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Trabalho - Avaliação 2 - Direito Constitucional I - 2015 - 2º(1)

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p r o f h u g o g d u a r t e @ h o t m a i l . c o m 
 
1 
Direito Constitucional I – Trabalho – 2015 - 2º 
 
 
Instruções: 
 
 
As questões deverão ser resolvidas de forma individual e à caneta (azul ou preta). 
Somente o GABARITO deverá ser entregue quando da aula anterior à aplicação da 
prova concernente à avaliação II. 
O GABARITO não poderá conter rasura, sob pena de perda da (s) questão (ões). 
Valor: 9 pontos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões A B C D E 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
 
 
 
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2 
QUESTÕES 
 
1 (OAB/MG – Dez./2006) A Constituição da República Federativa de 1988 pode ser 
considerada: 
a) super-rígida, pois não permite alteração em seu texto. 
b) rígida, pois prevê mecanismos de alteração do seu texto constitucional mais rigorosos que o 
processo legislativo ordinário. 
c) semirrígida, pois as cláusulas pétreas não podem sofrer nenhuma espécie de alteração. 
d) flexível, devido ao grande número de emendas constitucionais existentes. 
 
 
2 (Promotor de Justiça – 2004 – MG) Assinale a alternativa correta. O poder Constituinte 
Originário distingue-se do poder instituído, porque o primeiro é 
a) essencialmente soberano; 
b) autônomo; 
c) poder político que antecede ao poder do Estado; 
d) incondicionado; 
e) todas as alternativas acima estão corretas. 
 
 
3 (Juiz do Trabalho – 2006 – MS) A respeito do Poder Constituinte, assinale a alternativa 
incorreta: 
a) Segundo aponta a doutrina moderna e conforme o sistema jurídico brasileiro, o exercício do 
poder constituinte pertence ao povo. 
b) O poder constituinte originário é inicial e ilimitado juridicamente. Inicial porque instaura 
uma nova ordem jurídica, rompendo, por completo, com a ordem jurídica anterior. Ilimitado 
juridicamente porque não tem que respeitar os limites impostos pelo direito anterior. 
c) O poder constituinte derivado decorrente advém da capacidade de auto-organização 
assegurada pela Constituição Federal aos Estados-membros, estando ele, contudo, limitado às 
regras traçadas pelo constituinte originário. 
d) O poder constituinte originário não deve obediência às cláusulas pétreas e pode, em tese, 
estabelecer a pena de morte, pena de caráter perpétuo, pena de trabalhos forçados, pena de 
banimento e penas cruéis. 
e) Atualmente, a única forma de alterar a Constituição Federal vigente é através do poder 
constituinte derivado reformador, o qual se manifesta por meio de emendas constitucionais. 
 
 
4 (CESPE – 2009 – DPE – PI – Defensor Público) Relativamente à mutação constitucional 
e aos princípios de interpretação constitucional, assinale a opção correta: 
a) A mutação constitucional não se pode dar por via de interpretação, mas apenas por via 
legislativa, quando, por ato normativo primário, procura-se modificar a interpretação que 
tenha sido dada a alguma norma constitucional. 
b) Em constituições rígidas como a CF, a mutação constitucional se manifesta por meio da 
reforma constitucional, procedimento previsto no próprio texto constitucional disciplinando o 
 
 
 
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3 
modo pelo qual se deve dar a sua alteração. 
c) De acordo com o princípio da unidade da CF, as normas constitucionais devem ser vistas 
como normas isoladas, mas como preceitos integrados em um sistema unitário de regras e 
princípios que não comporta hierarquia, impondo ao intérprete o dever de harmonizar as 
tensões e contradições eventualmente inexistentes entre elas. 
d) O princípio da máxima efetividade significa que, entre interpretações possíveis das normas 
infraconstitucionais, os aplicadores da CF devem prestigiar aquela que consagre sua 
constitucionalidade e que tenha mais afinidade com os valores e fins constitucionais. 
e) O princípio da supremacia constitucional, mediante o qual nenhuma lei ou ato normativo 
poderá subsistir validamente se for incompatível com a CF, tem uma dimensão material, mas 
não forma. Nesse sentido, o descumprimento de preceitos constitucionais de natureza formal, 
não permite a fiscalização judicial da validade do ato, resolvendo-se pelos métodos de 
controle parlamentar ou administrativo. 
 
 
5 Questões: Magistratura AL, Hermenêutica, 2.008, Cespe/UnB. PODER JUDICIÁRIO 
DE ALAGOAS. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PROVA OBJETIVA. CARGO: JUIZ DE 
DIREITO SUBSTITUTO. Aplicação: 2/11/2008. QUESTÃO 61. Considerando que teorias 
relativas aos princípios jurídicos sugerem que regras e princípios seriam espécies de normas 
jurídicas, assinale a opção congruente com essa idéia. 
a) As regras estabelecem o dever-ser mediante a imposição de deveres, proibições e 
permissões; diferentemente, os princípios atuam tão-somente com função hermenêutica, para 
possibilitar a escolha das regras que melhor se conformem ao caso concreto. 
b) O conteúdo das regras caracteriza-se por expressar determinações obrigatórias mais 
completas e precisas; diferentemente, o conteúdo dos princípios se apresenta com maior 
abstração e generalidade, afetando significativamente o modo de sua implementação. 
c) As regras restringem-se a regulamentar condutas em casos concretos; diferentemente, os 
princípios precipuamente estruturam o sistema jurídico, o que lhes confere caráter hierárquico 
superior às regras. 
d) As regras são fundamentadas pelos princípios, sendo destes deduzidas; diferentemente, os 
princípios só podem ser revelados pelas regras, extraindo-se indutivamente de suas aplicações 
particulares os princípios implícitos ou explícitos no ordenamento jurídico. 
e) As regras podem estar em oposição tanto a princípios quanto a outras regras, conflito este 
que causará ou sua validade, ou sua invalidade; diferentemente, os princípios só podem estar 
em oposição a outros princípios, conflito que só poderá se resolver pela técnica da 
ponderação. 
 
 
6 (6º Concurso Público – Outorga de Delegações de Notas e de Registros – TJSP/2009) O 
poder constituinte atribuído aos Estados-membros para se auto-organizarem é denominado: 
a) Decorrente. 
b) Originário. 
c) Originário-derivado. 
d) Originário-federativo. 
 
 
 
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4 
7 (TCM/RJ FGV) Mutação constitucional é: 
(A) o mesmo que reforma da constituição. 
(B) o mesmo que emenda da constituição. 
(C) o processo não-formal de mudança de constituição flexível. 
(D) o processo não-formal de mudança de constituição rígida. 
(E) o processo formal de alteração do texto constitucional. 
 
 
8 (Acadepol/2007/MG) Podemos entender por mutação constitucional: 
a) Que ela consiste na interpretação constitucional evolutiva. 
b) Que ela pressupõe alguma modificação significativa no texto formal da Constituição. 
c) Que pode ser mais limitada (emenda) ou mais extensa (revisão). 
d) Que ela depende, necessariamente, da identificação de um caso de repristinação 
constitucional. 
 
 
9 (TCE-PR – Analista de Controle – Área Jurídica – FCC/2011) Quando a interpretação de 
uma Constituição escrita se altera em decorrência da mudança dos valores e do modo de 
compreensão da sociedade, mesmo sem qualquer alteração formalmente realizada, no texto 
constitucional, pelo Poder Constituinte Derivado Reformador, está-se diante de uma: 
a) interpretação histórica; 
b) integração normativa; 
c) desconstitucionalização; 
d) mutação constitucional; 
e) hermenêutica geracional. 
 
 
10 (XXXII MP/RJ – 2011)No que se refere à interpretação constitucional, o processo 
informal de alteração da Constituição que possibilita modificar o sentido de norma 
constitucional originária, sem alterar o texto, é: 
a) interpretação constitucional elástica; 
b) interpretação constitucional flexível; 
c) interpretação conforme a Constituição; 
d) mutação constitucional; 
e) método da desconstitucionalização das normas constitucionais. 
 
 
11 (PROC/MP/MG/2007) No entendimento de doutrinadores, NÃO é considerado, dentre 
outros, como princípio e regra interpretativa das normas constitucionais, 
a) a unidade da Constituição – interpretação de maneira a evitar contradições entre as normas 
constitucionais. 
b) o efeito integrador – primazia aos critérios favorecedores da integração política e social. 
c) a concordância prática ou harmonização – coordenação e combinação dos bens jurídicos 
em conflito. 
 
 
 
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5 
d) a força normativa da Constituição – adoção de interpretação que garanta maior efetividade 
e permanência das normas constitucionais. 
e) a adoção da contradição dos princípios – os preceitos exigem uma interpretação explícita, 
excluindo-se a implícita. 
 
 
CONTEÚDO 
 
A CONSTITUIÇÃO 
 
Conceito 
 
 A tarefa de se encontrar um conceito para Constituição encontra variados desafios, 
pois a terminologia pode conter diversos sentidos como o sociológico (Ferdinand Lassale); o 
político (Carl Schmitt); o jurídico (Hans Kelsen); e o culturalista. 
 Levando-se em consideração os sentidos que uma Constituição pode conter, fazendo 
uso das palavras de Marcelo Novelino
1
, pode-se definir a Constituição como um conjunto 
sistematizado de normas estruturantes do Estado, tendo por objeto nuclear os direitos 
fundamentais, a estruturação do Estado e a organização dos poderes. 
 Em outras palavras, Constituição é ato de constituir, de estabelecer, de firmar. A 
Constituição de um país deve ser entendida como norma fundamental e suprema de um 
Estado. 
 Logo, a Constituição, ainda que em tese, deve prever todas as necessidades de um 
povo, em dado momento histórico e em dado território. Ou seja, a Constituição é o diploma 
normativo máximo de um Estado, contendo normas que contemplam direitos, garantias e 
deveres da pessoa humana, de distribuição de competências e de estruturação do Estado, de 
formação dos poderes públicos, de forma de governo e de aquisição do poder. 
 
1
 NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 84. 
 
 
 
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6 
 Conforme Ayres Britto
2
 a Constituição é a primeira e mais importante voz do Direito 
aos ouvidos do povo. Nela se encontra o caráter estruturante do Estado e da própria sociedade, 
a um só tempo. É a certidão de nascimento e a carteira de identidade do Estado. É, em suma, o 
projeto de vida global da sociedade. 
 Nesse horizonte, lembramos que a Constituição (Constituição-fundamento) é o 
fundamento das atividades relacionadas ao Estado bem como de toda a vida social, cuja 
regulação dela decorre, sendo a atividade legislativa um mero instrumento de realização dos 
mandamentos constitucionais. 
 A Constituição insurge como uma moldura (Constituição-moldura), dentro da qual os 
poderes públicos podem atuar
3
. 
 
Princípio da Supremacia da Constituição 
 
 Por este princípio entende-se que a Constituição possui posição hierárquica superior às 
demais normas do sistema jurídico. 
 As leis, atos normativos e atos jurídicos em geral não poderão existir validamente se 
incompatíveis com alguma norma constitucional. 
 A Constituição regula o modo de produção das demais normas jurídicas e delimita o 
conteúdo que possam ter. 
 Fazendo uso de uma metáfora, deve-se encarar o ordenamento jurídico como uma 
grande empresa, em que a Constituição é o presidente, donde emanam todas as ordens aos 
subalternos (empregados), que no ordenamento jurídico seriam as leis infraconstitucionais. 
 Neste sentido, vale analisar: 
 
Significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, 
a que confere validade, e que todos os poderes estatais são legítimos na 
medida em que ela os reconheça e na proporção por ela distribuídos. É, 
enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se encontram a própria 
 
2
 BRITTO, Ayres. Discurso de posse no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal. Disponível em: 
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf>. Acesso em: 19 out. 2012. 
3
 Sobre as definições de Constituição-fundamento e Constituição-moldura, consultar NOVELINO, Marcelo. 
Direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 90-91. 
 
 
 
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7 
estruturação deste e a organização de seus órgãos; é nela que se acham as 
normas fundamentais de Estado, e só nisso se notará sua superioridade em 
relação às demais normas jurídicas
4
. 
 
O conflito de leis com a Constituição encontrará solução na prevalência 
desta, justamente por ser a Carta Magna produto do poder constituinte 
originário, ela própria elevando-se à condição de obra suprema, que inicia o 
ordenamento jurídico, impondo-se, por isso, ao diploma inferior com ela 
inconciliável. De acordo com a doutrina clássica, por isso mesmo, o ato 
contrário à Constituição sofre de nulidade absoluta
5
. 
 
A rigor, o princípio da supremacia não disponibiliza nenhum critério 
interpretativo específico, mas deve ser considerado como premissa para a 
interpretação quando o ordenamento for encabeçado por uma Constituição 
rígida. Neste caso, toda interpretação normativa vai ter como pressuposto a 
superioridade jurídica e axiológica da Constituição. Em razão da supremacia 
constitucional, nenhum ato jurídico incompatível com a Lei Maior pode ser 
considerado válido
6
. 
 
No plano dogmático e positivo, a superioridade constitucional se traduz no 
estabelecimento da forma (competência, procedimentos...) e do conteúdo dos 
atos normativos infraconstitucionais, que, na hipótese de inobservância dos 
critérios constitucionalmente estabelecidos, devem ser submetidos a um 
controle de constitucionalidade
7
. 
 
 
Fundamentos da Constituição 
 
Sociológico 
 
 Conforme Ferdinand Lassale, uma Constituição só será legitima se representar o 
efetivo poder social, ou seja, se refletir as forças sociais que constituem o poder. 
 Segundo o autor, caso isso não ocorra, a Constituição será ilegítima, caracterizando-se 
como uma simples folha de papel. 
 Em suma, relativamente à classificação, a Constituição seria a soma dos fatores reais 
de poder de uma sociedade, constituídos pelo conjunto de forças politicamente atuantes na 
 
4
 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 45. 
5
 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 6. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011, p. 123. 
6
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 183. 
7
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 183. 
 
 
 
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8 
conservação das instituições vigentes como monarquia, aristocracia, burguesia, banqueiros, 
entre outros. 
 
Político 
 
 Segundo esta acepção, o fundamento de uma Constituição não está contido noutras 
normasjurídicas ou em si mesma, mas na vontade política concreta que a antecede. 
 Assim, a Constituição não pode apoiar-se noutra norma jurídica, mas apenas numa 
decisão política oriunda de um ser político capaz de impor uma existência política de acordo 
com determinadas normas. 
 Esta definição é um produto de Carl Schimitt, segundo o qual, encontramos o sentido 
político, distinguindo a Constituição de lei constitucional. 
 Para esse autor, Constituição só se refere à decisão política fundamental (estrutura e 
órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, entre outros), enquanto as leis 
constitucionais seriam os demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, 
os quais não conteriam matéria de decisão política fundamental. 
Pode-se afirmar que para Schimitt, como a Constituição é produto de uma certa 
decisão política, ela seria a decisão política do titular do poder constituinte. 
 
Jurídico 
 
 Este sentido de Constituição foi desenvolvido por Hans Kelsen, segundo o qual a 
Constituição encontra-se no mundo do dever-ser e não no mundo ser, caracterizando-se como 
fruto da vontade racional do homem. 
 Nesses moldes, a Constituição seria considerada uma norma pura, puro dever-ser, sem 
qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. 
 A concepção Kelseniana toma a palavra Constituição em dois sentidos, ou seja, o 
lógico-jurídico e o jurídico-positivo. 
 De acordo com o primeiro, Constituição seria uma norma fundamental hipotética, cuja 
 
 
 
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9 
função é servir de fundamento lógico transcendental de validade da Constituição jurídico-
positiva, que se traduz na norma positiva suprema, normas postas, positivadas. 
 Com isso, deve-se ter em mente que se deva haver no direito um verdadeiro 
escalonamento de normas, donde uma constitui o fundamento de validade de outra, numa 
verticalidade hierárquica. 
 Logo, uma norma inferior, busca o seu fundamento de validade na norma superior e 
esta, na seguinte, até chegar à Constituição, que é o fundamento de validade de todo o sistema 
infraconstitucional. 
 
 
Culturalista 
 
 Este sentido nos leva a pensar que a Constituição seja um produto cultural, produzido 
pela sociedade e que sobre ela pode influir. 
 Nesse diapasão, as Constituições positivadas seriam um conjunto de normas 
fundamentais, condicionadas pela cultura total, e, ao mesmo tempo, condicionantes desta, 
emanadas da vontade existencial da unidade política, reguladoras da existência, estrutura e 
fins do Estado. 
 A Constituição abarcaria elementos históricos, sociais e racionais, abrangendo fatores 
relacionados à natureza humana, necessidades individuais e sociais, raça, geografia, costumes, 
tradições, economia, sentimentos, ideais morais, políticas, valores, técnicas jurídicas, formas 
políticas, instituições, entre outros. 
 
Poder constituinte 
 
 O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um 
povo, social e juridicamente organizado. 
 Essa ideia resulta do surgimento das Constituições escritas, visando à limitação do 
poder estatal e à preservação dos direitos e garantias individuais. 
 
 
 
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10 
Titularidade do poder constituinte 
 
 Modernamente, predomina que a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, 
decorrendo o Estado da soberania popular. 
 Em sendo assim, a vontade do constituinte é a vontade do povo, expressa por meio de 
seus representantes. 
 
Espécies de poder constituinte 
 
 O Poder Constituinte pode ser classificado de dois modos, vale dizer, Poder 
Constituinte originário e Poder Constituinte derivado. 
 
Poder constituinte originário 
 
 É aquele a quem incumbe a tarefa de criar a Constituição de um novo Estado, 
organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. 
 O poder constituinte originário manifesta-se por meio de uma Assembleia Nacional 
Constituinte e/ou por um Movimento Revolucionário (outorga). 
 O poder constituinte originário cria a primeira Constituição de um novo país, 
consistindo na sua liberdade política, bem como dá ensejo a demais Constituições quando 
necessário. 
 Este poder tem como características ser inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado. 
 Inicial – Tem esta característica por criar a Constituição e assim dar início a uma 
ordem jurídica; 
 Ilimitado – É ilimitado por não sofrer limites pelo direito anterior. 
 Incondicionado – O poder constituinte originário não está sujeito a qualquer forma 
prefixada para manifestar sua vontade. 
 Relativamente à natureza do poder constituinte originário, há divergência, sustentando 
alguns o seu caráter de poder político e outros o seu status de poder jurídico. 
 
 
 
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11 
 Sobre o tema, Marcelo Novelino discorre: 
 
A natureza do poder constituinte originário pode variar conforme a 
concepção de direito adotada. [...] Para a concepção jusnaturalista, trata-se 
de um poder jurídico (ou de direito). Os defensores da existência de um 
direito eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito 
positivado, sustentam que o poder constituinte, apesar de não encontrar 
limites no direito positivado, estaria subordinado aos princípios de direito 
natural. Nesse sentido, Manoel Gonçalves FERREIRA FILHO, afirma que a 
liberdade de o homem estabelecer as instituições pelas quais há de ser 
revogado decorre do direito natural e que, sendo assim, “o poder que 
organiza o Estado, estabelecendo a Constituição, é um poder de direito”. [...] 
A concepção positivista, por não admitir a existência de qualquer outro 
direito além daquele posto pelo Estado, entende que o poder constituinte é 
anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma jurídica, devendo ser 
considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força 
social responsável por sua criação. [...] Carl SCHMITT adota a tese de que, 
em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o poder constituinte 
estaria liberado de valores referentes à sua legitimidade. De acordo com o 
teórico alemão, por ter o sentido na existência política, o sujeito do poder 
constituinte pode fixar livremente o modo e a forma da existência estatal a 
ser consagrada na Constituição, sem ter que justificar uma norma ética ou 
jurídica. Ao contrário do que sustenta este autor, entendemos que a 
legitimidade do poder constituinte é questão fundamental a ser analisada no 
estudo de sua teoria, tanto em seu aspecto objetivo (valores consagrados) 
quanto o seu aspecto subjetivo (titularidade e exercício) [...]
8
. 
 
Poder constituinte derivado 
 
 O poder constituinte derivado encontra-se previsto na Constituição, conhecendo 
limitações expressas e implícitas para o desempenho de suas funções, podendo sofrer, 
inclusive, controle de constitucionalidade. 
 O poder constituinte derivado tem como características ser derivado; subordinado; 
condicionado. 
 Derivado – Recebe este nome porque tira sua força do poder constituinte originário; 
 Subordinado/limitado – Encontra-se limitado por normas expressas e implícitas da 
Constituição, às quais não pode contrariar, sob pena de inconstitucionalidade. 
 
8
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 51-52. 
 
 
 
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12 
 Condicionado – O exercício de suas atribuições encontra-se condicionado às regras 
previamenteestabelecidas na Constituição Federal. 
 O poder constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e poder 
constituinte decorrente. 
 
 Poder constituinte reformador – Recebe esta denominação por ter a possibilidade de 
alterar a Constituição, desde que sejam respeitados os limites nela estipulados para tal, sendo 
exercido por determinados órgãos com caráter representativo (Congresso Nacional). 
Art. 44 da CF - O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal. 
 
Art. 60 da CF - A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, com o respectivo número de ordem. 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser 
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
 Poder constituinte derivado decorrente – Consiste na possibilidade que os Estados-
membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem 
por meio de suas respectivas constituições estaduais (Municípios e Distrito Federal também, 
por meio de suas leis orgânicas), desde que respeitados os limites Constitucionais. 
 
Art. 25 da CF - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, 
observados os princípios desta Constituição. 
 
Art. 29 da CF - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício 
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a 
 
 
 
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13 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo 
Estado e os seguintes preceitos: 
 
Art. 32 da CF - O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, 
votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara 
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
 
Classificação das constituições 
 
 As Constituições podem ser classificadas de diversos modos e segundo a visão de cada 
autor. 
 Referidas classificações podem ser concentradas em: quanto ao modo de elaboração; 
quanto à origem; quanto à forma; quanto à estabilidade; quanto ao conteúdo, quanto à 
extensão, quanto à dogmática, quanto à origem da decretação. 
 
Quanto ao modo de elaboração: Constituições dogmáticas e históricas 
 
 Dogmática – Apresenta-se como um produto escrito e sistematizado por um órgão 
constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito 
dominante. 
 
PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir 
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL. 
 
 Histórica – Resulta da lenta e contínua síntese da história e tradições de um 
determinado povo. Como exemplo, pode-se citar a Constituição inglesa. 
 A respeito, necessário citar: 
 
Históricas são as Constituições elaboradas ao longo do tempo por meio da 
reunião e consolidação dos costumes e hábitos tradicionais de uma 
sociedade, aproximando-se, portanto do conceito de Constituição 
 
 
 
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14 
costumeira. Um exemplo seria a Constituição da Inglaterra. [...] As 
Constituições dogmáticas, igualmente conhecidas como sistemáticas, 
consagram valores dominantes na época do seu advento, são 
necessariamente escritas e elaboradas de uma vez só pelo constituinte 
originário. Todas as Constituições brasileiras editadas até hoje foram 
dogmáticas
9
. 
 
Quanto à origem – Constituições promulgadas, outorgadas, cesaristas e pactuadas 
 
 Promulgadas – As Constituição promulgadas, também denominadas democráticas ou 
populares, caracterizam-se por serem produto do trabalho de uma Assembleia Nacional 
Constituinte composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração. 
 Como exemplo, as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
 
PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir 
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL. 
 
 Neste sentido, afirmara Pedro Lenza: 
 
Promulgada, também chamada de democrática, votada ou popular, é aquela 
Constituição Fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, 
eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, 
da deliberação da representação legítima popular. Os exemplos são a de 
1891 (primeira da República), 1934 (inserindo a democracia social, inspirada 
na Constituição de Weimar), 1946 e, finalmente, a atual, de 1988, alterada 
por 6 emendas de revisão e 68 emendas, fruto do poder constituinte derivado 
reformador, podendo ainda, com a regra do art. 5º, § 3º, trazida pela EC n. 
45/2004, ter os seus direitos e garantias fundamentais ampliados por tratados 
e convenções internacionais de direitos humanos, os quais, observadas as 
formalidades, terão equivalências às emendas constitucionais
10
. 
 
 
9
 PUCCINELLI JUNIOR, André. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 44. 
10
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 85. 
 
 
 
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15 
 Outorgadas – São aquelas Constituições estabelecidas sem a participação popular, por 
meio de imposição do poder. Exemplo a serem citados, as Constituições brasileiras de 1824, 
1937, 1967 e EC nº 01/1969. 
 
Outorgadas são as Constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente 
revolucionário (grupo ou governante), que não recebeu do povo a 
legitimidadepara em nome dele atuar. No Brasil as Constituições outorgadas 
foram as de 1824 (Império), 1937 (inspirada no modelo fascista, 
extremamente autoritária – Getúlio Vargas), 1967 (ditadura militar), sendo 
que alguns chegam inclusive a mencionar como exemplo de outorga a EC n. 
1/69 (apesar de tecnicamente impreciso). As Constituições outorgadas 
recebem, por alguns estudiosos, o apelido de Cartas Constitucionais
11
. 
 
 
 Cesaristas – As Constituições cesaristas caracterizam-se por serem elaboradas por um 
ditador ou grupo, sendo submetida a posterior ratificação popular por meio de plebiscito. 
Note-se não inserir-se nem ao conceito de textos outorgados por passar por consultar popular, 
nem ao de Constituição promulgada, pela participação posterior do povo. Exemplos ao longo 
da história, a Constituição da França editada por Napoleão Bonaparte, e, a Constituição do 
Chile, criada por Augusto Pinochet. 
 
Cesarista, pouco cobrada nos concursos, segundo José Afonso da Silva “... 
não é propriamente outorgada, mas tampouco democrática, ainda que criada 
com participação popular”. E continua o mestre definindo-a como sendo 
aquela “... formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por 
um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de 
Pinochet, no Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, 
pois visa apenas retificar a vontade do detentor do poder. [...]”12. 
 
 Pactuadas – As Constituição pactuadas têm a peculiaridade de decorrerem de um pacto 
entre grupos que disputam o poder político em dado momento histórico, concentrando o poder 
constituinte originário, por óbvio, em mais de um titular. Como exemplo, a Magna Carta de 
1215. 
 
 
11
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 84. 
12
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 85. 
 
 
 
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16 
Pactuadas, também pouco cobradas nos concursos, segundo Uadi Lammêgo 
Bulos “... surgem através de um pacto, são aquelas em que o poder 
constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Por isso 
mesmo, trata-se de modalidade anacrônica, dificilmente ajustando-se à 
noção moderna de Constituição, intimamente associada á ideia de unidade 
do poder constituinte. Tais Constituições pactuadas foram bastante 
difundidas no seio da monarquia estamental da Idade Média, quando o poder 
estatal aparecia cindido entre o monarca e as ordens privilegiadas. 
Exemplficam-nas a Magna Carta de 1215, que os barões ingleses obrigam 
João Sem Terra a jurar”13. 
 
 
Quanto à forma: Constituições escritas e não escritas (costumeiras) 
 
 Escrita – Trata-se do conjunto de regras codificado e sistematizado num único 
documento, apto a fixar a organização fundamental de dado Estado. 
 
 Não escrita – Pode-se classificar a Constituição não escrita como aquele conjunto de 
regras não aglutinado em texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, 
jurisprudência e convenções. Como exemplo, a Constituição inglesa. 
 
Constituições costumeiras, também denominadas não escritas ou 
consuetudinárias, são aquelas que resultam da prática reiterada de certos 
costumes, hábitos e tradições, que por sua relevância são alçados ao patamar 
constitucional, assumindo máxima importância no meio local, com a 
consciência de serem juridicamente obrigatórios. As normas costumeiras 
nascem de modo informal, pois são produzidas difusamente pela 
coletividade e não por um órgão especialmente constituído para tal 
finalidade. [...] O exemplo clássico é a Constituição da Inglaterra. Cumpre 
anotar, contudo, a advertência de Paulo Bonavides de que hoje não mais 
existiriam Constituições totalmente costumeiras, pois até “mesmo a 
Inglaterra (por exemplo normalmente lembrando de país regido por uma 
Constituição não escrita) assenta em princípios constitucionais em textos 
escritos, em que pesem os costumes formarem relevantes valores 
constitucionais. [...] As Constituições escritas ou instrumentais são formadas 
por um conjunto de normas textuais e dispostas geralmente em um único 
documento, razão por que alguns autores insistem em chamá-las de 
Constituições codificadas, nomenclatura que preferimos não utilizar. [...] 
Isso porque em alguns países europeus e no Brasil, com a abertura conferida 
pelo art. 5º, § 3º, da CF/88, é possível trabalhar a ideia de bloco de 
 
13
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 85. 
 
 
 
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17 
constitucionalidade e constituição legal, ou seja, de uma Constituição que, 
apesar de revestir de forma escrita, não está condensada num código ou 
documento único, mas se encontra dispersa em vários textos escritos, 
especialmente em tratados internacionais de direitos humanos, cuja reunião 
forma o chamado “bloco de constitucionalidade”, que pode ser traduzido 
como um conjunto normativo que detém supremacia hierárquica sobre todas 
as demais normas do ordenamento jurídico
14
. 
 
 
Quanto à estabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis e semirrígidas (semiflexível) 
 
 Imutáveis – Dizem respeito àquelas Constituições onde se veda qualquer alteração, 
constituindo-se relíquias históricas. 
 Algumas Constituições detém uma imutabilidade relativa, quando se preveem as 
chamadas limitações temporais, as quais impõem um prazo em que não se admitirá a atuação 
do legislador constituinte reformador. 
 Marcelo Novelino
15
 aponta as Leis Fundamentais antigas como o Código de Hamurabi 
e a Lei das XII Tábuas, as quais surgiram com a pretensa eternidade. 
 
 Rígidas – São aquelas Constituições escritas que poderão ser alteradas por um 
processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais 
espécies normativas. A Constituição brasileira de 1988 é um exemplo da hipótese. 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, com o respectivo número de ordem. 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
 
14
 PUCCINELLI JUNIOR, André. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 43-44. 
15
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 95. 
 
 
 
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18 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser 
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
 Flexíveis – São aquelas Constituições suscetíveisde alteração pelo mesmo processo 
legislativo concernente às leis ordinárias. Como exemplo, a Constituição inglesa. 
 Nesse quadrante, contudo, imprescindível aduzir: 
 
As Constituições flexíveis (ou plásticas) são aquelas que promanam da 
mesma autoridade responsável pela criação das leis ordinárias e que 
permitem a modificação de suas normas por um processo idêntico ao de 
qualquer outra lei. As normas de uma Constituição flexível reduzem-se as 
normas legais, não possuindo nenhuma supremacia sobre as demais. As leis 
criadas pelo parlamento passam a ter o mesmo valor das leis constitucionais, 
as quais podem ser distinguidas, não pela forma de elaboração, mas pelo 
conteúdo que consagram: a regulamentação do poder político (matéria 
constitucional). A flexibilidade é uma característica própria das constituições 
costumeiras, apesar da possibilidade de existência de constituições escritas 
flexíveis. Com a entrada em vigor do Human Rights Act (2000), o 
Parlamento inglês passou a se submeter aos dispositivos desta declaração de 
direitos, colocando a supremacia em xeque e fazendo ruir o modelo de 
Constituição flexível na Inglaterra
16
. 
 
 Semi-flexível ou semi-rígida – Encontra-se entre as duas anteriores, na qual algumas 
regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por 
um processo legislativo especial e mais dificultoso. A Constituição brasileira de 1824 detinha 
referida peculiaridade 
 
Art. 178 da Constituição de 1824 – É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições 
respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos cidadãos. Tudo, o que 
não é Constitucional, pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias. 
 
 
 
 
 
16
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 96. 
 
 
 
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19 
Quanto ao conteúdo – Materiais (substanciais) e formais 
 
 Materiais (substanciais) – Trata-se daquele conjunto de normas materialmente 
constitucionais, estejam essas normas codificadas, ou não, em um único documento. 
 Como exemplo, normas que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus 
órgãos e os direitos fundamentais. 
 
 Formais – Diz respeito às outras normas contidas numa Constituição além das 
materiais. 
 
Quanto à extensão – Constituições analíticas (dirigentes) e sintéticas 
 Analíticas – São aquelas que examinam e regulamentam todos os assuntos que 
entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado. 
 Como exemplo, a Constituição brasileira de 1988. 
 
 Sintéticas – Tratam-se daquelas Constituições que preveem somente os princípios e as 
normas gerais de regências do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da 
estipulação de direitos e garantias fundamentais. 
 Exemplo da hipótese, a Constituição norte-americana. 
 
Sintéticas, concisas, sumárias, básicas, sucintas, curtas, breves ou enxutas 
são as Constituições que disciplinam matérias fundamentais em reduzido 
número de artigos. Limitando-se a enunciar princípios gerais sobre um 
domínio temático, sem descer a minúcias e pormenores, os textos enxutos 
ganham plasticidade para se adaptarem às transformações sociais e acabam 
se revelando mais duradouros, como testificam quase dois séculos e meio de 
vigência da Constituição norte-americana, nitidamente sintética. [...] As 
Constituições analíticas, de outro vértice, igualmente conhecidas como 
extensa, prolixas, amplas, inchadas, volumosas, largas, longas ou 
desenvolvidas, são as que tratam meticulosa e detalhadamente de variados 
assuntos, exibindo um vasto cipoal de artigos que, sem versar sobre temas de 
singular importância, poderiam muito bem figurar em leis 
infraconstitucionais. A inflação normativo-temática da Constituição analítica 
favorece a colisão com interesses de variados matizes, tornando-a, em regra, 
 
 
 
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20 
menos duradoura. No Brasil, à exceção da Constituição de 1824, todas as 
demais foram analíticas
17
. 
 
 
Quanto à dogmática – Constituições ortodoxas e Constituições ecléticas 
 
 Constituições ortodoxas – As Constituições ortodoxas peculiarizam-se pela adoção de 
uma única ideologia política de modo a rechaçar o pluralismo. 
 Exemplos, as Constituições da extinta União Soviética (URSS) e chinesa de 1982. 
 
 Constituições ecléticas – Primam pela busca da conciliação de ideologias opostas. 
 Como exemplo, a Constituição brasileira de 1988. 
Constituições ecléticas (compromissórias, compósitas ou heterogêneas) são 
aquelas que procuram conciliar ideologias opostas. Nas sociedades 
pluralistas, em regra, a Constituição surge a partir de um pacto entre as 
diversas forças políticas e sociais. O procedimento constituinte é resultante 
de vários compromissos constitucionais estabelecidos por meio da barganha, 
da argumentação, de convergências e de diferenças. A ausência de um grupo 
hegemônico capaz de conferir uma identidade ideológica à Constituição 
acaba resultando em uma fragmentação de seu texto em “pequenos acordos 
tópicos”. Esta diversidade de pactos subjacentes à elaboração da 
Constituição faz com que suas normas se caracterizem pela textura aberta, a 
qual possibilita a consagração de valores e princípios contraditórios a serem 
harmonizados pelos aplicadores do direito. São exemplos desta espécie a 
Constituição portuguesa de 1976 e a Constituição brasileira de 1988
18
. 
 
Quanto à origem da decretação: autoconstituição e heteroconstituição 
 
 Autoconstituição – Trata-se daquela Constituição desenvolvida por órgãos do próprio 
Estado. 
 Como exemplo, a Constituição brasileira de 1988. 
 
 Heteroconstituição – Este tipo de Constituição está presente quando elaborada por 
uma organização internacional ou outro Estado diverso do qual vigorará. 
 
17
 PUCCINELLI JUNIOR, André. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 48-49. 
18
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 98-99. 
 
 
 
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21 
 Quanto à heteroconstituição Marcelo Novelino alude: 
 
[...] Incluem-se nesta espécie algumas das Constituições dos países da 
Commonwealth aprovados por leis do Parlamento britânico (Canadá, Nova 
Zelândia, Austrália, Jamaica, Maurícia, etc.), a primeira Constituição da 
Albânia 9obra de uma conferência internacional, de 1973), a Constituição 
cipriota (precedente dos acordos de Zurique, de 1960, entre Grã-Bretanha, a 
Grécia e a Turquia) e a Constituição da Bósnia-Herzegovina (após os 
chamados acordos de Dayton, celebrados em 1995)
19
. 
 
 
As normas constitucionais 
 
 A Constituição é um sistema normativo aberto de princípios e regras. Desse modo, as 
normas constitucionais se subdividem em princípios e regras, e, enquanto referência para o 
intérprete (aplicador do direito), não têm hierarquia. 
 
Princípios e regras 
 
 A doutrina pretende diferenciar os princípios e as regras de diversas maneiras, 
podendo-se destacar as propostas dos Ronald Dworkin e Robert Alexy. 
 Antes de enfrentarmos as teorias desses autores, necessário mencionar que o critério 
mais utilizado para se estabelecer distinções entre princípios e regras refere-se ao grau de 
abstração (ou generalidade) entre eles, como se vislumbra na obra de Norberto Bobbio. 
 Nesse contexto, os princípios poderiamser definidos como mandamentos normativos 
mais abstratos, genéricos. Já as regras podem ser definidas como mandamentos normativos 
mais específicos. 
 Ronald Dworkin, abandonando a ideia de grau de abstração (ou generalidade), afirma 
que as regras devem ser analisadas no plano da validade, sendo aplicáveis na forma de tudo 
ou nada. 
 Nesse viés, em ocorrendo os fatos previstos por uma regra válida, a resposta por ela 
dada deve ser aceita (ela deve ser aplicada). Segundo o autor “[...] as regras são aplicáveis à 
 
19
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 99. 
 
 
 
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22 
maneira de tudo-ou-nada. Dados os fatos que uma regra estipula, então ou a regra é válida, e 
neste caso a resposta que ele fornece deve ser aceita, ou não é válida [...]”20. 
 Apesar do que afirmara, o autor admite que as regras podem conter exceções, sendo 
apropriado anunciar as regras e enumerar suas exceções, pois segundo este, em tese, todas as 
exceções podem ser arroladas, e, quanto mais o forem, mais completo será o enunciado da 
regra. 
 Reforçando a ideia, Ronald Dworkin assevera que eventual conflito entre regras 
deverá ser resolvido segundo os critérios tradicionais de hierarquia (norma hierarquicamente 
superior prevalece sobre norma hierarquicamente inferior), cronologia (norma posterior 
prevalece sobre norma anterior) e especialidade (norma especial prevalece sobre norma 
geral), devendo uma delas, ser considerada inválida. 
 
Se duas regras entram em conflito, uma delas não pode ser válida. A decisão 
de saber qual delas é válida e qual deve ser abandonada ou reformulada, 
deve ser tomada recorrendo-se a considerações que estão além das próprias 
regras. Um sistema jurídico pode regular esses conflitos através de outras 
regras, que dão precedência à regra promulgada pela autoridade superior, à 
regra promulgada mais recentemente, à regra mais específica ou outra coisa 
desse gênero [...]
21
. 
 
 As regras, para Dworkin, desse modo, não possuem uma dimensão de importância, de 
maneira que, se duas regras entram em conflito, apenas uma delas será aplicada ao caso 
concreto e a outra deve ser declarada inválida, a não ser que uma seja exceção à outra. 
 Segundo Dworkin, os princípios possuem, diversamente das regras, uma dimensão de 
peso ou importância, e que isso, inevitavelmente, levará a uma controvérsia acerca do melhor 
caminho a se seguir, devendo o intérprete do direito, no caso concreto, observar qual deles 
terá uma precedência em relação ao outro, por meio de uma ponderação. Ou seja, os 
princípios são prima facie. 
 
[...] Os princípios possuem uma dimensão que as regras não têm – a 
dimensão de peso ou importância. Quando os princípios se intercruzam (por 
 
20
 DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Trad. de Nelson Boeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007, p. 39. 
21
 DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Trad. de Nelson Boeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007, p. 43. 
 
 
 
p r o f h u g o g d u a r t e @ h o t m a i l . c o m 
 
23 
exemplo, a política de proteção aos compradores de automóveis se opõe aos 
princípios de liberdade de contrato), aquele que vai resolver o conflito tem 
de levar em conta a força relativa de cada um. Esta não pode ser, por certo, 
uma mensuração exata e o julgamento que determina que um princípio ou 
uma política particular é mais importante que a outra frequentemente será 
objeto de controvérsia. Não obstante, essa dimensão é uma parte integrante 
do conceito de um princípio, de modo que faz sentido perguntar que peso ele 
tem e o quão importante ele é
22
. 
 
 Marcelo Novelino, desenvolvendo as distinções existentes entre os princípios e as 
regras em Ronald Dworkin, alude que: 
 
Segundo DWORKIN, enquanto as regras impõem resultados, os princípios 
atuam na orientação do sentido de uma decisão. Quando se chega a um 
resultado contrário ao apontado pela regra é porque ela foi mudada ou 
abandonada; já os princípios, ainda que não prevaleçam, sobrevivem 
intactos. Um determinado princípio pode prevalecer em alguns casos e ser 
preterido em outros, o que não significa sua exclusão. Assim como os 
aplicadores do Direito devem seguir uma regra considerada obrigatória, 
também devem decidir conforme os princípios considerados de maior peso, 
ainda que existam outros, de peso menor, apontado em sentido contrário
23
. 
 
 Desse modo: 
 
DWORKIN estabelece que um paralelo entre as duas espécies normativas 
afirmando que os princípios possuem um caráter prima facie, ao passo que as 
regras possuem um caráter definitivo. Então, as regras são aplicáveis na 
forma de juízos disjuntivos: se os fatos estipulados por uma regra válida se 
dão, a resposta dada deve ser aceita. Por essa razão, distintamente do que 
ocorre com os princípios, um enunciado preciso de uma regra deve levar em 
conta todas as exceções que ela contém
24
. 
 
 
 Já Robert Alexy estabelece que a diferença entre os princípios e as regras é qualitativa. 
 Note-se o alerta do autor no sentido de que os princípios oferecem a possibilidade de o 
intérprete do direito buscar o melhor para a resolução do caso, ou seja, otimizar a decisão. 
Mas que essa busca deve levar em consideração todas as características do fato, além das 
possibilidades jurídicas (princípios e regras constitucionais e infraconstitucionais). 
 
22
 DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Trad. de Nelson Boeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007, p. 42-43. 
23
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 127. 
24
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 127. 
 
 
 
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24 
 
[...] princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior 
medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. 
Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são 
caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de 
que a medida devida de sua satisfação não depende somente das 
possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. O âmbito 
das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras 
colidentes
25
. 
 Sobre a colisão entre princípios, vale analisar as seguintes palavras do autor: 
 
[...] Se dois princípios colidem – o que ocorre, por exemplo, quando algo é 
proibido de acordo com um princípio e, de acordo com o outro, permitido -, 
um dos princípios terá que ceder. Isso não significa, contudo, nem que o 
princípio cedente deva ser declarado inválido, nem que nele deverá ser 
introduzida uma cláusula de exceção. Na verdade, o que ocorre é que um dos 
princípios tem precedência em face do outro sob determinadas condições. 
Sob outras condições a questão da precedência pode ser resolvida de forma 
oposta. Isso é o que se quer dizer quando se afirma que, nos caos concretos, 
os princípios têm pesos diferentes e que os princípios com o maior peso tem 
precedência. Conflitos entre regras ocorrem na dimensão da validade, 
enquanto as colisões entre princípios – visto que só princípios válidos podem 
colidir – ocorrem, para além da dimensão, na dimensão de peso26. 
 
 
 A definição de regras, em Alexy, aproxima-se da definição de Dworkin, mas com 
algumas distinções. Para Alexy, “as regras são normas que são sempre ousatisfeitas ou não 
satisfeitas. Se uma regra vale, então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, 
nem menos”27. 
 No que tange ao conflito de regras, Alexy determina que: 
 
Um conflito de regras somente pode ser solucionado se se introduz, em uma 
das regras, uma cláusula de exceção que elimine o conflito, ou se pelo menos 
uma das regras for declarada inválida. Um exemplo para um conflito entre 
regras que pode ser resolvido por meio da introdução de uma cláusula de 
exceção é aquele entre a proibição de sair de uma sala de aula antes que o 
sinal toque e o dever de deixar a sala se soar o alarme de incêndio. Se o sinal 
 
25
 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 
2008, p. 90. 
26
 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 
2008, p. 93-94. 
27
 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 
2008, p. 91. 
 
 
 
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25 
ainda não tiver sido tocado, mas o alarme de incêndio tiver soado, essas 
regras conduzem a juízos concretos de dever-ser contraditórios entre si. Esse 
conflito deve ser solucionado por meio da inclusão, na primeira regra, de 
uma cláusula de exceção para o caso de alarme de incêndio
28
. 
 
 Ademais: 
 
Se esse tipo de solução não for possível, pelos menos uma das regras tem de 
ser declarada inválida e, com isso, extirpada do ordenamento jurídico. Ao 
contrário do que ocorre com o conceito de validade social ou de importância 
de uma norma, o conceito de validade jurídica não é graduável. Ou uma 
norma jurídica é válida, ou não é. Se uma regra é válida e aplicável a um 
caso concreto, isso significa que também sua consequência jurídica é válida. 
Não importa a forma como sejam fundamentados, não é possível que dois 
juízos concretos de dever-ser contraditórios entre si sejam válidos. Em um 
determinado caso, se se constata a aplicabilidade de duas regras com 
consequências jurídicas concretas contraditórias entre si, e essa contradição 
não pode ser eliminada por meio da introdução de uma cláusula de exceção, 
então, pelo menos uma das regras deve ser declarada inválida
29
. 
 
 
 Por referidas passagens da obra de Alexy, constata-se que o autor, como Dworkin, 
concebe as regras no plano da validade, de maneira que, se houver um conflito de regras, uma 
delas deverá ser considerada válida e aplicável, e, a outra, inválida, a não ser que uma seja 
exceção à outra. 
 Alexy, contudo, alerta que algumas regras também podem ter um caráter prima facie. 
Para explicar isso, afirma existirem regras completas e regras incompletas. 
 As regras completas estão presentes quando a determinação contida no dispositivo é 
suficiente para a decisão. Ora, como essas regras não detêm qualquer exceção, seriam 
consideradas razões definitivas. 
 Quanto às regras incompletas em Alexy, Marcelo Novelino assim adverte: 
 
As regras incompletas são aquelas que, apesar de extraídas de disposições de 
direitos fundamentais que fixam determinações em relação às exigências de 
princípios colidentes, não podem ser aplicadas independentemente de 
sopesamentos, por ser necessário “um recurso ao nível dos princípios, com 
todas as incertezas que estão a ele vinculadas” para se chegar à decisão. 
 
28
 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 
2008, p. 92. 
29
 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 
2008, p. 92. 
 
 
 
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26 
Entretanto, ao mesmo tempo em que isso não significa que as determinações 
contidas em uma regra não devam ser levadas a sério na medida em que 
forem suficientes para a decisão, por outro lado, não se pode ignorar que a 
exigência de levar a sério as disposições de direitos fundamentais vale 
também para as determinações fixadas por meio de princípios, e não apenas 
para aquelas estabelecidas por meio de regras
30
. 
 
 
 Enfim, Alexy, ao que parece, considera as normas completas como mandamentos 
definitivos e as normas incompletas como mandamentos prima facie. 
 Ronald Dworkin e Robert Alexy, como dissemos, são dois ícones no que tange o 
estabelecimento da distinção entre os princípios e as regras. 
 Passemos, a partir de agora, a analisar os fundamentos de tais autores para superar os 
chamados casos difíceis (hard cases). 
 Ronald Dworkin, para comprovar sua tese, lançará mão das metáforas do juiz Hércules 
e do romance em cadeia. 
 No primeiro caso, Dworkin imagina um magistrado com capacidades e paciência 
sobre-humanas, competente para, de maneira criteriosa e metódica, selecionar as hipóteses de 
interpretação dos casos concretos a partir do filtro da integridade. 
 Assim, em diálogo com as partes daqueles processos, ele deverá interpretar a história 
institucional como um movimento constante e partindo de uma análise completa e criteriosa 
da Constituição, da legislação e dos precedentes, para identificar nestes a leitura feita pela 
própria sociedade dos princípios jurídicos aplicáveis aos casos. 
 Como consequência, supera-se a chamada “vontade do legislador” como requisito 
assegurador da objetividade na interpretação do Direito, como defendido pela tradição 
positivista. 
 O fundamento da tese dworkiana para tal postura está na compreensão da interpretação 
jurídica como uma forma de interpretação construtiva, capaz de tomar as práticas sociais da 
melhor forma possível. 
 Já no romance em cadeia, o que se propõe consiste num exercício literário em que um 
grupo de romancistas seja contratado para um determinado projeto e que jogue dados para 
definir a ordem do jogo. 
 
30
 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 129. 
 
 
 
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27 
 O número mais baixo escreve o capítulo de abertura de um romance, que ele depois 
manda para o número seguinte, o qual acrescenta um capítulo, com a compreensão de que está 
acrescendo um capítulo a esse romance, não começando outro, e manda os dois capítulos para 
o seguinte, e assim por diante. 
Cada romancista, a não ser o primeiro, tem a dupla responsabilidade de interpretar e 
criar, pois precisa ler tudo o que foi feito antes para estabelecer, no sentido interpretativista, o 
que é o romance criado até então. 
 Nessa perspectiva, cada juiz será como um romancista na corrente, de modo que 
deverá interpretar tudo o que foi escrito no passado por outros juízes e partes nos respectivos 
processos, buscando descobrir o que disseram, bem como o seu estado de espírito quando o 
disseram, objetivando chegar a uma opinião do que eles fizeram coletivamente. 
 A cada caso, o juiz incumbido de decidir deverá se considerar como parte de um 
complexo empreendimento em cadeia no qual as inúmeras decisões, convenções e práticas 
representam a história, que será o seu limite. 
 O trabalho consistirá, portanto, na continuação dessa história, mas com olhos para o 
futuro, levando em consideração o que foi feito, por ele e pelos demais, no presente (com os 
olhos para o passado). Ele deverá interpretar o que aconteceu no passado e não partir numa 
nova direção, já que o dever do juiz consiste, para Dworkin, em interpretar a história jurídicaque encontra e não inventar uma história melhor. 
 Dessa forma, não pode o magistrado romper com o passado, porque a escolha entre os 
vários sentidos que o texto legal apresenta não pode ser remetida à intenção de ninguém in 
concreto, mas sim deve ser feita à luz de uma teoria política e com base no melhor princípio 
ou política que possa justificar tal prática. 
 Outro ponto importante é que Dworkin pressupõe a identificação de uma comunidade 
de princípios, ou seja, uma dada sociedade é compreendida por pessoas que consideram sua 
prática governada por princípios comuns e não somente por regras criadas em conformidade 
com um acordo político. 
 Assim, o Direito não está restrito ao conjunto de decisões tomadas em âmbito 
institucional, mas o transborda, devendo ser encarado, em termos gerais, como um sistema de 
 
 
 
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28 
princípios construídos a partir da interpretação da história das práticas sociais, ponto que se 
deve pressupor nas decisões institucionais. Dessa forma, tanto o juiz Hércules quanto os co-
autores do romance em cadeia representam os membros dessa comunidade, tendo sua visão 
moldada por esse mesmo pano de fundo de silêncio compartilhado que rege as práticas 
sociais. 
 Neste quadrante, tais atividades levarão não somente o magistrado, mas também a 
comunidade, compreendida pela totalidade de seus membros, ao melhor argumento possível 
do ponto de vista de uma moral política substantiva, bem como a um argumento com 
pretensões de ser o correto. 
 Já Robert Alexy sustenta que a despeito das teorias positivistas separarem o direito e a 
moral, por meio de um conceito de Direito com validade puramente formal, corroborada pela 
legalidade em conformidade com o ordenamento e a eficácia social, teorias não positivistas 
tendem a vinculá-los (direito e moral), concebendo o conceito de direito carreado de um 
terceiro aspecto além dos dois primeiros, vale dizer, o da correção material: 
 
o direito é um sistema de normas que (1) formula uma pretensão de 
correção, (2) consistindo na totalidade das normas que pertencem a uma 
Constituição geralmente eficaz e que não são extremamente injustas, bem 
como à totalidade das normas promulgadas de acordo com esta Constituição, 
que possuem um mínimo de eficácia social ou de probabilidade de eficácia e 
não são extremamente injustas a qual (3) pertencem princípios e outros 
argumentos normativos nos quais se apoia o procedimento de aplicação do 
Direito e/ou tem que se apoiar a fim de satisfazer a pretensão da correção
31
. 
 
 Com esses ditames Alexy enfatiza que um sistema desprovido de pretensão à correção 
não possa ser considerado sistema jurídico, e que na prática os sistemas jurídicos a formulam. 
Que os elementos outrora descritos (legalidade em conformidade com o ordenamento, 
eficácia social e a correção material) referem-se além da constituição, às normas postas em 
conformidade com essa constituição, existindo uma estrutura escalonada, excluindo-se 
normas extremamente injustas da seara do direito. E por fim, que incorpora-se ao direito o 
procedimento de sua aplicação, pois tudo aquilo em que se apoia ou que tem que se apoiar 
 
31
 ALEXY, Robert. El concepto y la validez Del derecho. Barcelona: Gedisa, p. 123. 
 
 
 
 
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29 
alguém que aplica o direito almejando sua correção o direito abarca. Ou seja, que princípios 
não identificados como jurídicos sobre as bases da validade de uma constituição bem como 
demais argumentos normativos fundamentadores de decisões pertenceriam ao direito. 
 Em suma, Alexy considera direito e moral como “aliados”. Aliados estes que, por 
meio de princípios bem como de argumentação jurídica, buscam uma aplicação justa para o 
direito. 
 Isso se dá porque segundo Alexy, os princípios equiparam-se a valores, apesar de não 
tratarem-se destes. 
 Para o autor, princípios dizem respeito a um conceito deontológico (de dever ser), 
enquanto que os valores atinem a um conceito axiológico (de bom, de melhor), não obstante 
estarem intimamente ligados, possibilitando-se colisão, bem como sopesamento, tanto de 
princípios como de valores, vez que a realização gradual dos princípios corresponde à dos 
valores. 
 Alexy delimita que a visão do nível dos princípios mostra que neles estão reunidas 
coisas extremamente diversas. Mas, mais importante que referir-se a essa diversidade é a 
constatação de sua indeterminação, pois no mundo dos princípios há lugar pra muita coisa, 
podendo-se chamá-lo de mundo do dever-ser ideal. 
 Para Alexy, as colisões, tensões, conflitos, etc, surgem exatamente no momento em 
que se tem de passar do espaçoso mundo do dever-ser ideal para o estreito mundo do dever-
ser definitivo ou real. 
 
A evolução normativa dos princípios 
 
 O processo de reconhecimento normativo dos princípios percorre diversas etapas na 
história jurídica, podendo-se apontar o que se segue. 
 No Jusnaturalismo (Direito Natural), os princípios são encarados como valores 
superiores, eternos, uniformes, permanentes e imutáveis. 
 Neste período, os princípios são vistos de uma forma abstrata e metafísica, carecendo 
de normatividade, servindo, unicamente, como um norte valorativo a seguir-se. 
 
 
 
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30 
 O Positivismo Jurídico (dominou a ciência jurídica no século XX) tem diversas etapas 
ao longo da trajetória mundana. 
 De uma forma geral, a maioria dos juristas nega a normatividade dos princípios neste 
período, classificando-os como fontes subsidiárias, a serem observadas, por este caráter, 
unicamente, como uma válvula de segurança, caso haja eventual lacuna no ordenamento 
jurídico, após esgotadas as previsões legais, a analogia e os costumes. 
 Diversos autores (com ênfase em Luis Roberto Barroso)
32
 sustentam que somente com 
o advento do pós-positivismo jurídico (neoconstitucionalismo) (surgiu nas últimas décadas do 
século XX), reconheceu-se a normatividade dos princípios, tendo tal corrente filosófica, como 
principais características, a ascensão dos valores e o reconhecimento da normatividade dos 
princípios, fundamentando que a dogmática tradicional (positivismo jurídico) fomentou-se 
sob o mito da objetividade do Direito e da neutralidade do intérprete, tendo encoberto seu 
caráter ideológico bem como sua instrumentalidade à dominação econômica e social. 
 Assim, no pós-positivismo jurídico os princípios e as regras são considerados 
subespécie de normas. 
 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 
 A constituição, como norma que é, deve ser interpretada de modo que o intérprete do 
direito busque sua melhor aplicação quando da resolução de casos concretos. 
 
Métodos de interpretação 
 
 Dentre os diversos métodos de interpretação da Constituição, os quais são encontrados 
nas mais variadas obras atinentes a esta seara do Direito, desenvolveremos os seguintes. 
 
 
32
 BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos do novo direito constitucional brasileiro [pós-modernidade, 
teoria crítica e pós-positivismo]. In: A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e 
relações privadas. Luís Roberto Barroso (org). 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 47. 
 
 
 
 
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31 
Método jurídico ou hermenêutico 
 
 Por meio deste método, deve-se encarar a Constituição como uma lei, voltando-se o 
intérprete a descobrir o verdadeiro significado da norma, valendo-sede elementos como 
genético; gramatical ou filológico; lógico; sistemático; histórico; teleológico ou sociológico; 
popular; doutrinário; evolutivo. 
 Genético – Visa aferir as origens dos conceitos utilizados pelo legislador. 
 Gramatical ou filológico – Também conhecido como literal ou semântico, pretende 
estabelecer uma análise textual, literal. 
 Lógico – Procura uma harmonia lógica das normas constitucionais. 
 Sistemático – Possibilita a análise de todas as normas constitucionais. 
 Teleológico ou sociológico – Visa desvendar qual é a finalidade social da norma. 
 Popular – Propugna pela participação interpretativa das mais diversas vertentes da 
sociedade como partidos políticos, sindicatos, valendo-se, igualmente, de instrumentos como 
plebiscito, referendo, entre outros. 
 
Método tópico-problemático 
 Pelo método tópico-problemático, na busca pela solução dos problemas concretos, o 
intérprete parte do problema concreto para a norma. 
 
Método hermenêutico-concretizador 
 
 Este método é contrário do anterior, ou seja, por meio dele parte-se da Constituição 
para o problema, levando-se em conta pressupostos interpretativos subjetivos; objetivos; e o 
círculo hermenêutico. 
 Subjetivos – O intérprete utiliza-se de suas pré-compreensões sobre o tema para 
desvendar o sentido da norma. 
 Objetivos – Por meio deste pressuposto, o intérprete atua como um verdadeiro 
mediador entre a norma e a situação concreta, tendo como norte a realidade social. 
 
 
 
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32 
 Círculo Hermenêutico – O intérprete promove um movimento de troca entre o 
subjetivo e o objetivo, tendo como paradigma a compreensão da norma. 
 
Método científico-espiritual 
 
 Levando-se em consideração que a análise da norma constitucional não deve se fixar 
na sua literalidade, partindo da realidade social e dos seus valores, por meio deste método, 
transmite-se a ideia de que a Constituição há que ser interpretada como algo dinâmico que se 
renova constantemente frente às mudanças apresentadas pela sociedade. 
 
Método normativo-estruturante 
 
 Partindo do reconhecimento da inexistência de identidade entre a norma jurídica e o 
texto normativo, por meio deste método, transmite-se que a literalidade da norma deve ser 
considerada pelo intérprete à luz da sua concretização na realidade social. Essa concretização 
perpassa não só a atividade do legislador, mas, também, a atuação do judiciário e do 
executivo. 
 
Método da comparação Constitucional 
 
 Por meio deste método de interpretação, propugna-se pela comparação dos mais 
diversos ordenamentos a fim de apontar a melhor interpretação dos institutos, fazendo-se uso, 
obviamente, de métodos como o gramatical, o lógico, o histórico e o sistemático. 
 
Princípios específicos de interpretação da Constituição 
 
 A doutrina moderna define como princípios específicos de interpretação da 
Constituição. 
Princípio da unidade da Constituição 
 
 
 
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33 
 Este princípio nos transmite a ideia de que a Constituição deva ser interpretada como 
um todo único. Ou seja, suas normas devem ser encaradas como preceitos integrados, em um 
sistema unitário composto de princípios e regras. 
 
Princípio do efeito integrador 
 
 Por este princípio, na resolução de problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar 
primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social. 
 
Princípio da máxima efetividade 
 
 O princípio da máxima efetividade, também chamado de princípio da eficiência ou da 
interpretação efetiva, relaciona-se à ideia de que a norma constitucional deva ter a mais ampla 
efetividade social possível. 
 
Princípio da concordância prática ou harmonização 
 
 Fazendo-se uso deste princípio, em referência à unidade da Constituição, os bens 
jurídicos constitucionalizados devem coexistir, de modo que quando de eventual conflito, o 
intérprete deve evitar, ao máximo, o sacrifício de um princípio frente ao outro que com ele 
colide, pois inexiste hierarquia entre princípios. 
 
Princípio da força normativa da Constituição 
 
 O princípio da força normativa da Constituição impõe, quando da interpretação 
constitucional, dever-se dar primazia às soluções ou pontos de vista que, levando em conta os 
limites e pressupostos do texto constitucional, possibilitem a atualização de suas normas, 
garantindo-lhes eficácia e permanência. 
 
 
 
 
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34 
Princípio da interpretação conforme a Constituição 
 
 A Supremacia das normas constitucionais no ordenamento jurídico e a presunção de 
constitucionalidade das leis e atos normativos editados pelo poder público competente 
exigem, na função hermenêutica de interpretação do ordenamento jurídico, seja sempre 
concedida preferência ao sentido da norma mais adequado à Constituição Federal. 
 Assim sendo, no caso de normas com várias significações possíveis, deverá ser 
encontrada a significação que apresente conformidade com as normas constitucionais, 
evitando sua declaração de inconstitucionalidade e consequente retirada do ordenamento 
jurídico. 
 Extremamente importante ressaltar que a interpretação conforme a Constituição 
somente será possível quando a norma apresentar vários significados, uns compatíveis com as 
normas constitucionais e outros não, ou, no dizer de Canotilho, “a interpretação conforme a 
constituição só é legítima quando existe um espaço de decisão (espaço de interpretação) 
aberto a várias propostas interpretativas, umas em conformidade com a constituição e que 
devem ser preferidas, e outras em desconformidade com ela”. 
 Portanto, não terá cabimento a interpretação conforme a Constituição quando 
contrariar texto expresso da lei, que não permita qualquer interpretação em conformidade com 
a Constituição. 
 
Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade 
 
 Trata-se este princípio de uma “ferramenta” essencial para a proteção dos direitos 
fundamentais, porque estabelece critérios para a delimitação desses direitos. 
 Ele nos transmite uma ideia de busca da justiça, equidade, bom senso, prudência, 
ponderação, justa medida, proibição de excesso, entre outros. 
 O princípio desdobra-se nos seguintes aspectos. 
1 Adequação - O intérprete deve identificar o meio adequado para a consecução dos objetivos 
pretendidos. 
 
 
 
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2 Necessidade (ou exigibilidade) - O meio escolhido não deve exceder os limites 
indispensáveis à conservação dos fins desejados. Em outras palavras, a medida só se justifica 
e legitima-se se indispensável para o caso concreto e se não se puder substituí-la por outra 
menos gravosa. 
 
3 Proporcionalidade (sentido estrito) - Que o meio escolhido, no caso específico, deve se 
mostrar como o mais vantajoso para a promoção do conjunto de valores em “jogo”. 
Relaciona-se à ideia de que a medida escolhida realiza o objetivo pretendido com a máxima 
efetividade e a mínima restrição. 
 
Mutações e reformas constitucionais 
 
 A Constituição como toda e qualquer norma, deve ser interpretada, devendo o 
hermeneuta, tendo como paradigma a história, as ideologias, as realidades sociais, políticas e 
econômicas do Estado, definir o significado do texto constitucional. 
 Sabe-se que a Constituição de um país deve agregar, ainda que em tese, todas as 
necessidades de um povo, em dado território e momento histórico. 
 O problema surge quando o texto Constitucional, em sua acepção literal, já não 
corresponde aos

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