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princípio do direito processual penal

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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
1.1 Introdução 
 
 Os princípios são Normas fundamentantes do sistema processual, sem os quais 
não se cumpriria a tarefa de proteção aos direitos fundamentais. 
 É pacífico, na moderna doutrina constitucional, que a Constituição é uma norma 
jurídica e não uma norma qualquer, mas a primeira entre todas, lex superior, que, em 
virtude de sua supremacia, erige-se como parâmetro de validez das demais normas 
jurídicas do sistema, inexistindo, portanto, como já asseverava Rui Barbosa, cláusulas 
ociosas, com mero valor de conselhos, avisos ou lições. 
 Destarte, o direito processual penal brasileiro não pode mais ser aplicado com base 
na estrutura do ainda vigente Código de Processo Penal, pois, as mudanças trazidas pela 
Constituição de 1988 refletem o grau de maturidade cultural alcançado pelo Estado 
brasileiro, não mais condizente a estrutura do CPP. 
 Nesse quadro, podemos visualizar os princípios fundamentais do processo penal 
como normas jurídicas fundamentantes de todo o sistema processual, sem os quais não 
há como cumprir a tarefa de proteção dos direitos fundamentais1. Desta forma, poder-se-á 
considerar o Direito Processual Penal, como um direito de fundo constitucional. 
 A Constituição da República preocupou-se mais em estabelecer garantias para o 
processo penal do que para o processo civil, tanto que, em relação a este último, além 
das garantias gerais, os princípios constitucionais são inferidos, de regra, mediante a 
interpretação do sistema e não por meio de textos expressos. 
 Talvez a solução constitucional se explique por dois motivos: o primeiro, em virtude 
da origem histórica das garantias individuais, basicamente instituídas como proteção 
contra o arbítrio penal; o segundo, em virtude de estar diretamente envolvida no processo 
penal a liberdade pessoal, em que o confronto Estado-particular é imediato e concreto, aí 
parecendo decididamente à necessidade de garantias. 
 Destaque-se que no processo penal incidem, evidentemente, as garantias gerais 
como: as prerrogativas da magistratura (inamovibilidade do juiz, irredutibilidade de 
vencimentos e vitaliciedade), que buscam garantir imparcialidade as decisões judiciais; 
proibição de tribunais de exceção; princípio do juiz natural, do devido processo legal, do 
contraditório e da ampla defesa; a publicidade dos atos processuais, admitido, contudo, o 
sigilo quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; a imparcialidade do 
 
 
1 Não se pode olvidar que em determinadas situações haverá confronto entre direitos fundamentais 
(dimensão coletiva) x direitos fundamentais (dimensão individual), neste caso, será a análise do 
caso concreto que trará a solução. Em que pesem entendimentos no sentido de que no processo 
penal deva prevalecer a dimensão dos interesses individuais, creio que, salvo raras e honrosas 
exceções, deva prevalecer o interesse da coletividade, vez que, estando o indivíduo inserido na 
comunidade, ao se proteger a comunidade, protege-se-lho também. Ademais, valendo-se de 
princípios como razoabilidade, adequabilidade, proporcionalidade, dignidade da pessoa humana, 
dentre outros norteadores do processo penal, dificilmente haverá uma situação que seja boa para a 
sociedade, e não o seja para o acusado, já o contrário, no mais das vezes, não procede. 
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juiz; a motivação da sentença e a assistência judiciária gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos. 
 O processo penal é o sistema jurídico de aplicação do direito penal estruturado em 
bases constitucionais, portanto, para sua efetiva validade a existência de alguns princípios 
fundamentais é absolutamente inafástavel, pois, de sua observância há a efetiva proteção 
e tutela dos direitos individuais. 
 Para Robert Alexys quando há choque entre regras algumas posturas devem ser 
observadas para que apenas uma delas seja considerada válida. Como conseqüência, a 
outra regra não somente não será considerada pela decisão, como deverá ser retirada do 
ordenamento jurídico, pois será sempre inválida, salvo não seja estabelecido que essa 
regra se situa em uma situação que excepciona a outra. Um exemplo fornecido pelo 
próprio Alexy é o da existência de uma Lei Estadual que proíba o funcionamento de 
estabelecimentos comerciais após as 13:00 e de outra Lei Federal que proíba o 
funcionamento até às 19:00. Nesse caso o Tribunal Constitucional alemão solucionou a 
controvérsia se apoiando no cânone da hierarquia das normas, de modo a entender pela 
validade da legislação federal. 
Já os princípios não são determinantes para uma decisão, de modo que somente 
apresentam razões em favor de uma ou de outra posição argumentativa. É por isso que o 
autor afirma existir uma dimensão de peso entre princípios - que permanece inexistente 
nas regras - principalmente nos chamados casos de colisão, exigindo para a sua 
aplicação um procedimento de ponderação (balanceamento). Destarte, em face de uma 
colisão entre princípios, o valor decisório será dado a um princípio que tenha naquele 
caso concreto maior peso relativo, sem que isso signifique a invalidação do princípio 
compreendido como de peso menor2. Em face de um outro caso, portanto, o peso dos 
princípios poderá ser redistribuído de maneira diversa, pois nenhum princípio goza 
antecipadamente de primazia sobre os demais. 
Robert Alexy apresenta a distinção fundamental entre regras e princípios, para ele: 
o Princípios são normas que ordenam que algo se realize na maior medida possível, 
em relação às possibilidades jurídicas e fáticas. Os princípios são, por conseguinte, 
mandados de otimização que se caracterizam porque podem ser cumpridos em diferentes 
graus e porque a medida de seu cumprimento não só depende das possibilidades fáticas, 
mas também das possibilidades jurídicas. 
o Regras são normas que exigem um cumprimento pleno e, nessa medida, podem 
sempre ser somente cumpridas ou não. Se uma regra é válida, então é obrigatório fazer 
precisamente o que se ordena, nem mais nem menos. As regras contêm por isso 
determinações no campo do possível fático e juridicamente. 
Mas como explicar a natureza de mandados de otimização atribuída aos princípios? 
Ou, de outra forma, como uma norma pode ter sua aplicação diferida em diferentes 
graus? 
Para Alexy explica a natureza de mandados de otimização atribuída aos princípios 
asseverando que princípios podem ser equiparados a valores. Uma concepção sobre 
valores, ou axiológica, dirá Alexy traz uma referência não no plano do dever-ser 
(deontológico), mas no nível do que pode ou não ser considerado como bem. Os valores 
têm como características a possibilidade de valoração, isto é, permitem que um 
determinado juízo possa ser classificado, comparado ou medido. Destarte, Com a ajuda 
 
 
 
2 Por exemplo, norma especial prevalece sobre geral 
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de conceitos de valor classificatório se pode dizer que algo tem um valor positivo, 
negativo ou neutro; com a ajuda de conceitos de valor comparativo, que um objeto que se 
deve valorar corresponde a um valor maior ou ao mesmo valor que outro objeto e, com 
ajuda de conceitos de valor métricos, que algo tem um valor de determinada magnitude. 
Todavia, apesar de dizer que princípios podem ser equiparados aos valores, Alexy 
dirá que princípios não são valores. Isso porque os princípios, enquanto normas, apontam 
para o que se considera devido, ao passo que os valores apontam para o que pode ser 
considerado melhor. Assim, mesmo tendo uma operacionalização idêntica aos valores, 
ainda sim,princípios apresentariam uma diferença básica frente a eles. 
E conclui, que se alguém estiver diante de uma norma que exige um cumprimento 
na maior medida do possível, estará diante de um princípio; em contrapartida, se tal 
norma exigir apenas o cumprimento em uma determinada medida, ter-se-á uma regra. 
Logo, a diferença se centraria em um aspecto da estrutura dos princípios e das regras, de 
uma maneira morfológica, fazendo com que regras sejam aplicadas de maneira silogística 
e princípios, por meio de uma ponderação ou balanceamento. 
Destarte, é o caso concreto que determinará, havendo coalisão de princípios, qual 
deverá aplicado, o aplicador do direito valer-se-á do princípio da proporcionalidade, ou 
seja, coloca-se os princípios em choque em uma ‘balança’ e equaliza-se, no caso 
concreto, qual o princípio mais adequado para aquele caso específico, v.g., provas 
obtidas no processo penal por meio ilícito que podem inocentar o réu de condenação por 
grave crime do qual é inocente. Neste caso sopesa-se os valores e, questiona-se: o que é 
mais importante, a liberdade do acusado (que pode ser inocentado pela prova obtida por 
meio ilícito) ou o princípio da proteção da prova? 
Feitas estas considerações entre regras e princípios, passemos a análise do devido 
processo legal e devido processo penal. 
O devido processo legal é uma garantia constitucional insculpida no art. 5º, LIV, da 
Constituição da República que diz “ninguém será privada da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal”. É a garantia do "due process of law" é dupla. O processo, 
em primeiro lugar, é indispensável à aplicação de qualquer pena, conforme a regra "nulla 
poena sine judicio", significando o devido processo como o processo necessário. Em 
segundo lugar o devido processo legal significa o adequado processo, ou seja, o processo 
que assegure a igualdade das partes, o contraditório e a ampla defesa. A regra vale para 
o processo penal, mas também é aplicável ao processo civil no que concerne à perda de 
bens. 
Mas o conceito de devido processo legal não é estático, mas um comando aberto 
que se constrói ao longo do tempo, a partir de bases paradigmáticas. Pois, o contexto 
histórico e jurídico modificam o devido processo legal, adequando-o as evoluções (que 
nem sempre configuram evoluções, mas tão-somente modificações) sofridas pela 
sociedade. 
Nada obstante, o devido processo legal é uma base principiológica que visa definir o 
processo como garantia, é dizer, conjunto de princípios mínimos necessários em cada 
processo que, embora de forma mínima, dão o contorno do processo visto de forma legal. 
Desta forma, o devido processo legal é a base principiológica mínima que sustenta o 
processo como garantia legal, que nos leva, no devido processo penal a ilações como a 
presunção de inocência, que traz ínsita o contraditório, a ampla defesa, a imparcialidade 
do juiz, o juiz natural e a fundamentação da decisão. 
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No processo penal o acusa tem presunção de inocência, destarte, o Ministério 
Público e/ou o querelante devem demonstrar lastro probatório mínimo (interesse de agir, 
legitimidade ad causam, autoria e materialidade). 
Entretanto no CPP há artigos que afrontam a narração ut supra, v.g., o art. 312, na 
opinião da professora Flaviane, há violação do devido processo penal, pois em se 
tratando, por exemplo, de prisão preventiva (prevista no 312) não há recursos ou 
contraditório, embora haja necessidade de fundamentação da decisão que decrete a 
prisão preventiva não há, no procedimento, nenhuma participação do réu, visto que, todo 
o trâmite é feito sem que lhe seja dado o direito a defesa. 
Outra garantia do acusado é o direito ao silêncio. Conforme destacou o Superior 
Tribunal de Justiça (6ª T - RHC nº 4.582-0/RJ - rel. Min. Adhemar Maciel - Ementário, 
15/683): 
"No mundo jurídico, tornou-se internacionalmente conhecido o caso "Miranda 
v. Arizona", julgado pela Suprema Corte norte-americana em 1966: o 
custodiado tem o direito de ficar em silêncio quando de seu interrogatório 
policial e deve ser advertido pela própria polícia que tem direito, antes de 
falar, de comunicar-se com seu advogado ou com seus familiares. A própria 
Constituição brasileira de 1988 consagra tal cláusula como direito 
fundamental (art. 5º, incs. LXII e LXIII, § 2º)". 
O direito ao silencio atingiu um dos grandes pilares do process penal antigo, qual 
seja, o dogma da verdade real, direito ao silencio e a não auto-incriminação não só 
permite que o acusado ou aprisionado permaneça em silêncio durante toda a investigação 
e mesmo em Juízo, como impede que sela ele compelido a produzir ou contribuir com a 
formação da prova contrária ao seu interesse. 
Assim, o silêncio não induz confissão ficta ou presumida. Tem o acusado o direito 
constitucionalmente garantido de ficar calado, não podendo o silêncio ser usado a seu 
desfavor. 
Antes da reforma de 2003, o art. 186 do CPP, em sua parte final, admitia a 
interpretação do silêncio em desfavor do acusado, verbis: 
Art. 186. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observara ao réu 
que, embora não esteja obrigado a responder às perguntas, o seu 
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria da defesa. 
(grifei). 
Após a reforma inserida pela Lei 10.792/2003, o artigo ut supra 
passou a ter a seguinte redação, transcriptu: 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro 
teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de 
iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de 
não responder as perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não 
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 
 Entretanto, mesmo antes do advento da Lei 10.792/2003, a parte final do 186 já 
encontra-se revogado pela Constituição de 1988, pois, o direito ao silêncio deflui da regra 
constitucional prevista no art. 5º LXIII, da Carta Magna, verbis: 
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LXIII. o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e 
de advogado. 
 Por este mesmo motivo não há que observar o disposto no art. 198, in fine e na 
primeira parte do art. 260, transcriptu: 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá 
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. 
(grifei) 
 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o 
interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, 
não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à 
sua presença. (grifei) 
 É que, com a edição da Constituição de 1988 houve imediata revogação do 
disposto nos arts. 186 (antes da reforma), 198 (2ª parte) e 206 (1ª parte) do CPP, pela 
simples e bastante razão de não se poder atribuir qualquer forma de sanção a quem 
esteja no exercício de um direito assegurado pela Lei e pela Constituição. 
 Se o silêncio pudesse constituir elemento de prova na formação do convencimento 
do juiz, conforme disposto no art. 198, poderia ser ele (silêncio) prejudicial ao acusado, se 
houvesse interpretação no sentido de que ‘quem cala consente’ ou qualquer outra 
prejudicial ao acusado, o que é expressamente vedado pela Lei e pela Constituição. 
 Sobre o assunto o Supremo Tribunal Federal assim decidiu, verbis: 
 
"(...) não se reconhece a nulidade apontada pelo recorrente se o seu silêncio 
não constituiu a base da condenação, mas sim o conjunto de fatos e provas 
autônomos e distintos, considerados suficientes pelo Tribunal a quo e cujo 
reexame é vedado nas instâncias extraordinária, RE 435.266-AgR, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 3-5-05, DJ de 27-5-05. (Súmula 279).""Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado — interessado primário no 
procedimento administrativo do inquérito policial —, é corolário e instrumento 
a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente 
outorgada pelo Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94, art. 7º, XIV), da qual — 
ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas — não se excluíram os 
inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve 
em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses 
do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio 
da proporcionalidade. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma 
garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, 
quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do 
advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos 
do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 
O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já 
introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às 
vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às 
interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, 
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em conseqüência a autoridade policial de meios legítimos para obviar 
inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do 
inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório." 
(HC 82.354, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 10-8-04, DJ de 24-9-
04). No mesmo sentido: HC 87.827, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento 
em 25-4-06, DJ de 23-6-06; HC 
90.232, Rel . Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-12-06, DJ de 2-3-07. 
 
“Condenado submetido a sindicância para apuração de falta disciplinar de 
natureza grave. Defesa técnica. Formalidade a ser observada, sob pena de 
nulidade do procedimento — que pode repercutir na remição da pena, na 
concessão de livramento condicional, no indulto e em outros incidentes da 
execução —, em face das normas do art. 5º, LXIII, da Constituição, e do art. 59 
da LEP, não sendo por outra razão que esse último diploma legal impõe às 
unidades da Federação o dever de dotar os estabelecimentos penais de serviços 
de assistência judiciária, obviamente destinados aos presos e internados sem 
recursos financeiros para constituir advogado (...).” (HC 77.862, Rel. Min. 
Ilmar Galvão, julgamento em 17-12-98, DJ de 2-4-04) 
 
“A nova Constituição do Brasil não impõe à autoridade policial o dever de 
nomear defensor técnico ao indiciado, especialmente quando da realização de 
seu interrogatório na fase inquisitiva do procedimento de investigação. A Lei 
Fundamental da República simplesmente assegurou ao indiciado a 
possibilidade de fazer-se assistir, especialmente quando preso, por defensor 
técnico. A Constituição não determinou, em conseqüência, que a autoridade 
policial providenciasse assistência profissional, ministrada por advogado 
legalmente habilitado, ao indiciado preso. Nada justifica a assertiva de que a 
realização de interrogatório policial, sem que ao ato esteja presente o defensor 
técnico do indiciado, caracterize comportamento ilícito do órgão incumbido, na 
fase pré-processual, da persecução e da investigação penais. A confissão 
policial feita por indiciado desassistido de defensor não ostenta, por si mesma, 
natureza ilícita.” (RE 136.239, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-4-
92, DJ de 14-8-92) 
 
"A autodefesa consubstancia, antes de mais nada, direito natural. O fato de o 
acusado não admitir a culpa, ou mesmo atribuía a terceiro, não prejudica a 
substituição da pena privativa do exercício da liberdade pela restritiva de 
direitos, descabendo falar de 'personalidade distorcida'. " (HC 80.616, Rel. 
Min. Marco Aurélio, julgamento em 18-9-01, DJ de 12-3-04) 
 
“O privilégio contra a auto-incriminação, garantia constitucional, permite ao 
paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, 
obrigado a fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial 
que entende lhe ser desfavorável.” (HC 83.096, Rel. Min. Ellen Gracie, 
julgamento em 18-11-03, DJ de 12-12-03) 
 
“Prisão preventiva: fundamentação inadequada. Não constituem fundamentos 
idôneos, por si sós, à prisão preventiva: (...) b) a consideração de que, 
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interrogado, o acusado não haja demonstrado ‘interesse em colaborar com a 
Justiça’; ao indiciado não cabe o ônus de cooperar de qualquer modo com a 
apuração dos fatos que o possam incriminar — que é todo dos organismos 
estatais da repressão penal (...).” (HC 79.781, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
julgamento em 18-4-00, DJ de 9-6-00) 
 
“Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de 
punir, é fora de dúvida que o dispositivo do inciso IV do art. 174 do Código de 
Processo Penal há de ser interpretado no sentido de não poder ser o indiciado 
compelido a fornecer padrões gráficos do próprio punho, para os exames 
periciais, cabendo apenas ser intimado para fazê-lo a seu alvedrio.” (HC 
77.135, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 8-9-98, DJ de 6-11-98) 
 
“Juizados Especiais Criminais. (...) Não tendo sido o acusado informado do seu 
direito ao silêncio pelo Juízo (art. 5º, inciso LXIII), a audiência realizada, que 
se restringiu à sua oitiva, é nula.” (HC 82.463, Rel. Min. Ellen Gracie, 
julgamento em 5-11- 02, DJ de 19-12-02). No mesmo sentido: RHC 79.973, Rel. 
Min. Nelson Jobim, julgamento em 23-5-00, DJ de 13-10-00. 
 
“Gravação clandestina de ‘conversa informal’ do indiciado com policiais. 
Ilicitude decorrente — quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, 
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação 
ambiental —, de constituir, dita ‘conversa informal’, modalidade de 
‘interrogatório’ sub-reptício, o qual — além de realizar-se sem as formalidades 
legais do interrogatório no inquérito policial (C. Pr. Pen., art. 6º, V) —, se faz 
sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio 
contra a auto-incriminação — nemo tenetur se detegere —, erigido em garantia 
fundamental pela Constituição — além da inconstitucionalidade superveniente 
da parte final do art. 186 C. Pr. Pen. Importou compelir o inquiridor, na 
polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do seu direito ao 
silêncio: a falta da advertência — e da sua documentação formal — faz ilícita a 
prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no interrogatório 
formal e, com mais razão, em ‘conversa informal’ gravada, clandestinamente 
ou não.” (HC 80.949, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-10-01, 
DJ de 14-12-01). No mesmo sentido: HC 69.818, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
DJ de 27-11-92. 
 
“Informação do direito ao silêncio (Const., art. 5º, LXIII): relevância, momento 
de exigibilidade, conseqüências da omissão: elisão, no caso, pelo 
comportamento processual do acusado. O direito à informação da faculdade de 
manter-se silente ganhou dignidade constitucional, porque instrumento 
insubstituível da eficácia real da vetusta garantia contra a autoincriminação 
que a persistência planetária dos abusos policiais não deixa perder atualidade. 
Em princípio, ao invés de constituir desprezível irregularidade, a omissão do 
dever de informação ao preso dos seus direitos, no momento adequado, gera 
efetivamente a nulidade e impõe a desconsideração de todas as informações 
incriminatórias dele anteriormente obtidas, assim como das provas delas 
derivadas mas, em matéria de direito ao silêncio e à informação oportuna dele, 
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a apuração do gravame há de fazer-se a partir do comportamento do réu e da 
orientação de sua defesa no processo: o direito à informação oportuna da 
faculdade de permanecer calado visa a assegurar ao acusado a livre opção 
entre o silêncio — que faz recair sobre a acusação todo o ônus da prova do 
crime e de sua responsabilidade — e a intervenção ativa, quando oferece 
versão dos fatos e se propõe a prová-la: a opção pela intervenção ativa implica 
abdicação do direito a manter-se calado e das conseqüências da falta de 
informação oportuna a respeito.” (HC 78.708, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
julgamento em 9-3-99, DJ de 16-4-99) 
 
“O acusado tem o direito de permanecer em silêncio ao ser interrogado, em 
virtude do princípio constitucional — nemo tenetur se detegere (art. 5º, LXIII) 
— não traduzindo esse privilégio auto-incriminação. No caso dos autos, não há 
qualquer prejuízo que nulifique o processo, tendo em vista que o silêncio do 
acusado não constituiu a base da condenação, que se arrimou em outras provas 
colhidas no processo.” (HC 75.616, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 7-
10-97, DJ de 14-11-97) 
 
“Também não há incompatibilidade manifesta, aferível do exame comportável 
nesta oportunidade processual, entre a incomunicabilidade do preso (‘O preso, 
ainda que incomunicável, poderá entrevistar-se, livre e reservadamente, com 
advogado constituído, que terá acesso aos autos da investigação’) e a 
assistência da família que lhe é assegurada pelo inciso LXIII do artigo 5º da 
Constituição, até por que esta não é necessariamente incompatível com a falta 
de comunicação direta entre os familiares e o preso, que tem acesso ao seu 
advogado constituído.” (ADI 162-MC, voto do Min. Moreira Alves, julgamento 
em 14-12-89, DJ de 19-9-97) 
 
“Falsidade ideológica. No caso, a hipótese não diz respeito, propriamente, à 
falsidade quanto à identidade do réu, mas, sim, ao fato de o então indiciado ter 
faltado com a verdade quando negou, em inquérito policial em que figurava 
como indiciado, que tivesse assinado termo de declarações anteriores que, 
assim, não seriam suas. Ora, tendo o indiciado o direito de permanecer calado 
e até mesmo o de mentir para não auto-incriminar-se com as declarações 
prestadas, não tinha ele o dever de dizer a verdade, não se enquadrando, pois, 
sua conduta no tipo previsto no artigo 299 do Código Penal.” (HC 75.257, Rel. 
Min. Moreira Alves, julgamento em 17-6-97, DJ de 29-8-97) 
 
“O comportamento do réu durante o processo na tentativa de defender-se não 
pode ser levado em consideração para o efeito de aumento da pena, sendo 
certo, também, que o réu não está obrigado a dizer a verdade (art. 5º, LXIII, da 
Constituição) e que as testemunhas, se mentirosas, devem elas, sem reflexo na 
fixação da pena do réu em favor de quem depuseram, ser punidas, se for o caso, 
pelo crime de falso testemunho.” (HC 72.815, Rel. Min. Moreira Alves, 
julgamento em 5-9-95, DJ de 6-10-95) 
 
“A fixação da pena acima do mínimo legal exige fundamentação adequada, 
baseada em circunstâncias que, em tese, se enquadrem entre aquelas a 
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ponderar, na forma prevista no art. 59 do Código Penal, não se incluindo, entre 
elas, o fato de haver o acusado negado falsamente o crime, em virtude do 
princípio constitucional — nemo tevetur se detegere (...).” (HC 68.742, Rel. p/ 
o ac. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 28-6-91, DJ de 2-4-93) 
 
“A regra constitucional superveniente — tal como a inscrita no art. 5º, LXIII, e 
no art. 133 da Carta Política — não se reveste de retroprojecão normativa, eis 
que os preceitos de uma nova Constituição aplicam-se imediatamente, com 
eficácia ex nunc, ressalvadas as situações excepcionais, expressamente 
definidas no texto da Lei Fundamental. O princípio da imediata incidência das 
regras jurídico-constitucionais somente pode ser excepcionado, inclusive para 
efeito de sua aplicação retroativa, quando expressamente o dispuser a Carta 
Política, pois ‘As Constituições não têm, de ordinário, retroeficácia. 
 
Para as Constituições, o passado só importa naquilo que elas apontam ou 
mencionam. Fora daí, não’ (Pontes de Miranda).” (RE 136.239, Rel. Min. 
Celso de Mello, julgamento em 7-4-92, DJ de 14-8-92) 
 A condução coercitiva, prevista na primeira parte do art. 260, quando determinada 
para simples interrogatório – meio de defesa, no qual o acusação não é obrigado a 
prestar qualquer informação, nem tem qualquer compromisso com a verdade – é de se ter 
revogada, por manifesta incompatibilidade com a garantia do silêncio. 
 A garantia da dignidade da pessoa humana, da privacidade e da presunção de 
inocência associadas às garantias retro expendidas e ao Pacto de São José de Costa 
Rica, art. 8º, do qual o Brasil é signatário, dão ao acusado além da garantia ao silêncio e 
a não auto-incriminação, aquelas instituídas para tutela da intimidade, privacidade e 
dignidade, e, ainda, a garantia do estado de inocência que autorizam o inculpado a 
recusar-se, também, a participar da ‘reconstituição do crime’, sobretudo pelo 
constrangimento que tal procedimento possa ocasionar ao investigado, por vezes, 
expondo-o a execração pública, como se efetivamente culpado fosse. 
 Confira-se o entendimento da jurisprudência, em julgados recentes, sobre: 
 
1.1.1 Condução coercitiva do acusado: 
Na ação penal privada por delito contra a honra, o querelado pode ser conduzido 
coercitivamente para comparecer à audiência de conciliação prevista no art. 520 do 
CPP, segundo já atendeu o STF. (RTJ 77/41) 
 
Não é possível a condução coercitiva do acusado para ser interrogado, quando 
atende à intimação. (RT 495/377) 
 
1.1.2 Interpretação do silêncio pelo juiz: 
O interrogatório do acusado constitui meio de prova e também meio de defesa, este 
pessoalmente exercido por aquele. Por ser meio de defesa, o defensor técnico, 
constituído ou dativo, pode considera-lo indispensável, de acordo com as 
circunstâncias do caso concreto. (STF, RTJ 73/760). 
 
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1.1.3 Direito ao silêncio: 
 
DECISÃO: O presente HABEAS CORPUS, com pedido de liminar, é impetrado 
em favor de JOSÉ ROBERTO SALGADO, contra ato da COMISSÃO 
PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO - CPMI DOS CORREIOS, 
instaurada no Congresso Nacional para investigar atos de supostas 
irregularidades praticados por agentes públicos dos CORREIOS. Narram os 
impetrantes que o paciente foi convocado, "... através do ofício n. 0015/2006, 
(...) para prestar esclarecimentos em audiência pública a realizar-se no 
próximo dia 18 de janeiro de 2006, às 11h". (fl. 3). Alegam que "não há como 
negar que o paciente, vice-presidente do Banco Rural, em virtude do contexto 
das falsas "acusações", está na lamentável posição de investigado pela CPMI, 
seja porque o Sr. Carlos Godinho o acusa explicitamente de praticar ilícitos 
(inclusive penais) na gesta do Banco Rural, seja porque o requerimento invoca 
expressamente a referência que foi feita à sua pessoa na reportagem da Revista 
Época, na qual são apontadas supostas irregularidades. "(fl. 7). Argumentam: " 
Na audiência pública da CPMI designada para o dia 18/01, às 11 horas, como 
de resto em qualquer outra convocação desse jaez, deve-se observar e fazer 
valer ao paciente o constitui inarredável garantia fundamental do cidadão 
investigado - especialmente desobrigando-o de produzir prova contra si 
próprio - consagrado pela Constituição Federal, art. 5º, inciso LXIII. Por 
conseqüência, não deve ser deferido e exigido ao paciente o compromisso 
próprio das testemunhas, excluindo-se a ameaça de ser preso por crime de 
falso testemunho, assegurando-se, ainda, o direito de ser assistido por 
advogado durante qualquer sessão ou ato análogo, o que igualmente detém 
índole constitucional (art.5º, inciso LXIII, e art. 133 da CF/88)." (fls. 8/9). Ao 
final requerem o deferimento de liminar para que "seja expedido imediatamente 
salvo conduto ao paciente José Roberto Salgado, para a audiência pública 
designada para o dia 18/01/06, às 11 h, perante a CPMI dos Correios, a partir 
do reconhecimento de que o mesmo está convocado na condição de investigado 
pela i. autoridade coatora, e por isso tem direito a permanecer calado, sem o 
compromisso próprio das testemunhas e devidamente assistido por advogado, 
afastando-se a ameaça de prisão pro falso testemunho." (fl. 12). Decido. As 
CPMI têm os mesmos poderes de investigação das autoridades judiciais (CF, 
art. 58, §3º). Mas não tem mais do que isso. Assim, o PACIENTE deverá 
atender à convocação da CPMI, devendo comparecer no local, dia e hora 
marcados. Não lhe será tomado o compromisso de dizer a verdade. Deverá 
responder as perguntas que lhe forem formuladas, ficando-lhe assegurado o 
direito de se calar sempre que a resposta à pergunta, a critério dele, paciente, 
ou de seu advogado, possa atingir a garantia constitucional de não auto-
incriminação. Expeça-se salvo conduto nestes termos, o qual deverá ser 
acompanhado de cópia desta decisão. Comunique-se ao Presidente da CPMI, 
com cópia. Publique-se. Brasília, 17 de janeiro de 2006. Ministro NELSON 
JOBIM Presidente. (HC 87795 MC / DF – MEDIDA CAUTELAR EM HABEAS 
CORPUS, Rel. Ministro César Peluso, julg. 17/01/2006). 
 
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DECISÃO: Trata-se de "habeas corpus" impetrado contra ato da Comissão 
Parlamentar Mista de Inquérito - CPMI dos Correios. O pedido de medida 
liminar foi por mim deferido (fls. 19/31), em decisão que restou assim ementada 
(fls. 19): "COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI). PRIVILÉGIO 
CONSTITUCIONAL CONTRA A AUTO-INCRIMINAÇÃO: GARANTIA 
BÁSICA QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. A PESSOA SOB 
INVESTIGAÇÃO (PARLAMENTAR, POLICIAL OU JUDICIAL) NÃO SE 
DESPOJA DOS DIREITOS E GARANTIAS ASSEGURADOS PELA 
CONSTITUIÇÃO E PELAS LEIS DA REPÚBLICA. DIREITO À ASSISTÊNCIA 
EFETIVA E PERMANENTE POR ADVOGADO: UMA PROJEÇÃO 
CONCRETIZADORA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO 'DUE 
PROCESS OF LAW'. A PRIMAZIA DA 'RULE OF LAW'. A PARTICIPAÇÃO 
DOS ADVOGADOS PERANTE AS COMISSÕES PARLAMENTARES DE 
INQUÉRITO E O NECESSÁRIO RESPEITO ÀS PRERROGATIVAS 
PROFISSIONAIS DESSES OPERADORES DO DIREITO (MS 25.617/DF, REL. 
MIN. CELSO DE MELLO, DJU 03/11/2005, V.G.). O POSTULADO DA 
SEPARAÇÃO DE PODERES E A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO 
CONTROLE, PELO JUDICIÁRIO, DAS FUNÇÕES INVESTIGATÓRIAS DAS 
CPIs, SE E QUANDO EXERCIDAS DE MODO ABUSIVO. DOUTRINA. 
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA 
CAUTELAR DEFERIDA." O Ministério Público Federal, em parecer da lavra 
da ilustre Subprocuradora-Geral da República, Dra. CLÁUDIA SAMPAIO 
MARQUES, aprovado pelo eminente Chefe do Ministério Público da União, 
Dr. ANTONIO FERNANDO BARROS E SILVA DE SOUZA, opinou pela 
prejudicialidade da presente ação de "habeas corpus" (fls. 43/45), em 
pronunciamento assim ementado (fls. 43): "'HABEAS CORPUS' PREVENTIVO. 
PEDIDO PARA QUE SEJA ASSEGURADO O 'STATUS LIBERTATIS' DO 
PACIENTE, CONVOCADO PARA DEPOR NA CPMI DOS CORREIOS. 
LIMINAR DEFERIDA. SESSÃO REALIZADA EM 02.03.2006. RELATÓRIO 
FINAL APROVADO EM 05.04.2006. PARECER PELA PREJUDICIALIDADE 
DO HC. PERDA DE OBJETO." Entendo assistir plena razão à douta 
Procuradoria-Geral da República, eis que a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal considera prejudicadas as ações de mandado de segurança e 
de "habeas corpus", sempre que - impetrados tais "writs" constitucionais contra 
Comissões Parlamentares de Inquérito - vierem estas, como no caso, a ser 
declaradas extintas, em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios 
e da aprovação de seu relatório final (RTJ 172/929-930, Rel. Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE - RTJ 182/192, Rel. Min. CELSO DE MELLO - MS 
21.872/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - MS 23.852-QO/DF, Rel. Min. 
CELSO DE MELLO - MS 23.926/DF, Rel. Min. ELLEN GRACIE - MS 
24.022/DF, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, v.g.): "MANDADO DE 
SEGURANÇA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO EXTINTA PELA 
CONCLUSÃO DOS SEUS TRABALHOS. PERDA DO OBJETO. Declara-se 
prejudicado, em face da perda do objeto, o mandado de segurança impetrado 
contra ato de Comissão Parlamentar de Inquérito que veio a ser extinta pela 
conclusão dos seus trabalhos. Precedentes. Mandado de segurança julgado 
prejudicado." (MS 23.465/DF, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA) "MANDADO 
DE SEGURANÇA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. 
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EXTINÇÃO. PERDA SUPERVENIENTE DE OBJETO. - A jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal entende prejudicadas as ações de mandado de 
segurança e de habeas corpus, sempre que - impetrados tais writs 
constitucionais contra Comissões Parlamentares de Inquérito - vierem estas a 
ser declaradas extintas, em virtude da conclusão de seus trabalhos 
investigatórios e da aprovação de seu relatório final. Precedentes." (MS 
23.491/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Registre-se, por necessário, que o 
órgão ora apontado como coator - a CPMI dos Correios - encerrou os 
trabalhos de investigação, com a definitiva aprovação de seu relatório, em 
05.04.2006. Sendo assim, tendo em consideração os aspectos ora ressaltados, e 
acolhendo, ainda, o parecer da douta Procuradoria-Geral da República, julgo 
prejudicada, por perda superveniente de seu objeto, a presente ação de "habeas 
corpus". Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Brasília, 08 de junho de 
2006. (STF, HC 88015 / DF, Ministro CELSO DE MELLO Relator, pub. 
08/06/2006). 
 
EMENTA: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI). PRIVILÉGIO 
CONSTITUCIONAL CONTRA A AUTO-INCRIMINAÇÃO: GARANTIA 
BÁSICA QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. A PESSOA SOB 
INVESTIGAÇÃO (PARLAMENTAR, POLICIAL OU JUDICIAL) NÃO SE 
DESPOJA DOS DIREITOS E GARANTIAS ASSEGURADOS PELA 
CONSTITUIÇÃO E PELAS LEIS DA REPÚBLICA. DIREITO À ASSISTÊNCIA 
EFETIVA E PERMANENTE POR ADVOGADO: UMA PROJEÇÃO 
CONCRETIZADORA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO "DUE 
PROCESS OF LAW". A PRIMAZIA DA "RULE OF LAW". A PARTICIPAÇÃO 
DOS ADVOGADOS PERANTE AS COMISSÕES PARLAMENTARES DE 
INQUÉRITO E O NECESSÁRIO RESPEITO ÀS PRERROGATIVAS 
PROFISSIONAIS DESSES OPERADORES DO DIREITO (MS 25.617/DF, REL. 
MIN. CELSO DE MELLO, DJU 03/11/2005, V.G.). O POSTULADO DA 
SEPARAÇÃO DE PODERES E A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO 
CONTROLE, PELO JUDICIÁRIO, DAS FUNÇÕES INVESTIGATÓRIAS DAS 
CPIs, SE E QUANDO EXERCIDAS DE MODO ABUSIVO. DOUTRINA. 
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA 
CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: Trata-se de "habeas corpus" preventivo, 
que, impetrado contra a "CPMI dos Correios", objetiva preservar o "status 
libertatis" do ora paciente, por ela convocado a depor em sessão a ser 
realizada no próximo dia 15 de fevereiro. Busca-se, com a presente ação de 
"habeas corpus", a obtenção de provimento jurisdicional que assegure, 
cautelarmente, ao ora paciente, (a) o direito de ser assistido por seu Advogado 
e de com este comunicar-se durante o curso de seu depoimento perante a 
referida Comissão Parlamentar de Inquérito e (b) o direito de exercer o 
privilégio constitucional contra a auto-incriminação, sem que se possa adotar, 
contra o ora paciente, como conseqüência do regular exercício dessa especial 
prerrogativa jurídica, qualquer medida restritiva de direitos ou privativa de 
liberdade, não podendo, ainda, esse mesmo paciente, ser obrigado "a assinar 
Termo de Compromisso na condição de testemunha" (fls. 11). Passo a apreciar 
o pedido de medida liminar formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, 
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defiro a postulação em causa, nos termos referidos no parágrafo anterior ("a" e 
"b"), notadamente para o fim de assegurar, aoora paciente, além do direito de 
ser assistido e de comunicar-se com o seu advogado, também o direito de 
permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si próprio, se e quando 
inquirido sobre fatos cujo esclarecimento possa importar em sua auto-
incriminação, sem dispensá-lo, contudo, da obrigação de comparecer perante o 
órgão parlamentar ora apontado como coator. CPI E O PRIVILÉGIO 
CONSTITUCIONAL CONTRA A AUTO-INCRIMINAÇÃO. Tenho enfatizado, 
em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal, a propósito da 
prerrogativa constitucional contra a auto-incriminação (RTJ 176/805-806, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO), e com apoio na jurisprudência prevalecente no 
âmbito desta Corte, que assiste, a qualquer pessoa, regularmente convocada 
para depor perante Comissão Parlamentar de Inquérito, o direito de se manter 
em silêncio, sem se expor - em virtude do exercício legítimo dessa faculdade - a 
qualquer restrição em sua esfera jurídica, desde que as suas respostas, às 
indagações que lhe venham a ser feitas, possam acarretar-lhe grave dano 
("Nemo tenetur se detegere"). É que indiciados ou testemunhas dispõem, em 
nosso ordenamento jurídico, da prerrogativa contra a auto-incriminação, 
consoante tem proclamado a jurisprudência constitucional do Supremo 
Tribunal Federal (RTJ 172/929-930, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - 
RDA 196/197, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 78.814/PR, Rel. Min. 
CELSO DE MELLO, v.g.). Cabe acentuar que o privilégio contra a auto-
incriminação - que é plenamente invocável perante as Comissões 
Parlamentares de Inquérito (OVÍDIO ROCHA BARROS SANDOVAL, "CPI ao 
Pé da Letra", p. 64/68, itens ns. 58/59, 2001, Millennium; UADI LAMMÊGO 
BULOS, "Comissão Parlamentar de Inquérito", p. 290/294, item n. 1, 2001, 
Saraiva; NELSON DE SOUZA SAMPAIO, "Do Inquérito Parlamentar", p. 
47/48 e 58/59, 1964, Fundação Getúlio Vargas; JOSÉ LUIZ MÔNACO DA 
SILVA, "Comissões Parlamentares de Inquérito", p. 65 e 73, 1999, Ícone 
Editora; PINTO FERREIRA, "Comentários à Constituição Brasileira", vol. 3, 
p. 126-127, 1992, Saraiva, v.g.) - traduz direito público subjetivo, de estatura 
constitucional, assegurado a qualquer pessoa pelo art. 5º, inciso LXIII, da 
nossa Carta Política. Convém assinalar, neste ponto, que, "Embora aludindo 
ao preso, a interpretação da regra constitucional deve ser no sentido de que a 
garantia abrange toda e qualquer pessoa, pois, diante da presunção de 
inocência, que também constitui garantia fundamental do cidadão (...), a prova 
da culpabilidade incumbe exclusivamente à acusação" (ANTÔNIO 
MAGALHÃES GOMES FILHO, "Direito à Prova no Processo Penal", p. 113, 
item n. 7, 1997, RT - grifei). É por essa razão que o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal reconheceu esse direito também em favor de quem presta 
depoimento na condição de testemunha, advertindo, então, que "Não configura 
o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha, 
ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la" 
(RTJ 163/626, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - grifei). Com o explícito 
reconhecimento dessa prerrogativa, constitucionalizou-se, em nosso sistema 
jurídico, uma das mais expressivas conseqüências derivadas da cláusula do 
"due process of law". Qualquer pessoa que sofra investigações penais, policiais 
ou parlamentares, ostentando, ou não, a condição formal de indiciado - ainda 
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que convocada como testemunha (RTJ 163/626 -RTJ 176/805-806) -, possui, 
dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o 
direito de permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si própria, 
consoante reconhece a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RTJ 
141/512, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Esse direito, na realidade, é 
plenamente oponível ao Estado, a qualquer de seus Poderes e aos seus 
respectivos agentes e órgãos. Atua, nesse sentido, como poderoso fator de 
limitação das próprias atividades de investigação e de persecução 
desenvolvidas pelo Poder Público (Polícia Judiciária, Ministério Público, 
Juízes, Tribunais e Comissões Parlamentares de Inquérito, p. ex.). Cabe 
registrar que a cláusula legitimadora do direito ao silêncio, ao explicitar, 
agora em sede constitucional, o postulado segundo o qual "Nemo tenetur se 
detegere", nada mais fez senão consagrar, desta vez no âmbito do sistema 
normativo instaurado pela Carta da República de 1988, diretriz fundamental 
proclamada, desde 1791, pela Quinta Emenda que compõe o "Bill of Rights" 
norte-americano. Na realidade, ninguém pode ser constrangido a confessar a 
prática de um ilícito penal (HC 80.530-MC/PA, Rel. Min. CELSO DE MELLO). 
Trata-se de prerrogativa, que, no autorizado magistério de ANTÔNIO 
MAGALHÃES GOMES FILHO ("Direito à Prova no Processo Penal", p. 111, 
item n. 7, 1997, RT), "constitui uma decorrência natural do próprio modelo 
processual paritário, no qual seria inconcebível que uma das partes pudesse 
compelir o adversário a apresentar provas decisivas em seu próprio 
prejuízo...". O direito de o indiciado/acusado (ou testemunha) permanecer em 
silêncio - consoante proclamou a Suprema Corte dos Estados Unidos da 
América, em Escobedo v. Illinois (1964) e, de maneira mais incisiva, em 
Miranda v. Arizona (1966) - insere-se no alcance concreto da cláusula 
constitucional do devido processo legal. A importância de tal entendimento 
firmado em Miranda v. Arizona (1966) assumiu tamanha significação na 
prática das liberdades constitucionais nos Estados Unidos da América, que a 
Suprema Corte desse país, em julgamento mais recente (2000), voltou a 
reafirmar essa "landmark decision", assinalando que as diretrizes nela fixadas 
("Miranda warnings") - dentre as quais se encontra a prévia cientificação de 
que ninguém é obrigado a confessar ou a responder a qualquer interrogatório - 
exprimem interpretação do próprio "corpus" constitucional, como advertiu o 
então "Chief Justice" William H. Rehnquist, autor de tal decisão, proferida, por 
07 (sete) votos a 02 (dois), no caso Dickerson v. United States (530 U.S. 428, 
2000), daí resultando, como necessária conseqüência, a intangibilidade desse 
precedente, insuscetível de ser derrogado por legislação meramente ordinária 
emanada do Congresso americano ("... Congress may not legislatively 
supersede our decisions interpreting and applying the Constitution ..."). 
Cumpre rememorar, bem por isso, que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, 
ao julgar o HC 68.742/DF, Rel. p/ o acórdão Min. ILMAR GALVÃO (DJU de 
02/04/93), também reconheceu que o réu não pode, em virtude do princípio 
constitucional que protege qualquer acusado ou indiciado contra a auto-
incriminação, sofrer, em função do legítimo exercício desse direito, restrições 
que afetem o seu "status poenalis". Esta Suprema Corte, fiel aos postulados 
constitucionais que expressivamente delimitam o círculo de atuação das 
instituições estatais, enfatizou que qualquer indivíduo submetido a 
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procedimentos investigatórios ou a processos judiciais de natureza penal "tem, 
dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o 
direito de permanecer calado. 'Nemo tenetur se detegere'. Ninguém pode ser 
constrangido a confessar a prática de um ilícito penal" (RTJ 141/512, Rel. Min. 
CELSO DE MELLO). Em suma: o direito ao silêncio - e de não produzir provas 
contra si próprio - constitui prerrogativa individual que não pode ser 
desconsiderada por qualquer dos Poderes da República. Cabe enfatizar, por 
necessário - e como natural decorrência dessa insuprimível prerrogativa 
constitucional - que nenhuma conclusão desfavorável ou qualquer restrição de 
ordem jurídica à situação individual da pessoa que invoca essa cláusula de 
tutela pode ser extraída de sua válida e legítima opção pelo silêncio.Daí a 
grave - e corretíssima - advertência de ROGÉRIO LAURIA TUCCI ("Direitos e 
Garantias Individuais no Processo Penal Brasileiro", p. 370, item n. 16.3, 2ª 
ed., 2004, RT), para quem o direito de permanecer calado "não pode importar 
em desfavorecimento do imputado, até porque consistiria inominado absurdo 
entender-se que o exercício de um direito, expresso na Lei das Leis como 
fundamental do indivíduo, possa acarretar-lhe qualquer desvantagem". Esse 
mesmo entendimento é perfilhado por ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES 
FILHO ("Direito à Prova no Processo Penal", p. 113, item n. 7, nota de rodapé 
n. 67, 1997, RT), que repele, por incompatíveis com o novo sistema 
constitucional, quaisquer disposições legais, prescrições regimentais ou 
práticas estatais que autorizem inferir, do exercício do direito ao silêncio, 
inaceitáveis conseqüências prejudiciais à defesa, aos direitos e aos interesses 
do réu, do indiciado ou da pessoa meramente investigada, tal como já o havia 
proclamado este Supremo Tribunal Federal, antes da edição da Lei nº 
10.792/2003, que, dentre outras modificações, alterou o art. 186 do CPP: 
"Interrogatório - Acusado - Silêncio. A parte final do artigo 186 do Código de 
Processo Penal, no sentido de o silêncio do acusado poder se mostrar contrário 
aos respectivos interesses, não foi recepcionada pela Carta de 1988, que, 
mediante o preceito do inciso LVIII do artigo 5º, dispõe sobre o direito de os 
acusados, em geral, permanecerem calados (...)." (RTJ 180/1125, Rel. Min. 
MARCO AURÉLIO - grifei) No sistema jurídico brasileiro, estruturado sob a 
égide do regime democrático, não existe qualquer possibilidade de o Poder 
Público (uma Comissão Parlamentar de Inquérito, p. ex.), por simples 
presunção ou com fundamento em meras suspeitas, reconhecer, sem prévia 
decisão judicial condenatória irrecorrível, a culpa de alguém. Na realidade, os 
princípios democráticos que informam o modelo constitucional consagrado na 
Carta Política de 1988 repelem qualquer comportamento estatal que transgrida 
o dogma de que não haverá culpa penal por presunção, nem responsabilidade 
criminal por mera suspeita (RT 690/390 - RT 698/452-454). É por essa razão 
que "Não podem repercutir contra o réu situações jurídico-processuais ainda 
não definidas por decisão irrecorrível do Poder Judiciário, especialmente 
naquelas hipóteses de inexistência de título penal condenatório definitivamente 
constituído" (RTJ 139/885, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Não constitui 
demasia enfatizar, neste ponto, que o princípio constitucional da não-
culpabilidade também consagra, em nosso sistema jurídico, uma regra de 
tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação 
ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado, ao réu ou a qualquer pessoa, como se 
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estes já houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder 
Judiciário. Em suma: cabe ter presente, no exame da matéria ora em análise, a 
jurisprudência constitucional que tem prevalecido, sem maiores disceptações, 
no âmbito do Supremo Tribunal Federal: "- O privilégio contra a auto-
incriminação - que é plenamente invocável perante as Comissões 
Parlamentares de Inquérito - traduz direito público subjetivo assegurado a 
qualquer pessoa, que, na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva 
prestar depoimento perante órgãos do Poder Legislativo, do Poder Executivo 
ou do Poder Judiciário. - O exercício do direito de permanecer em silêncio não 
autoriza os órgãos estatais a dispensar qualquer tratamento que implique 
restrição à esfera jurídica daquele que regularmente invocou essa prerrogativa 
fundamental. Precedentes. O direito ao silêncio - enquanto poder jurídico 
reconhecido a qualquer pessoa relativamente a perguntas cujas respostas 
possam incriminá-la (nemo tenetur se detegere) - impede, quando 
concretamente exercido, que aquele que o invocou venha, por tal específica 
razão, a ser preso, ou ameaçado de prisão, pelos agentes ou pelas autoridades 
do Estado. - Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a 
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a 
esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. O princípio 
constitucional da não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico, consagra uma 
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em 
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já 
houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário. 
Precedentes." (RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) A 
PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO PERANTE A COMISSÃO PARLAMENTAR 
DE INQUÉRITO. Impende assinalar, de outro lado, tendo em vista o pleito 
deduzido em favor do ora paciente - no sentido de que se lhe assegure o direito 
de ser assistido por seu Advogado e de com este comunicar-se durante o curso 
de seu depoimento perante a "CPMI dos Correios" -, que cabe, ao Advogado, a 
prerrogativa, que lhe é dada por força e autoridade da lei, de velar pela 
intangibilidade dos direitos daquele que o constituiu como patrono de sua 
defesa técnica, competindo-lhe, por isso mesmo, para o fiel desempenho do 
"munus" de que se acha incumbido, o exercício dos meios legais vocacionados 
à plena realização de seu legítimo mandato profissional. Na realidade, mesmo 
o indiciado, quando submetido a procedimento inquisitivo, de caráter unilateral 
(perante a Polícia Judiciária ou uma CPI, p. ex.), não se despoja de sua 
condição de sujeito de determinados direitos e de garantias indisponíveis, cujo 
desrespeito põe em evidência a censurável face arbitrária do Estado cujos 
poderes, necessariamente, devem conformar-se ao que impõe o ordenamento 
positivo da República, notadamente no que se refere à efetiva e permanente 
assistência técnica por Advogado. Esse entendimento - que reflete a própria 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, construída sob a égide da vigente 
Constituição (MS 23.576/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 07/12/99 e 
DJU 03/02/2000 - MS 23.684/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU 
10/05/2000 - MS 25.617-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 
03/11/2005, v.g.) - encontra apoio na lição de autores eminentes, que, não 
desconhecendo que o exercício do poder não autoriza a prática do arbítrio, 
ainda que se cuide de mera investigação conduzida sem a garantia do 
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contraditório, enfatizam que, em tal procedimento inquisitivo, há direitos 
titularizados pelo indiciado que não podem ser ignorados pelo Estado. Cabe 
referir, nesse sentido, dentre outras lições inteiramente aplicáveis às Comissões 
Parlamentares de Inquérito, o autorizado magistério de FAUZI HASSAN 
CHOUKE ("Garantias Constitucionais na Investigação Criminal", p. 74, item 
n. 4.2, 1995, RT), de ADA PELLEGRINI GRINOVER ("A Polícia Civil e as 
Garantias Constitucionais de Liberdade", "in" "A Polícia à Luz do Direito", p. 
17, 1991, RT), de ROGÉRIO LAURIA TUCCI ("Direitos e Garantias 
Individuais no Processo Penal Brasileiro", p. 383, 1993, Saraiva), de 
ROBERTO MAURÍCIO GENOFRE ("O Indiciado: de Objeto de Investigações 
a Sujeito de Direitos", "in" "Justiça e Democracia", vol. 1/181, item n. 4, 1996, 
RT), de PAULO FERNANDO SILVEIRA ("Devido Processo Legal - Due 
Process of Law", p. 101, 1996, Del Rey), de ROMEU DE ALMEIDA SALLES 
JUNIOR ("Inquérito Policial e Ação Penal", p. 60/61, item n. 48, 7ª ed., 1998, 
Saraiva) e de LUIZ CARLOS ROCHA ("Investigação Policial - Teoria e 
Prática", p. 109, item n. 2, 1998, Saraiva). Assume inquestionável valor, bem 
por isso, presente o contexto ora em análise (direitos do indiciado e 
prerrogativas profissionais do Advogado perante a CPI), a lição de ODACIR 
KLEIN ("Comissões Parlamentares de Inquérito - A Sociedade e o Cidadão",p. 
48/49, item n. 4, 1999, Sergio Antonio Fabris Editor), que tanta expressão deu, 
quando membro do Congresso Nacional, à atividade legislativa: "O texto 
constitucional consagra o princípio de que ninguém é obrigado a se auto-
incriminar. Dessa forma, estará agindo no mínimo autoritariamente quem, 
participando de uma CPI, negar o direito ao silêncio à pessoa que possa ser 
responsabilizada ao final da investigação. Em seu interrogatório, o indiciado 
terá que ser tratado sem agressividade, truculência ou deboche, por quem o 
interroga diante da imprensa e sob holofotes, já que a exorbitância da função 
de interrogar está coibida pelo art. 5º, III, da Constituição Federal, que prevê 
que 'ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante'. Aquele que, numa CPI, ao ser interrogado, for injustamente 
atingido em sua honra ou imagem, poderá pleitear judicialmente indenização 
por danos morais ou materiais, neste último caso, se tiver sofrido prejuízo 
financeiro em decorrência de sua exposição pública, tudo com suporte no 
disposto na Constituição Federal, em seu art. 5º, X. Na condição de indiciado, 
terá direito à assistência de advogado, garantindo-se ao profissional, com 
suporte no art. 7º da Lei 8.906/94 - Estatuto da Advocacia e da OAB - 
comparecer às reuniões da CPI (VI, d), nelas podendo reclamar, verbalmente 
ou por escrito, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou 
regimento (XI)." (grifei) Extremamente oportunas, sob tal aspecto, as 
observações feitas pelo ilustre Advogado paulista e ex-Secretário da Justiça do 
Estado de São Paulo, Dr. MANUEL ALCEU AFFONSO FERREIRA ("As CPIs 
e a Advocacia", "in" "O Estado de S. Paulo", edição de 05/12/99, p. A22): 
"Nem se diga, no lastimável argumento repugnante à inteligência e 
comprometedor do bom senso, que a presença ativa dos advogados nas sessões 
das CPIs frustraria os seus propósitos investigatórios. Fosse assim, tampouco 
chegariam a termo as averiguações policiais; ou os inquéritos civis conduzidos 
pelo Ministério Público; ou, ainda, as inquirições probatórias administradas 
pelo Judiciário. Com plena razão, magistrados, promotores e delegados jamais 
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alegaram a Advocacia como obstáculo, bem ao contrário, nela enxergando 
meio útil à descoberta da verdade e à administração da Justiça." (grifei) 
Registre-se, ainda, por necessário, que, se é certo que a Constituição atribuiu 
às CPIs "os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais" (CF, 
art. 58, § 3º), não é menos exato que os órgãos de investigação parlamentar 
estão igualmente sujeitos, tanto quanto os juízes, às mesmas restrições e 
limitações impostas pelas normas legais e constitucionais que regem o "due 
process of law", mesmo que se cuide de procedimento instaurado em sede 
administrativa ou político-administrativa, de tal modo que se aplica às CPIs, 
em suas relações com os Advogados, o mesmo dever de respeito - cuja 
observância também se impõe aos Magistrados (e a este Supremo Tribunal 
Federal, inclusive) - às prerrogativas profissionais previstas no art. 7º da Lei nº 
8.906/94, que instituiu o "Estatuto da Advocacia". O Advogado - ao cumprir o 
dever de prestar assistência técnica àquele que o constituiu, dispensando-lhe 
orientação jurídica perante qualquer órgão do Estado - converte, a sua 
atividade profissional, quando exercida com independência e sem indevidas 
restrições, em prática inestimável de liberdade. Qualquer que seja o espaço 
institucional de sua atuação (Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder 
Judiciário), ao Advogado incumbe neutralizar os abusos, fazer cessar o 
arbítrio, exigir respeito ao ordenamento jurídico e velar pela integridade das 
garantias jurídicas - legais ou constitucionais - outorgadas àquele que lhe 
confiou a proteção de sua liberdade e de seus direitos, dentre os quais avultam, 
por sua inquestionável importância, a prerrogativa contra a auto-incriminação 
e o direito de não ser tratado, pelas autoridades públicas, como se culpado 
fosse, observando-se, desse modo, as diretrizes, previamente referidas, 
consagradas na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Se, não obstante 
essa realidade normativa que emerge do sistema jurídico brasileiro, a 
Comissão Parlamentar de Inquérito - ou qualquer outro órgão posicionado na 
estrutura institucional do Estado - desrespeitar tais direitos que assistem à 
generalidade das pessoas, justificar-se-á, em tal específica situação, a 
intervenção, sempre legítima, do Advogado, para fazer cessar o ato arbitrário 
ou, então, para impedir que aquele que o constituiu culmine por auto-
incriminar-se. O exercício do poder de fiscalizar eventuais abusos cometidos 
por Comissão Parlamentar de Inquérito contra aquele que por ela foi 
convocado para depor traduz prerrogativa indisponível do Advogado no 
desempenho de sua atividade profissional, não podendo, por isso mesmo, ser 
cerceado, injustamente, na prática legítima de atos que visem a neutralizar 
situações configuradoras de arbítrio estatal ou de desrespeito aos direitos 
daquele que lhe outorgou o pertinente mandato. A função de investigar não 
pode resumir-se a uma sucessão de abusos nem deve reduzir-se a atos que 
importem em violação de direitos ou que impliquem desrespeito a garantias 
estabelecidas na Constituição e nas leis. O inquérito parlamentar, por isso 
mesmo, não pode transformar-se em instrumento de prepotência nem converter-
se em meio de transgressão ao regime da lei. Os fins não justificam os meios. 
Há parâmetros ético- -jurídicos que não podem e não devem ser transpostos 
pelos órgãos, pelos agentes ou pelas instituições do Estado. Os órgãos do 
Poder Público, quando investigam, processam ou julgam, não estão exonerados 
do dever de respeitar os estritos limites da lei e da Constituição, por mais 
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graves que sejam os fatos cuja prática motivou a instauração do procedimento 
estatal. CONTROLE JURISDICIONAL E SEPARAÇÃO DE PODERES. Nem se 
diga, de outro lado, na perspectiva do caso em exame, que a atuação do Poder 
Judiciário, nas hipóteses de lesão, atual ou iminente, a direitos subjetivos 
amparados pelo ordenamento jurídico do Estado, configuraria intervenção 
ilegítima dos juízes e Tribunais na esfera de atuação do Poder Legislativo. 
Eventuais divergências na interpretação do ordenamento positivo não traduzem 
nem configuram situação de conflito institucional, especialmente porque, acima 
de qualquer dissídio, situa-se a autoridade da Constituição e das leis da 
República. Isso significa, na fórmula política do regime democrático, que 
nenhum dos Poderes da República está acima da Constituição e das leis. 
Nenhum órgão do Estado - situe-se ele no Poder Judiciário, ou no Poder 
Executivo, ou no Poder Legislativo - é imune à força da Constituição e ao 
império das leis. Uma decisão judicial - que restaura a integridade da ordem 
jurídica e que torna efetivos os direitos assegurados pelas leis - não pode ser 
considerada um ato de interferência na esfera do Poder Legislativo, consoante 
já proclamou o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em unânime decisão: 
"O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS PRATICADOS POR 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO NÃO OFENDE O PRINCÍPIO 
DA SEPARAÇÃO DE PODERES. - A essência do postulado da divisão 
funcional do poder, além de derivar da necessidade de conter os excessos dos 
órgãos que compõem o aparelho de Estado, representa o princípio conservador 
das liberdades do cidadão e constitui o meio mais adequado para tornar 
efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela Constituição. Esse 
princípio, que tem assento no art. 2º da Carta Política, não pode constituir nem 
qualificar-se como um inaceitável manto protetor de comportamentos abusivos 
e arbitrários, por partede qualquer agente do Poder Público ou de qualquer 
instituição estatal. - O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as 
franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da 
Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que 
lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício da função 
jurisdicional, por isso mesmo, desde que pautado pelo respeito à Constituição, 
não transgride o princípio da separação de poderes. Desse modo, não se revela 
lícito afirmar, na hipótese de desvios jurídico-constitucionais nas quais incida 
uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que o exercício da atividade de 
controle jurisdicional possa traduzir situação de ilegítima interferência na 
esfera de outro Poder da República." (RTJ 173/805-810, 806, Rel. Min. CELSO 
DE MELLO) A exigência de respeito aos princípios consagrados em nosso 
sistema constitucional não frustra nem impede o exercício pleno, por qualquer 
CPI, dos poderes investigatórios de que se acha investida. A observância dos 
direitos e garantias constitui fator de legitimação da atividade estatal. Esse 
dever de obediência ao regime da lei se impõe a todos - magistrados, 
administradores e legisladores. O poder não se exerce de forma ilimitada. No 
Estado democrático de Direito, não há lugar para o poder absoluto. Ainda que 
em seu próprio domínio institucional, portanto, nenhum órgão estatal pode, 
legitimamente, pretender-se superior ou supor-se fora do alcance da autoridade 
suprema da Constituição Federal e das leis da República. O respeito efetivo 
pelos direitos individuais e pelas garantias fundamentais outorgadas pela 
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ordem jurídica aos cidadãos em geral representa, no contexto de nossa 
experiência institucional, o sinal mais expressivo e o indício mais veemente de 
que se consolida, em nosso País, de maneira real, o quadro democrático 
delineado na Constituição da República. A separação de poderes - 
consideradas as circunstâncias históricas que justificaram a sua concepção no 
plano da teoria constitucional - não pode ser jamais invocada como princípio 
destinado a frustrar a resistência jurídica a qualquer ensaio de opressão estatal 
ou a inviabilizar a oposição a qualquer tentativa de comprometer, sem justa 
causa, o exercício, pela pessoa que sofre a investigação, do seu direito de 
requerer a tutela jurisdicional contra abusos que possam ser cometidos pelas 
instituições do Estado, não importando se vinculadas à estrutura do Poder 
Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário. A investigação 
parlamentar, judicial ou administrativa de qualquer fato determinado, por mais 
grave que ele possa ser, não prescinde do respeito incondicional e necessário, 
por parte do órgão público dela incumbido, das normas, que, instituídas pelo 
ordenamento jurídico, visam a equacionar, no contexto do sistema 
constitucional, a situação de contínua tensão dialética que deriva do 
antagonismo histórico entre o poder do Estado (que jamais deverá revestir-se 
de caráter ilimitado) e os direitos da pessoa (que não poderão impor-se de 
forma absoluta). É, portanto, na Constituição e nas leis - e não na busca 
pragmática de resultados, independentemente da adequação dos meios à 
disciplina imposta pela ordem jurídica - que se deverá promover a solução do 
justo equilíbrio entre as relações de tensão que emergem do estado de 
permanente conflito entre o princípio da autoridade e o valor da liberdade. O 
que simplesmente se revela intolerável, e não tem sentido, por divorciar-se dos 
padrões ordinários de submissão à "rule of law", é a sugestão - que seria 
paradoxal, contraditória e inaceitável - de que o respeito pela autoridade da 
Constituição e das leis possa traduzir fator ou elemento de frustração da 
eficácia da investigação estatal. Sendo assim, tendo em consideração as razões 
expostas, e sem dispensar o ora paciente da obrigação de comparecer perante 
a "CPMI dos Correios", defiro o pedido de medida liminar, nos precisos termos 
expostos nesta decisão, em ordem a assegurar, cautelarmente, a esse mesmo 
paciente, (a) o direito de ser assistido por seu Advogado e de com este 
comunicar-se durante o curso de seu depoimento perante a referida Comissão 
Parlamentar de Inquérito e (b) o direito de exercer o privilégio constitucional 
contra a auto-incriminação, sem que se possa adotar, contra o paciente em 
questão, como conseqüência do regular exercício dessa especial prerrogativa 
jurídica, qualquer medida restritiva de direitos ou privativa de liberdade, não 
podendo, ainda, tal paciente, ser obrigado "a assinar Termo de Compromisso 
na condição de testemunha" (fls. 11). Comunique-se, com urgência, o teor deste 
ato decisório, ao eminente Senhor Presidente da "CPMI dos Correios". 2. 
Requisitem-se informações ao órgão ora apontado como coator, 
encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão. Publique-se. Brasília, 14 de 
fevereiro de 2006. (STF, HC 88015 MC/DF, Ministro CELSO DE MELLO 
Relator, pub. 14/02/2006). 
 
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 Após este intróito, façamos uma breve perquirição sobre esses princípios, quais 
sejam: 
 
1.2 Juiz Natural 
 Inserto no art. 5, LIII, da Constituição Federal que preicetua: “Ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". Desta forma há um 
único juízo constitucionalmente competente, onde as regras e o tribunal devem pré-existir 
ao fato, não se admitindo a criação de tribunal de exceção, ou seja, não é possível a 
criação de tribunal para a solução de casos específicos, buscando garantir, a priori, a 
imparcialidade do juiz. 
 O princípio do juiz natural tem origem no direito anglo-saxão, construído 
inicialmente sobre a idéia da vedação do tribunal de exceção. 
 O direito brasileiro adota o princípio em suas duas vertentes fundamentais, a da 
vedação do tribunal de exceção e a do juiz cuja competência seja definida anteriormente 
à prática do fato, reconhece como juiz natural o órgão do Poder Judiciário cuja 
competência, previamente estabelecida, derive de fontes constitucionais. 
 Tal norma significa que as regras de determinação de competência devem ser 
instituídas previamente aos fatos e de maneira geral e abstrata de modo a impedir a 
interferência autoritária externa. Não se admite a escolha do magistrado para determinado 
caso, nem a exclusão ou afastamento do magistrado competente. Quando ocorre 
determinado fato, as regras de competência já apontam o juízo adequado, utilizando-se, 
até, o sistema aleatório do sorteio (distribuição) para que não haja interferência na 
escolha. É certo que há situações de deslocação da competência, como o caso do 
desaforamento, no procedimento do júri (CPP, art. 424), mas são especialíssimas e 
determinadas pelo interesse público e da justiça, sem prejuízo para o julgamento justo. 
 A imparcialidade do juiz busca mantê-lo eqüidistante para com as partes e as 
causas do processo. Hodiernamente a imparcialidade adquiriu contornos mais amplos, 
p.ex., prova obtida por meio ilícito, a parte recorre pleiteando desentranhamento da prova, 
o Tribunal acata o pedido e determina o desentranhamento. Questiona-se: o juiz, após 
contato com aquela prova (desentranhada), continuará imparcial? Conseguirá julgar 
desvencilhando-se dos fatos obtidos por meio da prova ilícita? 
 Embora a função jurisdicional seja uma, o constituinte originário, entendeu por bem 
fixar a competência, ora pelo critério de especialização quanto à matéria, ora em atenção 
à relevância de determinadas funções públicas estabeleceu-se, dessa forma, foros 
privativos nos tribunais superiores e de segunda instancia, e os foros especializados em 
razão da matéria. Surgiu assim a competência ratione materiae, especializada em razão 
da matéria, e competência ratione personae,especializada em razão das funções. 
 Com referência a fixação da competência em razão da matéria, institui-se o juiz 
natural para o processo e julgamento dos crimes da competência da Justiça Federal, 
Justiça Militar (estadual e federal), Justiça Eleitoral. Também a garantia do Tribunal do 
Júri para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (art. 5º XXXVIII, da CR). 
 Referindo-se a ratione personae temos os foros privativos do Supremo Tribunal 
Federal (art. 102, CR), do Superior Tribunal de Justiça (art. 105 CR), dos Tribunais 
Regionais Federais (art. 108, CR) e dos Tribunais de Justiça (art. 96, III, da CR), para o 
processo e julgamento de determinadas autoridades em razão da prática de crimes 
comuns e/ou de responsabilidade. 
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 Pode-se, recopiladamente, dizer que o princípio do juiz natural comporta duas 
regras básicas: 1) há apenas um juiz competente para a causa; b) está proibido pela 
Constituição da República a criação de tribunal de exceção. 
 
1.2 Princípio do contraditório 
 
Princípio do contraditório 
*Bilateralidade 
de audiência 
ação / reação. 
*Simétrica 
paridade 
entre as 
partes. 
*Construção 
participativa 
da decisão. 
*Defesa técnica 
*Auto-defesa 
Ação + defesa 
= contraditório 
*ampla 
argumentação. 
*Direito das 
partes. 
*Fundamentação 
das decisões 
 
 Numa visão instrumentalista, o contraditório se realiza com a bilateralidade de 
direitos dentro da ação (ação e reação). 
 Para Aroldo Plínio Gonçalves, o contraditório é a posição simétrica de paridade 
entre os afetados na decisão, sendo o contraditório mais que a ‘briga’ (ação x reação), é a 
possibilidade de se construir participativamente a decisão. 
 Para a prof. Flaviane, contraditório é o espaço argumentativo, garantido às partes 
que sofreram influência da decisão judicial. 
 Eugênio Pacceli, in Curso de Processo Penal, ao discorrer sobre contraditório, 
leciona: 
Da elaboração tradicional que colocava o princípio do contraditório como 
garantia de participação no processo como meio de permitir a contribuição das 
partes para a formação do convencimento do juiz e, assim, para o provimento 
final almejado, a doutrina moderna caminha a passos largos no sentido de uma 
nova formulação do instituto para nele incluir, também o princípio da par 
conditio ou da paridade de armas, na busca de uma efetiva igualdade processual. 
O contraditório, então, não só passaria a garantir o direito à informação de 
qualquer fato ou alegação contrária ao interesse das partes e o direito à reação 
(contrariedade) a ambos, como também a oportunidade da resposta possa se 
realizar na mesma intensidade e extensão. Em outras palavras, o contraditório 
exigiria a garantia de participação em simétrica paridade. 
Independentemente da definição de processo que adotarmos, certo é que a 
sentença do juiz deve resultar de um processo que se desenvolveu com igualdade de 
oportunidades para as partes se manifestarem, produzirem suas provas etc. É evidente 
que as posições das partes (como autor ou como réu) impõem uma diferente atividade, 
mas, na essência, as oportunidades devem ser iguais. O contraditório se efetiva 
assegurando-se os seguintes elementos: a) o conhecimento da demanda por meio de ato 
formal de citação; b) a oportunidade, em prazo razoável, de se contrariar o pedido inicial; 
c) a oportunidade de produzir prova e se manifestar sobre a prova produzida pelo 
adversário; d) a oportunidade de estar presente a todos os atos processuais orais, 
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fazendo consignar as observações que desejar; e) a oportunidade de recorrer da decisão 
desfavorável.3 
 
 
* Denúncia ou queixa 
* Recebimento da denúncia 
* Citação 
* Instrução 
* Defesa prévia 
*Instrução criminal 
* 
* Alegações finais 
* Sentença 
 
* Denúncia 
* Citação 
* Audiência de conciliação 
* Recebimento 
A. I. J 
 * Testemunhas 
 * Colheita de provas 
 * Alegações orais 
 * Sentença 
 * Recursos 
 
 
 
6. Referências Bibliográficas 
CHIOVENDA, Giuseppe. “Istituzioni di diritto processuale civile”, tradução de J. 
Guimarães Menegale: Instituições de Direito Processual Civil, São Paulo, Saraiva, 
1969. 
COUTURE, Eduardo J.- Fundamentos Del Processual Civil , tradução de Rubens Gomes 
de Souza: Fundamentos do Direito Processual Civil , SP, Sariva, 1946. 
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil, vol. 2, 1ª ed. Campinas: 
Bookseller, 1997. 
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Sobre pressupostos processuais, RF 288/01. 
TOURINHO FILHO , Fernando da Costa. Processo Penal I, São Paulo : Saraiva. 1999. 
JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal, Rio de Janeiro, 11ª edição, 
Ed.Forense, 2002. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal, 3ª ed. 
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2007. 
 
 
 
3 O contraditório e a fundamentação da decisão andam jungidos, em face disto, na opinião da prof. Flaviane, o 
recebimento da denúncia deveria ser um ato fundamentado. Mas esse entendimento é minoritário na doutrina. E a 
jurisprudência considera desnecessária a fundamentação do recebimento da denúncia.

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