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Notas de Aula do Curso de Análise Macroeconômica III - Ibmec Professor Christiano Arrigoni Coelho Investimento • Definição: total de gastos em novos bens de capital durante um período de tempo. • Bens de capital: bens que são utilizados ao longo de vários períodos no processo de produção. • Logo, o investimento aumenta a capacidade produtiva da economia no futuro. Investimento • Tipos de bens de capital: reproduzíveis e não reproduzíveis (ex: terra e recursos minerais (também extingüíveis)). • Logo, o investimento é o gasto em novos bens de capital reproduzíveis. • Fato sobre o investimento: é muito mais volátil do que o consumo. Investimento x Consumo no Brasil: 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 20 40 60 80 100 120 140 160 180 C o n s u m o ( R $ b il h õ e s ) In v e s ti m e n to ( R $ b il h õ e s ) Capital - formação bruta - R$(bilhões) Consumo final - famílias - R$(bilhões) Investimento x Consumo: participação no PIB (%) Investimento • Tipos de investimento: • Investimento no imobilizado das empresas (prédios comerciais, estruturas físicas das fábricas, máquinas e equipamentos). • Investimento em estoques (voluntários e não voluntários). • Investimento habitacional. Investimento • Investimento bruto x investimento líquido. • Problemas de medição dos gastos com investimento: bens duráveis, gastos do governo em infraestrutura, bens de capital não reproduzíveis, investimento em capital humano, pesquisa e desenvolvimento, saúde. Decisão ótima de investimento • Modelo simples (mas irrealista): famílias (donas das empresas) tomam a decisão de investimento. • Modelo de 2 períodos: duas formas de aplicar os recursos da poupança do período 1: ativos financeiros e investimento (capital para ser usado para produzir bens no período 2). Decisão ótima de investimento • A produção nos períodos 1 e 2 depende da quantidade de capital e trabalho disponível nos dois períodos (hipótese implícita de pleno emprego dos dois fatores). • Função de produção nos períodos 1 e 2. Propriedades fundamentais: (i) Pmg decrescente; (ii) Pmg de um fator depende positivamente da quantidade do outro fator. • Nível de produção no período 2 não é mais exógeno, depende do capital disponível no período 2, que por sua vez depende do investimento feito no período 1. • Logo, nesse modelo a família deve tomar uma decisão em relação ao nível de capital no período 2 (investimento no período 1). Decisão ótima de investimento • Ativos financeiros tem retorno r. • R.O. intertemporal na presença de investimento em capital. • Nova definição de riqueza. • Pode-se mostrar que sob as hipóteses do modelo, as decisões de investimento e de consumo são separáveis. • Regra: a família deve escolher um nível de investimento de forma a maximizar a riqueza. Decisão ótima de investimento • Intuição para essa regra: como a família é livre para emprestar e tomar emprestado no mercado financeiro à taxa r (desde que respeite a R.O. intertemporal), então ela pode escolher um nível de investimento de forma a maximizar sua riqueza e depois usar o mercado financeiro para propósitos de suavização de consumo. Decisão ótima de investimento • Regra ótima no modelo de 2 períodos: • A família escolhe um nível de capital no período 2 (e portanto, um nível de investimento no período 1), tal que a Pmg do capital no período 2 se iguale à 1+r. Dessa forma, maximiza o valor da sua riqueza. • No ótimo: PmgK2= (1+r). Quanto >r, >será PmgK2 e < será o estoque de capital ótimo. • Como K2-(1-d)K1=I1, então investimento também dependerá negativamente da taxa de juros. Decisão ótima de investimento • Extensão da regra ótima para vários períodos: PmgK+1=d+r. • Intuição: compra uma unidade de capital hoje e revende no período seguinte por (1-d) e obtem a PmgK no período seguinte (no modelo de 2 períodos , como o “mundo acaba” no período 2, a depreciação do capital é de 100%). • Papel das expectativas em relação à PMg do capital no futuro. Decisão ótima de investimento • E quando a decisão do ótimo de investimento cabe a firma? O que ela deve fazer? • A separação entre as decisões de investimento e alocação intertemporal implica uma regra muito simples: no ótimo, a firma deve escolher o nível de investimento que maximiza o seu valor. Assim, ela estará maximizando a riqueza das famílias proprietárias das firmas (ver apêndice). • Importante: a firma não precisa conhecer nada das preferências intertemporais dos acionistas para implementar o ótimo. Decisão ótima de investimento • Impostos e subsídios: • Introdução de impostos sobre os lucros e benefícios fiscais ao investimento (por exemplo, dedução do pagamento de impostos por conta da permissão de uma depreciação maior do que a verdadeira). • Nova condição: PMgK+1=((1-s)/(1-t))(r+d) Evidências empíricas sobre investimento • Modelo do acelerador: • Hipóteses: (i) estoque de capital desejado é igual ao efetivo; (ii) estoque de capital desejado (=efetivo) é proporcional ao produto. • Ex: Cobb-Douglas: Q/K=(r+d)/a. Evidências empíricas sobre investimento • As duas hipóteses anteriores implicam que o investmento líquido será proporcional a variação absoluta da produção: • J=h(Y+1-Y). • Logo, a variação do investimento será proporcional a aceleração da produção. Daí, o nome do modelo. • Problemas: (i) hipótese de que capital efetivo=capital desejado; (ii) A produção futura é incerta no momento da decisão do capital; (iii) A proporção capital/produto é fixa. Como h depende de r e da tributação e essas variáveis não são fixas, h deve se alterar ao longo do tempo. Abordagem do custo de ajustamento • Existência de custos para se ajustar o capital de forma rápida: (i) Barreiras gerenciais (análise de viabilidade, orçamento e negociação financeira) e tecnológicas (leva-se tempo para se produzir as máquinas, equipamentos e estruturas físicas do projeto); (ii) Maximização de lucro: implantar projetos de investimento de forma apressada pode ser custoso e acabar diminuindo a sua rentabilidade; (iii) Incerteza: a maximização do lucro esperado pode levar as firmas a investirem de forma gradual. Abordagem do custo de ajustamento • Modelagem simples do custo de ajustamento. • 1) Custo quadrático de se ficar com um estoque de capital diferente do ótimo: c1(K*+1-K+1) 2 . • 1) Custo quadrático da variação efetiva de capital: c2(K+1- K)2 . • Minimização de custo: • K+1-K=(c1/( c1+ c2))(K*+1-K)=g(K*+1-K). • Quando c1 é muito alto em relação à c2, voltamos ao modelo do acelerador. • Quando c2 é muito alto em relação à c1, estoque de capital se ajusta de forma muito lenta ao nível desejado. • Ex: g=60%. Teoria do q de Tobin • Idéia básica: valor de mercado da firma em relação ao custo de reposição do capital é um indicativo do quão longe o estoque de capital da firma está do ótimo (abaixo ou acima). • Em um mercado com competição perfeita no mercado de de fatores, o lucro de uma firma seria dado por: capital do Aluguélcapital do marginal adeProdutivid - hora Salário trabalhodo marginal adeProdutivid- produção na utilizado capital de estoque - produção na usada trabalhode horas de número - produção - : ,, PmgK PMgL K L Q Aonde PmgKxKPmgLxLKLQKL Teoria do q de Tobin • Supondo competição perfeita também no mercado de bens, o lucro econômico da firma seria zero: • Porém, no mundo real, o estoque de capital é propriedade da firma (não é alugado como supusemos). Logo, a renda total do capital pertence aos proprietários das firmas: 0, KL PmgKxK Teoria do q de Tobin • Ou seja, em cada período a remuneração total do capital é igual à PmgK x K. Porém, em cada período o capital se deprecia numa proporção d. Para a firma manter o estoque de capital constante, terá que gastar dK para repor o capital depreciado no período. Logo, apesar de gerar uma renda de PMgKxK em cada período, ela distribuirá apenas PMgKxK – dK em dividendos, de forma a manter o seu estoque de capital fixo em todos os períodos. • Logo, o valor de mercado de uma firma, caso ela mantivesse o seu estoque de capital fixo no nível atual, seria o valor presente da remuneração total líquida do capital (retirando-se da remuneração bruta o custo de reposição do capital). Teoria do q de Tobin • A expressão para o valor da firma (V) seria: • O q de Tobin é definido como o valor da firma dividido pelo custo de reposição total do capital (=K, pois pK=pQ=1 por hipótese): r dPmgK q r dPmgK r dPmgK r dPmgK K V q ... 111 32 ... 111 32 r xKdPmgK r xKdPmgK r xKdPmgK V Teoria do q de Tobin • Logo, o q de Tobin seria um indicador para determinar se o nível de capital da firma é ou não ótimo. Das discussões anteriores, sabemos que se o nível de capital atual fosse igual ao ótimo teríamos a seguinte igualdade: ótimo. no está firma da capital de nível o Logo, .1 Se ótimo. do acima está firma da capital de nível o Logo, .1 Se ótimo. do abaixo está firma da capital de nível o Logo, .1 Se : drPmgKq drPmgKq drPmgKq Logo drPmgK Teoria do q de Tobin • Logo, se q>1, a firma deve investir (aumentar o estoque de capital). Se q<1, a firma deve desinvestir (diminuir o estoque de capital). Se q=1, a firma já estaria no ótimo. • Em termos intuitivos, q>1 implica que o preço por ação do capital na bolsa é maior do que o custo físico do capital (V>K). Logo, a firma poderia emitir novas ações e financiar lucrativamente um novo projeto de investimento (obs: esse argumento ignora o risco do investimento não ter o retorno desejado). • Evidências empíricas: favoráveis para firmas individuais (maior q, maior nível de investimento) e relação fraca para o investimento agregado (grande parte da flutuação do investimento é explicada por outros fatores). Racionamento de crédito • E se as firmas não estivessem livres para tomar emprestado no mercado financeiro qualquer quantidade consistente com a riqueza gerada pela firma (o V.P. descontado dos lucros futuros)? • Por que as firmas estariam restritas? Assim como acontecia com a renda futura das famílias, o lucro futuro das firmas também pode não ser um bom colateral (pense, por exemplo, que a firma pode declarar falência no meio do caminho). Racionamento de crédito • O que ocorre nesse caso? A decisão de investimento passa a ser muito mais sensível ao fluxo de caixa atual da firma (ao seu lucro atual) e não ao valor descontado da produtividade marginal futura do capital. • Projetos de investimento rentáveis podem não ser implantados por insuficiência de crédito. • Para empresas racionadas, o investimento atual dependerá fortemente dos lucros retidos. • Esse seria mais um motivo para o estoque de capital efetivo se ajustar de forma lenta na direção do estoque de capital desejado. Investimento residencial • Como antes, vamos pensar no fluxo de caixa de um investimento adicional em imóvel da mesma forma que se pensava sobre um investimento adicional em capital: • Qual é a TIR desse investimento? RR + Ph+1(1-d) Ph Ph= preço do imóvel hoje Ph+1= preço esperado do imóvel no período seguinte RR= aluguel esperado do imóvel no período seguinte Investimento residencial • TIR= / • Hipótese 1: ausência de arbitragem: agentes aproveitam todas as oportunidades de investimento lucrativas no mercado de imóveis. Logo: • (1+r)= / • Hipótese 2: suponha que os agentes esperam que os aluguéis serão fixos para sempre. Nesse caso, pode-se mostrar que o preço do imóvel não irá variar ao longo do tempo ( = ). (RR + Ph+1(1-d)) Ph (RR + Ph+1(1-d )) Ph Ph Ph+1 Investimento residencial • Nesse caso, o preço de equilíbrio dos imóveis será: • O que determina o valor do aluguel (RR0)? • A demanda por apartamentos para locação. • O aluguel e a taxa de juros de mercado, por sua vez, determinam o preço do imóvel. Ph=RR0/(r+d) Investimento residencial • Graficamente: RR Estoque de imóveis Demanda para locação1 Quantidade de imóveis aluguados Ph=RR/(r+d) Quantidade de novos imóveis produzidos Fluxo de novos imóveis (investimento) RR1 RR2 Demanda para locação2 Ph1=RR1/(r+d) Ph2=RR2/(r+d) Ih1 Ih2
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