Responsabilidade Civil do proprietário ou detentor por danos causados por animais à luz do Direito Civil Brasileiro. 2015

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROPRIETÁRIO OU DETENTOR POR DANOS CAUSADOS POR ANIMAIS À LUZ DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO
Hérick Machado Serra (UNIPAR); Letícia Mendes de Souza (UNIPAR); Lilian Pereira Corço(UNIPAR); Kleber José de Almeida (UNIPAR)
Introdução: São cada vez mais comuns os danos causados por animais, nos mais variados espaços públicos e privados. Cães ferozes atacam pessoas, animais soltos, tais como: gado, cavalo etc., causam acidentes fatais em rodovias. A responsabilidade pelos danos causados pelo animal é do proprietário ou possuidor, sendo destes os deveres de indenização ao lesado. 
Objetivo: Analisar a responsabilidade civil do proprietário ou do detentor do animal, por danos causados a terceiros no âmbito do Direito Civil Brasileiro. 
Desenvolvimento: A responsabilidade pelo dano causado por animal, de acordo com o art. 936 do Código Civil, é do dono ou de seu detentor. O detentor é aquele que assume a responsabilidade pela guarda e zelo do animal (NERY JR; NERY, 2007). O dono do animal é seu guardião presuntivo (CAVALIERI FILHO, 2012). Referida presunção é juris tantum, quer dizer, relativa, que admite, portanto, prova em contrário (GONÇALVES, 2009). A responsabilidade pelo do fato do animal é objetiva de sorte que independe de ter tido o proprietário, possuidor ou detentor do animal culpa ou dolo pelos danos causados no evento danoso (NERY JR; NERY, 2007). Com isso, na responsabilidade objetiva, para que se possa responsabilizar o guardião do animal causador do dano, basta comprovação do nexo da causalidade entre o ato do animal e o dano. Na precisa lição de Cavalieri Filho (2012, p. 243): “o art. 936 não mais admite ao dono ou detentor do animal afastar sua responsabilidade provando que o guardava e vigiava com cuidados precisos, ou seja, provando que não teve culpa”. Por outro lado, o próprio dispositivo legal em tela traz em seu bojo, duas hipóteses explícitas de excludentes de responsabilidade, quais sejam: culpa da vítima ou força maior. No entanto, o ônus de provar tais excludentes é do proprietário do animal (GONÇALVES, 2009). Segundo Venosa (2007) os animais selvagens e que vivem na natureza, não possuem um “guarda”, um responsável, logo, não geram, em princípio, o dever de indenizar. Vários fatos poderão trazer ao agente responsabilidade por ato do animal de que é proprietário ou detentor, por exemplo, cão feroz escapa da residência do guardião, atacando o pedestre que passava pela rua, causando-lhe graves ferimentos e, outrossim, cavalo que pula a cerca da fazenda e provoca colisão com um veículo que trafegava pela rodovia causando a morte de todos os ocupantes. São situações corriqueiras, que faz surgir o dever de indenizar. Os danos daí resultantes, podem ser de ordem moral (imaterial), patrimonial (material) ou ambos. Enfim, o fato é que a apuração de eventuais danos indenizáveis e sua extensão dependerão da análise do caso concreto. 
Conclusão: Os proprietários ou detentores de animais, respondem objetivamente pelos danos por estes provocados. Basta para tanto que a vítima comprove o nexo de causalidade entre o dano e ato praticado pelo animal. O responsável pelo animal, poderá livrar-se da indenização, se provar culpa da vítima ou força maior. 
Referências:
BRASIL. Código Civil Brasileiro. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 01 de jul. 2015.
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. v. 4, 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código Civil Comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
VENOSA, Silvio da Sálvio. Direito Civil. Responsabilidade civil. v. 4, 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.