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Crime Culposo: Conceito e Elementos

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Aula 21 de fevereiro
5.9 Tipo culposo
5.9.1 Conceito
Crime culposo é a conduta humana voluntária, que produz um resultado ilícito penal, não querido, tampouco assumido, mas previsível e eventualmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.
Segundo o art. 18, II, do CP, diz-se crime culposo quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, imperícia ou negligência. 
Se nos crimes dolosos, o agente quer diretamente o resultado ou, pelo menos, assume o risco de produzi-lo, nos crimes culposos a conduta do agente dirige-se a um fim penalmente atípico, mas ele da causa ao resultado proibido pela norma penal por não observar a cautela de todos exigível na conduta cotidiana. (todo crime culposo depende da produção de um resultado naturalístico; é condição para a existência do crime). 
Os crimes dolosos são a regra, os culposos são a exceção.
Os tipos culposos são tipos abertos, ou seja, tipos que devem ser complementados pelo intérprete, por meio do recurso a uma disposição ou norma de caráter geral, que se encontra fora do tipo, mas no sistema penal. Ou seja, embora o art. 121, p. 3º, fale em “homicídio culposo”, é necessário recorrermos à outra norma – qual seja, o art. 18, II, CP – para sabermos o que é culpa.
 5.9.2 Elementos
Os elementos do crime culposo são seis:
Conduta voluntária comissiva ou omissiva; e
Falta de observância do cuidado, consistente em imprudência, imperícia ou negligencia, e 
Resultado naturalístico, não querido tampouco assumido pelo agente; e
Nexo causal; 
Previsibilidade, objetiva ou subjetiva, conforme o entendimento que se adote; e
Tipicidade.
Como percebemos, tais elementos são cumulativos.
5.9.3 Conduta culposa
Segundo os preceitos do finalismo, já analisados, toda conduta tem uma vontade e uma finalidade.
Na conduta culposa, em regra o individuo persegue um fim ilícito ou, ainda que ilícita a finalidade (ex. dirigir o automóvel em velocidade excessiva), não se mova pela vontade de praticar um delito. Ou seja, age com vontade e finalidade, mas não objetiva realizar um tipo penal.
O delito culposo pode ser praticado por comissão ou omissão. 
Aquelas situações que não configuram conduta, já estudadas, também afastaram o crime culposo (coação física irresistível, estados de inconsciência, atos reflexos)
5.9.4 Inobservância do dever de cuidado
Do homem em sociedade espera0se e exige-se a observância de certas regras criadas para garantir a segurança dos bens jurídicos protegidos: observar os sinais de transito; não deixar objetos perigosos ao alcance de crianças, etc.
Para que sua conduta seja culposa, deve o individuo proceder sem as cautelas exigidas das pessoas no desempenho de suas atividades.
Em suma, o ordenamento jurídico exige que todos procedam com cuidado, para não lesionarem bens jurídicos penalmente tutelados.
- As modalidades de comportamento descuidado são:
Imprudência: é a conduta positiva do agente; é a pratica de um ato perigoso, sem os cuidados que a situação requerer;
Negligencia: deixar de fazer aquilo que a diligencia normal impunha;
Imperícia: é a inaptidão do exercício de certo ato profissional ou de oficio. Há dissidio sobre o seguinte tema: a imperícia resulta da falta de conhecimento teórico para o exercício de determinado profissional; ou mesmo o profissional de comprovada competência, eventualmente, poderia ser imperito?
No caso concreto, muitas vezes confundem-se tais modalidades, daí porque é sugerida a reunião de todas sob uma única denominação (imprudência ou negligência), como já ocorre em leis estrangeiras, como o CP espanhol. Da mesma forma, a culpa estava ligada, na teoria clássica (causalista) à culpabilidade, daí a identidade etimológica dos vocábulos. 
Porém, como hoje, prevalecendo o finalismo, isso não mais ocorre, a terminologia deveria, de fato, ser revista.
*Erro médico não se confunde com imperícia, muitas vezes o médico erra porque muitas vezes não há como acertar. Exemplo: há situação de morte eminente, e o médico não tem tempo de realizar exames, como ele deve tomar alguma providência, ele ministra algum medicamento, e a pessoa tem reação alérgica e falece, houve erro, mas não caracteriza imperícia, pois era conduta possível nas condições em que se encontrava.
**teoria causalista -> conduta típica, ilícita e culpável {dolo e culpa}. A partir da teoria finalista -> conduta típica {dolo e culpa}, ilícita e culpável.
5.9.5 Resultado lesivo não querido ou assumido pelo agente
Na maior parte das vezes, a inobservância do dever de cuidado exigido dos indivíduos não acarreta nenhuma alteração do mundo exterior. E não ocorrendo tal alteração, não há crime; poderá até haver um crime doloso, mas nunca um crime de dano existirá sem produção de um resultado naturalístico. E por tal motivo, não há tentativa de crime culposo.
Ex: participar de um “racha” sem ferir ninguém, não pratica qualquer crime culposo, mas um delito doloso, previsto no art. 308 do CTB. Porem, caso venha a provocar a morte de alguém, ou mesmo ferimentos em terceiros, incidira em homicídio culposo ou lesões corporais culposas (arts. 302 e 303, do CTB, respectivamente).
(!) não há crime culposo sem resultado naturalístico.
*a conduta descuidada pode representar: 1) um indiferente penal (mesmo que ato ilícito de outra natureza); 2) um crime culposo, desde que produzido o resultado naturalístico típico; 3) um crime doloso (ex: racha, direção sob efeito de álcool). 
É essencial que o resultado não seja querido, tampouco assumido, pelo agente.
Aula 27 de fevereiro
*Estudar o dissídio doutrinário referente à imperícia;
5.9.6 Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (teoria da equivalência dos antecedentes – adotada pelo Brasil).
Além daquilo que já estudamos sobre nexo de causalidade, é necessário, nos crimes culposos, também demonstrar que o resultado ocorreria ainda que o agente procedesse com cuidado exigível. Culpa não se presume, devendo ser comprovada.
Exemplo: o trabalhador, numa mina, está sem capacete, equipamento que o empregador não fornecera. Uma grande rocha desmorona e cai sobre o empregado, matando-o. Não há, nesse caso, uma relação de causalidade entre a conduta negligente do patrão e o resultado morte. Todavia, se fosse o caso de uma pequena pedra, cujos efeitos danosos seriam evitados pelo capacete, aí sim haveria homicídio culposo.
5.9.7 Previsibilidade
Para que o agente possa ser responsabilizado criminalmente pelo resultado que provocou a titulo de culpa, é essencial que esse resultado seja previsível. Em outras palavras, quem não pode prever o que a sua conduta poderá gerar não pode ser responsabilizado pelo resultado que eventualmente produzir.
Ler Mirabete: “diz-se, então, que estão fora do tipo penal dos delitos culposos os resultados que estão fora da previsibilidade objetiva de um homem razoável, não sendo culposo o ato quando o resultado só teria sido evitado por pessoa extremamente prudente. Assim, só é típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato era possível de ser previsto pela perspicácia comum, normal dos homens.” (Manual de Direito Penal: parte geral. São Paulo: atlas, 2004. P.148)
Dissente a doutrina a respeito da previsibilidade. O mineiro Nelson Hungria defendia um critério objetivo, partindo de uma ficção jurídica denominada “homem médio”, em contraposição, a doutrina dominante adota o parâmetro subjetivo.
Em síntese:
A doutrina fala em previsibilidade 
Objetiva: é aquela estudada a partir do chamado “homem médio”, ou seja, do homem comum, dotado de cautela.
Subjetiva: leva-se em conta a previsibilidade segundo as condições particulares do sujeito ativo, suas limitações, suas experiências de vida, sua formação, etc.
5.9.8 Tipicidade
Finalmente, é necessária a tipicidade culposa. Em regra, os tipos são dolosos, mas excepcionalmente, o legislador prevê tipos culposos e o faz expressamente.
Evidentemente, em face do principio culpabilidade (inserido no art. 19, do CP), não há crime se o agente não tiver procedido com dolo ou culpa, vedando-se, assim a responsabilidade penal objetiva.
5.9.9Dolo indireto, culpa consciente e culpa inconsciente
Como visto, é necessário que o resultado seja previsível. Sendo imprevisível, não haverá crime culposo.
Em certos casos, apesar de o fato ser previsível, o agente não o prevê e causa a lesão. É o que se denomina culpa inconsciente, ou culpa com ausência de representação.
Em outros casos, o agente prevê que sua conduta poderá provocar o resultado, mas acredita sinceramente que ele não ocorrerá. Ele não deseja o resultado nem assume o risco de sua produção. É a culpa consciente ou com representação.
No dolo eventual, o agente representa o resultado como possível ou provável e, mesmo assim, pratica a conduta, pois pouco se importa com sua produção. Ou seja, o individuo assume o risco de produzir o evento. Tal situação não se confunde com a culpa consciente, pois nesta o agente, embora também antecipe (represente) o resultado como possível, acredita sinceramente que ele não ocorrerá.
Em síntese: a culpa consciente não se confunde com dolo eventual.
Culpa Consciente (com previsão)
Inconsciente (sem previsão do resultado previsível)
No caso concreto, muitas vezes é difícil apurar se o agente procedeu com culpa consciente ou com dolo eventual. Diante da duvida insuperável, o magistrado deve aplicar a parêmia in dubio pro reo, fazendo incidir o tipo menos gravoso ou, em alguns casos, ate absolvendo o acusado.
5.9.10 Compensação de culpas
Ao contrario do que ocorre no Direito Civil (art. 368. “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.”), o Direito Penal não admite a compensação de culpas. Logo, concorrendo dois ou mais indivíduos para um resultado típico culposo, em que são simultaneamente agentes e vitimas cada um responderá segundo sua culpa.
5.9.11 Culpa imprópria
Suponham as seguintes situações:
1ª – ao andar pela rua São José, as quatro horas da madrugada, Caio percebe que seu inimigo, Turcus (que já o ameaçara varias vezes, prometendo mata-lo) caminha rapidamente em sua direção, colocando as mãos sob um colete. Acreditando que será morto, Caio saca seu revolver e desfere um único disparo no suposto ofensor, matando-o. Todavia, fica apurado que o morto queria apenas entregar-lhe uma bíblia, pois havia se convertido ao Evangelho, frequentando a Igreja Messiânica Universal.
Aula 08 de março
De um modo mais completo, podemos também afirmar que a doutrina menciona as seguintes teorias:
Teorias negativas: para elas seria impossível distuinguir “ato de execução” e “ato de tentativa” (?), razão pela qual deveriam todos ser punidos da mesma forma.
Teoria subjetiva: há tentativa, quando o agente, de modo, inequívoco, exteriorize sua conduta no sentido de praticar o crime;
Crime Consumado
Segundo o art. 14, I, do Código Penal, diz-se o crime costumado quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal. Em outras palavras: quando houver a total conformidade entre o fato imputado ao agente e a hipótese abstrata descrita na norma penal incriminadora (Damásio).
Nos crimes materiais, ocorre consumação com a realização do resultado previsto no tipo: consuma-se o crime de homicídio com a morte da vítima; o crime de furto, com a subtração da coisa; o crime de estupro, com a conjunção carnal.
Nos crimes formais, basta a realização da ação, pouco importando se o resultado nele previsto ocorrerá ou não.
Nos crimes de mera conduta, em que o tipo penal não alude a qualquer resultado, consumação também se dá com a realização da conduta proibida.
Nos crimes culposos, a consumação se da com o resultado naturalístico.
Nos crimes omissivos próprios, com a omissão do dever imposto ao omitente.
Nos crimes omissivos impróprios, com a ocorrência do resultado lesivo.
Nos crimes permanentes, enquanto o dano ao bem jurídico se prolonga no tempo. Enquanto o agente estiver praticando a conduta prevista no tipo, o delito estará se consumando. Assim, o agente poderá ser preso em flagrante; caso ele complete dezoito anos durante a pratica do crime, respondera como imputável. Caso, nesse ínterim, surja uma nova lei desfavorável, ela será aplicada ao caso. Ex: sequestro.
Nos crimes habituais, nos quais a lei exige a pratica reiterada de atos, ocorrera o resultado com a reiteração.
Tentativa
Como já afirmado, o crime está consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Em outras palavras, haverá homicídio quando João matar José; haverá furto, quando a coisa alheia móvel for subtraída, desfalcando o patrimônio da vitima.
O crime será tentado, quando, iniciada a execução, não houver a consumação por circunstancias alheias à vontade do agente (art. 14, II, Código Penal). Nessa hipótese, como regra geral, temos que o crime tentado será punido com a pena do crime consumado, reduzida de um a dois terços. Cálculo de pena privativa de liberdade: critério trifásico = a) pena base, b) pena provisória e c) pena definitiva. Ex: homicídio tentado: 6 a 20 anos, 1/3 a 2/3 de redução.
Como podemos notar, os crimes tentados constituem tipos abertos, pois precisamos nos socorrer de outra norma, prevista no próprio Código Penal. Na doutrina fala-se em “norma de ampliação temporal”.
6.4.1 Elementos da tentativa
São elementos da tentativa:
Conduta dolosa; e
Não consumação do resultado pretendido por circunstancias alheia à vontade do agente; e
Início dos atos de execução.
Se o processo executório for interrompido por ato da própria vontade do agente, poderemos estar diante da desistência voluntaria ou do arrependimento eficaz. (artigo 15, Código Penal)
6.4.2 Classes da tentativa
A doutrina distingue a tentativa perfeita ou acabada (quando o agente esgota os meios de que dispunha para alcançar o resultado pretendido) e a tentativa imperfeita ou inacabada (o agente por circunstâncias alheias à sua vontade, não esgota os meios com os quais pretendia produzir o resultado). Em ambas as hipóteses, o delito não se consuma.
Para o nosso ordenamento jurídico, tal distinção tem relevância no estudo da desistência voluntaria (o agente desiste de prosseguir na execução) e do arrependimento eficaz (o agente resolve impedir que o resultado se produza).
6.4.3 Tentativa branca
Há tentativa branca quando, embora executada a conduta, o objeto material do crime (pessoa ou coisa visada pela conduta) não chega a ser atingido. As tentativas brancas podem, no caso concreto, causar certa dificuldade em razão da necessidade de estabelecer-se o real dolo do sujeito ativo.
6.4.4 Punição nos crimes tentados
Como já exposto, os crimes tentados são punidos reduzindo-se a pena referente ao delito consumado, de um a dois terços. É o que determina o art. 14,II, do Código Penal. Essa redução deve ser considerada na terceira fase do cálculo da pena. (Cálculo de pena privativa de liberdade: critério trifásico: a) pena base, b) pena provisória e c) pena definitiva). 
A fração de redução da pena deve ser menor, quanto mais próximo esteve o agente da consumação do resultado pretendido; quanto mais distante, maior a redução (e, por conseguinte, menor a pena definitiva).
Assim, no caso de tentativa de homicídio, a tentativa branca ou aquela em que a pessoa foi atingida em área não letal (ex. no braço, ou no pé, como Carlos Lacerda, no famoso caso da Rua Toneleiro em Copacabana), a redução deverá ser no grau máximo (2/3); caso de a vítima sofrer perigo de vida, a redução deverá ser em grau mínimo (1/3). Nada impede que a redução seja em grau intermediário.
6.4.5 Classes de ilícitos penais que não admitem a tentativa
Crimes que não admitem a tentativa:
Habituais (art. 229, CP);
Culposos;
Preterdolosos (ou preterintencionais);
Crimes de “atentado” (nos quais a tentativa já é um elemento do tipo. Ex: art. 352, CP; art. 9º e 11, da Lei de Segurança Nacional);
Unissubsistentes (que se realizam por um único ato);
Omissivos próprios;
Os crimes que a lei somente pune quando ocorre o resultado (art. 122, CP). [com a ressalva do entendimento do “Bittencourt”].
O art. 4º, diz que não é punível a tentativa de contravenção, o que paraDamásio, é causa de exclusão de ilicitude (entendo que é causa de atipicidade).
6.4.6 Exaurimento do delito
Há exaurimento quando, consumado o crime, são atingidas suas consequências mais lesivas. Ex: na corrupção passiva (art.317, CP), basta a solicitação da vantagem indevida para a consumação do crime. O efetivo recebimento será o mero exaurimento. Não se confundem a consumação com o exaurimento, pois, quando este ocorre, o crime já se consumou, podendo o magistrado, ao dosar a pena, estabelece-la de modo mais severo.
6.4.7 Punição dos atos preparatórios 
Como visto em regra os atos meramente preparatórios (como o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio) são impuníveis. Porém, em certos casos, a lei, antecipa-se, no sentido de tipificar atos que, pelo preceito geral, permaneceriam indiferentes ao Direito Penal. É o caso da quadrilha ou bando (art. 288, CP) e da associação para o tráfico de drogas (art.35, da Lei nº 11.343/06).
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Na lição de Liszt, são as chamadas “pontes de ouro”, que gratificam o agente que retroceder em seu propósito criminoso, destinando-lhe tratamento penal mais brando. Estão previstas no art. 15, do CP: “o agente que, voluntariamente, (1) desiste de prosseguir na execução ou (2) impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”. “grosso modo, desistência voluntária é a desistência de prosseguimento da execução”, “arrependimento, o agente resolve agir no sentido oposto da execução já iniciada”.
É uma chance que a lei concede ao agente, visando evitar um resultado mais lesivo.
6.5.1 Desistência voluntária
Na desistência voluntária, o agente continua sendo dono de suas decisões (Wessels), mas voluntariamente resolve não seguir na execução do delito, de modo que o resultado não se consuma (condição sine qua non para reconhecimento desse instituto). Ocorre na tentativa imperfeita, de que já falamos.
6.5.2 Arrependimento eficaz
No arrependimento eficaz, o agente atinge o objeto material, mas resolve agir no sentido contrário àquele inicial, impedindo que o resultado se consume (ex. levando a vítima ao hospital).
No primeiro caso, há uma omissão do sujeito ativo; segundo, uma ação.
Tanto na desistência voluntaria, quanto no arrependimento eficaz, É ESSENCIAL QUE NÃO HAJA A CONSUMAÇÃO DO RESULTADO. HAVENDO, O CRIME ESTARÁ CONSUMADO.
Não se confundem os significados de voluntario e espontâneo. Neste, há uma iniciativa do agente, sem qualquer solicitação de terceiro. Naquele, pode a conduta ser resultado da solicitação de alguém.
Ex. se, diante da Igreja, você nela entra por conselho do padre, seu ato é voluntário, se você entra por inciativa própria, seu ato é espontâneo.
Da mesma forma, se o agente interrompe a execução do homicídio atendendo às suplicas da vítima, ou dos filhos desta, a desistência não será espontânea, mas será voluntaria. É O QUE BASTA.
Por outro lado, se a interrupção ocorrer devido à chegada da polícia; ou porque os cartuchos mascaram; ou porque a vitima reagiu; ou porque a vizinhança começou a identificar o agente, não haverá desistência voluntaria, mas sim desistência forçada e, por conseguinte, TENTATIVA.
6.5.3 Natureza jurídica e consequência jurídica
Ainda que se discuta sobre a natureza jurídica dos institutos, podemos dizê-los causas de atipicidade em relação à conduta inicialmente pretendida, embora responda pelos atos delituosos já praticados.
Exs: no furto, pode restar a violação do domicilio; no homicídio, pode restar a lesão corporal ou o porte ilegal de arma de fogo; no furto mediante arrombamento, pode restar o dano da porta ou janela.
6.5.4 Fórmula de Frank
“Segundo a fórmula de Frank, existirá a desistência voluntária sempre que o agente pode prosseguir, mas não quer. Se ele quer, mas não pode, haverá crime tentado.” 
6.5.5 Dificuldades concretas na distinção entre desistência, arrependimento e tentativa
Diante do exposto, o resultado poderá:
Consumar-se: ao agente será aplicada a pena prevista no preceito secundário do tipo.
Não se consumar: a) por circunstancias alheias a vontade do agente. B) em razão da vontade do agente. B1) desistência voluntaria. B2) arrependimento eficaz.
No item I, ao agente será aplicada a pena prevista no preceito secundário do tipo.
No item II, A (tentativa), o agente terá praticado um delito, cuja pena prevista no preceito secundário será reduzida de um a dois terços.
No item II, B, poderá não haver delito algum, ou um delito residual, mas o agente certamente não responderá pela conduta incialmente visada.
- Arrependimento posterior: há a consumação do crime, não pode ser crime com violência ou grau de ameaça à pessoa. 
- Ato voluntário do agente consequência jurídica: redução de pena de ½ a 2/3. 
- Crime impossível: 
Meio empregado: se for manifestamente ineficaz para a pratica do crime, ou seja, por ele não se violará o bem jurídico tutelado.
Objeto visado: se for impróprio para a ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma.
Assim, não haverá crime sequer tentado.
7 CONCURSO DE PESSOAS
7.1 Introdução
Deixando de lado a insolúvel discussão acerca dos motivos que levaram o homem a viver em sociedade, certo é que desde os primórdios indivíduos agrupam-se em comunidades (famílias, clãs, tribos, sociedades), e tal capacidade gregária permitiu-lhes enfrentar com maior facilidade o meio ambiente hostil e, em especial, os grupos humanos rivais.
Essa ideia de que a reunião permite aos homens uma maior eficácia na perseguição de seus objetivos comuns tem reflexos, inclusive, entre os delinquentes.
Quando estudamos o crime consumado e o crime tentado, vimos que entre a cogitação e o resultado há um caminho a ser percorrido, denominado iter criminis. Nesse itinerário, é possível a atuação isolada de uma pessoa, mas também é possível que dois ou mais indivíduos venham a planejar o delito, ou forneçam os meios materiais para a sua execução, ou pratiquem a conduta descrita no verbo nuclear do tipo.
A todos deve caber a justa apenação, na medida da reprovabilidade da contribuição de cada um para o crime.
Via de regra, podem os crimes ser praticados por um único indivíduo. É o que ocorre, por exemplo, com o furto, a lesão corporal, o homicídio. Porém, é possível que os criminosos eventualmente se associem, de modo a facilitar sua empreitada, situação que tem reflexos penais; aliás, é um fenômeno cada vez mais constante na sociedade contemporânea.
Por outro lado, certos tipos penais exigem, entre seus elementos, o concurso necessário de duas ou mais pessoas.
Crime de concurso necessário: ex -> quadrilha.
Este tema sob análise: o concurso de pessoas.
7.2 Definição
Concurso de pessoas é a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal, tendo por pressuposto a convergência de vontades para a realização do tipo penal, ainda que inexistente o prévio ajuste entre os agentes.
Para que ocorra o concursus delinquentium é indispensável a existência ao mesmo tempo, de um elemento subjetivo (a vontade de, pelo menos, um dos agentes de contribuir para a conduta criminosa de outro) e de um elemento causal (a contribuição para a prática do fato típico). 
7.3 Terminologia
7.4 Crimes unisubjetivos e crimes plurisubjetivos
a) Crimes unisubjetivos, ou de concurso eventual, são aqueles que podem ser praticados por um único agente. É o que a parte especial, em geral, prevê, como nas hipóteses de homicídio, lesões corporais, aborto, induzimento a suicídio, estupro, etc. Todavia, nada impede que duas ou mais pessoas, unidas por um vinculo subjetivo unilateral, bilateral ou multilateral, concorram para a pratica do mesmo delito. Nesse caso, todas responderão pelo ilícito penal praticado, segundo a regra insculpida no art. 29, do Código Penal.
Note-se que, para reconhecimento do concurso de pessoas, não é necessário um ajuste prévio entre os participantes bastando de um deles adira, ainda que momentaneamente, à vontade dos demais. Como afirmado, o liame subjetivo pode ser até mesmo unilateral, como no exemplo do indivíduo que, diante de umhomicídio, segura a vítima, sem que nada lhe pedisse o autor.
b) Já os crimes plurisubjetivos, ou de concurso necessário, são aqueles em que o concurso de duas ou mais pessoas é elemento do tipo, razão pela qual a inocorrência desse requisito leva à atipicidade, absoluta ou relativa, conforme o caso. Ou seja, o próprio tipo exige, para sua configuração, o concurso de certo número de agentes. Como exemplos temos o crime de quadrilha ou bando, que exige o concurso de mais de três pessoas; o esbulho possessório; o roubo e o furto qualificados pelo concurso de agentes (ressaltando-se a tese de Amilton Bueno de Carvalho, para quem a maior punição cominada para o furto qualificado pelo concurso de agentes feriria o princípio da proporcionalidade).
7.6 Teorias sobre o concurso de pessoas
Existem pelo menos três teorias principais relativas ao concurso de pessoas.
Segundo a teoria pluralista, à pluralidade de agentes corresponderia a pluralidade de crimes. Em outras palavras, haverá tantos crimes quantos sejam os participantes, pois a cada um corresponderá uma conduta própria, um elemento subjetivo próprio e um resultado particular.
Para a teoria dualista (Manzini), distinguem-se coautoria e participação, havendo um crime para a primeira hipótese, e um crime distinto para a segunda. #AMaisImportante
Teoria monista ou unitária, não há distinção entre autor e partícipe, de modo que todo aquele que concorrer para o crime por ele responderá. 
O Direito Penal brasileiro, no seu art. 29 adota a teoria monista mitigada, de modo que aquele que concorre para a pratica de um delito incide nas penas a ele cominadas na medida da sua culpabilidade. Já o paragrafo 1º, do mesmo dispositivo, estabelece que, em caso de participação de menor importância, a pena poderá ser reduzida de um sexto a um terço.
Daí concluímos que, embora adotando a teoria unitária, nossa legislação penal distinguiu coautoria e participação, destinando a cada uma delas tratamento que procurou se equilibrado, de modo a assegurar uma correta individualização da pena. Segundo René Ariel Dotti, trata-se de autêntica “cláusula salvatória” contra os excessos que poderiam decorrer da adoção radical da teoria monista.
Desde modo, podemos concluir que existem a teoria monista pura e a teoria monista temperada. Para a primeira, não há distinção entre autor e partícipe do delito, incorrendo todos os participantes nas mesmas penas; para a segunda, distinguem-se autor e partícipe, mas, como regra geral, todos incidirão, indistintamente, nas mesmas penas cominadas no tipo no qual incorreram. Porem, excepcionalmente, na hipótese de participação de menor importância, a pena poderá ser reduzida de 1/6 a 1/3.
7.7 Requisitos do concurso de pessoas (crimes de concurso eventual)
A doutrina aponta quatro requisitos para o concurso de pessoas:
Pluralidade de agentes e de condutas. Este é o requisito básico, pois sem a efetiva concorrência de duas ou mais pessoas para a prática do crime não haverá falar em concurso de agentes.
Relevância causal das condutas. É também necessário que a conduta do coparticipante tenha influenciado, de alguma forma, a pratica do delito. Assim, a conduta daquele que fornece um revolver a pessoa já determinada a praticar um homicídio não será relevante se o executor utilizar uma faca, dada a inutilidade concreta da sua contribuição.
Vinculo psicológico entre os participantes. Esta adesão voluntária pode ser unilateral, bilateral ou multilateral. A primeira hipótese ocorre quando apenas um dos participantes tem ciência de estar contribuindo para o crime praticado pelo outro. Assim, o vigia que, propositalmente, deixa a janela da loja aberta, sabedor que alguém planejava nela penetrar com o intuito de furtar, pratica o crime de furto, ainda que inexistente a ciência do outro agente (executor da subtração) sobre a colaboração recebida. Notem ser possível que um dos agentes desconheça que o outro presta-lhe auxilio. Nas demais hipóteses, existem um liame psicológico entre os diversos participantes, seja a conduta desde principal ou acessória.
Identidade de infração penal. Segundo Damásio, a identidade de infração não é propriamente um requisito do concurso de pessoas, mas sua consequência lógica: é essencial que todos os participantes incidam na mesma figura típica. Não é o caso de concurso de pessoas, por exemplo, o aborto consentido pela gestante e o aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante, uma vez que cada um dos agentes incidirá num tipo específico.
Aula dia 14 de março
7.15 Concurso de pessoas em crime culposo
Segundo a fórmula empregada à larga pela doutrina brasileira, “não existe participação dolosa em crime culposo, nem participação culposa em crime doloso”.
Porém, poderá haver coautoria em crime culposo, como na hipótese dos dois operários que, do alto do edifício em construção, arremessam imprudentemente uma tábua, que cai sobre um pedestre, matando-o. Ambos responderão por homicídio culposo, em coautoria.
Contudo, não há participação culposa em crime doloso. Esquecendo o farmacêutico o sal venenoso em local inseguro (conduta negligente), que é retirado dolosamente por outra pessoa para matar alguém, o primeiro não responderá por tal delito, pela ausência de nexo psicológico.
Da mesma forma, não há participação dolosa em crime culposo. É o caso do passageiro que incentiva o motorista a dirigir em velocidade excessiva nas areias de uma praia, com intuito de ver atropelado e morto seu inimigo, que sabe deitado à beira-mar. Consumando-se o resultado morte, respondera o motorista por homicídio culposo (que foi imprudente na direção) e o passageiro, por homicídio doloso.
7.16 Concurso de pessoas e crimes omissivos próprios 
Crimes omissivos próprios são aqueles que a omissão é elemento do tipo. Em regra, o legislador emprega a expressão “deixar de”, “não pedir”, “faltando ao pagamento”, etc.
Sobre a participação
É perfeitamente possível a participação em crimes omissivos próprios. 
Sobre a coautoria
Por outro lado, em se tratando de coautoria, a questão é controvertida. Sustenta Julio Fabbrini Mirabete que não é possível a coautoria, pois cada um dos omitentes responderia por um delito distinto.
7.17 participação e crimes omissivos impróprios
Crimes omissivos impróprios são aqueles em que o resultado ocorre sem que o agente, ocupando a posição de garantidor, tivesse agido para impedi-lo. “Pai e mãe que tem dever de medicar o filho doente e não o fazem”. Incorrerão no crime com coautoria desde que haja liame subjetivo.
7.18 Concurso de crimes e circunstancias incomunicáveis (art. 30 CP)
7.19 Multidão delinquente
Artigo 65 do CP, a pratica do crime sob influência de multidão, em tumulto que não provocou, constitui circunstância genérica que determina a atenuação da pena provisória.
7.20 Casos de inimputabilidade
A participação é penalmente irrelevante se o crime não chega a ser tentado.
CRIME É FATO:
	TÍPICO
	ILÍCITO
	CULPÁVEL
	CONDUTA
	
	
	RESULTADO
	
	
	NEXO CAUSAL (relação física entre conduta e resultado)
	
	
	TIPICIDADE
	
	
 ILICITUDE
Introdução:
De acordo com o conceito analítico de crime adotado (crime é fato típico, ilícito e culpável), o segundo elemento é a ILICITUDE. Em outras palavras, para que o fato típico constitua um delito é essencial que ele também seja ilícito (o crime é um fenômeno jurídico, porém contrário ao direito).
Existem quatro causas legais de exclusão de ilicitude, que estão previstas no art. 23, do CP. 
Legitima defesa; 
Estado de necessidade.
Estrito cumprimento do dever legal;
Exercício regular do direito.
Segunda categoria: causas supralegais de exclusão de ilicitude (não estão previstas expressamente na lei, porém intrinsecamente na lei). Destaca-se o consentimento prévio do ofendido. 
São apontadas, ainda, causas supralegais de exclusão de ilicitude, dentre as quais se destaca o consentimento prévio do ofendido capaz, em relação a certos delitos.
As condutas típicas em princípio são ilícitas, mas poderão deixar de sê-lo, quando incidir alguma causa de exclusão de ilicitude.- Estado de necessidade
Artigo 24 do Código Penal.
A pessoa age para afastar uma situação de perigo, seja para si próprio (estado de necessidade próprio) ou alheio (direito próprio de terceiro). 
* Agressão é diferente de estado de perigo. Agressão é ação humana, da ação humana há a legítima defesa.
Podemos ter:
* Bem sacrificado e bem preservado de igual valor; (vida x vida);
* Bem sacrificado de valor superior ao bem preservado; (patrimônio em desfavor da vida) não é viável o estado de necessidade.
* Bem preservado de valor inferior ao bem sacrificado. (sacrifica-se a patrimônio x vida).
Estado de necessidade justificante ou estado de necessidade exculpante:
Teorias: Unitária: o estado de necessidade sempre afasta a ilicitude do fato. É a adotada pelo CPB.
Diferenciadora: - estado de necessidade justificante: na hipótese do sacrifício de um bem em favor de 		 outro de maior importância, afasta-se a ilicitude.
- estado de necessidade exculpante: na hipótese do sacrifício de um bem em favor de outro de valor igual ou inferior, afasta0se a culpabilidade (é a posição de Fragoso, Pierangeli e Zaffaroni).
Elementos:
Ameaça a direito próprio ou alheio
Existência de um perigo atual e inevitável;
Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado;
Uma situação de perigo não provocada voluntariamente pelo agente;
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. 
Por elemento subjetivo entenda-se o conhecimento do agente de que atua amparado por uma situação de fato que constitui causa de exclusão de ilicitude.
Ex: o individuo mata um desafeto sem saber que o barco onde se encontravam está afundando. Dessa forma, acaba depois ficando com a única boia, que o salva do afogamento. Nesse caso, inexistindo o elemento subjetivo, o agente não poderia se beneficiar do estado de necessidade.
Aula dia 20 de março
- Estado de necessidade próprio e de terceiros
A lei reconhece o estado de necessidade quando o agente pratica o fato para evitar o sacrifício de direito dele próprio ou de terceira pessoa (parente, amigo, esposa, desconhecido, etc.).
Entende a doutrina, majoritariamente, que, sem se tratando de estado de necessidade de terceiro, o bem preservado deve ser indisponível (ex: a vida); sendo disponível, não será possível a incidência do instituto.
- Os crimes famélicos
A fome, especialmente a fome extrema, altera o comportamento normal do individuo e, muitas vezes, pode fazê-lo romper os cliques da continência. Os chamados “crimes famélicos” podem ser analisados à luz do estado de necessidade, especialmente quando não sejam praticados com violência ou graves ameaças. Assim, o chefe de família desempregado e sem recursos econômicos que furta arroz ou feijão para alimentar a prole pode ser beneficiado com o instituto, desde que bem demonstrada sua situação de pobreza extrema e sua tentativa de obter os bens alimentícios por outra maneira.
O mesmo se diga – e com maior razão – do pai ou da mãe que furta medicamentos essenciais à manutenção da saúde de seu filho (por exemplo, insulina para o filho diabético).
O principio da insignificância (ou da bagatela) exclui a tipicidade, dada ausência da tipicidade material.
- Furto famélico e saques
Excesso no estado de necessidade
Como visto, é possível a ocorrência do excesso, doloso ou culposo, no estado de necessidade. Ex: o faminto que, após subtrair para seu filho o medicamento essencial, resolve também levar algumas garrafas de bebida. Tenso agido dolosamente, responderá pelo furto desses outros bens.
Legítima defesa
“Art. 25 – entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
A legítima defesa, na ordem proposta pelo Código Penal, é a segunda causa de exclusão de ilicitude a ser analisada.
- Requisitos de legítima defesa:
Agressão injusta;
As agressões a direitos de terceiros somente podem ser atribuídas a seres humanos, daí porque, se algum animal bravio ataca o defendente, que o mata para não ser lesionado, a hipótese será de estado de necessidade, salvo quando a besta for o instrumento utilizado pelo agressor. Nesta hipótese, poderá haver legitima defesa.
Os agressores podem ser imputáveis ou inimputáveis (menores de 18 anos, doentes mentais). Podem os agressores também estar agindo sem culpabilidade, como as pessoas coagidas para a pratica de crime (ex. gerente de banco que furta o malote para os sequestradores de sua família. Os eventuais vigias bancários poderão agir na defesa do patrimônio do banco).
A agressão da qual o individuo pretende defender-se deve ser injusta. Daí, o condenado à morte que mata os membros de pelotão de fuzilamento para não morrer não poderá invocar legitima defesa. O devedor que agride o oficial de justiça que lhe penhora ou apreende os bens não poderá invoca-la.
Agressão atual ou iminente;
A agressão atual é aquela que ocorre no momento do fato; agressão iminente é aquele que está prestes a acontecer.
Não é legítima a “defesa” contra agressão pretérita. Ex. o agredido que vai até sua casa buscar uma arma e com ela mata ou fere seu agressor. É chamada “repulsa tardia”.
Também não é legítima a defesa contra uma agressão futura. Ex. acreditando que a ameaça do vizinho, no futuro, vai se concretizar, o indivíduo mata-o.
Defesa de direito próprio ou alheio;
Quando se defende direito próprio, dá-se o nome de legítima defesa própria; quando se defende direito alheio, dá-se o nome de legítima defesa de terceiro.
Não é necessário que o terceiro seja parente ou amigo do defendente; embora a doutrina algumas vezes sustente que, na legítima defesa alheia, o bem jurídico a ser preservado deva ser indisponível. Sendo disponível, tornar-se-ia essencial a solicitação de ajuda do titular do bem jurídico.
Repulsa a agressão;
É essencial que o defendente esteja repelindo uma agressão.
Provocação não se confunde com agressão. Ex. pessoa que solta fogos na derrota do Atlético Mineiro, sabendo que o vizinho é atleticano; vizinho que promove festa para comemorar a morte de um desafeto. Tais situações, por mais desconforto que provoquem, não caracterizam agressão a direito alheio, embora possam constituir atenuante genérica ou mesmo causa de redução da pena no homicídio. 
O desafio para o duelo não pode ser invocado para a legitima defesa.
Atualmente, pacificou-se nos tribunais que a chamada “legítima defesa da honra” não é amparada pela lei, embora os tribunais do júri, vez ou outra, ainda a reconheça.
No Brasil, ao contrário do que ocorre em outros países, não se pode exigir do defendente a fuga (commodus discessus). O direito não impõe covardia.
Uso moderado dos meios necessários;
A defesa somente será legítima quando for empregada para repelir a agressão, e nada mais. Não é instrumento de justiçamento ou de vingança. Ou seja, o instituto não visa a resguardar o abuso do direito. 
Meio necessário é aquele que, no caso concreto, se mostre adequado à repulsa, devendo o defendente empregar o de menor dano, embora não exija a lei uma paridade entre defesa e ataque. Como bem lembrava Hungria, não se trata de pesagem numa balança de farmácia.
Assim, em principio, pode a pessoa usar uma arma de fogo para a defesa do patrimônio, desde que seja o instrumento adequado, segundo a situação concreta.
O meio (instrumento) adequado deve ser usado com moderação, ou seja, não pode utilizá-lo além daquilo que se mostra necessário para fazer cessar a agressão. O homem, todavia, não é uma máquina, estando sob a influência de seus medos, de sua cultura, do seu estado de espírito, etc.
Assim, em princípio, quando o assaltante cai desfalecido ao primeiro tiro do defendente, cessa a agressão que autorizara a legitima defesa. Contudo, a eventual existência de outros disparos, por si só, não determinará o reconhecimento do excesso, pois pode ser fruto da emoção do momento e da incapacidade de verificar que o agressor não mais oferecia risco.
Ao contrário do que ocorre no estado de necessidade (que exige o bem sacrificado seja de valor igual ou inferior ao bem preservado),na legitima defesa, por se tratar de uma agressão, pode-se, por exemplo, matar alguém para preservar o patrimônio.
Se houver excesso em relação ao meio ou ao uso desses meios, poderá o agente responder por dolo ou culpa (aqui, se houver a tipicidade culposa). Assim, se o defendente, percebendo que o agressor não oferece mais qualquer risco, resolver descarregar o revolver, ai matando o criminoso, respondera por homicídio doloso (se comprovado que o agressor morrera ao primeiro disparo, o excesso será penalmente irrelevante pela impropriedade absoluta do objeto).
Se os disparos resultaram de imprudência, responderá o defendente por homicídio culposo.
Vontade de defender-se
É o elemento subjetivo.
- Legítima defesa contra legítima defesa
Duas pessoas poderiam, simultaneamente e uma contra a outra agir em legitima defesa? Em principio, não. Porem, estando uma em situação de legitima defesa putativa, a outra poderá agir em legitima defesa real. Partamos do exemplo já conhecido:
Tício, ao avistar Mévio (que já prometera mata-lo em várias ocasiões) vindo em sua direção numa rua deserta, percebe que o mesmo leva repentinamente a mão à cintura. De imediato, Tício retira um revolver e começa a disparar contra o suposto agressor que, na realidade, entregar-lhe uma bíblia. Mévio, então, na iminência de ser morto, apodera-se de outro revólver, e mata Tício.
Os dois envolvidos agiram em legítima defesa: Tício, em legítima defesa putativa (suposta, imaginária) e Mévio, em legítima defesa real.
Porém, se Mévio, de fato, pretendesse matar Tício, não poderia invocar a legítima defesa.
- Legítima defesa e excesso
Tício, agindo em legítima defesa, efetua golpes com um taco de beisebol contra Mévio, jogando-o ao solo, inerte. Porém, indo além, Tício começa a desferir novos golpes contra o desafeto. Nesse caso, Mévio ( ou mesmo um terceiro) poderia agir em legítima defesa contra a conduta excessiva.
- Legítima defesa e estado de necessidade: diferenças
Na legitima defesa há uma agressão a um bem jurídico; no estado de necessidade, um conflito entre bens jurídicos;
A legítima defesa somente advém da conduta humana; no estado de necessidade, a situação de perigo pode advir da conduta humana, de ataque animal ou de evento natural;
Na legitima defesa, a ação do defendente volta-se contra o agressor; no estado de necessidade, a conduta pode ser contra terceiro;
Na legitima defesa, a repulsa à agressão pode resultar na violação de bem jurídico de maior importância; no estado de necessidade, o bem a ser preservado deve ser de valor igual ou superior ao bem a ser sacrificado;
Na legitima defesa, não é necessário que a vítima evite, fugindo, a situação de risco; no estado de necessidade é essencial que a pessoa em perigo tente, de outras formas, evitar a situação de perigo.
Estrito cumprimento do dever legal
A lei não define o que seja o estrito cumprimento do dever legal, mas todos nós sabemos que a legislação impõem deveres a todos nós, em especial aos servidores públicos.
Quando a pessoa cumpre o comando normativo, não praticará crime algum, desde que o faça nos estritos limites estabelecidos pela lei, penal ou civil ou administrativa, etc. 
Não há crime quando:
Fuzilamento do condenado a morte por crime militar praticado em tempo de guerra.
Morte do inimigo no campo de batalha.
Prisão em flagrante realizada por policial (a prisão feita por particular será exercício regular do direito).
Poderíamos mencionar:
Arrombamento da porta da casa pelo policial, para cumprir ordem judicial;
Retirada de bem da casa do devedor pela oficial de justiça, em cumprimento de ordem judicial.
Como estudado, para os que defendem a teoria da tipicidade conglobante, as condutas supracitadas, porquanto impostas pelo ordenamento jurídico, não seriam típicas. Todavia, não é a teoria adotada pelo CP Brasileiro.
Exercício regular do direito
Além de deveres, a legislação também faculta a todos o exercício de um sem número de direitos. Por óbvio, o exercício de um direito, dentro dos limites traçados, não poderá constituir, simultaneamente, um ilícito (penal) e um licito, sob pena de caracterizar-se uma antinomia. As normas jurídicas, penais e extrapenais, devem formar um todo harmônico.
Assim, o pai que castiga moderadamente o filho menor age no exercício regular do direito de educar, mesmo que lhe cause lesões leves; o lutador de boxe que lesiona seu adversário não pratica crime algum, mesmo que mate o outro pugilista dentro das regras.
O particular que prender em flagrante um criminoso também estará amparado pela excludente de ilicitude, pois o art. 201 do CPP.
Da mesma forma, o hoteleiro que toma em garantia os objetos dos seus fregueses, até o valor da dívida (arts. 1467 e 1469 do CC).
AULA DIA 21 DE MARÇO
Causa supralegal de exclusão de ilicitude: o consentimento do ofendido
Em boa parte dos crimes, o consentimento do ofendido é um indiferente ao Direito Penal: mesmo que o titular do bem jurídico tutelado pelo Direito Penal manifeste sua concordância, crime haverá. Assim ocorre quando se trate de direitos indisponíveis, como a honra.
Noutros casos, o consentimento do ofendido afastará a própria tipicidade. Ex. violação de domicílio (art. 150 CP); a introdução de animais em propriedade alheia (art. 164 CP); o dano (art. 163 CP).
Em todos esses casos, caso a vítima consista previamente, não haverá crime, pela ausência de tipicidade.
Por fim, há situações em que o consentimento da vitima poderá afastar a ilicitude. Aqui não se trata de causa de exclusão de ilicitude prevista em lei, mas de causa supralegal, criada a partir de construção doutrinária.
Nessa situação, é essencial que o consentimento preencha os seguintes requisitos:
Que seja prévio ou concomitante à conduta típica;
Que verse sobre direito disponível;
Que o titular seja capaz de consentir (que seja maior de dezoito anos e não aja sob coação ou fraude).
Assim, caso se entenda que a tatuagem representa uma lesão corporal, a atuação do tatuador, mesmo que típica, não será ilícita, desde que o tatuado consinta validamente. 
CRIME É FATO:
	TÍPICO
	ILÍCITO
	CULPÁVEL
	CONDUTA
	LEGÍTIMA DEFESA
	
	RESULTADO
	ESTADO DE NECESSIDADE
	
	NEXO CAUSAL (relação física entre conduta e resultado)
	EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
	
	TIPICIDADE
	CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
	
	
	ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
	
CULPABILIDADE
INTRODUÇÃO
Apesar das críticas que boa parcela da doutrina ainda lhe dedica, a noção contemporânea de culpabilidade ainda está ligada à ideia de livre arbítrio (fundamento filosófico). 
DEFINIÇÃO
Não fornece a lei penal o conceito de culpabilidade, daí porque essa tarefa fica a cargo da doutrina.
Hans Welzer, que elaborou a teoria finalista da ação, assim definia a culpabilidade: 
“a culpabilidade é a reprovabilidade da resolução de vontade. O autor podia adotar no lugar da resolução da vontade antijurídica – tanto se esta se dirige à realização dolosa do tipo como se não se aplica a direção final mínima exigida – uma resolução de vontade conforme a norma. Toda culpabilidade é, pois, culpabilidade de vontade.”
Segundo Mirabete, seria “a reprovabilidade da conduta típica antijurídica”.
Culpabilidade é, pois, o juízo de reprovação pessoal que recai sobre conduta típica e ilícita praticada pelo agente, que sendo imputável, dispunha de potencial conhecimento da ilicitude e poderia agir conforme o Direito.
Tenso em vista que a ideia de “reprovabilidade” é mais clara do que a de “culpabilidade”, defendemos que a melhor conceituação analítica de crime seria: crime é a conduta típica, ilícita e reprovável.
CULPABILIDADE COMO ELEMENTO DO CRIME
Parte dos doutrinadores brasileiros – como Damásio, Mirabete, etc. – sustenta que a culpabilidade não seria um dos elementos do crime, mas uma condição para a imposição da pena. O delito existiria bastando que a conduta seja típica e ilícita.
Assim, um menor de dezoito anos praticaria crime, ainda que não possa sofrer a pena (a ele aplicar-se-ia medida socioeducativa); o mesmo se dizendo em relação ao doente mental, que tenha afastada completamentea capacidade de entender a ilicitude do fato ou de autogovernar-se.
Todavia, para a grande maioria dos doutrinadores, como Toledo, Zaffaroni, Fragoso, Bittencurt e Pierangeli; crime é a conduta típica, ilícita e culpável, sendo, dessa forma, a culpabilidade o terceiro elemento do crime e não pressuposto para a aplicação da pena.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DA CULPABILIDADE
Deve-se à doutrina alemã no século XIX, a gênese da teoria do delito. Posteriormente, numerosos doutrinadores deram suas contribuições ao tema, tais como Hans Welzel, dentre outros. 
4.3- Teoria da ação final ou teoria finalista da ação
Nasce a partir dos estudos de Welzel, na década de 30, do século XX. Para ela, não se concebia que separar vontade de finalidade. Dolo e culpa seriam o conteúdo finalístico da vontade. Dolo e culpa passam a ser parte integrante do fato típico; sendo elementos da culpabilidade: imputabilidade; potencial consciência sobre a ilicitude do fato; exigibilidade de conduta diversa. Ou seja, a culpabilidade perde seus elementos psicológicos e passa a ter tão-somente elementos normativos.
Segundo a teoria finalista, a conduta não seria limitada a uma mera e mecânica enervação muscular, mas sim a ação ou omissão humana dirigida a uma determinada finalidade.
Para Welzel, no conceito de crime estariam insertos:
A conduta, concebida como a ação ou omissão humana, voluntária, dirigida a determinada finalidade;
A tipicidade, como proibição de uma conduta dolosa ou culposa;
A antijuridicidade, entendida como a contradição entre a conduta proibida pelo tipo penal e o ordenamento jurídico; e a
Culpabilidade, agora considerada a reprovabilidade pessoal que se lança sobre o agente, por não ter atuado corretamente, apesar de ter podido obrar conforme a norma.
Como se percebe, além da modificação na visão acerca da conduta, também se alterou o conceito sobre a culpabilidade. Com efeito, dolo e culpa deslocam-se da culpabilidade para o fato típico, pois, no plano da realidade, é impossível retirar-se da conduta seu elemento anímico (vontade).
CULPABILIDADE E DIREITO POSITIVO BRASILEIRO
Na reforma que introduziu a assim chamada Parte Geral do CP brasileiro (Lei nº 7209/84) adotou-se a teoria finalista.
ELEMENTO DA CULPABILIDADE
Os elementos da culpabilidade são:
(7) Imputabilidade;
A lei não define o que seja imputabilidade, ficando essa tarefa para as doutrinas.
Em termos bem simples, imputabilidade é a possibilidade de se atribuir, imputar o fato típico e ilícito ao agente.
Fragoso pensa: imputabilidade é poder o sujeito estruturar, de acordo com suas condições psíquicas, sua consciência e vontade de acordo com o direito.
O CP aponta tão-somente as causas excludentes da imputabilidade. Incidindo qualquer delas, o sujeito não será “imputável e, portanto, não estará caracterizada a culpabilidade”.
Por menoridade (art. 228 da CF e 27 do CP e 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente), ou 
Por doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardo (art. 26, caput, do CP) [é essencial a reunião de todos esses requisitos: doença mental + que se manifeste ao tempo do fato + afaste totalmente a capacidade de entendimento sobre a ilicitude ou afaste totalmente a capacidade de autogoverno], ou
Por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28 parágrafo 1º, do CP).
(8) Potencial conhecimento da ilicitude;
O art. 21, do CP, dispõe que o desconhecimento da lei é inescusável. Trata-se de princípio que incide não somente em sede penal, mas em todo o ordenamento jurídico brasileiro (art. 3º da lei de introdução ao Código Civil). Contudo, um direito penal legitimado pelo Estado Democrático de Direito não poderia desconsiderar que certos indivíduos, em razão de suas condições pessoais, poderá ver suprimida ou diminuída sua capacidade de compreensão da ilicitude de um determinado fato. Assim, o erro de proibição decorre justamente daí: o agente engana-se sobre a ilicitude de sua conduta. 
Ex: todos sabem que machucar alguém é um crime. Mas, a vitima que, vendo o ladrão, dias depois do furto, com seus objetos, resolve recuperá-los batendo no criminoso, talvez desconheça que tal conduta não caracteriza legitima defesa.
Mesmo pessoas que se dedicam toda a vida ao estudo do Direito muitas vezes divergem sobre a adequada interpretação de determinada norma, quanto mais pessoas que são leigas em termos jurídicos. Elas são mais suscetíveis à inexata compreensão acerca do conteúdo das normas.
Havendo erro inevitável sobre a ilicitude do fato, existirá uma conduta típica e ilícita, mas ela não será culpável (reprovável). Logo, não haverá crime.
Sendo evitável o erro, haverá crime, mas a pena será diminuída, em face da menor reprovabilidade, de 1/6 a 1/3. 
Erro de proibição: - escusável (invencível, insuperável, inevitável) [afasta-se culpabilidade dada à ausência do potencial conhecimento da ilicitude]. – inescusável (vencível, superável, evitável) [a pena é reduzida, dada a menor reprovabilidade].
De acordo com o art. 21 do CP, considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias ter ou atingir essa consciência.
Distingue-se claramente o erro de proibição de erro de tipo: neste, o indivíduo não sabe exatamente o que faz; naquele, o agente sabe o que faz, mas não acredita que sua conduta não é contrária ao direito.
Assim, no caso do sujeito que mata um animal da fauna nativa (um gambá, por exemplo) acreditando trata-se de uma ratazana (animal exótico), não incidirá no art. 29 da lei nº 9605/98 (que não prevê a figura culposa). Porem, o ribeirinho amazônico em visita à metrópole, que vier a matar o gambá para comê-lo, acreditando que é lícito assim proceder, incidirá em erro de proibição.
O desconhecimento da lei é circunstancia atenuante genérica, prevista no art. 65, II, do CP. Os efeitos de tal circunstância serão abordados em outra oportunidade.
Frank propõe a seguinte fórmula para distinguir erro de tipo e erro de proibição: no erro de tipo, o indivíduo não sabe o que faz; no erro de proibição, o individuo sabe o que faz, mas não sabe que é proibido.
Invencível – afasta dolo e culpa, logo, não há fato típico (1º elemento do conceito tripartido de crime);
Vencível – afasta o dolo, mas permite a punição a título de culpa, se existente a tipicidade culposa.
(9) Exigibilidade de conduta conforme o Direito.
O terceiro e ultimo elemento da culpabilidade é a “exigibilidade de conduta conforme o Direito”, que recebe dos doutrinadores diferentes denominações. Em certas situações, embora o indivíduo conheça o caráter ilícito de sua conduta (ou seja, ele tem ciência de que aquilo que ele faz constitui um injusto penal), não pode o Estado dele exigir um comportamento diferente daquele adotado. 
9.1 Coação moral irresistível
Difere-se da coação física irresistível, nesta, que denominada vis corporalis, é a força física que se exerce sobre a pessoa e a leva a agir ou a se omitir, ainda que resistindo. É o exemplo da mãe que, amarrada por terceiro a uma cadeira, não consegue amamentar seu bebê, que assim morre de fome. A mulher, no exemplo, não praticou qualquer conduta, dada a ausência de vontade e finalidade. 
A coação moral irresistível afasta a culpabilidade por inexistência de conduta diversa.
A coação moral resistível atenua a pena.
Dispõe o art. 22, primeira parte, do CP, que se o fato é cometido sob coação irresistível, só é punível o autor da coação. O coato (ou coagido), embora tendo praticado um injusto penal, estará isento de culpabilidade, daí porque não terá praticado crime.

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