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Tempestades Geomagnéticas e Correntes Induzidas

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TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS SOBRE SISTEMAS ELÉTRICOS 
 Márcio Luís de Souza
1 
Diego de Souza Almeida 
Elton Santos Simões 
Genício Malta de F. Junior 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A determinação do estudo das propriedades de campo magnéticos, as tempestades 
geomagneticamente e, a princípio, as tempestades solares fornecem dados para entender o 
fenômeno das tempestades geomagnéticas e suas consequências sobre a Terra. 
 O objetivo desse trabalho é discutir as consequências das tempestades sobre os 
sistemas elétricos, normalmente suscetíveis a tais fenômenos. Apresentando causas sobre as 
linhas de transmissão de energia elétrica, objetos espaciais e o desenvolvimento de futuros 
métodos de monitorização de futuras tempestades. 
 Assim, espera-se que os leitores sejam capazes de melhor compreenderem os 
fenômenos solares e suas interações no sistema Sol-Terra. Em função dessas considerações foi 
realizada uma breve análise sobre a severa tempestade geomagnética iniciada em 2003. 
Apresentando nesse trabalho uma breve descrição dos fenômenos solares, geomagnéticos e 
ionosféricos diretamente relacionados às consequências sobre sistemas elétricos. 
 Maiores informações sobre eventos solares e suas influências sobre sistemas elétricos 
terrestres, bem como estudos e análises dessas variações no campo magnético terrestre, 
podem ser encontrados, por exemplo, em YAMASHITA (1999) e COLOMBO JUNIOR 
(2011). 
 
 
 
1
 Instituto Tecnológico de Caratinga, Engenharia Elétrica, 4° período, 2013. Contato: 
<marciodesouza.luiz@gmail.com>. 
2 
 
AS TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS 
 
 O campo magnético do Sol (assim como o da Terra) não é constante: ele se distende, 
se contrai e evolui ao longo do tempo. Algumas pessoas já tiveram a oportunidade de ver 
manchas solares a olho nu, estas que aparecem na superfície do astro são como "indícios" 
visíveis de um fenômeno magnético de espetacular proporção, que pode causar descargas de 
grandes quantidades de matéria constituída de hidrogênio e hélio. Tais tempestades são 
provocadas pela ação de erupções solares com ejeções de massa da coroa solar, como se 
pequenos "pedaços" do Sol estivessem se soltando numa constante renovação, e um grande 
fluxo de radiação emitida pelo astro. Este fenômeno atinge o campo magnético e a atmosfera 
terrestre. Uma vez que as fortes rajadas de vento solar atingem a Terra, ondas de radiação da 
tempestade atingem a magnetosfera, podendo alterar a intensidade e a direção do campo 
magnético terrestre. Sendo que em casos extremos pode até mesmo ocasionar quedas de 
energia elétrica, interferências no funcionamento de satélites de comunicação e instrumentos 
de navegação por satélite. Sendo que, segundo SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), 
as tempestades geomagnéticas podem ser definidas como a resposta da magnetosfera às 
alterações nos parâmetros do vento solar. Conforme afirma TSURUTANI; GONZALEZ 
(1996) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), essas perturbações acontecem 
devido à entrada de energia do vento solar intensificado na magnetosfera pelo processo de 
reconexão, ou seja, as linhas de campo magnéticos interplanetário (na direção sul) se 
interconectam com as linhas de campo geomagnéticoas da Terra (na direção norte) isso, no 
lado diurno, transportando assim, a energia sobre a calota polar na direção da cauda da 
magnetosfera, onde ocorrerá novas reconexões, a energia é injetada para dentro da 
magnetosfera. A figura 01 apresenta o conceito supracitado demostrando a dinâmica do vento 
solar e sua atuação na magnetosfera terrestre. 
 
Figura 1 – Representação artística da interação Sol-Terra mostrando uma Ejeção Coronal de Massa em direção à 
Terra, uma das causas das tempestades Geomagnéticas. Fonte: www.nasa.gov. 
3 
 
 De acordo com a figura 01, pode-se notar que as linhas de força de campos 
geomagnéticos são comprimidos no lado dominado pelo Sol, formando uma espécie de cauda 
na direção oposta ao astro. Segundo KIRCHHOFF (1991) apud DAL POZ; CAMARGO 
(2006), durante tais eventos solares intensificados, a velocidade do vento solar pode 
ultrapassar de 400 para 1000 Km/s ou mais, e a densidade do vento solar pode passar de 10
6
 a 
10
7
 partículas/cm
3
. 
 As tempestades geomagnéticas são ocasionadas pelas ejeções coronais de massa 
(CME), denominadas grandes quantidades de plasma que são subitamente ejetadas a partir do 
Sol. "A frequência de ocorrência de CMEs está relacionada ao ciclo de manchas solares: em 
épocas de baixa atividade solar, a frequência é de uma CME por semana, em períodos de alta 
atividade solar observa-se, em média, 2 ou 3 CMEs por dia" (SALOMONI; MATSUOKA; 
SOUZA, 2011, p. 2). No entanto, é necessário, pois, considerar que nem todas as CMEs 
atingem a Terra devido a fatores como a órbita planetária e a intensidade das CMEs. As 
radiações solar que recebemos provém principalmente das reações nucleares que ocorrem na 
parte mais interna do núcleo. Assim, segundo DWIVEDI; PHILLIPS (s.d), essa energia é 
liberada aos poucos, antes de atingir a superfície visível, conhecida como fotosfera, e escapar 
para o espaço. 
 Segundo YAMASHITA (1999), as tempestades magnéticas são definidas como 
intensas diminuições na curva Dst
2
 cujo fenômeno é causado por correntes elétricas que 
circulam no sentido Leste-Oeste, no cinturão de Van-Allen
3
. Durante as tempestades 
magnéticas as correntes aurorais se intensifica ao longo do chamado círculo auroral, " o qual 
está situado na faixa de latitude de aproximadamente 60°" (YAMASHITA , 1999, p. 30). 
Sendo que as partículas energéticas provenientes do vento solar também se precipitam na 
mesma região durante as tempestades magnéticas. 
 A radiação de uma tempestade geomagnética afeta os equipamentos eletrônicos dos 
satélites, por estarem mais suscetíveis aos riscos, prejudicando dessa forma a comunicação 
global. Com os recentes avanços tecnológicos, os sistemas cada vez mais miniaturizados 
tornam-se mais vulneráveis aos efeitos de tais tempestades, dessa forma os microchips 
danificados podem mudar comandos de softwares nos computadores de bordo dos satélites. 
Esse foi um dos motivos da queda do laboratório de estudos norte-americano Skylab, em 
 
2
 Índice geomagnético que monitora e mede a intensidade de tempestades magnéticas e da corrente de anel no 
planeta. Essas medidas magnéticas são obtidas por magnetômetros, localizados na região equatorial, ao longo do 
globo. 
3
 Descoberto em 1958 por James Van Allen. As radiações de Van-Allen não ocorrem, salvo raras exceções, nos 
polos, e sim na região equatorial. Formando nessas regiões de radiação dentro da magnetosfera, contento 
prótons, elétrons energéticos presos pelo campo magnético da Terra. 
4 
 
1979, na ocasião duas espaçonaves soviéticas, as Vanera 11 e 12, viajavam pelo sistema solar 
interior, em órbitas elípticas. Os detectores de radiação a bordo das duas naves oscilavam em 
torno de 100 registros por segundo. Em fração de um milissegundo, o nível de radiação subiu 
para 200 mil registros por segundo. O ritmo continuou aumentando e, rapidamente, superou a 
capacidade dos detectores. Segundo PINTO et al. (2008), países localizados nas chamadas 
"altas latitudes" (Canadá, Escandinávia, Estados Unidos) gastam bilhões de dólares em 
monitorização e prevenção dos possíveis problemas causados por este fenômeno 
geomagnético. 
 
ATMOSFERA TERRESTRE - A MAGNETOSFERA 
 
 De certa forma a magnetosfera pode ser considerada como uma região envoltória, 
formando, dessa forma a parte exterior da atmosfera do planeta, em que o campo magnético 
controlaos processos eletrodinâmicos da atmosfera ionizada. 
 A eletrodinâmica da magnetosfera afeta não somente o ambiente espacial em torno do 
planeta, como também a atmosfera mais baixa e sua superfície. Uma vez que as tempestades 
magnéticas podem produzir interrupções nos serviços de telecomunicações utilizados no 
quotidiano devido à ação sobre linhas de transmissão e antenas de propagação de sinais. 
 Segundo COSTA JUNIOR (2011), na primeira metade do século XX alguns cientistas 
já acreditavam que as auroras fossem resultado do choque das partículas vindas do Sol com a 
magnetosfera terrestre. "Para tanto, essas partículas deveriam viajar até nosso planeta de 
alguma forma, surgindo assim o primeiro modelo para o que hoje chamamos de vento solar" 
(COSTA JUNIOR, 2011, p. 1). Essa determinada região do planeta é a região onde o campo 
geomagnético domina os processos sobre as partículas carregadas. Uma vez que, conforme 
afirma COSTA JUNIOR (2011), esse campo é gerado em sua grande maioria por correntes 
que fluem do interior do planeta, possuindo pequenas contribuições dos sistemas de correntes 
atmosféricas do conjunto magnetosfera-ionosfera. 
 
 
 
 
5 
 
IMPACTO DAS TEMPESTADES GEOMAGNÉTICAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS 
 
 As tempestades geomagnéticas causadas pela ação dos ventos solares podem vir a 
afetar não somente os satélites, como também às redes elétricas em terra, os oleodutos que 
transportam gás ou petróleo, além de causar perturbações nas comunicações. O Instituto 
Nacional de Pesquisas Espaciais (Impe) e o Centro de Tecnologia Aeroespacial - CTA têm 
sido constantemente procurados para esclarecerem dúvidas quanto às tempestades 
geomagnéticas, tema esse constantemente abordado pela mídia e em pauta nas pesquisas 
acadêmicas. 
 Os efeitos das tempestades solares nos sistemas de telecomunicação se dão pelas 
interferências provocadas nas ondas eletromagnéticas, essa ação pode vir a ser causadora de 
danos em circuitos integradas, computadores de bordo, satélites, foguetes e sondas. A 
tempestade solar ocorrida em 1989, por exemplo, que atingiu o Canadá deixou quase seis 
milhões de habitantes sem energia elétrica. Após o evento, no ano 2000, o satélite brasileiro 
Brasilsat dentre várias outras ocorrências sofreu interrupções no seu funcionamento devido a 
uma tempestade geomagnética. 
 O fluxo magnético proveniente do Sol pode provocar fortes ondas de descargas 
elétricas em cabos de transmissão de força, podendo causar curto-circuito e queimar 
equipamentos sujeitos a altas tensões. Foi o que ocorreu na província de Quebec, 1989, 
quando as bobinas de uma estação transformadora se derreteram e se incendiaram, 
provocando o blackout na região. Dessa forma, o setor elétrico apoia-se no paradigma de que 
a vulnerabilidade à atividade solar é, a princípio, uma consequência da latitude geográfica. 
“Esta ideia pré-concebida está baseada no mapeamento do próprio campo magnético terrestre 
que exerce uma função protetora de blindagem. A magnetosfera (região correspondente ao 
campo magnético terrestre) funciona como verdadeiro escudo, impedindo que sejamos 
afetados de forma mais significativa pelos fortes 'jatos' e 'bolhas' de plasma carregado que 
atingem rotineiramente nosso planeta – vindos ou não do Sol" (PINTO et al., 2008, p. 2). 
 No entanto, a proteção criada naturalmente pelo próprio planeta não é, entretanto, nem 
completa, nem uniforme. Contudo, a diferença entre a compressão/expansão que 
acompanham o dia e a noite, o campo é geralmente mais fraco nas regiões próximas aos polos 
magnéticos. De maneira geral, o campo fortalece-se à medida que se aproxima do Equador. 
No entanto, existe no Atlântico Sul, conforme figura 02, uma anomalia conhecida como 
Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), sendo uma região onde o efeito de proteção 
6 
 
da magnetosfera perde parte de sua eficiência, que afeta os Cinturões de Van Allem, fazendo 
com que se aproximem mais da Terra nessa região. "O fenômeno está relacionado ao 
deslocamento excêntrico do centro do campo magnético da Terra em relação a seu centro 
geográfico" (ARCANJO; FERREIRA, 2009, p. 3). Essa região, assim como nos polos 
magnéticos, está mais exposta às variações do campo magnético provocado pelo Sol, 
absorvendo mais partículas provenientes do vento solar do que as demais localidades. A 
anomalia abrange, atualmente, a região situada entre -90° e +40° de longitude e -50° até a 
linha do Equador, essa região atualmente, encontram-se sob influência da Anomalia e sujeitos, 
assim, à ocorrência de Correntes Geomagneticamente Induzidas. É necessário, pois, analisar 
que a Anomalia Magnética é forte e permanente, embora, segundo ARCANJO; FERREIRA 
(2009) esta anomalia tem uma dinâmica geológica temporal da ordem de 1000 anos, sendo 
que, observa-se um deslocamento anual na ordem de 0.3° sentido oeste. Conforme ilustrado 
na figura, o Brasil está quase completamente dentro da área abrangida por esse fenômeno, 
cujo centro encontra-se no território do Paraguai. Ainda segundo ARCANJO; FERREIRA 
(2009), há 400 anos a AMAS estava localizada no Sul do continente africano e apresentava 
uma cobertura geográfica maior. 
 
 
Figura 2. Área de abrangência da AMAS Mapeamento Geográfico da Anomalia do Atlântico Sul. 
 
 É necessário, pois, analisar que os efeitos causados pela AMAS não se prendem a 
fortes tempestades solares. PINTO et al. (2004) em estudos recentes analisou 100 ocorrências 
na operação brasileira sorteadas ao acaso nos anos de 2001 a 2003 e detectaram a existência 
do fenômeno geomagnético em pelo menos 96% dos casos. De acordo com PINTO et al. 
(2009) esta forte ligação é coerente com os relatórios da NASA, que, devido a um campo 
geomagnético tão variado, decidiu desviar a rota de satélites, que costumavam ser danificados 
7 
 
quando orbitavam determinada região. 
 
CORRENTES GEOMAGNETICAMENTE INDUZIDAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
 
 Pode-se dizer, grosso modo, que as Correntes Geomagneticamente Induzidas (CGIs) 
"espelham" as correntes elétricas ionosféricas que são associadas às variações do campo 
magnético terrestre. Dessa forma, os efeitos das CGIs são razoavelmente conhecidos e 
modelados. A princípio, as Correntes Geomagneticamente Induzidas podem ser aproximadas 
por um pulso de "corrente contínua" que "penetra" pela rede através do solo, por meio de 
cabos de aterramento. 
 Os eventos a serem citados como consequências das CGIs, não são, nem poderiam ser, 
exaustivo, uma vez que esta área de investigação encontra-se incompleta, em aberto, restando 
muita pesquisa e muito a ser observado em relação a tais fenômenos para a melhor 
compreensão do tema. 
 
Transformadores de Potência 
 
 É de conhecimento da comunidade acadêmica que uma das maneiras mais severas que 
o Sol pode afetar a Terra é pelas tempestades geomagnéticas, "Estas duram tipicamente 
algumas horas podendo provocar indução de corrente elétrica em sistemas de fornecimento de 
energia elétrica, causando variações de frequência e voltagem" (COLOMBO JUNIOR, 2011, 
p. 10). A excitação DC nos transformadores resulta em saturação do núcleo, podendo levar à 
produção de correntes harmônicas, distorcendo tensões e provocando a alteração dos relés de 
potência. De acordo com PINTO et al.(2009)a saturação pode ainda provocar o aquecimento 
localizado do núcleo e dos enrolamentos, danificando, assim, os isolamentos. Como citado 
anteriormente, em 1989, uma grande tempestade geomagnética causou perturbações elétricas 
em transformadores, conforme mostra a figura 03, provocando, assim, um blackout na 
província de Quebec (Canadá) e também no estado de New Jersey (EUA). Sendo que os 
danos e perdas de receita foram estimados em centenasde milhões de dólares, devidos aos 
incêndios nas estações de fornecimento de energia, uma vez que o calor localizado pode 
produzir incêndios e explosões espontâneas, assim como perfurações ou degradação no 
8 
 
isolamento. 
 
Figura 03 Transformador da Public Service Electric and Gas (PSE&G) na Salem Nuclear Generating Station em 
New Jersey, nos Estados Unidos, queimado pelas correntes elétricas geomagneticamente induzidas, causadas 
pela tempestade geomagnética de 13-14 de março de 1989. Fonte: <http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm.>. 
 
 Colapso de tensão 
 
 Os transformadores quando saturados consomem reativos, provocando a queda de 
tensão, podendo vir a provocar um colapso de tensão. Há, no entanto, um grande interesse na 
área de sistemas elétricos d potência em se estudar o comportamento dos transformadores 
quanto às quedas de tensão provocados pela ação das tempestades geomagnéticas. Buscando 
desenvolver possíveis métodos para prevenir a instabilidade no sistemas elétricos, a fim de 
evitar os colapsos de tensão. 
 
Bancos de capacitores 
 
 Esses bancos de capacitores sob a ação de uma sobretensão tendem à sobrecarga por 
oferecerem baixa impedância às correntes harmônicas. A utilização de tais equipamentos em 
sistemas elétricos tem aumentado, pelo fato de se constituir uma forma simples e econômica 
de corrigir fator de tensão. Embora sua aplicação necessite de certos cuidados para não 
9 
 
ocorrerem efeitos colaterais. Segundo GODOI (2009), sabe-se que os capacitores são 
elementos estáticos cuja inserção nos circuitos de transmissão e distribuição em redes de 
energia elétrica apresentam o objetivo de racionalizar o consumo de potência reativa a ser 
fornecida pela geração. No entanto, pelas considerações estabelecidas, internacionalmente 
reconhecidas, de especificação de capacitores de potência, existem, conforme afirma GODOI 
(2009), restrições quanto à utilização dos mesmos em circuitos com condições anormais de 
operação, em casos de sobretensões, correntes harmônicas, etc. Por conseguinte, o uso de 
bancos de capacitores pode sofrer sérios riscos durante as tempestades geomagnéticas, sendo 
que, segundo PINTO et al. (2008) os tipos mais suscetíveis a problemas são os capacitores 
tipo Shunt. Visto que as tempestades geomagnéticas geram altos níveis de correntes 
harmônicas nas linhas de transmissão, essas, por sua vez chegam aos transformadores 
afetando, dessa forma, os bancos de capacitores. 
 Por razões de segurança, o fabricante, ao projetar um determinado tipo de capacitor, 
leva em consideração os valores normais de tensão e de corrente a que o mesmo estará 
submetido durante seu funcionamento. Contudo, o fabricante não pode prever de modo 
generalizado possíveis condições adversas, como as presenciadas durante uma tempestade 
geomagnética de grandes proporções. Tais condições adversas nesses casos ultrapassam os 
valores normalizados de suportabilidade do equipamento, sacrificando, assim, sua vida 
operacional. Uma vez que, tal efeito faz do capacitor um "caminho de baixa impedância para 
a circulação de correntes harmônicas, fazendo com que uma grande parte passe pelo 
capacitor, de acordo com GODOI (2009) é necessário, pois, salientar que os capacitores não 
geram tais correntes harmônicas, sendo na verdade, eventuais vítimas de seus efeitos. 
 
 Geradores 
 
 Segundo PINTO et al. (2009) um sinal destorcido para o regulador de tensão pode 
resultar em falha de controle, resultando em um nível de excitação, cíclica no gerador, 
provocando as variações anormais induzidas nas linhas de transmissão, pode provocar o 
sobreaquecimento, devido à oscilações bruscas de corrente nas fases e distorções harmônicas 
nas tensões resultantes dos transformadores. 
 
 
10 
 
 Linhas de Transmissão 
 
 A introdução de correntes harmônicas nas linhas de transmissão pode alterar o nível 
máximo regulado, a princípio, para a tensão da fundamental para ocorrência de picos de 
correntes, tanto positivos como negativos. 
 
 Sistemas Interligados 
 
 De acordo com PINTO et al. (2009) a tendência de ampliação das falhas em sistemas 
interligados é forte e conhecido. Sendo que, conforme o transformador esteja saturado, isso 
pode levar a um consumo exageradamente alto de reativos e injeção de correntes harmônicas 
no sistema. "Estas correntes harmônicas podem sobrecarregar bancos de capacitores, levando-
os ao desligamento, à perda de geradores e ao mau funcionamento dos compensadores 
estáticos" (PINTO, et al. 2009, p. 4). O agravamento dessas saturações pode induzir aos 
colapsos de tensão, uma vez que atuações equivocadas da proteção podem completar o quadro 
de instabilidade e insegurança da rede. 
 
 Satélites e GPS 
 
 É sabido que, quando tempestades geomagnéticas ocorrem, partículas energéticas 
podem penetrar na atmosfera terrestre e danificar satélites e demais sistemas tecnológicos 
espaciais, assim como prejudicar a saúde de astronautas e passageiros a bordo de aeronaves 
nas regiões polares. 
 No caso de efeitos relativos a satélites, a radiação de uma tempestade geomagnética 
afeta os equipamentos eletrônicos presentes nos satélites, sendo que com os avanços dos 
meios técnicos, esses equipamentos são cada vez mais miniaturizados e suscetíveis à 
danificação em seu funcionamento. Durante tais tempestades, as camadas superiores da 
atmosfera se aquecem e se expandem, esse fato pode mudar a órbita, altura ou retardamento 
dos movimentos de satélites que ao saírem da órbita pré-estabelecida, os sistemas podem ser 
11 
 
danificados ou pedidos com o deslocamento da órbita dos equipamentos. 
 O Sistema de Posicionamento Global ou GPS ("Global Positioing System") é um 
sistema de rádio navegação baseado em satélites artificiais que são utilizados para determinar 
a posição e a velocidade de um objeto, sendo este móvel ou fixo, situado em qualquer ponto 
sobre ou próximo à superfície terrestre. Segundo CUEVA (2008), os principais efeitos nos 
satélites são o atraso da velocidade de grupo na modulação do sinal, o avanço na fase 
portadora, o deslocamento Doppler, a distorção na forma de onda de pulso, a cintilação da 
fase do sinal, o enfraquecimento e a cintilação da amplitude do sinal. As anomalias na 
ionosfera provocam tais fenômenos, sendo que tais erros são mais elevados na propagação de 
sinal. 
 
 ESTUDO DE CASO 
 
 Nesse estudo, descrito detalhadamente em SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA 
(2011), abrange inicialmente o conjunto de relatos e históricos de operações em 2003. A 
tempestade geomagnética de 2003, também chamada de "Halloeen" foi o maior exemplo de 
consequências para satélites e aeronaves, uma vez que nesta época tais tecnologias já estavam 
bastante avançadas. O fenômeno causou uma considerável interferência em comunicação de 
rádio de alta frequência, próximos às zonas polares. Alguns voos próximos aos polos foram 
redirecionados assim como o uso de comunicação reserva. Foram detectados problemas nas 
redes elétricas do norte da Europa e na África do Sul, causados principalmente pelo 
superaquecimento de transformadores. 
 No determinado período de declínio do ciclo solar, três agrupamentos de manchas 
solares - 10484, 10486 e 10488 - se mostraram extremamente ativos gerando uma série de 
explosões solares na Classe X (maior intensidade do pico da explosão). 
 Segundo SALOMONI (2008) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011), entre 
as onze explosões solares Classe X que ocorreram entre Outubro e Novembro de 2003, três se 
destacaram por sua magnitude e geoefetividade, sendo a tempestade de 28, 29 de outubro e 4 
de novembro. 
 Rapidamente os efeitos do evento foram detectados no planeta, sendo oprimeiro efeito 
dos ventos solares, o aumento da radiação eletromagnética na faixa do raio-X. Mais tarde, 
com a chegada de CMEs à Terra, severas tempestades geomagnéticas e ionosféricas 
12 
 
(tempestades Halloeen) foram detectadas. A figura 04 apresenta valores de índice Dst para os 
dias 29 e 30 de outubro, onde as fases da tempestade mostram-se melhor caracterizadas. 
 
Figura 04 Índice Dst para os dias 29 e 30 de outbro de 2003. Fonte SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011) 
 
SKOUG et al. (2004) apud SALOMONI; MATSUOKA; SOUZA (2011) analisou os 
parâmetros do vento solar durante o dia 28 de outubro e concluiu que a velocidade do vento 
solar foi uma das maiores já detectadas no espaço, atingindo valores superiores a 1850 Km/s, 
segundo observações do instrumento SWEPAM (Solar Wind Electron Proton Alpha Monitor), 
a bordo do satélite ACE. Sendo que após o evento, ocorreram outras tempestades, sendo sua 
causa uma nuvem magnética interplanetária, também provocada pelas erupções solares. 
 
IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO 
 
 Já existem vários equipamentos para medir as variações do campo magnético, 
instalados tanto na superfície quanto em órbita do planeta. As monitorizações e transmissão 
de alertas geofísicos são muito importantes para que medidas de proteção possam ser tomadas 
com antecedência. É necessário, pois, ressaltar que há um retardo entre o aparecimento da 
anomalia magnética e a ocorrência de perturbações elétricas. Sendo que, na grande maioria 
dos casos, é possível detectar a causa (o fenômeno e sua localização) um ou dois dias de 
antecedência das perturbações elétricas. 
 Um aviso antecipado de uma iminente tempestade geomagnética permite, por 
exemplo, que as distribuidoras de energia possam desligar os sistemas elétricos protegendo 
assim, os transformadores e demais equipamentos sensíveis. 
13 
 
 Os magnetômetros são práticos instrumentos de medição de campo magnético, tal 
equipamento possibilita a medição de campo magnético de intensidade mínimas e monitorar 
sus variações. Outra importante ferramenta para monitorização é o satélite Soho, que atua em 
posição intermediária entre o Sol e a Terra, detectando explosões na superfície solar. 
 Estes recursos estimulam a pesquisa na área, uma vez que o desenvolvimento de 
modelos não só de previsão, mas também de prevenção vêm sendo cada vez mais requisitados 
nas indústrias de equipamentos eletrônicos de alto valor para protegerem os sistemas elétricos 
suscetíveis às tempestades geomagnéticas. 
 
 CONCLUSÃO 
 
 Este trabalho discute a ocorrência de tempestades geomagnéticas e de correntes 
geomagneticamente induzidas na América do Sul suas consequências, mostrando que a maior 
parte do território brasileiro está sob essa anomalia, sendo que as influências de tais 
fenômenos apresentam uma realidade concreta. Danificação de equipamentos, blackout, 
perturbações em transformadores podem ser diretamente relacionados às tempestades 
geomagnéticas. 
 A monitorização está sendo realizada, uma vez que satélites aliados à medições em 
Terra, permitem o uso de técnicas sofisticadas de análise de riscos. As comprovações dessas 
suspeitas podem levar até mesmo às concessionárias de energia a desligarem redes e estações 
de energia para protegem sistemas elétricos. Sendo que o fenômeno é ainda pouco conhecido, 
mas pode se constituir uma verdadeira ameaça à segurança e à integridade de sistemas 
elétricos, tanto na superfície quanto em órbita. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
SALOMONI, C. S.; MATSUOKA, M. T.; SOUZA, S. F. Efeitos de tempestades 
geomagnéticas no posicionamento relativo com GPS na região brasileira: estudo de caso 
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