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persuasão e argumentação

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PERSUASÃO E ARGUMENTAÇÃO 
 
Segundo o senso comum, argumentar é vencer alguém, forçá-lo a submeter-se à 
nossa vontade. Definição errada! Von Clausewitz, o gênio militar alemão, utiliza-a 
para definir GUERRA e não ARGUMENTAÇÃO. Seja em família, no trabalho, no 
esporte ou na política, saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao 
universo do outro. É também obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo 
e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade de outro. 
(ABREU, 2004. p. 10). 
 
6.1 O processo da argumentação 
 
O “jogo” argumentativo é dinâmico, instável. Não existe o argumento “correto” e sim 
o argumento “predominante”, nem sequer existe o argumento “incorreto”, mas 
apenas uma fundamentação deficiente. 
 
Mas o que é argumentar? 
 
 
 
O processo argumentativo consiste essencialmente em duas atividades: persuasão 
e refutação. 
 
Persuadir é propor um ponto de vista ou posição e argumentar a favor dela, 
propondo razões que se julgam pertinentes. 
 
Refutar é atacar os argumentos do opositor. Consiste em apresentar contra-
argumentos. 
 
6.2 Os procedimentos argumentativos em um texto 
 
Chamamos procedimentos argumentativos aos recursos acionados pelo produtor do 
texto com vistas a levar o leitor a crer na quilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele 
propõe. Afinal, uma opinião sem fundamentação não satisfaz, não parece verdadeira 
e, conseqüentemente, não convence. Quando queremos expressar nosso ponto de 
vista a respeito de determinado assunto, seja ele favorável ou contrário, devemos 
fundamentar nossa opinião. Em outras palavras, devemos desenvolver nossa 
afirmativa para que ela tenha valor. 
 
Diversos são os recursos argumentativos que podem ser utilizados para 
fundamentar uma opinião. O importante mesmo é a forma como o argumento é 
apresentado, pois precisa ser CONSISTENTE, passando para o leitor um valor de 
verdade. 
 
Para termos idéia de alguns desses procedimentos argumentativos, vamos ler um 
fragmento de um dos sermões de Padre Antônio Vieira, no qual ele tenta explicitar 
Argumentar é oferecer razões para sustentar um ponto de vista, teste, ou 
conclusão. Argumentar é diferente de discutir, uma vez que a argumentação visa a 
convencer o adversário e não eliminá-lo. O objetivo de todo o discurso 
argumentativo é modificar o comportamento do auditório, ou seja, provocar uma 
atitude ou crenças novas ou alterar atitudes ou crenças existentes. 
 
 
certos recursos que o pregador deve usar para que o sermão cumpra o papel de 
persuasão ou convencimento: 
 
 
 
Tomando o fragmento citado como ponto de partida, podemos inferir alguns dos 
recursos argumentativos que um texto deve conter para ser convincente ou 
persuasivo. 
 
A primeira qualidade que Vieira aponta é que o texto deve ter unidade, isto é, deve 
tratar de “um só objeto”, “uma só matéria”. Essa qualidade é um dos mais 
importantes recursos argumentativos já que um texto dispersivo, cheio de 
informações desencontra das não é entendido por ninguém: fica-se sem saber qual 
é seu objeto central. O texto que fala de tudo acaba não falando de nada. Mas é 
preciso não confundir unidade com repetição ou redundância. O próprio fragmento 
que acabamos de ler adverte que o texto deve ter variedade desde que essa 
variedade explore uma mesma matéria, isto é, comece, continue e acabe dentro do 
mesmo tema central. 
 
Outro recurso argumentativo apontado no texto de Vieira é a com provação das 
teses defendidas com citações de outros textos autoriza dos. Como sacerdote 
que é, sugere as citações das Sagradas Escrituras, já que, segundo sua crença, são 
elas a fonte legítima da verdade. 
 
O que Vieira diz sobre os sermões vale para qualquer outro texto, desde que não se 
tome ao pé da letra o que ele diz sobre as Sagra das Escrituras. Um texto ganha 
mais peso quando, direta ou indireta mente, apóia-se em outros textos que trataram 
do mesmo tema. Costuma-se chamar argumento de autoridade a esse recurso à 
citação. 
 
O texto aconselha ainda que o pregador, ao elaborar o seu ser mão, use o raciocínio 
ou a razão para estabelecer correlações lógicas entre as partes do texto, apontando 
as causas e os efeitos das afirmações que produz. Esses recursos de natureza 
lógica dão consistência ao texto, uma vez que amarram com coerência cada uma 
das suas partes. Um texto desorganizado, sem articulação lógica entre os seus 
segmentos, não é 
convincente, não é persuasivo. 
 
(...) O sermão há de ser duma só cor. Há de ter um só objeto, um só assunto. Uma só 
matéria. Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, 
há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com 
a razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os 
efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão de seguir, com os 
inconvenientes que se devem evitar, há de responder às dúvidas, há de satisfazer às 
dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força 
da eloqüência os argumentos contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, há 
de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é sermão, isto é pregar, e o que não é 
isto, é falar de mais alto. Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter 
variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos da mesma matéria, e continuar 
e acabar nela. 
(Sermão da Sexagésima. In: ______. Os sermões. São 
Paulo. Difel, 1968 VI, p. 99.) 
 
 
Além disso, o pregador deve cuidar de confirmar com exemplos adequados as 
afirmações que faz. Uma idéia geral e abstrata ganha mais confiabilidade quando 
vem acompanhada de exemplos concretos adequados. Os dados da realidade 
observável dão peso a afirmações concretas. 
 
Um último recurso argumentativo apontado pelo texto de Vieira é a refutação dos 
argumentos contrários. Na verdade, sobretudo quando se trata de um tema 
polêmico, há sempre versões divergentes sobre ele. Um texto, para ser convincente, 
não pode fazer de conta que não existam opiniões opostas àquelas que se 
defendem no seu interior. Ao contrário, deve expor com clareza as objeções 
conhecidas e refutá-las com argumentos sólidos. 
 
Esses são alguns dos recursos que podem ser explorados pelo produtor do texto 
para conseguir persuadir o leitor. 
 
O que interessa destacar neste momento é o fato de que a argumentação está 
sempre presente em qualquer texto. Por argumentação deve -se entender qualquer 
tipo de procedimento usado pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a dar 
sua adesão às teses defendidas pelo texto. 
 
6.3 Alguns tipos de argumentos 
 
Vamos conhecer, por meio de exemplos, alguns tipos de argumentos? 
 
1. Argumento de autoridade: citações de autores renomados , autoridades num 
certo domínio do saber, numa área de atividade humana, para corroborar uma tese, 
um ponto de vista. No entanto, devemos tomar cuidado com citações descosturadas 
, sem relação com o tema, feitas pela metade, mal compreendidas. 
 
Exemplos: 
 
a) Toda atitude racista deve ser denunciada e combatida, posto que fere um dos 
princípios fundamentais da Constituição brasileira. (em Ensino Médio em Rede) 
 
b) Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 1 bilhão de 
pessoas não possuem um trabalho que seja capaz de suprir suas necessidades 
básicas de alimentação. 
 
2. Argumentos baseados no consenso: argumentos de valor universal, aqueles 
que são irrefutáveis, com os quais consquistamos a adesão incontinenti dos leitores. 
Se você diz, por exemplo, que sem resolver os problemas da família não se 
resolvem os das criança de rua, vai ser difícil alguém contradize-lo. Trata-se de um 
argumento forte. 
 
Exemplos: 
 
a) A educação é a base do desenvolvimento. Os investimentos em pesquisa são 
indispensáveis para que um país supere sua condição de dependência.b) Toda criança tem direito à alimentação e ao estudo. 
 
 
 
3. Argumentos por ilustração e/ou exemplificação: argumentos necessários 
quando a idéia a ser defendida carece de esclarecimentos com dados práticos da 
realidade. Nesse caso, ilustra-se uma situação, um problema, um assunto, ou usam-
se exemplos pertinentes à idéia exposta. 
 
Exemplos: 
 
a) Nos países que passaram a ter a pena de morte prevista no código penal – os 
Estados Unidos são um exemplo disso – não houve uma diminuição significativa do 
índice de criminalidade. Donde podemos concluir que a existência legal da pena de 
morte não inibe a criminalidade. (em Ensino Médio em Rede) 
 
b) Exemplos, como estudos feitos na UENF (Universidade Estadual do Norte 
Fluminense), mostram que não há diferenças significativas entre alunos cotistas e 
não-cotistas. Já estudos feitos na UERJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) 
demonstram que alguns desses alunos cotistas apresentam defasagens, mas 
concluem que não se trata de nenhuma grande dificuldade que algumas medidas 
como a oferta de cursos de apoio ou melhor infra-estrutura de bibliotecas e mais 
laboratórios de informática não possam sanar. (em Ensino Médio em Rede) 
 
ATENÇÃO: 
 
Não devemos confundir tais argumentos com “lugares-comuns”, carentes de 
base científica, de validade discutível. Além disso, é preciso muito cuidado 
para distinguir entre uma idéia que não mais necessita de demonstração e a 
enunciação de preconceitos do tipo: “o brasileiro é indolente”, “a Aids é um 
castigo de Deus”, ”só o amor constrói”. 
 
4. Argumentos baseados nas relações de causa e conseqüência: uma 
argumentação convincente e bem fundamentada pode ser obtida por meio das 
relações de causa e conseqüência, em que são apontados os aspectos que levaram 
ao problema discutido e suas decorrências. 
 
Exemplos: 
 
a) A incompetência do Estado em administrar os seus presídios, onde, além da 
superlotação, reinam a corrupção, tráfico de drogas, promiscuidade, falta de higiene 
e condições mínimas para que um condenado não se esqueça de que é humano, é 
a causa principal que leva o criminoso a provocar incêndios, matar seguranças e 
possíveis companheiros delatores e ganhar a liberdade ilegal. 
 
b) A redução dos impostos sobre o preço dos carros – IPI e ICMS – é uma medida 
que pode ajudar a combater o desemprego, pois, reduzindo o preço, as vendas 
tendem a crescer, o que provoca um aumento da produção, o que por sua vez 
garante os empregos. (em Ensino Médio em Rede) 
 
5. Argumentos baseados em provas concretas: expediente lingüístico 
eficientíssimo, pois se trata realmente de uma prova concreta para reforçar a tese 
que se defende. Aparece na forma de dados estatísticos, leis, fatos do conhecimento 
 
 
geral. As informações têm de ser exatas, pois não conseguimos convencer ninguém 
com informações falsas, que não têm respaldo na realidade. 
 
Exemplos: 
 
a) A administração Fleury foi ruinosa para o Estado de São Paulo porque deixou 
dívidas , junto ao Banespa, de 8,5 bilhões de dólares, porque deixou de pagar aos 
fornecedores, porque acumulou dívidas de bilhões de dólares, porque inchou a folha 
de pagamento do Estado de São Paulo com nomeações de afilhados políticos etc. 
(em Platão e Fiorin. Lições de texto) 
 
b) Todo mundo conhece a grandeza dos problemas que a China enfrenta para 
alimentar, vestir e abrigar 1,3 bilhão de habitantes. A revista The Economist mostra 
que, além das dificuldades para garantir a oferta de comida, vestuário e habitação, a 
China está enfrentando um novo tipo de escassez: a escassez de nomes. 
 
Observação: cuidado com tautologias como: “o fumo faz mal à saúde porque 
prejudica o organismo”; “esta criança é mal-educada porque os pais não lhe 
deram educação” 
 
É isso mesmo. Estão faltando nomes e sobrenomes para atender à enorme 
demanda chinesa nesse campo. Assim é que os cinco sobrenomes mais comuns – 
Li, Wang, Zhang, Liu e Chen – são usados por nada mais nada menos do que 350 
milhões de pessoas. Só os que têm o sobrenome Li chegam a 87 milhões, ou seja, 
mais da metade da população brasileira. (em “A dança dos nomes”, Antonio Ermírio 
de Moraes) 
 
Agora que você conhece um pouco mais sobre a “arte de argumentar”, que tal 
conhecer e estudar dois gêneros textuais argumentativos por excelência: o artigo de 
opinião e a resenha?

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