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TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS SOBRE SISTEMAS ELÉTRICOS Márcio Luís de Souza 1 Diego de Souza Almeida Elton Santos Simões Genício Malta de F. Junior INTRODUÇÃO A determinação do estudo das propriedades de campo magnéticos, as tempestades geomagneticamente e, a princípio, as tempestades solares fornecem dados para entender o fenômeno das tempestades geomagnéticas e suas consequências sobre a Terra. O objetivo desse trabalho é discutir as consequências das tempestades sobre os sistemas elétricos, normalmente suscetíveis a tais fenômenos. Apresentando causas sobre as linhas de transmissão de energia elétrica, objetos espaciais e o desenvolvimento de futuros métodos de monitorização de futuras tempestades. Assim, espera-se que os leitores sejam capazes de melhor compreenderem os fenômenos solares e suas interações no sistema Sol-Terra. Em função dessas considerações foi realizada uma breve análise sobre a severa tempestade geomagnética iniciada em 2003. Apresentando nesse trabalho uma breve descrição dos fenômenos solares, geomagnéticos e ionosféricos diretamente relacionados às consequências sobre sistemas elétricos. Maiores informações sobre eventos solares e suas influências sobre sistemas elétricos terrestres, bem como estudos e análises dessas variações no campo magnético terrestre, podem ser encontrados, por exemplo, em YAMASHITA (1999) e COLOMBO JUNIOR (2011). 1 Instituto Tecnológico de Caratinga, Engenharia Elétrica, 4° período, 2013. Contato: <marciodesouza.luiz@gmail.com>. 2 AS TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS O campo magnético do Sol (assim como o da Terra) não é constante: ele se distende, se contrai e evolui ao longo do tempo. Algumas pessoas já tiveram a oportunidade de ver manchas solares a olho nu, estas que aparecem na superfície do astro são como "indícios" visíveis de um fenômeno magnético de espetacular proporção, que pode causar descargas de grandes quantidades de matéria constituída de hidrogênio e hélio. Tais tempestades são provocadas pela ação de erupções solares com ejeções de massa da coroa solar, como se pequenos "pedaços" do Sol estivessem se soltando numa constante renovação, e um grande fluxo de radiação emitida pelo astro. Este fenômeno atinge o campo magnético e a atmosfera terrestre. Uma vez que as fortes rajadas de vento solar atingem a Terra, ondas de radiação da tempestade atingem a magnetosfera, podendo alterar a intensidade e a direção do campo magnético terrestre. Sendo que em casos extremos pode até mesmo ocasionar quedas de energia elétrica, interferências no funcionamento de satélites de comunicação e instrumentos de navegação por satélite. Sendo que, segundo SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), as tempestades geomagnéticas podem ser definidas como a resposta da magnetosfera às alterações nos parâmetros do vento solar. Conforme afirma TSURUTANI; GONZALEZ (1996) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), essas perturbações acontecem devido à entrada de energia do vento solar intensificado na magnetosfera pelo processo de reconexão, ou seja, as linhas de campo magnéticos interplanetário (na direção sul) se interconectam com as linhas de campo geomagnéticoas da Terra (na direção norte) isso, no lado diurno, transportando assim, a energia sobre a calota polar na direção da cauda da magnetosfera, onde ocorrerá novas reconexões, a energia é injetada para dentro da magnetosfera. A figura 01 apresenta o conceito supracitado demostrando a dinâmica do vento solar e sua atuação na magnetosfera terrestre. Figura 1 – Representação artística da interação Sol-Terra mostrando uma Ejeção Coronal de Massa em direção à Terra, uma das causas das tempestades Geomagnéticas. Fonte: www.nasa.gov. 3 De acordo com a figura 01, pode-se notar que as linhas de força de campos geomagnéticos são comprimidos no lado dominado pelo Sol, formando uma espécie de cauda na direção oposta ao astro. Segundo KIRCHHOFF (1991) apud DAL POZ; CAMARGO (2006), durante tais eventos solares intensificados, a velocidade do vento solar pode ultrapassar de 400 para 1000 Km/s ou mais, e a densidade do vento solar pode passar de 10 6 a 10 7 partículas/cm 3 . As tempestades geomagnéticas são ocasionadas pelas ejeções coronais de massa (CME), denominadas grandes quantidades de plasma que são subitamente ejetadas a partir do Sol. "A frequência de ocorrência de CMEs está relacionada ao ciclo de manchas solares: em épocas de baixa atividade solar, a frequência é de uma CME por semana, em períodos de alta atividade solar observa-se, em média, 2 ou 3 CMEs por dia" (SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA, 2011, p. 2). No entanto, é necessário, pois, considerar que nem todas as CMEs atingem a Terra devido a fatores como a órbita planetária e a intensidade das CMEs. As radiações solar que recebemos provém principalmente das reações nucleares que ocorrem na parte mais interna do núcleo. Assim, segundo DWIVEDI; PHILLIPS (s.d), essa energia é liberada aos poucos, antes de atingir a superfície visível, conhecida como fotosfera, e escapar para o espaço. Segundo YAMASHITA (1999), as tempestades magnéticas são definidas como intensas diminuições na curva Dst 2 cujo fenômeno é causado por correntes elétricas que circulam no sentido Leste-Oeste, no cinturão de Van-Allen 3 . Durante as tempestades magnéticas as correntes aurorais se intensifica ao longo do chamado círculo auroral, " o qual está situado na faixa de latitude de aproximadamente 60°" (YAMASHITA , 1999, p. 30). Sendo que as partículas energéticas provenientes do vento solar também se precipitam na mesma região durante as tempestades magnéticas. A radiação de uma tempestade geomagnética afeta os equipamentos eletrônicos dos satélites, por estarem mais suscetíveis aos riscos, prejudicando dessa forma a comunicação global. Com os recentes avanços tecnológicos, os sistemas cada vez mais miniaturizados tornam-se mais vulneráveis aos efeitos de tais tempestades, dessa forma os microchips danificados podem mudar comandos de softwares nos computadores de bordo dos satélites. Esse foi um dos motivos da queda do laboratório de estudos norte-americano Skylab, em 2 Índice geomagnético que monitora e mede a intensidade de tempestades magnéticas e da corrente de anel no planeta. Essas medidas magnéticas são obtidas por magnetômetros, localizados na região equatorial, ao longo do globo. 3 Descoberto em 1958 por James Van Allen. As radiações de Van-Allen não ocorrem, salvo raras exceções, nos polos, e sim na região equatorial. Formando nessas regiões de radiação dentro da magnetosfera, contento prótons, elétrons energéticos presos pelo campo magnético da Terra. 4 1979, na ocasião duas espaçonaves soviéticas, as Vanera 11 e 12, viajavam pelo sistema solar interior, em órbitas elípticas. Os detectores de radiação a bordo das duas naves oscilavam em torno de 100 registros por segundo. Em fração de um milissegundo, o nível de radiação subiu para 200 mil registros por segundo. O ritmo continuou aumentando e, rapidamente, superou a capacidade dos detectores. Segundo PINTO et al. (2008), países localizados nas chamadas "altas latitudes" (Canadá, Escandinávia, Estados Unidos) gastam bilhões de dólares em monitorização e prevenção dos possíveis problemas causados por este fenômeno geomagnético. ATMOSFERA TERRESTRE - A MAGNETOSFERA De certa forma a magnetosfera pode ser considerada como uma região envoltória, formando, dessa forma a parte exterior da atmosfera do planeta, em que o campo magnético controlaos processos eletrodinâmicos da atmosfera ionizada. A eletrodinâmica da magnetosfera afeta não somente o ambiente espacial em torno do planeta, como também a atmosfera mais baixa e sua superfície. Uma vez que as tempestades magnéticas podem produzir interrupções nos serviços de telecomunicações utilizados no quotidiano devido à ação sobre linhas de transmissão e antenas de propagação de sinais. Segundo COSTA JUNIOR (2011), na primeira metade do século XX alguns cientistas já acreditavam que as auroras fossem resultado do choque das partículas vindas do Sol com a magnetosfera terrestre. "Para tanto, essas partículas deveriam viajar até nosso planeta de alguma forma, surgindo assim o primeiro modelo para o que hoje chamamos de vento solar" (COSTA JUNIOR, 2011, p. 1). Essa determinada região do planeta é a região onde o campo geomagnético domina os processos sobre as partículas carregadas. Uma vez que, conforme afirma COSTA JUNIOR (2011), esse campo é gerado em sua grande maioria por correntes que fluem do interior do planeta, possuindo pequenas contribuições dos sistemas de correntes atmosféricas do conjunto magnetosfera-ionosfera. 5 IMPACTO DAS TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS As tempestades geomagnéticas causadas pela ação dos ventos solares podem vir a afetar não somente os satélites, como também às redes elétricas em terra, os oleodutos que transportam gás ou petróleo, além de causar perturbações nas comunicações. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Impe) e o Centro de Tecnologia Aeroespacial - CTA têm sido constantemente procurados para esclarecerem dúvidas quanto às tempestades geomagnéticas, tema esse constantemente abordado pela mídia e em pauta nas pesquisas acadêmicas. Os efeitos das tempestades solares nos sistemas de telecomunicação se dão pelas interferências provocadas nas ondas eletromagnéticas, essa ação pode vir a ser causadora de danos em circuitos integradas, computadores de bordo, satélites, foguetes e sondas. A tempestade solar ocorrida em 1989, por exemplo, que atingiu o Canadá deixou quase seis milhões de habitantes sem energia elétrica. Após o evento, no ano 2000, o satélite brasileiro Brasilsat dentre várias outras ocorrências sofreu interrupções no seu funcionamento devido a uma tempestade geomagnética. O fluxo magnético proveniente do Sol pode provocar fortes ondas de descargas elétricas em cabos de transmissão de força, podendo causar curto-circuito e queimar equipamentos sujeitos a altas tensões. Foi o que ocorreu na província de Quebec, 1989, quando as bobinas de uma estação transformadora se derreteram e se incendiaram, provocando o blackout na região. Dessa forma, o setor elétrico apoia-se no paradigma de que a vulnerabilidade à atividade solar é, a princípio, uma consequência da latitude geográfica. “Esta ideia pré-concebida está baseada no mapeamento do próprio campo magnético terrestre que exerce uma função protetora de blindagem. A magnetosfera (região correspondente ao campo magnético terrestre) funciona como verdadeiro escudo, impedindo que sejamos afetados de forma mais significativa pelos fortes 'jatos' e 'bolhas' de plasma carregado que atingem rotineiramente nosso planeta – vindos ou não do Sol" (PINTO et al., 2008, p. 2). No entanto, a proteção criada naturalmente pelo próprio planeta não é, entretanto, nem completa, nem uniforme. Contudo, a diferença entre a compressão/expansão que acompanham o dia e a noite, o campo é geralmente mais fraco nas regiões próximas aos polos magnéticos. De maneira geral, o campo fortalece-se à medida que se aproxima do Equador. No entanto, existe no Atlântico Sul, conforme figura 02, uma anomalia conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), sendo uma região onde o efeito de proteção 6 da magnetosfera perde parte de sua eficiência, que afeta os Cinturões de Van Allem, fazendo com que se aproximem mais da Terra nessa região. "O fenômeno está relacionado ao deslocamento excêntrico do centro do campo magnético da Terra em relação a seu centro geográfico" (ARCANJO; FERREIRA, 2009, p. 3). Essa região, assim como nos polos magnéticos, está mais exposta às variações do campo magnético provocado pelo Sol, absorvendo mais partículas provenientes do vento solar do que as demais localidades. A anomalia abrange, atualmente, a região situada entre -90° e +40° de longitude e -50° até a linha do Equador, essa região atualmente, encontram-se sob influência da Anomalia e sujeitos, assim, à ocorrência de Correntes Geomagneticamente Induzidas. É necessário, pois, analisar que a Anomalia Magnética é forte e permanente, embora, segundo ARCANJO; FERREIRA (2009) esta anomalia tem uma dinâmica geológica temporal da ordem de 1000 anos, sendo que, observa-se um deslocamento anual na ordem de 0.3° sentido oeste. Conforme ilustrado na figura, o Brasil está quase completamente dentro da área abrangida por esse fenômeno, cujo centro encontra-se no território do Paraguai. Ainda segundo ARCANJO; FERREIRA (2009), há 400 anos a AMAS estava localizada no Sul do continente africano e apresentava uma cobertura geográfica maior. Figura 2. Área de abrangência da AMAS Mapeamento Geográfico da Anomalia do Atlântico Sul. É necessário, pois, analisar que os efeitos causados pela AMAS não se prendem a fortes tempestades solares. PINTO et al. (2004) em estudos recentes analisou 100 ocorrências na operação brasileira sorteadas ao acaso nos anos de 2001 a 2003 e detectaram a existência do fenômeno geomagnético em pelo menos 96% dos casos. De acordo com PINTO et al. (2009) esta forte ligação é coerente com os relatórios da NASA, que, devido a um campo geomagnético tão variado, decidiu desviar a rota de satélites, que costumavam ser danificados 7 quando orbitavam determinada região. CORRENTES GEOMAGNETICAMENTE INDUZIDAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Pode-se dizer, grosso modo, que as Correntes Geomagneticamente Induzidas (CGIs) "espelham" as correntes elétricas ionosféricas que são associadas às variações do campo magnético terrestre. Dessa forma, os efeitos das CGIs são razoavelmente conhecidos e modelados. A princípio, as Correntes Geomagneticamente Induzidas podem ser aproximadas por um pulso de "corrente contínua" que "penetra" pela rede através do solo, por meio de cabos de aterramento. Os eventos a serem citados como consequências das CGIs, não são, nem poderiam ser, exaustivo, uma vez que esta área de investigação encontra-se incompleta, em aberto, restando muita pesquisa e muito a ser observado em relação a tais fenômenos para a melhor compreensão do tema. Transformadores de Potência É de conhecimento da comunidade acadêmica que uma das maneiras mais severas que o Sol pode afetar a Terra é pelas tempestades geomagnéticas, "Estas duram tipicamente algumas horas podendo provocar indução de corrente elétrica em sistemas de fornecimento de energia elétrica, causando variações de frequência e voltagem" (COLOMBO JUNIOR, 2011, p. 10). A excitação DC nos transformadores resulta em saturação do núcleo, podendo levar à produção de correntes harmônicas, distorcendo tensões e provocando a alteração dos relés de potência. De acordo com PINTO et al.(2009)a saturação pode ainda provocar o aquecimento localizado do núcleo e dos enrolamentos, danificando, assim, os isolamentos. Como citado anteriormente, em 1989, uma grande tempestade geomagnética causou perturbações elétricas em transformadores, conforme mostra a figura 03, provocando, assim, um blackout na província de Quebec (Canadá) e também no estado de New Jersey (EUA). Sendo que os danos e perdas de receita foram estimados em centenasde milhões de dólares, devidos aos incêndios nas estações de fornecimento de energia, uma vez que o calor localizado pode produzir incêndios e explosões espontâneas, assim como perfurações ou degradação no 8 isolamento. Figura 03 Transformador da Public Service Electric and Gas (PSE&G) na Salem Nuclear Generating Station em New Jersey, nos Estados Unidos, queimado pelas correntes elétricas geomagneticamente induzidas, causadas pela tempestade geomagnética de 13-14 de março de 1989. Fonte: <http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm.>. Colapso de tensão Os transformadores quando saturados consomem reativos, provocando a queda de tensão, podendo vir a provocar um colapso de tensão. Há, no entanto, um grande interesse na área de sistemas elétricos d potência em se estudar o comportamento dos transformadores quanto às quedas de tensão provocados pela ação das tempestades geomagnéticas. Buscando desenvolver possíveis métodos para prevenir a instabilidade no sistemas elétricos, a fim de evitar os colapsos de tensão. Bancos de capacitores Esses bancos de capacitores sob a ação de uma sobretensão tendem à sobrecarga por oferecerem baixa impedância às correntes harmônicas. A utilização de tais equipamentos em sistemas elétricos tem aumentado, pelo fato de se constituir uma forma simples e econômica de corrigir fator de tensão. Embora sua aplicação necessite de certos cuidados para não 9 ocorrerem efeitos colaterais. Segundo GODOI (2009), sabe-se que os capacitores são elementos estáticos cuja inserção nos circuitos de transmissão e distribuição em redes de energia elétrica apresentam o objetivo de racionalizar o consumo de potência reativa a ser fornecida pela geração. No entanto, pelas considerações estabelecidas, internacionalmente reconhecidas, de especificação de capacitores de potência, existem, conforme afirma GODOI (2009), restrições quanto à utilização dos mesmos em circuitos com condições anormais de operação, em casos de sobretensões, correntes harmônicas, etc. Por conseguinte, o uso de bancos de capacitores pode sofrer sérios riscos durante as tempestades geomagnéticas, sendo que, segundo PINTO et al. (2008) os tipos mais suscetíveis a problemas são os capacitores tipo Shunt. Visto que as tempestades geomagnéticas geram altos níveis de correntes harmônicas nas linhas de transmissão, essas, por sua vez chegam aos transformadores afetando, dessa forma, os bancos de capacitores. Por razões de segurança, o fabricante, ao projetar um determinado tipo de capacitor, leva em consideração os valores normais de tensão e de corrente a que o mesmo estará submetido durante seu funcionamento. Contudo, o fabricante não pode prever de modo generalizado possíveis condições adversas, como as presenciadas durante uma tempestade geomagnética de grandes proporções. Tais condições adversas nesses casos ultrapassam os valores normalizados de suportabilidade do equipamento, sacrificando, assim, sua vida operacional. Uma vez que, tal efeito faz do capacitor um "caminho de baixa impedância para a circulação de correntes harmônicas, fazendo com que uma grande parte passe pelo capacitor, de acordo com GODOI (2009) é necessário, pois, salientar que os capacitores não geram tais correntes harmônicas, sendo na verdade, eventuais vítimas de seus efeitos. Geradores Segundo PINTO et al. (2009) um sinal destorcido para o regulador de tensão pode resultar em falha de controle, resultando em um nível de excitação, cíclica no gerador, provocando as variações anormais induzidas nas linhas de transmissão, pode provocar o sobreaquecimento, devido à oscilações bruscas de corrente nas fases e distorções harmônicas nas tensões resultantes dos transformadores. 10 Linhas de Transmissão A introdução de correntes harmônicas nas linhas de transmissão pode alterar o nível máximo regulado, a princípio, para a tensão da fundamental para ocorrência de picos de correntes, tanto positivos como negativos. Sistemas Interligados De acordo com PINTO et al. (2009) a tendência de ampliação das falhas em sistemas interligados é forte e conhecido. Sendo que, conforme o transformador esteja saturado, isso pode levar a um consumo exageradamente alto de reativos e injeção de correntes harmônicas no sistema. "Estas correntes harmônicas podem sobrecarregar bancos de capacitores, levando- os ao desligamento, à perda de geradores e ao mau funcionamento dos compensadores estáticos" (PINTO, et al. 2009, p. 4). O agravamento dessas saturações pode induzir aos colapsos de tensão, uma vez que atuações equivocadas da proteção podem completar o quadro de instabilidade e insegurança da rede. Satélites e GPS É sabido que, quando tempestades geomagnéticas ocorrem, partículas energéticas podem penetrar na atmosfera terrestre e danificar satélites e demais sistemas tecnológicos espaciais, assim como prejudicar a saúde de astronautas e passageiros a bordo de aeronaves nas regiões polares. No caso de efeitos relativos a satélites, a radiação de uma tempestade geomagnética afeta os equipamentos eletrônicos presentes nos satélites, sendo que com os avanços dos meios técnicos, esses equipamentos são cada vez mais miniaturizados e suscetíveis à danificação em seu funcionamento. Durante tais tempestades, as camadas superiores da atmosfera se aquecem e se expandem, esse fato pode mudar a órbita, altura ou retardamento dos movimentos de satélites que ao saírem da órbita pré-estabelecida, os sistemas podem ser 11 danificados ou pedidos com o deslocamento da órbita dos equipamentos. O Sistema de Posicionamento Global ou GPS ("Global Positioing System") é um sistema de rádio navegação baseado em satélites artificiais que são utilizados para determinar a posição e a velocidade de um objeto, sendo este móvel ou fixo, situado em qualquer ponto sobre ou próximo à superfície terrestre. Segundo CUEVA (2008), os principais efeitos nos satélites são o atraso da velocidade de grupo na modulação do sinal, o avanço na fase portadora, o deslocamento Doppler, a distorção na forma de onda de pulso, a cintilação da fase do sinal, o enfraquecimento e a cintilação da amplitude do sinal. As anomalias na ionosfera provocam tais fenômenos, sendo que tais erros são mais elevados na propagação de sinal. ESTUDO DE CASO Nesse estudo, descrito detalhadamente em SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), abrange inicialmente o conjunto de relatos e históricos de operações em 2003. A tempestade geomagnética de 2003, também chamada de "Halloeen" foi o maior exemplo de consequências para satélites e aeronaves, uma vez que nesta época tais tecnologias já estavam bastante avançadas. O fenômeno causou uma considerável interferência em comunicação de rádio de alta frequência, próximos às zonas polares. Alguns voos próximos aos polos foram redirecionados assim como o uso de comunicação reserva. Foram detectados problemas nas redes elétricas do norte da Europa e na África do Sul, causados principalmente pelo superaquecimento de transformadores. No determinado período de declínio do ciclo solar, três agrupamentos de manchas solares - 10484, 10486 e 10488 - se mostraram extremamente ativos gerando uma série de explosões solares na Classe X (maior intensidade do pico da explosão). Segundo SALOMONI (2008) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), entre as onze explosões solares Classe X que ocorreram entre Outubro e Novembro de 2003, três se destacaram por sua magnitude e geoefetividade, sendo a tempestade de 28, 29 de outubro e 4 de novembro. Rapidamente os efeitos do evento foram detectados no planeta, sendo oprimeiro efeito dos ventos solares, o aumento da radiação eletromagnética na faixa do raio-X. Mais tarde, com a chegada de CMEs à Terra, severas tempestades geomagnéticas e ionosféricas 12 (tempestades Halloeen) foram detectadas. A figura 04 apresenta valores de índice Dst para os dias 29 e 30 de outubro, onde as fases da tempestade mostram-se melhor caracterizadas. Figura 04 Índice Dst para os dias 29 e 30 de outbro de 2003. Fonte SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011) SKOUG et al. (2004) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011) analisou os parâmetros do vento solar durante o dia 28 de outubro e concluiu que a velocidade do vento solar foi uma das maiores já detectadas no espaço, atingindo valores superiores a 1850 Km/s, segundo observações do instrumento SWEPAM (Solar Wind Electron Proton Alpha Monitor), a bordo do satélite ACE. Sendo que após o evento, ocorreram outras tempestades, sendo sua causa uma nuvem magnética interplanetária, também provocada pelas erupções solares. IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO Já existem vários equipamentos para medir as variações do campo magnético, instalados tanto na superfície quanto em órbita do planeta. As monitorizações e transmissão de alertas geofísicos são muito importantes para que medidas de proteção possam ser tomadas com antecedência. É necessário, pois, ressaltar que há um retardo entre o aparecimento da anomalia magnética e a ocorrência de perturbações elétricas. Sendo que, na grande maioria dos casos, é possível detectar a causa (o fenômeno e sua localização) um ou dois dias de antecedência das perturbações elétricas. Um aviso antecipado de uma iminente tempestade geomagnética permite, por exemplo, que as distribuidoras de energia possam desligar os sistemas elétricos protegendo assim, os transformadores e demais equipamentos sensíveis. 13 Os magnetômetros são práticos instrumentos de medição de campo magnético, tal equipamento possibilita a medição de campo magnético de intensidade mínimas e monitorar sus variações. Outra importante ferramenta para monitorização é o satélite Soho, que atua em posição intermediária entre o Sol e a Terra, detectando explosões na superfície solar. Estes recursos estimulam a pesquisa na área, uma vez que o desenvolvimento de modelos não só de previsão, mas também de prevenção vêm sendo cada vez mais requisitados nas indústrias de equipamentos eletrônicos de alto valor para protegerem os sistemas elétricos suscetíveis às tempestades geomagnéticas. CONCLUSÃO Este trabalho discute a ocorrência de tempestades geomagnéticas e de correntes geomagneticamente induzidas na América do Sul suas consequências, mostrando que a maior parte do território brasileiro está sob essa anomalia, sendo que as influências de tais fenômenos apresentam uma realidade concreta. Danificação de equipamentos, blackout, perturbações em transformadores podem ser diretamente relacionados às tempestades geomagnéticas. A monitorização está sendo realizada, uma vez que satélites aliados à medições em Terra, permitem o uso de técnicas sofisticadas de análise de riscos. As comprovações dessas suspeitas podem levar até mesmo às concessionárias de energia a desligarem redes e estações de energia para protegem sistemas elétricos. Sendo que o fenômeno é ainda pouco conhecido, mas pode se constituir uma verdadeira ameaça à segurança e à integridade de sistemas elétricos, tanto na superfície quanto em órbita. 14 BIBLIOGRAFIA SALOMONI, C. S.; MATSUOKA, M. T.; SOUZA, S. F. Efeitos de tempestades geomagnéticas no posicionamento relativo com GPS na região brasileira: estudo de caso para 29 de outubro de 2003. Revista Brasileira de Cartografia. v. 63. p. 449-459, 2011. Disponível em: <http://www.rbc.ufrj.br/_pdf_63_2011/63_GEODE_2.pdf> . Acesso em 03 de out. de 2013. DAL POZ, Willian Rodrigo; CAMARGO, Paulo de Oliveira. Consequências de uma tempestade geomagnética no posicionamento relativo com receptores GPS de simples frequência. Dissertação (Pós-graduação em Ciências Cartográficas). Presidente Prudente: Universidade Estadual Paulista, 2006. 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