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Professor Dr. Gustavo Caione Nitrogênio e fósforo: dinâmica no solo, participação no metabolismo vegetal, desordens nutricionais e fontes de fertilizantes Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Prof. Dr. Gustavo Caione 2 Nitrogênio (N) Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Prof. Dr. Gustavo Caione 3 Dinâmica complexa no solo; Exigido em maiores quantidades pelas plantas; Fixação biológica; Várias fontes de fertilizantes no mercado; Principal fonte de N para as plantas? Atmosfera (aproximadamente 78% do ar é N2). É absorvido pelas plantas? Nitrogênio 4 Nitrogênio Formas para utilizar o N2 do ar NN; - Fixação biológica (simbiótica, Rhizobium – 40-200 kg ha-1 de N ano-1 e não simbiótica – 10-50 kg ha-1 de N ano-1); - Fixação industrial; - Fixação atmosférica. Aporte de N no solo: • Descargas elétricas: N2 é oxidado NO2 -, nitrito; no solo: NO2 - é oxidado NO3 -, nitrato; • FBN; • Adubação; • M.O. Contato íon-raíz fluxo de massa. Formas no solo. Contato íon-raiz Íons movem de uma região de alta [ ] para uma baixa [ ] 6 Vias de Absorção e Transporte Figura . Processos de fixação do nitrogênio atmosférico (N2). Desnitrificação -H+ +H+ NO-3 N2N-orgânico NH3 NH + 4 NO - 2 NitrobacterNitrosomonas Nitrificação Heterotróficos Mineralização Mineralização Conversão do N orgânico em N inorgânico (NH4+, NO2- e NO3-), mediada por microrganismos do solo. Imobilização: Conversão do N inorgânico (NH4+ e NO3-) para formas orgânicas. Fatores ambientais que afetam a nitrificação e desnitrificação • Aeração: estritamente aeróbico; • Temperatura: ideal = 26 a 32 oC; • Umidade: ideal para crescimento microbiano; • pH: 7,0 a 7,6. 9 NITROGENASE HIDROGENASE N2 FOTOASSIMILADOS Fe Mo Ni Co Aminoácidos PROTEÍNAS H2 NH3 Vital (Elaboração) N2 + (8H+) + (8e-) + 16 ATP ----------- 2NH3 + H2 + 16ADP +16P Estimativa da contribuição da FBN Soja 20 – 450 Feijão comum 4 - 165 Feijão-caupi 70 - 240 Amendoim 33 - 297 Leucena 400 - 900 Guandu 7 - 235 Kg ha-1 de N Estudo de caso: O agricultor incorporou ao solo um resíduo vegetal com relação C/N = 60 e plantou Eucalipto em seguida. Durante 3 meses houve sintomas de deficiência de N para a cultura implantada na área. a) O que ocorreu para que a cultura apresentasse deficiência de N? b) Qual(is) a(s) recomendação(ões) correta(s)? Adições e perdas de N no sistema solo-planta N mineral NH4 + + NO3 - FBN Fertilizante Mineralização da matéria orgânica N atmosférico Lixiviação Extração pelas culturas Perdas gasosas Imobilização Erosão + - + - Características dos fertilizantes nitrogenados - Aumentam a acidez do solo 2 NH4 + + 3O2 2NO3 - + 8 H+; - Índice salino elevado; - Solubilidade alta em água. Bact. nitrificadoras Equivalente em kg de CaCO3 Fertilizante Por kg de N Por 100 kg do produto Amônia anidra Uréia Nitrato de amônio Nitrocálcio Sulfato de amônio MAP Cloreto de amônio Nitrato de cálcio Nitrato de sódio Nitrato de Potássio -1,80 -1,80 -1,80 0,00 -5,35 -5,00 -5,60 1,35 1,80 2,00 -148 -79 -58 0 -107 -45 -140 19 27 26 Tabela. Equivalentes de acidez (-) ou alcalinidade (+) dos principais fertilizantes nitrogenados. Quilos de carbonato de Ca necessários para neutralizar a acidez formada por 100 kg do produto. Tabela. Efeito do parcelamento da adubação nitrogenada no nitrogênio absorvido, produção relativa e teor de proteína em milho cultivado em um Podzólico-Vermelho-Amarelo. Adubação nitrogenada Nitrogênio total absorvido Produção relativa Proteína kg N/ha 0 40 120 40 + 40 40 + 40 + 40 kg/ha 31,2 44,8 60,0 85,2 80,8 ----------%---------- 39 59 69 96 100 ----------%---------- 8,31 8,31 8,44 9,56 9,19 Tabela. Influência do parcelamento do N na colheita de café (4 anos de idade). Aplicação Colheita relativa Sem N 200 g N, 1 aplicação 2 aplicações 3 aplicações 100 115 150 200 Figura. Influência da localização lateral na absorção de N-NO3 - pelo milho. •Localização Principais fonte de fertilizantes Nitrogenados Ureia (45 % de N) – fonte amídica, rapidamente hidrolizada no solo. Nitrato de amônio (33% de N) – fonte nítrica e amoniacal. Sulfato de amônio (20% de N) – fonte amoniacal, apresenta baixa higroscopicidade Cloreto de amônio (25% de N) – fonte de N e Cl. Fertilizantes de liberação lenta. Fertilizantes inibidores de nitrificação. A b s o rç ã o d e n it ro g ê n io Tempo Adubação de base Parada veg. Brotação Floração Frutificação Colheita Adubações de cobertura APORTE INSUFICIENTE DE NITROGÊNIO Necessidades de Nitrogênio / Adubação Convencional NITRITO UREIA AMÔNIO – NH4 + NITRATO Inib. da nitrif. A ação de fertilizante no solo Inibe temporariamente as Nitrossomonas que são as bactérias responsáveis pela transformação de NH4 em NO2. O efeito aumenta a disponibilidade de N em 6 a 8 semanas. N revestido Minimiza a volatilização Nível do Solo NH3 Ureia revestida NH4 + CTCSOLO NH4 + NH4 +NO3 -NH4 + Bactérias Os polímeros retardam a atividade das bactérias Reduz lixiviação Ureia Aplicação do fertilizante nitrogenado O modo de aplicação do N depende: - Quantidade e fonte de N utilizada; - Tipo de solo; - Condições edafoclimáticas. 1 - Parcelamento da adubação com N - A dose recomendada de N é alta (>80 kg ha-1 de N); - Solos arenosos; - Solos argilosos com baixa CTC; - Áreas sujeitas a chuvas com altas intensidades; - Culturas de ciclo longo; - Áreas de irrigação ( pivô, aspersão). Manejo da adubação nitrogenada 2 - Reduzir as perdas por volatilização - Incorporação do adubo. 3- Correção dos solos - Aumenta a CTC efetiva; - Crescimento radicular. Manejo da adubação nitrogenada 27 Participação no metabolismo vegetal Constituinte de aminoácidos; Bases nitrogenadas (purinas e pirimidinas); Ácidos nucleicos (DNA e RNA); Constituinte da molécula de clorofila, onde cada átomo de Mg está ligado a quatro átomos de nitrogênio; Síntese de vitaminas, hormônios, coezima e outros compostos. Processos: fotossíntese, respiração desenvolvimento e atividade das raízes, absorção iônica de outros nutrientes, crescimento, diferenciação celular e genética. Fonte: Prado (2008) 28 Desordens nutricionais DEFICIÊNCIA a) Amarelecimento de folhas (inicialmente velhas); b) Maturidade e senescência abreviada; c) Queda prematura de folhas; d) Diminuição de flores e dormência de gemas laterais; e) Produção reduzida. EXCESSO Sintomas (visíveis) a) Coloração verde escura; b) folhagem abundante; c) acamamento; d) atraso na maturação. Outros sintomas a) Sistema radicular pouco desenvolvido; b) baixo transporte de açúcares para raízes; c) aumento da suculência dos tecidos. Desordens nutricionais Deficiência de nitrogênio em citros Deficiência de nitrogênio em Soja Deficiência de nitrogênio em Milho Deficiência de N em Milho 34 Deficiência de nitrogênio em capim Convert 35 Deficiência de nitrogênio em capim Convert 36 Deficiência de nitrogênio em capim Convert 37 38 39 Fósforo (P) Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Prof. Dr. Gustavo CaioneFósforo no solo Características do P: - Pouco exigido pelas plantas; - Muito deficiente em nossos solos; - Sofre forte interação com a fase sólida; - Forma numerosos compostos minerais, principalmente com Fe, Al e Ca; - Baixa mobilidade no solo. • Apatita. • Formas no solo. Origem Formas de ocorrência de P no solo a) P nos minerais primários Mais importantes: apatitas: Fluorapatita CaF2.Ca3(PO4)2 Hidroxiapatita Ca(OH)2.Ca3(PO4)2 Cloroapatita CaCl2.Ca3(PO4)2 Carbonatoapatita CaCO3.Ca3(PO4)2 Constituem a fonte original do P do solo b) P nos minerais secundários Mais importantes: Estrengita Fe(OH)2H2PO4 Variscita Al(OH)2H2PO4 Fosfato dicálcico CaHPO4 Fosfato tricálcico Ca3(PO4)2 Fosfato octocálcico Ca8(H2PO4)6.5H2O 44 P precipitado Condições de solo para a ocorrência de cada forma de P? Contribui para o P lábil? Diferença entre P precipitado e P adsorvido? Contato íon-raiz Íons movem de uma região de alta [ ] para uma baixa [ ] Classificação das formas de P segundo a disponibilidade e equilíbrio entre as formas a) P solução - Íons H2PO4- que está na solução do solo P prontamente disponível b) P lábil - Está na fase sólida mas pode passar para a solução em curto prazo P disponível c) P não lábil - Está na fase sólida e pode passar para a solução a longo prazo P não disponível Fatores que influenciam na adsorção do P - Reação do solo (pH) A adsorção aumenta abaixo de pH 6,5 e acima de pH 7,5; - Concentração de P na solução A adsorção aumenta com a concentração de P na solução; - Teor e natureza da argila Maior teor de argila Maior adsorção; Óxidos de Fe e de Al > poder de adsorção que os minerais de argila; Matéria orgânica não adsorve P. - Tempo de contato com o solo. Maior o tempo > a energia de ligação. P DO SOLO P NA FASE SÓLIDAP SOLUÇÃO P ADSORV. P MINERAIS SECUNDÁR. P MINERAIS PRIMÁR. P ORGÂNICO P LÁBIL P NÃO LÁBIL Relações entre as formas de P do solo Extratores de P utilizados nos laboratórios de análise de solo do Brasil Mehlich 1 e RTA. Características. Métodos de análises de fósforo disponível no solo 50 Soil phosphorus content (mg kg-1) extracted by anion exchange resin (P resin), sodium bicarbonate (NaHCO3) and sodium hydroxide (NaOH, 0.1 mol L-1) extractors on soil samples cultivated with sugarcane under phosphorus sources and filter cake fertilizations. Means following distinct letters in columns differ from each other by Scott-Knott (P<0.05). **; * and ns: significant at 1% and 5% of probability and no significance. CV: coefficient of variance. NP: natural phosphate from Araxá; RNP: reactive natural phosphate Bayóvar. TSP: triple super phosphate. Pi: inorganic phosphorus. Po: organic phosphorus. Fonte: CAIONE et al. (2015). Fracionamento químico de P 51 Soil phosphorus content (mg kg-1) extracted by hydrochloric acid (HCl 1 mol L-1) and sodium hydroxide (NaOH, 0.5 mol L-1); residual phosphorus and total phosphorus of soil samples cultivated with sugarcane under phosphorus sources and filter cake fertilizations. Means following distinct letters in columns differ from each other by Scott-Knott (P<0.05). **; * and ns: significant at 1% and 5% of probability and no significance. CV: coefficient of variance. NP: natural phosphate from Araxá; RNP: reactive natural phosphate Bayóvar. TSP: triple super phosphate. Pi: inorganic phosphorus. Po: organic phosphorus. Fracionamento químico de P Manejo do solo visando a manutenção do P a) Fazer calagem antes da adubação fosfatada; b) Fazer adubações fosfatadas com frequência ou fosfatagem; c) Aplicar fertilizantes orgânicos com frequência; d) Fazer rotação de culturas com espécies com alta capacidade de extração do P; e) Adotar sistema de plantio direto; f) Utilizar fungos micorrízicos quando possível; g) Aplicar o fosfato solúvel de forma localizada. 53 Fontes de P: Controle; Araxá; Bayóvar e ST 54 Uso de microrganismos solubilizadores de P 55 % P2O5 (*) % Adubo Total HCi CiNH4 H2O N CaO MgO S Solúveis Superfosfato 30 Superfosfato simples Superfosfato triplo Fosfato monoamonico Fosfato diamonico Nitrofosfato Fosfato bicalcico Termofosfato Escoria de Thomas FAPS 30 20 45 52 45 20 40 19 19 26 29 18 40 50 42 18 40 16 15 10 28 18 44 52 44 18 40 13 12 12 27 17 38 50 40 16 0 0 0 8 - 0 0 10 17 18 0 0 0 0 28 28 20 0 0 12 30 28 25 35 - 0 0 0 0 0 0 16 - - 8 12 1 0 0 0 0 0 6 Insoluveis Farinha de ossos Olinda Hiperfosfato Abaeté Patos de minas Alvorada Ipanema Jacupiranga Araxa Catalão Tapira Maranhão Fospal Fosfato conc (FCA) 30 26 27 24 23 33 39 33 36 37 37 30 32 35 25 5 12 4 4 6 3 2 5 2,5 2,5 1 0,,5 4 17 1 6 1 1,5 2,5 2 - 2 0,5 2 15 6 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 36 43 40 - - - - - 42 - - - 0 48 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - Tabela. Características dos principais adubos fosfatados usados no Brasil. Característica química de alguns fosfatos naturais reativos comercializados no Brasil, determinados em amostras moídas para análise química (100% < 0,063 mm) Fosfato Natural P2O5 Solubilidade Relativa (%) Total P2O5 Ac. Cítrico P2O5 Ac. Fórmico Arad 33 35 (11,5) 58 Djebel Onk (Argélia) 29 38 (10,0) 68 Daoui (Khouribga/Marrocos) 32 31 (10,0) 59 Gafsa (Tunísia) 29 41 (11,9) 72 Carolina do Norte (EUA) 30 44 (13,2) 76 Fonte: D.M.G de Sousa et al. (1999) – EMBRAPA Cerrados Cor vermelha = % P2O5 HCi 2% 58 Tecnologias para o aumento de eficiência de fertilizantes e identificação de fontes alternativas de nutrientes para a agricultura brasileira MP1 - Nº 01.09.01.001 10/2009 a 10/2013 PNP FT P=O O OCa O = P O O O O Graças a sua estrutura química, TOP-PHOS ® oferece um fósforo protegida contra retrogradação, complexando com o PNP-FT mantendo livre de qualquer ataque de carbonato ou alumínio XX Ca++, Al3+CO32- Solos alcalinos TOP-PHOS ® permanece solúvel e disponível Solos ácidos TOP-PHOS ® permanece solúvel e disponível Estrutural transferência de energia (principal) Participação no metabolismo vegetal 62 a) Ésteres fosfóricos: existem mais de 50, como trioses, frutose-1-6-bifosfato; b) Fosfolipídios: componente da membrana; c) Nucleotídeos: Base Nitrogenada + Pentose + 1-3 radicais de ácidos fosfóricos. Pode estar livre na forma de ATP - ADP ou combinadas em ácidos nucléicos na forma de RNA e DNA. d) Ácido fítico: 50% do P total em sementes leguminosas e 60- 70% do P total em sementes cereais. Processos: Absorção iônica; Fotossíntese; Respiração; FBN; Transferência de energia, entre outras. Figura. Papel do ATP no transporte de solutos pelas membranas das células. Um exemplo da função do P: ATP (absorção) Pequeno desenvolvimento Coloração verde mais escura de folhasmais velhas Coloração roxas em algumas espécies; Ângulo estreito de inserção de folhas; Baixo florescimento; Número reduzido de frutos e sementes; Atraso na maturidade. Desordens nutricionais Sintomatologia de carências Figura. Deficiência de P na cultura do milho Sintomatologia de carências Sintomatologia de carências Figura. Deficiência de P na cultura da canola Deficiência de P Condições para ocorrência Sintomatologia de carências Figura. Deficiência de P na cultura do citrus 70 Com P Sem P Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Prof. Dr. Gustavo Caione
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