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CRIMES EM ESPÉCIE - II
Prof. Me. VITOR SOUZA 
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
CRIMES OBSTÁCULO E O ITER CRIMINIS: 
 ITER CRIMINIS é o caminho do crime. São etapas que se deve percorrer na 
prática delituosa, compreendendo a cogitação, a preparação, a execução, a 
consumação, e o exaurimento (divergência). 
 Saber enquadrar a conduta dentro desse contexto ganha relevância ao nos 
deparamos com aspectos de punibilidade ou até mesmo tipicidade que a lei 
estabelecer. 
COGNIÇÃO / 
COGITAÇÃO
PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO EXAURIMENTO
CP. Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, 
pelo menos, a ser tentado.
O Título VIII da Parte Especial do Código Penal cuida dos 
chamados crimes contra a paz pública. 
Incitação ao crime – Art. 286
Apologia de crime ou criminoso - Art. 287
Associação Criminosa - Art. 288.
Constituição de milícia privada - Art. 288-A
A paz pública NOS REMETE À NECESSÁRIA SENSAÇÃO DE 
TRANQUILIDADE, DE SEGURANÇA, DE PAZ, DE CONFIANÇA QUE 
A NOSSA SOCIEDADE DEVE TER EM RELAÇÃO À CONTINUIDADE 
NORMAL DA ORDEM JURÍDICO-SOCIAL. 
 São quatro as infrações penais previstas no Título IX do 
Código Penal, a saber:
Incitação ao crime – 
Art. 286 - Crimes obstáculo
- Crimes de APPI
- Crimes Dolosos
- Crimes de perigo abstrato
- Crimes Vagos (Sujeito Passivo - 
Indeterminado - Coletividade)
- Crimes Formais
Apologia de crime ou 
criminoso - Art. 287
Associação Criminosa - 
Art. 288.
Constituição de milícia 
privada - Art. 288-A
OBSERVAÇÃO – CARACTERÍSTICAS COMUNS
Associação Criminosa - Art. 288.
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é 
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 
1. INTRODUÇÃO
Constitui novidade mais recente na História, envolvendo 
inúmeros países do mundo, o surgimento de determinados tipos 
penais voltados a combater o crime em grupo, associação ou 
organizado. E ainda os mesmos bandos, quando se voltam a 
atividades terroristas.
A organização criminosa vem disciplinada na Lei 12.850/2013. A 
associação criminosa vem disciplinada no art. 288 do CP, com a 
redação que lhe foi conferida pela Lei nº 12.850, de 2013, que alterou 
também sua rubrica, abandonando a denominação QUADRILHA OU 
BANDO, já consagrada pela doutrina e que, por razões da nova 
definição legal, já não se fazia mais pertinente.
DISTINÇÃO BÁSICA ENTRE OS DOIS DELITOS
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (Lei 
12.850/2013)
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (Art. 288 do 
CP)
É uma autêntica EMPRESA DO 
CRIME, com HIERARQUIA entre seus 
membros, DIVISÃO CLARA DE 
TAREFAS, possuindo, NO MÍNIMO, 
QUATRO COMPONENTES, 
apresentando ESTABILIDADE E 
PERMANÊNCIA.
É um GRUPO, formando por, PELO 
MENOS, TRÊS PESSOAS, com o FIM 
DE COMETER CRIMES, devendo 
apresentar ESTABILIDADE E 
PERMANÊNCIA. 
4 (QUATRO) OU MAIS 3 (TRÊS) OU MAIS
3 A 8 ANOS DE RECLUSÃO 1 A 3 ANOS DE RECLUSÃO
2. ESTRUTURA DO CRIME DE ASSOCIAÇÃO 
CRIMINOSA
Art. 288. Associarem-se 3 (TRÊS) OU MAIS PESSOAS, para O FIM 
ESPECÍFICO DE COMETER CRIMES: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 
2013) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a ASSOCIAÇÃO É 
ARMADA ou SE HOUVER A PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE. 
2.1 CONDUTA E OBJETO
“Associar-se quer dizer reunir-se, aliar-se ou congregar-se ESTÁVEL OU 
PERMANENTEMENTE, para a consecução de um fim comum. [...] reunião estável ou 
permanente (que não significa perpétua), para o fim de perpetração de uma 
indeterminada série de crimes. A nota da estabilidade ou permanência da aliança é 
essencial.”
A conduta núcleo do tipo é ASSOCIAR-SE, que significa reunir-
se em sociedade, agregar-se ou unir-se. Diz respeito a uma 
REUNIÃO NÃO EVENTUAL DE PESSOAS, com caráter 
relativamente duradouro, ou, conforme preconiza Hungria:
2.1.1 CONDUTA
- TRÊS OU MAIS PESSOAS: O tipo penal exige um número 
mínimo de três pessoas. CRIME PLURISUBJETIVO
Com efeito, firmou-se neste Superior Tribunal de Justiça a orientação no sentido 
de que indispensável, para a configuração do crime de associação para o tráfico, 
a evidência do vínculo estável e permanente do acusado com outros indivíduos.
[...] 3. Não tendo sido apresentado dados concretos que demonstrem 
efetivamente o
animus associativo entre os agentes, uma vez que a condenação está amparada
apenas na presunção. [...] é imprescindível a demonstração concreta da 
estabilidade e da permanência da associação criminosa. [...] deve ser afastada a 
condenação. 
1) ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA: elementos indispensáveis para a 
caracterização do crime previsto nesse tipo. Aspecto que a 
associação criminosa do mero concurso de pessoas. Nesse sentido: 
STJ
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
2) IMPUTABILIDADE DAS PESSOAS ASSOCIADAS: o tipo penal não 
demanda que todas elas sejam imputáveis, de modo que se admite, 
para a composição do crime, a formação de associação criminosa 
entre maiores e menores de 18 anos.
Esta tem sido a posição majoritária e Noronha a explica muito 
bem:
“é a pluralidade de agentes que tem em vista; é o perigo que sua 
associação representa para a sociedade. Ora, o crime do menor é o 
mesmo do maior (v.g., o homicídio), o que falta apenas é a 
imputabilidade, que será tida em consideração no momento oportuno, 
mas que não impede a existência de fato da associação.
3) IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DE TODOS OS 
ASSOCIADOS: Casos em que não identifica todos os elementos 
componentes da associação criminosa, embora se tenha obtido 
provas suficientes de que havia mais de três indivíduos 
irmanados, em caráter estável, para o cometimento do crime. 
Assim sendo, O QUE FOR IDENTIFICADO PODE SER PROCESSADO 
PELO DELITO DO ART. 288 DO CP.
4) ABANDONO POR UM INTEGRANTE DA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA 
DEPOIS DE FORMADA: Se algum dos agentes queira dela se retirar. 
Nesse caso, poderíamos cogitar da aplicação do instituto da 
desistência voluntária, previsto no art. 15 do Código Penal?
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos 
já praticados.
Não, pois a DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E O ARREPENDIMENTO EFICAZ 
somente se aplicam quando o agente ainda não consumou a infração 
penal. 
2.1.2 OBJETO DA CONDUTA
O objeto da conduta é a finalidade de cometimento de 
CRIMES.
1) PLURALIDADE DE CONDUTAS DELITIVAS: Há que se ter a intenção 
da prática de crimes, e não a de um crime isolado. 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
2) CONTRAVENÇÕES PENAIS: Atipicidade da conduta, pois é vedada a 
ANALOGIA IN MALLAN PARTEN
2. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
O sujeito ativo pode ser QUALQUER PESSOA, desde que pelo menos 
três. O sujeito passivo é a SOCIEDADE. Portanto, trata-se de crime comum. 
3. ELEMENTO SUBJETIVO
É o DOLO. EXIGE-SE ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO, consistente 
na finalidade de “cometer crimes”, ou seja, um número indeterminado de 
delitos, o que diferenciará o delito em estudo de uma reunião eventual de 
pessoas. Não se pune a forma culposa. 
OBSERVAÇÃO: o agente deverá ter vontade de se associar, bem como consciência de 
que se associa a um grupo cuja finalidade será a prática de um número indeterminado 
de crimes, pois, caso contrário, poderá ser alegado o erro de tipo, afastando-se o dolo 
e, consequentemente, a própria infração penal, tendo em vista a ausência de previsão 
para a modalidade de natureza culposa.
OBSERVAÇÕES – QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO 
1) ERRO DE TIPO: o agente deverá ter vontade de se associar, bem como 
consciência de que se associa a um grupo cuja finalidade será a prática de 
um número indeterminado de crimes, pois, caso contrário, poderá ser 
alegado o erro de tipo, afastando-se o dolo e, consequentemente, a própria 
infraçãopenal, tendo em vista a ausência de previsão para a modalidade 
de natureza culposa.
2) Prática de delito pelo grupo, sem o conhecimento de um de seus 
integrantes: para que algum dos integrantes do grupo criminoso responda 
pelo delito praticado pela associação criminosa, faz-se mister que essa 
infração penal tenha ingressado na sua esfera de conhecimento. Assim, 
não poderá o agente, por exemplo, responder por um delito de latrocínio, 
mesmo pertencente à associação criminosa que o praticou, se não sabia, 
de antemão, que o grupo iria levar a efeito essa infração penal. 
4. OBJETOS MATERIAL E JURÍDICO
Os objetos material e jurídico são A PAZ PÚBLICA. Nas 
palavras de Magalhães Noronha, 
“a existência do bando ou quadrilha [hoje denominados associação 
criminosa] atenta contra a paz pública. É este o objeto jurídico que se 
tem em vista. Ilícita que é, tendo o fim de cometer crimes, a 
associação de delinquentes perturba esse bem-interesse que é o 
sentimento de segurança que possui toda pessoa, fiada na obrigação 
que tem o Estado de garantir as condições indispensáveis para a vida 
em sociedade
5. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O delito de associação criminosa se consuma no momento em que 
ocorre a integração do terceiro sujeito ao grupo, não havendo necessidade 
de ser praticado qualquer crime em virtude do qual a associação foi 
formada. 
“O momento consumativo do crime É O MOMENTO ASSOCIATIVO, pois com este já se 
apresenta um perigo suficientemente grave para alarmar o público ou conturbar a paz 
ou tranquilidade de ânimo da convivência civil.”
Portanto, é delito de natureza formal, bastando que os sujeitos 
pratiquem a conduta prevista no núcleo do tipo, vale dizer, se associem, 
para o fim específico de cometer crimes, para efeitos de sua consumação. 
Nesse sentido, salienta Hungria:
NÃO SE ADMITE A TENTATIVA
6. MODALIDADES DE CONDUTA: COMISSIVA OU OMISSIVA
O núcleo associar pressupõe um comportamento comissivo por 
parte dos agentes. 
No entanto, o delito poderá ser cometido via omissão imprópria se o 
agente, garantidor, dolosamente, podendo, nada fizer para evitar a 
permanência do grupo criminoso.
7. QUALIFICADORAS
O art. 8º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, introduziu uma 
modalidade qualificada ao delito de associação criminosa:
Lei nº 8.072 
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código 
Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo
8. CAUSA DE AUMENTO DE PENA
O parágrafo único do art. 288 do Código Penal determina
CP. 
Art. 288 [...] 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se 
houver a participação de criança ou adolescente
OBSERVAÇÃO 1: ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E FURTO QUALIFICADO PELO 
CONCURSO DE PESSOAS – NÃO VIOLAÇÃO AO NE BIS IN IDEM
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
[...]
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é 
cometido:
IV - mediante CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS.
AgRg no REsp n. 1.805.996/SP, Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta 
Turma, DJe 29/3/2021).2. Agravo regimental desprovido.
OBSERVAÇÃO 2: ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E CORRUPÇÃO DE 
MENORES – BIS IN IDEM?
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o 
a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art5
CRIME COMUM, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto 
ao sujeito passivo; DOLOSO (não havendo previsão para a 
modalidade de natureza culposa); COMISSIVO (podendo, também, 
nos termos do art. 13, § 2º, do Código Penal, ser praticado via 
omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de 
garantidor); DE PERIGO COMUM E ABSTRATO (Divergência); de 
forma livre; PERMANENTE; PLURISSUBJETIVO. 
7. CLASSIFICAÇÃO
OBRIGADO
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