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Resenha - Lis

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Resenha do Artigo Científico:
“Uma visão crítica das políticas de descriminalização e de patologização do usuário de drogas”
O tema central do artigo usado como referência para a elaboração deste resenha pauta-se em uma questão: o usuário de droga é um criminoso ou um doente? As políticas que regem a conduta do usuário remete-se diretamente a conduta do profissional psicólogo frente ao usuário, porém também frente essas políticas. Se o profissional psicólogo que está inserido neste contexto, seja no ambiente clínico quanto o ambiente de assistência social, irá atuar segundo as orientações que são estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Portanto, se o usuário é um criminoso, o profissional psicólogo irá atuar segundo esse critério, se o usuário é um doente (como se propõem a Política sobre Drogas ao patologizar o usuário) o profissional psicólogo terá uma atuação diferenciada. Porém, para que ocorra essa diferenciação criminoso x doente, caberá também ao próprio profissional deixar de lado suas crenças no que se diz respeito ao consumo de drogas, sejam elas legais ou ilegais. 
Para compreendermos as Políticas Públicas sobre Drogas e a atuação do Psicólogo frente essas políticas, é necessário entendermos o impacto que o consumo de drogas gera nos diversos setores de uma sociedade, do micro (usuário) ao macro (traficante) e a própria droga em si no que se caracteriza pelas suas substâncias entorpecedoras. 
Segundo as orientações do CREPOP referente a atuação do profissional psicólogo frente as políticas públicas sobre drogas, ocorrerá um sério isolamento dos psicólogos - que atuam neste contexto onde há uma grande demanda – onde ocorrem o distanciamento no que se diz respeito às suas práticas com os fundamentos da políticas públicas sobre drogas sem qualquer tipo de questionamento dos efeitos nesses espaços e o distanciamento de suas práticas das premissas das políticas públicas se os mesmos não levantarem questionamentos: o usuário é um criminoso ou um doente?. Ao romper com o isolamento do psicólogo que encontram-se institucionalizados e aqui entendemos o Estado enquanto uma instituição segregativa e alienante, os espaços de atuação dos profissionais não serão mais privados de sua liberdade de atuação. Ao inserir o profissional psicólogo nestes campos de atuação, é necessário que os profissionais façam uma análise profunda e crítica sobre as práticas que violam os Direitos Humanos. Através da participação ativa e intensiva do profissional voltado para casos de uso abusivo de drogas e a dependência que elas causam no sujeito, a promoção da abstinência passa então a ser um recurso entre outros que o profissional passa a ter. Suponhamos que o uso de drogas continue sendo um “caso de polícia”, competirá ao psicólogo a promoção da abstinência para que a integridade do(a) atendido(a) seja mantida frente ao Código Penal. Já na medida em que o processo de descriminalização ocorrer, as crenças sobre o uso deverão ser reavaliadas, o consumo de determinadas drogas não será mais uma causa das queixas do cliente (paciente), mas será configurada na própria vida da pessoa. 
	Quando nos deparamos com a dicotomia crime-doença, a prática do profissional deve ser neutra em relação as suas crenças sobre o consumo de drogas. Porém, nas instituições que promovem a abstinência através da internação voluntária e/ou compulsória a prática do profissional é orientada pelos interesses da instituição. Segundo o Código de Ética esse tipo de prática é incompatível não só com o Código de Ética do(a) profissional psicólogo(a), mas também com os princípios das políticas públicas. Nesse sentido, o Código de Ética profissional expressa que é vedado ao psicólogo: “Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;” (CFP, 2005, art.2º). As atuais ações de “recolhimento compulsório” da população em situação de rua, apresentados na mídia como usuários de crack, e a banalização das internações compulsórias ou involuntárias de crianças e adolescentes em diversas cidades brasileiras, evidenciam um grave retrocesso para as políticas públicas, tão arduamente conquistadas e que apostam na integralidade do cuidado das ações para as pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. O papel da psicologia entra aí, então, na sua atuação, podem colaborar para desnaturalizar as práticas de violência e de tutela que historicamente foram associadas às pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. Um exemplo claro é o pânico moral acionado em relação ao crack. A figura do usuário de crack reproduz estigmas e sofrimento de grupos sociais específicos relacionados ao consumo dessa droga. Por isso, a psicologia nos seus diversos contextos de trabalho podem questionar práticas autoritárias e produzir práticas democráticas condizentes com a perspectiva do cuidado e não a da tutela. As medidas de internação não podem ser consideradas como o primeiro recurso para os usuários de drogas em situação de vulnerabilidade social. As relações possíveis do sujeito com as drogas são múltiplas e também expressam as singularidades de cada um, e isso é proposta pela política de redução de danos no Brasil, e essa política é a lacuna do presente artigo.
	A politica de redução de danos tem em seu amago um fator estratégico em relação ao usuário de drogas e os impactos que o seu consumo geram na sociedade, a principal estratégia desta política está em afirmar a autonomia do sujeito, tirando-o da tutela do Código Penal e os direitos que os usuários de drogas sem utilizar dos recursos de julgamentos morais e práticas que criminalizam e punem o usuário, privando-o de sua liberdade constitucional. Dentro dessa política estão os agentes comunitários da saúde em ação conjunta direta com os usuários, não são mais apenas vistos, a proposta está também em ouvi-los e compreender sua relação subjetiva com determinada droga. A partir do momento em que o usuário de droga é considerado como sujeito de direitos e a partir disto busca garantir o acesso ás políticas públicas, sendo assim a promoção da abstinência já materializada tanto pelo Estado quanto pelas instituições privadas deixa de ser o método ideal proposto por décadas e que até hoje não garantiu sua eficiência total na saúde do usuário. Internar já não é mais uma solução plausível e a política de redução de danos vem de frente com essa dicotomia criminoso-doente para garantir a integridade e a liberdade do usuário. 
	Em tese, as políticas publicas voltadas ao âmbito do combate às drogas foram durante décadas fundamentadas em filosofias que lançavam seus olhares ao usuário de drogas enquanto um criminoso e sua punição sob essa conduta estava na detenção. Posteriormente essas politicas receberação modificações uma vez que a população carcerária aumentava devido essa demanda de usuários que superlotavam os presídios brasileiros. Essa mudança resultou numa outra perspectiva filosófica na qual o olhar seria estrategicamente modificado, o usuário agora não seria mais tratado enquanto um criminoso frente às politicas publicas, agora o usuário carrega em si uma carga genética com padrões patológicos, sua punição agora não seria mais o encarceramento socioeducativo mas sim em submeter-se aos tratamentos oferecidos pelo Estado e esses tratamentos seriam embasados em duas condições: médico-farmacológico e psicossociocultural. Ambos os tratamentos, da criminologia a patologização, não tiveram êxito pois alcançam menos de 10% sob os efeitos das drogas.
	Com a abordagem que trata o usuário enquanto um criminoso alegam que as drogas são:
Fontes de financiamento político
Financiamento da corrupção
Geração de riquezas 
Aumento do custo social
Fontes do alto índice dos crimes 
Já a abordagem que trata o comportamento do usuário como patólogica já erra duplamente:
Negligencia em proceder via prevenção optando pela via de intervenção.
Ignora que a via de intervenção seja fonte de “iatrogenia”
aos efeitos das drogas.
Compreendemos nessas duas perspectivas que o reflexo da droga é o comportamento do usuário, o tratamento se torna visível à sociedade que se coloca no lugar das reflexões do Estado na manutenção da ordem e da segurança. 
Extinguir o usuário da sociedade além de gerar esse falso “bem estar” social também irá garantir à sociedade a segurança de seus bens, mantendo o padrão social do direito à propriedade privada. Isso irá apenas agravar a relação do usuário com as drogas, pois o mesmo não estará sendo visto na sua integridade e na sua autonomia, na verdade o usuário não estará nem sendo visto na sua fragmentação, o interesse do Estado está em manter o “status quo” vizando a higienização social, retirando da sociedade o “craquento”, o “maconheiro”, os injustamente chamados de “zumbis da crakcolândia”, oferecer um tratamento adequado para essas pessoas custariam para o Estado um valor altamente comprometedor aos cofres públicos, porém os presídios e instituições psiquiátricas (ou as neo-comunidades terapêuticas) são algo lucrativos para o Estado. Afinal, o usuário é um criminoso ou um doente?
Resenha:
http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a21

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