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Artrologia ou Sindesmologia João Chrysostomo de Resende Júnior 2015 - 1 Articulações (Junturas) Conceito: Articulações são os meios pelos quais as partes rígidas do corpo do animal (ossos e, em alguns casos, cartilagens) estão unidas para formar o esqueleto. Funções: Além de sua função de união, um tipo especial de articulação - a articulação sinovial - é constituída de modo a permitir o movimento de um segmento do corpo em relação a outro. Classificação De acordo com a natureza do meio de união entre as superfícies articulares, as articulações são classificadas em três tipos: • Fibrosas • Cartilagíneas • Sinoviais Articulações Fibrosas São aquelas nas quais a união entre dois ossos contíguos é feita por tecido conjuntivo fibroso. Três tipos de articulações fibrosas são reconhecidos: • Suturas • Sindesmoses • Gonfose Suturas São as articulações fibrosas que ocorrem entre ossos do crânio. De acordo com o aspecto das bordas articulares dos ossos envolvidos, as suturas classificam-se em: Suturas planas – quando as bordas articulares mais ou menos retilíneas. Ex. Sutura internasal. Suturas escamosas – quando as bordas articulares apresentam-se parcialmente sobrepostas, em bisel. Ex. Sutura entre a lâmina horizontal do palatino e o processo palatino da maxila. Suturas serreadas quando as bordas articulares unem-se em linha denteada. Ex. sutura interfrontal. No feto, a quantidade de tecido conjuntivo fibroso existente entre as bordas articulares é maior, o que confere aos ossos do crânio fetal um certo grau de mobilidade. Após o nascimento, com o avançar da idade, ocorre um processo de ossificação progressiva das suturas (sinostose), com perda da mobilidade entre os ossos envolvidos e, em muitos casos, dos seus limites. Ossificação progressiva das junturas: Sinostose Sindesmoses São as articulações fibrosas que ocorrem entre outros ossos que não os do crânio. Como exemplo, podem ser citadas as uniões fibrosas entre cartilagens costais adjacentes e a união fibrosa entre a tíbia e a fíbula. Com a idade, estas articulações costumam também ossificar-se. Gonfose É um termo especial utilizado para designar a união fibrosa entre a raiz do dente e seu alvéolo. Não se trata, a rigor, de uma articulação, já que os dentes não são elementos do esqueleto. Articulações cartilagíneas São aquelas em que o meio de união entre as superfícies articulares é constituído por tecido cartilaginoso. Segundo a natureza histológica da cartilagem de união, classificam-se em dois tipos: • Sincondrose • Sínfise Sincondrose Articulação cartilagínea em que o meio de união é constituído por cartilagem hialina. Exemplos: sincondrose mandibular, nos bovinos e carnívoros(31); sincondrose esfeno-occipital (16), esfeno-petrosa (17), petro- occipital(18), interesfenoidal(19). Com a idade, as sincondroses frequentemente se ossificam. Sínfise Articulação cartilagínea em que os ossos estão unidos por cartilagem fibrosa. Como exemplos, citam-se a sínfise pelvina e as uniões entre os corpos das vértebras (discos intervertebrais). Como as sincondroses, as sínfises podem ossificar-se com a idade, reduzindo progressivamente a mobilidade entre os ossos unidos. Ligamentos extra-capsulares Ligamentos Intra-capsulares Cavidade articular Articulações Sinoviais São aquelas nas quais o meio interposto entre as superfícies articulares é um fluido especial - o líquido sinovial ou sinóvia. Além de unir dois ou mais elementos ósseos, elas têm a função de possibilitar o deslocamento de um em relação a outro, resultando isto em movimento dos segmentos corporais. Em uma articulação sinovial estão presentes quatro elementos essenciais: • cápsula articular; • cavidade articular; • líquido sinovial; • cartilagens articulares. Capsula Articular A cápsula articular é uma estrutura membranosa que se prende nas extremidades articulares dos ossos envolvidos, mantendo-as unidas entre si e delimitando uma cavidade, denominada cavidade articular, na qual está contido o líquido sinovial. Ela é constituída por duas camadas: uma externa, camada fibrosa, e outra interna, camada sinovial. A camada fibrosa é resistente, formada por tecido conjuntivo denso; em alguns pontos, ela pode ser reforçada por faixas fibrosas mais espessas, os chamados ligamentos capsulares. A camada sinovial é lisa, brilhante e reveste internamente toda a cápsula articular. Em determinados pontos, ela forma expansões, as pregas e vilos sinoviais, que se projetam no interior da cavidade articular. É bastante inervada e vascularizada. Camada fibrosa Camada sinovial Ligamento capsular Capsula articular Cavidade articular Cartilagem articular Osso Ligamento Periósteo Osso Menisco LÍQUIDO SINOVIAL O líquido sinovial, produzido pela camada sinovial, é um fluido claro, transparente e dotado de viscosidade, devido à presença de mucinas; contém também albumina, sais, gotículas lipídicas e resíduos celulares. Sua função primordial é lubrificar as superfícies articulares, de modo a reduzir o atrito e o desgaste entre elas. Admite-se também que desempenha função no transporte de nutrientes para as cartilagens articulares, que são avasculares, bem como na remoção de seus catabólitos. • Cartilagens articulares São de natureza hialina e revestem toda a superfície de contato de um osso com outro. Elas são desprovidas de vascularização e de inervação, mantendo- se lubrificadas pelo líquido sinovial. • Ligamentos Na grande maioria das articulações sinoviais, a função de união da cápsula articular é reforçada pela presença de faixas resistentes de tecido conjuntivo fibroso, os ligamentos. Capsulares, situados na espessura da própria cápsula articular. Extra-capsulares, como o nome indica, dispõem-se externamente à cápsula articular. Intra-capsulares são aqueles situados na intimidade da articulação, internamente à cápsula articular. Ligamentos extra-capsulares Ligamentos Intra-capsulares Cavidade articular Meniscos e discos articulares Em algumas articulações sinoviais encontram-se, internamente à cápsula articular, estruturas fibrocartilagíneas bicôncavas denominadas meniscos e discos articulares, interpostos entre duas superfícies articulares mais ou menos convexas. Funções principais: a) amortecer as pressões exercidas sobre a articulação; b) possibilitar uma melhor adaptação ou congruência de uma superfície articular em relação à outra, facilitando o deslizamento entre elas. Meniscos são encontrados na articulação do joelho, enquanto disco articular ocorre na articulação temporomandibular. COXINS Também no interior de uma articulação sinovial podem ser encontrados acúmulos de tecido adiposo, revestidos por membrana sinovial, formando coxins mais ou menos desenvolvidos, a exemplo do corpo adiposo infrapatelar presente na articulação do joelho. LÁBIOS Em algumas articulações sinoviais, a borda de uma superfície articular côncava pode apresentar-se guarnecida por um anel de fibrocartilagem, formando uma estrutura denominada lábio articular. Como exemplos, citam-se o lábio glenoidal, na cavidade glenóide da escápula, e o lábio acetabular, no acetábulo do quadril. Os lábios articulares aumentam a profundidade da superfície articular e tendem a evitar fraturas de sua borda. Principais movimentos executados nas articulações sinoviais Em uma articulação, o movimento faz-se em torno depelo menos um eixo, que é sempre perpendicular ao plano no qual os segmentos ósseos envolvidos se movimentam. Os principais movimentos executados nas articulações são os seguintes: • Angulares • Rotação • Circundução Movimentos angulares Nestes movimentos, ocorre diminuição ou aumento do ângulo entre o segmento que se desloca e aquele que se mantém fixo. Flexão – diminuição do ângulo entre os segmentos. Extensão – aumento do ângulo entre os segmentos. Movimentos angulares Adução - quando o segmento móvel se aproxima do plano mediano. Abdução - quando se afasta do plano mediano. Movimentos de rotação É o movimento no qual um segmento gira em torno de seu próprio eixo longitudinal. • Pronação - rotação no sentido do plano mediano. • Supinação - rotação em sentido oposto do plano mediano. Estes movimentos são limitados nos mamíferos domésticos, mas rotação típica ocorre na articulação entre o atlas e o áxis. CIRCUNDUÇÃO É um movimento complexo, resultante da combinação dos movimentos de adução, extensão, abdução, flexão e rotação. O extremo distal do segmento que se desloca descreve um círculo e o corpo do segmento um cone, cujo vértice é a própria articulação. Nas grandes espécies domésticas este movimento é bastante limitado. O movimento do coice é um típica circundução Classificação funcional das articulações sinoviais • Uni-axiais: Quando os movimentos se realizam em torno de um único eixo e em um único plano. Permitem apenas flexão e extensão, ocorrendo na grande maioria das articulações entre ossos dos membros. • Bi-axiais: Quando os movimentos podem se realizar em torno de dois eixos e, portanto, em dois planos, permitindo flexão e extensão, adução e abdução. Um exemplo típico é a articulação temporomandibular. • Tri-axiais: Quando os movimentos podem se executar em torno de três eixos básicos, permitindo flexão, extensão, adução, abdução, rotação e, resultando da combinação de todos, circundução. Um exemplo típico é a articulação do quadril. Classificação funcional das articulações sinoviais Uni-axiais: Quando os movimentos se realizam em torno de um único eixo e em um único plano. Permitem apenas flexão e extensão, ocorrendo na grande maioria das articulações entre ossos dos membros. Classificação funcional das articulações sinoviais Bi-axiais: Quando os movimentos podem se realizar em torno de dois eixos e, portanto, em dois planos, permitindo flexão e extensão, adução e abdução. Um exemplo típico é a articulação temporomandibular. Tri-axiais: Quando os movimentos podem se executar em torno de três eixos básicos, permitindo flexão, extensão, adução, abdução, rotação e, resultando da combinação de todos, circundução. Um exemplo típico é a articulação do quadril. Classificação funcional das articulações sinoviais Classificação morfológica das articulações sinoviais De acordo com o número de ossos envolvidos, as articulações classificam-se em simples (dois ossos articulados) e compostas (três ou mais ossos articulados). Ainda, segundo a forma das superfícies articulares, as articulações classificam-se nos seguintes tipos principais: • Plana • Gínglimo • Trocóide • Condilar • Esferóide Articulação plana Articulação em que as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo apenas deslizamento de uma sobre a outra, em qualquer direção. Exemplo: articulação entre os ossos do carpo. Gínglimo Articulação que permite apenas movimentos angulares de flexão e extensão, à maneira de dobradiça. O nome, no caso, não se refere à morfologia das superfícies articulares, mas à aparência do movimento executado. Exemplo: articulação do cotovelo. Trocóide (cilindróide) Articulação em que as superfícies articulares são segmentos de cilindro, permitindo portanto, movimentos de rotação. Exemplo: articulação entre o atlas e o dente do áxis. Condilar Articulação em que uma superfície articular ovóide, o côndilo, se aloja em uma cavidade de contorno elíptico. É do tipo bi-axial, permitindo flexão e extensão, adução e abdução. Exemplo: articulação temporomandibular. Esferóide Articulação em que uma das superfícies articulares é um segmento de esfera e a oposta é uma concavidade de contorno circular na qual a primeira se encaixa. É do tipo tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução. Exemplos: articulações entre a cavidade glenóide da escápula e a cabeça do úmero (ombro) e entre o acetábulo do quadril e a cabeça do fêmur (quadril). Articulações do membro torácico Articulação do ombro É a articulação simples entre a cavidade glenóide da escápula e a cabeça do úmero. É do tipo esferóide e tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução. Os quatro últimos movimentos são, no entanto, bastante limitados pela massa muscular adjacente. Articulação do cotovelo Esta articulação composta envolve a tróclea e o capítulo do úmero, as duas superfícies articulares da cabeça do rádio e a incisura troclear do olécrano. É do tipo gínglimo e uni-axial, permitindo apenas movimentos de flexão e extensão. Articulação do carpo É uma articulação composta complexa, podendo ser subdividida em três porções: articulação antebraquiocárpica, entre as extremidades distais do rádio e da ulna e a fileira proximal dos ossos do carpo; articulação intercárpica, entre a fileira proximal e a fileira distal dos ossos do carpo e articulação carpometacárpica, entre a fileira distal dos ossos cárpicos e a extremidade proximal dos ossos metacárpicos. Articulação metacarpofalângica É uma articulação composta que envolve a extremidade distal do osso metacarpo, a superfície articular proximal da falange proximal e, para cada dedo, os dois ossos sesamóides proximais. É do tipo gínglimo e uni-axial, permitindo apenas flexão e extensão. Articulação interfalângica proximal É a articulação entre as falanges proximal e média de cada dedo principal. É do tipo gínglimo e uni- axial, permitindo movimentos de flexão e extensão. Articulação interfalângica distal Envolve a extremidade distal da falange média, a extremidade proximal da falange distal e o osso sesamóide distal, estando parcialmente contida dentro do casco. É do tipo gínglimo, uni-axial, mas seus movimentos de flexão e extensão são obviamente limitados pela presença do casco. Articulações do membro pelvino Articulação sacro-ilíaca É a articulação entre a face sacropelvina da asa do ílio e a asa do sacro. É do tipo plana, mas no adulto suas superfícies articulares apresentam-se rugosas e sua mobilidade é muito reduzida. Articulação do quadril É a articulação entre o acetábulo do quadril e a cabeça do fêmur. Constitui uma típica articulação esferóide e tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução. Articulação do joelho É uma articulação composta que envolve a extremidade distal do fêmur, a patela e a extremidade proximal da tíbia e da fíbula. Considerada como um todo, é do tipo gínglimo e uni- axial, permitindo quase que exclusivamente flexão e extensão. Pode ser dividida em duas porções: articulação femoropatelar e articulação femorotibial. Articulação do tarso É também uma articulação composta, funcionando em conjunto como um gínglimo e permitindo movimentos quase que somente de flexão e extensão. Comono carpo, a articulação do tarso pode ser dividida em três porções: tibiotársica, entre a cóclea da tíbia, o tálus e o calcâneo; intertársica, entre a fileira proximal e a fileira distal dos ossos do tarso; tarsometatársica, entre os ossos da fileira distal do tarso e a base do metacarpo. Articulações metatarsofalângica, interfalângica proximal e interfalângica distal São semelhantes às correspondentes do membro torácico. Articulação temporomandibular A única articulação sinovial presente na cabeça é a articulação temporomandibular, entre a parte escamosa do temporal (tubérculo articular e fossa mandibular) e a cabeça da mandíbula. Entre as duas superfícies articulares dispõe-se uma estrutura fibrocartilagínea, o disco articular, cuja borda está aderida à cápsula articular. Articulações da coluna vertebral Discos intervertebrais Ao longo da coluna vertebral, os corpos de vértebras adjacentes estão unidos entre si por estruturas fibrocartilagíneas denominadas discos intervertebrais. Cada disco intervertebral é formado por um anel fibrocartilagíneo periférico e uma área central de consistência mole, o núcleo pulposo. Este último é um remanescente da notocorda, sendo constituído por tecido conjuntivo do tipo mucoso Ligamento da nuca O ligamento da nuca é um potente ligamento fibro- elástico, de coloração amarelada, que se prende cranialmente na protuberância occipital externa e nos processos espinhosos das vértebras cervicais e caudalmente nos processos espinhosos das vértebras torácicas. Sua principal função é auxiliar na manutenção da cabeça e do pescoço erectos. Articulações intervertebrais As articulações intervertebrais permitem movimentos de flexão dorsal, flexão ventral, flexão lateral e rotação. Entre uma vértebra e outra estes movimentos são pequenos, mas de sua soma resultam movimentos consideráveis de um segmento da coluna em relação a outro. As vértebras cervicais e coccígeas são as que se movimentam mais livremente. Articulações costovertebrais Compreendem duas articulações separadas: articulação da cabeça da costela e articulação costotransversal. São ambas articulações sinoviais, dotadas de cápsula articular e ligamentos. Nas articulações costovertebrais, o movimento executado, quando as costelas se expandem na inspiração, é o de rotação em torno de um eixo que passa pelo centro da cabeça e pelo tubérculo da costela. Articulações costocondrais, esternocondrais e interesternebrais • As costelas estão unidas às respectivas cartilagens costais por articulações fibrosas. No bovino, no entanto, as articulações costocondrais das costelas II a XI são sinoviais. Entre as cartilagens costais e o esterno, as articulações são também sinoviais, de modo a permitir rotação das cartilagens quando as costelas se expandem. As últimas cartilagens costais, por sua vez, estão unidas entre si por tecido fibro-elástico, formando o arco costal. • As estérnebras estão unidas uma à outra por cartilagem hialina, constituindo estas uniões as sincondroses interesternebrais, que tendem a se ossificar no adulto. Entre o manúbrio e o corpo do esterno, no entanto, a articulação é do tipo sinovial.
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