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ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL Aula 1: Conceitos Básicos: Ética, Moral, Caráter, Dever Moral, Direitos Humanos Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Distinguir os conceitos de Ética e Moral, caráter e dever moral. 2. Listar os Direitos Humanos. Introdução Ética é uma área de concentração de origem filosófica que tem por fim estudar, refletir o sentido do agir humano. O dicionário de Ética e Filosofia Moral a define das seguintes formas: FILOSOFIA é uma das cinco leituras que se pode fazer do real ao lado do senso comum, da arte, da religião e da ciência. Sua importância consiste na capacidade de abstração, ou seja, na reflexão sobre os objetos no âmbito do pensamento. FILOSOFIA é uma forma de pensar que toma a razão como fundamento e analisa em que medida algo pode ser falso ou verdadeiro (lógica), certo ou errado (ética), conhecido ou ideológico (teoria do conhecimento), belo ou não (estética), e por fim, em que medida a existência pode espelhar a essência. ÉTICA é uma área de concentração de origem filosófica que tem por fim estudar, refletir o sentido do agir humano. A ÉTICA enquanto matéria filosófica busca compreender em que medida um ato é justo ou não, uma intenção é virtuosa ou não, ou mesmo em que consiste a virtude. Nesse sentido, a ÉTICA não nivela as pessoas, apenas pensa o sistema moral como válido ou não a partir de uma razão suficiente, ou seja, será que tal moral é universal ou apenas um produto determinado por implicações histórico-culturais? Os objetos morais como intenção do ato, consciência do ato, voluntariedade, consequências do ato etc., são elementos de investigação da ÉTICA porque são postos em suspensão para verificar a validade e a universalidade dos atos humanos. A moral, como um conjunto de regras determinantes de condutas, é uma produção socialmente determinada pelo ambiente cultural, por isso é datada historicamente, pois o que foi válido ontem pode deixar de ser hoje vice-versa. Ao contrário da ETICA que é atemporal porque não estabelece uma tábua de valores, mas apenas discute essa mesma tábua de valores para se certificar de sua universalidade. Como se vê, há uma abrangência significativa quando se pensa ou se fala em ética, envolvendo todas as esferas humanas. Nesta primeira aula, vamos iniciar a nossa caminhada rumo a um mundo mais ético, conhecendo alguns conceitos essenciais para a compreensão e desenvolvimento da nossa matéria. Certamente o assunto é envolvente e complexo. Damos aqui o pontapé inicial para que você se aprofunde no mundo da reflexão e possa dar a sua contribuição particular para um mundo mais ético. Ética A palavra ética vem do grego ethos. Ética Socrática? Ética Platônica? Ética Aristotélica? No berço da cultura ocidental, na Grécia Antiga, nasceu a denominada Ética Socrática. Expressões hoje usadas por todos nós, como “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”, são de autoria de Sócrates, o pai da filosofia ocidental. Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento é a alma humana. A verdade vive oculta no espírito humano. Diluindo os próprios erros, é possível a cada ser descobri-la. A missão do filósofo seria conduzir os homens ao conhecimento. O moralista seria o parteiro da alma. Platão, como discípulo de Sócrates, desenvolveu o pensamento do mestre. A Ética Platônica estabelece uma hierarquia entre as ideias e reserva o lugar supremo ao "bem". A Ética Aristotélica, por sua vez, tem por objetivo descobrir o bem absoluto, denominando-o "felicidade". Aristóteles entendia que a felicidade estaria no exercício firme e constante da virtude. Para ele, o homem virtuoso é aquele que mergulha no desenvolvimento integral das suas faculdades. A virtude é, portanto, o justo meio entre dois vícios extremos. Segundo Thiry-Cherques (2008): Ética é a parte da filosofia que trata das questões morais, das ideias morais do cotidiano humano. O papel da Ética é fundamentar a Moral, pois esta supõe uma crença, inclusive com os seus respectivos dogmas. Assim, podemos concluir que Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. O objetivo da Ética é facilitar a vida do homem de modo a que ele se realize. Naturalmente, a ética existe em todas as sociedades, respeitando as especificidades de cada cultura. Moral A exemplo de Thiry-Cherques, estabeleceremos para o nosso estudo que: Ethos do grego modo de ser. Mos, mores do latim significa costume, que é a prática de determinados atos, que tem como características = a generalidade, publicidade e continuidade, isto é, deve ser praticado por todos os membros da sociedade, ser do conhecimento de todos e ser continuo. Tanto o termo grego ethos, como o termo latino mores, dizem respeito a costume. Moral significa o agir consciente do dever e de acordo com os valores contemplados pela sociedade contemporânea, onde a ação se realiza. Ética tem como objetivo avaliar os atos morais, considerando-os certos ou errados. Portanto a Moral é como agimos, e a Ética é a recomendação de como devemos agir. É muito comum o cidadão confundir ética com moral. Isto ocorre porque de fato ambas caminham sempre juntas. A Moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas. “Entende-se por instintos simpáticos aqueles que aproximam o indivíduo dos outros.” (Roux, A. La pensée d´Auguste Comte. Paris: Chiron, 1920. P. 254) Saiba Mais. Augusto (1798-1857) Criador do positivismo, discípulo e colaborador de Saint-Simon, Augusto Comte (nascido em Montpelier. França) pode ser considerado não só filósofo como reformador social. A reforma que defende pressupõe, por sua vez, a reforma do saber, já que a sociedade se caracteriza exatamente pela etapa de desenvolvimento espiritual que atingiu. O termo "positivismo" deriva da lei dos três estados que Comte formula em sua teoria da história, designando as características globais da humanidade em seus períodos históricos básicos: o teológico, o metafísico e o positivo. A característica essencial do estado positivo é ter atingido a ciência, quando o espírito supera toda a especulação e toda a transcendência, definindo-se pela verificação e comprovação das leis que se originam na experiência. Comte é considerado um dos criadores da sociologia, procurando conciliar em sua proposta política de reforma social elementos da política conservadora, como a defesa da ordem, e da corrente liberal ou progressista, como a necessidade de progresso. Daí o famoso lema do positivismo comtiano, "o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim". As ideias de Comte tiveram grande influência no Brasil na formação do pensamento republicano a partir da segunda metade do século XIX, e muitas das ideias positivistas foram incorporadas à Constituição Brasileira de (1850). É interessante o que diz Piaget: Toda Moral é um sistema de regras e a essência de toda a moralidade consiste no respeito que o indivíduo sente por trais regras. Saiba Mais. Moralidade. Caráter do que se conforma às normas morais, Kant contrapôs a Moralidade. A legalidade. A última é a simples concordância ou discordância de uma ação em relação a lei moral, sem considerar o móvel da ação. A Moralidade, ao contrário, consiste em assumir como móvel de ação a ideia dever Crítica. Razão. Pratica. I, 1, 3). No sentido hegeliano a Moralidade, distingue-se da eticidade, por ser a vontade subjetiva", ou seja, individual e desprovida de bem, enquanto a eticidade é a realização do bem em instituições históricas que o garantam. Moralidade e Eticidade estão entre si como o finito e o infinito: isso significa que a eticidade é a verdade" da moralidade. A noção filosófica de valor está relacionadapor um lado àquilo que é bom, útil, positivo; e. por outro lado, à de prescrição, ou seja, à de algo que deve ser realizado. 2. Do ponto de vista ético, os valores são os fundamentos da moral, das normas e regras que prescrevem a conduta correta. No entanto, a própria definição desses valores varia em diferentes doutrinas filosóficas. Para algumas concepções, é um valor tudo aquilo que traz a felicidade do homem. Mas trata-se igualmente de uma noção difícil de se caracterizar e sujeita a divergências quanto à sua definição. Alguns filósofos consideram também que os valores se caracterizam por relação aos fins que se pretendem obter, a partir dos quais algo se define como bom ou mau. Outros defendem a ideia de que algo é um valor em si mesmo. Discute-se assim se os valores podem ser definidos intrínseca ou extrinsecamente. Há ainda várias outras questões envolvidas na discussão filosófica sobre os valores, p. ex., se os valores são relativos ou absolutos, se são inerentes à natureza humana ou se são adquiridos etc. axiologia (do gr. axios: digno de ser estimado, e logos: ciência, teoria= Teoria dos valores em geral, especialmente dos valores morais. O termo axiologia designa a filosofia dos valores, fundada em Baden por W. Windelband (1863-1915). Derivada do kantismo, ela estima que o conhecimento tem por origem não as coisas em si, mas a apreensão de uma relação entre as realidades e um ideal que é um absoluto, embora posto como valor. E a relação com esse valor que nos permite apreciar, julgar e conhecer uma realidade, um objeto, um ato, uma ideia e uma palavra. De 1891 essa influência pode ser ilustrada pela presença na bandeira nacional com lema de inspiração positivista "Ordem e Progresso”. Comte escreveu numerosas obras, destacando-se o Curso de filosofia positiva (1830- 1848). O Sistema de política positiva (1851~1854) e o Catecismo positivista. Na prática, quando nos indignamos, por exemplo, ao vermos na televisão nossos semelhantes passando fome, levando uma vida subumana, sentimos responsabilidade e um desejo enorme de contribuir de alguma forma para que esta situação seja revertida. Exatamente em função desse tipo de sentimento participamos de campanhas contra a fome. Isto nos leva a concluir que nossos sentimentos e nossas ações exprimem o nosso senso moral. Quando sentimos remorso por alguma coisa feita no passado e gostaríamos de fazer diferente no presente, exprimimos nosso senso moral. Da mesma forma, quando ficamos admirados com alguém cujas palavras e ações denotam honestidade, integridade, honradez e outros valores, e chegamos mesmo a tentar imitá-las, também exprimimos nosso senso moral. Podemos concluir que a Moral diz sempre respeito a valores que temos em reação aos outros. Direitos Humanos Declaração dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações Unidas. Foi assinada em 1948 e enumera os direitos de todos os seres humanos. Síntese da Aula Nesta aula, você: Reconheceu os conceitos de Ética e Moral, caráter e dever moral; Identificou os Direitos Humanos. Aula 2: As três fases da Ética Empresarial Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar cada fase da ética Empresarial. 2. Definir cada uma das fases da ética Empresarial. 3. Diferenciar as fases estudadas. Introdução Reflexão Ética A Ética é parte intrínseca da conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Bem; Certo; Permitido. Mal; Errado; Proibido. O homem, no seu cotidiano, vive diante de muitos problemas. Vejamos alguns: Devo sempre dizer a verdade, ou existem ocasiões em que posso mentir? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de morte? Será correto tomar tal atitude? Será que posso mentir para conquistar meu cliente? Esses tipos de perguntas nos levam a refletir sobre comportamento ético-moral sem nem nos darmos conta, não é mesmo? Vamos, então, teorizar nosso conhecimento sobre esse assunto, analisando, a partir de agora, as diversas fases da questão ética que afetam o nosso comportamento, inclusive no mundo corporativo. Ética Empresarial Ética Empresarial é a aplicação da Ética ao ambiente das Empresas, onde os colaboradores e os gestores devem agir e interagir com os fornecedores e os consumidores, visando estabelecer relações de mercado transparente, que contemplem valores tais como, fidelidade, sinceridade e autenticidade, a fim de preservarem o coletivo. No mundo corporativo, as questões éticas são especialmente complexas. A atividade de ganhar dinheiro sempre teve uma aliança meio desconfortável com o senso particular da moralidade das pessoas. Questões como o valor, o bem, o mal e, mais ainda, a dedicação ao trabalho, fazem sentido? Ter fé é irracional? Devemos respeitar quem não é respeitável? O que é um princípio? Enfim, estas e outras perguntas que permeiam nossa mente são pertinentes à Ética Empresarial. A questão ética vem se destacando com o passar dos tempos em todos os setores, e no mundo corporativo não poderia ser diferente. Fase da Ética Empresarial Como a própria vida, a Ética Empresarial é feita de fases. Vamos conhecê-las agora. Fase 1: A Era Industrial Fase 2: A Era Pós-Industrial Fase 3: A Era da Informação Fase 1: A Era Industrial Segundo Cortina (2007: 19), 1970 Surge com ímpeto o tema da ética dos negócios ou, como definida pelos europeus, da ética das empresas. 1980 O tema propaga-se pela Europa. 1990 Propaga-se pela América Latina e pelo Oriente. Questões com certo grau de complexidade, como: Cultura da empresa Avaliações de qualidade Recursos Humanos Clima Ético Responsabilidade corporativa Comunicação e Balanço Social Passaram a ter destaque, principalmente, no mundo reflexivo. Na verdade, um conjunto de dimensões que compõe o caráter de uma organização. Adam Smith e Max Weber fizeram uma grande contribuição na era industrial ao garantir que existia uma conexão entre ética e empresa. Eles afirmaram que o sucesso empresarial seria alcançado quando a organização, dentro de sua estrutura, se preocupasse condições legais e morais. Tanto Adam Smith quanto Max Weber sofreram muitas críticas, mas nada que desmentisse o fato de que os dois marcaram a história da Ética Empresarial. Adam Smith escreveu Teoria dos Sentimentos Moais, antes da sua mais famosa obra: Riqueza das nações, onde ressalta que, além do lucro de uma empresa, existem outros valores e sentimentos que envolvem a atividade econômica. Max Weber, com sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo, também deu uma larga contribuição à Ética Empresarial. Com suas postulações a respeito da crença de que o empresário chamado a criar riqueza e a fomentar o bem-estar social agradava a Deus justificava a busca pela riqueza. Devido as ideias de Weber, houve mudanças nos hábitos relacionados à riqueza e à poupança. Fase 2: A Era pós-Industrial Segundo Cortina (2007: 28), novas razões surgem para o fortalecimento da ética Empresarial na década de 1970. Primeiro, a necessidade de se criar capital social ou a necessidade premente de redes de confiança. Depois de vários escândalos, principalmente na sociedade norte-americana, como o Watergate, a desconfiança passou a predominar em todo o mundo. Making Democracy Work, onde procura mostrar como as redes de confiança contribuem para o funcionamento da economia. (Cortina, 2007: 28) O fim das ideologias trouxe o interesse pelas boas práticas em todas as esferas, inclusive na esfera corporativa. Em terceiro lugar, a concepção da empesasofreu transformação em vários pontos: Dimensão cultural; Uma nova visão da empresa, não como máquina para obter o máximo de produção, mas sim como organização, como empresa; O modelo taylorista foi substituído pelo pós-taylorista e Todos os stakeholders ganhando e não somente os acionistas. Em quarto lugar, novos desafios organizacionais levam a entender que a ética se fazia necessária na gestão. A maturidade do mercado implica em uma postura mais exigente por parte das empresas, visando a sua própria sobrevivência em tal mercado. Valores - e não regras - deveriam delinear as empresas, dentro de um mundo globalizado e altamente competitivo. É preciso buscar a fidelidade do consumidor. Em último lugar, Cortina chama atenção para a exigência cada vez maior advinda de uma ética cívica, configurada pelos valores compartilhados dentro de uma sociedade pluralista. Assim, a revitalização da Ética Empresarial depende de sua reformulação. Fase 3: A Era da Informação Esta Ética Empresarial revitalizada depara-se com novos desafios, como a passagem da economia velha para a chamada nova economia e a era da informação. Vejamos alguns desses grandes desafios sob a ótica de Cortina (2007: 32-34): Lideranças muito suscetíveis à questão financeira, trocando de empresa em curto espaço de tempo. Dificuldade da construção de uma ética global, em um universo com enormes diversidades culturais. Trabalhador pouco qualificado, precariedade do trabalho e as justas exigências de um salário digno. Os habitantes do ciberespaço têm sua moral individual, porém nada garante que será compartilhada. Nesta era da informação, as universidades vêm fomentando a necessidade de dois pilares vitais relativos à ética empresarial: integridade e transparência, para que haja viabilidade empresarial. Na era da informação, uma coisa é patente: escândalos empresariais têm largos espaços nos veículos de comunicação, o que nos leva a reformular leis e, sobretudo, hábitos. A integridade e a transparência devem ser incorporadas ao caráter - das pessoas, do cidadão e da empresa. Somente assim haverá mudança de fato. Síntese da Aula Nesta aula, você: Identificou cada fase da ética Empresarial. Definiu cada uma das fases da ética Empresarial. Diferenciou as fases estudadas. Aula 3: Empresa e Ética: o caráter das organizações Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Definir o que é o caráter de uma organização. 2. Descrever como se forma o caráter de uma organização. 3. Estabelecer claramente o conceito de empresa. Introdução Com certeza, você já ouviu dizerem que o caráter do indivíduo que diz quem ele é. Muitas vezes, inclusive, quando um indivíduo tem um comportamento que foge ao padrão estabelecido pela sua comunidade, é considerado “sem caráter”. Mas, afinal o que é caráter? Esta é a primeira pergunta sobre a qual devemos refletir. Aliás, refletir não é um hábito dos ocidentais. Somos pouco reflexivos. Mas, no mundo competitivo em que vivemos, precisamos exercer a capacidade de pensar, meditar e refletir. É isso que procuraremos fazer nesta aula, quando refletiremos sobre nós mesmos e sobre as organizações das quais fazemos parte. Caráter Caráter é definido pelo dicionário Michaelis como: “Caracteres somáticos adquiridos pelo indivíduo sob a ação de fatores ambientais e que não se tornam hereditários. Fatores que distinguem uma espécie de outra ou de todas as outras do mesmo gênero.” Assim, podemos entender que caráter é o conjunto de fatores que incidem sobre cada indivíduo, tornando-o único dentro de sua própria espécie. Entendemos que caráter de um indivíduo é sua maneira de ser, suas características próprias, seus impulsos, seu emperramento. É um traço de personalidade, que mostra a forma usual de agir de cada indivíduo. Este grupo de atributos, bons ou ruins, denota o comportamento, os valores morais e os princípios de cada indivíduo. Saiba Mais. Na biologia diz-se de cada marco estrutural ou funcional que distingue um indivíduo, sejam caracteres congênitos ou adquiridos. É questão controvertida se os caracteres congênitos são suficientes para distinguir uma espécie de outras. Na lógica é cada atributo de uma noção que faz parte da sua compreensão e é um elemento constituinte, seja essencial ou acidental. Na psicologia a unidade e consistência que se manifesta na maneira de sentir e reagir de um indivíduo ou de um grupo como distinto de outros grupos. Kant define o caráter de conformidade com a sua definição de causa. "É necessário que cada causa, quando age, tenha um caráter, quer dizer uma lei da sua causalidade, sem a qual ela nem chegaria a ser causa". Ele distingue ademais um caráter empírico ou fenomenal, em virtude do qual as suas "ações, enquanto fenômenos, são relacionados integralmente a outros, segundo as leis constantes da natureza", e um caráter inteligível, em virtude do qual não deixa de ser a causa dessas ações, enquanto fenômenos, mas sem ser ele mesmo submetido às condições da sensibilidade e sem ser sequer um fenômeno. Na ética a palavra aceita um sentido laudativo quando significa personalidade completa e que revela autodomínio. CARÁTER ADQUIRIDO - (Psicol.). Modificação que se apresenta no organismo como consequência da própria atividade ou da influência do meio. CARÁTER CONGÊNITO - (Psicol.). É o que é herdado. Também indica o que é condicionado em parte pelo meio pré-natal. Definição De Organização (Empresa) Para compreendermos melhor as questões do cotidiano empresarial, vamos estudar primeiro o que é uma empresa: Semanticamente é um empreendimento, uma atividade produtiva, um negócio; É uma sociedade organizada para a exploração de uma indústria, comércio ou serviços, tendo por objetivo final o lucro; No Direito Trabalhista, é a organização do capital e do trabalho, empenhada em atividade econômica. Quando pensamos em economia, pensamos nas empresas, pois é através delas que a economia é ativada. Normalmente, diz-se que a economia está aquecida quando há demanda, isto é, quando há consumo significando que as empresas estão produzindo e colocando o seu produto no mercado, aquecendo assim a economia de um local, estado ou país. Basta observarmos a questão de emprego. Ora, quem oferece o emprego? São as empresas, portanto é evidente a importância das empresas a nível mundial! É importante destacar que algumas empresas chegam a um faturamento superior ao PIB de um país. Formação do Caráter de uma Organização Construir confiança “Talvez porque o Capitalismo renano, que conformava em alto grau o modo europeu de entender a empresa, induzisse a concebê-la não só como um negócio, mas como um grupo humano que leva adiante uma tarefa valiosa para a sociedade, a de produzir bens e serviços mediante a obtenção do benefício”. Veja, estamos falando em algo muito mais abrangente do que o marketing que objetiva apenas a imagem da empresa. O fato é que a ideia de caráter está intimamente ligada às pessoas que fazem parte da empresa. Logicamente, a alta direção da empresa, principalmente o seu CEO, terá influência decisiva na formação deste caráter. No fundo, é o somatório do caráter de cada componente da empresa que formará o caráter geral da empresa. Normalmente, os indicadores da empresa forjam o seu caráter que, ao longo do tempo, vai sendo modificado de acordo com o pensamento daqueles que dela fazem parte. Assim, cada empresa tem a sua forma de tomar decisões, a sua maneira de fazer os seus negócios. Tem os seus hábitos, os seus costumes, que normalmente são identificados pelo mercado. Podemos entender que a integridadede uma empresa está intimamente ligada ao seu caráter, isto é, à sua forma de conduta, pensamento e ação que farão com que ela tenha uma imagem no mercado. Síntese da Aula Nesta aula, você: Conheceu algumas definições de empresa; Identificou a importância do caráter de uma empresa e a sua formação; Aliou a importância da ética ao caráter de uma organização. Aula 4: O Dilema dos Valores Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Descrever os conceitos de Moral e Ética. 2. Identificar dilemas éticos variados. 3. Reconhecer a importância da ética para a sociedade Introdução Dilema (gr. dilemma, de di: duas vezes, e lemma: principio, premissa) Forma de alternativa da qual, dos dois membros aceitos como premissas ou princípios, só podemos tirar uma consequência. Exemplo: O dilema de Aristóteles: Ou devemos filosofar, ou não devemos filosofar; ora, para sabermos se devemos filosofar, precisamos filosofar; e para sabermos se não devemos filosofar, precisamos ainda filosofar; conclusão: devemos filosofar. Situação embaraçosa em que nos encontramos, devendo escolher necessariamente entre dois partidos ou pontos de vista rejeitáveis caso não fôssemos obrigados a escolher. Exemplo: O dilema do cirurgião diante da situação de ter que sacrificar a mãe ou o filho no momento do parto; não podendo salvar ambos, precisa optar. O caso Exxon Valdez Em 1989, ocorreu um grande acidente ecológico com o petroleiro Exxon Valdez, no Alasca. Um vazamento causou tal acidente porque o capitão do petroleiro estava embriagado. A empresa Exxon Corporation decidiu, a partir de então, submeter seus funcionários a um exame de detecção do uso de drogas e álcool, orientando todas as filiais espalhadas pelo mundo a fazerem o mesmo, respeitando as leis de cada país. A decisão teve por objetivo assegurar um ambiente de trabalho saudável, garantindo a qualidade de vida dos colaboradores. Os indicadores foram bastante favoráveis. A prevenção funcionou a contento. Entretanto, houve resistência. Os críticos consideram que os resultados podem ser enganosos porque, além de invadir a privacidade dos funcionários, conferem uma falsa imagem de competência do empregador, sem de fato diminuir os prejuízos para a sociedade. Qual desses valores tem mais peso relativo, Liberdade de Expressão ou Direito à Privacidade? O segundo, principalmente, quando lembramos que privacidade leva à intimidade, há que se traçar um limite entre o interesse privado e o público. Assim, o direito à privacidade cessaria quando a ação praticada tivesse relevância pública. No mundo corporativo, empresarial, o que deve prevalecer? O que deve prevalecer na empresa: o respeito aos prazos de entrega dos produtos ou a qualidade dos resultados? O respeito estrito à privacidade dos funcionários, permitindo o acesso à internet, ou a “tolerância zero”, isto é, a proibição ao uso de equipamentos da empresa para qualquer finalidade particular? Vejamos alguns exemplos de dilema de valores O caso Goodrich No final da década de 1960, a empresa B.F. Goodrich tinha um contrato com a força aérea norte- americana para equipar seus novos aviões A7D com freios de ar comprimido. O prazo de entrega era muito curto, mas os executivos resolveram cumprir o contrato a todo custo. Os primeiros testes mostraram que os freios estavam falhando. A data de entrega chegou e os freios foram entregues assim mesmo. O avião de prova teve um acidente. Uma investigação mostrou que as falhas do desenho original nunca foram corrigidas e que vários engenheiros tinham falsificado os relatórios dos primeiros testes para cumprir os prazos. O interessante é que todos eles estavam convencidos de que fizeram o que a empresa esperava que fizessem. The priest Outro choque entre valores pode ser apreciado no filme The priest. Em segredo de confissão, um padre descobre que uma garota de 14 anos vem sofrendo repetidos abusos sexuais. E quem é o causador? O pai dela! A dor e o medo da garota são grandes, mas, embora o sigilo confessional proíba o sacerdote de falar ou de fazer algo, ele fica revoltado com as barbaridades que lhe foram relatadas. Qual a orientação a seguir? O religioso arrisca insinuações e roga ao pai para que mude de comportamento. Este manda meter-se na própria vida! Logo depois, a mãe da garota descobre o drama da filha e pressiona o padre para que ele a ajude de algum modo. Preso a seus juramentos, o sacerdote nada faz. A mãe, então, o amaldiçoa, predizendo-lhe os horrores do inferno! Aturdido pelo conflito de valores, o sacerdote fica dilacerado. Como fixar uma precedência entre o dever do sigilo, o anseio por justiça e a compaixão pelo sofrimento alheio? No filme, a primazia do segredo da confissão (sacramento da penitência) deixa o padre de mãos atadas. Manville Corporation Vejamos mais um exemplo na esfera empresarial. A Manville Corporation teve sérios problemas com pessoas que reclamaram por terem ficado doentes após 15 ou 20 anos de exposição aos produtos de asbesto (amianto). As demandas alcançaram a espantosa cifra de um bilhão de dólares. Daí em diante a empresa decidiu não mais fabricar ou vender produtos até que pudessem ser manufaturados e usados com segurança, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo. Empenhou-se em testes exaustivos e passou a colocar rótulos nas embalagens, em 12 idiomas diferentes. Todos os rótulos apresentavam um grande “C”. Então, autoridades e clientes japoneses disseram à empresa que, se o rótulo viesse escrito em japonês, não fariam negócio. Se fosse em inglês, ainda ia. A operação a ser desenvolvida com o Japão representava vinte milhões de dólares e estava à mercê de concorrentes dispostos a tudo. A Manville Corporation, todavia, não arredou pé de sua política. Em consequência, perdeu grande parte da operação. Aos poucos, porém, foi sendo recuperado o terreno perdido, pois os japoneses reconsideraram sua posição e o governo japonês fez saber à Manville que admirava sua coragem. Vale lembrar que a postura da Manville se deveu a uma reação ao seu passado repulsivo: ela havia ocultado deliberadamente de seus empregados os riscos de se trabalhar com o asbesto. Síntese da Aula Nesta aula, você: Identificou como os valores morais e a ética se complementam; Analisou dilemas variados de vários matizes, observando a sua complexidade; Avaliou o quanto a questão ética é importante dentro da sociedade e em todas as áreas. Aula 5: A Ecologia Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar alguns aspectos ecológicos; 2. Reconhecer a importância da Ética Ambiental para a preservação do planeta; 3. Estabelecer a valorização do meio em que vivemos. Introdução A Ecologia estuda o ambiente natural e as relações entre os organismos entre si e com o seu meio circundante. Célula Órgão Organismo População Comunidade + Ambiente = Ecossistema A seguir entenderemos melhor alguns termos ecológicos. 1. População é o conjunto de organismos de uma mesma espécie que ocupa uma determinada área, mantendo intercâmbio de informação genética. 2. Comunidade* é o conjunto de populações que convive em uma determinada área e que usualmente interage de forma organizada. 3. Meio ambiente é a soma total das condições que atuam sobre os organismos: fatores físico- químicos, edáficos, climáticos, hídricos e bióticos. 4. Vegetação e o conjunto de vegetais que existem em determinado local. 5. Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou período geológico vinculados a um táxon botânico. 6. Fauna é o conjunto de animaisque ocorre em uma área vinculado a um táxon zoológico. 7. Nicho ecológico é o conjunto de relações e atividades próprias de uma espécie. Modo de vida único e particular que cada espécie explora no seu próprio habitat. 8. Habitat e o ambiente que oferece um conjunto de condições favoráveis para o desenvolvimento e a sobrevivência de determinados organismos. 9. Biótipo é o espaço (área ou volume) ocupado por uma comunidade biológica; o lugar onde há vida. 10. Biota é o conjunto de plantas, animais e microrganismos de uma determinada região, província ou área biogeográfica. 11. Bioma são amplos conjuntos de ecossistemas terrestres e aquáticos caracterizados por tipo semelhante de vegetação ou de mesma fisionomia ambiental. *Conceito de comunidade Um dos conceitos mais vagos e evasivos em ciência social, a ideia de comunidade continua a desafiar uma definição precisa. Parte do problema tem origem na diversidade de sentidos atribuída à palavra e às conotações emotivas que ela geralmente evoca. Tornou-se uma palavra passepartout, usada para descrever unidades sociais que variam de aldeias, conjuntos habitacionais e vizinhanças locais até grupos étnicos, nações e organizações internacionais. No mínimo, comunidade geralmente indica um grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada que interagem dentro de instituições comuns e que possuem um senso comum de interdependência e integração. Não obstante, conjuntos de indivíduos vivendo ou interagindo dentro de um mesmo território não constituem em si mesmos, comunidades, particularmente se esses indivíduos não se consideram como tal. O que une uma comunidade não é a sua estrutura, mas um estado de espirito e um sentimento de integração. É importante observar as ações dos fatores ecológicos, que afetam sobremaneira o ambiente. Fatores ecológicos são componentes do meio que podem agir diretamente sobre os seres vivos, ao menos durante uma fase do seu ciclo de desenvolvimento. Algumas ações desses fatores: Variação da densidade das populações, afetando as taxas de natalidade e mortalidade, imigração e emigração; Processo de colonização e distribuição espacial e temporal das populações e comunidades; Modificações adaptativas, tais como reações fotoperiódicas, hibernação, estivação, entre outras. São considerados fatores ecológicos: Atmosféricos: luz, temperatura, umidade, vento etc. Edafológicos: estrutura e textura do solo, nutrientes e organismos. Geográficos: altitude, latitude, correntes marinhas e rede hidrográfica. Bióticos: interações entre vegetais, animais e microrganismos. Aquáticos: pressão hidrostática, luminosidade, salinidade, oscilação das marés. Antrópicos: agricultura e aquicultura, pecuária, erosão e assoreamento, construções, usinas, barragens, rodovias etc. Para facilitar o entendimento, Miller (1985) diz que nosso planeta pode ser comparado a uma astronave, deslocando-se a cem mil quilômetros por hora pelo espago sideral, sem possibilidade de parada para reabastecimento, mas dispondo de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matéria. Há atualmente na aeronave ar, agua e comida suficientes para manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do número desses passageiros, em forma exponencial, e a ausência de portos para reabastecimento, pode-se vislumbrar, em médio e longo prazos, problemas sérios para a manutenção de sua população. Daí a necessidade da Ética Ambiental. A Ética Ambiental tem seu início marcado pelos grandes avanços tecnológicos. A exemplo disso, temos a medicina com suas novas técnicas resultando na queda dos índices de mortalidade, alterando o binômio nascimento-morte e superlotando o planeta. Descontrole da população alimentar e degradação da cultura, globalizando a fome e a pobreza. “Toda sociedade é responsável pela degradação ambiental, pois o rico polui com sua atividade industrial, comercial etc.; o pobre polui por falta de condições econômicas de viver condignamente e por falta de informações, já que a maioria é semianalfabeta, e o Estado polui por falta de informações ecológicas de seus administradores, gerando uma política desvinculada dos compromissos com o meio ambiente”. A ética ambiental está apoiada em duas teorias recentes: a teoria evolucionista de Darwin e a teoria de Gaia, também conhecida como Teia da Vida e defendida por Lovelock. A primeira consiste em pensar o homem como todos os outros seres viventes - em constante evolução. Na outra, Gaia, a mãe Terra, é considerada um organismo vivo interligado a todos os outros seres, incluindo o homem, em igualdade de condições. As duas teorias contradizem o modelo antropocêntrico, no qual o homem é o centro do universo, considerando sua condição de "espécie superior" devido à razão e à capacidade de gerar cultura. Definição A Ética Ambiental é definida como conduta ou a própria conduta comportamental do ser humano em relação à natureza, decorrente da conscientização ambiental e consequente compromisso preservacionista, tendo como objetivo a conservação da vida global. Tem a ética ambiental como base científica e o estudo da relação homem X natureza. O objetivo da Ética Ambiental é formar uma humanidade consciente de sua posição perante a vida no planeta Terra, orientando uma nova postura: a de preservar globalmente a natureza, sendo uma nova esperança de vida para o planeta. Síntese da Aula Nesta aula, você: Conheceu vários termos importantes que permitem identificar elementos que afetam a vida em geral, inclusive a do homem; Identificou a importância de haver uma Ética Ambiental para a preservação do planeta; Passou a entender mais o valor do meio onde vive. Aula 6: A Escassez dos Recursos Naturais Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer a importância dos recursos naturais do planeta; 2. Reconhecer a importância de haver uma Ética Ambiental, para a preservação do planeta; 3. Avaliar a importância de se valorizar mais o meio onde se vive. Recursos Naturais Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção. Portanto, recurso natural é algo útil. Existe um envolvimento entre recursos naturais e tecnologia, uma vez que há a necessidade da existência de processos tecnológicos para utilização de um recurso. Recursos naturais e economia interagem de maneira bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável. Exemplo dessa situação é o álcool que, antes da crise do petróleo de 1973, apresentava custos de produção extremamente elevados diante dos custos de exploração de petróleo. Hoje, no Brasil, o álcool ainda pode ser considerado um importante combustível para automóveis, além de ser um recurso natural estratégico e de alta significância pela possibilidade de renovação e consequente disponibilidade. Assim, na definição de recurso natural, encontramos três tópicos relacionados: Economia Meio Ambiente Tecnologia Finalmente, algo se torna um recurso natural caso sua exploração, processamento e utilização não causem danos ao meio ambiente. O fato de não ter sido levado em conta a questão ecológica nas últimas décadas, gerou aberrações. O uso de elementos extremamente tóxicos como recursos naturais é um triste exemplo. Podemos citar o chumbo e o mercúrio que, dependendo das concentrações utilizadas, chegam a causar a morte de seres humanos. Classificação dos Recursos Naturais Os recursos naturais podem ser classificados em dois grandes grupos: os renováveis e os não renováveis. Osrecursos renováveis são aqueles que, depois de serem utilizados, ficam disponíveis novamente graças aos ciclos naturais (água, ar, biomassa etc.). Os recursos não renováveis, como o próprio nome diz, são aqueles que, uma vez utilizados, não podem ser reaproveitados. Um exemplo é o combustível fóssil que, depois de ser disponibilizado para mover um automóvel, por exemplo, está perdido para sempre (como é o caso do petróleo). Atenção: Dentro dos recursos não renováveis há duas classes: a dos minerais não energéticos (fósforo, cálcio etc.) e a dos minerais energéticos (combustíveis fósseis e urânio). É importante ter o conhecimento de que há situações nas quais um recurso renovável passa a não ser mais renovável. Isso ocorre quando a taxa de utilização supera a capacidade máxima de sustentação do sistema. Veja o exemplo a seguir que ilustra bem esta situação: A poluição é outro fator que mexe muito com os recursos naturais, tornando-os cada vez mais escassos. Poluição é uma alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera que causa ou pode causar prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e outras espécies. Pode ainda deteriorar materiais. Por isso começamos a falar em Ética Ambiental. Assim, no mínimo, dirimimos os problemas gerados pela má administração do nosso planeta. A partir da Revolução Industrial, o crescente número de indústrias e a aglomeração da população nos grandes centros provocou sérios problemas de poluição do ar, da água e do solo. Entendendo a cultura ambiental no Brasil Na década de 1970, o Brasil viveu o período conhecido como “milagre econômico”. As taxas de crescimento na economia eram da ordem de 10% ao ano. No mundo, se instaurava a discussão sobre como seriam as consequências do desenvolvimento econômico a qualquer custo. Cientistas americanos elaboravam um relatório denominado “Limites do Crescimento”, proliferando a ideia de que os países que não tivessem alcançado o desenvolvimento até então, deveriam “abrir mão” disso em favor da vida no planeta. O Brasil, em defesa de sua economia, protestou o pensamento de estabelecer um limite para o seu crescimento. Sai vitorioso, porém sua imagem é seriamente abalada em função da falta de comprometimento com a saúde ambiental. Os principais jornais da época (nacionais e internacionais) divulgaram a atitude do Brasil como um “elogio à poluição”. Em entrevista, integrantes do ministério da economia declararam que “se os países ricos não queriam poluição, suas indústrias seriam benvindas no Brasil”. Agora, além da imagem de torturadores, por causa da ditadura militar, ainda éramos chamados de poluidores! Em 1973, para nos livrar de tal acusação e para dar uma satisfação à opinião pública, criamos uma autarquia, subordinada ao Ministério do Interior, para cuidar da conservação do meio ambiente e do uso racional dos recursos naturais, a Sema - Secretaria Especial do Meio Ambiente. A ética na proteção do meio ambiente “É imprescindível que além das normas incriminadoras coexistam a fiscalização, a aplicação efetiva e consciente da população sobre a importância de preservar e tutelar esse recurso natural, enquanto não sobrevier este conjunto continuar-se-á a observar a impunidade e o aumento de animais em extinção”. Síntese da Aula Nesta aula, você: Passou a conhecer mais o seu planeta; Conheceu vários termos importantes que o permite identificar elementos que afetam a vida em geral, inclusive a do homem; Identificou a importância dos recursos naturais do planeta; Passou a valorizar mais o meio onde você vive. Aula 7: A Ação Predatória do Homem Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar como as ações do homem trazem consequências para o planeta; 2. Definir como a natureza se comporta face às ações predatórias do homem. Introdução Ações predadoras do homem agridem a natureza de tal forma que colocam em risco a própria espécie humana. Na atualidade, há uma divulgação maior dos graves problemas advindos dos males feitos pelo homem ao planeta. Na presente aula, vamos observar algumas ações predadoras que poderiam ser evitadas mas que, infelizmente, em razão de um pensamento dominante desprovido de Ética Ambiental, provocam malefícios tremendos a todos os habitantes do planeta. No Brasil, a Mata Atlântica é o segundo bioma mais ameaçado de extinção do planeta. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, somente as florestas de Madagascar estão mais ameaçadas. Apesar disso, a Mata Atlântica ainda mantém índices altíssimos de biodiversidade (um dos maiores do mundo). Uma grande diversidade biológica convive com uma grande ameaça. A emissão e acumulação de gases na atmosfera, como o dióxido de carbono, é conhecida mundialmente como efeito estufa. Entre suas principais causas, estão a queima de combustíveis fósseis, a devastação e a queima de áreas florestais, como a Floresta Amazônica etc. Clima e efeito estufa O clima da Terra é um produto de interações complexas da atmosfera, oceanos, calotas glaciais, seres vivos e até mesmo rochas e sedimentos. Nessa interação, estão presentes diversos gases naturais. Dentre estes, estão aqueles que provocam o famoso efeito-estufa em virtude de seu acúmulo (acúmulo este influenciado pela ação humana). Principais gases-estufa da atmosfera O Vapor d'água é um dos constituintes variáveis do ar atmosférico, chegando a ter 4% em volume. As principais reservas de Carbono da natureza, liberado durante a fotossíntese, são a biota, o solo e os oceanos. Isto representa cerca de 14% do teor total de C02 da atmosfera. O metano é o segundo gás-estufa em importância, produzido durante a decomposição anaeróbica. O óxido nitroso é ainda mais potente que o metano, e sua eficácia é cerca de 230 vezes superior à do CO2. Segundo Legget (1992), gases-estufa são aqueles que provocam a retenção da radiação infravermelha na atmosfera, aquecendo a superfície da Terra, além da camada inferior da atmosfera. Nos últimos anos, a Amazônia passou a ser considerada internacionalmente como a campeã mundial de queimadas. Dos 8.511.960 Km2 do Brasil, quase 2,9 milhões eram cobertos pela floresta Amazônica até o final da década de 1960. Hoje, a extensão florestal do país foi reduzida a cerca de 2.200.000 Km2. Kirchhoff afirma que as queimadas em todo o mundo representam 25% do C02 produzido por todas as fontes de produção, sendo as queimadas na região tropical responsáveis por 11,2%, deste total (In: V. W. U. Queimada na Amazônia e o efeito estufa. São Paulo: Ed. Contexto, 1992). E a depredação não para. Sete de cada dez árvores cortadas na Amazônia brasileira tombam em três Estados: Mato Grosso, Pará e Rondônia. O impacto maior vem do Leste, com as madeireiras e os pecuaristas. Vem também do Sul, pelo vigor de um ciclo de avanço recente impulsionado pelo sucesso das plantações de soja no centro-oeste. O problema é que a soja acaba financiando o pecuarista e este, o madeireiro, incentivado a ir cada vez mais para o norte, aumentando a área desmatada. Um relatório inédito intitulado “Desmatamento na Amazônia: indo além da emergência crônica”, feito pelo Ipam, mostra que, nos últimos dez anos, a pecuária extensiva respondeu por 75% da floresta desmatada na região. O rebanho bovino dobrou entre 1990 e 2001. O cerrado produziu 46% da soja e 41% do gado de corte do país. Segundo dados do Banco Mundial e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), metade da madeira vinda da Amazônia é retirada ilegalmente. As estimativas mostram que, mantendo-se o padrão atualde ocupação da floresta, nos próximos vinte anos, 15% da Amazônia terá perdido sua cobertura vegetal atual. Vejamos a questão da água. O Brasil é o país que possui a maior reserva de água doce do mundo. Todavia, fatores como poluição, desperdício, usos inadequados, desmatamento ao redor dos mananciais, erosão e desertificação ameaçam as águas brasileiras. Temos rios, vales e canais assoreados, aterrados e retificados de maneira abusiva, alguns até mesmo canalizados, com margens ocupadas, matas ciliares e áreas de várzeas suprimidas. O Brasil possui uma das redes hídricas e alguns dos rios mais importantes do mundo, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. Muitos, porém, estão seriamente ameaçados de desaparecer ou virar uma verdadeira vala de esgoto a céu aberto. Desmatamento das áreas de mananciais, garimpo criminoso com despejo de mercúrio, devastação das matas ciliares, aterros e construções dentro de faixas de proteção, projetos de irrigação ou de geração de energia mal concebidos e pesca predatória são algumas das ameaças a serem combatidas e revertidas. Todo rio tem direito à proteção de sua nascente, às suas matas ciliares. A questão é muito séria. Vocês verão agora listados alguns desastres acontecidos no mundo e que poluem o meio ambiente: Uma forma de se evitar tal dano pode ser a educação. Por isso passou-se a falar em Educação Ambiental. Corrigindo pela Educação - Em razão desses fatos que corroem e depredam a natureza, entende- se que uma forma de evitar tal dano começa com a: Educação Ambiental. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988 diz que: Artigo 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Em seu parágrafo VI encontramos que “é dever promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.” Percebemos, então, que a Educação Ambiental é um processo permanente que articula conhecimentos, atitudes e valores, e não apenas uma transmissão de informações. Ela envolve a participação individual em processos coletivos, trabalhando desde a perspectiva local até a global. A Educação Ambiental não é uma disciplina, mas um processo permanente que combina conhecimentos, atitudes e valores. A Educação Ambiental envolve a participação individual em processos coletivos, trabalhando desde a perspectiva local até a global. Pretende mudar a visão da pessoa em relação ao local onde vive. Envolve a família e a coletividade. É obrigatória em todos os níveis de ensino, apesar de não constituir uma disciplina. Estimula o senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem a realidade em torno de si. Não tem uma proposta fechada de metodologia ou prática. A Educação Ambiental tem como meta desenvolver uma população mundial consciente e preocupada com o meio e com os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos problemas. Veja quais são os seus objetivos: Despertar as pessoas para a importância das questões socioambientais no contexto onde elas vivem e atuam; Educar, conscientizar, mobilizar e estimular as pessoas para ações concretas que visem a melhoria da qualidade ambiental e de vida; Estimular o senso crítico em relação às mudanças de comportamento necessárias à construção de uma cidadania comprometida com a sustentabilidade. A Educação Ambiental busca a integração entre as partes, levando a um todo, ou seja, almeja uma “interseção constante homem ambiente, valorizando as instâncias da razão, do sentimento, da afetividade e do prazer, que somarão energia para uma ação coletiva, demonstrativa de um novo modelo de sociedade, fazendo acontecer a nova ética desejada”. Veja como ela pode ser dividida: Conscientização: contribuir para que indivíduos e grupos sociais adquiram consciência e sensibilidade em relação ao ambiente como um todo e a problemas a ele relacionados; Conhecimento: propiciar aos indivíduos e grupos sociais uma compreensão sobre o ambiente como um todo e sobre os problemas a eles relacionados; Atitudes: possibilitar aos indivíduos e grupos sociais vínculos afetivos para com o ambiente e motivação para atuarem na sua proteção e desenvolvimento; Habilidades: propiciar aos indivíduos e grupos sociais condições para adquirirem habilidades frente aos problemas ambientais. " Para ver o universal e o imanente Espírito da Verdade face a face é preciso ser capaz de amar a mais ínfima das criaturas como se ama a si próprio. E um homem que a isso aspira não pode ser omisso em nenhum aspecto da vida ". Mahatma Gandhi Síntese da Aula Nesta aula, você: Verificou o quanto as ações do homem são prejudiciais à natureza e consequentemente a ele mesmo e o quanto elas agridem a natureza de forma implacável; Viu o quanto a Mata Atlântica vem sofrendo, em virtude da incapacidade do homem de administrar a natureza com os seus variados e ricos recursos; Aula 8: Política e Responsabilidades Social em uma Empresa Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Definir o que é responsabilidade social empresarial; 2. Definir claramente o que é filantropia; 3. Descrever as diferenças entre responsabilidade social e filantropia; 4. Identificar o que são políticas de responsabilidade social. Introdução A Responsabilidade Social tem dois pilares básicos: preservação do meio ambiente e direitos dos consumidores. Isto porque envolve a sociedade como um todo. Nesta aula, veremos a importância e a formação de uma política social em uma organização. O que é Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética transparente da empresa em relação a todos os públicos com que se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. O Terceiro Setor é constituído pelas organizações não governamentais (ONGs), associações voluntárias ou organizações sem fins lucrativos. “Expressa uma alternativa para as desvantagens tanto do mercado, associadas à maximização do lucro, quanto do governo, com sua burocracia inoperante.” Tavares Coelho (2008: 58) Peter Drucker foi quem melhor identificou o surgimento do novo Terceiro Setor, caracterizando- o como nova esfera econômica, denominada “economia social”. Para Drucker, este foi o setor que mais cresceu e movimentou recursos, que mais gerou empregos e lucros nos EUA, nos últimos vinte anos. A economia neste setor é bem específica, com características próprias e gira em torno de indicadores socioeconômicos internos e externos. Segundo Francisco Neto e César Fróes, são seis as principais características deste setor emergente: 1. Desenvolveu-se em decorrência da revolução na estrutura produtiva da sociedade, ocorrida no final do século passado, responsável pela fragmentação das cadeias produtivas de diversos setores e, consequentemente, pelo deslocamento das grandes unidades produtivas e suas indústrias e fornecedores-satélites; 2. Tem nas empresas socialmente responsáveis o seu principal agente social; 3. Impulsiona grande mobilizaçãodo trabalho voluntário; 4. Apresenta foco no desenvolvimento sustentável das localidades e regiões; 5. Requer adoção do modelo de parceria envolvendo governo local, empresas, ONGs e demais entidades da sociedade civil, constituído pela formação de redes sociais; 6. Gera produção de capitais sociais distintos. O campo de atuação da RSE foi muito ampliado, passando a ser um espaço de exercício da Responsabilidade Social não apenas corporativa, mas também comunitária e individual, a partir dos valores éticos e de condutas organizacionais difundidas pelas empresas-cidadãs. Este processo de difusão da cidadania social é feito com a mediação das empresas, e não mais do Estado, através da formação de redes de emprego e trabalho, estímulo à criação de cooperativas, micros ou pequenas empresas. Outra característica deste novo Terceiro Setor é a capacidade de gerar novos conhecimentos e contribuir para o aumento da empregabilidade e a capacitação profissional de pessoas residentes na comunidade. Há uma nova visão e ação efetiva. Ao invés de se preocupar com a exclusão do cidadão, a preocupação agora é descobrir, buscar novas formas de inclusão e a integração social do modelo econômico vigente. Responsabilidade Social e Filantropia Indubitavelmente, a Responsabilidade Social começou com ações filantrópicas mas avançou bastante. Via de regra, a filantropia desenvolve-se através das atitudes e ações individuais de empresários. Já a Responsabilidade Social diz respeito à consciência social e ao dever cívico. Assim, a ação de Responsabilidade Social não é individual, mas coletiva. Reflete a ação de uma empresa em prol da cidadania. A prática da RSE demonstra uma atitude de respeito à cidadania corporativa; consequentemente, existe uma associação direta entre o exercício da Responsabilidade Social e o exercício empresarial. A filantropia é assistencialista, procura auxiliar os pobres, os menos favorecidos, os excluídos etc. Já a Responsabilidade Social é mais substancial e abrangente, buscando estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva. Suas ações são extensivas a todos que fazem parte da sociedade: indivíduos, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos etc. Ações de Responsabilidade Social exigem periodicidade regular, método, sistematização e, principalmente, gerenciamento efetivo por parte das empresas-cidadãs. Diferenças entre Responsabilidade Social e Filantropia Vale a pena ressaltar que a ética é a base da Responsabilidade Social, expressa nos princípios e valores adotados pela organização. Não há Responsabilidade Social sem ética nos negócios. Não adianta uma empresa pagar mal seus funcionários, corromper a área de compras de seus clientes, pagar propinas a fiscais do governo e, ao mesmo tempo, desenvolver programas voltados a entidades sociais da comunidade. Uma postura assim não condiz com uma empresa que queira trilhar um caminho de Responsabilidade Social. É importante haver coerência entre ação e discurso (Ethos). Pelo que vimos, a empresa que deseja ser cidadã precisa adotar atitudes diferenciadas que a façam ser vistas no mercado como tal. Veja o caso de algumas empresas: A Toyota tem uma política de Responsabilidade Social disseminada inclusive em seu site, na internet, onde se percebe todo um planejamento voltado para isso; A Braskem é outra empresa que demonstra sua preocupação com a questão em destaque. Observe o seu objetivo: “reafirmar o compromisso da Braskem com o desenvolvimento sustentável, visando à promoção simultânea do crescimento econômico, da preservação ambiental e da justiça social, na perspectiva de assegurar que o anseio pelo progresso no presente não comprometa o futuro das gerações subsequentes”. Outra empresa que podemos destacar é a Petrobras. No seu site, ela aponta oito áreas onde atua fortemente: 1. Atuação Corporativa para assegurar que a governança corporativa do Sistema Petrobras esteja comprometida com a ética e a transparência na relação com os públicos de interesse; 2. Gestão Integrada para garantir uma gestão integrada em Responsabilidade Social no Sistema Petrobras; 3. Desenvolvimento Sustentável para conduzir os negócios e atividades do Sistema Petrobras com Responsabilidade Social, implantando seus compromissos de acordo com os princípios do Pacto Global da ONU e contribuindo para o desenvolvimento sustentável; 4. Direitos Humanos para respeitar e apoiar os direitos humanos reconhecidos internacionalmente, pautando as ações do Sistema Petrobras a partir da promoção dos princípios do trabalho decente e da não discriminação; 5. Diversidade para respeitar a diversidade humana e cultural de sua força de trabalho e dos países onde atua; 6. Princípios de Trabalho para apoiar a erradicação do trabalho infantil, escravo e degradante na cadeia produtiva do Sistema Petrobras; 7. Investimento Social Sustentável para buscar a sustentabilidade dos investimentos sociais para uma inserção digna e produtiva das comunidades; e 8. Compromisso da Força de Trabalho para comprometer a força de trabalho com a Política de Responsabilidade Social do Sistema Petrobras. Partindo do princípio de que a política empresarial tem por objetivo facilitar a criação e o desenvolvimento das empresas, entende-se que uma empresa tem uma política realmente de Responsabilidade Social quando as suas ações são traduzidas por projetos estruturados. Veja uma tabela que demonstra ações efetivas de Responsabilidade Social, divididas nas duas vertentes mais utilizadas pelas empresas: Esta questão é tão séria que a ONG norte-americana Business for Social Responsability (BSR), definiu os mandamentos de uma empresa socialmente responsável: 1. Ecológica - usa papel reciclado em produtos e embalagens; 2. Filantrópica - permite que seus funcionários reservem parte do horário de serviços para a prestação de trabalho voluntário; 3. Flexível - deixa que os funcionários ajustem sua jornada de trabalho às necessidades pessoais; 4. Interessada - faz pesquisas entre os funcionários para conhecer seus problemas e tentar ajudá-los; 5. Saudável - dá incentivos financeiros para funcionários que alcançam metas de saúde como redução de peso e colesterol baixo; 6. Educativa - permite que grupos de estudantes visitem as suas dependências; 7. Comunitária - cede as suas instalações esportivas para campeonatos de escolas da redondeza; 8. Íntegra - não lança mão de propaganda enganosa, vendas casadas e outras práticas de marketing desonesto; Síntese da Aula Nesta aula, você: Definiu o que é responsabilidade social empresarial; Percebeu claramente o que é filantropia; Entendeu as diferenças entre responsabilidade social e filantropia; Aprendeu a identificar as políticas de Responsabilidade Social. Aula 9: ISO 14000, NBR 16000 e AS 8000 e OHSAS Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar a evolução das normas, visando sempre a qualidade; 2. Identificar as empresas que de fato se preocupam com a qualidade em todos os níveis. Introdução Para implantar a Responsabilidade Social dentro da empresa é preciso, em primeiro lugar, vontade política da diretoria em realiza-la, pois causará impactos nos: Objetivos Missão Valores Cultura Estratégias Próprio significado da empresa Existe uma série de certificações que levam uma empresa a ser considerada realmente uma empresa que tenha responsabilidade social, dentre elas. ISO 14000 ISO 26000 Certificação NBR 16000 Certificação AS 8000 Nesta aula, conheceremosum pouco de cada uma destas certificações. ISO - Breve Histórico Origem da ISO Desde o início do processo de industrialização, há uma preocupação com a padronização, a produtividade e a qualidade. Ao estudarmos Administração, percebemos a contribuição de Taylor, Fayol e outros que, ao longo da história, tiveram a preocupação de melhorar as condições de trabalho, aumentando a produtividade e mantendo a qualidade. A preocupação com a qualidade levou ao surgimento, em 1947, de uma entidade denominada International Organization for Standardiztion (Organização Internacional de Padronização). Sua sede fica na cidade de Genebra (Suíça). Ela é mais conhecida pela sua sigla ISO, que em grego significa "igualdade". A principal atividade da ISO é elaborar padrões para especificações e métodos de trabalho em várias áreas de conhecimento da sociedade. O nome genérico ISO 9000 representa todo o conjunto de documentos relacionados à sistematização de atividade para garantia da qualidade. A ISO ficou popularizada pela série 9000, ou seja, as normas que tratam de Sistemas para Gestão e Garantia da Qualidade nas Empresas. ISO 14000 – Meio Ambiente Agora que você já está familiarizado com a ISO, podemos conversar um pouco sobre a ISO 14000, que é específica sobre o meio ambiente. ISO 14000 é um conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental por parte das empresas, tanto privadas quanto públicas. Tais normas foram elaboradas objetivando diminuir o impacto provocado pelas empresas ao meio ambiente. Muitas empresas utilizam recursos naturais, geram poluição ou causam danos ambientais através de seus processos de produção. A proposta é que as empresas sigam as normas ISO 14000, reduzindo significativamente os danos ao meio ambiente. Tal certificação declara ao mercado que aquelas empresas têm Responsabilidade Social, pois se preocupam com a questão ambiental. Desta forma, seus produtos, serviços e marca são valorizados pela sociedade. A empresa que tiver por objetivo a certificação ISO 14000 deve seguir rigorosamente a legislação ambiental do país, treinar e qualificar os funcionários para também seguirem as normas e diagnosticar os impactos ambientais das suas atividades, visando diminuir os prejuízos. ABNT A ideia da criação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) surgiu da necessidade de se elaborar normas técnicas brasileiras para a tecnologia do concreto, em substituição às inúmeras normas utilizadas pelos diversos laboratórios de ensaio do pais. Esses laboratórios tinham leis muito discrepantes entre si. Estas foram relacionadas pela ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland - desde a sua fundação, em 1937. Em caráter embrionário, inicia-se a história da ABNT. Na cidade do Rio de Janeiro, em setembro de 1937, o engenheiro Paulo Sá decidiu promover a 1ª Reunião de Laboratórios de Ensaios de Materiais. Esse encontro pioneiro tinha como objetivo a cooperação entre colegas de laboratórios congêneres do Rio de Janeiro e também de outros Estados. Ocorreu no Instituto Nacional de Tecnologia (INT), onde Paulo Sá atuava como diretor do Laboratório de Ensaios de Materiais. Foi uma tentativa arriscada. Dos 600 convidados, apenas quatro responderam ao convite. Surpreendentemente, na data marcada, compareceram cerca de 40 técnicos representando uma dezena de laboratórios brasileiros. Nomes de projeção no meio técnico estiveram nessa reunião e nas demais, realizadas nos anos de 1938, 1939 e 1940. Um dos participantes, o engenheiro Ary Frederico Torres, chefe do Setor da Produção Industrial do Ministério da Coordenação e Mobilização Econômica, cujo ministro era o Dr. João Alberto Lins de Barros, já defendia a criação de normas. Muito prestigiado, juntou- se ao engenheiro Paulo Sá e a vários outros entusiastas para lançar a proposta de criar uma entidade nacional de normalização. Nos anos de 1938 e 1939, com o início do desenvolvimento industrial brasileiro, foram realizadas as primeiras reuniões entre o Instituto de Pesquisas tecnológicas (IPT) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), forjando as bases para a criação de um organismo brasileiro de normalização. A ideia foi tomando corpo e, em 28/09/1940, na Sessão Solene Inaugural da 3ª Reunião de Laboratórios Nacionais de Ensaios, presidida pelo professor Ernesto Lopes da Fonseca Costa, foi fundada a ABNT, com a aprovação do seu primeiro estatuto. A ABNT passava a ter existência legal e, pouco depois, foi eleita a primeira diretoria da entidade. NBR 16000 Objetivos da normalização: Economia: Proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos. Comunicação: Proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços. Segurança: Proteger a vida humana e a saúde. Proteção do consumidor: Prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos. Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando o intercâmbio comercial. A NBR 16000 é uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), lançada em 2004, que contém critérios no que tange à proteção da criança, ao trabalhador em regime semiescravo, à saúde, à segurança e à discriminação, de maneira sistêmica e bem planejada. Determina que a empresa crie um sistema de gestão de Responsabilidade Social eficaz. SA 8000 Elaborada pela organização não governamental norte-americana Council on Economic Priorities Accreditation Agency (Cepaa), atualmente Social Accountability International (SAI), foi o primeiro padrão passível de certificação elaborada por especialistas e representantes de stakeholders. Baseia-se num sistema de gestão e estabelece requisitos baseados nas diretrizes internacionais de Direitos Humanos e da ONU, nas convenções da OIT e nas convenções da ONU sobre direitos das crianças. É adotada mundialmente por organizações que desejam ser reconhecidas pela manutenção de condições dignas de trabalho e respeito aos direitos fundamentais do trabalho. Tem sido utilizada principalmente por empresas que possuem unidades de produção ou fornecedores em países onde a fiscalização e o controle das condições de trabalho são precários. Uma comparação entre a SA 8000 e a NBR 16000, evidencia que: A SA 8000 é restrita à relação da empresa com seu público interno, isto é, para aquelas empresas que ainda têm preocupação em resolver questões internas de Responsabilidade Social. A NBR 16000 é mais completa, sistematizada e bem planejada. Sobre a ISO 26000 e a OHSAS ISO 26000 surge para ser a primeira norma internacional de Responsabilidade Social Empresarial. Foi durante uma reunião do Comitê de Política de Consumidores da ISSO (Copolco), em 2001, que se cogitou, pela primeira vez, a criação de uma norma global de Responsabilidade Social Corporativa. No entanto, o documento só passou a ser discutido em 2005. Desde então, uma série de encontros do comitê organizador já ocorreram em diversas partes do mundo. Diretrizes para uma conduta sustentável. A norma internacional tem a proposta de servir como um importante norte para as corporações e não como uma certificadora. Os sete princípios da ISO 26000 são: Responsabilidade; Transparência, Comportamento Ético; Consideração pelas partes interessadas; Legalidade; Normas Internacionais; Direitos Humanos. OHSAS é uma sigla em inglês para Occupational Health and Safety Assessment Services, cuja tradução é Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional.O seu foco é a qualidade no que tange à saúde e à segurança no trabalho. OHSAS 18001 é uma norma para sistemas de gestão da segurança e da saúde no trabalho. Foi publicada em 1999. Através dela os sistemas de gestão podem ser auditados e certificados. Essa norma também especifica requisitos de Responsabilidade Social para possibilitar a uma empresa: Desenvolver, manter e executar políticas e procedimentos com o objetivo de gerenciar temas que possa controlar ou influenciar; Demonstrar para as partes interessadas que as políticas, procedimentos e práticas estão em conformidade com os requisitos desta norma. Estes devem ser universais, independentemente da localização geográfica, do setor da indústria e do tamanho da empresa. É a preocupação com a integridade física dos seus funcionários e parceiros que estão em jogo. Assim, a empresa mobiliza todo o seu corpo de funcionários para, efetivamente, colocarem em prática de forma sistematizada as normas elaboradas. Síntese da Aula Nesta aula, você: Conheceu um pouco sobre as normalizações existentes no Brasil e no mundo; Percebeu a importância de a empresa ser responsável socialmente; Identificou as diferenças existentes entre as diversas normas que foram estudadas durante a aula. Aula 10: Balanço Social Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Identificar um Balanço Social; 2. Relacionar os objetivos do Balanço Social 3. Reconhecer a importância do Balanço Social. Introdução Hoje, o Balanço Social é uma ferramenta ou um instrumento de suma importância para as empresas que têm, de fato, Responsabilidade Social. O Balanço Social é muito mais do que uma peça contábil. Ele é um instrumento de gestão e de informação, que evidencia, de forma transparente, itens econômicos, sociais e ambientais sobre o desempenho das empresas em relação aos stakeholders. Segundo a CVW, o Balanço Social é um instrumento que possibilita à sociedade ter conhecimento dessas ações empresariais. Esse conhecimento se processa mediante a divulgação de um conjunto de informações relevantes, normalmente agrupadas em indicadores (por exemplo, os indicadores laborais, sociais e do corpo funcional) que evidenciam, dentre outros, os gastos e investimentos feitos em benefício dos empregados e em benefício da comunidade. O Balanço Social, na sua definição mais ampla, inclui, ainda, informações sobre o meio ambiente e sobre a formação e a distribuição da riqueza gerada pelas empresas (valor adicionado) e, quando apresentado em conjunto com as demonstrações financeiras tradicionais, é efetivamente o instrumento mais eficaz e completo de divulgação e avaliação das atividades empresariais. A sua origem remonta aos anos de 1930, quando a concepção da Responsabilidade Social, foi adotada, inicialmente nos EUA e, depois, nos anos de 1960, foi adotada também na Europa. Isso se deu face ao crescimento econômico, que trouxe vários problemas, principalmente de ordem ambiental. Por isso, procurou-se uma forma adequada para as organizações prestarem contas à sociedade de suas atividades, de suas relações sociais, e do reflexo social de suas variações patrimoniais. Foi proposta, então, aos EUA, uma demonstração denominada inicialmente como “relatório social” que, posteriormente, na década de 1970, foi consagrada com o nome de Balanço Social. Os estudos partiram das universidades. As características principais do modelo dirigiram-se aos aspectos sociais, às questões da diminuição da violência e da melhoria da relação das empresas com os consumidores. As propostas do Balanço Social desenvolveram-se em direção à solidariedade econômica do bloco europeu em formação, e enfatizaram os aspectos do planejamento humano e social na empresa. O sentido era a igualdade de competência e aceitação, comparativamente aos demais processos empresariais (econômico, comercial, tecnológico...). Com referência ao meio ambiente e a relação com os stakeholders, estes também foram foco das propostas. Buscou-se, na verdade, um novo papel para cada um dos atores, seja na empresa pública ou privada. Consideraram-se as experiências norte-americana e europeia, mesclando as duas tendências. Buscou-se uma forma, um modelo capaz de humanizar a empresa, criando propostas participativas e tão democráticas quanto possível, tendo em vista o fato de que quase todos os países latino-americanos viviam num regime fechado, totalitário. Neste cenário, em meados de 1977, um grupo de estudiosos da Responsabilidade Social nas empresas, ligado à ADCE – UNIAPAC e à Fundação FIDES, formulou uma proposta para o desenvolvimento de um Balanço Social aplicável à realidade brasileira. Características do Balanço Social em diversas partes do mundo No Brasil, no ano de 1965, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil, publicou a Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, cunhando, então, a expressão Responsabilidade Social, ligada diretamente às empresas associadas. Este passo abriu as portas para a divulgação das ações efetivas na área social realizadas pelas empresas. Entretanto, somente na metade dos anos 1970 passou a ser difundida amplamente a ideia de Responsabilidade Social, basicamente com suas ações concentradas no Estado de São Paulo, em função do desenvolvimento econômico-industrial. O primeiro documento brasileiro que carrega a denominação Balanço Social é o da Nitrofértil, empresa estatal sediada na Bahia, que publicou voluntariamente em 1984 o seu relatório de cunho social, dando publicidade às ações sociais realizadas, assim como ao processo participativo da empresa durante o período. Os primeiros relatórios no formato de um Balanço Social foram elaborados ao término dos anos 1980, pela Fides (Fundação de Desenvolvimento Empresarial e Social), que elaborou um modelo adotado por várias empresas a partir de 1990. O sociólogo Herbert de Souza iniciou, então, uma campanha com o seu artigo publicado em 1997, pela publicação voluntária do Balanço Social, no reconhecimento das empresas públicas ou privadas como agentes essenciais no processo de desenvolvimento social. Ainda em 1997, as, na época, deputadas federais Maria da Conceição Tavares, Marta Suplicy e Sandra Starling apresentaram o Projeto de Lei nº 3.116, defendendo a ideia do Balanço Social obrigatório a todas as empresas privadas com mais de 100 empregados, assim como às empresas públicas e sociedades de economia mista. Dessa forma, as ações realizadas seriam divulgadas, reconhecendo-se, de forma legal, as empresas engajadas na promoção do desenvolvimento social. Assim, enquanto nos EUA e na Europa o principal enfoque do Balanço Social é a influência das organizações no meio externo a elas, evidenciando sua contribuição para a defesa dos recursos naturais e a conservação das condições normais de uma vida digna, no Brasil, ao contrário, apresenta-se um Balanço Social interno às organizações, enfocando salários, condições físicas e ambientais de trabalho, bem-estar social, seguridade social e, em segundo plano, as questões ambientais. Percebe-se com clareza que, no Brasil, o Balanço Social proposto tem como finalidade a prestação de informações sobre diversos aspectos da relação capital-trabalho das entidades, ou seja, um conjunto de informações, contábeis ou não, gerenciais, econômicas e sociais, que proporcionam um panorama dos aspectos relacionados à sociedade (SANTOS; FREIRE; MALO, 1998). Aspectos do Balanço Social O Balanço Social abrange basicamente quatro vertentes: Empresa e empregados, englobando despesas com pessoal, ou seja, aquelas originárias de pagamentos e salários,
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