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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE PRESCRIÇÃO PENAL LAGES 2015 KELVIN MEURER LOPES PRESCRIÇÃO PENAL 1 – Prescrição: A prescrição é uma das formas de extinção da punibilidade, disposta no art.107 δ 4º do Código Penal. Para iniciarmos uma explicação acerca da prescrição penal, bem como explicar sua abrangência dentro do ordenamento jurídico brasileiro, é necessário, antes de tudo, definirmos prescrição. É a prescrição penal, a perda do direito de punir, por parte do Estado, pelo não exercício desse direito em um determinado lapso temporal. O Estado perde o direito de punir o infrator, devido a demora para puni-lo. 1.2 – Prescrição da pretensão punitiva: É a perda do poder de punir do Estado, devido a não aplicação da punição em um determinado lapso temporal. 1.2.1 – Efeitos: a) Impede início, ou interrompe processo penal em juízo. b) Afastam-se todos os efeitos da condenação. c) A condenação não pode constar na sua folha de antecedentes criminais, exceto quando requisitado pelo juiz. 1.2.2 – Aplicação da prescrição: Pode o juiz, a qualquer momento do processo, declarar a extinção da punibilidade devido a prescrição, de ofício ou por requerimento das partes, exceto, se o juiz condenar, a seguir não pode declarar a prescrição, pois não pode declarar que o Estado possui o direito de punir e em seguida afirmar que esse direito foi extinto pela prescrição. A prescrição, não admite exame de mérito. 1.2.3 - Prescrição antes do trânsito em julgado – o art. 109 do Código Penal dispõe como se regula a prescrição antes do trânsito em julgado. O prazo para a prescrição se dará conforme o máximo da pena privativa de liberdade do crime. Nas penas restritivas de direito, aplicam-se os mesmos prazos do que em as privativas de liberdade: Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. 1.2.4 – Quadro do lapso temporal - O quadro abaixo mostra quando ocorrerá a prescrição penal: Se a pena máxima cominada for: A prescrição ocorrerá em: Superior a 12 anos 20 anos Superior a 8, e não excede a 12 16 anos Superior a 4, e não excede a 8 12 anos Superior a 2, e não excede a 4 8 anos 1 ano, ou não excede a 2 anos 4 anos Inferior a 1 ano 3 anos 1.2.5 – Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, começa a correr o seu prazo conforme dispõe o artigo 111 do código penal: Termo inicial: Crime correspondente: No dia em que se consumou o crime Demais crimes Do dia em que cessou a atividade criminosa Crime tentado Do dia em que cessou a permanência Crime permanente Da data em que o fato se tornou conhecido Crimes de bigamia, falsificação ou alteração de assentamento Da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se já houver sido proposta ação penal Crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes 1.3 – Prescrição da pretensão executória : É a perda do Estado de executar a pena imposta, levando-se em consideração a sua inércia. 1.3.1 – Efeitos: Diferentemente da prescrição da pretensão punitiva, essa espécie de prescrição não afasta todos os efeitos, afasta somente a pena principal da condenação, sem afetar os secundários, penais e extrapenais. 1.3.2 – Aplicação da prescrição: Dar-se-á a aplicação da mesma forma que na outra espécie de prescrição, de ofício pelo juiz ou através de requerimento das partes o juiz declarará a prescrição. 1.3.3 – Prescrição depois de transitar em julgado a sentença final condenatória: O artigo 110 do código penal dispõe, que as condições para ser concedida a prescrição depois da sentença condenatória regular-se-ão através da pena aplicada, obedecendo a tabela dos prazos da outra espécie de prescrição, adicionada um terço se condenado for reincidente, conforme disposto no artigo 110 do código penal: Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 1.3.4 – Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível: Iniciará do dia em que transitar em julgado a sentença judicial condenatória ou que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional. Iniciará, também, no dia em que se interrompe a execução, salvo se o tempo da interrupção computar na pena. 1.3.5 - Prescrição no caso de evasão do condenado ou revogação do livramento condicional: No caso de eventual evasão do condenado, ou revogação do livramento condicional, conforme preceitua o artigo 113 do Código Penal, a prescrição será regulada pelo tempo que resta da pena. 1.3.6 – Prescrição da multa: A pena de multa possuirá forma diversa de prescrição, conforme artigo 114 do Código penal. A prescrição da pena de multa se dará em 2 dois anos, caso seja a única pena aplicada ou cominada, e será, se alternativa, cumulativamente cominada ou aplicada, no mesmo prazo para prescrição da pena privativa de liberdade: Multa Prescrição Única 2 anos Alternativa, ou cumulativa Mesmo prazo aplicado para prescrição das penas privativas de liberdade 1.4 – Redução dos prazos de prescrição: O código penal, dispõe no seu artigo 115, ainda, situações em que o prazo para ocorrer a prescrição será reduzido pela metade, quais sejam, se o criminoso, no momento da infração, fosse menor de 21 anos ou maior de 70 anos. 1.5 – Causa impeditivas de prescrição: A prescrição não poderá ocorrer: Antes da sentença transitada em julgado, nos seguintes casos: I – Enquanto não resolvida questão, em outro processo, questão que dependa do reconhecimento da existência de crime. II – Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Depois da sentença transitada em julgado: III – Enquanto o condenado estiver preso por outro motivo. 1.6. – Imprescritibilidade: No ordenamento jurídico brasileiro, existem duas hipóteses em que não ocorrerá a prescrição penal, quais sejam, os crimes de racismo e as ações de grupos armados, civis ou militares, contra a constituição e o Estado Democrático. 1.7 – Causas interruptivas da prescrição: A prescrição encaminha-se à extinção da punibilidade, mas ela é interrompida toda vez que o Estado demonstre atividade do poder punitivo. Nas interrupções, reinicia-se a contagem prazo de prescricional. A prescrição interromper- se-á, conforme disposto no artigo117, nos seguintes casos: I – Pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II – Pela pronúncia; III – Pela decisão confirmatória de pronúncia; IV – Pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V – Pelo início ou continuação do cumprimento de pena; VI – Pela reincidência; Depois de interrompida a prescrição, o prazo começa a correr novamente do dia da interrupção, salvo no item V. É importante ressaltar, que nos casos V e VI a interrupção produz efeitos a todos os autores do crime, desde que sejam objetos de um mesmo processo. A prescrição das penas mais leves, acontecerá com as penas mais graves. Será extinta a punibilidade, isoladamente dos agentes, no caso de concurso de crimes.
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