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aula ambiental plano diretor (1)

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Urbanização e ordem jurídica 
no Brasil 
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Urbanização das cidades brasileiras: 
Urbanização associada ao processo de industrialização das cidades.
Padrão de desenvolvimento excludente e promotor de desigualdades regionais e segregação sócio espacial;
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Impactos:
Taxa de urbanização
 1940 - 31% da população vive em cidades
 1990 - 75% da população vive em cidades
 2000 - 83% da população vive em cidades
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Impactos:
Cidades despreparadas:
Sem infra-estrutura
Sem oferta habitacional adequada
Sem oferta de empregos suficiente para a demanda
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Impactos:
 Impactos:
Elevação do preço da terra urbana 
Deterioração do meio-ambiente nas cidades
Deterioração da qualidade de vida das populações
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Impactos:
 Impactos:
Ocupações irregulares para fins de moradia
Crescimento das periferias
Ocupação desordenada do solo
Insegurança da posse
Irregularidades urbanísticas
Aumento da pobreza e violência urbana
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Morar na cidade brasileira: 
30% a 50% das famílias moradoras dos territórios urbanos brasileiros moram irregularmente. 
Em cidades como Recife esse índice chega a 65% da população. 
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Fatores determinantes da
 produção ilegal da cidade:
Históricos
Políticos
Sociais
Econômicos
Jurídicos
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Deve haver algum engano...
Como o “Direito” pode contribuir para a produção ilegal das cidades???
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Ao longo do século XX, o Direito foi uma dimensão importante na configuração de um espaço urbano profundamente hierarquizado no Brasil. 
Nesta dimensão jurídica do processo de urbanização brasileiro, o que se observou foi uma aliança Direito Privado & Direito Público
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Cidades: aliança 
Direito Privado & Direito Público
Código Civil de 1916 adotou o Liberalismo jurídico clássico:
Propriedade como direito absoluto, exclusivo e perpétuo: 
	
	Artigo 524 – A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua.
 
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Cidades: aliança 
Direito Privado & Direito Público
O modelo do Código Civil de 1916 trata a propriedade urbana como mercadoria (cara). 
	
		Art. 530 – Adquire-se a propriedade: 
	I- pela transcrição do título de transferência no Registro de Imóveis 
	II – pela acessão;
	III – pelo usucapião
	IV – pelo direito hereditário
 
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Cidades: aliança 
Direito Privado & Direito Público
Direito Público: 
Legislação Urbanística definida de acordo com os interesses da elite da cidade.
Zoneamento como um instrumento indexador do mercado imobiliário das cidades.
Criação de uma cerca invisível entre a cidade regular / cidade irregular
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Aliança 
Direito Privado & Direito Público
Condena uma boa parte da população das cidades a uma condição de sub-cidadania, já que sua relação com a terra não é titulada e a ocupação está sempre desconforme com os preceitos urbanísticos. 
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Direito & Avesso 
ou velhos temas indissociáveis: 
Legalidade
Propriedade
Cidade regular
Cidadania
	
Ilegalidade urbana
Posse
Cidade irregular
Subcidadania
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Manifestações da 
"ilegalidade" urbana
favelas resultantes da ocupação de áreas privadas e de áreas públicas; 
cortiços improvisados em casarões deteriorados e sem as mínimas condições de habitabilidade;
loteamentos clandestina ou irregularmente implantados;
conjuntos habitacionais ocupados e sob ameaça de despejo;
casas sem “habite-se”;
condomínios fechados que burlam a legislação de parcelamento do solo;
apropriação privada da orla marítima; 
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Adicionando 
complexidades à reflexão: 
A produção “ilegal” da cidade, no entanto, é profundamente legítima!!
Todos precisam morar em algum lugar. 
O direito à moradia é direito humano fundamental, constitucionalmente garantido. 
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Direito & Avesso
Demonstrando cabalmente a complexidade do fenômeno jurídico nas cidades, irônica e paradoxalmente, a legislação urbanística e ambiental tem sido, principalmente nas duas últimas décadas, cúmplice e indutora da ilegalidade. 
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 Direito (teoria)
Um dos exemplos mais poderosos e perversos da relação legalidade/ilegalidade engendrando processos de cidadania/subcidadania, no caso brasileiro, está na área de parcelamento. 
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 Direito (teoria)
A Lei federal de parcelamento do solo, embora recentemente modificada neste particular, estabelecia a obrigatoriedade de os projetos de loteamentos urbanos reservarem um percentual de 35% das áreas a serem doadas ao Poder Público.
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... e avesso (prática)
Reserva / doação de áreas degradadas, íngremes e impróprias para uso habitacional; 
Incapacidade do Poder Público de utilização imediata das áreas com as finalidades originalmente previstas e conseqüente abandono das mesmas;
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Conseqüências:
Com os problemas de falta de acesso ao mercado formal de produção de moradias, essas áreas públicas (vazias) acabaram sendo ocupadas.
Dupla irregularidade: 
impede a regularização do loteamento, sem os 35% de áreas de uso público;
 torna a situação da comunidade ocupante dessas áreas públicas eternamente irregular;
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Arriscando um outro exemplo: 
Direito...
O Código Florestal tem sido aplicado em muitas cidades brasileiras. 
A preservação de uma faixa marginal ao longo dos cursos d’agua tem sido utilizada como argumento jurídico para impedir a regularização de favelas localizadas parcialmente dentro destas margens. 
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	e avesso ...	
As favelas situadas nas áreas marginais de arroios e rios que cortam as cidades não são regularizadas (sob o escudo legal do Código Florestal) mas na maior parte das vezes também não são retiradas do local. 
A degradação ambiental de áreas não regularizadas é muito maior do que a observável em assentamentos que passam por um processo criterioso de regularização fundiária. 
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 O “avesso” da Lei 6.766 e do Código Florestal demonstram que a lei por si só não garante um bom processo de desenvolvimento urbano e menos ainda justiça social nas cidades.
 
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É necessário um bom processo de gestão e governança urbana em que a lei (formulação e operação) seja parte de uma política urbana sustentável e justa.
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Construindo a 
mudança da ordem jurídica:
Mobilização e Emenda Popular da Reforma Urbana durante a Constituinte (23 artigos)
Promulgação da Constituição Federal -Inclusão do Capítulo “Da Política Urbana” (2 artigos) 
 
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Construindo a 
mudança da ordem jurídica:
Constituição Federal de 1988
Representa o momento culminante do processo de redemocratização do país. 
Adota uma distribuição constitucional de competências que delega a direção da Política Urbana aos municípios. 
Consolida o Direito Urbanístico como disciplina autônoma do Direito Administrativo
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Política Urbana 
na Constituição Federal 
Subordinação da propriedade ao cumprimento de sua FUNÇÃO SOCIAL: 	
Instrumentos para constranger o proprietário de vazios urbanos a dar adequado aproveitamento à propriedade urbana; 
 Instrumentos de Regularização Fundiária: 
Usucapião Urbana	
Concessão de Uso
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Política Urbana 
na Constituição Federal 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
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Política Urbana 
na Constituição Federal 
A Constituição Federal exigiu a promulgação de uma lei federal regulamentando o capítulo da política urbana para que os municípios pudessem aplicar seus instrumentos. 
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Estatuto da Cidade
1990 - Projeto de lei 5.788 – Estatuto da Cidade
2001 - Lei Federal 10.257 – Estatuto da Cidade
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Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade é a Lei federal de Desenvolvimento Urbano que regulamenta o capítulo “Da Política Urbana” da Constituição Federal.
 
Contém normas gerais de Direito Urbanístico a serem observadas e aplicadas pela União, Estados e Municípios.
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Estatuto da Cidade:
O Estatuto da Cidade representa uma ruptura paradigmática na Ordem Jurídica Brasileira, trazendo
diretrizes e instrumentos para uma Política urbana que garanta: 
Função Social da Propriedade. 
Direito à segurança da posse e à moradia
Direito à Cidade
Direito à Gestão Democrática
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Câmbios:
Direito de propriedade: 
passa a ser regulado pelo Direito Urbanístico - ramo do Direito Público.
subordinado ao cumprimento da Função Social da Propriedade. 
Novos direitos:
Direito à segurança da posse e à moradia
Direito à Cidade
Direito à Gestão Democrática
Direito ao Planejamento Urbano
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Estatuto da Cidade:
Diretrizes gerais da Política Urbana.
Instrumentos de intervenção urbana.
Instrumentos Jurídicos para regularização fundiária de assentamentos ilegais com possibilidade de reconhecimento coletivo da posse.
Regulamentação das sanções urbanísticas e tributárias aos terrenos sub-utilizados.
Alteração da regulação registral do país. 
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Instrumento maestro
 da Política Urbana
PLANO DIRETOR:
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“O espaço habitado (ou apropriado) funciona como uma espécie de simbolização do espaço social. Não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não seja hierarquizado e que não exprima as hierarquias e as distâncias sociais.” 
			(Pierre Bourdieu)
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E o Planejamento Urbano?
Não se pode naturalizar o espaço social. É preciso ter em conta a dinâmica de produção e reprodução do espaço urbano. 
A política e a regulação urbana, muito especialmente o Plano Diretor podem reforçar (ser cúmplices) ou contestar essa dinâmica, e contribuir para a transformação do espaço social. 
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Plano Diretor: 
novo papel e perfil
Período da Ditadura Militar: 
Regras para o ordenamento físico territorial dos municípios. 
Constituição Federal de 1988 e Estatuto da Cidade: 
Regras para o atendimento das funções sociais da cidade e da propriedade. 
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Plano Diretor e
Constituição Federal	
O Plano Diretor passa a ser a espinha dorsal da Política Urbana a ser executada pelo Poder Público Municipal; 
As funções sociais da cidade e da propriedade são a diretriz central da Política Urbana expressa pelo Plano Diretor através da indicação de instrumentos e critérios de atendimento das mesmas.
Necessidade de lei federal estabelecendo diretrizes gerais da Política Urbana. 
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Plano Diretor e
Função Social da Propriedade
O Plano Diretor deve : 
trazer eficácia ao princípio da função social da propriedade; 
estabelecer regras que traduzam o princípio constitucional da função social da propriedade em normas jurídicas passíveis de aplicação e monitoramento. 
definição em concreto do contéudo da função social da propriedade que deve ser atendida pelos terrenos urbanos de cada município
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Função Social da Propriedade no Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade estabelece uma relação jurídica de vinculação entre:
Funções sociais da cidade 
↕
Função social da propriedade
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Plano Diretor - 
conteúdo tradicional: 	
Definição do Zoneamento 
Parcelamento, uso e ocupação do solo
Regime urbanístico
Traçado Viário Estruturador
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Plano Diretor:
 novo conteúdo e novo papel 	
Definição de critérios de aproveitamento minímo para a propriedade urbana; 
Delimitação de áreas de urbanização e ocupação prioritárias para fins de atendimento da função social da propriedade, pela via da notificação para parcelamento ou edificação compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e a demanda por utilização;
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Plano Diretor:
 novo conteúdo e novo papel 	
Instrumentos jurídicos e urbanísticos de reconhecimento do direito à moradia e à segurança da posse das populações moradoras de assentamentos irregularmente produzidos, muito especialmente a delimitação de ZONAS ESPECIAS DE INTERESSE SOCIAL.
Estratégia de produção da cidade articulada à estratégia de qualificação ambiental da cidade. 
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Plano Diretor:
 novo conteúdo e novo papel 	
Tudo é cidade!
O plano diretor deve englobar a cidade como um todo.
A definição do zoneamento, uso e ocupação do solo é um indexador do mercado imobiliário. 
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Plano Diretor -
 conteúdos opcionais.	
Adoção dos seguintes instrumentos:
Direito de preempção;
Outorga onerosa do direito de construir;
Alteração de uso do solo mediante contrapartida do beneficiário;
Operações urbanas consorciadas;
Transferência do direito de construir;
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Que cidades 
DEVEM ter Plano Diretor?
 com mais de vinte mil habitantes;
onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;
integrantes de áreas de especial interesse turístico;
inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
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Gestão integrada:
O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
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Prazos e casos de improbidade administrativa:
Municípios sem Plano Diretor: elaboração e aprovação em 05 anos a contar da promulgação do Estatuto da Cidade.
Municípios com Plano Diretor conforme as diretrizes do Estatuto:
	- revisão em 10 anos. 
(há improbidade administrativa do Prefeito nos casos de inobservância – Art. 52, VII)
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Gestão democrática: 
A gestão democrática da cidade é o método de implementação do Estatuto da Cidade.
O Plano Diretor deve ser elaborado em um processo de amplo debate que incorpore a participação da população e de todos os atores que constróem a cidade.
O objetivo deve ser a construção de um PACTO para as regras do jogo de produção da cidade. 
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Gestão e planejamento participativo
O processo de planejamento deve ser permanentemente permeável à participação popular, através da adoção de mecanismos como: 
 Conselhos municipais de política urbana 
Fóruns de planejamento participativo para debater questões regionais ou projetos especiais;
Realização de audiências públicas. 
 
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