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Unidade 5 - Transporte de Sólidos 1 UNIDADE 5 TRANSPORTE DE SÓLIDOS (Esse material deverá ser complementado com o material impresso do professor Fernando Guzzo) Unidade 5 - Transporte de Sólidos 2 5. TRANSPORTE DE SÓLIDOS 5.1 CONCEITO Todas as partículas, exceto a água, contida em uma massa líquida são classificados como materiais sólidos. Sólidos referem-se à matéria retida como resíduo após evaporação e secagem entre 103ºC e 105ºC. Os testes são empíricos e simples de serem executados, geralmente por métodos gravimétricos (separam os sólidos em função da densidade). Exceções são para as medições de sólidos não sedimentáveis e sólidos dissolvidos. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 3 5.2 TIPOS DE SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA 5.2.1 Sólidos Solúveis: Em águas potáveis, a maioria das partículas se apresenta na forma solúvel, e consiste principalmente de sais orgânicos, pequenas quantidades de matéria orgânica e gases dissolvidos. Os sólidos dissolvidos são determinados através da medição da condutividade (condutivímetro). Obtém-se a quantidade de sólidos dissolvidos em “ppt” - “ppt – parts per thousand” – partes por mil. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 4 5.2.2 Sólidos em Suspensão São os sólidos não solúveis. Contém substâncias que não se dissolvem com a água. Os sólidos suspensos podem ser determinados através do processo de filtração – Cadinho de Gooch e também por espectrofotômetro (cubetas de 25mL) . Sólidos Sedimentáveis: São sólidos em suspensão que se sedimentam, sob condição de repouso, por influência da gravidade. São responsáveis pela turbidez da água. Os sólidos sedimentáveis são determinados através do processo de sedimentação sob condição de repouso durante 1 hora, empregando o cone de “Imhoff” (funil de decantação). Unidade 5 - Transporte de Sólidos 5 A determinação dos sólidos sedimentáveis é importante para a avaliação da necessidade de implantação de unidades especializadas em sedimentação. Turbidez, o termo ‘turvo” é aplicado às águas que contém materiais suspensos que interferem na passagem da luz através da massa líquida. Nos lagos, a turbidez é decorrente da presença de partículas coloidais muito finas; Nos rios, a turbidez é decorrente de partículas grosseiras, devido ao manejo do solo, ou outras contribuições como os despejos domésticos e/ou industriais. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 6 5.2.3 Sólidos Voláteis São aqueles sólidos presentes na água, que se desprendem para o meio externo quando submetido ao procedimento de combustão a 600ºC. Os “sólidos fixos” ao contrário, mantém-se contidos na massa líquida após esse procedimento. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 7 5.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA ÁGUA O exame físico da água não deve ser interpretado separadamente de outros exames e análise. A avaliação física envolve praticamente aspectos de ordem estética da qualidade da água. 5.3.1 Cor É uma característica devida a existência de substâncias dissolvidas – “sólidos solúveis”, geralmente de natureza orgânica. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 8 5.3.2 Turbidez A turbidez das águas é devida à presença de partículas em suspensão e coloidal, incluindo partículas de areia fina, silte, argila e microrganismos; A medida da turbidez é realizada por meio de turbidímetros enquanto o tamanho e distribuição de partículas é feito por equipamentos sofisticado e de custo alto; O padrão de aceitação para consumo humano: 5 uT. 5.3.3 Sabor e odor São características causadas pela existência de substâncias como matéria orgânica decomposta, algas, resíduos industriais, etc. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 9 5.4 EROSÃO E TRANSPORTE DE SÓLIDOS A maior parte dos sedimentos transportados por um curso d’água é proveniente do processo de erosão do solo. Grandes quantidades de nutrientes do solo são arrastadas pela erosão do solo. A erosão do solo envolve processo de destacamento e transporte de partículas do solo. A erosão provocada pelas chuvas constitui um processo físico complexo: o desprendimento das partículas de solo tanto ocorre devido ao impacto das gotas; quanto pela ação de arraste do escoamento (lixiviação). Unidade 5 - Transporte de Sólidos 10 5.4.1 Quantificação da erosão A erosão pode ser quantificada pelas seguintes variáveis: - Taxa de destacamento de partículas – pela ação dinâmica das gotas de chuva –”Dp”. É representada pela massa de partículas destacada pela unidade de tempo e de superfície de solo. “Dp” => [M.T-1.L-2]. - Taxa de destacamento de partículas – pela ação dinâmica do deflúvio superficial –”Df”. É representada pela massa de partículas destacada pela unidade de tempo e de superfície de solo. “Df” => [M.T-1.L-2]. - Taxa de transporte de partículas – pela ação dinâmica do deflúvio nas superfícies dos terrenos ou nos microcanais –”T”. É representada pela massa de partículas transportada por unidade de tempo e de largura do terreno ou do microcanal. “T” => [M.T-1.L-1]. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 11 5.4.2 Destacamento do solo pelas gotas de chuva A taxa de destacamento de partículas de solo pela ação dinâmica das gotas de chuva “Dp”, pode ser avaliado através de expressões empíricas em função da intensidade de chuva “i”. Dp = Kp. im Kp = coeficiente de destacamento do solo pela chuva obtido experimentalmente, com medidas de erosão em campo e em laboratório [kg.s.m-4]. Seus valores variam de 0,5x106 a 2,0x106 [kg.s.m-4]. Os valores de Kp são sensíveis à resistência do solo, principalmente o percentual de argila. m = é um expoente obtido através de experimento em modelos de erosão: m=2 i = intensidade de chuva em m/s. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 12 5.4.3 Equação universal da perda de solo A equação universal da perda de solo, foi obtida a partir de um grande número de experimentos de erosão em solo por meio de medições hidrodinâmicas em áreas experimentais de encostas homogêneas. Essa equação considera a energia da chuva, a resistência do solo, o deflúvio superficial relacionado à inclinação, e práticas de manejo do solo. De onde tem-se: Psolo = R. K . L . S . C . P Unidade 5 - Transporte de Sólidos 13 Psolo = R. K . L . S . C . P “Psolo” perda de solo (ton/ha); “R” fator de erosividade da chuva (mm/h). É determinado a partir de dados levantados sobre a energia de impacto da chuva. Pode-se obter curvas de isoerosividade para uma determinada região; “K” fator de erodibilidade do solo (mm/h). Depende das características do solo e pode ser obtido com o auxílio de nomogramas. Exemplo: “L” fator de comprimento de encosta. É um valor adimensional para correção de deflúvio superficial para uma área de interesse. “S” fator de inclinação da encosta obtido a partir de experimentos em área da encosta. “C” fator de práticas de cultura. É definido pela relação de perda de solo entre o solo alterado por práticas de cultura e o solo arado (desnudo). . Para o solo arado, sem vegetação, sem proteção contra erosão => C=1 . Para solo com vegetação nativa densa => C=0,01 . Para pastagens com árvores e arbustos, ver Tabela “P” fator de manejo contra erosão. As práticas de conservação do solo podem reduzir enormemente as perdas de solo. A Tabela apresenta valores de “P”. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 14 EXEMPLO: Determinar o Fator de erodibilidade do solo “K” para um solo cuja amostra tem as seguintes características: Silte + Areia fina: 65% Areia: 5% Matéria orgânica: 2,8% Granulometría: Fina / Média Permeabilidade: Baixa / Moderada Entrando no Nomograma de Foster, tem-se: Kinicial = 0,038 K = 0,04 mm/h Unidade 5 - Transporte de Sólidos 15 5.5 TRANSPORTE DE SEDIMENTOS EM RIOS E CANAIS OTransporte de sedimentos em rios e canais envolve dois mecanismos: - Transporte de Fundo – Caracterizado pelo rolamento dos sedimentos do leito e o destacamento de partículas que são temporariamente arrastadas pelo escoamento; - Transporte em Suspensão – É decorrente da energia dos turbilhões do escoamento turbulento que se encarregam por manter as partículas em suspensão. As observações extraídas das avaliações de canais naturais e artificiais são as principais ferramentas para a determinação desse fenômeno. A capacidade de um escoamento transportar sedimentos envolve alem da analise hidrodinâmica do escoamento, as tensões de arraste e a distribuição de velocidade do fluxo d’água. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 16 5.6 ESTABILIDADE DOS TALUDES LATERAIS Em locais sujeitas a inundações de longa duração e drenagem rápida, os taludes laterais estão a sujeitas a deslizamento. Isso ocorre devida à ação da pressão neutra decorrente do armazenamento de água no solo saturado. Os deslizamentos de taludes contribuem com o assoreamento dos cursos d´água e a destruição das margens dos rios e canais. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 17 5.7 ASSOREAMENTO DE RESERVATÓRIOS Os sedimentos em suspensão transportados durante os episódios de chuvas intensas que são depositadas em uma represa, podem comprometer sua vida útil e causar sérios problemas operacionais na sua tomada d’água; A longo prazo, o material depositado reduz o volume útil do reservatório e consequentemente sua vazão regularizada. A operação desejável de uma barragem deve incluir uma sistemática de medição de vazão e de sedimentos transportados das diversas áreas de contribuição; Programas de recuperação de áreas degradadas reduzem fortemente os níveis de transporte de sedimento para os reservatórios. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 18 5.8 DEGRADAÇÃO DO LEITO A JUSANTE DE BARRAGEM Com a construção de uma barragem e o represamento das águas a movimentação de sedimento do fundo é interrompida; Tem-se a forte deposição de sedimentos no trecho remansado do rio; Por outro lado, as águas claras sem sedimentos, liberadas pela barragem tem alta capacidade de arrastar sedimentos erodindo o leito do rio, num processo continuo até atingir o equilíbrio. Figura. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 19 5.9 IMPACTOS DA AÇÃO DO DESMATAMENTO A existência de cobertura vegetal reduz significativamente o processo de erosão do solo; O impacto direto das gotas de chuvas no solo promove o destacamento das partículas de solo e sua progressiva erosão; Esse impacto também contribui para a compactação do solo, tornando-o mais impermeável e dificultando as infiltrações das Águas. O escoamento superficial passa a predominar, arrastando mais sólidos erodindo as margens e assoreando os cursos d’água; As grandes enchentes e grandes secas, muitas vezes são decorrentes do processo de desmatamento; As unidades de tratamento de água para abastecimento público têm seus desempenhos comprometidos quando os mananciais têm suas águas prejudicadas pelo arrastar de sólidos durante as chuvas intensas. A turbidez da águas dos rios Jucu e Santa Maria, por exemplo, varia de 20 a 1000 uT, dificultando o tratamento. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 20 5.10: RECOMENDAÇÕES GERAIS: Para controle e prevenção do processo de erosão tem-se: • Recuperação de matas ciliares, topos de morros e várzeas • Implementação de práticas de conservação do solo • Monitoramento da qualidade do solo • Recomposição de florestas em solos de usos inferiores • Estímulo e subsídios para recuperação de áreas degradadas • Conservação de nascentes • Aplicação e conhecimentos de Leis Ambientais • Adoção de bacias hidrográficas como unidades de planejamento e gestão ambiental (visão ampla do sistema) Unidade 5 - Transporte de Sólidos 21 5.11 ALGUMAS UNIDADES ESPECIALIZADAS EM REMOÇÃO DE SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA: Serão apresentadas a seguir algumas unidades para remoção de sólidos empregadas nos sistemas de abastecimento de água: 5.11.1 – Gradeamento: São unidades implantadas junto às captações de água que visam impedir a entrada de materiais flutuantes que são arrastados pelo fluxo d’água. Ex: Animais, galhos de árvores, resíduos sólidos, etc. Um sistema de gradeamento é projetado de acordo com as recomendações das normas Brasileiras e pode ser constituído de uma só grade + tela, ou de várias grades instaladas em série + tela, conforme as características do manancial utilizado; Sua manutenção pode ser efetuada de forma manual ou mecânica; Essas unidades também são empregadas nos sistemas de esgotamento sanitário. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 22 5.11.2 – Desarenadores São unidades implantadas logo após ao gradeamento que visam à remoção de uma parte dos sólidos sedimentáveis, especialmente a areia arrastadas pelo fluxo d’água; São constituídos de tanques, cuja seção de escoamento é ampliada de tal sorte que o material se precipite para o fundo (também rebaixados), em decorrência da queda de velocidade do fluxo; Essas unidades são dimensionadas de acordo com as normas brasileiras e geralmente retêm partículas com diâmetros (≥) 0,5mm. Sua manutenção normalmente é feita de forma manual ou por meio de bombas (dragagem); Essas unidades também são empregadas nos sistemas de esgotamento sanitário. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 23 5.11.3 Decantadores São unidades que compõem o “layout” das estações de tratamento de água e são implantadas a montante das unidades de filtração. Os decantadores se encarregam da remoção de uma parte significativa dos sólidos em suspensão presentes na água; Geralmente a montante dos decantadores, são implantados os floculadores que se encarregam da formação de flocos de partículas sólidas que possuem tamanho e peso suficientes para precipitar nos decantadores; Os decantadores exercem o papel de pré-polimento da água bruta, preparando-a para a posterior fase final de filtração, melhorando o desempenho qualitativo e quantitativo dos filtros. Sua manutenção é efetuada através de descargas de fundo, geralmente por gravidade. Quando a qualidade da água bruta permite, pode-se prescindir dessa unidade. São as Etas com filtração direta. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 24 5.11.4 - Filtros A filtração representa a última etapa do processo de remoção dos sólidos presentes água; Com a filtração conclui-se os procedimentos de remoção de sólidos, atingindo inclusive a remoção de grande parte dos microrganismos presentes na água; As partículas sólidas em forma de “flocos”, que conseguiram passar pelo decantador ficam, praticamente todas retidas no leito filtrante; Unidade 5 - Transporte de Sólidos 25 5.11.4 Filtros (cont.) Normalmente os filtros são compostos de material granular (areia e carvão antracito) dispostos sobre uma “camada suporte” constituída de seixos de granulometria variada; Os filtros são responsáveis pelo polimento final da água, removendo a turbidez dentro dos padrões normativos; Sua manutenção é efetuada por lavagem: - Filtros lentos – Lavagem manual (raspagem) - Filtros rápidos – Lavagem superficial e contra–corrente com descarte do lodo. Unidade 5 - Transporte de Sólidos 26 Estação de Tratamento de Água – Processo convencional Unidade 5 - Transporte de Sólidos 27 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 28 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 29 Valores de “C” – Fator de práticas de cultura Unidade 5 - Transporte de Sólidos 30 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 31 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 32 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 33 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 34 Unidade 5 - Transporte de Sólidos 35 FILTRAÇÃO RETRO LAVAGEM Unidade 5 - Transportede Sólidos 37
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