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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO JURISDIÇÃO CARACTERES ESSENCIAIS À JURISDIÇÃO PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO LIMITES DA JURISDIÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE INTERESSES PRIVADOS COMPETÊNCIAS AÇÃO DEFESA PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS CARACTERES DA RELAÇÃO PROCESSUAL PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO PRINCÍPIO LÓGICO – buscar meios eficazes e rápidos de procurar e descobrir a verdade e de evitar o erro PRINCÍPIO JURÍDICO – igualdade no processo e justiça na decisão PRINCÍPIO POLÍTICO – máximo de garantia social com o mínimo de sacrifício individual da liberdade PRINCÍPIO ECONÔMICO – processo acessível a todos, com vista ao seu custo e à sua duração PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ PRINCÍPIO DA IGUALDADE PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA PRINCÍPIO DA AÇÃO PRINCÍPIOS DA DISPONIBILIDADE E DA INDISPONIBILIDADE PRINCÍPIO DISPOSITIVO E PRINCÍPIO DA LIVRE INVESTIGAÇÃO DAS PROVAS (VERDADE FORMAL E VERDADE REAL) PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL PRINCÍPIO DA ORALIDADE PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL Corte metodológico – direito processual à luz da constituição. A CF/88 é analítica e abrangente, operou no fenômeno da constitucionalização dos direitos. A constituição, na visão kelseniana, está no vértice: status mais eminente do ordenamento. O constituinte teve o cuidado de explicitar e esculpir princípios, para assegurar sua presença e torná-la induvidosa, elevando-os formalmente à constituição. Isso é fruto do direito pós-Moderno, do Neoconstitucionalismo, que diz respeito a uma constituição efetiva, imediatamente e plenamente eficaz. Trata-se de um novo paradigma de pensamento jurídico, onde o princípio da legalidade é visto substancialmente. VERTENTES BÁSICAS DO DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL TUTELA CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (DA CONSTITUIÇÃO PARA O PROCESSO) ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA – garante independência do Poder Judiciário, dos juízes e tribunais, o que está diretamente ligado à imparcialidade do juiz. É o autogoverno da magistratura: o próprio Poder Judiciário administra seu orçamento e seus servidores, e órgãos judiciários são criados, modificados e extintos somente por esse poder. 3 garantias pessoais dos magistrados: Vitaliciedade – perda de cargo só por processo regular Inamovibilidade – não pode ser transferido Irredutibilidade de subsídios DO PROCESSO Devido processo legal Contraditório e ampla defesa Presunção de inocência Vedação de provas ilícitas etc. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL (DO PROCESSO PARA A CONSTITUIÇÃO) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Ação direta de inconstitucionalidade Ação de constitucionalidade Mandado de segurança Ação popular DAS LIBERDADES Habeas corpus Habeas data Mandado de injunção EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO NO ESPAÇO A territorialidade é relativa em relação à lei material, pois, em alguns momentos, há um elemento de estrangeirismo/ estraneidade (ex.: regime de bens no casamento é segundo o lugar onde o casamento foi realizado). Em relação à lei processual, por sua vez, a territorialidade é absoluta: no Brasil, só se aplica a lei processual brasileira. Há momentos em que o legislador sente necessidade de observar a lei processual estrangeira para melhor aplicar a lei processual brasileira, o que não fere o princípio da territorialidade (ex.: no caso de réu que se encontra em país estrangeiro, se a lei admitir carta rogatória, a citação é feita por ela; se não admitir, a citação deve ser feita por edital. Não se trata de aplicar a lei processual estrangeira, apenas considerá-la para melhor aplicar a brasileira. NO TEMPO PROCESSO QUE JÁ SE ENCERROU SEGUNDO LEI ANTIGA – lei nova não pode retroagir e ferir coisa julgada, direito adquirido ou ato jurídico perfeito; deve-se preservar a certeza de segurança das relações jurídicas. PROCESSO QUE AINDA VAI SE INICIAR DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI NOVA – lei nova é automaticamente aplicada: presunção de melhor qualidade, maior adaptação às vicissitudes que ela vem a regular. PROCESSO QUE ESTAVA M CURO QUANDO LEI NOVA SURGIU SISTEMA DA UNIDADE PROCESSUAL – processo considerado como bloco único, sequência de atos conexos e consequentes e com fim determinado. Processo vai até o fim com a lei que iniciou. SISTEMA DE FASES PROCESSUAIS – admite a divisão do processo em 5 fases: Fase postulatória – autor apresenta sua demanda Fase saneatória – juiz vai corrigir defeitos, irregularidades Fase instrutória – colheita de provas Fase decisória – proclamação Fase recursal Cada fase inicia e termina com as leis que começa. SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS (BRASIL) Lei nova incide imediatamente, respeitando os atos já praticados. Sistema adotado no CPP e, por analogia, aplicado ao Processo Civil e Trabalhista. Ex.: se perícia ainda não foi feita, se aplica lei nova; se foi feita, não se repete. JURISDIÇÃO Último dos modos de solução de conflitos, tem função de aplicar normas aos casos concretos e assegurar autoridade do ordenamento. CARACTERES ESSENCIAIS À JURISDIÇÃO Elementos capazes de identificar o que é ato jurisdicional – não sendo, portanto, ato legislativo ou administrativo. CRITÉRIO ORGÂNICO “Se o ato é do Poder Judiciário, é jurisdicional” – imprestável. Poder Legislativo pratica ato administrativo e jurisdicional; Poder Executivo pratica ato Legislativo; Poder Judiciário pratica ato administrativo e legislativo e ato legislativo – funções atípicas. CHIOVENDA CARÁTER SUBSTITUTIVO – juiz se substitui às partes na solução do conflito; autoridade do Estado através do juiz. Na jurisdição, juiz atua em realienda, ou seja, em coisa de terceiro. Pelo monopólio estatal da justiça, justiça privada é substituída por justiça pública. Nesse caráter está questão de tercetá, ou seja, implicações da heteronomia – imparcialidade etc. Esse caráter assegura pacificação social com imparcialidade. ESCOLPO JURÍDICO DE ATUAÇÃO DO DIREITO – todos têm que atuar de acordo com a lei, mas é função da jurisdição fazer valer o ordenamento jurídico – 2ª ordem de tutela jurídica, garantindo autoridade das leis pelo monopólio estatal da justiça. CARNELUTTI O que caracteriza um ato como jurisdicional é a presença da LIDE a ser resolvida, ou seja, conflito de interesses caracterizados por uma pretensão insatisfeita. Foca-se em suas ideias quando defende-se o caráter administrativo da jurisdição voluntária, pois essa não possui LIDE a ser resolvida. ENRICO ALLORIO Afirma que a característica da jurisdição reside na DEFINITIVIDADE, ou seja, vocação para tornar-se definitivo. É a chamada coisa julgada, a qual divide-se em formal e material. A coisa julgada formal é quando, em um determinado processo, não cabe mais nenhum recurso e ela se torna imutável naquele processo; a coisa julgada material diz respeito à definitividade quanto ao mérito, em relação a qualquer processo. Ação cautelar: objetiva garantir autoridade de uma ação de cognição ou de execução; por ela, faz-se uma cognição não exauriente, mas sumária (basta a fumaça do bom direito = fumus bonis júris; além do perigo da demora = periculum in mora). Se no processo da ação cautelar não cabe mais nenhum recurso, faz-se coisa julgada formal, mas não material. Outro exemplo que faz-se apenas coisa julgada formal é a obrigação de trato sucessivo – aquela que se renova periodicamente. Inércia também apresenta-se como característica essencial à jurisdição: juiz só atua se for provocado. PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO Por ser um instituto – juntamente com ação, defesa e processo – do direito processual, é regido por esses princípiosgerais. Porém, além deles, tem princípios especiais, que voltam-se diretamente à jurisdição. INVESTIDURA – ato administrativo complexo; só atua na jurisdição quem for regularmente investido na autoridade de juiz segundo normas pré-estabelecidas. ADERÊNCIA AO TERRITÓRIO – todo órgão jurisdicional (juiz ou tribunal) tem sua jurisdição limitada a uma base territorial determinada. A justiça estadual limita-se em comarcas; na federal, cada estado-membro é uma seção judiciária, que pode ser dividida em subseções. Quando é necessária a prática de um ato processual em uma base territorial que o juiz não tem jurisdição, ele deve solicitar a cooperação de um juiz nacional (carta precatória) ou internacional (carta rogatória). INDELEGABILIDADE – o juiz pode, sim, solicitar cooperação por não possuir jurisdição em determinado local; porém, não pode transferir para outro órgão a sua função jurisdicional. Isso ocorre em nome da separação de poderes, além do fato que o juiz exerce jurisdição em nome do Estado, e não em nome próprio. No Poder Judiciário, a delegação permitida é de um órgão superior para um inferior; além disso, pela chamada carta de ordem, um tribunal pode solicitar instrução de um juiz, mas nunca em relação à competência decisória. INEVITABILIDADE – a autoridade do Estado, no seu ato jurisdicional, se impõe às partes, as quais não precisam concordar com a decisão; ela é inevitável e as partes estão a ela sujeitas. INAFASTABILIDADE – não se pode afastar do cidadão a possibilidade de buscar a prestação jurisdicional do Estado. O legislador não pode fixar uma lei pela qual a jurisdição esteja obrigatoriamente afastada. O cidadão pode afastar-se dela, quando desejar, no âmbito dos direitos disponíveis. Obs.: a cláusula compromissória não fere esse princípio, pois diz respeito a um direito disponível, a um contrato específico, e pode ser renunciada. INDECLINABILIDADE/ INEXCUSABILIDADE – juiz não pode se abster de julgar, mesmo que não exista lei para aquele caso concreto (deve decidir, pois, por analogia). É uma consequência do princípio da inafastabilidade. JUIZ NATURAL – vai contra o tribunal de exceção e garante ao cidadão um órgão jurisdicional idôneo; cidadão está protegido de tribunal manipulado. Depende de 3 elementos: Imparcialidade com independência Investidura segundo normas pré-estabelecidas Competência em concreto segundo normas pré-estabelecidas INÉRCIA – pode ser visto tanto como característica essencial à jurisdição, quanto como princípio inerente à jurisdição. ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO QUANTO AO SEU OBJETO JURISDIÇÃO PENAL – atua em matéria penal JURISDIÇÃO CIVIL – atua em matéria que não é penal QUANTO AOS ORGANISMOS QUE ATUAM NA JURISDIÇÃO JURISDIÇÃO COMUM – justiça estadual e justiça federal JURISDIÇÃO ESPECIAL – destaque em razão da matéria: matéria trabalhista = jurisdição trabalhista etc. QUANTO À POSIÇÃO HIERÁRQUICA DOS ÓRGÃOS São concebidos dentro de cada sistema e em relação a órgãos de superposição, como o STJ. O STJ > justiça federal e estadual, por exemplo. O sistema de órgãos é composto por vários órgãos, em hierarquia. QUANTO AO CRITÉRIO DE JULGAMENTO JURISDIÇÃO DE DIREITO – em princípio, a jurisdição é de direito, afim de assegurar a segunda ordem de tutela do ordenamento jurídico, pelo caráter publicista do processo. JURISDIÇÃO DE EQUIDADE – na jurisdição civil, é pouco vista (ocorre, por exemplo, na pensão alimentícia, na Ação Renovatória de Aluguel quando a locação tem mais de 5 anos); na penal, é mais frequente, especialmente na aplicação de pena (art. 121/ CP, por exemplo, deixa margem de equidade, pena de 6 a 20 anos. A decisão será tomada pelo juiz analisando os delitos, aspectos, circunstâncias, personalidade do réu etc. Obs.: a divisão em espécies é meramente prática, de ordenamento, da distribuição e da normatização. É necessário considerar que a jurisdição é una e que devemos evitar decisões contraditórias. LIMITES DA JURISDIÇÃO O Estado é soberano e, em princípio, pode exercer sua jurisdição plena e livremente. É preciso, porém, não esquecer que o Estado está sob o contexto de outras nações soberanas. Encontram-se 2 obstáculos: interesse e conveniência; efetividade. As limitações à jurisdição podem ser: ORDEM INTERNACIONAL LIMITAÇÃO DE CARÁTER OBJETIVO – ausência de conveniência/ interesse e falta de efetividade dentro de países igualmente soberanos. A jurisdição de cada Estado limita a soberania dos territórios correspondente. LIMITAÇÃO DE CARÁTER SUBJETIVO Estado soberano não está submetido à soberania, jurisdição de outro Estado; juntamente a isso, chefe de Estado não está sujeito à jurisdição de outro Estado. Imunidade dos agentes diplomáticos e consulares – os agentes diplomáticos são aqueles os quais trabalham nas embaixadas (embaixador e servidor), sendo considerados extensões do país estrangeiro: têm imunidade ampla, absoluta, civil e penal, além de extensiva aos seus familiares; os agentes consulares são os servidores dos consulados, atuam em negócios do cidadão, e não do Estado, e têm imunidade relativa, apenas nas funções consulares e não extensiva aos familiares. ORDEM INTERNA MÉRITO ADMINISTRATIVO – ato implícito do Poder Executivo, no qual, portanto, jurisdição não pode atuar. O ato administrativo é passível de controle jurisdicional somente em relação à legalidade, mas não quanto conveniência e oportunidade; é de mérito administrativo. DÍVIDA DE JOGO E APOSTA – pela ordem pública e bons costumes, ação de cobrança de dívida de jogo e aposta não é permitida. “MINIMIS NON CURAT PRAETOR” – o pretor, no caso, o juiz, não julga nem decide sobre o mínimo, a insignificância. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE INTERESSES PRIVADOS Posição dos autores os quais defendem a natureza administrativa da jurisdição voluntária. São os atos da vida privada que passam pelo controle, fiscalização de uma autoridade pública – ato de autonomia de vontade cercado de cuidados pela lei. 3 ordens de órgãos que praticam essa administração pública de interesses privados: ÓRGÃOS MERAMENTE ADMINISTRATIVOS JUNTA COMERCIAL – autarquia que faz registros de atos de comércio MINISTÉRIO PÚBLICO – quando atua como órgão do Poder Executivo, fiscalizando estatutos de fundações particulares ÓRGÃOS DO FORO EXTRAJUDICIAL Não são do Poder Judiciário, mas são fiscalizados por ele – serviço público delegado OFÍCIOS Do registro imobiliário, de imóveis Do registro civil De notas, escrituras públicas, compra e venda etc. De protesto ÓRGÃOS DO FORO JUDICIAL São os atos judiciais que não são jurisdicionais. Esses juízes praticam atos de 3 ordens: ATOS CERTIFICANTES – vistos, atestados; meros atos de certificação, autenticação. ATOS RECEPTÍCIOS – testamentos, notificações; cuja eficácia depende do recebimento dessa comunicação de manifestação de vontade pelo destinatário. Algumas dessas notificações necessitam ser praticadas através do juiz. ATOS DE PRONUNCIAMENTO JUDICIAL – maior discussão em relação à natureza jurídica da jurisdição voluntária: administrativa ou judicial. Defendendo o posicionamento administrativo, o juiz, apesar de se pronunciar e proferir uma decisão, não vai estar praticando ato jurisdicional. Diferentemente da jurisdição contenciosa, na voluntária não há LIDE a ser resolvida. Exemplos de atos de pronunciamento judicial: Homologação – juiz somente examina formalidades legais, como no caso da separação consensual; não opina a respeito do mérito. Autorização (alvará) – define juízo de competência e oportunidade do ato, como quem pede um alvará ao juiz para vender terreno pertencente a filho incapaz. Mesmo que o pai seja a favor da venda e o MP seja contra, não há LIDE, pois os interesses não são contrapostos; apenas pode haver divergência, controvérsia, acerca do mesmo interesse. Interdição – processo pelo qual interessado tenta obter do juiz a nomeação de um curador para um incapaz. Mesmo que a pessoa discorde, não há LIDE, pois ambos estão falando em favor do incapaz (o próprio e o interessado); é apenas uma divergência,controvérsia. COMPETÊNCIAS É o limite da jurisdição, considerando que temos uma massa de causas de diversas naturezas, fatos ocorridos em diversos locais. Cada órgão jurisdicional atua parcialmente na jurisdição, nunca plenamente. Esse limite é posto para sua eficiência. Para Liebman, “a competência é a quantidade de jurisdição atribuída a um órgão ou grupo de órgãos”. Por exemplo: o órgão vara de família só atua em conflitos relativos ao direito de família; o grupo de órgãos da justiça do trabalho só atua em matéria trabalhista. Esse trata-se de o aspecto mais geral da competência, a competência em abstrato. É necessário pensar a competência que está ligando um órgão determinado a uma causa determinada, a competência em concreto. Segundo Celso Neves, “competência em concreto é a relação de adequação legítima entre um órgão jurisdicional e uma causa determinada”. ELEMENTOS QUE IDENTIFICAM A CAUSA Para saber se se trata da mesma ação ou não PARTES (AUTOR E RÉU) Qualidade (é juiz, prefeito, parlamentar, Presidente, ministro de Estado etc.) Domicílio Obs.: partes ≠ sujeitos da relação processual (esses incluem o juiz = sujeito imparcial e constante, autor e réu = sujeitos parciais e variáveis) CAUSA DE PEDIR Fatos e fundamentos do autor para garantir seu direito Natureza da relação jurídica Lugar da consumação do delito Lugar do dano Lugar da prestação de serviço, do cumprimento Lugar que está situado o imóvel PEDIDO Provimento buscado Objeto que ele incide Do pedido, tiramos o valor ou a situação Deve retirar-se da causa, da natureza do processo, o rito processual (ordinário, sumário ou sumaríssimo) ou a relação com o processo anterior. ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA DE JURISDIÇÃO Quantidade de jurisdição a ser atuada por cada sistema/ grupo de órgãos autônomos entre si. Justiça estadual, justiça federal, justiça do trabalho, justiça eleitoral etc. A justiça especial se dá em razão da matéria (trabalhista, eleitoral, penal-militar); a justiça federal tem matéria, de regra, civil, devendo fazer parte da União, autarquia ou empresa pública federal – senão, é estadual. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA Qual órgão, dentro do sistema, vai conhecer primeiro a causa. De regra, o órgão que inicia é o inferior; mas nada impede que o legislador defina que o órgão superior seja o que primeiro conhecerá minha causa. É a primeira instância, primeiro grau. COMPETÊNCIA DE FORO Competência territorial. Na justiça estadual, é a comarca; na justiça federal, é a seção ou subseção; na justiça eleitoral, a zona eleitoral etc. FORO COMUM – regra geral onde a causa vai ser proposta e tramitar. FORO ESPECIAL – exceção à regra feral, ao foro comum, por alguma razão eleita pelo legislador. Ex.: na separação judicial, a mulher tem foro especial, privilegiado. FORO CONCORRENTE – opção entre dois ou mais foros pelo legislador. FORO SUBSIDIÁRIO – prevalece quando não é possível definir o foro previsto na lei. Obs.: no processo civil, o domicílio do réu é foro comum; no processo penal, é foro subsidiário. COMPETÊNCIA DE JUÍZO Juízo é a menor unidade jurisdicional, no caso, a vara – dentre várias unidades do mesmo foro. Em geral, as diversas unidades têm a mesma atribuição, e escolha é feita por sorteio – princípio da imparcialidade do juiz. COMPETÊNCIA INTERNA Numa vara pode atuar mais de um juiz. Também se dá por sorteio. COMPETÊNCIA RECURSAL Competência para revisão da causa – pode ser mesmo órgão ou outro órgão (superior). A norma processual é sempre de DIREITO PÚBLICO, podendo ser de NORMA COGENTE (não comporta afastamento pela vontade privada) ou DISPOSITIVA (vontade privada pode agir de outro modo). São de COMPETÊNCIA ABSOLUTA: competência de jurisdição, originária, de juízo e recursal; são de COMPETÊNCIA RELATIVA: competência de foro. Em relação ao VALOR: nos JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS, a competência é RELATIVA QUANTO AO MENOS (até 40 salários mínimos, você pode escolher se vai para a vara comum estadual ou para o juizado) e ABSOLUTA QUANTO AO MAIS (acima de 40 salários mínimos, só na vara comum estadual). Nos JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS, a competência em relação ao valor é ABSOLUTA (até 60 salários mínimos, onde houver juizado especial federal, cidadão não pode ir para vara federal comum). ATOS DA COMPETÊNCIA DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA – ato pelo qual órgão jurisdicional declara sua incompetência absoluta e remete o processo ao juízo o qual ele entende ser competente. “A declina em favor de B”. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA – ato do réu em relação à competência relativa. Entra com exceção de incompetência, por exemplo, quando foro está “incorreto”. CONFLITO DE COMPETÊNCIA – dois ou mais órgãos jurisdicionais se dizem competentes (conflito positivo de competência) ou incompetentes (conflito negativo de competência) para a mesma causa. Se forem juízes do mesmo tribunal, tribunal decide; juízes de tribunais diversos, STJ; um juiz e um tribunal, STJ; tribunais diversos, STJ. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA – competência que era de um órgão até certo momento passa a ser de outro órgão. Difere da declinação, pois, nesta, o órgão onde a causa estava era absolutamente incompetente, sendo nulos seus atos decisórios, sem nenhum efeito; enquanto isso, no deslocamento, incompetência só ocorre no momento da causa do deslocamento, sendo os atos até aí praticados válidos e eficazes. PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA – ampliação da competência de um órgão para uma causa que ordinariamente não lhe caberia. Pode ser de ordem legal ou voluntária. Legal – razão de conexão (causa de pedir ou pedido) ou continência entre as causas. Isso ameaça a unidade da jurisdição e a economia processual, por isso ocorre a prorrogação. Voluntária – pode ser expressa ou tácita. Expressamente por cláusula de eleição de foro. Por exemplo, quando partes abrem mão de o foro ser no domicílio do réu. AÇÃO TEORIA EMANENTISTA Teoria superada. Ação é o próprio direito, é o direito reagindo a uma agressão – princípio da coextensão: “a todo direito corresponde uma ação e vice-versa”. Se o juiz der uma sentença favorável, significa que reconheceu o direito – portanto, existe, também, ação. Isso traz uma situação de perplexidade: o pronunciamento do Estado não é ação por si só; se houver sentença de improcedência, não há ação; e há o que? Não se sabe. TEORIA DO DIREITO CONCRETO DE AÇÃO Adolf emancipa, de certo modo, ação em relação ao direito. Nem toda ação corresponde a um direito, pois há a ação declaratória negativa. Pode-se pedir ao juiz a inexistência de um direito e, pra isso, entra-se com uma ação declaratória negativa. Se não há direito, não há ação, exceto pela autonomia – pela ação declaratória negativa. Ação, portanto, é um direito concreto, e não abstrato, pois só existe se houver direito alegado. Também traz situação de perplexidade, pois: se pede-se reconhecimento de um direito e juiz nega sua existência, não há ação. E há o que? Não se sabe. Não explica, assim como na teoria emanentista, a sentença de improcedência, apesar de contribuir para a emancipação da ação em relação ao direito. TEORIA DO DIREITO ABSTRATO DE AÇÃO O Estado é devedor da prestação jurisdicional, indistintamente. O direito à ação não depende da existência do direito material no caso concreto, ele é universal para todo e qualquer cidadão – pelo monopólio estatal da justiça. A prestação jurisdicional difere da tutela jurisdicional: aquela deve ser oferecida a todos, juiz deve examinar toda e qualquer provocação; se juiz der a sentença favorável, ele dá a tutela, ele reconhece o direito; se juiz der sentença desfavorável, ele nega a tutela – mas a prestação jurisdicional ocorreu (resolvido o problema da perplexidade). A prestação jurisdicional ocorreu nos dois casos, mas a tutela é contingente, acidental, depende do reconhecimento ou não do direito alegado. Pontes de Miranda afirma que, nem sempre, a decisão é justa – então, por negar a tutela, não necessariamente significa que você não tem o direito. TEORIAECLÉTICA DA AÇÃO Teoria refletida no nosso ordenamento. Enrico Liebman constrói uma teoria aproveitando elementos tanto da teoria do direito concreto quanto do direito abstrato da ação. Reconhece a existência de um direito constitucional de ação, o qual resulta do próprio status civitatis (status de cidadão), assegurando o monopólio estatal da justiça e seu dever quanto à sociedade. O direito constitucional de ação é, portanto, geral e abstrato, além de incondicionado. – parte da abstração. O Estado, porém, não está obrigado a prestar a jurisdição em todo e qualquer caso concreto; esse precisa atender a certas condições. Esse é o que chamamos de direito processual da ação, fundamentado pelo direito constitucional de ação, condicionado a ele. – nesse momento, ele é concretista. Liebman afirma que o que está à frente do direito processual de ação é a prestação jurisdicional, podendo ou não haver a tutela do Estado. Momento 1: abstração (Estado reconhece direito constitucional de ação); momento 2: concretismo (condiciona a existência do direito processual de ação a certas condições); momento 3: abstração (quando distingue prestação de tutela jurisdicional). São condições a serem atendidas: POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO Se o pedido é juridicamente possível no ordenamento. Isso não diz respeito à procedência do pedido, e sim à possibilidade de sua existência. Ex. de pedido juridicamente impossível: dívida de jogo. INTERESSE PROCESSUAL Deve haver utilidade na prestação jurisdicional – você deve ter necessidade = pretensão insatisfeita. A utilidade também se mede pela adequação: via, caminho, espécie eleita deve ser adequada ao provimento buscado – pela via errada, juiz não dá utilidade à prestação jurisdicional. LEGITIMIDADE DA PARTE Legitimidade ad causam. Legitimidade ordinária: autor e réu devem ser os mesmos da relação de direito material discutida – “ninguém pode pleitear direito alheio, exceto quando autorizado por lei”. DEFESA É outro instituto básico do direito processual, juntamente com jurisdição, ação e processo. O réu tem posição de sujeição, por isso lhe é garantida a ampla defesa – você é compelido a fazer parte do processo, não é voluntário. A defesa do mesmo responde pela bilateralidade do conflito: autor ataca e réu se defende – desenvolve processo com sua posição contraposta. Pelo princípio da isonomia, o instituto da ação é equivalente ao da defesa. Defesa é todo ato do réu que objetiva, direta ou indiretamente, a rejeição ou prejuízo ao pedido do autor; em alguns casos, o Direito até mesmo permite que o réu contra-ataque, além de se defender, extrapolando os limites da defesa. A defesa também é chamada de exceção lato sensu, e classifica-se segundo alguns critérios: QUANTO À NATUREZA DAS QUESTÕES LEVANTADAS EXCEÇÃO PROCESSUAL Se refere à idoneidade do processo, aos pressupostos processuais. Quando o réu levanta o não atendimento a uma das condições, ataca o processo em si, a sua idoneidade. Se acatada, o processo será extinto. EXCEÇÃO SUBSTANCIAL Diz respeito ao mérito, à substância da matéria. Defesa direta – contestação, bater de frente Defesa indireta preliminar de mérito – levanta-se uma questão que, apesar de não bater de frente, é de mérito, prejudicial à apreciação de qualquer outra questão. Exemplos: Decadência Prescrição Compensação Novação QUANTO AOS EFEITOS DILATÓRIA – suspende o processo; alonga seu tempo, mas nunca o suspende. Só tem efeito procrastinatório no tempo. Exemplos: Suspeição Impedimento Incompetência PEREMPTÓRIA – capaz de extinguir o processo se acatada. Exemplos: Coisa julgada Litispendência QUANTO AO MODO DE CONHECIMENTO PELO JUIZ OBJEÇÃO Questões que o juiz poderia conhecer de ofício; parte não precisa provocar. São questões de ordem pública. O ônus, portanto, da parte suscitada é relativo. EXCEÇÃO Ônus absoluto da parte. Juiz só pode conhecer se provocado pela parte. CPC BRASILEIRO Só há exceção quando a matéria for relativa à incompetência, suspeição ou impedimento – dilatória. Qualquer outra matéria levantada é contestação. O código admite reconvenção (“ação embutida na outra”), ou seja, réu pode extrapolar os limites da defesa, contra-atacando. No mesmo processo, haverá ação contra o autor – então, o réu da ação passa a ser autor da reconvenção e vice-versa. O pedido contraposto é uma das modalidades da reconvenção – quando são os mesmos fatos, como no caso de colisão de veículo. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS Os pressupostos, juntamente com as condições da ação, dizem respeito à idoneidade do processo – aquela que a exceção processual ataca. As condições da ação dizem respeito ao direito à prestação jurisdicional, e a falta de uma delas afeta a admissibilidade do processo. Se não se tem direito à prestação jurisdicional, o processo não é admitido. O pressuposto processual, por sua vez, atinge o processo diretamente – um requisito, um elemento para que o processo se constitua validamente. Ambos dizem respeito a requisitos de admissibilidade da prestação jurisdicional, do julgamento de mérito. O processo inválido é extinto, pelo nosso CPC; alguns autores afirmam que há pressupostos de validade e de existência. “Pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo”, diz nosso ordenamento. Moacyr Amaral Santos divide os pressupostos em duas vertentes, que se dividem em duas subvertentes: PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS – diz respeito aos sujeitos: autor, juiz e réu QUANTO AO JUIZ INVESTIDURA COMPETÊNCIA – em concreto; adequação legítima IMPARCIALIDADE QUANTO ÀS PARTES – têm que ser capazes CAPACIDADE DE SER PARTE – capacidade de deter direitos e deveres processuais; os mesmos do direito material: pessoa física, pessoa jurídica e pessoa formal. CAPACIDADE PROCESSUAL – legitimidade ad processum. Capacidade de estar, pessoalmente, na relação processual – isso também ocorre no direito material. Há incapazes e o suprimento da incapacidade se dá pela representação; dos relativamente incapazes, pela assistência. CAPACIDADE POSTULATÓRIA – capacidade de se dirigir diretamente ao juiz (capacidade tipicamente processual). Regra geral: todo mundo é incapaz postulatoriamente falando, sendo necessário um advogado para representar. O advogado não tem capacidade, mas sim supre a incapacidade postulatória da parte; até no caso em que ele é parte, ele não tem capacidade postulatória enquanto parte, e sim suprida por ele mesmo, como advogado. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS EXTRÍNSECOS – elementos externos ao processo que influenciam na sua validade. Sem eles, processo pode constituir-se, mas não validamente. Exemplos: NÃO LITISPENDÊNCIA NÃO COISA JULGADA NÃO CONVENÇÃO ARBITRAL CONCILIAÇÃO PRÉVIA – pressuposto positivo INTRÍNSECOS – internos ao próprio processo considerado. Forma tem que obedecer às normas legais. Exemplos: REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL JUNTADA DA PROCURAÇÃO AO ADVOGADO CONCILIAÇÃO CARACTERES DA RELAÇÃO PROCESSUAL COMPLEXIDADE – feixe de posições ativas e passivas de autor, juiz e réu, que se alternam durante a relação processual. PROGRESSIVIDADE – é uma relação jurídica dinâmica e que possui uma cronologia de atos; cada ato anterior autoriza e exige a prática de outro ato, e assim se prolonga até o final. UNIDADE – a relação processual é unitária – atos conexos e consequentes com fim/ desfecho determinado. CARÁTER TRÍPLICE – autor, juiz e réu. NATUREZA PÚBLICA – relação de direito público – monopólio estatal da justiça – inevitabilidade.
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