegaram ao país os primeiros bancos estrangeiros.
f) Em 1905 foi inaugurado o Banco da República do Brasil que, no ano seguinte, se fundiu com o Banco do Brasil, surgindo o BB que hoje conhecemos.
g) Nos primeiros anos da década de 1920 surgiu o primeiro embrião da regulamentação do setor financeiro brasileiro. Foi criada a Inspetoria Geral dos Bancos e bancos e casas bancárias passaram a ter sua fiscalização regulamentada.
h) Em 1945, foi criada a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC - que exercia controle sobre o mercado monetário.
i) Na década de 1950 foi criado o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico - BNDE (o “s” de social veio depois) para estimular o desenvolvimento nacional e os investimentos de longo prazo.
j) Em 31 de dezembro de 1964 foi sancionada a Lei nº 4.595, que introduziu a reforma bancária no país, criou o Conselho Monetário Nacional - CMN - e substituiu a SUMOC pelo Banco Central do Brasil - BACEN.
k) Em 1985 é criado o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, segunda e última instância das decisões relativas à aplicação de penalidades administrativas pelo BACEN, CEF (Caixa Econômica Federal na gestão do SFH - Sistema Financeiro Habitacional), CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
l) Em 1988, passou a permitir que instituições bancárias podessem oferecer diversas carteiras, antes oferecidas apenas por instituições especializadas, como seguros, ações, etc., criando os bancos múltiplos. 
m) Com o advento do Plano Real (Lei nº 9.069 de 1995), houve a alteração da composição do CMN e em diversas disposições da sistema financeiro nacional. (Christophe Yvan François Cadier. Sistema Financeiro Nacional.)
P: Qual a natureza jurídica da Lei nº 4.595/64?
R: A Lei nº 4.595/64 foi editada sob a forma de lei ordinária, mas foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 como lei complementar, tendo em vista a exigência do art. 192 da Magna Carta. (Leonardo Vizeu Figueiredo. Lições de Direito Econômico.)
P: Qual é a estrutura do Sistema Financeiro Nacional?
R: O Sistema Financeiro Nacional é composto por todas as instituições financeiras, pública ou privadas, bancárias ou não, e de entidades públicas. O art. 1º da Lei 4.595/64 dispõe que a CMN, o BACEN, o BB, o BNDES e as instituições financeiras como integrantes do SFN. Mas também fazem parte a CVM (Comissão de Valores Mobiliários - Lei nº 6.385/76), a PREVIC (Superintendência Nacional de Previdência ComplementaR: antiga SPC) e a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados).
A estrutura do SFN se subdivide em normativa (fiscalização e regulação do sistema) e operativa (intermediação das atividades financeiras). Fazem parte da estrutura normativa a CMN, o BACEN, a CVM, a PREVIC e a SUSEP. Pertencem à estrutura operativa os bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos múltiplos, as entidades do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), sociedades de arrendamento mercantil, agências de fomento, bancos de desenvolvimento, seguradoras, bolsas de valores e mercadorias, etc. (Leonardo Vizeu Figueiredo. Lições de Direito Econômico.)
Estrutura visual:
(Exposição do Departamento de Normas do Sistema Financeiro
- DENOR: do BACEN) Obs.: a SUSEP foi substituída pela PREVIC.
P: Na subdivisão do SFN em normativa e em operativa, onde está o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional?
R: O CRSFN não está abrangido em nenhuma das subdivisões, pois atua como instância recursal na imposição de penas administrativas pelo BACEN, CVM, CEF e MDIC. Os doutrinadores não incluem o CRSFN no SFN. (Exposição do Departamento de Normas do Sistema Financeiro - DENOR: do BACEN)
P: Qual é a composição e a função do Conselho Monetário Nacional?
R: O CMN é o órgão de cúpula do SFN, composto por três pessoas: o Ministro de Estado da Fazenda, o Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil (art. 8º da Lei nº 9.069/95). É um órgão normativo por excelência, ou seja, não executa as suas próprias decisões. Dentro da sua extensa competência (art. 4º da Lei nº 4.595/64), destacam-se o estabelecimento de diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; a criação de normas para as operações das instituições financeiras públicas, para preservar sua solidez e adequar seu funcionamento; a disciplina dos instrumentos de política monetária e cambial. (Christophe Yvan François Cadier. Sistema Financeiro Nacional.)
P: O que é o COPOM e qual é o seu principal objetivo?
R: O Comitê de Política Monetária (COPOM) é um órgão constituído na âmbito do BACEN, composto pelo Presidente e pelos oito Diretores da autarquia. Seu principal objetivo é cumprir a meta de inflação definida pelo CMN. Dentre suas competências está a de fixar a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). (Leonardo Vizeu Figueiredo. Lições de Direito Econômico.)
P: Defina bancos comerciais, bancos de investimento, bancos cooperativos, bancos múltiplos e bancos de desenvolvimento.
R: Bancos comerciais são aqueles que objetivam captar recursos para financiamento, a curto e médio prazo, do comércio, da indústria, das empresas prestadoras de serviços e das pessoas físicas.
Bancos de investimento são instituições que atuam, preponderantemente, em operações de médio e longo prazo, efetuando intermediação financeira às pessoas jurídicas do setor privado que necessitam de recursos para suprir suas necessidades de capital fixo e de giro (Exemplo: o BNDES).
Bancos cooperativos são bancos comerciais controlados por cooperativa de crédito - a cooperativa deve deter 51% ou mais das ações com direito a voto. (Obs.: percebe-se que a ideia aqui de controle é diferente da de acionista controlado da Lei das Sociedades Anônimas).
Bancos múltiplos são bancos comerciais que, além de atuar na captação de recursos financeiros, oferecem várias carteiras (comerciais, de investimento, financeiras), podendo atuar em crédito imobiliário, crédito direto ao consumidor (CDC) e operações de longo prazo típicas dos bancos de investimento.
Bancos de desenvolvimento são instituições financeiras públicas com o objetivo de financiar, a médio e a longo prazo, projetos e programas de desenvolvimento econômico e social de regiões ou estados específicos (Exemplo: Banco da Amazônia S/A, Banco do Nordeste S/A). (Christophe Yvan François Cadier. Sistema Financeiro Nacional.)
P: O que são as regulações bancária, prudencial, sistêmica e concorrencial?
R: Regulação bancária é a exercida pela CMN e plo BACEN na emissão de normas gerais a serem impostas às instituições financeiras indistinta ou individualmente.
Regulação prudencial é a adoção de medidas que visam a uma atuação preventiva para limitar a exposição das instituições financeiras ao risco inerente à atividade bancária.
Regulação sistêmica consiste no conjunto de medidas adotadas para proteger o sistema financeiro de um risco sistêmico (risco sistêmico é o fenômeno de contágio, isto é, o de que instituições bancárias “doente” podem fazer com que outras instituições saudáveis se tornem doentes).
Regulação concorrencial é o estabelecimento de condições de concorrência entre as instituições financeiras, coibindo os abusos com a aplicação de penas previstas na Lei nº 4.595/64. (Christophe Yvan François Cadier. Sistema Financeiro Nacional.)
P: Os atos de concentração entre instituições financeiras devem ser submetidos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)?
R: A análise dos atos de concentração, aquisição ou fusão de instituição relacionados ao Sistema Financeiro Nacional é atribuição do BACEN, conforme o art. 10, inciso X, alíneas “c” e “g”, da Lei nº 4.595/64.
Em razão dessa disposição legal, o então Advogado-Geral da União Gilmar Mendes emitiu o Parecer nº GM-20, de 2001, estabelecendo a competência privativa do Banco Central do Brasil para analisar e aprovar os atos de concentração de instituições integrantes do sistema financeiro nacional, bem como para regular as condições de concorrência entre instituições financeiras e aplicar-lhes as penalidades cabíveis.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em 2010, ratificou o entendimento do Parecer nº GM-20, concluindo pela competência privativa do BACEN (REsp nº 1094218/DF). O processo está atualmente no STF, aguardando o julgamento dos recursos extraordinários (RE 664189).
P: O que são os Acordos de Basileia?
R: Os Acordos de Basileia, originalmente denominados International Convergence of Capital Measurements and Capital Standards, são três acordos, conhecidos como Basileia I, Basileia II e Baileia III, que definem procedimentos bancários, de contabilização, avaliação de riscos e exigência de patrimônio líquido mínimo das instituições financeiras. (Christophe Yvan François Cadier. Sistema Financeiro Nacional.)
(obs.: preferi não explicar o que cada acordo de Basileia representou ao sistema financeira nacional porque é algo muito específico, com equações e cálculos. Mas quem quiser se aprofundar, eis um bom link http://www.bb.com.br/portalbb/page51,136,3696,0,0,1,8.bb?codigoNoticia=7724)
P: Os bancos comercias estão sujeitos a registro nos Conselhos Regionais de Economia?
R: Em decorrência de a fiscalização dos bancos comerciais ser privativa do Banco Central do Brasil (art. 10, IX, da Lei nº 4.595/64), eles não se sujeitam ao registro dos Conselhos Regionais de Economia. (razão da criação da Súmula 79/STJ).
P: É possível a imposição das penalidades por condutas coibidas somente em resoluções do BACEN?
R: O art. 44, caput, da Lei nº 4.595/64 estabelece que as penalidades ali previstas se destinam às condutas previstas no referido diploma legislativo. Dessa forma, as condutas dispostas em atos infralegais não podem ser sancionadas com aquelas penalidades. Entendimento pacífico do STJ (REsp 1255987/PR, REsp 324181-RS, REsp 438132-RS).
P: A quem compete o estabelecimento do horário de atendimento ao público dos bancos?
R: Segundo a súmula 19 do STJ, a competência para fixar o horário de atendimento ao público dos bancos é da União.
P: A exigência constitucional de que as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais implica na obrigatoriedade de pagamento dos servidores públicos em instituições financeiras públicas?
R: A disponibilidade de caixa não se confunde com o depósito bancário de salários, vencimento ou remunerações de servidor público, que consistem em despesas liquidadas. Por isso, o pagamento de servidores públicos pode ser feito em instituição bancárias privadas. (STF, Rcl 3872-AgR).
P: A limitação da taxa de juros em 12% prevista no atualmente revogado art. 192, § 3º, da CF possuia aplicação imediata?
R: Segundo o Plenário do STF, no julgamento da ADI 4, ficou estabelecido que a limitação dos juros previstas no art. 192, § 3º, da CF tinha sua aplicação condicionada à edição da lei complementar exigida pelo mesmo dispositivo constitucional. Atualmente, a matéria é regida pela Súmula Vinculante 7: “A NORMA DO § 3º DO ARTIGO 192 DA CONSTITUIÇÃO, REVOGADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 40/2003, QUE LIMITAVA
A TAXA DE JUROS REAIS A 12% AO ANO, TINHA SUA APLICAÇÃO CONDICIONADA À EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR.” A súmula vinculante aproveitou a redação da súmula 648 do STF.
P: É constitucional a utilização da taxa SELIC (sistema especial de liquidação e custódia) para atualização dos débitos tributários?
R: Em âmbito federal, a taxa SELIC é utilizada para atualização dos débitos tributários (art. 13 da Lei nº 9.065/95) e não tributários (art. 30 da Lei nº 10.522/02) e das repetições de indébito (art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95).
O STJ, em recurso especial representativo da controvérsia, entendeu possível a utilização do indexador para os tributos municipais e estaduais, com o devido respaldo da legislação do ente tributante (REsp 879844/MG).
O STF, em repercussão geral, considerou constitucional a utilização da taxa SELIC, porquanto é um índice oficial que não confere natureza remuneratória ao tributo e respeita o princípio da isonomia, pois a repetição de indébito também é atualizada pela taxa (RE 582461).
P: Qual é a participação da Procuradoria da Fazenda Nacional no Sistema Financeiro Nacional?
R: A Procuradoria da Fazenda Nacional atua no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional com a atribuição de zelar pela fiel observância das leis, decretos, regulamentos e demais atos normativos (art. 2º, § 2º, do Decreto nº 91.152/85).
P: Quais as competências do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional?
R: Decreto nº 1935/96: O CRSFN julga, em segunda e última instância, os recursos contra:
a) penalidades no âmbito do Sistema Financeiro Habitacional;
b) penalidades impostas pela CVM;
c) cancelamento do registro especial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S/A. (CACEX) e na Secretaria da Receita Federal;
d) penalidades impostas pela Carteira de Comércio Exterior (CACEX)
f) penalidades impostas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) ou por outras entidades com base na Lei nº 9.613/98.
g) decisões do BACEN referentes a:
g.1) imposição de multa pecuniária variável, suspensão do exercício do cargo e inabilitação temporária ou permanente pelo BACEN e penalidades decorrentes do descumprimento normas legais e regulamentares;
g.2) penalidades por infração à legislação cambial, de capitais estrangeiros e de crédito rural e industrial;
g.3) penalidades por infração à legislação de consórcios; 
g.4) adoção de medidas cautelares;
g.5) desclassificação e descaracterização de operações de crédito rural e industrial, e impedimentos referentes ao Programa de Garantia de Atividade Agropecuária - PROAGRO.
g.6) relacionadas à retificação de informações, aplicação de multas e custos financeiros associados a recolhimento compulsório, encaixe obrigatório e direcionamento obrigatório de recursos.
O CRSFN também julga os recursos de ofício dos arquivamentos de processos referentes aos itens g.1 a g.4.
Obs.: as funções da CACEX hoje são desempenhadas pela SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExterioR: MDIC.
8. Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade econômica. Política agrícola e fundiária e reforma agrária. Solange ( solange2k3@yahoo.com.br)
 
P: Quais as características das Constituicoes positivadas sob a egide do Liberalismo? A CF de 88 fundou um Estado nos moldes do liberalismo classico?
R: Tais Constituicoes preocuparam-se , sobretudo, em declarar direitos fundamentais do individuo perante o Estado ( direitos fundamentais de primeira geração) e em instituir mecanismos que assegurassem a limitacao do poder do Estado ( separacao funcional dos poderes e formas de controle reciproco entre os poderes – sistema de freios e contrapesos). Os principios basicos a serem respeitados eram a autonomia da vontade do individuo e a liberdade negocial.
A CF -88 nao fundou um Estado abstencionista nos moldes do Liberalismo classico, tampouco instituiu um Estado Socialista. A ordem juridico-politica brasileira preve e autoriza a intervencao do Estado no dominio economico, de variadas formas, sempre tendo como escopo a dignidade da pessoa humana.(Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino- VP&MA)
 
 P: Qual a relacao entre o fundamento da dignidade da pessoa humana e a Ordem Economica?
R: A CF-88 tem como nucleo a dignidade da pessoa humana, portanto deve ser conformada a realidade economica sob a perspectiva da dignidade humana. O ordenamento juridico somente considerara legitima a atividade economica que tenha como fundamento e objetivo assegurar a todos condicoes materiais assecuratorias de uma existencia digna ( minimo vital). (VP&MA)
 
P: A Constituicao de 88 originou um Estado capitalista?
R: Sim, haja vista ser fundamento da Republica o valor social da livre iniciativa. (VP&MA)
 
P:Quais os meios de atuacao do estado na area economica?
R: O Estado pode atuar diretamente ou indiretamente na economia.
Atua diretamente quando ele desempenha o papel de agente economico (Estado empresario). O proprio Estado , normalmente por pessoas juridicas por ele constituidas e sob seu controle, atua na producao de bens ou prestacao de servicos de conteudo economico.
A atuacao pode se dar em regime de monopolio (absorcao) ou em concorrencia com outras empresas do setor privado( participacao).
 A atuacao indireta ocorre por meio da inducao, fiscalizacao e planejamento. ((VP&MA)
 
P: `A que visa a atuacao indireta do Estado na economia?
R:Visa a corrigir distorcoes que se verificam quando os agentes economicos podem atuar de modo totalmente livre ( ex : em casos de oligopolios, dumping, etc)
 
P: A inducao `e uma forma de intervencao indireta do estado na economia, em que consiste?
R: Consiste no direcionamento do Poder Publico `a atuacao dos agentes economicos privados incentivando determinadas atividades e desestimulando outras. Pode ser positiva- fomento- operando-se por meio de beneficios fiscais, subsidios, financiamento de projetos; ou negativa, ex: elevacao de aliquotas.
 
P: O Programa Universidade para Todos (PROUNI), que regulou a atuação de entidades de assistência social no ensino superior, concedera bolsas de estudos em universidades privadas a alunos que cursaram o ensino médio completo em escolas públicas ou em particulares, como bolsistas integrais, cuja renda familiar fosse de pequena monta, com quotas para negros, pardos, indígenas e àqueles com necessidades especiais. Esse programa ofende o principio da livre iniciativa?
R: O STF , na ADI 3.330, reconheceu a constitucionalidade da norma que trata do PROUNI, afastando a a assertiva de ofensa ao princípio da livre iniciativa (CF, art. 170), ao fundamento de que este postulado já nasceria relativizado pela própria Constituição. Isso porque a liberdade de iniciativa estaria sujeita aos limites impostos pela atividade normativa e reguladora do Estado, justificados pelo objetivo maior de proteção de valores também garantidos pela ordem constitucional e reconhecidos pela sociedade como relevantes para uma existência digna, conforme os ditames da justiça social. (ADI 3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, Plenário, Informativo 664.)
 
P: Quais os fundamentos da ordem economica?
R: A valorizacao do trabalho humano e a livre iniciativa. Transmite uma ideia de harmonizacao entre trabalho e capital. O empreendedorismo `e valor consagrado, desde que valorize o trabalho humano e contribua para assegurar a todos uma existencia digna.(VP&MA)
 
P: Quais os principios basicos da ordem economica?
R: Soberania nacional, propriedade privada, funcao social da propriedade, livre concorrencia, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, reducao das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituidas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administracao no Pais. (CF, art. 170)
 
P: O planejamento economico estatal `e determinante para o setor privado?
R: Nao. O planejamento economico estatal `e determinante para o setor publico, mas apenas indicativo para o setor privado.
P: Em que circunstancias se admite a exploracao direta de atividade economica pelo Estado?
R: Somente sera admitida quando necessaria aos imperativos da seguranca nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. (CF art. 173)
 
P: As empresas publicas e as sociedades de economia mista exploradoras de atividade economica em sentido estrito se sujeitam `a responsabilidade civil objetiva?
R: Nao. A RCO prevista no art.37, par 6, da CF somente alcanca as PJ de direito publico e as de direito privado prestadoras de servicos publicos.(VP&MA)
 
P:Qual a concepcao de servico publico fora adotada no Brasil?
R: A concepcao formal. Considera-se servico publico qualquer atividade de oferecimento de utilidade material `a coletividade, desde que, por opcao do ordenamento juridico essa atividade dea ser desenvolvida sob regime de direito publico.
Ha poucas excecoes, em que o regime juridico da atividade `e determinado em funcao da pessoa que a exerca. Os casos mais relevantes sao os servicos de educacao e saude. (VP MA)
 
P: Quais atividades podem ou devem ser exploradas em regime de monopolio pelo Estado? R: Todas as hipoteses de monopolio admitidas sao monopolios publicos e foram atribuidas exclusivamente `a Uniao. Abrangem basicamente as atividades com o petroleo, gas naturalbe minerios ou minerais nucleares.
 
P: Qual ente detem a competencia para legislar sobre desapropriacao?
R: A Uniao, de forma privativa.
 
P: Qual ente detem a competencia para declarar de interesse social o imovel rural para o fim especifico de promover a reforma agraria?
R: A Uniao, de forma exclusiva.
 
P: Quando se tem por atendida a funcao social da propriedade rural?
R:Quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo criterios e graus de exigencia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I-aproveitamento racional e adequado;
II – utilizacao adequada dos recursos naturais disponiveis e preservacao do meio ambiente
III- observancia das disposicoes que regulam as relacoes de trabalho
IV- exploracao que favoreca o bem-estar dos proprietarios e dos trabalhadores
 
P: Que propriedades rurais sao insuscetiveis de desapropriacao para fins de reforma agraria?
R: A pequena e media propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietario nao possua outra e a propriedade produtiva.
 
P: De que forma deve se dar a indenizacao no caso de desapropriacao para fins de reforma agraria?
Deve ser previa e justa em TDA, com clausula de preservacao do valor real no prazo de ate 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissao, e cuja utilizacao sera definida em lei.
 As benfeitorias uteis e necessarias sao indenizadas em dinheiro (184, par 1)
 
P: Quais os requisitos da usucapiao pro-labore?
R: Ser possuidor de area de terra , em zona rural, nao superior a 50 hectares, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, desde que nao seja proprietario de outro imovel rural ou urbano.
 (questoes retiradas da Constituicao- STF)
 
P: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição aplica-se às operações de importação de bens realizadas por Municípios?
R: Sim, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’). Compete ao ente tributante provar que as operações de importação desoneradas estão influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. O risco à livre-iniciativa e à concorrência nao `e presumido.” (AI 518.405-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010.)
 
P: Qual a natureza do servico postal?
R: O serviço postal não consubstancia atividade econômica em sentido estrito. Serviço postal é serviço público. (ADPF 46, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-09, Plenário, DJE de 26-2-10)
 
 P: Monopolio e exclusividade na prestacao de servicos publicos, diferencie:
R: A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio. É imprescindível distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. (ADPF 46, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-09, Plenário, DJE de 26-2-10)
 
P: O que é tributo extrafiscal proibitivo, ou simplesmente proibitivo?
R: `E o tributo cujo alcance não exclui objetivo simultâneo de inibir ou refrear a fabricação e o consumo de certo produto. A elevada alíquota do IPI caracteriza-o, no setor da indústria do tabaco, como tributo dessa categoria, com a nítida função de desestímulo por indução na economia. E isso não pode deixar de interferir na decisão estratégica de cada empresa de produzir ou não produzir cigarros. É que, determinada a produzi-lo, deve a indústria submeter-se, é óbvio, às exigências normativas oponíveis a todos os participantes do setor. (AC 1.657-MC, voto do Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento em 27-6-2007, Plenário, DJ de 31-8-2007.)
Complementando: Tributo extrafiscal proibitivo é o dever preestabelecido por uma regra jurídica que o Estado utiliza como instrumento jurídico para impedir ou desestimular, indiretamente, um ato ou fato que a ordem jurídica permite.
Aliás, no tributo extrafiscal “proibitivo”, a percepção do tributo contraria o objetivo do Estado, pois aquilo que o Estado realmente deseja não é o tributo, mas sim aquele específico reflexo econômico-social que resulta da circunstância dos indivíduos evitarem ou se absterem de realizar a hipótese de incidência do tributo extrafiscal “proibitivo”. (Alfredo Augusto Becker, ob. cit., P. 592).
O tributo extrafiscal “proibitivo” está justificado não pela ofensa a um princípio estruturante da ordem econômica (como é a função social da propriedade), mas simplesmente por interesses do próprio Estado, em relação à intervenção na esfera dos particulares. http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=189
9. Ordem jurídico-econômica. Conceito. Ordem econômica e regime político. Renato Saldunbides Jardim (resaldunbides@gmail.com)
P- O que se entende por ordem pública?
R: É o conjunto de normas cogentes imperativas que prevalece sobre o universo das normas dispositivas/de direito privado.
 
P- Conceitue ordem econômica.
R: Conjunto de princípios e normas que definem institucionalmente um determinado modo de produção econômica.
 
P- O que se entende por constituição econômica?
R: É o corpo de normas previsto nas constituições escritas, destinado a reger o fato econômico. É chamada de constituição econômica formal quando agrupadas ou dispersas no corpo da própria constituição. É chamada de constituição econômica material quando abrangerem além daqueles preceitos constitucionais outras normas infraconstitucionais, como leis e atos de menor hierarquia.
 
P- Quais os fundamentos da ordem jurídica econômica previstos na CR?
R: Valorização do trabalho humano, livre iniciativa e assegurar a existência digna de todos.
 
P- Quais os tipos de normas que materializa o direito econômico?
R: O direito econômico é materializado em normas jurídicas, destacando-se, além das normas tradicionais de conteúdo genérico e abstrato, as seguintes normas: a) normas programáticas: portadores de enunciados/orientações sobre a ordem econômica; b) normas objetivas: tem por fim a implementação de políticas públicas destinadas a cumprir fins específicos. Ex: Lei do plano real cuja finalidade era acabar com a inflação e instituir a estabilidade econômica; c) normas premiais: aplicam estímulos e
incentivos.
 
P- Segundo Eros Roberto Grau, quais são as duas vertentes conceituais da ordem econômica?
R: a) vertente ampla: é a regulação jurídica da intervenção do Estado na economia. Parcela da ordem de fato inerente ao mundo do ser. b) vertente estrita: é a regulação jurídica do ciclo econômico (produção, circulação e consumo). Parcela da ordem de direito, inerente ao mundo do dever ser.
 
P- Quais são os princípios gerais da atividade econômica previstos na CR?
R: Segundo a artigo 170 da CR, os princípios são: soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; busca do pleno emprego; redução das desigualdades regionais e sociais; tratamento favorecido para empresas de pequeno porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.
 
P- O que se entende por juridicização da política econômica?
R: O Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja, governa através de mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado que tem competência para fixar, determinar, estipular políticas econômicas.
 
P- O Estado pode adotar práticas que limitem a concorrência? Nesse caso, hápossibilidade de controle pelo judiciário?
R: Sim, o Estado pode adotar práticas que resultam em limitação a concorrência, mas, nem por isso, tais práticas encontram-se a margem do controle do poder judiciário, conforme entendimento sumulado do STF (súmula 646).
10. Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. Definição. Normas: direito econômico internacional. Aspectos da ordem econômica regional. Definição. Normas: direito econômico regional – MERCOSUL. Yuri Excalibur (yuri.excalibur@gmail.com)
P.: Conceitue a Ordem Econômica Internacional.
R.: A ordem econômica internacional pode ser conceituada como o conjunto de normas e instituições que disciplinam a dinâmica das relações internacionais no campo econômico (Paulo Henrique Portela, 2011, p. 342).
Celso de Mello define como “o conjunto de princípios, de regras e de práticas privadas ou públicas que regem e organizam as relações econômicas entre os atores que hoje determinam a sociedade internacional: Estados, Organismos Internacionais e Grupos Transnacionais”.
Cumpre ao Direito Internacional Econômico estudar e regular a ordem econômica internacional.
Alguns autores fazem distinção entre Direito Econômico Internacional e Direito Internacional Econômico. O primeiro relaciona-se diretamente com o direito econômico, ramo da ciência jurídica que regula as formas de intervenção estatal na economia. O segundo busca regular o funcionamento da ordem econômica internacional, promovendo o comércio internacional, a integração regional e o combate instabilidade econômica internacional, relacionando-se diretamente com o direito internacional.
A Ordem Econômica Internacional atual remonta aos Acordos de Bretton Woods, que criaram as principais normas e organismos voltados a atuar no comercio internacional. O tripé de Bretton Woods significou a criação conjunta do FMI, do BIRD e o firmamento do acordo sobre tarifas aduaneiras e comércio (GATT).
P. Quais as principais características da atual Ordem Econômica Internacional?
R.: Portela (p. 345) afirma que a ordem econômica internacional apresenta como características: (a) constantes evoluções em decorrência da liberalização da economia; (b) flexibilidade das normas; (c) progresso da tecnologia da informação; (d) redução das barreiras comerciais; (e) maior rapidez e alto volume de trocas comerciais; (f) proibição de práticas comerciais discriminatórias e desleais; (g) instabilidade da ordem econômica.
P. Quais os princípios que regem a Ordem Econômica Internacional?
R.: O Material do TRF 1ª Região apresenta-nos os seguintes princípios:
(a) Cláusula da Nação Mais Favorecida ou Princípio da Não Discriminação: todo e qualquer favorecimento alfandegário oferecido a um Estado deve ser extensível aos demais. Veda-se qualquer forma de discriminação, ressalvando-se os benefícios concedidos aos países em desenvolvimento.
(b) Cláusula de Habilitação e o Princípio da condição especial do País em desenvolvimento: o primeiro foi criado da Rodada de Tóquio, constituindo-se na base jurídica do Sistema Geral de Preferências. Consubstancia exceção à cláusula acima e visa os países em desenvolvimento que estejam habilitados a receberem tratamento comercial diferenciado. O segundo corrobora que os países desenvolvidos devem prestar assistência aos menos desenvolvidos, contando os últimos com condições mais favoráveis de acesso ao mercado.
(c) Princípio do Tratamento Nacional: os bens importados devem receber tratamento semelhante ao nacional, ressalvada a possibilidade de aplicação do regime de salvaguarda, que consiste em um procedimento administrativo que busca apurar se determinadas importações de um determinado produto em um determinado momento aumentaram de forma brusca, causando prejuízos a economia interna.
(d) Princípio da adoção das medidas urgentes: ocorre nos casos de surtos de importações, no qual as partes envolvidas podem aplicar o “regime de salvaguarda”, pedindo isenções de algum compromisso ou obrigação decorrente de eventual acordo firmado.
 (e) Proteção Transparente: defende que o protecionismo, quando legítimo, deve ser efetuado por meio de barreiras tarifárias transparentes e não por barreiras não tarifárias, porquanto essas últimas, em muitos casos, são utilizadas de forma discriminatória.
(f) Concorrência Leal: visa coibir práticas desleais de dumping e subsídios injustificados. Verificando-se a concorrência desleal nascerão para o Estado prejudicado algumas barreiras tarifárias não tributárias, como por exemplo, o “direito antidumping” e “as medidas compensatórias”.
(g) Reconhecimento de acordos regionais: atua como exceção ao Princípio da não discriminação, permitindo tratamento diferenciado no comércio intrablocos. Tal princípio define as etapas do Direito da Integração.
P.: O que são Barreiras Tarifárias?
R.: Barreiras Tarifárias são gravames impostos pelo Estado em decorrência da prática de concorrência desleal por outros Estados soberanos, cujo fim é restringir ou inviabilizar o ingresso de mercadoria estrangeira ou a saída de mercadoria nacional para o exterior. Em última análise busca-se preserva a economia interna. As Barreiras Tarifárias caracterizam-se pela imposição de exações pecuniárias tributárias (aumento de alíquotas dos impostos ou contribuições) ou não tributárias (direitos antidumping ou medidas compensatórias).
O dumping consiste na conduta dos agentes econômicos que vendem os seus produtos fora país abaixo do preço do custo de produção e também por preço inferior aos cobrados no país de origem (Fabiano Del Mazzo, 2012, P. 316). Tem como consequência a aplicação dos “direitos antidumpings”.
Os subsídios injustificados ocorrem quando o Governo de um País custeia a produção de um determinado seguimento comercial, aumentando a competitividade frente ao mercado internacional. Tem como consequência a aplicação das “medidas compensatórias”.
À luz do parágrafo único da lei 9.019/95 (dispõe sobra a aplicação dos direitos previstos no acordo antidumping e no acordo de subsídios) os “direitos antidumping” e os “direitos compensatórios” serão cobrados independentemente de quaisquer obrigações de natureza tributária relativa à importação dos produtos afetados.
P.: O que são Barreiras não Tarifárias?
R.: São barreiras que não consistem em exações pecuniárias, tendo por características a imposição de óbices formais, ou seja, burocratização do procedimento de entrada no território nacional. 
O Princípio da Proteção transparente colide com a aplicação das barreiras não tarifárias de cunho discriminatório.
P.: Apresente as principais características do GATT. Qual a sua importância para a criação da OMC (organização mundial do comércio)?
R.: O acordo de tarifas aduaneiras e comércio (GATT – General Agreement on Tariffs
and Trade) foi assinado em Genebra (1947) e seu principal objetivo foi a liberalização do comércio mundial. O princípio básico do GATT é a não discriminação, pressupondo a igualdade econômica de todos os participantes. Diversas rodadas de negociação visando atualizar as regras do comércio internacional foram realizadas, destacando-se, contudo, a Rodada do Uruguai, firmada em Marraqueche (Marrocos), na qual se constituiu a Organização Mundial do Comércio, organismo internacional com personalidade jurídica própria e com competência para regular o comércio internacional de bens e serviços.
A denominação GATT expressa duas coisas distintas: (a) um órgão e (b) um tratado. O órgão GATT foi substituído pela OMC. Por outro lado, o tratado GATT continua em vigor, regulando o comércio mundial.
Principais Rodadas do GATT: (a) Genebra -1947; (b) Annency – 1949; (c) Torquay -1950; (d) Genebra – 1955; (e) Dillon -1960; (f) Kennedy – 1964/1967 – criação dos direitos antidumping; (g) Toquio – 1973/1979 – criação das medidas não tarifárias e cláusulas de habilitação; (h) Uruguai – 1986/1993 – criação da OMC; (i) Rodada de Doha – iniciado em 2001 e ainda em curso.
P. Apresente as principais funções e objetivos da OMC.
R.: A OMC é parte do Sistema das Nações Unidas, contudo, é entidade autônoma. Trata-se do principal Organismo Internacional encarregado de promover o livre comércio do mundo, servindo como verdadeiro esquema de regulação do mercado global, com vistas a permitir o desenvolvimento da atividade mercantil internacional dentro de parâmetros que confiram a previsibilidade, a clareza e a segurança demandada pelos agentes econômicos.
P. Como se dá o processo de Adesão à OMC?
R.: O País solicitante deverá compatibilizar seu ordenamento interno aos princípios e objetivos da OMC. Em seguida, vem a fase de concessões tarifárias, na qual os países já signatários elaboram uma lista de redução tarifárias de seus produtos para fins de exportação. Analisando positivamente o pedido de desagravamento, o país solicitante ingressará como novo membro da OMC.
P. Fale sobre a estrutura da OMC?
R.: Conferência Ministerial – principal órgão da OMC; o Conselho Geral – órgão executivo; o Secretariado – chefiado pelo Diretor-Geral.
O Conselho Geral tem um órgão cuja competência é examinar as ações dos Estados em face dos acordos internacionais de comércio e velar pela eficácia dos tratados em matéria comercial (ORPC – órgão de revisão de política comercial). O Conselho possui também um órgão de solução de controvérsias voltado para resolver conflitos acerca das normas comerciais internacionais (OSC – órgão de solução de controvérsias).
P. Fale sobre o Sistema de Solução de Controvérsias da OMC.
R.: O descumprimento das normas previstas nos acordos comerciais internacionais enseja a possibilidade de que o Estados-membros prejudicados acionem o mecanismo de solução de controvérsias da OMC, conforme consta no anexo 2 do tratado de Marrakesh. Inicialmente o OSC buscará uma solução que atenda os interesses de ambas as partes envolvidas no litígio. Não sendo possível a solução, aciona-se o mecanismo específico da OMC, cuja decisão final será obrigatória. Constatado o descumprimento da decisão do OSC, nascerá a possibilidade de retaliação econômica pelo Estado prejudicado, aplicando-se medidas compensatórias contra o Estado causador do dano. As medidas compensatórias terão caráter temporário e limitar-se-á ao montante dos prejuízos sofridos.
Os princípios que regem o OSC são: (a) abrangência: todos os acordos firmados dentro da organização estão abrangidos pelo OSC; (b) automatização: o mecanismo de solução de controvérsias processa-se de forma gradual e consecutivas e (c) exequibilidade: a OMC detém capacidade para obrigar os Estados a cumprir suas decisões.
A resolução do litígio poderá ocorrer de forma consentida/voluntária (bons ofícios, arbitragem) ou pelos mecanismos previstos na OMC (Painéis, Órgão de Apelação Permanente).
Dentro do sistema de solução das controvérsias temos: (a) Primeira etapa – mecanismo de consultas, que visa determinar precisamente o teor da questão litigada; (b) Segunda etapa – perdurando o litígio poderá ser estabelecido um grupo especial chamado de Painel, que examinará as reclamações. Ao final, emitirá um relatório exarando algumas recomendações dirigidas ao OSC, que pode adotá-las ou não.
O Órgão Permanente de Apelação tem competência para apreciar o inconformismo do Estado derrotado em qualquer órgão de solução de litígio da OMC. A decisão limita-se as questões de direito. O OPA emite ao final um relatório, que pode ou não ser adotado pelo OSC.
P.: Qual a diferença entre Direito Comunitário e Direito da Integração?
R.: O Direito Comunitário é o ramo do Direito Internacional que regula os Blocos Regionais que alcançaram um estágio de desenvolvimento avançado (União Econômica e Monetária). O Direito Comunitário tem como sujeitos os Estados e os Organismos Internacionais, possuindo como característica principal a aplicabilidade imediata das normas e decisões exaradas pelos seus órgãos, dispensando a incorporação aos respectivos ordenamentos internos. Cite-se o exemplo das decisões emanadas da União Europeia e pelo Conselho de Segurança da ONU, pela OMC, pelo TPI e etc.
O Direito da Integração é o ramo do Direito Internacional que regula o funcionamento dos Blocos Regionais. Ressalte-se que os Blocos Regionais, nesse caso, ainda encontram-se em desenvolvimento primário ou secundário. Diferentemente do Direito Comunitário, as normas e decisões exaradas pelo Bloco Regional devem ser incorporadas ao ordenamento jurídico do Estado Soberano. Cite-se o exemplo das decisões emanadas pelo Mercosul.
P.: Quais os estágios da Integração Econômica Regional?
R.: ZONA DE LIVRE COMÉRCIO: ocorre com eliminação total dos gravames alfandegários, tarifários ou não, que incidem no comércio, mas não necessariamente com todos os produtos comercializados. Para o GATT, um acordo é considerado Zona de Livre-Comércio quando abarca pelo menos oitenta por cento dos bens comercializados entre os membros do grupo. Como pressupõe a isenção na circulação de bens comercializados entre os países signatários, é importante saber se o bem é originário do país ou foi reexportado para dentro da Zona. A determinação da nacionalidade do bem se dá pelo “regime de origem”.
 UNIÃO ADUANEIRA: ocorre com a anulação das exações alfandegárias e com a unificação da estrutura tributária. Adota-se uma tarifa externa comum (TEC) para as importações de mercados externos ao grupo. Estabelecem-se disciplinas comuns em matéria alfandegária, normalmente com unificação das políticas comerciais.
 MERCADO COMUM: além da união aduaneira, onde há livre circulação de mercadorias, também há livre circulação dos fatores de produção dentro dos Estados participantes (capital, trabalho e tecnologia). Do ponto de vista da mão-de-obra, devem ser eliminadas todas as barreiras fundadas na nacionalidade (postura xenofilística), com isonomia de direitos e obrigações entre os nacionais e estrangeiros oriundos dos membros. No que se refere ao capital, devem ser evitadas posturas xenofóbicas quanto à origem e à possibilidade alocação e movimentação. É necessária a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais (juros, fiscal, cambial etc.).
UNIÃO ECONOMICA OU MONETÁRIA: além da presença de um mercado comum, são unificadas (e não apenas coordenadas) as políticas monetária, fiscal e cambial. É associada, também, à criação de moeda única. Ex. Comunidade Europeia.
P.: Quais os aspectos e objetivos do Mercosul?
R.: Em 1991, veio o tratado de Assunção, dando feição incipiente ao bloco multilateral proposto pela Declaração do Iguaçu e pela Ata de Buenos Aires. São membros do Mercosul: Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela. O Paraguai encontra-se suspenso. São membros associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
O Tratado de Assunção é um mero acordo-quadro. Portela afirma que se trata de arranjo entre Estados. O Mercosul é continuamente implementado por acordos
que serão apresentadas pelo Poder Executivo.
P - No Brasil o orçamento público é autorizativo ou impositivo?
R: Via de regra, o orçamento público é autorizativo, pois o que se tem é mera previsão de gastos, que serão realizados de acordo com as possibilidades das receitas arrecadadas no exercício. A previsão de uma dada receita não necessariamente implica sua realização, já que o executivo tem a discricionariedade de ajustar os gastos públicos diante das necessidades que realizam ao longo do exercício.
No entanto, há certas receitas do Estado que têm destinação própria pois estão vinculadas a finalidades específicas, como as Contribuições da Seguridade Social. Do ponto de vista destas receitas, o orçamento é impositivo, não há qualquer margem de discricionariedade do Executivo para não as vincularem a saúde, previdência e assistência. Ou seja, haverá imposição nos casos em que as receitas possuem destinação específica. 
P - Qual a natureza jurídica do orçamento público?
R: Há na doutrina diversos posicionamentos acerca da natureza jurídica do orçamento. Alguns, a exemplo de Aliomar Baleeiro, entendem como ato administrativo, sendo uma “lei de meios”, ou seja, um simples instrumento de arrecadação, configurando mero ato administrativo. Outros, como lei em sentido material e formal, nessa hipótese, considera-se o orçamento como lei em sentido formal, na medida em que é produzida mediante processo legislativo específico. Nada obstante, também configuraria lei em sentido material, no que diz respeito à previsão de cobrança de tributos, por criar deveres aos seus destinatários e ser geral e abstrata quanto a esse aspecto.
Por fim, há os que entendem o orçamento como lei em relação à receita e ato administrativo no tocante à despesa: para a clássica posição de León Duguit, o orçamento é ao mesmo tempo um ato administrativo em relação aos gastos, porque basta uma operação administrativa para a despesa, e, em relação à arrecadação dos tributos, adquire caráter de lei em sentido material, porque gera obrigações fiscais de conteúdo jurídico para o contribuinte e é geral e abstrata.
Atualmente, o posicionamento que melhor explica a natureza jurídica do orçamento é a que considera lei formal, pois não cria direitos subjetivos, tampouco modifica leis tributárias e financeiras. Em complemento, pode-se afirmar o orçamento é uma lei de efeitos concretos, particulares, destinada a vigorar por um só exercício.
P - Em que consiste os Princípios da Programação, Exclusividade, Universalidade orçamentária e Especialização?
R: De acordo com o Princípio da Programação, o orçamento não deve conter apenas as estimativas para as receitas e despesas do próximo exercício, mas também, a previsão de objetivos e metas relacionadas á realização das necessidades públicas. Essa característica pode ser observada pela redação do art.165, par. 4 e 7.
O Princípio da Exclusividade determina que, em regra, o orçamento ou a LOA não conterá dispositivos estranhos á previsão de receitas e á fixação de despesas, visando sobretudo extirpar do orçamento dispositivos que permitam a burla de sua harmônica execução.
Já o Princípio da Universalidade estabelece a necessidade de todas as receitas e despesas estarem previstas na LOA. Segundo José Afonso da Silva, trata-se do Princípio do Orçamento Global segundo o qual devem estar contidos no orçamento os aspectos do programa orçamentário de cada órgão, o que inclui naturalmente as previsões de receita e despesas, mas também as explicações sobre os objetivos, metas e metodologias que o Governo pretende adotar.
Por fim, o Princípio da especialização, especificação ou discriminação estabelece que as receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação.
 
P: As Leis orçamentárias podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade?
R: Acerca deste tema, houve inegável evolução jurisprudencial. A postura tradicional do STF era manifestada pela imposibilidade de controle em abstrato de leis orcámentárias, pois tais leis seriam, do ponto de vista material, atos administrativos concretos e, por isso, não estariam alçancadas pelo controle concentrado de constitucionalidade.
Ocorreu que, em 2003, o STF recebeu uma ADI questionando se a Lei 10.640/03, que determinou a desvinculação de parte das receitas a serem arrecadadas com a CIDE combustíveis, seria constitucional. Neste caso específico, o STF decidiu que a norma teria densidade normativa abstrata suficiente para ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade.
Mais recentemente, em 2008, o tema foi novamente levado ao STF por conta da MP 405/2005, convertida na Lei 11.685/08, que determinou a abertura de créditos extraordinários sem que estivessem presentes as justificativas constitucionais para tanto, quais sejam; calamidade pública, guerra ou comoção interna. Neste julgado o STF mudou radicalmente a posição anteriormente firmada e reconheceu a possibilidade de controle das leis orçamentárias, sob o fundamento de que o simples fato de se tratar de uma lei questionada perante o Tribunal, já justificava a possibilidade de controle em abstrato de sua constitucionalidade, independentemente do caráter concreto ou abstrato da norma em questão.
P: O que estabelecerá o Plano Plurianual?
R: O plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da administração pública federal para despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas ao programa de duração continuada.
P: O que compreenderá a Lei de Diretrizes Orçamentárias?
R: As metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
P: A Lei Orçamentária Anual compreenderá quais orçamentos?
R: A LOA compreenderá o orçamento fiscal referente aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituidas e mantidas pelo poder público; o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha maioria do capital social com direito a voto e o orçamento da seguridade social que abrange todas as entidades e órgãos vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituidas e mantidas pelo Poder Público.
P: Depois de enviados ao Congresso Nacional, o Presidente da República poderá propor modificações nos projetos de lei relativos ao plano pluri anual, ás diretrizes orçamentárias e ao orçamento anual?
R: Sim, mesmo após o envio dos projetos mencionados, o chefe do executivo pode, através de mensagem enviada ao Congresso Nacional, propor modificações nesses projetos, mas apenas enquanto não houver início de votação pela Comissão Mista de Orçamento, da parte que o chefe do executivo deseja alterar.
P: O que ocorre caso o Projeto de Lei orçamentária não seja aprovado até 31.12?
R- Subsiste a lei anterior, fazendo as adaptações necessárias mediante autorização legislativa. Mas há divergência doutrinária, para uns a lei anterior deve ser mantida, fazendo-se as devidas adaptações e eventuais autorizações deverão depender do Poder Legislativo; para outros a lei anterior deve ser mantida com liberação de 1/12 mensalmente, até a aprovação de uma nova lei; por fim há quem entenda que é possível a promulgação do projeto pelo chefe de executivo sem qualquer alteração.
P: Cabe exclusivamente ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas o controle de cumprimento do programa de trabalho previsto na Lei Orçamentária?
R: De acordo com a CF, art.70 caput, a fiscalização orçamentária e financeira quanto á legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional e pelo sistema de controle interno
adicionais, determinando, dentre outros aspectos: (a) programa de liberalização comercial, com reduções progressivas, lineares a automáticas de tarifas, acompanhadas da eliminação de barreiras não tarifárias (ao que se denomina programa de liberalização); (b) coordenação de políticas macroeconômicas; (c) adoção de uma TEC (Tarifa Externa Comum). Isto visa à consolidação da União Aduaneira. Mas isto não se deu de forma perfeita e acabada, sendo necessária a elaboração de listas de convergências de determinados bens para o alcance da tarifa externa comum; (d) lista de exceções à TEC para produtos considerados “sensíveis”. A lista deve ser temporária, devendo ser reduzida ao final de cada ano calendário. Outrossim, a lista de exceções (programada inicialmente para ser extinta até 1995) mostrou-se insuficiente, sendo necessária a instituição de um regime de adequação final, que constitui-se num período adicional de exceções a um número muito reduzido de produtos; (e) constituição de um regime de origem e de um mecanismo de solução de controvérsias. No regime de origem, só os produtos de origem certificada do MERCOSUL podem submeter-se à TEC; (f) adoção de acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção. Visa o estabelecimento de uma união aduaneira.
PRINCÍPIOS DO TRATADO DE ASSUNÇÃO: GRADUALIDADE: relativo à construção de um Mercado Comum Integrado, que se realiza por etapas sucessivas. Esse princípio está relacionado à adequação do ordenamento jurídico de cada Estado Parte com a situação de um mercado novo e ampliado; FLEXIBILIDADE: objetiva proteger ou reconhecer determinadas situações especiais que compreendem vantagens circunstanciais e excepcionais. EQUILÍBRIO: pretende o desenvolvimento harmônico das medidas para a integração, de modo a distribuir tanto o custo econômico e social como os benefícios da integração.
O protocolo de Ouro Preto foi quem atribuiu a personalidade jurídica de direito internacional ao Mercosul.
OBJETIVO PRINCIPAL: fomentar o aumento do mercado interno dos estados signatários por meio das seguintes políticas: (a) integração econômica, enquanto condição fundamental para acelerar seus processos de desenvolvimento econômico com justiça social; (b) aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, (c) preservação do meio ambiente, (d) melhoramento das interconexões físicas, (e) coordenação de políticas macroeconômica da complementação dos diferentes setores da economia, com base no princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio; (f) desenvolvimento científico e tecnológico dos Estados Partes e modernização de suas economias para ampliar a oferta e a qualidade dos bens de serviço disponíveis, a fim de melhorar as condições de vida de seus habitantes.
P. Qual é a estrutura do Mercosul?
R.: CONSELHO DO MERCADO COMUM: é o órgão superior de deliberação política do MERCOSUL. Suas normas se denominam Decisões. Existe celeuma quanto a aplicação obrigatória ou não de suas decisões. Prevalece na doutrina que suas decisões precisam de incorporação ao ordenamento jurídico, uma vez que não se trata efetivamente de Direito Comunitário. O Conselho do Mercado Comum está integrado pelos Ministros de Relações Exteriores e os Ministros de Economia de cada país. O CMC pode também convocar outros funcionários a participar das reuniões. As reuniões devem ocorrer sempre que oportuno, mas o Conselho deve reunir-se ao menos uma vez a cada seis meses e, pelo menos uma vez por ano, com os Presidentes dos países membros. A Presidência do Conselho se exerce por rodízio dos Estados Partes, por períodos de seis meses.
GRUPO MERCADO COMUM: é o órgão executivo do Mercosul. O GMC se pronuncia por Resoluções, e está integrado por quatro membros titulares de cada país. Suas atas têm caráter público. Três dos quatro membros de cada país devem representar obrigatoriamente os Ministérios de Relações Exteriores e de Economia e os Bancos Centrais dos países membros (ou órgãos equivalentes). A coordenação do GMC é realizada pelos Ministérios de Relações Exteriores. O GMC pode convocar outros funcionários e representantes do setor privado a participar das reuniões e reunir-se-á quantas vezes se fizer necessária, ordinária ou extraordinariamente, mas pelos menos a cada três meses. A coordenação das reuniões está a cargo do estado presidente pro-tempore do CMC. Podem criar sub-grupos de trabalho.
COMISSÃO DE COMÉRCIO DO MERCOSUL: Está integrada por quatro membros titulares e quatro membros alternos de cada Estado Parte e coordenada pelos Ministérios de Relações Exteriores. Deve reunir-se pelo menos uma vez por mês, mediante pedido do Grupo Mercado Comum ou de qualquer dos Estados Partes. A Comissão de Comércio pronuncia-se através de Diretivas ou Propostas. As Diretivas serão obrigatórias para os Estados Partes, o que não ocorre com as propostas. É um órgão decisório técnico, é o responsável por apoiar o GMC. Pode criar comitês técnicos que lhe auxiliem no cumprimento de suas funções.
SECRETÁRIA ADMINISTRATIVA DO MERCOSUL: órgão de apoio operacional, responsável por prestar serviço aos demais órgãos do MERCOSUL, tendo sede permanente em Montevidéu. Está a cargo de um Diretor que deve ser nacional dos Estados-partes, eleito pelo GMC após prévia consulta às partes e designado pelo CMC.
PARLAMENTO DO MERCOSUL: visa cumprir o compromisso de integração política estabelecida na XXVII Reunião do CMC em Belo Horizonte, com a criação de um espaço comum que reflita o pluralismo e as diversidades da região e que contribua para a democracia , a participação, a representatividade, a transparência a legitimidade do processo de integração. Ainda está em fase de integração e suas primeiras eleições diretas só ocorrerão em 2014. É órgão unicameral de representação, independentes e autônomos, integrando e seus membros serão eleitos por sufrágio direto, universal e secreto. Os Parlamentares serão eleitos pelos cidadãos dos respectivos Estados Partes, por meio de sufrágio direto, universal e secreto. O mecanismo de eleição dos Parlamentares e seus suplentes reger-se-ão pelo previsto na legislação de cada Estado Parte, e que procurará assegurar uma adequada representação por gênero, etnias e regiões conforme as realidades de cada Estado.
FORO CONSULTIVO ECONÔMICO E SOCIAL: órgão de caráter consultivo, representante dos setores econômicos e sociais dos quatro Estados Partes. Manifesta-se através de recomendações.
P. Como funciona o sistema de solução de controvérsias do Mercosul?
R.: Até 2002, a composição de conflitos no âmbito do Mercosul era objeto do Protocolo de Brasília. Entretanto, a parir desse ano, o sistema de solução de controvérsias no Mercosul passou ser regulado pelo Protocolo de Olivos.
Quando em controvérsia, os Estados-Partes devem procurar resolvê-las amigavelmente (negociações diretas), informando o GMC e a SAM a respeito do andamento.
Fases: negociação direta (15 dias); Intervenção do GMC (30 dias); Tribunal Arbitral ad hoc (60 a 90 dias) e/ou Tribunal Permanente de Revisão.
Se mediante negociações diretas não se alcançar um acordo ou se a controvérsia for solucionada apenas parcialmente, qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá submetê-la à consideração do Grupo Mercado Comum. O Grupo Mercado Comum avaliará a situação, dando oportunidade às partes na controvérsia para que exponham suas respectivas posições e requerendo, quando considere necessário, o assessoramento de especialistas selecionados da lista referida no Artigo 30 do Protocolo de Brasília. Ao término do procedimento o Grupo Mercado Comum formulará recomendações aos Estados partes na controvérsia, visando à solução do litígio.
TRIBUNAL ARBITRAL: Quando não tiver sido possível solucionar a controvérsia com a intervenção do GMC e nem pelas negociações diretas, qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá comunicar à Secretaria Administrativa sua intenção de recorrer ao procedimento arbitral do Protocolo de Brasília. A Secretaria Administrativa levará, de imediato, o comunicado ao conhecimento
do outro ou dos outros Estados envolvidos na controvérsia e ao Grupo Mercado Comum e se encarregará da tramitação do procedimento. Os Estados Partes declararão que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem necessidade de acordo especial, a jurisdição do Tribunal Arbitral que em cada caso se constitua para conhecer e resolver todas as controvérsias a que se refere o Protocolo de Brasília. O procedimento arbitral tramitará ante um Tribunal ad hoc composto de três (3) árbitros pertencentes à lista referida no Protocolo. As partes na controvérsia cumprirão, imediatamente ou no prazo que o Tribunal Arbitral determinar, qualquer medida provisional, até que se dite o laudo. O Tribunal Arbitral decidirá a controvérsia com base nas disposições do Tratado de Assunção, nos acordos celebrados no âmbito do mesmo, nas decisões do Conselho do Mercado Comum, nas Resoluções do Grupo Mercado Comum, bem como nos princípios e disposições de direito internacional aplicáveis na matéria. A presente disposição não restringe a faculdade do Tribunal Arbitral de decidir uma controvérsia ex aequo et bono, se as partes assim o convierem.O Tribunal Arbitral se pronunciará por escrito num prazo de sessenta (60) dias, prorrogáveis por um prazo máximo de trinta (30) dias, a partir da designação de seu Presidente. Os laudos do Tribunal Arbitral são obrigatórios para os Estados partes na controvérsia a partir do recebimento da respectiva notificação e terão relativamente a eles força de coisa julgada. Qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá, dentro de quinze (15) dias da notificação do laudo, solicitar um esclarecimento do mesmo ou uma interpretação sobre a forma com que deverá cumprir-se. Se um Estado Parte não cumprir o laudo do Tribunal Arbitral, no prazo de trinta (30) dias, os outros Estados partes na controvérsia poderão adotar medidas compensatórias temporárias, tais como a suspensão de concessões ou outras equivalentes, visando a obter seu cumprimento.
TRIBUNAL PERMAMENTE DE REVISÃO: qualquer das partes na controvérsia poderá apresentar um recurso de revisão do laudo do Tribunal Arbitral Ad Hoc ao Tribunal Permanente de Revisão, em prazo não superior a quinze (15) dias a partir da notificação do mesmo. O recurso estará limitado a questões de direito tratadas na controvérsia e às interpretações jurídicas desenvolvidas no laudo do Tribunal Arbitral Ad Hoc. Os laudos dos Tribunais Ad Hoc emitidos com base nos princípios ex aequo et bono não serão suscetíveis de recurso de revisão.O Tribunal Permanente de Revisão será integrado por cinco (5) árbitros. O Tribunal Permanente de Revisão poderá confirmar, modificar ou revogar a fundamentação jurídica e as decisões do Tribunal Arbitral Ad Hoc. O laudo do Tribunal Permanente de Revisão será definitivo e prevalecerá sobre o laudo do Tribunal Arbitral Ad Hoc.
As partes na controvérsia, que optaram pelo procedimento das negociações direta e da intervenção do GMC, poderão acordar expressamente submeter-se diretamente e em única instância ao Tribunal Permanente de Revisão, caso em que este terá as mesmas competências que um Tribunal Arbitral Ad Hoc. Nessas condições, os laudos do Tribunal Permanente de Revisão serão obrigatórios para os Estados partes na controvérsia a partir do recebimento da respectiva notificação, não estarão sujeitos a recursos de revisão e terão, com relação às partes, força de coisa julgada.
RECLAMAÇÕES DE PARTICULARES: este procedimento aplicar-se-á às reclamações efetuadas por particulares (pessoas físicas ou jurídicas) em razão da sanção ou aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de medidas legais ou administrativas de efeito restritivo, discriminatórias ou de concorrência desleal, em violação do Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do mesmo, das decisões do Conselho do Mercado Comum ou das Resoluções do Grupo Mercado Comum.
Os particulares afetados formalizarão as reclamações ante a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum do Estado Parte onde tenham sua residência habitual ou a sede de seus negócios. Neste caso, o Grupo Mercado Comum procederá de imediato à convocação de um grupo de especialistas que deverá emitir um parecer sobre sua procedência, no prazo improrrogável de trinta (30) dias contados a partir da sua designação. O grupo de especialistas levará seu parecer ao Grupo Mercado Comum. Se, em parecer unânime, se verificar a procedência da reclamação formulada contra um Estado Parte, qualquer outro Estado Parte poderá requerer-lhe a adoção de medidas corretivas ou a anulação das medidas questionadas. Se o requerimento não prosperar num prazo de quinze (15) dias, o Estado Parte que o efetuou poderá recorrer diretamente ao procedimento arbitral.
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS E OMC: As controvérsias compreendidas no âmbito de aplicação do Protocolo de Olivos que possam também ser submetidas ao sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio ou de outros esquemas preferenciais de comércio de que sejam parte individualmente os Estados Partes do Mercosul poderão submeter-se a um ou outro foro, à escolha da parte demandante. Sem prejuízo disso, as partes na controvérsia poderão, de comum acordo, definir o foro. Todavia, uma vez iniciado um procedimento de solução de controvérsias de acordo com o parágrafo anterior, nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de solução de controvérsias estabelecidos nos outros foros com relação a um mesmo objeto, definido nos termos do artigo 14 do Protocolo de Olivos. 
11. Sujeitos econômicos. Thales (thales78@yahoo.com.br)
P: Quem são os sujeitos econômicos? 
R: É o sujeito que desenvolve atividade econômica, seja produzindo ou consumindo. A definição dependerá da análise econômica que se pretende realizar. São também denominados de agentes econômicos.
P: Como atuam os sujeitos econômicos?
R: Cada um desses agentes atua munido com “poder de ação econômica”, formando relações na realização de atividade econômica. Dinamizam a vida em sociedade.
P: É possível identificar os sujeitos econômicos?
R: Sim, os agentes econômicos são unidades econômicas de dispêndio de recursos, unidades de produção de bens e serviços ou que escolhem o que produzir e o que consumir.
P: Quais são os exemplos de agentes econômicos?
R: Temos como exemplos: o Estado, responsável pela edição das normas que materializam a política econômica, intervindo no domínio econômico de diversas maneiras; Os indivíduos; As empresas; a coletividade; Órgãos internacionais.
12. Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro. Eduardo (esbucci@gmail.com)
 
P: Quais são as formas de intervenção do Estado no e sobre o domínio econômico.
R: O Estado pode intervir (ou atuar) sobre o domínio econômico para regulá-lo e fiscalizá-lo mantendo o equilíbrio e coibindo o abuso do poder econômico, além de prestar serviços públicos. Já quando atua diretamente no domínio econômico é apenas quando há relevante interesse nacional ou questão de segurança. Neste caso atuará nas mesmas condições que os particulares, sem privilégio algum. Este modelo, assim, deixa de lado o liberalismo para adotar o intervencionismo, mas de maneira distante daquela própria do sistema socialista, e sim de um constitucionalismo dirigente.
 
P: Explique as maneiras de intervenção direta e indireta do Estado no domínio econômico.
R: O Estado atua de maneira direta no domínio econômico para desenvolver atividade econômica por imperativo de segurança nacional ou por interesse coletivo relevante por meio de empresas públicas ou sociedades de economia mista, as quais atuaram em pé de igualdade com os particulares, para que não haja desequilíbrio na concorrência, ou quando presta serviço público por meio da administração direta ou indireta. A atuação nas atividades econômicas podem ser por competição (participação), monopólio (absorção) ou parceria. Já a intervenção indireta é a atividade estatal que visa, por meio de regulamentação e normatização, fiscalizar,
incentivar e planejar o domínio econômico.
 
P: Quais são os monopólios existentes na Constituição? Pode haver a criação por lei?
R: Os monopólios atualmente existentes são o petróleo, o gás natural e os minerais radioativos, objetos que o Estado explora por absorção. No caso do petróleo e gás natural é facultada a delegação da exploração e transporte por meio de licitação. Já no caso dos minerais radioativos apenas em casos muito específicos por haver autorização de sua utilização e transporte pelo particular
 
P: Quais são as duas agências reguladoras que a Constituição Federal determina a criação?
R: É a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Agência Nacional de Telecomunicação (ANATEL).
 
P: Qual a finalidade da contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre combustível (CIDE-Combustível)?
R: A contribuição de intervenção no domínio econômico visa, conforme o próprio nome diz, a intervir na atividade econômica com a finalidade de controla-la de maneira moderada, servindo o produto de sua arrecadação para subsidiar o preço de combustíveis renováveis e fósseis, fomentar a pesquisa de combustíveis fosseis e financiar programas de infraestrutura de transportes. Ademais, a redução e o reestabelecimento da alíquota da CIDE, por meio de decreto, pode fomentar ou desestimular a utilização de determinado combustível
13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica. Filipe Sarpa (gandilson@hotmail.com)
P. Qual a finalidade da criação das normas antitruste?
R: A finalidade da criação das normas antitruste é a de prevenção e repressão ao abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros, com orientação dos princípios da ordem econômica.
P. Qual a composição do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência? Qual é o papel do SEAE?
R: O Sistema Brasileiro de defesa da Concorrência é formado pelo Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. O SEAE é um órgão específico do Ministério da Fazenda que, com a nova lei de defesa da concorrência, deixou de elaborar pareceres em análise de atos de concentração econômica. Dessa forma, passou a adotar, explicitamente, o papel de advocacia da concorrência, com ampla possibilidade de opinar sobre aspectos concorrenciais na elaboração das normas, além de ser competente para promover a concorrência em órgãos do governo e perante a sociedade (art. 3º c/c art. 19, lei 12529).
 
P. Classifique e conceitue os tipos de concentração empresarial.
R: A concentração empresarial (esse fenômeno também pode ser denominado de Integração ou Acordo vertical/horizontal) pode ser classificada de três formas: Horizontal, Vertical e Conglomerada.
A concentração horizontal é aquela celebrada entre agentes econômicos que atuam no mesmo mercado relevante, ou seja, situam-se em relação de concorrência direta. É a forma mais tradicional de eliminação da concorrência, eis que se trata de operação entre duas sociedades do mesmo nível da cadeia produtiva, ou seja, concorrentes diretos.
Por sua vez, na concentração vertical, os agentes econômicos não se situam como concorrentes entre si. Trata-se de uma operação societária na qual a sociedade incorporadora visa, elementarmente, reduzir e otimizar a aquisição de seus principais insumos, logística, bem como a independência tecnológica, e maior pode estratégico, verticalizando sua atuação na cadeia produtiva. Via de regra, a operação se dá entre distribuidor e fornecedor, ou vice-versa. Dependendo da posição da sociedade incorporadora na cadeia produtiva, a verticalização pode ser descendente (a origem da operação se dá rumo a um estágio menos avançado da cadeia) ou ascendente (quando a origem da operação se dá rumo a um estágio mais avançado da cadeia produtiva).
Por fim, a concentração conglomerada caracteriza-se pela união entre empresas cujos produtos não possuem qualquer relação de concorrência ou complementaridade.
P. Toda concentração de mercado é ofensiva ao princípio da livre concorrência?
R: Em regra, serão proibidos os atos de concentração que impliquem eliminação da concorrência em parte substancial de mercado relevante, que possam criar ou reforçar uma posição dominante ou que possam resultar na dominação de mercado relevante de bens ou serviços. Entretanto, esses atos de concentração poderão ser autorizados, desde que sejam observados os limites estritamente necessários para atingir os seguintes objetivos: I – Cumulada ou alternativamente: Aumentem a produtividade ou a competitividade; Melhorem a qualidade dos bens ou serviços; Propiciem a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico; e II- seja repassado aos consumidores parte relevante dos benefícios decorrentes (art. 88, §§ 5º e 6º).
Assim, nem toda concentração de mercado é ofensiva ao princípio da livre concorrência. Somente considerando as peculiaridades de cada caso, é que se pode aferir a possibilidade de infração à livre concorrência.
P. Como se dá o controle dos atos de concentração econômica?
R: Serão submetidos ao CADE, pelas partes envolvidas na operação, os atos de concentração econômica em que, cumulativamente: I - pelo menos um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) E II - pelo menos, um outro grupo envolvido na operação, tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
Insta salientar que esses valores poderão ser adequados por indicação do plenário do CADE, por portaria interministerial dos Ministros do Estado da Fazenda e da Justiça.
*A portaria Interministerial MJ/MF nº 994/2012 aumentou esses valores para 750.000.000,00 e 75.000.000,00, respectivamente.
P. Quem pode ser responsabilizado pelas formas de infração à ordem econômica? E em relação a grupo econômico?
R: As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente (art. 32). Também, serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas praticar infração à ordem econômica (art. 33).
P. Há hipótese de desconsideração da personalidade jurídica na lei 12.259?
R: Sim. O artigo 34 prevê que a personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. Além disso, o parágrafo único ainda traz a previsão de que a desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
P. A dominação de mercados caracteriza, por si só, infração à ordem econômica?
R: Não. Em que pese a dominação de mercado relevante de bens ou serviços constituir infração à ordem econômica, a conquista de mercado resultante do processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza infração à ordem econômica (art 36, § 1º)
P. Posição dominante, como infração da ordem econômica, é presumível?
R: Sim. Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenamente as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia (art 36, § 2º).
P. Como se dá a prescrição das infrações à ordem econômica? Há hipóteses de interrupção e suspensão?
R: Prescrevem em 5 (cinco) anos as ações punitivas da administração pública federal direta e indireta, objetivando apurar infrações da ordem econômica, contados da prática do ilícito ou no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessada a prática do ilícito.
Interrompe a prescrição qualquer ato administrativo ou judicial que tenha por objeto a apuração da infração contra a ordem econômica, bem como a notificação ou intimação da investigada.
Suspende-se a prescrição durante a vigência do compromisso de cessação ou do acordo em controle de concentrações.
É importante salientar que, quando o fato objeto da ação punitiva também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
P. Há hipótese de prescrição intercorrente nos processos de infrações à ordem econômica?
R: Sim. Incide a prescrição intercorrente no procedimento administrativo paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso (art. 46, § 3º).
P. Há possibilidade de adoção de medidas preventivas às infrações econômicas?
R: Sim. Em qualquer fase do inquérito administrativo para apuração de infrações ou do processo administrativo para imposição de sanções por infrações à ordem econômica, poderá o Conselheiro-Relator ou Superintendente-Geral, por iniciativa própria ou mediante provocação do Procurador-Chefe do CADE, adotar medida preventiva, quando houver indício ou fundado receio de que o representado, direta ou indiretamente, cause ou possa causar, ao mercado, lesão irreparável ou de difícil reparação ou torne ineficaz o resultado final do processo.
Na medida preventiva, determinar-se-á a imediata cessação da prática e será ordenada, quando materialmente possível, a reversão à situação anterior, podendo haver a fixação de multa diária (art. 84).
P. Disserte sobre Compromisso de Cessação.
R: Nos procedimentos administrativos, o CADE poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre que, em juízo de conveniência e oportunidade, devidamente fundamentado, entender que atende aos interesses protegidos por lei. Do termo de compromisso deverão constar os seguintes elementos: a especificação das obrigações do representado, no sentido de não praticar a conduta investigada ou seus efeitos lesivos, bem como obrigações que julgar cabíveis; A fixação do valor da multa para o caso de descumprimento, total ou parcial, das obrigações compromissada; A fixação do valor da contribuição pecuniária ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, quando cabível.
A proposta de termo de compromisso de cessação somente poderá ser apresentada uma única vez e poderá ter caráter confidencial. Insta salientar que a simples apresentação da proposta não suspende o processo administrativo. A suspensão somente ocorre com o efetivo cumprimento do termo. Por fim, o termo de compromisso constitui título executivo extrajudicial (art. 85).
 
P. Disserte sobre o Acordo de Leniência.
R: O Acordo de Leniência é o acordo, celebrado pelo CADE, que determina a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 a 2/3 da penalidade aplicável, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e que dessa colaboração resulte: I – na identificação dos demais envolvidos na infração; II – na obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. Além disso, esse acordo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: I – A empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação; II- A empresa cesse completamente seu envolvimento na infração sob investigação, a partir da data de propositura do acordo; III – A Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo; e IV – A empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações, comparecendo, sob sua expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar novo acordo de leniência pelo prazo de 3 (três) anos. (art. 86).
image1.jpg
de cada Poder, denominado auto-tutela O controle, portanto, não é exclusivo, mas sistêmico.
P: Qual o papel do Tribunal de Contas na fiscalização dos orçamentos?
R: O Tribunal de Contas é um órgão que auxilia o Poder Legislativo no controle externo da atividade financeira do Estado e que tem por competência fiscalizar as despesas da administração, com vistas ao reconhecimento e apuração de ilegalidades e irregularidades. Neste sentido, apresenta-se como órgão técnico, que julga contas, produz pareceres e realiza inspeções. 
 
3. Despesa pública. Conceito e classificação. Princípio da legalidade. Técnica de realização da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. Disciplina constitucional e legal dos precatórios. Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000) Vanessa (vscarpamota@yahoo.com.br)
 
P: Conceitue despesa pública:
R. A despesa pública é a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo.
P: Classifique a despesa pública de acordo com a Lei nº 4320/64:
R. De acordo com o artigo 12 da Lei nº 4320/64, as despesas públicas podem ser correntes ou de capital.
P: O que é uma despesa corrente? O que é despesa de capital?
R. As despesas correntes, via de regra, são despesas de manutenção da máquina administrativa e não ensejam o aumento do patrimônio do ente público. As despesas de capital decorrem, geralmente, de investimento, resultando no aumento do patrimônio da pessoa política. As despesas correntes constituem-se em despesas de custeio – que são os gastos para a manutenção e funcionamento de serviços, bens e obras públicas – e transferências correntes, que são as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, bem como aquelas destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado.
As despesas de capital são despesas não efetivas, pois há um incremento do patrimônio estatal. A despesa de capital pode propiciar maior intervenção no domínio econômico. Também são chamadas de despesas de mutação patrimonial, pois em regra há somente a troca de um bem por outro; o patrimônio do ente permanece inalterado. Constituem-se em despesas de investimento – planejamento e execução de obras -, inversão financeira – aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização -, e transferência de capital - dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar.
P: Qual a diferença entre a despesa de custeio e transferência correntes?
R. Em se tratando de transferências correntes não há qualquer contraprestação em bens ou serviços. Se está pagando servidor da ativa é despesa de custeio, se for de aposentado é transferência corrente.
P: Como se classificam as despesas quanto à periodicidade/duração?
R. Ordinárias: visam atender às necessidades públicas estáveis, permanentes e periodicamente previstas no orçamento.
Extraordinárias: objetivam atender necessidades públicas acidentais, imprevisíveis, como as despesas decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, que por serem inadiáveis e urgentes não podem aguardar o processo prévio de autorização legal.
Especial: tem por finalidade permitir o atendimento de necessidades públicas novas, surgidas no decorrer do exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento, embora não apresentem as características de imprevisibilidade e urgência; assim, dependem de prévia lei para a sua efetivação, sendo de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a fazer em decorrência de sentença judicial;
P: Classifique as despesas quanto à competência:
R. Federal: visa a atender a fins e serviços da União Federal, em cujo orçamento está consignada;
Estadual: objetiva atender a fins e serviços do Estado, estando fixada em seu orçamento;
Municipal: tem por finalidade atender a fins e serviços do Município, sendo consignada no orçamento municipal;
P: Como se classificam as despesas quanto à mobilidade?
R. Despesa fixa: é aquela que consta do orçamento e é obrigatória pela Constituição, não podendo ser alterada a não ser por uma lei anterior, e não pode deixar de ser efetivada pelo Estado;
Despesa variável: é aquela que não é obrigatória pela Constituição, sendo limitativa, isto é, o Poder Executivo fica obrigado a respeitar seu limite, mas não imperativa; daí o Estado ter a faculdade de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrativo e de oportunidade, sendo de se citar, como exemplo, um auxílio pecuniário em favor de uma instituição de caridade, não gerando, por outro lado, direito subjetivo em favor do beneficiário;
P: Como se classificam as despesas quanto ao motivo do dispêndio?
R. Despesas correntes: são resultantes da manutenção das atividades próprias do Estado, tais como o custeio da estrutura administrativa. Não gera aumento do patrimônio do Estado.
Despesas de capital: há aumento do patrimônio do Estado.
P: O que são os créditos adicionais?
R. Os créditos adicionais são instrumentos de alteração do orçamento. Por meio dos créditos adicionais autorizam-se despesas. As autorizações de despesas são necessárias quando a LOA não contemplar dotação específica para determinada despesa, quando for necessário ao atendimento de despesas urgentes e imprevisíveis, ou no caso em que, mesmo havendo dotação específica consignada na lei, esta for insuficiente.
P: Quais são as espécies de crédito adicional?
R. Suplementar: destinado a reforçar a dotação orçamentária, caso seja insuficiente.
Especial: para satisfazer despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica.
Extraordinário: destinado a despesas urgentes e imprevisíveis, em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Neste caso, além de não haver dotação orçamentária, a despesa é imprevisível.
P: Qual o instrumento adequado para viabilizar a abertura dos créditos adicionais?
R. A lei. O crédito suplementar e o crédito especial serão necessariamente autorizados por lei e abertos por decreto do Poder Executivo (art.167, V, CF). Já, o crédito extraordinário pode ser aberto por meio de medida provisória, nos termos do parágrafo 3º do artigo 167 da CF e artigo 62, parágrafo 1º, inciso I, alínea “d”, também da Constituição Federal. Ressalte-se que o Constituinte já definiu previamente as situações que autorizam a abertura do crédito extraordinário, quais sejam: guerra, comoção interna ou calamidade pública (art. 167, §3º, CF).
P: As hipóteses previstas no parágrafo 3º do artigo 167 da Constituição Federal aptas a autorizar a abertura de crédito extraordinário são taxativas ou exemplificativas?
R. STF: “a CF prevê apenas as despesas qualificadas pela imprevisibilidade ou pela urgência permitem a abertura de crédito extraordinário. De acordo com a corte os conteúdos semânticos das expressões "guerra", "comoção interna" e "calamidade pública" constituem vetores para a interpretação/aplicação do art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea "d", da Constituição. "Guerra", "comoção interna" e "calamidade pública" são conceitos que representam realidades ou situações fáticas de extrema gravidade e de conseqüências imprevisíveis para a ordem pública e a paz social, e que dessa forma requerem, com a devida urgência, a adoção de medidas singulares e extraordinárias”. (ADI 4048 MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2008, DJe-157 DIVULG 21-08-2008 PUBLIC 22-08-2008 EMENT VOL-02329-01 PP-00055)
Portanto, são hipóteses TAXATIVAS. Abertura de crédito extraordinário somente em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública, ainda que sejam expressões abrangentes.
P: Quais são as despesas obrigatórias/vinculadas, nos termos da Constituição de 88?
R. Existem três tipos de despesas obrigatórias:
1 as decorrentes da repartição da arrecadação tributária: art.157 e seguintes da CF. Segundo dispõe o artigo 160 da Constituição
Federal, “é vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos decorrentes de impostos.
O parágrafo único do mesmo artigo prevê a possibilidade de a União e os Estados CONDICIONAREM a entrega dos aludidos recursos “ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias”, e “ao cumprimento do disposto no artigo 198, §2º, incisos II e III”, ou seja, aplicação de recursos mínimos em ações e serviços públicos de saúde.
1 despesas com educação/ensino: art.212 da CF. Segundo estabelece o artigo, a União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25%, pelo menos, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
O parágrafo 5º do art.212 da CF prevê como fonte adicional de financiamento da educação básica pública a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas.
1 despesas com saúde: art.198, §§1º e 2º, CF e LC 141/12. A LC 141/12 estabeleceu um percentual da receita proveniente de impostos a ser aplicado na saúde. Anteriormente à lei complementar em referência, o percentual era aquele previsto no artigo 77 do ADCT.
P: O não cumprimento do limite constitucional de aplicação de recursos mínimos nas áreas de educação e saúde pela gestão anterior de determinado município pode ser utilizado como justificativa para que o Estado recuse a realizar transferência voluntária para a gestão atual?
R. De acordo com posicionamento pacífico do STJ, o art. 25, § 1º, IV, da LC nº 101/2000 não ampara a recusa do Estado em transferir verbas públicas a determinado Município cuja administração passada descumpriu o limite constitucional mínimo de aplicação nas áreas de educação e saúde, uma vez que as irregularidades cometidas pelos governantes anteriores não podem causar gravames à nova gestão que buscou efetivamente reverter a situação ilegal e punir os responsáveis. (REsp 1027728/ES, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 23/04/2009)
Por vezes exige-se que a gestão atual demonstre que tomou as medidas administrativas ou judiciais cabíveis contra a gestão anterior que deu causa à suspensão das transferências voluntárias.
De acordo com o STJ, embora a transferência voluntária das verbas provenientes da União imponha, dentre as inúmeras exigências, estar a municipalidade em dia com as suas obrigações, não pode a nova administração, que tomou todas as providências cabíveis para a regularização da situação, ser penalizada. (AgRg no REsp 1087465/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 16/09/2009).
Pessoal, para organizar melhor os estudos, tratarei a seguir das questões relacionadas às despesas na forma como concebidas na LRF.
P: De acordo com a LRF, quais são os requisitos para a geração de despesas que impliquem a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental?
R. Nos termos do artigo 16 da LRF, faz-se necessário apresentar a estimativa do impacto orçamentário-financeiro produzido pelo aumento da despesa tanto no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes e declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e a LDO. Na dicção do §4º do artigo em referência, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro, bem como a declaração do ordenador da despesa constituem condição prévia para o empenho e a licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras, e a desapropriação de imóveis urbanos.
P: Quando uma despesa pode ser considerada adequada com a LOA?
R. Será adequada com a LOA a despesa que for objeto de dotação específica e suficiente. Será também adequada a despesa que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas as despesas da mesma espécie realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não ultrapassem os limites estabelecidos para o exercício (art.16, §1º, I, LRF). Noutras palavras, exige-se a contrapartida em receita.
P: O que significa compatibilidade com o PPA e a LDO?
R. Significa a conformidade da despesa com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos no PPA e na LDO, e não infrinja qualquer de suas disposições (art.16, §1º, II, LRF).
P: Há alguma exceção ao artigo 16 da LRF? Há algum tipo de despesa que escape às exigências do aludido artigo?
R. Há uma exceção prevista no §3º do art.16 da LRF e diz respeito à despesa considerada irrelevante, nos termos da LDO (é a LDO que define as despesas irrelevantes).
P: Em que consiste a despesa obrigatória de caráter continuado?
R. A despesa obrigatória de caráter continuado é a despesa corrente (despesa de custeio; necessária para a manutenção da estrutura da Administração) derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios (art.17, caput, LRF).
P: Quais são às exigências constantes da LRF para a regularidade dos atos que impliquem a criação ou majoração de despesa obrigatória de caráter continuado?
R. Os atos deverão ser instruídos com a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva vigorar a despesa e nos dois subsequentes, e a demonstração da origem dos recursos para o seu custeio. Para se atender às exigências supramencionadas (instrução com a estimativa do impacto orçamentário-financeiro e demonstração dos recursos), deverá estar acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, serem compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa (art.17, §1º, CF).
P: Se houver uma prorrogação de despesa criada por prazo determinado, é necessário observar as condições do art.17 da LRF?
R. Sim, uma vez que a prorrogação da despesa criada por prazo determinado considera-se aumento de despesa, consoante expressa previsão normativa (art.17, §7º, LRF).
P: O que é medida de compensação?
R. São medidas tomadas pelo poder público para os casos em que há renúncia de receita ou aumento de despesas correntes contínuas. São facultativas nas hipóteses de renúncia de receita, sendo que a única medida de compensação possível é o aumento de receita. São obrigatórias no caso de aumento de despesas correntes contínuas, sendo que, nessa hipótese, podem ocorrer por meio de aumento de receitas, como, por exemplo, aumento de alíquotas de tributos, ou por diminuição de despesas. Nem toda despesa exige medida de compensação, por exemplo, no caso de criação ou expansão de ação governamental.
R. Obs: Nem toda isenção é renúncia de receita, somente a isenção de caráter não geral (individual) é que é renúncia de receita.
P: É possível a execução da despesa obrigatória de caráter continuado antes da adoção das medidas de compensação previstas no parágrafo 2º do art.17 (aumento permanente da receita ou redução permanente da despesa)?
R. Não. O legislador consignou expressamente a necessidade da implementação das medidas de compensação antes da realização da despesa (art.17, §5º, LRF), visando manter o equilíbrio das contas públicas.
P: Como pode se dar o aumento permanente da receita?
R. Por meio da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
P: Há alguma exceção ao artigo 17 da LRF?
R. A necessidade de estimativa do impacto orçamentário-financeiro e a demonstração da origem dos recursos não são exigidas para o serviço da dívida (pagamento da dívida pública) nem para o reajuste anual dos servidores (art. 37, X, CF).
ADI 2238: impugnou alguns artigos da LRF, dentre eles os artigos 15 e 17. Segue abaixo descrição dos trechos da ementa que se referem especificamente aos artigos mencionados nas questões.
Art. 15:
serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts.16 e 17.
No julgamento da ADI decidiu-se que “o dispositivo apenas torna efetivo o cumprimento do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, não inibindo a abertura de créditos adicionais previstos no art. 166 da Carta Política”.
Quanto ao art.17 e §§ 1º a 7º, o STF assim entendeu: “que o aumento de despesa de caráter continuado esteja condicionado à redução de despesa ou aumento de receita, também em caráter continuado, é proposição que, por achar-se em sintonia com a lógica, não pode ser obviamente considerada responsável pelo engessamento de qualquer dos Poderes de Estado ou órgãos da Administração e, portanto, ofensiva ao princípio da separação dos Poderes. Pela mesma razão, não se pode ver como atentatória ao princípio da autonomia dos entes federados. O incremento da arrecadação pelas formas indicadas no § 3º do art. 17 da LRF se reveste de previsibilidade e se presta, por isso, para um cálculo de compensação, que há de ser, tanto quanto possível, exato”.
P: Que percentual da receita corrente líquida não poderá ser ultrapassado pelas despesas com pessoal da União, Estados e Municípios?
R. União: 50%; Estados e Municípios: 60%.
P: Quais são as condições impostas pela Constituição Federal e pela LRF para o aumento de despesa com pessoal?
R. De acordo com o artigo 169, §1º da Constituição Federal, exige-se prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e acréscimos dela decorrentes, e autorização específica na LDO. A LRF exige, ainda, a observância do disposto nos artigos 16 e 17 da lei em referência (quadro acima), que não haja vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público, além de atender ao disposto no art.169, §1º da CF e o limite de gastos com pessoal inativo. A despesa com pessoal não pode ser aumentada nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão.
ATENÇÃO: O STF na ADI 2238 concedeu interpretação conforme ao disposto no inciso II do art. 21 da LRF (“limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo”) para definir que o limite “legal” ali previsto deve ser estabelecido em lei complementar, haja vista que o art.169 da CF exige lei complementar para tanto. 
“XXII - Art. 21, inciso II: conferida interpretação conforme a Constituição, para que se entenda como limite legal o previsto em lei complementar”.
Sintetizando:
Aumento da despesa com pessoal: 1) prévia dotação orçamentária; 2) autorização específica na LDO (art.169, §1º, LRF); 3) atendimento ao disposto nos artigos 16 e 17 da LRF; 4) observância do art.37, XIII, CF (que não haja vinculação ou equiparação de espécies remuneratórias); 5) observância do limite de despesas com pessoal inativo (lei complementar); 6) que não ocorra nos 180 dias finais do mandato.
CF- art.169
LRF- art.21
P: Qual o período de verificação dos limites da despesa com pessoal?
R. Segundo dispões o art. 22 da LRF, a verificação do cumprimento dos limites será realizada ao final de cada quadrimestre.
P: Qual a forma de apurar a despesa total com pessoal para fins de identificar o cumprimento dos limites impostos pela LRF?
R. Art.18, §2º da LRF: a despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.
Regime de competência serve para contabilizar a despesa pública (despesa com pessoal é um tipo de despesa pública). Por ocasião do empenho, já se registra a despesa empenhada na contabilidade, ainda que a mesma não se realize. Diferentemente da receita que é considerada realizada somente quando de sua arrecadação, utilizando-se o regime de caixa.
Despesa: regime de competência.
Receita: regime de caixa.
Art.18, LRF: Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
Nesse ponto, há uma discussão com relação ao art.169 da CF, o qual considera apenas os gastos com ativos e inativos. A LRF, por sua vez, é mais abrangente. Devido a isso, alguns TC’s estavam excluindo as despesas com os pensionistas das despesas com pessoal. Com isso, o ente não estaria ultrapassando o limite.
O dispositivo da LRF está em vigor e com plena eficácia. Não houve declaração de inconstitucionalidade do mesmo, nem suspensão de sua eficácia. Para a prova, defender que para efeito de atendimento do limite estabelecido, incluem-se as despesas com os pensionistas. Argumentos: a CF, por várias vezes, quando fala de inativos quer abranger não só o inativo, mas também o pensionista. Ademais, a LRF foi bem abrangente ao se referir, no artigo 18, a “quaisquer espécies remuneratórias”.
P: Quais as consequências jurídicas se a despesa com pessoal ultrapassar 95% do limite estabelecido para o para determinado Poder (é o chamado limite prudencial)?
R. Nesse caso, o Poder ou órgão ainda NÃO ultrapassou o limite de despesa com pessoal (por ex.: Poder Executivo do Estado pode gastar até 49% de sua receita corrente líquida com pessoal – art.20, II, c, LRF. Ele ainda não passou os 49%, mas está em 95% do limite. Ele está dentro do chamado limite prudencial). O limite prudencial já impõe algumas restrições ao ente que nele incorre. Nos termos do parágrafo único do artigo 22 da LRF, excedido 95% do limite são vedados ao Poder ou órgão que tiver incorrido no excesso: concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação da remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art.37 da CF; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique aumento da despesa; provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do §6º do art.57 da CF (convocação extraordinária do CN) e as situações previstas na LDO.
P: Excedido o limite estabelecido no artigo 20 da LRF, a despesa com pessoal deverá ser a ele reconduzida. Quais instrumentos a Administração pode utilizar para viabilizar essa recondução?
R. Atenção: as restrições do limite prudencial perduram até quando ultrapassado o próprio limite. Não tem lógica ultrapassar o limite e afastar as restrições do limite prudencial se estas foram impostas quando ainda nem ultrapassado o limite.
Assim, sem prejuízo das medidas estabelecidas no parágrafo único do artigo 22 da LRF (mencionadas na questão 29), o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos 1/3 no primeiro, adotando-se as providências previstas nos §§3º e 4º do art. 169 da CF, quais sejam: redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e exoneração dos servidores não estáveis. Se tais medidas não bastarem, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.
O §1º do artigo 23 autoriza a redução dos vencimentos atribuídos aos cargos e funções, e o §2º do mesmo artigo faculta a redução temporária da jornada de trabalho. Aludidos dispositivos
tiveram sua eficácia suspensa, conforme decisão proferida pelo STF no julgamento da ADI 2238: ADI 2238: “XXV - Art. 23, §§ 1º e 2º: a competência cometida à lei complementar pelo § 3º do art. 169 da Constituição Federal está limitada às providências nele indicadas, o que não foi observado, ocorrendo, inclusive, ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. Medida cautelar deferida para suspender, no § 1º do art. 23, a expressão "quanto pela redução dos valores a eles atribuídos", e, integralmente, a eficácia do § 2º do referido artigo”.
P: Quando o ente já está sujeito a algumas restrições, isso pode justificar o não cumprimento de uma decisão judicial?
R. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não incidem as restrições sobre as despesas com pessoal, previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal, quando decorrerem de decisões judiciais, nos termos do art. 19, § 1º, IV, da LC 101/00. Segundo a Corte, os limites de despesas com pessoal dos entes públicos não pode servir de fundamento para elidir o direito dos servidores públicos à fruição de vantagem já assegurada por lei ou decisão judicial. (REsp 935418/AM, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 19/02/2009, DJe 16/03/2009)
P: Quais as sanções previstas na LRF para o caso de o ente não alcançar a redução das despesas com pessoal no prazo estabelecido?
R. Se a despesa não for reconduzida aos limites referidos no art.20 no prazo de dois quadrimestres (8 meses), e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá receber transferências voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
P: Quais as consequencias previstas na LRF para o caso de a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referido no artigo 20?
R. Serão aplicadas, imediatamente, as restrições previstas no §3º do artigo 23 da LRF: o ente ou órgão não poderá receber transferências voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
P: O que é limite de alerta na LRF? E o limite prudencial?
R. O limite de alerta existe não apenas para despesa com pessoal, mas também para a dívida pública. É a situação em que o ente já ultrapassou 90% do limite de despesa com pessoal ou de endividamento público. Não gera qualquer restrição ou sanção, mas apenas alerta o ente político ou poder que ultrapassou 90% das despesas com pessoal ou o montante de endividamento permitido. O limite prudencial, por sua vez, só existe para despesa com pessoal e acontece se tal despesa alcançou 95% desse limite (art. 22, parágrafo único, LRF). Uma vez atingido esse limite, a LRF já prevê algumas restrições, como diminuir os gastos com pessoal, não podendo contratar novos servidores, estabelecer aumento de remuneração ou vantagens. Não é possível o provimento de cargo público, ressalvadas as hipóteses de aposentadoria ou morte de servidor das áreas da saúde, educação e segurança.
P: O Estado pode excluir do seu total de despesa com pessoal o valor que ele paga ao servidor e retorna como IR na fonte?
R. Não é possível, pois seria uma burla à lei. A LRF estabelece, em seu artigo 19, as despesas que não serão contabilizadas para efeito de apuração dos limites de despesa com pessoal, e o valor retido a título de IR não consta dessa relação. Ademais, ele iria contabilizar como receita o que ele paga como IRfonte. Assim, aparentaria ter mais receita do que efetivamente teria, além de criar uma errônea contabilização de despesas com pessoal.
P: O Poder Executivo de determinado Estado da Federação pode sofrer restrições creditícias em decorrência do descumprimento dos limites de gastos com pessoal por parte do Ministério Público?
R. No artigo 19 da LRF foram estipulados os limites para a despesa com pessoal, para cada ente político. A princípio, a fixação dos limites de gastos é feita por ente político e fixada com base na receita corrente líquida: U (50%), E, M, DF (60%).
No art.20 da LRF, cada ente político tem dividido, dentro de si, aquele percentual, para que cada Poder – Executivo, Legislativo e Judiciário - ou órgão – MP e TC, de modo que cada um tem um percentual que poderá gastar com pessoal. Os limites são, então, divididos por ente político, por Poder ou órgão. No caso da questão, as despesas com pessoal do Ministério Público ultrapassaram os limites estabelecidos na LRF. O Supremo já analisou a situação e disse que as sanções e restrições são INDIVIDUALIZADAS. Já que os limites são individualizados, as sanções também o são. O Poder Executivo não sofrerá qualquer sanção ou restrição se o Legislativo ou o Judiciário ultrapassarem os seus limites de gastos com pessoal. A RESTRIÇÃO OU SANÇÃO É POR PODER OU ÓRGÃO. O art. 13 da LRF diz que as metas de arrecadação serão bimestrais. Após a elaboração, aprovação e entrada em vigor do orçamento, o Poder Executivo vai desdobrar o orçamento em metas bimestrais de arrecadação (a despesa é fixada e a receita é prevista. Então, traçam-se metas para alcançar a receita prevista). O art.9º diz que, se ao final de um bimestre se verificar que aquela meta de arrecadação não será realizada, os Poderes e o MP (órgão) deverão fazer limitação de empenho (pisar no freio nos gastos, segurar a despesa já que não haverá receita suficiente para satisfazê-la), por ato próprio. Cada um limita as suas despesas. No §3º, a LRF autoriza o Poder Executivo a proceder à limitação de empenho dos outros Poderes ou órgãos, dispositivo esse declarado inconstitucional pelo STF por violar o Princípio da Separação dos Poderes (eficácia suspensa do §3º da LRF na ADI 2238). A resposta à pergunta, portanto, é NÃO. O STF entende que quem sofre a sanção é o Poder ou órgão que extrapolou os limites até porque o Poder Executivo não pode limitar os gastos dos outros Poderes ou órgãos. Se ele não pode limitar os gastos, não seria coerente admitir que sofresse as sanções decorrentes do excesso de despesa com pessoal.
ADI 2238: XXIV - Art. 9º, § 3º: hipótese de interferência indevida do Poder Executivo nos demais Poderes e no Ministério Público.
P: Quais os requisitos das despesas com a Seguridade Social?
R. São a indicação da fonte de custeio e o cumprimento das exigências constantes do artigo 17 da LRF.
P: Que despesas com a Seguridade Social dispensam a adoção de medidas de compensação, nos termos do artigo 17 da LRF?
R. A concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; e, reajustamento do valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.
ADI 2238: “XVI - Art. 24: as exigências do art. 17 da LRF são constitucionais, daí não sofrer de nenhuma mácula o dispositivo que determina sejam atendidas essas exigências para a criação, majoração ou extensão de benefício ou serviço relativo à seguridade social”.
A seguir, questões referentes aos tópicos: Princípio da Legalidade. Técnica de realização da despesa: empenho, liquidação e pagamento.
P: Em que consiste o princípio da legalidade?
R. O princípio constitucional da legalidade financeira pode ser, segundo a doutrina de Ricardo Lobo Torres, analisado sob três vertentes.
A primeira é a “superlegalidade”, ligada à idéia de supremacia da Constituição. Significa que todas as normas orçamentárias subordinam-se às normas constitucionais, devendo com elas guardar uma relação de harmonia; caso contrário, abre-se espaço para o controle judicial.
A segunda vertente é a reserva de lei, o que significa que somente por meio de lei formal pode ser aprovado o orçamento e autorizada a abertura de créditos adicionais. A única exceção diz respeito aos créditos extraordinários, cuja abertura pode ser
autorizada por medida provisória – em caso de despesas imprevisíveis e urgentes decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (art.167,§3º, CF e art. 62, §1º, I “d”, CF).
Por fim, a terceira vertente é o primado da lei, segundo o qual o orçamento há de ser aprovado necessariamente mediante lei formal, e apenas em casos excepcionais pode o Executivo manifestar-se ativamente, como na abertura de créditos extraordinários ou nas lacunas legislativas.
P: É possível a elaboração de despesas sem previsão orçamentária? E receita? É possível receita sem lei?
R. Não é possível a execução de despesa pública sem autorização legislativa. Mesmo que não haja previsão na lei orçamentária o Executivo precisa de autorização do Legislativo. A regra é que não existem despesas sem autorização legal. Essa lógica do princípio da legalidade vale para a despesa e não para a receita. É possível arrecadar receita sem lei, como no caso, por exemplo, de receita originária, de receita advinda do aumento do IPI por meio de decreto. Importa ressaltar que o credito extraordinário é aberto por medida provisória (art.167, §3º, CF e art.62, §1º, I, “d”, CF).
P: Quais são as etapas de realização da despesa pública?
R. Etapas da despesa: 1) fixação (fase legislativa); 2) alguns autores dizem que a licitação seria uma fase da despesa (mas existem despesas sem licitação); 3) o empenho (reserva de numerário para o pagamento para o credor; cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não do implemento de uma condição); 4) a nota de empenho; 5) a liquidação (é a verificação do direito adquirido do credor; verificar se o objeto fornecido pelo credor se adéqua ao disposto no contrato) ; 6) a ordem de pagamento (despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga); e, por fim, 7) o pagamento. (FIXAÇÃO/LICITAÇÃO/EMPENHO/EMISSÃO DA NOTA DE EMPENHO/LIQUIDAÇÃO/ORDEM DE PAGAMENTO E PAGAMENTO)
P: O que é empenho?
R. O empenho da despesa é ao ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição (art.58 da Lei nº 4320/64).
P: Pode haver despesa sem empenho? Pode haver pagamento sem liquidação?
R. A Lei nº 4320/94 veda expressamente a realização de despesa sem prévio empenho. O que se permite é que a legislação específica, em casos especiais, dispense a emissão da nota de empenho (e, não, o empenho). Não é possível pagamento sem liquidação. Segundo o artigo 62 da Lei nº 4320/64, o pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.
P: O que é a nota de empenho?
R. A nota de empenho é o documento extraído do empenho que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria. O STF entende que a nota de empenho é titulo executivo extrajudicial, podendo, inclusive, ser executada.
P: Quais são as modalidades de empenho?
R. São três modalidades: 1) empenho ordinário (despesa de valor certo em pagamento único); 2) global (se sabe o valor certo, mas o pagamento será feito de forma parcelada – art.60, §3º da Lei nº 4320/64)); 3) empenho estimativa (despesas que não se sabe a priori o valor exato, se sabe que a despesa existe, mas não o seu valor exato – art.60, §2º da Lei nº 4320/64).
A partir daqui: outros temas relacionados à LRF
P: Receita corrente pode ser usada para pagar despesa de capital? E a receita de capital, pode ser usada para pagar despesa corrente?
R. A receita corrente pode ser usada para o pagamento de despesa de capital, classificando-se, por isso, como receita de capital – superávit de receita corrente. Por outro lado, ao realizar uma operação de crédito, que é receita de capital, esta será utilizada para o pagamento de uma despesa corrente, a qual não gera qualquer incremento patrimonial. É uma despesa efetiva. Assim, se haverá um sacrifício patrimonial (um gasto), que seja feito para realizar incremento no patrimônio e, não, para o pagamento de despesa corrente.
P: O que é a regra de ouro?
R. As receitas de operações de crédito não podem exceder as despesas de capital. A justificativa é que a receita capital é para pagar despesa de capital. A LRF também tem outra regra de ouro, que é diferente da prevista na CF, art. 167, III. A regra de ouro da Constituição Federal traz vedação expressa à realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas os créditos suplementares e especiais, aprovados pelo legislativo por maioria absoluta. Se o legislativo autorizar por maioria absoluta é possível que existam operações de crédito em valor superior ao montante das despesas de capital. Já, a LRF (art.12, §2), não traz essas exceções; é mais rigorosa. O STF se posicionou no sentido de que deve ser observada a regra de ouro estabelecida na Constituição Federal.
ADI 2238: “XXI - Art. 12, § 2º: medida cautelar deferida para conferir ao dispositivo legal interpretação conforme ao inciso III do art. 167 da Constituição Federal, em ordem a explicitar que a proibição não abrange operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo”.
P: O artigo 11 da LRF aponta como requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal, a instituição e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência do ente, sob pena de não mais receber transferências voluntárias. Esse dispositivo aplica-se à União? É constitucional?
R. A penalidade prevista no parágrafo único do artigo 11 não se aplica à União, uma vez que esta não recebe transferências voluntárias, mas as repassa. Questionada a constitucionalidade do art.11 da LRF perante o STF (ADI 2238), a Corte Constitucional declarou a sua constitucionalidade sob o fundamento de que “por se tratar de transferências voluntárias, as restrições impostas aos entes beneficiários que se revelem negligentes na instituição, previsão e arrecadação de seus próprios tributos não são incompatíveis com o art. 160 da Constituição Federal”. Obs.: artigo 160 trata das transferências obrigatórias.
P: Quais condições devem ser observadas para a renúncia de receitas?
R. Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar e nos dois subsequente, atender à LDO e, alternativamente, uma das seguintes condições: a)demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da LOA e que não afetará as metas de resultados fiscais, ou b)estar acompanhada de medidas de compensação (art.14, lRF). Caso seja esta a condição escolhida, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas de compensação (art.14, §2º, LRF).
P: Quais as exceções às exigências do art.14?
R. As exigências não se aplicam às alterações das alíquotas dos impostos: II, IE, IPI, IOF e ao cancelamento do débito cujo montante seja inferior aos custos de cobrança.
P: É possível que a União realize transferência voluntária de recursos para um município que não prestou contas de recursos derivados de convênios anteriores?
R. O instrumento jurídico utilizado para realizar transferência voluntária é um convênio ou um contrato de repasse. De acordo com o art. 25, da LRF, são exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na LDO, 1) a existência de dotação específica, 2) que não seja para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista do ente beneficiário da transferência e 3) a comprovação, por parte do beneficiário de que 3.1) se acha em dia quanto ao pagamento das dívidas assumidas perante o ente transferidor, 3.2) do cumprimento dos limites constitucionais relativos à saúde e educação, 3.3) da observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária e 3.4) a existência de previsão orçamentária de contrapartida. Se o Município não prestou contas de recursos advindos de convênios anteriormente firmados com a União, não será possível a realização da transferência voluntária por expressa vedação contida no art.25, IV, a da LRF.
P: Caso ultrapasse os limites de sua dívida pública consolidada legalmente previstos para determinado quadrimestre, pode a União antecipar receita como forma de financiar atividades de interesse social?
R. Para o endividamento, a LRF não traz limites, mas se preocupa com a consequência do não cumprimento dos limites (arts. 30 e 31 da LRF). Os limites são fixados pelo Senado Federal. De acordo com o parágrafo primeiro do artigo 31 da LRF, enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. Logo, só poderá fazer operação de crédito, inclusive por ARO se for para REDUZIR O SEU LIMITE DE ENDIVIDAMENTO (refinanciando uma dívida, reduz-se o nível de endividamento). Na hipótese, portanto, não seria possível a realização de operação de crédito por antecipação de receita (ARO) para financiar atividade de interesse social.
P: Quais as consequências advindas do não cumprimento dos limites estabelecidos pelo Senado Federal?
R. Verificado o excesso, a dívida deverá ser reconduzida nos três quadrimestres seguintes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. Enquanto perdurar o excesso o ente estará proibido de realizar operações de crédito, salvo no caso de refinanciamento da dívida mobiliária, e obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite.
P: E se no prazo estabelecido não houver a recondução da dívida ao limite?
R. Se nesses três quadrimestres o ente não conseguir reconduzir a dívida aos limites, ficará proibido de receber transferência voluntária da União ou do Estado (art.31, §2º). As vedações existentes para fins de recebimento de transferência voluntária não são aplicáveis relativamente às áreas de educação, saúde e assistência social - ESA (art.25, §3º, LRF).
P: Quais as condições a serem observadas para a destinação de recursos públicos para o setor privado?
R. Destinar recursos para entidades privadas, pessoa física ou jurídica, somente por lei, se constar da LOA ou crédito adicional e atender às condições da LDO. Aplica-se a todos os entes inclusive da Administração Indireta, com EXCEÇÃO das EMPRESAS ESTATAIS QUE SEJAM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS OU do BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estes não precisam observar todos aqueles requisitos para destinar recursos para o setor privado. É inerente à atividade por eles desenvolvida.
P: Fale sobre os requisitos para a contratação de operação de crédito:
R. O ente interessado formulará seu pleito perante o Ministério da Fazenda, comprovando: prévia e expressa autorização legislativa (LOA, crédito adicional ou lei específica); inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto ARO; observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal; autorização específica do Senado quando se tratar de operação de crédito externo; que as despesas de operação de crédito não superam as despesas de capital (art.167, III, CF); e, a observância das demais restrições da LRF.
P: A LRF permite a contratação de operação de crédito com instituição financeira? Explique.
R. A operação de crédito é possível, desde que não seja relativa à dívida mobiliária ou à externa (art.33, caput, LRF). A instituição financeira deverá exigir a comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos. Se houver o descumprimento desses limites, a operação será considerada nula e a instituição financeira receberá apenas o principal (sem encargo e juros). O montante equivalente a operação deverá ser devolvido no mesmo exercício em que realizada e, caso isso não seja possível, será consignada reserva específica na LOA para o exercício seguinte. Outrossim, enquanto não houver a devolução serão aplicadas as penalidades do art.23, §3º da LRF (proibição de receber transferências voluntárias, de obter garantias e realizar operações de crédito).
P: Instituição financeira realiza operação de crédito com um Estado e, nos termos do artigo 40 da LRF, exige garantia. Mas, o Estado não dispõe de meios para ofertar a garantia e a instituição financeira pode se recusar a efetuar a operação. Qual a saída para esse Estado?
R. Uma possível solução para o problema é a União garantir a operação de crédito. A União pode se apresentar como garantidora de uma operação de crédito entre uma instituição financeira e o Estado, porém, esta prestação de garantia por parte da União ficará condicionada a prestação de uma contra-garantia do Estado, em favor da União (art.40, §1º, LRF). A contra-garantia poderá consistir, nos termos da LRF, na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais (art.40,§1º, II, LRF).
P: Suponha que o Estado não pague a instituição financeira. O que acontecerá?
R. A União honrará a dívida do Estado, em razão da garantia prestada (art.40,§9º, LRF). Devido a isso, o ente garantidor, no caso, a União, poderá condicionar as transferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento e suspender o acesso a novos créditos até a total liquidação da dívida por ela assumida.
P: Em que situações a LRF veda a realização de operação de crédito?
R. 
1 O Banco Central não pode mais emitir títulos da dívida pública (art.34).
2 Entre entes da federação, com a ressalva de que é permitida a operação de crédito entre instituição financeira estatal e outro ente da federação, inclusive sua Administração Indireta (art.35, caput). A única exigência é que referida operação não se destine a financiar despesas correntes e refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição financeira (art.35, §1º). 
3 Entre instituição financeira estatal e o ente da federação que a controle, como beneficiário (art.36).
Concluindo: entre entes da federação não pode! Entre instituição financeira estatal e outro ente da federação, pode!
P: É possível antecipar receita de tributo cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido?
R. A LOA estabelece uma estimativa de receita. Ao estabelecer essa estimativa em relação às receitas, essa lei leva em consideração as receitas dos tributos. Para que essa receita de tributos seja efetiva, é necessário que se realize o fato gerador desses tributos. Por isso, a LRF veda a captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo, equiparando tal situação à operação de crédito. A LRF distingue essa situação da prevista no art.150, §7º da CF (substituição tributária).
P: È possível o oferecimento de títulos da dívida pública em garantia de uma execução fiscal?
R. O STJ já se posicionou no sentido de que é possível, desde que o título da dívida pública tenha cotação em bolsa.
AgRg nos EAg 1248486 / SC
AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PENHORA DE TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA. AUSÊNCIA DE LIQUIDEZ. POSSIBILIDADE DE RECUSA PELA FAZENDA EXEQUENTE. PRECEDENTE REGIDO PELA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. ACÓRDÃO PARADIGMA. CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS E JURÍDICAS DESASSEMELHADAS. DISSÍDIO NÃO CONFIGURADO. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Desatendidos os requisitos previstos no art. 266, § 1º, c.c. 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ quando não mencionadas "as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados".
2. Na hipótese em exame, verifica-se a inexistência de similitude fática apta a ensejar o conhecimento dos presentes embargos, uma vez que não restou demonstrada a imediata liquidez dos títulos de créditos oferecidos a penhora no acórdão embargado, por esse motivomforam recusados, enquanto que no aresto paradigma o título de crédito penhorável era de fácil liquidez.
3. "A Primeira Seção desta Corte, quando do julgamento do REsp n. 1.090.898/SP, pela sistemática do art. 543-C, do CPC, adotou entendimento no sentido de que a Fazenda Pública exequente poderá recusar o oferecimento de bem à penhora nos casos legais, tal quais a desobediência da ordem de bens penhoráveis prevista no art. 11 da Lei n. 6.830/80 e a baixa liquidez do mesmo".
4. "Não
cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado" (Súmula 168/STJ).
5. Agravo regimental não provido.
REsp 755065 / PR: RECURSO ESPECIAL - 2005/0089063-8
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. ALEGAÇÃO EM SEDE DE EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MATÉRIA DE DEFESA. POSSIBILIDADE. ART. 66 DA LEI N.º 8.383/91. TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA, SEM COTAÇÃO EM BOLSA. AUSÊNCIA DE LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS.
1. É lícita a controvérsia acerca da compensação em sede de embargos à execução, como matéria de defesa, desde que se trate de créditos líquidos e certos ou autorização legislativa. Precedentes do STJ: REsp 746.574/MG, DJ 17.05.2007; EREsp 438.396/RS, DJ de 28.08.2006; REsp 611.463/RS, DJ de 04.05.2006; RESP 785081/RS, DJ de 21.11.2005 e RESP 639077/RS, DJ de 17.10.2005.
2. In casu, a despeito de a alegação do embargante, ora recorrente, restringir-se à extinção do crédito em razão de compensação, matéria cognoscível em sede de embargos à execução, a pretensão recursal não merece provimento, máxime porque "Os títulos da dívida pública de difícil liquidação e que não tenham cotação em bolsa de valores não servem à garantia de pagamento de dívida fiscal, tampouco à compensação tributária"(REsp 373979/PE, 2ª Turma, DJ de 06.09.2004). Precedentes do STJ: Ag 909815, DJ 28.08.2007 ; REsp 691282/PR, DJ 07.11.2005 e AgRg no Ag 704.732/SC, DJ 01.02.2006.
3. Recurso especial desprovido.
P: Em que consiste a operação de crédito por antecipação de receita orçamentária?
R. É uma operação de crédito cujo objetivo é atender à insuficiência de caixa durante o exercício financeiro. A LRF não permite a captação de recursos mediante a antecipação da receita de tributos, mas admite a antecipação relativamente a outras receitas.
P: Quais as condições para a realização da ARO?
R. Além das condições gerais previstas no art.32 da LRF (vide resposta à questão nº 60), deve ser realizada a partir do dia 10 de janeiro e liquidada até o dia 10 de dezembro; deve também ser realizada considerando os juros legais, e portanto, uma taxa pré-fixada; inexistência de ARO não quitada; que não seja o último ano de mandato do chefe do Executivo.
P: Pode a União inscrever Município no SIAFI/CADIN?
R. Sim, é possível, mas essa inscrição não poderá constituir óbice ao recebimento de transferências voluntárias afetas à educação, saúde e assistência social - ESA - e em faixas de fronteira.
P: A CJU, diversas vezes, divulga relatórios de auditorias realizadas nos Municípios, em seu site. É possível a divulgação desses relatórios considerando-se não haver um juízo de certeza a respeito da irregularidade?
R. De acordo com o STJ, não haveria qualquer problema, tendo em vista que o exercício de qualquer cargo ou função pública, notadamente o de chefe do Poder Executivo municipal, demanda a necessária submissão aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, dentre outros requisitos. E em tal hipótese, o interesse individual do gestor do município não prevalece sobre o interesse social que a impetrada busca assegurar. (MS 9744/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2004, DJ 04/04/2005, p. 158)
A seguir, questões relativas a precatório:
P: Em que hipótese se admite intervenção federal decorrente do não pagamento de precatórios?
R. STF: a ausência de voluntariedade em não pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência de recursos para satisfazer os créditos contra a fazenda estadual no prazo previsto no § 1º do artigo 100 da Constituição da República, não legitima a medida drástica de subtrair temporariamente a autonomia estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do erário, vem sendo zeloso, na medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais.
STF entende que a intervenção federal decorrente do não pagamento de precatórios só se justifica quando o não pagamento é voluntário, deliberado. Se o pagamento não ocorrer por insuficiência de recursos, nem o interventor poderá realizar o pagamento.
P: Os atos de presidente de tribunal que dispõem sobre processamento de precatório possuem caráter jurisdicional?
R. De acordo com a súmula n. 311, do STJ, os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional.
P: É possível a penhora de precatório?
R. STJ: é possível penhorar precatório, mas não é possível equiparar precatório e dinheiro. O precatório equivale a um direito de crédito. Como o precatório não equivale à penhora de dinheiro, a Fazenda pode recusar a penhora de precatório.
Na ordem estabelecida no art. 11 da LEF o dinheiro está em primeiro (I) e o direito em último (VIII).
Pelo disposto na súmula 406 do STJ, é possível dizer que sim, mas a Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.
Súmula 406, STJ: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.
P: Nos pagamentos devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença judicial transitada em julgado, existe submissão dos créditos de natureza alimentícia à ordem cronológica referida no texto constitucional?
R. Os precatórios alimentares apenas seguem uma ordem própria.
A orientação do STF é que o art. 100 da Constituição não dispensa o precatório, na execução contra a Fazenda Pública, ainda quando se trate de créditos de natureza alimentícia, aos quais apenas se assegura ordem cronológica própria.
Com a EC 62, dentro dos créditos alimentares há uma preferência para os maiores de 60 anos e para os portadores de doença grave, até o limite de três vezes o valor da RPV.
Até agora, todos os assuntos relacionados à EC 62 estão na CF, em que pese alguns Ministros do STF já tenham se manifestado no sentido da inconstitucionalidade de alguns dispositivos.
P: Quais são as hipóteses em que haverá o seqüestro de verbas para pagamento de precatório? O fato de o ente político não incluir verba para pagamento de precatório no orçamento também seria caso de seqüestro?
R. Na ADI 1662, o STF decidiu que somente cabe seqüestro de verbas na hipótese de preterição na ordem de pagamento.
Com a alteração do art.100 da CF por força da EC 62, o seqüestro é tratado no §6º daquele artigo. À luz da CF, na redação anterior à EC 62, o sequestro era possível apenas para o caso de preterimento. Com a redação conferida pela EC 62, passou a ser possível o seqüestro no caso de preterição da ordem de pagamento ou não alocação de recursos no orçamento para pagamento do precatório.
P: A mesma regra aplica-se aos Estados e Municípios que estejam usufruindo do regime especial estabelecido no art. 97 do ADCT?
R. Em se tratando de Estados e Municípios que estejam usufruindo do regime especial estabelecido no artigo 97 do ADCT, há previsão de uma regra própria para o seqüestro no parágrafo 10, inciso I do aludido artigo: “no caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do §1º e os §§2º e 6º deste artigo (recursos que os entes se comprometeram a depositar em conta vinculada ao Tribunal de Justiça. Esse regime especial consiste na obrigatoriedade de se efetuar um depósito em uma conta especial aberta para essa finalidade, administrada pelo TJ. Quando o regime surgiu, o ente tinha duas opções: depósito mensal - vincula um percentual da receita corrente líquida para pagamento do precatório -; ou, depósito anual - saldo total dos precatórios devidos dividido por 15 anos, período durante o qual adotará o regime especial) haverá o seqüestro de quantia nas contas de Estados, DF e Municípios devedores, por orem do Presidente do TJ, até o limite do valor não liberado”. Alternativamente ao seqüestro, poderá ser constituído, em favor dos credores do ente, direito líquido e certo, autoaplicável e independentemente de regulamentação, à compensação.
Para os entes incluídos no regime especial, portanto, a única possibilidade de seqüestro é esta prevista no §10

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Mais conteúdos dessa disciplina