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Poder Legislativo

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Direito Constitucional I
Poder Legislativo
Professor José Felício Dutra Júnior
feliciodutra@yahoo.com.br 
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Poder Legislativo
Cabe à função legislativa do Poder Público não apenas legislar, mas também são atividades típicas a fiscalização e o controle dos atos do Executivo. 
O Estado contemporâneo não mais se compatibiliza com a rígida separação de Poderes do século XVIII, seja pela expansão de suas atividades, seja pela lentidão do processo de criação das leis no âmbito do Legislativo, circunstâncias essas que levaram o Executivo a ampliar o espectro de sua atuação normativa. 
Portanto, para o Legislativo, é fundamental o controle e a fiscalização dos atos do Executivo, impedindo-lhe os abusos comprometedores das liberdades democráticas. 
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Funções do Poder Legislativo 
Funções típicas  criação da lei, fiscalização e controle dos atos do Executivo. 
Funções atípicas  freios e contrapesos  participa da função jurisdicional e executiva, quando o Senado julga o Presidente da República por crime de responsabilidade (art. 52, I, par. único) e aprova a indicação de nomes para cargos na estrutura política da República brasileira (art. 52, III). 
 A partir do agravamento das crises econômicas e políticas, em períodos agudos como os identificados pelos dois conflitos bélicos mundiais, que imprimiu um clima crônico de tensão no mundo com o período da Guerra Fria, o Parlamento foi conduzido a uma flagrante fase de decadência, após surgir como superpotência. 
 “O Legislativo brasileiro passou a ser uma fonte de despesas e não um guardião da receita”.
 Emendas dos deputados ao orçamento não passam de “bilhetes eleitorais”. 
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Organização do Poder Legislativo 
A Constituição da República consagra a organização bicameral do Poder Legislativo, enunciando, no art. 44, que o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
O bicameralismo brasileiro é do tipo federal, pois decorre da forma de Estado. 
Não há predominância ou hierarquia de uma Casa sobre a outra. A CRFB estabelece formalmente em favor da Câmara dos Deputados “certa primazia relativamente à iniciativa legislativa”, pois é perante ela que o Presidente da República, o STF, os Tribunais Superiores de Justiça e os cidadãos promovem a iniciativa do processo de elaboração das leis (arts. 61, §2°, e 64). 
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Câmara dos Deputados
Compõe-se de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional em cada Estado e Territórios, e no Distrito Federal. 
Art. 45, §1°, CRFB  “O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados”.
Distrito Federal  8 Deputados Federais
Requisitos de elegibilidade para a Câmara dos Deputados: ser brasileiro (nato ou naturalizado); maio de 21 anos de idade; ser eleito, e não apresentar a condição de inelegível. 
Art. 12, §3°, II  é privativo de brasileiro nato apenas o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, não o de Deputado Federal. 
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Competências privativas da Câmara dos Deputados: 
Art. 51 da CRFB: (não depende de sanção do Presidente da República), exerce por meio de Resolução: 
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (acarreta o impeachment);
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
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Senado Federal 
Compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo critério majoritário, para mandato de oito anos. 
Cada Senador será eleito com dois suplentes. Trata-se do método de chapa única, em que cada candidato ao Senado concorre com seus dois suplentes, implicando sua eleição e a dos substitutos.
Trata-se de competência privativa do Senado Federal: Processar e julgar nos crimes de responsabilidade o Presidente e o Vice-Presidente da República (impeachment), bem como os Ministros de Estado e os Comandantes das Forças Armadas nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles. Além de processar e julgar os Ministros do STF, os membros do CNJ e do Conselho Nacional do MP, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União, nos crimes de mesma espécie daqueles.
Para o impeachment deve existir autorização prévia da Câmara dos Deputados, por 2/3 de seus membros. A sessão de julgamento será presidida pelo Presidente do STF, e a condenação, proferida por 2/3 dos votos do Senado Federal, limitar-se-á à perda do cargo com inabilitação por 8 anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art. 52, par. único). 
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Senado Federal 
Demais competências privativas (art. 52, incs. III ao XV): Resolução, e não depende de sanção do Presidente da República:
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
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Senado Federal 
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
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Sessões conjuntas do Congresso Nacional 
A regra do bicameralismo é o funcionamento separado de cada Casa Legislativa.
Art. 57, §3°  Câmara dos Deputados e o Senado Federal
reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
Além destes casos, haverá ainda reunião conjunta para discutir e votar o orçamento (art. 166), e delegar ao Presidente da República poderes para legislar (art. 68). 
As sessões conjuntas somente serão abertas com a presença mínima de 1/6 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional (art. 28 do Regimento Comum). 
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Auto-organização e Regimento Interno: 
Art. 51, III e IV  para Câmara dos Deputados; Art. 52, XII e XIII  para Senado Federal; e, Art. 57, §3°, II  para Congresso Nacional.
Legislatura  período de funcionamento do Congresso Nacional, corresponde à duração do mandato do Deputado Federal (4 anos)
Sessão legislativa ordinário  início da sessão legislativa ordinária ou anual em 2 de fevereiro, e compreende dois períodos legislativos: o primeiro, que inicia-se em 2 de fev. e termina em 17 de jul., e o segundo começa em 1 de ago. e encerra em 22 de dez. 
Recesso parlamentar  férias parlamentar.
Sessão legislativa extraordinária  período de funcionamento do Congresso Nacional, e não de cada uma de suas Casas isoladamente, durante o recesso. 
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Convocação extraordinária do Congresso Nacional: 
Art. 57, §6°, CRFB  Far-se-á: 
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;
 II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese de medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional. 
É vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.
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Comissões parlamentares: 
Necessidade de se especializarem, no âmbito dos Parlamentos, as competências legislativas em razão das matérias sujeitas ao seu exame. Estudo prévio e especializado das propostas legislativas pelas comissões parlamentares. 
Art. 58 da CRFB  distingue as comissões em permanentes e temporárias 
Permanentes  assim consideradas as quem têm a mesma composição durante a legislatura e são estruturadas “em função da matéria, geralmente coincidente com o campo funcional dos Ministérios”.
Temporárias  Funcionam durante a legislatura, ou se dissolvem com encerramento de seus trabalhos. 
Mistas  Constituídas por Deputados e Senadores. 
Comissões Representativas do Congresso Nacional  eleita por suas Casas na ultima sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum. Representa o Congresso Nacional durante o recesso  art. 58, §4°. 
Comissões Parlamentares de Inquérito  poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, serão criadas pela Câmara e pelo Senado, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões encaminhadas, se for o caso, para o Ministério Público para promover a responsabilidade cível ou criminal (art. 58, §3°). 
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Atribuições do Congresso Nacional: 
A CRFB enumera, no art. 48, as atribuições legislativas e, no art. 49, as atribuições deliberativas do Congresso Nacional. As primeiras se praticam com a sanção do Presidente da República, sendo, portanto, reguladas em lei, e as outras se exercitam sem sanção presidencial, particularmente por meio de Decreto Legislativo, pois encerram assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional. 
Às atribuições legislativas constantes do art. 48 poderão ser acrescidas outras constantes do texto constitucional, desde que de competência da União (arts. 22 e 24, CRFB). 
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Garantias Legislativas – As imunidades parlamentares
Não são instituídas como privilégios dos membros do Congresso Nacional, mas têm finalidade pública e não particular, voltadas para a garantia de independência e bom funcionamento do Legislativo. Por isso são irrenunciáveis. 
O Legislativo é simultaneamente representativo da sociedade e do pluralismo político e o mais frágil de todos os Poderes, por ser órgão colegial numeroso, dependente de jogos políticos, sobretudo do Poder Executivo, e mais aberto ao juízo da opinião pública. 
Daí as imunidades parlamentares como garantia de defesa dos parlamentares contra intromissões provindas do exterior. 
A Emenda Constitucional 35 de 2001 alterou significativamente as imunidades do Legislativo brasileiro, principalmente no que tange à redação do §3° do art. 53 da CRFB, pois, antes era necessária a votação da Câmara ou do Senado para a formação da culpa. 
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Imunidades:
Imunidade material  ou inviolabilidade (art. 53, caput)  exclui a responsabilidade civil, penal e administrativa dos congressistas, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Ela exclui o crime de opinião. Por excluir o crime não há que se falar em processo penal instaurado contra o congressista, mesmo após o término de seu mandato. 
Imunidade formal  ou processual (parágrafos do art. 53)  não exclui o crime  garante o congressista contra a prisão ou o processo penal, segundo o sistema brasileiro. Passa a gozar de algumas prerrogativas. 
Poderão sofrer processo penal independente de qualquer deliberação prévia da Casa respectiva. 
A imunidade formal passou a alcançar apenas os crimes ocorridos após a diplomação, não abrangendo aqueles praticados anteriormente a ela (art. 53, §3°). 
A imunidade formal não é impeditiva da instauração do inquérito policial contra o congressista, nem possibilita a suspensão do procedimento administrativo, por se tratar de investigação sem o contraditório. 
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Imunidades formais: 
Privilégio de foro  somente se refere ao processo penal, e não aos ilícitos de outra natureza, como os civis e trabalhistas  §1° do art. 53  Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
Garantias processuais e prisão cautelar  §§2° ao 5° do art. 53: 
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Dever de testemunhar  §6° do art. 53  Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
Isenção de serviço militar  art. 53, §7°. 
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Incompatibilidades e perda do mandato 
Art. 54 e art. 55 da CRFB  Ao lado das garantias, a CRFB estabelece impedimento para os congressistas cujos propósitos são os mesmos daqueles, ou seja, preservar a dignidade e a autonomia do Poder Legislativo. 
As incompatibilidades
parlamentares se acham no art. 54 da CRFB, ocorrendo algumas a partir da diplomação, e outras, depois da posse (incs. I e II do art. 54), todas, no entanto, acarretam a perda do mandato (art. 55)
Perda do mandato: 
por cassação  Incs. I, II e VI, art. 55  a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
por extinção do mandato  Incs. III, IV e V, art. 55  a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
OBS.: A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos do art. 55, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais mencionadas nos pontos anteriores (art. 55, §4°).

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