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RESUMO DAS OBRAS DE DURKHEIM

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1 
 
3ª. Apostila de Sociologia 
Sociologia Geral 
 2. Os Clássicos da Sociologia 
 2.2.1. Émile Durkheim – aula III 
 2.2.2. Max Weber – aula IV 
 2.2.3. Karl Marx – aula V 
Resumo da aula anterior. 
 A Sociologia surge no momento de desagregação da sociedade feudal e da 
consolidação da civilização capitalista. É resultado do trabalho de um conjunto de 
pensadores que se empenharam em compreender as novas situações sociais, 
econômicas, políticas e culturais. 
 As conseqüências da rápida industrialização e urbanização levaram ao 
aumento da prostituição, do alcoolismo, da criminalidade, epidemia, dos bolsões de 
miséria. A sociedade passou a ser um problema, um objeto que precisava ser 
investigado e modificado. 
 Na origem da Sociologia existem duas vertentes: 
 Uma que coloca em questão, critica a ordem capitalista, quer transformar a 
realidade e sai em defesa do proletariado: o pensamento socialista, orientação das 
lutas práticas de classe social operária. A outra que quer construir uma ciência para 
explicar e controlar os fatos sociais para organizar a sociedade: a positivista, pela 
ordem social. A ciência desempenharia o mesmo papel de conservação social que a 
religião tivera no feudalismo. É a crença total no poder da ciência como forma de 
salvar o mundo: o poder deveria ir para as mãos dos cientistas e industriais. 
Acreditava que a ciência levaria a sociedade ao progresso e resolveria todos os 
problemas. 
 Seguindo o pensamento positivista, Emile Durkheim considerava a ordem 
social fundamental. De forma sistemática, ocupou-se em estabelecer o objeto de 
estudo da Sociologia e indicar seu método de investigação, levando a Sociologia 
para a universidade, dando-lhe o caráter acadêmico. 
2 
 
 
I - Emile Durkheim (1858-1917)- pensamento, conceitos e teorias 
 Uma das três matrizes do pensamento científico da Sociologia, a obra de 
Emile Durkheim exerceu grande influência nas Ciências Sociais. Apesar de ser 
posterior a Marx, é considerado o pai da Sociologia, pois é ele que vai estruturar, 
de fato, a ciência sociológica na França, tendo dedicado toda sua carreira ao 
desenvolvimento dessa ciência, metódica e rigorosamente objetiva. Preocupou-se 
em estabelecer o objeto e método para a Sociologia. 
 Nasceu na região francesa da Alsácia, em 1858. Descendente de judeus 
franceses e rabinos, frequentou grandes escolas e formou-se em Filosofia. Tornou-
se professor e mais tarde foi estudar Ciências Sociais na Alemanha 1885, onde esses 
estudos estavam mais avançados. Ministrou o primeiro curso de Sociologia criado 
em uma universidade francesa. Durante estes estudos, teve contatos com as obras 
de Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram significativamente na 
tentativa de buscar a cientificidade no estudo das humanidades. 
 
As condições históricas em que viveu: 
 Emile Durkheim viveu a segunda metade do século XIX ao final da Primeira 
Grande Guerra (1914-1918). Na França, o momento era marcado pela instabilidade 
política e social. É o momento de reorganização política do estado, rompimento 
das tradições: separação Igreja/Estado, conflitos sociais grandes massa da 
população em péssimas condições de vida. 
 Por outro lado, havia um certo otimismo em virtude do progresso 
tecnológico e científico. É o momento de expansão do industrialismo, aumento da 
produção e melhorias em outras áreas,como a educação. Havia forte crença no 
racionalismo. Surgem mudanças na forma de pensar e conhecer a natureza e a 
sociedade, marcados pelo rompimento com o pensamento dominante anterior da 
Igreja: fé cristã. Surge grande interesse pelo homem e sua história. 
 
3 
 
Pensamento e teoria em E. Durkheim 
 Para esse pensador “Não existe moralidade fora do contexto social e a 
moralidade é a grande força coesiva da sociedade. A função básica da sociedade é 
justamente transmitir valores morais.” 
 Durkheim se propôs a construir a Sociologia como uma ciência autônoma, 
que deveria analisar a sociedade cientificamente, com racionalidade. Ao mesmo 
tempo, procurou conhecer cientificamente a sociedade, para que a partir desse 
conhecimento da ciência pudesse compreender a sociedade e fazer as intervenções 
necessárias na realidade social, a fim de ordená-la. Tinha uma visão otimista da 
sociedade industrial. 
 Seguindo aos princípios do Positivismo de A.Comte, Durkheim considerava 
que a ciência poderia, por meio dos conhecimentos e pesquisas, encontrar soluções 
no sentido de por ordem na sociedade. 
 Durkheim parte dos valores morais como elementos capazes de atenuar os 
conflitos sociais, adotando uma posição conservadora em relação à crise social de 
seu tempo. Acreditava que os conflitos seriam resolvidos pela recuperação dos 
valores morais, por meio da formação de instituições públicas - o direito é uma 
delas, capazes de se impor aos membros da sociedade e estabelecer a ordem. 
 Discordava das ideias socialistas e da ênfase dada aos fatos econômicos nas 
crises da época. Em suas análises não utilizava conceito de classe social e não 
considerava importante os fatores econômicos na compreensão dos fatos 
humanos. Sua explicação buscou os elementos morais, os valores, as regras para 
conservação da ordem estabelecida – os chamados aspectos superestruturais. 
Estava preocupado com a integração social, ressaltando que grande parte de 
pessoas passava a maior parte da vida no meio industrial e comercial e esse meio 
estava desprovido de valores morais. 
 Sua teoria pressupõe: 
1. Criação de uma ciência social autônoma distinta das outras ciências 
humanas que trate dos fatos sociais. 
4 
 
2. Dicotomia entre individuo e sociedade, em que a sociedade prevalece 
sobre o individuo, pois as regras e os costumes sociais, juntamente com 
suas leis, são independentes do indivíduo e se impõem a ele. Assim o 
direito, as crenças, os costumes, não foram criados pelo indivíduo, mas 
lhe são impostas ao nascer. 
3. O caráter exterior e coercitivo do fato social, Durheim retira a 
responsabilidade e capacidade de atuação do homem em transformar sua 
história. 
4. A sociedade como um sistema, em que as instituições desempenham 
funções que contribuem para a ordem social. Em uma abordagem 
funcionalista. 
 Segundo esse pensador, para restabelecer a saúde da sociedade era necessário 
criar novos hábitos e comportamentos, baseados em valores morais que 
garantissem a integração social. A função da Sociologia seria detectar e buscar 
soluções aos problemas sociais e restaurar a normalidade social, para manutenção e 
preservação da ordem. 
 
Temas e conceitos fundamentais da Sociologia de Durkheim 
1. O fato social 
 É o objeto da Sociologia. Os fatos sociais são condutas exteriores ao 
indivíduo, se impõem a todos e são comuns a todos da sociedade, ou seja, os fatos 
sociais possuem três características: exterioridade, coercitividade e generalidade. 
� A exterioridade: os fatos sociais existem antes do nascimento do indivíduo e 
atuam sobre ele independente de sua vontade. 
� A coercitividade: os fatos sociais exercem força social e força sobe os 
indivíduos, levando-os a agirem de acordo com as regras estabelecidas pela 
sociedade. Ex: a língua. Sanção para quem não segue as regras. 
� A generalidade: os fatos sociais são tomados coletivamente, pelo conjunto 
da sociedade. As crenças, os costumes, os valores. 
5 
 
 É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o 
indivíduo uma coerção exterior ou, ainda, que é geral em uma determinada 
sociedade, apresentando uma existência própria, independente das manifestações 
individuais. 
 Os fatos sociais existem fora dos indivíduos,mas são interiorizados e passam 
a existir em suas consciências. São externos porque foram transmitidos socialmente 
aos indivíduos. 
 A educação é um fato social, imposto aos indivíduos, e pressiona-os a girem 
de acordo com leis, normas, valores, costumes e tradições de uma sociedade. O 
comportamento dos indivíduos é socialmente determinado e a educação é uma 
força essencial na conformação do indivíduo aos padrões morais e sociais de uma 
sociedade. 
 São fatos sociais: o direito (as regras jurídicas e morais), os dogmas 
religiosos, os sistemas financeiros, a educação, entre outros. 
 O direito é um fato social porque apresenta um caráter coercitivo nos 
indivíduos através de um conjunto de sanções, punições e obrigações. Além disso, 
é exterior aos indivíduos, visto que as leis, constituições e códigos existem 
independente da vontade individual, e é geral, posto que muitas pessoas aderem às 
normas jurídicas num determinado território. 
 Estes fenômenos sociais, inclusive o direito, são internalizados nas 
consciências individuais através do processo de aprendizagem ou socialização. A 
durabilidade destas instituições sociais se consolida porque o processo educativo 
reproduz nas consciências das novas gerações costumes, tradições e crenças 
consagradas e vistas como naturais pelas gerações adultas. 
 
2. Metodologia: positivismo e objetividade 
 Durkheim segue a postura metodológica de A.Comte, salientando a 
importância em definir a Sociologia como uma ciência autônoma, com objeto de 
estudo definido, seguindo o mesmo método das ciências naturais. 
6 
 
 O objetivo principal do método sociológico é estabelecer como devem ser 
estudados os fatos sociais. 
 Em As regras do Método Sociológico define o objeto de estudo, estabelece as 
regras do método para a investigação sociológica que garantissem à Sociologia o 
caráter rigoroso e objetivo. Os fatos sociais seriam trados do mesmo modo 
objetivo dado aos fenômenos físicos, segundo a abordagem metodológica 
racionalista e positivista: 
� A sociedade é regulada por leis naturais. 
� Os métodos de conhecer a sociedade são os mesmos das ciências da 
natureza. 
� O observador deve limitar-se à análise e observação dos fenômenos 
sociais, de forma neutra, objetiva, livre de julgamentos de valor e pré-
noções. 
 Os fatos sociais devem ser tratados como coisas, por meio do método de 
observação e experimentação. Seu método de investigação envolve três 
características: 
� Independente de qualquer filosofia 
� Objetividade: fatos sociais como coisas naturais. 
� Os fatos sociais devem ser explicados por outro fato social, por meio 
da comparação de fatos e dados. Exemplo O Suicído compara taxas 
de suicídio com estado civil, idade, religião, profissão. Ele vai 
demonstrar que o suicídio não é atribuído a fatores psicológicos, mas 
demonstra ser um fenômeno provocado por causas sociais associadas 
a fatores de ordem individual. 
. 
3. Consciência coletiva e representações coletivas 
 Consciência Coletiva é o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à 
média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema próprio e é 
difusa por toda sociedade. Possui um nível moral. A consciência coletiva se 
7 
 
manifesta nos sistemas jurídicos, nos códigos legais, na arte, na religião, nas crenças, 
nos modos de sentir, nas ações humanas. Existe difundida na sociedade e é 
interiorizada pelos indivíduos. 
 Mais tarde, a abrangência do conceito de Consciência Coletiva leva 
Durkheim a trabalhar com o conceito representações sociais, que são as 
representações dos estados da consciência coletiva. As representações coletivas são 
resultados das relações sociais entre os indivíduos e são responsáveis por uma 
força moral vigente na sociedade. São os padrões e regras estabelecidas que 
delimitam os atos individuais, se impondo aos indivíduos e se perpetuando. 
 "O conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma 
mesma sociedade, forma um sistema determinado que tem sua vida própria; podemos chamá-
la de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão 
único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas nem 
por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. 
Com efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os 
indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas 
pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada 
geração, mas ao contrário liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se 
confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos 
indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, 
condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos 
individuais, embora de outra maneira" (Durkheim). 
 
4. A divisão do trabalho social: solidariedade mecânica e solidariedade 
orgânica. 
 Para este pensador, a sociedade só pode existir segundo a solidariedade ou 
sentimento de interdependência que o ser humano possui em relação ao outro. 
Não é possível existir sociedade sem tal princípio, de tal maneira que a vida 
coletiva pressupõe, para Durkheim, a formação de um contexto que possui vida 
8 
 
própria, para além das vontades individuais. A sociedade se sobrepõe ao indivíduo. 
Assim, todo grupo existe segundo o desenvolvimento de regras comuns a partir das 
quais a vida social é possível. 
 Durkheim considerava que a crescente divisão do trabalho, levava a um 
aumento da solidariedade entre os homens, pois a especialização das atividades dos 
indivíduos aumentava a dependência entre eles, unindo-os e reforçando a coesão e 
solidariedade social. 
A divisão do trabalho se intensifica em função do aumento do volume da 
população. Esse aumento leva a uma maior aproximação dos membros da 
sociedade, no espaço físico, e maior comunicação e interdependência, no espaço 
social. 
 Em sua obra A divisão do trabalho social, Durkheim relaciona a divisão do 
trabalho social à ordem moral. A divisão do trabalho resultaria na relação de 
cooperação e de solidariedade entre os homens. No entanto, como as 
transformações sócio-econômicas eram aceleradas nas sociedades européias 
capitalistas, inexistia um novo e eficiente conjunto de idéias morais que pudesse 
guiar o comportamento dos indivíduos, isso levava ao mau funcionamento da 
sociedade. 
 Durkheim identifica a existência na história das sociedades de dois tipos de 
solidariedade: a mecânica e a orgânica. 
 A solidariedade mecânica surge nas sociedades simples e tradicionais, 
onde os indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da tradição, dos 
costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se 
diferenciaram e reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os 
mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. Os indivíduos 
compartilham a tal ponto padrões de conduta que não há grande diferenciação 
entre eles, pois numa tribo ou cidade do interior, o padrão moral se efetiva sobre os 
indivíduos a tal ponto que o que é válido para um, também, é aos demais. Existe 
uma forte imposição moral nessas sociedades tradicionais. 
9 
 
 A solidariedade orgânica surge nas sociedades mais complexas e 
modernas, onde existe uma maior divisão do trabalho e uma maior individualidade, 
pois as pessoas criam autonomia em relação à consciência coletiva. Por meio da 
divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, 
assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições. Assim, o efeito maisimportante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a 
solidariedade que gera entre os homens. 
 Nas grandes cidades industriais, observadas por Durkheim no final do século 
XIX e início do XX, as relações sociais não estavam pautadas pela 
intensa imposição moral presente nas sociedades simples e tradicionais. A presença 
do individualismo e da diversidade causavam a perda de coesão e do consenso da 
vida em sociedade. 
 Na solidariedade orgânica, mesmo com a diminuição da força da 
consciência coletiva, a interdependência é possível pela divisão do trabalho, no 
sentido que com a especialização das profissões, cada um fica mais dependente do 
trabalho do outro: o médico do advogado, este do comerciante, aquele do 
professor, e assim por diante. 
 Toda sociedade passaria necessariamente da solidariedade mecânica para a 
orgânica. Ao comparar os dois tipos de formações sociais, simples e complexa, 
Durkheim conclui que as diferenças estão no tipo de sanção legal predominante, ou 
seja, é no direito que se tornam visíveis essas diferenças. 
 Nas sociedades mais simples predomina a sanção repressiva, ou seja, é a 
típica do direito penal, que priva o transgressor da liberdade e impõe castigos. 
podendo-se dizer que, qualquer deslize moral significa a punição àquele que 
desrespeita a consciência coletiva. Resumidamente, onde a consciência coletiva é 
forte, ou seja, na solidariedade mecânica, predomina o direito punitivo ou penal, 
pois tudo se resolve pelo castigo ao infrator desobediente. Há pouco espaço para o 
individual. 
10 
 
 Nas sociedades complexas predomina a sanção restitutiva, ou seja, é a lei 
reparadora, que restabelece as relações tais quais se processavam antes da lei ser 
violada. Consiste em recompensar o queixoso da perda. É típica do direito civil, 
comercial, constitucional. O direito restitutivo visa organizar a cooperação entre os 
indivíduos e está vinculado a órgãos especiais do direito. 
 O direito, especialmente o restitutivo, garante pelo corpo de profissionais 
especializados como juízes, promotores e advogados, a funcionalidade do corpo 
social mediante o conjunto de regras de convivência comuns aos que integram tal 
formação coletiva. 
 
5. O normal e o patológico – o conceito de anomia 
 Durkheim caracterizou o fenômeno social de normal ou patológico. Para ele, 
o fenômeno pode ser considerado normal se for encontrado na sociedade de forma 
generalizada, não coloque em risco a integração social e esteja dentro de um 
determinado nível. 
 O crime é um fenômeno normal, pois é encontrado em todas as sociedades 
de todos os tipos, é geral, e, ao mesmo tempo em que, ao se impor a punição, serve 
para lembrar e fortalecer os valores de toda sociedade. 
 Fato social normal é geral, recorrente e que favorece a integração social. 
 Fato social patológico é excepcional, transitório e põe em risco a 
integração social. 
 Para ele, o suicídio também é normal, pois existe em todas as sociedades. 
Torna-se anormal se houver o aumento das taxas. 
 O conceito de anomia é essencial para o estudo do direito. Anomia é 
patológico, pois põe em risco a integração social. Para Durkheim quando a divisão 
do trabalho não produz solidariedade, ocorre a anomia, ou seja, a ausência de 
regras. Há uma crise moral resultado das intensas mudanças na sociedade daquele 
momento, marcada pelo descompasso entre o avanço material e as normas morais 
e jurídicas. 
11 
 
 Anomia é uma demonstração de que a sociedade está doente, está sem 
regras morais. Anomia é uma condição em que as normas reguladoras do 
comportamento humano perderam a validade. A validade estaria demonstrada pela 
força das sanções. Se as sanções não são aplicadas significa que a eficácia das leis 
está em perigo, prevalecendo a impunidade. 
 As diferentes funções da nova sociedade industrial não estavam reguladas, 
visto que existiam constantes conflitos entre empresários de setores distintos por 
causa da concorrência e entre estes e os trabalhadores assalariados devido às lutas 
por melhores salários. O desenvolvimento econômico e técnico não foi 
acompanhado por um desenvolvimento moral. A sociedade industrial passava por 
uma crise moral, principalmente no setor industrial e comercial. Neste sentido, o 
conceito de anomia não deve ser entendido como a total ausência de normas, mas 
como um período de transição em que as normas morais estão em crise e novos 
mecanismos de regulação da vida social ainda não foram instituídos e efetivados. 
 
Durkheim e o Direito 
 Durkheim considera o Direito um fenômeno coercitivo e regulador das 
condutas humanas. O objetivo principal de uma Sociologia do Direito é perceber a 
relação entre as regras morais e a elaboração lógica das leis escritas, bem 
como estudar empiricamente as diversas instituições e representações jurídicas. 
 Para o autor, a solidariedade social é um fenômeno social e o Direito é um 
fato que ajuda a analisar esse fenômeno, por ser um símbolo visível. O Direito 
reflete parte da vida social, e os costumes corrigem os rigores do Direito, pois 
apresentam um tipo de solidariedade diferente do Direito: o Direito reproduz as 
formas principais da solidariedade social. 
 Os conceitos desenvolvidos por Durkheim apresentam aplicabilidade nas 
sociedades atuais. Ele enfatiza a importância da sociologia para os alunos de 
Direito, pois possibilitaria a superação de uma visão de pura exegese dos textos 
12 
 
jurídicos, permitindo a percepção da maneira como o direito é elaborado a partir 
dos costumes e das regras morais socialmente instituídos. 
 Durkheim estabelece aqui o campo de estudo da Sociologia do Direito, bem 
como define o método de estudo sociológico dos fenômenos jurídicos: 
 “[ O estudante de direito] passa todo o seu tempo comentando os textos, e 
se, consequentemente, a propósito de cada lei, sua preocupação é procurar 
adivinhar qual teria sido a intenção do legislador, ele contrairá o hábito de ver na 
vontade legisladora a fonte exclusiva do direito. Ora, isso seria tomar a letra pelo 
espírito, a aparência pela realidade. É nas próprias entranhas da sociedade que o 
direito se elabora, limitando-se o legislador a consagrar um trabalho que foi feito 
sem ele. É preciso, pois, ensinar ao estudante como o direito se forma sob a 
pressão das necessidades sociais, como se fixa pouco a pouco, por que graus de 
cristalização ele passa sucessivamente, como ele se transforma. É preciso mostrar-
lhe, em termos práticos, como nasceram as grandes instituições jurídicas, tais como 
a família, a propriedade, o contrato, quais são suas causas, como elas variavam e 
como provavelmente variarão no futuro”. 
Grandes obras do autor: 
� A Divisão do Trabalho Social, em que estabelece o objeto de estudo da 
sociologia. 
� As Regras do Método Sociológico, em que estabelece as bases metodológicas da 
nova ciência. 
� O Suicídio, Educação e Sociologia, Sociologia e Filosofia, O socialismo. 
 
Leitura recomendada: 
� O que é Sociologia? Martins. Cap. 1: A Formação (pags. 34 a 61) 
� Texto digitalizado “Sociologia e Sociedade” do livro Introdução às Ciências 
Sociais. Marcellino (org). pags. 27 a 29.

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