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Disciplina: Sociologia Geral e Jurídica – Prof. Renato Cancian A perspectiva “organicista” e “funcionalista” de análise sociológica da sociedade adotada por Emile Durkheim: Fatos sociais: em 1895, Durkheim publica o estudo denominado "As Regras do Método Sociológico", onde define o objeto por excelência da sociologia: os fatos sociais. Fato social é tudo o que é coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo. Durkheim demonstra que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Ele atribui três características que caracterizam os fatos sociais: Primeira: coercitividade, que pode ser entendido como a força que exercem sobre os indivíduos obrigando-os através do constrangimento a se conformarem com as regras, normas e valores sociais vigentes; Segunda: exterioridade, que pode ser entendida como a existência de um fenômeno social que atua sobre os indivíduos, mas independe das vontades individuais; Terceira: generalidade, que pode ser entendida como a manifestação de um fenômeno que permeia toda a sociedade. Em De la Division du Travail Social, Durkheim esclarece que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada num grau de consenso entre os indivíduos e que ele designa de solidariedade. De acordo com o autor, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica. SOLIDARIEDADE MECÂNICA: prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA: predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. O livro O Suicídio (de 1897), Émile Durkheim, é considerado fundamental para a consolidação da sociologia como ciência. Essa obra é fundamental sob pelo menos dois aspectos: o uso de métodos de observação empírica, especialmente a estatística, e a capacidade de explicar como "fato social", externo aos indivíduos, um fenômeno – o ato de matar-se – geralmente atribuído ao arbítrio pessoal e a causas psicológicas. Enquanto fato social, o suicídio apresenta a seguinte classificação: SUICÍDIO EGOÍSTA: carrega o estereótipo do sujeito solitário, desalentado e que "não vê mais sentido em viver", deriva, segundo o sociólogo francês, da baixa integração do indivíduo a laços grupais e valores compartilhados. SUICÍDIO ALTRUÍSTA: decorre de uma identificação do indivíduo a um determinado grupo social, essa identificação é tão intensa que põe em segundo plano a existência individual, daí a possibilidade do "auto-sacrifício" a causas ou a pressões coletivas. SUICÍDIO ANÔMICO - de "anomia", ausência de regras: seria típico de sociedades em crise ou em transição histórica radical, como no século 19 na Europa do avanço do capitalismo industrial. A falta de "coesão moral", de valores e instituições estáveis, acentuaria a suscetibilidade das pessoas ao suicídio. Artigos de jornais tratando do suicídio: Onda de suicídios comove sul-coreanos País asiático é o que registra maior índice entre os 32 mais ricos do mundo; taxa cresceu 18% no ano passado. Desde 2009, suicidas incluem ex-presidente, herdeiro da Samsung e diversas personalidades do mundo artístico No dia 13 de junho, o DJ Lee Kye-Hwa, 27, escreveu no Twitter: "Vou cometer suicídio. A todos, mesmo aqueles com quem tive amizade mais distante, eu amo vocês". Apesar dos esforços de amigos e da família, só foi encontrado dois dias depois, à beira do rio Han, que atravessa Seul. Havia se enforcado. Lee, que atravessava dificuldades financeiras, é apenas um dos 40 casos de suicídios diários na Coreia do Sul. No ano passado, foram 14.579, aumento de 18% sobre 2008. A taxa de suicídio ficou em 30 por 100 mil habitantes, maior do que o índice de homicídio do Brasil (25,2). É o país que mais registra mortes do tipo entre os 32 membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entre os quais Japão, com forte tradição de suicídios. "Na sociedade coreana, o suicídio se transformou numa das maneiras para solucionar problemas", disse o psiquiatra Ha Giu-sup, da Universidade Nacional de Seul e presidente da Associação Sul-Coreana para a Prevenção do Suicídio. Ha afirma que os idosos são o grupo mais afetado. Na faixa etária acima de 80 anos, a taxa é de 100 por 100 mil habitantes. "A Coreia do Sul é uma sociedade em rápido processo de envelhecimento. Esses idosos não se prepararam para viver tanto tempo porque, quando eram jovens, poucas pessoas viviam mais de 60 anos", afirma Ha. "Muitos, principalmente na área rural, são pobres, doentes e solitários e acabam cometendo suicídio." Um segundo motivo, diz, foi a crise financeira asiática de 1997, que aumentou a instabilidade do emprego na Coreia do Sul. Naquele ano, a taxa no país era 13 por 100 mil, e o suicídio figurava como a sétima causa de mortes -hoje, já é a quarta (Fonte: Folha de S. Paulo, agosto de 2010). Aumento de suicídios por causa da crise angustia a Europa TREVISO, Itália - Antonio Tamiozzo, 53, enforcou-se na véspera do Ano-Novo no depósito de sua construtora nas proximidades de Vicenza, depois de vários devedores não terem lhe pagado. Três semanas antes, Giovanni Schiavon, 59, de Pádua, se matou com um tiro na cabeça. Confrontado com a perspectiva de ordenar demissões no Natal na firma que é de sua família há duas gerações, deixou um bilhete: "Me desculpem. Não suporto mais." A recessão econômica que abala a Europa há três anos levou a um aumento alarmante no índice de suicídios. Especialmente nos países mais frágeis, como Grécia, Irlanda e Itália, vêm aumentando as chances de pequenos empresários e empreendedores se matarem, num fenômeno descrito por alguns jornais como "suicídio por crise econômica". Embora alguns países demorem a informar estatísticas, e os legistas -para proteger os sobreviventes- relutem em classificar mortes como suicídios, está claro que os países na linha de frente da crise econômica são os mais atingidos. Na Grécia, o índice de suicídio entre homens aumentou mais de 24% entre 2007 e 2009. Na Irlanda, no mesmo período, houve um aumento de mais de 16% nos suicídios de homens. Na Itália, os suicídios motivados por dificuldades econômicas subiram de 123 em 2005 para 187 em 2010. Especialistas dizem que a tendência está se intensificando este ano, à medida que os governos implementam medidas de austeridade. "A crise financeira coloca em risco a vida de pessoas comuns, mas é muito mais perigoso quando são feitos cortes radicais na proteção social", disse David Stuckler, sociólogo da Universidade Cambridge que liderou um estudo publicado no "Lancet" que constatou um aumento acentuado nos suicídios na Europa entre 2007 e 2009, especialmente na Grécia e na Irlanda. "A austeridade pode converter uma crise em uma epidemia",afirmou (Fonte: Folha de S. Paulo, abril de 2012).
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