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Direito Processual Penal I
Índice
Introdução	2
Princípios constitucionais	2
Devido processo legal – “due process of law” 	2
Verdade real	2
Da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos	2
Do contraditório e da ampla defesa	3
Presunção de inocência	3
Juiz natural	3
Fundamentação das decisões	3
Evolução do Processo Penal	4
Aplicação da lei processual penal no tempo	4
Aplicação da lei processual penal no espaço	4
Investigação criminal	5
Inquérito policial	6
Diretamente pelo Ministério Público	14
Juizado de Instrução	14
Ação Penal	14
Ação penal pública	16
Ação penal pública incondicionada	18
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido	18
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça	21
Ação penal (de iniciativa) privada	23
Ação penal propriamente privada (“Exclusivamente privada”) 	24
Ação penal privada personalíssima	24
Ação penal privada subsidiária da pública	25
Competência	30
Especial	30
Eleitoral	30
Militar	32
Senado Federal	34
Comum	35
Federal	35
Estadual	41
Critérios para fixação de competência	42
Competência “rationae materiae” 	42
Competência “rationae personae” 	43
Competência “rationae loci” 	48
Competência pela conexão e pela continência	52
Conexão	52
Continência	54
Critérios de prevalência	55
Prisão e Liberdade provisória	61
Prisão em flagrante (?)	62
Prisão preventiva	74
Prisão temporária	82
Liberdade provisória	83
Vinculada sem fiança	85
Mediante fiança	86
As medidas cautelares diversas da prisão	92
Direito Processual Penal I
Professor: Robson Braga
Bibliografia:
Direito Processual Brasileiro – Eugênio Pacelli
Direito Processual Brasileiro – Renato Brasileiro
Direito Processual Brasileiro – Paulo Rangel
Manual de Processo Penal – Marcellus Polastri Lima
Introdução
O Direito Processual Penal na verdade serve como instrumento para dar eficácia ao Direito Penal, pois não teria nenhuma aplicabilidade o ordenamento jurídico se não fosse disponibilizado o processo para aqueles que viram seu direito violado.
Vale lembrar que a autotutela, de regra, é vedada, pois o uso da força bruta para defender o seu direito somente é admitida quando restar caracterizado o estado de necessidade ou a legítima defesa
Princípios constitucionais
Devido processo legal – “due process of law”: trata-se de uma garantia constitucional prevista no art. 5º, LIV, CF em que se traduz na necessidade de se observar as regras legais e constitucionais para flexibilização do direito.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
Verdade real: por este princípio, todos os sujeitos processuais (autor, réu e juiz) tentam reproduzir os fatos de forma como ele aconteceu e o processo é o instrumento de apreciação da referida verdade, ao menos teoricamente.
Da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: este princípio vem previsto no art. 5º, LVI, CF, pois tudo o que foi obtido de forma ilícita (se opera no plano material) ou ilegítima (se opera no plano processual) não pode servir de base para formação do convencimento do magistrado, pelo contrário, essa prova deve ser desentranhada do processo, conforme dispõe o art. 157 do CPP (ver prova ilícita por derivação (art. 157, §1º, CPP): teoria dos frutos da árvore envenenada – fruits of poisoned tree e teoria da razoabilidade).
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 2o  Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 3o  Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.  (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Obs.: sobre este tópico, a doutrina trava grande discussão, pois alguns autores ensinam que a prova, ainda que seja ilícita, deveria ser admitida notadamente por refletir a verdade. Entretanto, futuramente, com mais vagar, adentraremos nas discussões doutrinárias e jurisprudenciais neste campo.
Do contraditório e da ampla defesa: ambos estão previstos no art. 5º, LV, CF. O princípio do contraditório assegura a ampla defesa ao acusado com igualdade para as partes no processo, advindo, daí, o princípio da isonomia processual e da liberdade processual, podendo o acusado escolher seu defensor, e, na impossibilidade ou falta de condições para custear a defesa, é assegurada a nomeação de advogado pelo juiz.
O princípio ou garantia da ampla defesa possui duas faces, segundo Ada Pellegrini Grinover: a necessidade técnica e a possibilidade de autodefesa. A primeira é a garantia de paridade de armas indispensável à concreta atuação do contraditório e, consequentemente, à própria imparcialidade do juiz. A autodefesa é renunciável pelo acusado, muito embora não se deixe salientar seu aspecto de garantia constitucional.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Presunção de inocência: há quem entenda que este princípio, na verdade, se traduz em uma presunção de não-culpabilidade, pois a norma constitucional prevista no art. 5º, LVII, CF prevê que alguém só pode ser considerado culpado após o trânsito em julgado de sentença penal obrigatória.
Assim, o réu é presumidamente inocente, que após um devido processo legal poderá levar o julgador a ter certeza de sua culpabilidade.
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Juiz natural: este princípio vem previsto no art. 5º, LIII, CF e se traduz na necessidade de que o julgamento seja conduzido por um juiz previamente estabelecido e competente para julgar determinada causa. Este princípio veda qualquer casuísmo e veda o chamado tribunal de exceção.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Fundamentação das decisões judiciais: trata-se de uma garantia constitucional prevista no art. 93, IX, CF devendo o juiz externar as razões de decidir no julgamento sob pena de nulidade.
O princípio da identidade física do juiz se justifica em razão dessa garantia constitucional, pois a exigência normativa prevista no §2º do art. 399 do CPP prevê que o juiz que presidiu a instrução será aquele que proferirá a sentença.
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
        § 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        § 2o  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
A única exceção a essa regra constitucional são as decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, que por força do sigilo das votações (art. 5º, XXXVIII, b, CF) afasta a exigência de fundamentação.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Evolução do processo penal
Sistema inquisitorial: esse sistema surgiu na Idade Média, onde o poder de acusar, de defender e de julgar se concentrava nas mãos de uma única pessoa. Não havia contraditório, ampla defesa e não se exigia sequer fundamentação das decisões judiciais. Também se caracteriza por ser escrito e secreto, havendo impulso oficial e liberdade processual, e dando-se grande valor à confissão, inclusive com admissão de tortura em épocas passadas. 
Sistema acusatório: esse sistema advém na origem da Grécia e da Roma antigas. Nesse sistema há nítida separação das funções de acusar, de defender e de julgar (existência do actum trium personarum). Nesse sistema está consagrado o contraditório, a ampla defesa, a fundamentação das decisões e a imparcialidade do julgador, havendo boa parte da doutrina que entende ser este o sistema consagrado na nossa CF. Suas principais características são a oralidade e a publicidade.
Sistema misto: nasce no século XVII e tem seu apogeu no século XIX adentrando pelo século XX, tratando-se de uma forma híbrida que combinava a eficiência e o interesse da busca da verdade, que era inerente ao modelo inquisitivo, com a igualdade de armas em um processo adversarial (ou acusatório). Esse sistema consagra algumas questões do sistema inquisitorial e outras consagradas no sistema acusatório, existindo um projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional de alterar o CPP para adotar esse modelo consagrado no Direito italiano.
Aplicação da lei processual penal no tempo
O art. 2º do CPP regula aplicação da lei processual no tempo cuja previsão determina a sua aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. 
Assim, não se cogita aqui a retroatividade da lei mais benéfica ou irretroatividade da lei mais gravosa como no Direito Penal. Deste modo, entrando em vigor a lei processual, após promulgação, publicação e eventual vacatio legis, terá efeito imediato. Portanto, continuam válidos os atos processuais praticado sob a égide da lei anterior revogada, que manterão sua eficácia, até de efeitos ulteriores que possam provocar no processo. A lei processual nova passará a regular os atos processuais desde o momento de sua incidência e dali pra frente para os atos futuros, valendo para os atos processuais que não tiverem sido realizados antes de sua vigência. É o princípio tempus regit actum.
Porém, nunca é demais lembrar que algumas normas ainda que processuais trazem reflexos no âmbito do direito material, são as chamadas normas mistas, pois possuem conteúdos tanto de direito processual quanto de direito material, devendo dessa forma ser verificado as regras mais benéficas para o acusado.
Art. 2o  A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Aplicação da lei processual penal no espaço
O art. 1º do CPP regula a aplicação da lei penal no espaço, determinando que ela terá aplicação em todo o território brasileiro, com as ressalvas nos incisos do citado dispositivo legal.
LIVRO I
DO PROCESSO EM GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
        Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
        I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
        II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100);
        III - os processos da competência da Justiça Militar;
        IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
        V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130
        Parágrafo único.  Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
Investigação criminal
Constituição Federal – art. 144, CF: §1º, IV – dá exclusividade da polícia judiciária, que é exercida pela Polícia Federal, para a apuração das infrações penais.
CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se a:
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º - A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 
      § 3º - A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantesdos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Inquérito policial
 Conceito. Natureza Jurídica. Trata-se de um procedimento administrativo presidido pela autoridade policial que tem por finalidade apurar a existência de um crime e indícios de autoria. Nunca é demais lembrar que o I.P é um procedimento preparatório, informativo que não se assemelha a um processo, até porque nele não existe contraditório. Tem natureza jurídica de procedimento administrativo.
 Características: 
1.2.1) Escrito: prevalece no I.P a forma documental, pois até mesmo os atos produzidos oralmente serão reduzidos a termo conforme dispõe o art. 9º do CPP.
Art. 9o – Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
1.2.2) Sigiloso: o art. 20 do CPP prevê o sigilo na condução das investigações, até porque este sigilo depende de eficiência da investigação.
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Entretanto, o art. 7º, XIV da Lei nº. 8.906/94 concede como prerrogativa aos advogados o livre acesso aos autos do I.P, o que traduz uma aparente contradição entre esses dispositivos. Em verdade, a Súmula Vinculante nº 14 do STF deu ao advogado a mesma prerrogativa prevista no EOAB (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil – Lei nº 8.906/94) esclareceu que o acesso do advogado somente se dará depois de documentada a investigação, incluindo-se nesta hipótese, inclusive, a interceptação telefônica.
1.2.3) Dispensável: o I.P não é uma peça imprescindível para o oferecimento da ação penal, até porque os arts. 12 e 39, §5º, ambos do CPP, revelam que este procedimento investigatório poderá ser dispensado. É bem verdade que a ausência do I.P não desonera que a ação penal venha acompanhada com outros elementos que comprovem a existência do crime e indícios suficientes de autoria. Dito isto, constata-se que nada impede que a ação penal inicie sem prévia realização do I.P, desde que os indícios de autoria e materialidade (justa causa) estejam presentes nas outras peças de informação.
Art. 12.  O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
        § 1o  A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
        § 2o  A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
        § 3o  Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
        § 4o  A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
        § 5o  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
1.2.4) Discricionário: esta característica está traduzida no art. 14, CPP pois a lei processual penal autoriza o delegado a conduzir as investigações da forma que melhor lhe aprouver, adequado ao próprio delito investigado.
Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
1.2.5) Inquisitorial: característica marcante na investigação, pois a fase pré-processual não se verifica o contraditório e a ampla defesa seja porque não há acusado na investigação e muito menos processo, não se aplicando nessa hipótese o art. 5º, LV, CF.
1.2.6) Indisponibilidade: uma vez instaurado o I.P o procedimento investigatório não pode mais ser arquivado pela autoridade policial, notadamente porque todo inquérito iniciado deve ser concluído e remetido à autoridade competente (arts. 17 e 18, CPP). 
Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
 Formas de instauração do Inquérito Policial
1.3.1) Ação penal pública:
Art. 5º, I, CP (de ofício): por portaria da autoridade policial. Dá-se a instauração em vista da notitia criminis (notícia do crime), que pode ser de conhecimento direto ou através de petição ou delatio criminis por parte da vítima do fato em tese delituoso, determinará a instauração do inquérito através de portaria, que se trata de peça singela com resumo da notitia criminis, circunstâncias do fato e classificação penal do mesmo, elencando desde já as primeiras diligências a serem realizadas.
Notitia Criminis 
Conceito: é o conhecimento pela Autoridade Policial, espontâneo ou provocado, de um fato aparentemente criminoso.
Espécies:
 
1. Notitia criminis de cognição imediata (direta): ocorre quando a Autoridade Policial em seu gabinete toma conhecimento de fato aparentemente criminoso por meio de suas atividades rotineiras, através de revistas, jornais, televisão, BO, rádio, pela vítima que comparece na Delegacia e deseja assinar o termo de representação ou por meio da delatio criminis (que é a comunicação verbal ou por escrito feita por qualquer do povo em crimes de ação penal pública incondicionada). Neste caso o IP se inicia por PORTARIA.
2. Notitia criminis de cognição mediata (indireta): ocorre quando a Autoridade Policial sabe do fato por meio de requerimento da vítima ou de quem possa representá-la (acompanhada de eventual representação, se o crime for de Ação Penal Pública Condicionada a representação do ofendido ou seu representante legal), requisição da Autoridade Judiciária ou do órgão do MP. Nesta hipótese o IP se inicia com requisição do juiz; requisição do MP ou requerimento do ofendido ou de seu representante legal. 
Diferença entre requerimento e requisição: o requerimento da vítima pode ser indeferido quando o fato punível encontra algum obstáculo jurídico (fato atípico, prescrição, fato irreal, fato impunível etc.). Já a requisição do juiz ou do Ministério Público não pode ser indeferida pela autoridade policial. Quando houver algum obstáculo jurídico (requisição desarrazoada, infundada etc.) cabe à autoridade policial pedir mais informações ao requisitante. 
3. Notitia criminis coercitiva: ocorre no caso de prisão em flagrante, onde a notícia do crime se dá com a apresentação do autor. Nesse caso o IP se inicia com o AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO.
Em todos os casos citados, exceto na cognição mediata por requerimento da parte, a Autoridade Policial é obrigada a instaurar o IP, sob pena de crime de prevaricação (corrente majoritária), crime de desobediência às requisições do MP ou da Autoridade Judicial (corrente minoritária) e por fim, responsabilização administrativa. Isso se justifica por causa dos princípios da legalidade e oficiosidade do IP. 
No que concerne a qualquer espécie de infração penal, o inquérito poderá ser instaurado mediante o auto de prisão em flagrante (CPP, art. 8º). Exceções a esta regra: art. 69 da Lei 9.099/95 (juizados criminais - nas infrações de menor potencial ofensivo não se imporá prisão em flagrante [leia-se: não se lavrará o auto de prisão em flagrante], salvo se o capturado não quiser assumir o compromisso de ir a juízo), a nova lei de entorpecentes, para usuários e dependentes (Lei 11.343/06). 
Delatio criminis(art. 5º, §3º DO CPP) 
Conceito: é a notícia do crime levada à Autoridade Policial por qualquer um do povo desde que a infração penal seja de ação penal pública incondicionada. 
Em regra a delatio criminis é facultativa, sendo obrigatória quando a pessoa que tomar conhecimento da infração penal exercer uma função ou cargo público. Ex.: art. 66, I e II, LCP; art.45 da Lei 6.538/78; art. 4º da Lei 6.368/76 (diretor de escola que presencia tráfico nas suas dependências); art. 269 do CP (médico que é obrigado a delatar doença contagiosa); Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03, arts. 3º; 4º, § 1º; 5º; 6º e 19. 
Quando a delatio criminis é levada ao conhecimento da Autoridade Policial, o IP será iniciado por PORTARIA. 
A denúncia anônima pode ser considerada como delatio criminis? 
A denúncia anônima deve ser recebida com reservas, pois pode acontecer que uma pessoa inescrupulosa delate outra por sentimento de ódio, raiva ou inveja, devendo a Autoridade Policial em caso de duvida da informação, realizar algumas diligências prévias. 
No mundo atual, inclusive com aparelhos bina, essa forma de delatio criminis tem surtido muito efeito na esfera policial que usa o sistema do “DISQUE ‘DENÚNCIA’”, principalmente no caso de tráfico de entorpecentes, onde o medo impera. 
De qualquer forma, sendo inverídica a notícia ou delação apresentada, o nosso CP pune a falsa comunicação de crime ou contravenção, no seu art. 340, devendo a Autoridade Policial, através do bina identificar o falsário; do contrário, deve preservar a fonte, se não houver outra forma de apurar o crime.
Art. 5º, II, CP (requisição do MP ou requerimento da parte ou de seu representante legal): requisição é diferente de requerimento. Requerimento é um pedido (que pode ser acolhido ou indeferido), requisição é uma determinação (o delegado não faz juízo de valor). Se o requerimento for indeferido, cabe recurso administrativo ao Chefe de Polícia conforme dispõe o art. 5º, §2º, CPP.
Art. 5o – Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
        I - de ofício;
        II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
        § 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
        a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
        b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
        c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
        § 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
        § 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
        § 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
        § 5o  Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Segundo o art. 5º, § 1º, do CPP, o requerimento conterá, sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as suas circunstâncias; b) a individualização do investigado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos da impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
O art. 5º, § 2º, do Código de Processo Penal dispõe que tal requerimento pode ser indeferido pela autoridade e que, do despacho de indeferimento, cabe recurso para o chefe de polícia (para alguns, o delegado-geral e, para outros, o secretário de segurança pública). Havendo deferimento, estará instaurado o inquérito, sem a necessidade de a autoridade baixar portaria.
O requerimento para instauração de inquérito policial pode ser feito em crimes de ação pública ou privada. No último caso, o requerimento não interrompe o curso do prazo decadencial, de modo que a vítima deve ficar atenta a este aspecto.
Estabelece expressamente o art. 5º, § 4º, do CPP, que, nos crimes em que a ação pública depender de representação, o inquérito não poderá sem ela ser iniciado, ou seja, é necessária a prévia existência da representação para a instauração do inquérito.
De acordo com o art. 5º, § 5º, do CPP, nos crimes de ação penal privada o inquérito só poderá ser instaurado se existir requerimento de quem tenha a titularidade da ação (ofendido ou seu representante legal, ou, em caso de morte, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). A hipótese abrange tanto os casos em que o ofendido apresenta petição à autoridade requerendo formalmente a instauração do inquérito como aqueles em que a vítima comparece ao distrito policial para noticiar o fato (elaborar boletim de ocorrência) e solicitar providências, hipótese em que a autoridade baixa portaria para apurar o crime de ação privada.
O texto legal não exige que esse requerimento seja feito por meio de advogado — ao contrário do que ocorre com o oferecimento de queixa-crime que exige procuração com poderes especiais, nos termos do art. 44 do CPP. É evidente, contudo, que o requerimento também pode ser feito por meio de advogado contratado ou defensor público. Lembre-se, ademais, que se tiver sido nomeado defensor público (para o ofendido que se declarou pobre, nos termos do art. 32 do CPP), o requerimento de instauração de inquérito por parte do defensor pressupõe a juntada de procuração, nos termos do art. 16, parágrafo único, b, da Lei n. 1.060/50.
Auto de Prisão em Flagrante (APF): é uma modalidade de prisão provisória, também chamada de prisão cautelar.
Art. 301, CPC: “Qualquer do povo poderá...” – flagrante facultativo (exercício regular do direito)/”... e os autoridades policiais e seus agente deverão...” – flagrante obrigatório ou compulsório (estrito cumprimento do dever legal).
Art. 302, I, CPP: flagrante próprio. Funda-se na imediatidade visual da prática da infração. O agente está na cena do crime, ou cometendo o delito, e neste caso, na maior parte das vezes, resultará em tentativa, pois a prisão evitará a consumação (porém, em se tratando de crime permanente, já se deu a consumação), ou acabando de cometê-lo.
Art. 302, II, CPP: idem.
Art. 302, III, CPP: “é perseguido” – flagrante impróprio ou quase-flagrante. É preciso que a perseguição se dê de imediato, assim que o fato tenha acabado de ser praticado, devendo, ainda, ser contínua, mesmo que alternando os perseguidores.
Art. 302, IV, CPP: “é encontrado” – flagrante presumido. Não há imediatidade visual do agente, pois este é encontrado, logo depois do fato, em circunstâncias que levam a presunção de que seria o autor do fato.
Art. 303, CPP: infração penal permanente – flagrante próprio.
Flagrante preparado e flagrante esperado: para haver flagrante provocado, a atuação da autoridade deve ser tal que acabe transformando o ato delituoso em uma verdadeira peça teatral, sendo manipulada a vontade do agente, que passa a ser mero ator do fato criado, de molde que, sem a intervenção policial não se daria a prática delituosa. Aplica-se, assim, o art. 17 do CP (crime impossível) segundo a Súmula 145 do STF.
No caso de haver a intervenção prévia do policial, mas se a consumação era possível, ou correria de qualquer modo, tratar-se-á de mero flagrante esperado, e não provocado, não sendo caso, assim, de aplicação da Súmula 145 do STF.
Art. 304, CPP: instaura-se o inquérito policial.
Art. 306, CPP: nota de culpa (§2º) – não vincula o promotor.
Flagrante diferido ou postergado:
Ação penal pública condicionada: estabelece expressamente o art. 5º, § 4º, do CPP, que, nos crimes em que a ação pública depender de representação, o inquérito nãopoderá sem ela ser iniciado, ou seja, é necessária a prévia existência da representação para a instauração do inquérito (art. 39, CPP).
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
        Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
        Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
        I - está cometendo a infração penal;
        II - acaba de cometê-la;
        III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
        IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
        Art. 303.  Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
        Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
        § 1o  Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
        § 2o  A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
        § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
        Art. 305.  Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.
        Art. 306.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
        § 1o  Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.  (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
        § 2o  No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
1.3.2) Ação penal privada: De acordo com o art. 5º, § 5º, do CPP, nos crimes de ação penal privada o inquérito só poderá ser instaurado se existir requerimento de quem tenha a titularidade da ação (ofendido ou seu representante legal, ou, em caso de morte, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). A hipótese abrange tanto os casos em que o ofendido apresenta petição à autoridade requerendo formalmente a instauração do inquérito como aqueles em que a vítima comparece ao distrito policial para noticiar o fato (elaborar boletim de ocorrência) e solicitar providências, hipótese em que a autoridade baixa portaria para apurar o crime de ação privada.
O texto legal não exige que esse requerimento seja feito por meio de advogado — ao contrário do que ocorre com o oferecimento de queixa-crime que exige procuração com poderes especiais, nos termos do art. 44 do CPP. É evidente, contudo, que o requerimento também pode ser feito por meio de advogado contratado ou defensor público. Lembre-se, ademais, que se tiver sido nomeado defensor público (para o ofendido que se declarou pobre, nos termos do art. 32 do CPP), o requerimento de instauração de inquérito por parte do defensor pressupõe a juntada de procuração, nos termos do art. 16, parágrafo único, b, da Lei n. 1.060/50.
 “Procedimento” da investigação (art. 6º, CPP): o art. 6º do CPP descreve uma série de atividades que a autoridade policial deve realizar no curso da investigação. Entretanto, não existe uma ordem a ser seguida pelo delegado de polícia, que por força do art. 14 do CPP tem toda discricionariedade na condução do inquérito policial.
Entretanto, o fato de não existir um procedimento próprio previsto em lei não autoriza ao delegado ficar eternamente na investigação, inoperante, até porque o art. 10 do CPP prevê um prazo para encerramento do I.P, que é de 10 dias para o indiciado preso e de 30 dias para o solto. Nunca é PE demais lembrar que a legislação extravagante prevê outros prazos para o término do I.P, como por exemplo: art. 51 da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06).
Os prazos para a conclusão do inquérito policial encontram algumas exceções importantes em legislações especiais: 
a) O art. 51, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei Antitóxicos) estipula que, para os crimes de tráfico, o prazo será de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, se estiver solto. Tais prazos, ademais, poderão ser duplicados pelo juiz mediante pedido justificado da autoridade policial, ouvido o Ministério Público (art. 51, parágrafo único).
b) Nos crimes de competência da Justiça Federal, o prazo é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 (art. 66 da Lei n. 5.010/66). Veja-se, todavia, que o tráfico internacional de entorpecentes, apesar de competir à Justiça Federal, segue o prazo mencionado no tópico anterior, uma vez que a Lei de Tóxicos é especial e posterior.
Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
        I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
        II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
        III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
        IV - ouvir o ofendido;
        V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
        VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
        VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
        VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
        IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Inciso I: o dispositivo trata da chamada preservação do local do crime, cuja finalidade é evitar que alterações feitas pelos autores do crime ou por populares possam prejudicar a realização da perícia.
Inciso II: o art. 11 do CPP estabelece que tais objetos deverão acompanhar o inquérito, salvo se não mais interessarem à prova, hipótese em que serão restituídos ao proprietário. Veja-se que a própria lei determina a realização de perícia nos objetos apreendidas paraser contestada sua natureza e sua eficácia (art. 175, CPP).
Inciso III: trata-se de permissão genérica dada pela lei à autoridade, no sentido de admitir que esta produza qualquer prova pertinente não elencada nos demais incisos. Ex.: ouvir testemunhas, realizar a avaliação de objetos etc. é evidente, todavia, que a lei não permite a produção de provas ilícitas ou obtidas com abuso de poder.
Inciso IV: cuida-se de providência extremamente importante, pois, na maioria dos casos, é a vítima quem pode prestar os esclarecimentos mais importantes em relação à autoria do ilícito penal. 
Inciso V: o dispositivo se refere ao interrogatório do indiciado (pessoa a que se atribuiu a autoria do delito na fase do inquérito policial.
Inciso VI: ao término das providências mencionadas pelo inciso, a autoridade deverá lavrar o respectivo termo.
Inciso VII: o exame de corpo de delito, nos termos do art. 158, CPP, é indispensável para a prova da materialidade dos delitos que deixam vestígios. A sua ausência é causa de nulidade da ação (art. 564, III, b, CPP).
Inciso VIII: veja-se, entretanto, que o art. 5º, LVIII, da CF estabelece que a pessoa civilmente identificada não será submetida a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Esse dispositivo proíbe, portanto, a identificação datiloscópica sempre que o indiciado apresentar documentação válida que o identifique. A própria Constituição, contudo, permite que, em hipóteses expressamente previstas em lei especial, seja utilizada tal forma de investigação.
Inciso IX: esse dispositivo é de suma importância para que o juiz tenha dados para fixar a pena-base do réu (em caso de condenação), uma vez que o art. 59 do CP dispõe que a referida pena-base deve ser fixada de acordo com a conduta social, a personalidade, os antecedentes do agente, as circunstâncias do crime etc.
Na prática, entretanto, em razão da exiguidade de tempo para apuração das inúmeras ocorrências, as autoridades policiais limitam-se a fazer um questionário ao próprio indiciado acerca dos tópicos mencionados no inciso, de tal sorte que o valor das respostas dadas é praticamente nenhum.
Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
        § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
        § 2o  No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
        § 3o  Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
 O inquérito policial e a Lei nº 9.099/95: ler art. 61 da Lei nº 9.099/95. Trata-se do termo circunstanciado (art. 69 da Lei).
O inquérito policial é instaurado para apurar infrações penais que tenham pena superior a 2 anos, já que, no caso das infrações de menor potencial ofensivo, determina o art. 69 da Lei n. 9.099/95 a mera lavratura de termo circunstanciado. As infrações de menor potencial ofensivo são os crimes com pena máxima não superior a 2 anos e as contravenções penais (art. 61 da Lei n. 9.099/95). De ver-se, todavia, que, se a infração de menor potencial ofensivo cometida revestir-se de alguma complexidade, inviabilizando sua apuração mediante termo circunstanciado, será, excepcionalmente, instaurado inquérito policial que, posteriormente, será encaminhado ao Juizado Especial Criminal. Além disso, nos termos do art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), todas as infrações que envolvam violência doméstica ou familiar contra a mulher se apuram mediante inquérito policial, ainda que a pena máxima não seja superior a 2 anos.
 Arquivamento e desarquivamento do inquérito policial: é o juiz quem ordena o arquivamento, através de uma decisão.
A autoridade policial não pode arquivar e nem requerer o arquivamento do Inquérito Policial (art. 17, CPP).
Somente o Ministério Público é quem tem legitimidade para pedir o seu arquivamento, mas somente o juiz é quem manda arquivar.
Tecnicamente este ato do juiz é uma decisão, e conforme o fundamento para o arquivamento transita em julgado, fazendo coisa julgada. Ex.: Fato Atípico faz coisa julgada material.
Se o juiz discordar do Ministério Público, ele enviará os autos ao Procurador Geral da Justiça que no caso oferecerá a denúncia, designa um promotor para fazê-lo ou insiste no arquivamento, o qual vincula o juiz a fazê-lo.
Por fim, de acordo com o art. 18 do Código de Processo Penal, mesmo após ter sido determinado o arquivamento do inquérito por falta de base para a denúncia, a autoridade policial pode realizar novas diligências a fim de obter provas novas, se da existência delas tiver notícia. Caso efetivamente sejam obtidas provas novas relevantes, a ação penal poderá ser proposta com fundamento nelas, desarquivando-se o inquérito policial. Nesse sentido, a Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Federal: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”.
Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Diretamente pelo Ministério Público: Há controvérsia sobre a possibilidade de realização de investigação criminal diretamente pelo Ministério Público.
Os opositores da tese argumentam que o disposto no art. 144, § 1º, IV, e § 4º, da Constituição Federal teria deferido às polícias federal e civil a exclusividade da titularidade da tarefa investigatória. 
A correta análise do conteúdo do dispositivo em questão e, sobretudo, seu cotejo com outras regras constitucionais, no entanto, revelam o equívoco dessa interpretação.
Ressalte-se que o legislador constituinte fez clara distinção entre as atividades de apuração de infrações penais (art. 144, § 1º, I, da CF) e as de exercício de funções de polícia judiciária (art. 144, § 1º, IV, da CF), atribuindo exclusividade à polícia federal somente no que se refere ao segundo caso. A suposta exclusividade para realização de investigação criminal advinda do dispositivo, por outro lado, jamais poderia se estender às polícias civis, já que, em relação a elas, não há menção, no texto constitucional, ao termo exclusividade (art. 144, § 4º, da CF).
A interpretação sistemática das regras constitucionais, por sua vez, revelam que, ao conferir exclusividade à Polícia Federal para o exercício das funções de polícia judiciária da União, pretendia o constituinte, tão somente, interditar a outras polícias a realização de investigações penais mencionadas no art. 109, incisos IV, V, VI, IX e X, da Constituição Federal.
Averbe-se que a faculdade de realizar investigações criminais decorre, logicamente, da titularidade exclusiva da ação penal pública conferida ao Ministério Público (art. 129, I, da CF).
Essa conclusão, além de afinada com o senso comum, decorre da aceitação da doutrina dos poderes implícitos (inherent powers), que se reveste de inegável solidez e tem trânsito no direito comparado: não se pode admitir que o ordenamento constitucional tenha privado o titular da ação penal dos instrumentos necessários para obtenção das informações de que necessita para desincumbir-se da alta missão que lhe foi confiada.
No plano infraconstitucional, além da autorização genérica para que outras autoridades procedam a investigações, estampada no art. 4º, parágrafo único, do CPP, há diversos dispositivos legais que preveem, expressamente, a possibilidade de o Ministério Público conduzir, diretamente, procedimentosinvestigatórios: art. 26 da Lei n. 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); art. 29 da Lei n. 7.492/86 (crimes contra o Sistema Financeiro Nacional); art. 356, § 2º, do Código Eleitoral; art. 201, VI e VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Conselho Nacional do Ministério Público, por sua vez, editou a Resolução 13/2006, que disciplina a instauração e a tramitação de procedimento investigatório criminal presidido por membro do Ministério Público.
Juizado de instrução: presente em Estados em que vigora o sistema processual misto.
Ação penal
É o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal. Durante o transcorrer da ação penal será assegurado ao acusado pleno direito de defesa, além de outras garantias, como a estrita observância do procedimento previsto em lei, de só ser julgado pelo juiz competente, de ter assegurado o contraditório e o duplo grau de jurisdição etc.
Classificação
O Estado, detentor do direito e do poder de punir (jus puniendi), confere a iniciativa do desencadeamento da ação penal a um órgão público (Ministério Público) ou à própria vítima, dependendo da modalidade de crime praticado. Portanto, para cada delito previsto em lei existe a prévia definição da espécie de ação penal — de iniciativa pública ou privada. Por isso, as próprias infrações penais são divididas entre aquelas de ação pública e as de ação privada.
Ação penal pública é aquela em que a iniciativa de seu desencadeamento é exclusiva do Ministério Público (órgão público), nos termos do art. 129, I, da Constituição Federal. Em razão disso, havendo indícios de autoria e materialidade colhidos durante as investigações, mostra-se obrigatório o oferecimento da denúncia (peça inicial neste tipo de ação).
A ação pública apresenta as seguintes modalidades:
a) Incondicionada — o exercício da ação independe de qualquer condição especial.
É a regra no processo penal, uma vez que, no silêncio da lei, a ação será pública incondicionada.
b) Condicionada — a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma condição especial (representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça).
A titularidade é ainda do Ministério Público que, todavia, só pode oferecer a denúncia se estiver presente no caso concreto a representação da vítima ou a requisição do Ministro da Justiça, que constituem, assim, condições de procedibilidade.
Nesse tipo de ação penal a lei, junto ao próprio tipo penal, necessariamente deve mencionar que “só se procede mediante representação ou requisição do Ministro da Justiça”.
Ação penal privada é aquela em que a iniciativa da propositura da ação é conferida à vítima. A peça inicial se chama queixa-crime. Subdivide-se em:
a) Exclusiva — a iniciativa da ação penal é da vítima, mas, se esta for menor ou incapaz, a lei permite que a ação seja proposta pelo representante legal. Em caso de morte da vítima, a ação poderá ser proposta por seus sucessores (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão) e, se a ação já estiver em andamento por ocasião do falecimento, poderão eles prosseguir na ação.
Nesse tipo de delito, a lei expressamente menciona que somente se procede mediante queixa.
b) Personalíssima — a ação só pode ser proposta pela vítima. Se ela for menor, deve-se aguardar que complete 18 anos. Se for doente mental, deve-se aguardar eventual restabelecimento.
Em caso de morte, a ação não pode ser proposta pelos sucessores. Se já tiver sido proposta na data do falecimento, a ação se extingue pela impossibilidade de sucessão no polo ativo.
Nesse tipo de infração a lei esclarece que somente se procede mediante queixa do ofendido.
c) subsidiária da pública — é a ação proposta pela vítima em crime de ação pública, possibilidade que só existe quando o Ministério Público, dentro do prazo que a lei lhe confere, não apresenta qualquer manifestação.
Todas as modalidades de ação penal serão detalhadamente analisadas adiante.
Observação: Não existe em nosso ordenamento jurídico nenhuma hipótese de ação penal popular em que a lei confira a todo e qualquer cidadão o direito de dar início a uma ação para apurar ilícito penal, ainda que contra representantes políticos. Eventual aprovação de lei nesse sentido seria taxada de inconstitucional por ofensa ao art. 129, I, da Constituição, de modo que apenas por Emenda Constitucional seria possível tal providência.
Condições da ação: legitimidade das partes, interesse processual de agir, possibilidade jurídica do pedido. No processo penal há uma condição especialíssima ou “sui generis”, que é a justa causa. Se faltar uma dessas condições, o juiz não irá receber a ação penal, conforme o art. 395, II do CPP.
Legitimidade das partes: pode ser ordinária (alguém em nome próprio defende direito próprio) ou extraordinária (alguém em nome próprio defende direito alheio).
Se a ação for pública, deve ser proposta pelo Ministério Público, e, se for privada, pelo ofendido ou por seu representante legal.
O acusado deve ser maior de 18 anos e ser pessoa física, pois, salvo nos crimes ambientais, pessoa jurídica não pode figurar no polo passivo de uma ação penal, pois, em regra, não comete crime.
Os inimputáveis por doença mental ou por dependência em substância entorpecente podem figurar no polo passivo da ação penal, pois, se provada a acusação, serão absolvidos, mas com aplicação de medida de segurança ou sujeição a tratamento médico para a dependência.
Interesse processual de agir: verificar o binômio necessidade-adequação. A sentença tem que ser útil, necessária e adequada.
Para que a ação penal seja admitida é necessária a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade a ensejar sua propositura. Além disso, é preciso que não esteja extinta a punibilidade pela prescrição ou qualquer outra causa.
Possibilidade jurídica do pedido: o pedido deve ser juridicamente possível, ou seja, o fato relatado tem que constituir uma fato criminoso.
No processo penal o pedido que se endereça ao juízo é o de condenação do acusado a uma pena ou medida de segurança. Para ser possível requerer a condenação é preciso que o fato descrito na denúncia ou queixa seja típico, ou seja, que se mostrem presentes todas as elementares exigidas na descrição abstrata da infração penal.
Observação: Além dessas condições gerais, algumas espécies de ação penal exigem condições específicas, como a ação pública condicionada, que pressupõe a existência de representação da vítima ou de requisição do Ministro da Justiça.
Justa causa: são os elementos probatórios mínimos que demonstram a existência do crime e os indícios suficientes de sua autoria.
Ação penal pública
Titularidade: o art. 129, I da constituição Federal (ver art. 5º, LIX, CF – flexibilização) concede ao Ministério Público a privatividade no oferecimento da ação penal pública, sendo certo que a própria carta federal, no art. 5º, LIX autoriza o ofendido a promover ação penal privada subsidiária da pública quando o “parquet” não observar o prazo que alude o art. 46 do CPP.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Veículo processual: o art. 24 do CPP descreve que o Ministério Público promove a ação penal oferecendo a denúncia, que deve observar fielmente as regras estabelecidas no art. 41 do CPP, sobpena da mesma ser considerada inepta e, consequentemente, não recebida pelo juiz na forma do art. 395, I, CPP.
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
        Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
        
 Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:  (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
        I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou  (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        Parágrafo único.  (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Espécies: o §1º do art. 100 do CP, assim como o art. 24 do CPP descrevem as espécies de ação penal pública, que podem ser: incondicionada ou condicionada, seja por representação do ofendido ou por requisição do Ministro da Justiça.
TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
        Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Ação penal pública incondicionada: Esta denominação decorre do fato de o exercício do direito de ação pelo Ministério Público não depender de qualquer condição especial. Basta que o crime investigado seja de ação pública e que existam indícios suficientes de autoria e materialidade para que o promotor esteja autorizado a oferecer a denúncia. É evidente que também devem estar presentes as chamadas condições gerais da ação: legitimidade de partes, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
Quando um tipo penal nada menciona a respeito da espécie de ação penal, o crime é considerado de ação pública incondicionada. Esta, aliás, é a regra no direito penal, pois a maioria esmagadora dos crimes se apura mediante ação pública incondicionada: homicídio, aborto, roubo, sequestro, extorsão, falsificação de documento, peculato, corrupção, desacato, falso testemunho, tráfico de drogas, tortura, dentre inúmeros outros.
Além disso, o art. 24, § 2º, do Código de Processo Penal, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 8.666/93, estabelece que, qualquer que seja o crime, a ação será pública quando cometido em detrimento de patrimônio ou interesse da União, Estado ou Município. Ex.: o crime de fraude a execução (art. 179 do CP) apura-se mediante ação privada, contudo, se a execução for movida por uma das entidades de direito público mencionadas, será apurada mediante ação pública incondicionada.
Ação pública condicionada à representação do ofendido: a representação é uma autorização dada ao titular da pretensão acusatória para agir. Em verdade a representação para ser válida deve conter os elementos descritos no art. 39 do CPP, podendo ser a mesma direcionada ao delegado, ao juiz ou ao MP.
A representação é uma manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal no sentido de solicitar providências do Estado para a apuração de determinado crime e, concomitantemente, autorizar o Ministério Público a ingressar com a ação penal contra os autores do delito. A titularidade da ação penal é exclusiva do Ministério Público, porém, o promotor só pode dar início a ela se presente esta autorização da vítima. A representação, portanto, tem natureza jurídica de condição de procedibilidade — condição para que o titular da ação possa dar causa à sua instauração.
Alguns autores se referem à representação como delatio criminis postulatória.
A autoridade policial só pode iniciar inquérito policial para apurar crime de ação pública condicionada se já presente a representação (art. 5º, § 4º, do CPP), salvo nas infrações de menor potencial ofensivo em que o termo circunstanciado pode ser lavrado sem a representação que só será colhida a posteriori na audiência preliminar.
Nos crimes dessa natureza, a lei expressamente menciona junto ao tipo penal que “somente se procede mediante representação”. Exs.: crime de ameaça (art. 147, parágrafo único, do CP); crime de furto de coisa comum (art. 156, § 1º, do CP); crime contra o patrimônio que não envolva violência ou grave ameaça cometido contra irmão ou em prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente coabita, desde que a vítima não tenha mais de 60 anos (art. 182, II e 183, III, do CP); etc.
Excepcionalmente nos crimes de lesão corporal dolosa leve e lesão culposa, a necessidade de representação encontra-se prevista em outra lei (e não junto ao tipo penal), conforme art. 88 da Lei n. 9.099/95. Igualmente, em relação ao crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, a necessidade de representação encontra-se no art. 291, § 1º, da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro). Essa modalidade de ação penal ganhou ainda mais importância após o advento da Lei n. 12.015/2009 que transformou o crime de estupro simples em delito que se apura mediante ação pública condicionada à representação.
Em verdade a representação não vincula o MP.
O art. 127, § 1º, da Constituição Federal confere aos membros do Ministério Público a independência funcional no sentido de tomarem suas decisões, no exercício das funções, de acordo com a própria convicção, sendo que tais decisões só poderão ser eventualmente revistas pelo chefe da Instituição (Procurador-Geral) naquelas hipóteses em que a lei o permitir. Assim, a existência de representação da vítima não vincula o órgão do Ministério Público, que, portanto, pode requerer o arquivamento do inquérito ou denunciar apenas um dos investigados por entender que não há provas contra os demais.
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do Ministério Público, aplicará a regra do art. 28, do CPP, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem incumbirá dar a palavra final. Se o Procurador-Geral insistir no arquivamento, o juiz deverá acatar tal decisão, não sendo ela passível de recurso e tampouco se mostrando cabível a propositura de queixa subsidiária por parte da vítima.
O autor da representação, por sua vez, não pode acionar diretamente a Procuradoria-Geral, a fim de que profira nova decisão sobre o caso, se o juiz, concordando com o pedido do promotor oficiante, determinar o arquivamento do inquérito. Somente o juiz de direito pode aplicar a regra do art. 28 do Código de Processo Penal. O que é possível é que a vítima, antes de o juiz apreciar o pedido de arquivamento do Ministério Público, apresente petição solicitandoa aplicação da regra do art. 28, porém, se o magistrado indeferir este pedido e determinar o arquivamento, nenhum recurso poderá ser interposto.
Em suma, a representação é uma simples autorização dada pela vítima para que o promotor, caso entenda que existam provas, ofereça denúncia em crime de ação pública condicionada. Assim, o promotor analisa o inquérito ou as peças de informação apresentadas e, se for o caso, apresenta denúncia contra as pessoas em relação às quais existam indícios de autoria.
A representação possui natureza jurídica de condição de procedibilidade, pois sem ela ação penal não seria sequer apreciada.
Representante legal: art. 34, CPP.
De acordo com o art. 34 do Código de Processo Penal, a representação pode ser apresentada pela vítima ou por seu representante legal.
A possibilidade de iniciativa do representante legal resume-se às hipóteses em que a vítima é menor de 18 anos ou incapaz em razão de doença ou retardamento mental. Se o prazo se exaure para o representante (que conhece a autoria do delito) enquanto a vítima ainda não completou os 18 anos, mostra-se presente a decadência, não podendo a vítima apresentar representação quando completar a maioridade.
De acordo com a legislação civil, representantes legais são os pais, tutores ou curadores. A jurisprudência, todavia, tem admitido que o direito de representação seja exercido por outras pessoas que tenham a guarda ou a responsabilidade de fato do menor.
Se a vítima menor de 18 anos não tiver representante legal, o juiz deverá nomear um curador especial para avaliar a conveniência do oferecimento da representação (interpretação extensiva do art. 33 do Código de Processo Penal). O curador especial deve ser pessoa da confiança do magistrado e não é obrigado a oferecer a representação, incumbindo-lhe, em verdade, avaliar se o ato trará benefícios ou prejuízos ao menor. O juiz igualmente nomeará curador especial, se houver colidência de interesses entre a vítima menor e seus representantes, por serem estes os autores da infração penal ou por outra razão relevante (art. 33). A competência para a nomeação desse curador especial é do Juízo da Infância e Juventude, nos termos do art. 148, parágrafo único, f, da Lei n. 8.069/90 (ECA), que, em relação aos menores, alterou a redação do art. 33 do CPP.
Se a vítima for doente mental e não possuir representante legal ou se houver colidência de interesses com o representante, o juiz também nomeará curador especial. Neste caso, entretanto, a nomeação deve ser feita pelo próprio juiz criminal.
Se a vítima é maior de idade e mentalmente capaz só ela pode oferecer representação. Se, porventura, a vítima menor de 18 anos sabia da autoria do delito, mas não comunicou ao representante legal, o prazo decadencial só começará a correr quando ela fizer 18 anos. Havendo duas ou mais vítimas, se apenas um delas representar, somente em relação a ela a denúncia poderá ser oferecida. Por isso, se alguém provoca lesão culposa em duas pessoas e apenas uma delas representa, a denúncia só poderá ser apresentada em relação àquela que representou, desprezando-se, nesse caso, o concurso formal de crimes. Em caso de morte da vítima maior de idade, o direito de representação poderá ser exercido pelo cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão.
Prazo para exercício da representação: decadencial de 6 meses (art. 38, CPP). A contagem se dá na forma do art. 10, CP. É decadencial porquê regula direito material
De acordo com o art. 38 do Código de Processo penal, o direito de representação deve ser exercido no prazo de 6 meses a contar do dia em que a vítima ou seu representante legal descobrem quem é o autor do delito. O prazo a que a lei se refere é para que a representação seja oferecida, podendo o Ministério Público oferecer denúncia mesmo após esse período.
O prazo para o oferecimento da representação é decadencial (art. 38 do CPP), mas só corre após a descoberta da autoria pela vítima ou seu representante. A prescrição, contudo, corre desde a data da prática do delito, razão pela qual é comum que a prescrição ocorra antes da decadência, bastando que a vítima não descubra a autoria da infração penal contra ela cometida.
Conforme já mencionado, a representação destina-se à apuração do fato criminoso, e, dessa forma, é óbvio que a vítima pode oferecer a representação antes mesmo de ser descoberta a autoria, justamente para que a autoridade policial possa instaurar o inquérito e desvendar quem foi o responsável pelo delito. Em tal caso, portanto, a representação foi oferecida antes mesmo de ter-se iniciado o curso do prazo decadencial.
Retratação (art. 25, CPP c/c art. 102, CP)
Prevê o art. 25 do Código de Processo Penal que a representação é retratável até o oferecimento da denúncia. A vítima, portanto, pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público.
Deve ser salientado, ainda, que, dentro do prazo decadencial, a representação pode ser novamente oferecida tornando a ser viável a apresentação de denúncia pelo Ministério Público. É o que se chama de retratação da retratação.
A Lei conhecida como Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) trata da apuração dos crimes que envolvem violência doméstica ou familiar contra a mulher e, especificamente no que se refere à representação nos crimes de ação pública condicionada, alguns pontos merecem destaque. Em primeiro lugar, o art. 41 da referida Lei afastou a incidência das regras da Lei n. 9.099/95 sobre os delitos que envolvam aquele tipo de violência contra as mulheres. Por isso, ainda que o crime cometido contra a mulher tenha pena máxima não superior a 2 anos, enquadrando-se no conceito de infração de menor potencial ofensivo, deverá ser apurado mediante inquérito policial, e não por mera lavratura de termo circunstanciado. Ex.: crime de ameaça contra a esposa.
Para a instauração de inquérito em crime de ação pública condicionada, o art. 5º, § 4º, do Código de Processo Penal exige a prévia existência da representação. Por isso, quando há inquérito instaurado para apurar crime que envolva violência doméstica ou familiar contra a mulher, correta a conclusão de que já existe a representação. É comum, contudo, que a mulher, posteriormente, se arrependa e compareça ao distrito policial ou ao cartório judicial para se retratar. Em tais casos a autoridade policial ou o escrevente devem elaborar certidão dando conta do comparecimento da vítima e de sua intenção de se retratar. O juiz, então, à vista dessa manifestação de vontade, caso ainda não tenha recebido a denúncia, deve observar o que dispõe o art. 16 da Lei Maria da Penha e designar audiência para a qual a vítima será notificada e na qual Ministério Público deve estar presente. A única finalidade desta audiência é questioná-la se ela realmente quer se retratar e se o faz de forma livre e espontânea. Deverá, ainda, ser alertada das consequências de seu ato caso insista na retratação. Se ela efetivamente confirmar sua intenção de se retratar, essa manifestação de vontade será reduzida a termo e a retratação será tida como renúncia à representação, de forma que, nessa hipótese, não será possível a retratação da retratação.
Observe-se que no art. 16 da Lei Maria da Penha, a lei permite a retratação até o recebimento da denúncia, em dissonância com o que ocorre com os crimes em geral, em que a retratação só se mostra possível até o seu oferecimento (art. 25 do CPP).
É de salientar que alguns juízos têm dado errada interpretação ao art. 16 da Lei Maria da Penha, designando a audiência em todo e qualquer caso de violência doméstica a fim de que as vítimas, que já ofereceram representação prévia para a instauração do inquérito, venham a juízo reiterar tal representação. Ora, se a vítima já ofereceu representação e não manifestou interesse em se retratar, não há razão para a realização da audiência, uma vez que a representação anterior continua tendo valor. Pior ainda é extinguir a punibilidade do agressor se a vítima não comparecerna audiência designada. Repita-se, a óbvia finalidade do art. 16 da Lei Maria da Penha é de certificarem-se o juiz e o promotor de que a vítima, que manifestou interesse em se retratar, não está sendo coagida a fazê-lo, bem como de alertá-la das consequências de seu ato (impossibilidade de nova representação pelo mesmo fato, risco de continuidade das agressões etc.).
Saliente-se que o Superior Tribunal de Justiça, após idas e vindas, havia pacificado entendimento (em suas duas Turmas criminais), no sentido de que o crime de lesão corporal leve qualificado pela violência doméstica (art. 129, § 9º, do CP), cuja pena é de detenção de 3 meses a 3 anos, continuava dependendo de representação para ser apurado.
Acontece que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 4.424, em 9 de fevereiro de 2012, deu interpretação conforme aos arts. 12, I, e 16 da Lei Maria da Penha, decidindo que no crime de lesão corporal dolosa de natureza leve e na lesão culposa, cometidos com violência doméstica ou familiar contra a mulher, a ação penal é pública incondicionada.
Ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: A requisição do Ministro da Justiça é também uma condição de procedibilidade.
Em determinados ilícitos penais, entendeu o legislador ser pertinente que o Ministro da Justiça avalie a conveniência política de ser iniciada a ação penal pelo Ministério Público. É o que ocorre quando um estrangeiro pratica crime contra brasileiro fora do território nacional (art. 7º, § 3º, b, do Código Penal) ou quando é cometido crime contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, do Código Penal). Nesses casos, somente se presente a requisição é que poderá ser oferecida a denúncia.
Nos crimes dessa natureza, a lei expressamente utiliza a expressão “somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”.
A existência da requisição, entretanto, não vincula o Ministério Público, que, apesar dela, pode requerer o arquivamento do feito, uma vez que a Constituição Federal, em seu art. 127, § 1º, assegura independência funcional e livre convencimento aos membros do Ministério Público, possuindo seus integrantes total autonomia na formação da opinio delicti.
A requisição não exige formalidades especiais e não está sujeita ao prazo decadencial de seis meses, uma vez que a lei não se refere à decadência em caso de requisição, mas tão somente de representação.
Princípios:
Obrigatoriedade/legalidade (“dominus litis”): De acordo com esse princípio, o promotor não pode transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação dos elementos de prova — pois a ele cabe formar a opinio delicti —, que há indícios suficientes de autoria e materialidade de crime que se apura mediante ação pública, estará obrigado a oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hipótese em que deverá requerer o reconhecimento da extinção da punibilidade e, por consequência, o arquivamento do feito.
Se houver prova cabal de que o sujeito agiu em legítima defesa ou acobertado por qualquer outra causa excludente da ilicitude, o fato não é considerado crime e o promotor deve também requerer o arquivamento do inquérito. 
Quem fiscaliza o princípio da obrigatoriedade é o juiz de direito, pois, conforme será estudado adiante, se o Ministério Público requerer o arquivamento e o juiz discordar, entendendo que existem elementos suficientes para a denúncia, deverá remeter os autos ao Procurador-Geral (órgão superior do Ministério Público), a quem caberá a palavra final.
Apenas nas infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes com pena máxima de até 2 anos), o Ministério Público pode deixar de promover a ação penal, ainda que haja provas cabais de delito de ação pública, se for cabível a transação penal, instituto reconhecido constitucionalmente (art. 98, I, da CF).
Obs.: este princípio é mitigado (flexibilizado) no procedimento sumaríssimo adotado para as infrações de menor potencial ofensivo, que segundo o art. 61 da Lei nº 9.099/95 são as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima seja menor ou igual a 2 anos. Assim, como no JECrim (Juizado Especial Criminal) é possível a ocorrência da transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95), constata-se a flexibilização do princípio da obrigatoriedade.
Indisponibilidade: vem previsto no arts. 42 e 576, ambos do CPP. Em verdade que este princípio é uma conseqüência lógica do princípio da obrigatoriedade, pois seria um contra senso exigir do titular da pretensão acusatória o oferecimento da denúncia se logo após dela o mesmo pudesse desistir.
Entretanto, este princípio não inibe a possibilidade do MP em requerer a absolvição, uma vez contendo elementos para tanto (art. 385, CPP).
Obs.: este princípio também é mitigado pela Lei nº 9.099/95 quando o legislador previu no art. 89 a figura do “sursis” processual, que é a suspensão condicional do processo proposta pelo MP nas hipóteses em que a lei permitir.
(In)divisibilidade: muito se discute na doutrina a aplicação deste princípio nas ações penais públicas, pois ao contrário da ação penal privada (art. 48, CPP), o legislador foi omisso quanto à ação penal pública, o que fez surgir duas corrente doutrinárias: a que defende a divisibilidade, e outra, a indivisibilidade.
É bem verdade que a doutrina que defende ser a ação penal pública indivisível o faz utilizando-se dos argumentos do princípio da obrigatoriedade, até porque o Ministério Público não pode escolher, no caso de concurso de pessoas, contra quem oferecerá a ação penal.
Entretanto, melhor posição está com a parte doutrinária que defende ser a ação penal pública divisível, pois nada obsta que o Ministério Público ofereça ação penal contra um dos autores do crime e devolva em relação ao coautor à delegacia para novas investigações imprescindíveis ao oferecimento da ação penal.
Intranscendência (art. 5º, XLV, CF): a pena não pode passar da pessoa do condenado.
Ação penal (de iniciativa) privada: Essa forma de ação penal é de iniciativa do ofendido ou, quando este for menor ou incapaz, de seu representante legal. O direito de punir continua sendo estatal, mas a iniciativa da ação penal é transferida para o ofendido ou seu representante legal, uma vez que os delitos dessa natureza atingem a intimidade da vítima que pode preferir não levar a questão a juízo. Ex.: pessoa que para se vingar de uma mulher casada a difama inventando que ela teve diversos casos amorosos com outros homens e espalha o fato pela cidade. A ofendida pode preferir não dar azo às maledicências e entender que é preferível não intentar a ação penal, pois isso poderia até piorar os comentários em relação aos boatos contra ela lançados.
Trata-se de legitimação extraordinária ou substituição processual, pois o ofendido, ao exercer a queixa, defende um interesse alheio (do Estado) em nome próprio.
O sujeito ativo (autor) da ação penal privada é chamado de querelante, ao passo que o acusado é denominado querelado.
Titularidade: é do ofendido ou de seu representante legal (art. 100, §2º, CP c/c art. 30, CPP).
Obs.: a titularidade para promover a ação penal privada pertence ao ofendido ou ao seu representante legal, sendo este último quaisquer das pessoas elencadas no art. 31 do CPP. Entretanto, se a ação penal privada for da espécie personalíssima somente o cônjuge ofendido é que poderá promover a ação penal, não sendo possível nesta espécie de ação o oferecimento de queixa pelas pessoas elencadas no art. 31 do CPP, o que equivale dizer que em caso de morte do ofendido será extinta a punibilidade.
Veículo processual: A peça processual que dá início à ação privada se chama queixa -crime e deve ser endereçada ao juiz competente, e não ao delegado de polícia. Quando a vítima de um crime de ação privada quer que a autoridade policial dê início a uma investigação, deve a ele endereçar um requerimento para a instauração de inquérito, e não

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