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ESTRATÉGIA OAB 
Direito Processual Civil - Prof. Ricardo Torques 
 
 
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ESTRATÉGIA OAB 
Direito Processual Civil - Prof. Ricardo Torques 
 
 
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Sumário 
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 3 
Sentença ............................................................................................................................................................. 4 
1 - Disposições Gerais ..................................................................................................................................... 4 
2 - Elementos e Efeitos da Sentença ............................................................................................................ 21 
Remessa Necessária ......................................................................................................................................... 30 
Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa ......................... 34 
Coisa Julgada .................................................................................................................................................... 36 
Liquidação de Sentença ................................................................................................................................... 41 
Cumprimento da Sentença .............................................................................................................................. 43 
1 - Disposições Gerais ................................................................................................................................... 43 
2 - Título executivos judiciais ....................................................................................................................... 44 
3 - Competência para o cumprimento de sentença .................................................................................... 46 
4 - Protesto ................................................................................................................................................... 46 
5 - Cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia 
certa .............................................................................................................................................................. 47 
6 - Cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa
 ...................................................................................................................................................................... 48 
7 - Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................................ 52 
8 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos ............ 57 
9 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela 
Fazenda Pública ............................................................................................................................................ 60 
10 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de 
entregar coisa ............................................................................................................................................... 62 
Precedentes ..................................................................................................................................................... 67 
1 - Noções iniciais ......................................................................................................................................... 67 
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2 - Ratio decidendi e obiter dicta ................................................................................................................. 71 
3 - Distinguishing e overrulling ..................................................................................................................... 71 
4 - Julgamentos repetitivos .......................................................................................................................... 73 
Ordem dos processos no tribunal .................................................................................................................... 73 
Incidente de assunção de competência ........................................................................................................... 77 
Incidente de arguição de inconstitucionalidade .............................................................................................. 77 
Conflito de competência .................................................................................................................................. 78 
Homologação de decisão estrangeira e da concessão do exequatur à carta rogatória .................................. 79 
Ação Rescisória ................................................................................................................................................. 81 
1 - Noções Gerais .......................................................................................................................................... 81 
2 - Hipóteses de cabimento ......................................................................................................................... 82 
3 - Ação anulatória ....................................................................................................................................... 89 
4 - Legitimados para ação rescisória ............................................................................................................ 89 
5 - Prazo ........................................................................................................................................................ 90 
6 - Procedimento .......................................................................................................................................... 90 
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas .......................................................................................... 94 
Reclamação ...................................................................................................................................................... 97 
Considerações Finais ........................................................................................................................................ 98 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Na aula de hoje veremos três assuntos do Direito Processual Civil: 
13 – Sentença e Coisa Julgada 
14 – Cumprimento de Sentença 
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15 – Meios de Impugnação à Sentença 
A parte relativa ao cumprimento de sentença é essencial para seus estudos, por isso, atenção! 
SENTENÇA 
1 - Disposições Gerais 
1.1 - Conceito 
A sentença é um conceito que sofreu diversas modificações com o tempo. Inicialmente, no CPC73, a sentença 
era vista como a decisão que colocava fim ao processo, encerrando-o. Após reformas no CPC73, a sentença 
passou a ser compreendida como a decisão que dava fim à fase de conhecimento e inaugurava a fase de 
cumprimento da sentença. Desse modo, na denominada fase sincrética do Direito Processual Civil, a 
sentença era conceituada como o ato do juiz que implica o julgamento da ação, com ou sem resolução do 
mérito. Note que não se fala mais em pôr fim ao processo. 
No NCPC, o conceito de sentença ficou mais claro. Confira o art. 203, §1º, do NCPC: 
§ 1o RESSALVADAS as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o 
pronunciamento por meio do qual o juiz,A sentença não estará sujeita à remessa necessária. 
A alternativa B está incorreta. O NCPC prevê, nos §§ 3º e 4º, do art. 496, várias exceções à regra de que as 
sentenças condenatórias proferidas em desfavor do ente público devem ser submetidas à remessa 
necessárias. 
A alternativa C está incorreta. A sentença que condena o réu a pagar o valor de duzentos salários mínimos 
é líquida, e não ilíquida. 
-- 
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(FGV - 2012) O duplo grau de jurisdição obrigatório, também conhecido como reexame necessário ou 
recurso de ofício, é instituto contemplado no CPC e visa a proteger a Fazenda Pública, constituindo uma 
de suas principais prerrogativas. Com relação a esse instituto, é correto afirmar que 
a) se aplica o duplo grau de jurisdição obrigatório a toda decisão proferida contra Fazenda Pública. 
b) é pressuposto de admissibilidade do reexame necessário a interposição de apelação pela Fazenda. 
c) se aplica o duplo grau obrigatório à sentença que julga procedente, no todo ou em parte, embargos à 
execução de dívida ativa da Fazenda Pública, independentemente do valor do débito. 
d) não se aplica o duplo grau obrigatório se a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do 
Supremo Tribunal Federal. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Não há duplo grau de jurisdição obrigatório em todas as ações com decisões 
proferidas contra a Fazenda Pública. 
A alternativa B está incorreta. Não há que se falar em condicionar o duplo grau de jurisdição obrigatório à 
interposição de apelação. 
A alternativa C está incorreta. Não é toda sentença que julga embargos à execução de dívida ativa da Fazenda 
Pública procedente que terá duplo grau de jurisdição obrigatório. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o §4º, do art. 496, da Lei nº 13.105/15. 
JULGAMENTO DAS AÇÕES RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES DE 
FAZER, DE NÃO FAZER E DE ENTREGAR COISA 
Vamos tratar, nesse capítulo, de sentenças que possuem condenação específica. As ações, em regra, 
condenam a parte a pagar determinado montante ou valor. Contudo, temos situações em que o autor busca 
a condenação da parte contrária em fazer ou não fazer algo, em entregar alguma coisa ou até mesmo em 
declarar a vontade. Nessas situações, a parte autora não requer o pagamento em dinheiro. 
A ideia aqui é tornar a técnica processual o mais próximo da necessidade de direito material da parte. 
Explicando! A parte ingressa em juízo, ou seja, se vale do processo para tutelar direitos materiais que entende 
estarem violados. Se procedente o que foi demandado, o Poder Judiciário deve propiciar meios para lhe 
entregar o que foi pedido. Se o pedido da parte foi o de fazer algo, de não fazer algo ou de entregar 
determinado objeto pelo réu, essa tutela específica deverá ser propiciada por intermédio do processo. O 
processo civil, nesse caso, estará realizado diretamente o direito material da parte. É uma forma de adequar 
o processo às necessidades de direito material das partes. 
Em face dessas especificidades, a sentença deve observar algum regramento específico, que passamos a 
estudar. 
 NAS PRESTAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER. 
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Se a demanda tiver por finalidade compelir o réu a fazer determinada coisa ou a não fazê-la, se a sentença 
for favorável à parte requerente, o juiz deverá determinar providência específica ou assegurar o resultado 
prático pretendido. 
Por exemplo, podemos ter uma condenação para que o réu execute os serviços de pintura que foram 
pactuados (obrigação de fazer) ou para que não publique imagens ou informações consideradas ilícitas e 
violadoras da intimidade do autor nos meios de comunicação (obrigação de não fazer). 
Segundo a doutrina18, o art. 497, NCPC, quando fala em tutela específica, deseja dar ao jurisdicionado a 
possibilidade de obter a tutela específica do direito material. Veja: 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se 
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que 
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a 
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração 
da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. 
Ainda sobre o dispositivo acima, é importante que você compreenda bem o parágrafo único. Além da 
possibilidade de tutela específica de fazer ou não fazer (prevista no caput) temos a tutela inibitória e de 
remoção de ilícito. 
A tutela inibitória tem por finalidade, como o próprio nome indica, inibir determinada prática, repetição ou 
continuidade de ilícito. 
Por exemplo, a parte autora pode requerer que sejam inibidas práticas poluidoras do meio ambiente por 
determinada empresa instalada às margens de algum rio. A tutela visa inibir a poluição, a repetição de atos 
de poluição ou a continuidade de atividades poluidoras. 
A tutela de remoção de ilícito, por sua vez, tem a finalidade de eliminar eventual situação de ilicitude ou de 
remoção dos efeitos concretos que derivam de determinada situação ilícita. Aqui a prática ilícita implica a 
produção de efeitos concretos continuados. 
Por exemplo, trata-se de tutela de remoção de ilícito a determinação de busca e apreensão de produtos 
expostos à venda cujo conteúdo viola normas de proteção à saúde. 
A distribuição desses produtos que contêm alguma ilicitude produz concretamente efeitos e impõem a 
necessidade de remoção do ilícito para efetivo cumprimento do direito material tutelado em juízo. 
 NAS PRESTAÇÕES DE ENTREGAR COISA. 
 
18 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, 
rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 588. 
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No art. 498, do NCPC, temos a possibilidade de que a condenação seja para entregar coisa. Em tal situação, 
a parte requereu a coisa que foi objeto do litígio e lhe fora concedida em sentença. Veja: 
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela 
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela 
quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a 
escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 
Por exemplo, na disputa sobre determinado veículo que está em poder da parte ré, poderá a sentença 
condenar a parte, entre outros, a entregar o veículo (a coisa) à parte autora. 
Nos casos acima – condenação em obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa – SOMENTE haverá 
conversão da tutela específica em perdas e danos em duas hipóteses: 
 o autor assim requerer no processo; ou 
 a prestação específica ou o resultado prático equivalente se tornar impossível. 
COISA JULGADA 
A coisa julgada constitui direito fundamental assegurado e protegido constitucionalmente (art. 5º, XXXVI). 
Trata-se de instrumento que visa conferir segurança jurídica àquilo que foi decidido no contexto do processo 
civil. 
A coisa julgada constitui qualidade agregada ao efeito da sentença que transita em julgado. 
Doutrinariamente fala-se em coisa julgada formal e material. A coisa julgada formal é aquela que diz respeito 
ao processo. A coisa julgada material, por sua vez, é a que torna indiscutível a relação jurídica que foi decidida 
na sentença de mérito. 
Em face dessa distinção, a doutrina afirma que a coisa julgada formal não é propriamente coisa julgada, mas 
preclusão temporal do processo que, uma vez transitado emjulgado, não admite mais modificação. Assim, 
se o processo for extinto sem resolução do mérito, ele torna-se indiscutível, mas a relação jurídica poderá 
ser novamente discutida em juízo em outro processo, uma vez que não se formaria coisa julgada material. 
Assim... 
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Vamos aprofundar um pouco... 
 
 
De acordo com a doutrina19: 
O comando formal é aquele se limita encerrar o processo (ou sua fase cognitiva). Assim, a 
coisa julgada formal consiste na proibição de reabertura é redecisão de um processo já 
encerrado (ou da fase cognitiva processual já encerrada). Toda sentença, seja de mérito ou 
não, faz coisa julgada formal, pois sempre veicula comando que encerra o processo como 
um todo ou sua fase cognitiva (art. 203, §1º, do CPC/2015). Como seu comando principal 
limita-se a isso, a sentença extintiva do processo sem julgamento de mérito não proíbe a 
repropositura da ação (art. 486 do CPC/2015; Súmula 304 do Supremo Tribunal Federal). 
O conceito de coisa julgada material é fixado no art. 502, do NCPC: 
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e 
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. 
A sentença de mérito tem força de lei nos limites daquilo que foi decidido e em relação às questões 
expressamente decididas pelo juiz. Assim, é possível que tenhamos questões que dizem respeito ao mérito 
 
19 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. 
com o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 794. 
COISA JULGADA
formal
preclusão temporal que não permite mais a 
discussão daquele processo
material
qualidade da sentença que torna imutável e 
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita 
a recurso
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de determinado processo, mas que não foram decididas expressamente e, em razão disso, não são 
qualificadas pela coisa julgada material. 
Essas questões não decididas expressamente relacionadas com a causa, mas não podem ser discutidas no 
processo, portanto, são qualificadas pela coisa julgada em sentido formal (no processo), mas não sofrem 
coisa julgada material. 
Assim, apenas fará coisa julgada material aquilo que constar do dispositivo da sentença. Desse modo, 
eventuais questões incidentais, prejudiciais do mérito da sentença, para que receberam a qualidade de coisa 
julgada material, devem constar do dispositivo a sentença. É isso que estabelece o §1º abaixo: 
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e 
incidentemente no processo, se: 
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, NÃO se aplicando no caso de 
revelia; 
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como 
questão principal. 
§ 2o A hipótese do § 1o NÃO se aplica se no processo houver restrições probatórias ou 
limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. 
Vejamos uma questão que cobrou esses dispositivos: 
 
(FGV - 2017) Gláucia ajuizou, em abril de 2016, ação de alimentos em face de Miguel com fundamento na 
paternidade. O réu, na contestação, alegou não ser pai de Gláucia. 
Após a produção de provas e o efetivo contraditório, o magistrado decidiu favoravelmente ao réu. 
Inconformada com a sentença de improcedência que teve por base o exame de DNA negativo, Gláucia 
resolve agora propor ação de investigação de paternidade em face de Miguel. 
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
a) O magistrado deve rejeitar a nova demanda com base na perempção. 
b) A demanda de paternidade deve ser admitida, já que apenas a questão relativa aos alimentos é que 
transitou em julgado no processo anterior. 
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c) A questão prejudicial, relativa à paternidade, não é alcançada pela coisa julgada, pois a cognição judicial 
foi restrita a provas documentais e testemunhais. 
d) A questão prejudicial, relativa à paternidade, é atingida pela coisa julgada, e o novo processo deve ser 
extinto sem resolução do mérito. 
Comentários 
Questão prejudicial é aquela que condiciona o conteúdo do julgamento de outra questão, que nessa 
perspectiva passa a ser encarada como questão subordinada. Não basta para caracterização da 
prejudicialidade a simples antecedência de uma questão em relação a outra. Na ação de alimentos, por 
exemplo, a relação de parentesco entre autor e réu é questão prejudicial à consideração do direito aos 
alimentos. 
Na ação de alimentos, a questão relativa à paternidade é prejudicial em relação ao pedido de prestar 
alimentos, por isso é revestida pela coisa julgada e não pode ser discutida em uma nova ação. 
Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. 
Como dito, apenas o dispositivo da sentença é imantado pela coisa julgada material. Nesse contexto, 
eventuais motivos e a verdade dos fatos fixada ao longo da sentença fundamental pelo juiz a partir das 
alegações e provas produzidas nos autos não fazem coisa julgada. 
Para a prova... 
 
 
COISA JULGADA
FAZ
o dispositivo, inclusive as questões 
prejudiciais, se necessárias para o 
julgamento do mérito, com efetivo 
contraditório e competente o magistrado 
(em razão da matéria e da pessoa)
NÃO FAZEM
motivos verdade dos fatos
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Vejamos uma questão que cobrou exatamente esse assunto: 
 
(CESPE - 2010) Assinale a opção correta com relação aos limites objetivos da coisa julgada. 
a) Somente a parte dispositiva da sentença é imutável, razão por que faz coisa julgada. 
b) A coisa julgada atinge a parte dispositiva da sentença bem como a motivação utilizada no respectivo 
julgamento. 
c) Fazem coisa julgada as questões prejudiciais, ainda que não requeridas pelas partes. 
d) Fazem coisa julgada a motivação, a verdade dos fatos e a fundamentação utilizada no julgamento da causa. 
Comentários 
O art. 504, do NCPC, prevê quais as hipóteses que não fazem coisa julgada. 
Assim, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão. 
A coisa julgada vincula às partes em determinado espaço de tempo, desde que permaneça o contexto fático-
jurídico que deu origem à decisão qualificada pela coisa julgada material. 
Desse modo, de acordo com o art. 505, do NCPC, questões já decidas não podem ser mais objeto de análise. 
Portanto, apenas em duas situações é possível analisar questões emanadas pela coisa julgada material: 
 modificação no estado de fato ou de direito; e 
 demais casos previstos em lei. 
Falamos acima que a coisa julgada material vincula as partes envolvidas no processo. Isso mesmo! Conforme 
estabelece o art. 506, do NCPC, terceiros não serão prejudicados pela coisa julgada material decorrente da 
sentença de mérito de processo do qual não participou. Trata-se, portanto, de limite subjetivo à coisa julgada 
material. 
O art. 507, do NCPC, explicita a impossibilidade de exercer prerrogativas processuais em face da preclusão. 
Uma questão já discutida não pode ser reapreciada. 
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De acordo com a doutrina20: 
A preclusão consiste na perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual em 
face do decurso do tempo (preclusão temporal), da prática de ato incompatível (preclusão 
lógica) e do efetivo exercício de determinada faculdade processual (preclusão 
consumativa). 
Sistematizando... 
 
Para encerrar, veja o art. 508, que trata do efeito preclusivo da sentença que, conforme explicitado, gera a 
coisa julgada formal,ou melhor, a preclusão de se exercer naquele processual qualquer outro ato 
processual. 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
A liquidação de sentença constitui um incidente processual, que tem por finalidade apurar quantias ilíquidas 
fixadas na sentença (apuração do quantum debeatur). Embora com redação diversa do CPC73, permanecem 
presentes as três formas tradicionais de liquidação de sentença. 
 
 
20 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, 
rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 606. 
PRECLUSÃO
temporal
perda da prerrogativa de 
praticar ato processual em face 
do tempo
lógica
perda da prerrogativa de 
praticar ato processual pela 
prática de ato incompatível
consumativa
perda da prerrogativa de 
praticar ato processual pelo 
exercício da referida faculdade
FORMAS DE 
LIQUIDAÇÃO DE 
SENTENÇA
por arbitramento (inc. 
I do art. 509)
por artigos ou 
procedimento comum 
(inc. II do art. 509)
por cálculo (§2º do 
art. 509)
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Na liquidação por arbitramento há a necessidade de que o valor devido seja apurado por intermédio de uma 
perícia. Por exemplo, no caso de um acidente de trânsito, há a necessidade de apurar os danos causados a 
partir da avaliação do veículo acidentado. Essa avaliação se dá por intermédio de arbitramento. 
Essa forma de liquidação é adotada em duas situações: 
 convenção das partes; ou 
 exigido pela natureza do objeto da condenação. 
Em relação ao procedimento do arbitramento temos a aplicação do art. 510, do NCPC. Se for o caso de 
liquidação, o juiz intimará e fixará prazo para que as partes apresentem pareceres e documentos necessários 
ao arbitramento. Com a juntada dos documentos, temos: 
1º - arbitramento judicial. Quando não for necessária a avaliação por perito, o próprio 
magistrado poderá efetuar diretamente o arbitramento. 
2º - arbitramento por perito. Quando o magistrado não puder decidir de plano, nomeará 
perito para arbitramento do valor devido. 
Na liquidação pelo procedimento comum (por artigos), a apuração do valor devido depende de provar fatos 
novos. 
Fala-se em “procedimento comum” justamente porque há todo um procedimento a ser desenvolvido em 
contraditório para a apuração do montante concedido na sentença. Nesse contexto, o art. 511 prevê que 
haverá intimação (na pessoa do advogado) do requerido, para contestar o pedido de liquidação no prazo de 
15 dias. Após, segue-se o procedimento comum, com a produção das provas e decisão de liquidação. 
A outra forma é a liquidação por cálculos, que será utilizada quando for necessário o cálculo aritmético para 
apuração do valor devido. 
Em síntese: 
 
Ainda sobre o art. 509, o §1º prevê a possibilidade de cisão da condenação para que o credor possa, desde 
logo, executar a parte líquida da sentença enquanto pender o incidente de liquidação de sentença. 
LIQUIDAÇÃO POR 
ARBITRAMENTO
apuração do valor devido pelo arbitramento do 
juiz ou por perícia
LIQUIDAÇÃO POR 
ARTIGOS
apuração do valor devido com procedimento 
comum
LIQUIDAÇÃO POR 
CÁLCULOS
apuração do valor devido por cálculo aritmético
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CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 
1 - Disposições Gerais 
O cumprimento de sentença é a fase de realização material do que foi previsto na sentença. Trata-se do 
procedimento que fará com que a sentença seja aplicada no mundo dos fatos. O cumprimento da sentença 
será efetuado por requerimento nos autos feito pelo exequente. Para tanto, o devedor deverá ser intimado: 
 no Diário da Justiça na pessoa do advogado da parte ré; 
 por carta com AR quando o réu for representado pela Defensoria Pública ou quando não 
tiver procurador constituído no processo, a não ser na hipótese de réu revel, cuja intimação 
ocorre por edital; 
 por meio eletrônico em relação às empresas que são obrigadas a manter cadastro 
perante os órgãos judiciários. 
Lembre-se de que microempresas e empresas de pequeno porte não são obrigadas a 
manter cadastro nos órgãos judiciários. 
 por edital, quando o réu for citado por edital (desconhecido ou incerto o citando, quando 
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando) no processo de 
conhecimento e permaneceu revel ao longo do procedimento. 
Essas hipóteses de intimação acima estudadas não ocorrerão na pessoa do advogado 
quando, entre a sentença condenatória e o requerimento para o cumprimento da sentença, 
decorrer mais de 1 ano. Nesse caso, segundo o que prevê o §4º, do art. 513, a intimação 
será expedida diretamente à pessoa do devedor por intermédio de carta registrada, não ao 
advogado. 
Na sequência, para compreender o art. 514, do NCPC, devemos estudar, primeiramente, os 
conceitos de “condição” e de “termo”. São conceitos estudados no Direito Civil. 
A condição constitui a fixação de cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e 
incerto. Ou seja, o negócio jurídico está subordinado a um evento que pode, ou não, ocorrer no futuro. 
O termo constitui a fixação de cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro, porém, 
certo. Ou seja, o negócio jurídico está subordinado a um evento que certamente ocorrerá no futuro. 
Assim, em ambos os casos, quando a relação jurídica envolver uma situação que contemple uma cláusula 
com condição ou termo, o cumprimento de sentença dependerá da comprovação de que ocorreu o termo 
ou a condição. 
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2 - Título executivos judiciais 
O art. 515, do NCPC, trata dos títulos executivos judiciais. De acordo com a doutrina21, título executivo é a 
representação documental típica do crédito revestida de força executiva. Para fins de prova, é fundamental 
conhecer todas as hipóteses do art. 515. Vejamos cada uma delas: 
 As decisões judiciais, de um modo geral, são consideradas títulos executivos judiciais. Assim, uma vez 
reconhecida a exigibilidade da obrigação, a parte poderá promover o cumprimento. 
 As decisões homologatórias de autocomposição são também espécies de título executivo judicial. Esses 
acordos de homologação podem ser executados no bojo do processo (autocomposição judicial) ou 
independentemente da existência do processo (autocomposição extrajudicial). Desde que homologados, 
constituem títulos judiciais. Na homologação, o magistrado irá verificar o preenchimento dos requisitos 
formais do acordo. 
 O formal e a certidão de partilha também são considerados títulos executivos judiciais, pois constitui a 
sentença de inventário. Se nessa sentença específica houver previsão de pagar determinada quantia, ela será 
objeto de cumprimento de sentença, por se tratar de título executivo judicial. 
Além disso, é importante destacar que o formal e a certidão de partilha não produzem efeitos em relação a 
terceiros. Apenas poderão ser cumpridos em face do inventariante, herdeiros e sucessores. 
 O crédito de auxiliar da justiça referente às despesas do processo (custas, emolumentos ou honorários), 
concedido na sentença, são títulos executivos judiciais. 
Observe-se que a sentença penal condenatória já transitada em julgado, se prever condenação de pagar 
quantia, poderá ser cumprida no âmbito da justiça civil. 
 Do mesmo modo, a sentença arbitral poderá ser levada ao Poder Judiciário a fim de que seja efetivada 
judicialmente. É importante destacar que essa sentença produz título executivo judicial! 
 As decisões estrangeiras possuem, também, natureza de título executivo judicial. Tanto as sentenças 
como as decisões interlocutórias podem ser consideradas título executivo judicial. A diferença reside no fato 
de que a sentença estrangeira depende de homologação pelo STJ, ao passo que a decisão interlocutória 
requer a concessãodo exequatur pelo STJ. 
Em ambos os casos, temos um autorizamento pelo STJ para que seja executada uma decisão estrangeira. 
Assim: 
 
21 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. 
e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 617. 
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Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
 
(FGV - 2017) O Supermercado “X” firmou contrato com a pessoa jurídica “Excelência” – sociedade 
empresária de renome - para que esta lhe prestasse assessoria estratégica e planejamento empresarial no 
processo de expansão de suas unidades por todo o país. 
Diante da discussão quanto ao cumprimento da prestação acordada, uma vez que o supermercado 
entendeu que o serviço fora prestado de forma deficiente, as partes se socorreram da arbitragem, em 
razão de expressa previsão do meio de solução de conflitos trazida no contrato. 
Na arbitragem, restou decidido que assistia razão ao supermercado, sendo a sociedade empresária 
“Excelência” condenada ao pagamento de indenização, além de multa de 30%. 
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta. 
a) Por se tratar de um título executivo extrajudicial, deve ser instaurado um processo de execução. 
b) Por se tratar de um título executivo judicial, será promovido segundo as regras do cumprimento de 
sentença. 
c) A sentença arbitral só poderá ser executada junto ao Poder Judiciário após ser confirmada em processo 
de conhecimento, quando adquire força de título executivo judicial. 
d) A sentença arbitral será executada segundo as regras do cumprimento de sentença, tendo em vista seu 
caráter de título executivo extrajudicial. 
Comentários 
Essa questão exige o conhecimento do art. 515, do NCPC. Visto isso, passemos à análise das alternativas. 
A alternativa A está incorreta. A sentença arbitral constitui um título executivo judicial e não extrajudicial. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Pelo fato da sentença arbitral ser considerada um 
título executivo judicial, a ela se aplicam as regras processuais referentes ao cumprimento de sentença e ao 
título executivo judicial por excelência. 
PARA SER CONSIDERADO COMO TÍTULO 
EXECUTIVO JUDICIAL
a sentença deve ser homologada pelo STJ
a decisão interlocutória depende de 
exequatur pelo STJ
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A alternativa C está incorreta. A força de título executivo judicial decorre de previsão legal (art. 515, VII), não 
de processo judicial. 
A alternativa D está incorreta. De fato, a sentença arbitral será executada segundo as regras do cumprimento 
de sentença. Porém, ela será considerada pela lei processual civil um título executivo judicial e não 
extrajudicial. 
3 - Competência para o cumprimento de sentença 
O art. 516, do NCPC, fixa as regras de competência para o cumprimento de sentença. Trata-se de 
competência funcional, cujo critério é absoluto. 
São três hipóteses de competência para o cumprimento de sentença e uma regra 
de flexibilização. 
 Caso se trate de processo que esteja tramitando originariamente no tribunal, 
será o próprio tribunal o órgão competente para o cumprimento. 
 Caso se trate de processo que tramite no primeiro grau de jurisdição, a 
competência será, em regra, do órgão que sentenciou o processo. 
 Caso se trate de processo cujo título executivo se formou no juízo penal, arbitral, no estrangeiro ou em 
tribunal marítimo, o cumprimento de sentença tramitará no juízo competente para analisar a matéria cível, 
caso o processo fosse ajuizado diretamente no juízo cível. 
Em relação às duas últimas hipóteses, há a possibilidade de que o cumprimento da sentença seja promovido: 
 no domicílio do executado; 
 no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução; ou 
 no juízo do local onde deve ser cumprida a obrigação de fazer ou de não fazer. 
4 - Protesto 
O protesto é uma técnica extrajudicial adotada para induzir o pagamento de determinada prestação. Da 
prolação da sentença transitada em julgado o exequente (credor) poderá requerer ao juiz a intimação do 
executado (devedor) para efetuar o cumprimento da sentença no prazo de 15 dias. Decorrido esse prazo 
sem o pagamento, temos a possibilidade de utilização do protesto da sentença judicial. 
Assim, a parte exequente poderá averbar o protesto contra o devedor. Para tanto, será necessário obter 
certidão dos autos com as seguintes informações: 
 nome; 
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 qualificação; 
 número do processo; 
 valor da dívida; e 
 data do recurso do prazo para pagamento voluntário. 
Essa certidão será fornecida no prazo de 3 dias para que o exequente possa providenciar o protesto da 
decisão judicial. 
Além disso, caso a parte devedora ajuíze ação rescisória em face do protesto apresentado, poderá ser 
anotado à margem do protesto originário o ajuizamento da referida ação. 
Por fim, uma vez demonstrada a quitação do montante devido, o executado pode requerer o cancelamento 
do protesto em cartório, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação. 
5 - Cumprimento provisório da sentença que reconhece a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa 
O art. 520, do NCPC, trata do cumprimento provisório de sentença. Nesses casos, não obstante existir 
recurso, permite-se àquele que tem valores a receber que, desde a sentença, inicie o cumprimento da 
sentença. Será provisório o cumprimento porque a sentença ainda não transitou em julgado. 
São duas as premissas para o cumprimento provisório: 
➢ Sentença condenatória de pagar quantia certa; e 
➢ Recurso desprovido de efeito suspensivo. 
Importante destacar que os recursos podem ter efeito meramente devolutivo ou efeito devolutivo e 
suspensivo. No primeiro caso, quando tiver tão somente efeito devolutivo, a matéria será encaminhada 
(devolvida) ao tribunal para análise, contudo, a sentença já produz efeitos. Se produz efeitos, é possível 
cumpri-la, ainda que provisoriamente. Por outro lado, caso o recurso seja dotado de efeitos devolutivo e 
suspensivo não será possível iniciar o cumprimento da sentença na pendência de recurso, em face da não 
produção de efeitos. 
Como ainda não temos certeza se o crédito é efetivamente devido, temos a aplicação de algumas regras 
específicas ao cumprimento provisório de sentença. Essas regras estão previstas no art. 520, do NCPC, e são 
as seguintes: 
 A responsabilidade pelo cumprimento provisório de sentença é do exequente, de forma 
que se reformada ou anulada a sentença, ainda que parcialmente, será objetivamente 
responsável por reparar eventuais danos. 
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 O cumprimento de sentença provisório perde o efeito caso haja decisão posterior que 
modifique ou anule a sentença. 
 Eventual levantamento de dinheiro, transferência da posse, ou outro direito real sobre 
bem do executado em cumprimento provisório de sentença exige caução por parte do 
exequente. 
Inclusive, se posteriormente à transferência da posse de determinado imóvel, por exemplo, 
houver anulação total da sentença, não haverá desfazimento da transferência. 
Existem algumas situações em que a caução pode ser dispensada. São 4 hipóteses: 
1. Se o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; 
2. Se o credor demonstrar situação de necessidade; 
3. Se pender o agravo contra decisão do Presidente do Tribunal que não conhece do RExt 
(Recurso Extraordinário) e do REsp (Recurso Especial). 
4. Se a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da 
jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento 
de casos repetitivos. 
Porfim, registre-se que a caução será mantida quando da dispensa possa resultar 
manifesto risco de dano grave de difícil ou incerta reparação. 
 O condenado tem prazo de 15 dias para cumprir espontaneamente a decisão 
condenatória. Assim, passado o prazo, incide multa e verba honorária. Essa cominação 
aplica-se tanto à execução definitiva como ao cumprimento provisório de sentença. 
Para encerrar a análise do cumprimento provisório de sentença, vamos tratar brevemente do procedimento. 
Temos apenas um único dispositivo para regrar o assunto. De acordo com o art. 522, do NCPC, o 
cumprimento provisório depende de requerimento da parte interessada, sendo que alguns documentos são 
essenciais quando se tratar de autos físicos. 
6 - Cumprimento definitivo da sentença que reconhece a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa 
No art. 520 tratamos do cumprimento provisório de sentença. No art. 523 vamos falar do cumprimento 
definitivo de sentença. Somente se fala em cumprimento definitivo quando a definição do objeto litigioso 
estiver imantada pela qualidade da coisa julgada, tornando-se indiscutível. 
Podemos ter o cumprimento definitivo da sentença quando: 
 houver condenação em sentença com fixação de quantia certa; 
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 houver condenação em sentença ilíquida, mas cujo incidente de liquidação já findou; e 
 quando, embora não transitado globalmente o processo, houver parcela da condenação 
incontroversa. 
Essa hipótese ocorre quando o condenado recorre apenas de parte dos pedidos contra ele julgados. Em 
relação àqueles tópicos que ele não recorrer, temos a possibilidade de cumprimento definitivo de sentença. 
Ao passo que em relação àqueles tópicos recorridos, o cumprimento poderá se dar apenas na forma 
provisória. 
Uma vez requerido o cumprimento da sentença, o juiz irá intimar a parte executada para pagar no prazo de 
15 dias, sob pena de cumprimento forçado. Se a parte efetuar o pagamento do valor devido em cumprimento 
definitivo da sentença não incidem multa e honorários do advogado. Caso não haja pagamento, prevê o §1º, 
do art. 523, do NCPC, que o réu sofrerá multa e honorários no importe de 10%. 
Por exemplo, o autor demanda o réu em relação a três pedidos – Pedido A, B e C. Na sentença, o juiz julga 
procedente o Pedido A, condenando o réu em R$ 10.000, e o Pedido B, condenando o réu em outros 10.000,00. 
Além disso, o Pedido C foi julgado improcedente e, ainda, o réu foi condenado em R$ 4.000,00 a título de 
despesas processuais e honorários advocatícios. Publicada a sentença, o autor não recorre do Pedido C, que 
foi julgado improcedente, e o réu recorre apenas do Pedido B. 
Nesse exemplo, o autor poderá requerer o cumprimento provisório da sentença em relação ao Pedido B (que 
foi objeto de recurso) e ao cumprimento definitivo da sentença em relação ao Pedido A (que restou 
incontroverso nos autos). 
Uma vez intimado, se o réu não pagar no prazo de 15 dias sofrerá na condenação de 10% a título de 
honorários do advogado para executar o valor devido e outros 10% a título de multa pelo não pagamento 
espontâneo. Portanto, o montante global da condenação em relação ao Pedido A atingirá R$ 12.000,00. 
Trata-se, portanto, de forma de compelir o condenado a, voluntariamente, efetuar o pagamento do valor 
devido. 
Se o réu efetuar o pagamento de apenas R$ 5.000,00 do montante global do Pedido A, a multa incidirá 
proporcionalmente àquilo que não foi pago de forma espontânea. Portanto, a multa será de R$ 500,00 e os 
honorários no valor de R$ 500,00. 
Antes de ler o dispositivo, lembre-se de que, se o condenado não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, 
o juiz determinará a expedição de mandado de penhora e avaliação dos bens do executado a fim de quitar 
o valor devido. 
Vejamos questões que cobraram exatamente esse conteúdo: 
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(FGV - 2018) Cláudia, intimada pelo juízo da Vara Z para pagar a Cleide o valor de R$ 20.000,00, com 
fundamento em cumprimento definitivo de sentença, realiza, no prazo de 15 dias, o pagamento de R$ 
5.000,00. 
De acordo com o que dispõe o CPC/2015, deve incidir 
A) multa de 10% e honorários advocatícios sobre R$15.000,00. 
B) multa de 10% sobre R$15.000,00 e honorários advocatícios sobre R$ 20.000,00. 
C) multa de 10% e honorários advocatícios sobre R$ 20.000,00. 
D) multa de 10% e honorários advocatícios sobre R$5.000,00. 
Comentários 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, nos termos do art. 523, §§1º e 2º, do NCPC: 
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre 
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo 
o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. 
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por 
cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o 
incidirão sobre o restante. 
Em frente! 
O art. 524, do NCPC, trata do requerimento de cumprimento a ser efetuado pela parte credora no processo. 
O requerente deve apresentar demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, contendo os dados dos 
incisos descritos acima. Vamos colocar esses dados em um esquema para reforçar a absorção. 
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Como se trata de um demonstrativo elaborado unilateralmente pelo requerente, é possível que seja 
apresentado em valor aparentemente acima do valor efetivamente devido nos autos. Nesse caso, de acordo 
com o §1º, o juiz determinará que a execução se inicie com o valor pretendido pelo requerente, mas poderá 
determinar a realização da penhora em valor inferior, conforme entender adequado. 
De todo modo, apresentado o requerimento e iniciada a execução, o juiz poderá determinar a intimação do 
contador do juízo a fim de que, no prazo de 30 dias, faça a apuração do montante devido. 
Se forem necessários documentos para levantamento preciso do valor devido, o magistrado determinará a 
intimação do terceiro ou do executado para que junte aos Autos os documentos. Se esses documentos 
estiverem em poder do réu e, intimado para juntá-los no prazo de 30 dias, não forem acostados, o juiz irá 
definir o valor da condenação com base nos dados que dispõe. 
Vejamos uma questãozinha! 
 
(FGV - 2012) Nos autos de ação indenizatória movida por Henrique em face de Paulo, ambos 
prósperos empresários, transitou em julgado sentença de procedência do pleito autoral, condenando 
o réu ao pagamento de indenização, no montante equivalente a 500 salários mínimos, na data da 
prolação da sentença, acrescidos de juros legais e correção monetária. 
Assinale a alternativa que apresenta a providência a ser imediatamente adotada pelo advogado de 
Henrique. 
a) Instauração da fase de liquidação de sentença por arbitramento, a fim de apurar o valor da condenação 
em moeda corrente. 
b) Instauração da fase de cumprimento de sentença, com a apresentação da memória de cálculo 
contemplando o valor da condenação em moeda corrente. 
A PETIÇÃO, COM DEMONSTRATIVO DISCRIMINADO DO DÉBITO, DEVE CONTER:
• o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica do exequente e do executado;
• o índice de correção monetária adotado;
• os juros aplicados e as respectivas taxas;
• o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
• a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
• especificação dos eventuaisdescontos obrigatórios realizados;
• indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
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c) Instauração da fase de liquidação de sentença por cálculos do contador, a fim de que o magistrado 
remeta os autos ao contador judicial, para que seja apurado o valor da condenação em moeda corrente. 
d) Ajuizamento de ação rescisória, a fim de que o tribunal apure o valor da condenação em moeda 
corrente. 
Comentários 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, nos termos do art. 509, §2º, do NCPC. Além disso, o 
art. 524, do NCPC, prevê a respeito da memória de cálculo. 
7 - Impugnação ao cumprimento de sentença 
A impugnação ao cumprimento de sentença é disciplinada no art. 525, do NCPC. Trata-se de um extenso e 
importante dispositivo. 
Primeiramente, vamos ao prazo! Vimos que o condenado será intimado para, no prazo de 15 dias, efetuar o 
pagamento espontâneo do valor devido. Caso não efetue o pagamento, sofrerá multa no valor de 10%, mais 
honorários também de 10% sobre o valor da condenação. Decorrido esse prazo, automaticamente inicia-se 
o prazo para a impugnação ao cumprimento de sentença. 
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 [15 dias para pagamento voluntário] 
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, 
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua 
IMPUGNAÇÃO. 
O §1º trata das matérias que podem ser alegadas em sede de impugnação ao cumprimento de sentença. 
Para a prova: 
 
Algumas observações em relação às hipóteses acima. 
No caso de alegação de excesso de execução, deverá o executado, ao impugnar, informar o valor que 
entende correto, mediante apresentação de um demonstrativo descriminado e atualizado dos valores. Caso 
não informe o valor que entende devido, a impugnação será liminarmente rejeitada. 
• falta ou nulidade da citação
• ilegitimidade da parte
• inexigibilidade do título ou obrigação
• penhora incorreta ou avaliação errônea
• excesso de execução ou cumulação indevida de execução
• incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução
• causa modificativa ou extintiva da obrigação
PODEM SER ALEGADOS EM IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
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A impugnação não possui, em regra, efeito suspensivo. Isso significa dizer que uma vez protocolada a petição 
de impugnação ao cumprimento de sentença, o prosseguirá. Nesse contexto, o §6º prevê que a apresentação 
da impugnação não impede a prática de atos executivos, inclusive atos de expropriação de bens do 
executado. 
Assim, o magistrado poderá, mesmo tendo uma impugnação em curso, determinar a transferência de 
dinheiro para o exequente, alienação de bens etc. Logo: 
 
Contudo, admite-se que, no caso concreto, o magistrado conceda efeito suspensivo à impugnação. A 
concessão do efeito suspensivo depende: 
1º – requerimento do executado; 
2º - oferecimento de garantia por intermédio de penhora, caução ou depósito; e 
3º - execução capaz de gerar grave dano de difícil ou incerta reparação. 
Se presentes as três condições acima, temos a possibilidade de concessão de efeito suspensivo à execução. 
Caso em que atos expropriatórios não podem ser executados. 
Contudo, mesmo com a concessão do efeito suspensivo, o exequente poderá dar seguimento à execução 
desde que o próprio exequente ofereça caução suficiente para garantir a execução. 
Sigamos! 
O §11 trata da ocorrência de fatos supervenientes e de questões referentes à validade e à adequação da 
penhora. Esses fatos podem ser arguidos em petição simples, ainda que já tenha decorrido o prazo para 
impugnar. Nesses casos, prevê o dispositivo que a parte poderá peticionar informando a ocorrência desses 
fatos supervenientes ou para tratar da validade e da adequação da penhora, no prazo de 15 dias, a contar 
da ciência do fato ou da intimação da penhora. 
Para a prova... 
 
a regra é que a impugnação não tenha efeito suspensivo
PODEM SER ALEGADOS APÓS O 
PRAZO PARA A IMPUGNAÇÃO
fatos supervenientes no prazo de 15 dias a 
contar da ciência
validade e adequação da penhora no prazo 
de 15 dias a contar da realização da 
penhora
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Poderá ser deduzida na impugnação ao cumprimento de sentença a inexigibilidade do título ou da 
obrigação. Em relação a essas situações, temos quatro §§ no art. 525. De acordo com esses dispositivos, 
constitui situação de inexigibilidade, caso a obrigação contida em título executivo judicial esteja fundada em 
lei ou em ato normativo declarado inconstitucional ou incompatível com a CF por decisão do STF. 
Independentemente dessa declaração se dar em controle abstrato ou difuso, o Código prevê que a obrigação 
será inexigível. 
Essa impugnação, entretanto, somente poderá ser apresentada até o trânsito em julgado da decisão 
exequenda. Após o trânsito, e em razão da imutabilidade da decisão no corpo do processo, a parte deverá 
ajuizar uma ação rescisória. 
Por fim, vejamos algumas questões sobre esse assunto: 
 
(FGV - 2017) Pedro promove ação de cobrança em face de José, pelo descumprimento de contrato de 
prestação de serviços celebrado entre as partes. 
O processo instaurado teve seu curso normal, e o pedido foi julgado procedente, com a condenação do 
réu a pagar o valor pleiteado. Não houve recurso e, na fase de cumprimento de sentença, o executado é 
intimado a efetuar o pagamento e pretende ofertar resistência. 
Sobre a postura adequada para o executado tutelar seus interesses, assinale a afirmativa correta. 
a) Deve oferecer embargos à execução e, para tanto, deverá garantir o juízo com penhora, depósito ou 
caução. 
b) Deve oferecer impugnação à execução, devendo garantir o juízo com penhora, depósito ou caução. 
c) Deve oferecer embargos à execução, sem a necessidade de prévia garantia do juízo para ser admitido. 
d) Deve oferecer impugnação à execução, sem a necessidade de prévia garantia do juízo com penhora. 
Comentários 
Na fase de cumprimento de sentença, o meio adequado para o devedor se opor aos requerimentos do credor 
é a impugnação à execução, e não os embargos à execução. 
Além disso, a lei processual não exige que o devedor preste caução no ato de oferecimento da referida 
impugnação, exigindo-a, apenas, quando nela houver requerimento para que os atos executivos sejam 
suspensos. 
Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. 
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(FGV - 2012) Com base no CPC, assinale a afirmativa correta: 
a) A sentença arbitral, de acordo com o CPC, possui natureza de título executivo extrajudicial e poderá ser 
liquidada ou executada, conforme o caso, perante o juízo cível competente, hipótese na qual o mandado 
inicial incluirá a ordem de citação do devedor. 
b) O executado, nas obrigações de pagar quantia certa ou já fixada em liquidação, poderá oferecer 
impugnação para rediscutir qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, desde que 
superveniente à sentença. 
c) O CPC prevê que o juiz não pode atribuir efeito suspensivo aos embargos quando ficar demonstrado que 
o prosseguimento da execução manifestamente pode causar ao executado grave dano de difícil ou incerta 
reparação o que não ocorre na impugnação, tendo em vista que nesta modalidade de defesa está prevista, 
expressamente, a impossibilidade de concessão de efeitos suspensivos em quaisquer hipóteses. 
d) A concessão de efeito suspensivo nos embargos do executado obsta o prosseguimento da execução 
principal, impedindo, inclusive, a efetivação dos atos de penhora e avaliação dos bens. 
Comentários 
A alternativa A estáincorreta. Conforme o art. 515, VII, do NCPC, a sentença arbitral, possui natureza de 
título executivo judicial. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o art. 525, §1º, VII, do NCPC. 
A alternativa C está incorreta. A impugnação também pode sofrer atribuição de efeitos suspensivos. 
A impugnação não terá, em regra, efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe, excepcionalmente, tal efeito 
desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível 
de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. 
A alternativa D está incorreta. Com base no §5º, do art. 919, da Lei nº 13.105/15, a concessão de efeito 
suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de 
avaliação dos bens. 
-- 
(FGV - 2019) Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, José ajuizou ação contra Luiza, postulando 
uma indenização de R$100.000 (cem mil reais), tendo o pedido formulado sido julgado integralmente 
procedente, por meio de sentença transitada em julgado. 
 Diante disso, José deu início ao procedimento de cumprimento da sentença, tendo Luiza (executada) 
apresentado impugnação, a qual, no entanto, foi rejeitada pelo respectivo juízo, por meio de decisão 
contra qual não foi interposto recurso no prazo legal. Prosseguiu-se ao procedimento do cumprimento da 
sentença para satisfação do crédito reconhecido em favor de José. 
Ocorre que, após o trânsito em julgado da sentença exequenda e a rejeição da impugnação, o Supremo 
Tribunal Federal proferiu acórdão, em sede de controle de constitucionalidade concentrado, 
reconhecendo a inconstitucionalidade da lei que fundamentou o título executivo judicial que havia 
condenado Luiza na fase de conhecimento. 
Diante da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a situação hipotética, Luiza poderá 
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A) interpor recurso de agravo de instrumento contra decisão que rejeitou sua impugnação, mesmo já tendo 
se exaurido o prazo legal para tanto, uma vez que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a 
inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença exequenda. 
B) interpor recurso de apelação contra decisão que rejeitou sua impugnação, mesmo já tendo de ser exaurido 
o prazo legal para tanto, uma vez que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei 
que fundamentou a sentença exequenda. 
C) oferecer nova impugnação ao cumprimento da sentença, alegando a inexigibilidade da obrigação, tendo 
em vista que, após o julgamento da sua primeira impugnação, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a 
inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença proferida na fase de conhecimento, que serviu de 
título executivo judicial. 
D) ajuizar ação rescisória, em virtude de sentença estar fundada em lei julgada inconstitucional pelo Supremo 
Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade. 
Comentários 
Nessa questão foi cobrado um conhecimento muito específico de cumprimento de sentença. 
O art. 525, do CPC, trata da impugnação à execução. Uma das matérias passíveis de alegação na impugnação 
é a inexequibilidade do título ou inexegibilidade da obrigação. Prevê o §12, do art. 525, que é considerada 
inexegível a obrigação reconhecida em título executivo judicial (decisão judicial) fundada em lei ou ato 
normativo considerado inconstitucional. Observe que é exatamente o caso narrado na questão. Ocorre que 
há mais um detalhe, a decisão já transitou em julgado! Diante disso, cabe ação rescisória com base no §15, 
do art 525. Vejamos os dispositivos: 
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação 
reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo 
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo 
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de 
constitucionalidade concentrado ou difuso. 
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá 
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. 
Sigamos! 
O art. 526, do NCPC, na sequência, traz uma regra interessante. Nós estudamos, no art. 523, que a parte será 
intimada para cumprir espontaneamente a obrigação de pagar quantia certa no prazo de 15 dias, sob pena 
de incidir multa de 10% e acrescidos de 10% em honorários advocatícios. 
A fim de evitar a multa e até mesmo com a finalidade de prontamente realizar o pagamento do débito, o art. 
526, do NCPC, prevê a possibilidade de o devedor efetuar o pagamento antes mesmo de ser intimado. 
Nesse caso, deverá apresentar um resumo do cálculo do montante devido nos autos e efetuar o pagamento. 
Em seguida, o magistrado irá intimar a parte credora para que se manifeste no prazo de cinco dias. Nessa 
manifestação, o credor poderá: 
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 levantar os valores e nada opor. 
Nesse caso, o juiz declarará satisfeita a obrigação e o processo será definitivamente extinto. 
 se opor em relação ao valor apurado pelo devedor. 
Nesse caso, o processo prosseguirá em relação à diferença, com possibilidade de aplicação 
da multa e majoração dos honorários, caso demonstrada e o juiz decidir pela insuficiência. 
8 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de prestar alimentos 
Na sequência, vamos abordar os arts. 528 a 535, do NCPC, que tratam de um assunto específico. Vamos 
tratar do cumprimento de sentença de alimentos. Trata-se de uma ação específica que tem por finalidade 
prover a subsistência de quem a pleiteia no polo ativo da ação, de modo que o cumprimento assume algumas 
particularidades, conforme estudaremos a seguir. 
Para começar, é relevante saber que a condenação poderá advir da sentença, que é a decisão judicial que 
põe fim ao procedimento específico da ação de alimentos, mas pode decorrer também de decisão 
interlocutória no curso do processo, antes mesmo da sentença, como uma forma de antecipação do pedido. 
Independentemente da decisão que concede o pedido, é relevante que você saiba que uma vez determinado 
pelo juiz o pagamento de verba alimentícia, o réu tem três possibilidades: 
1ª – iniciar o pagamento no prazo de 3 dias. 
2ª – justificar a impossibilidade de pagamento no prazo de 3 dias. 
Nesse caso, o juiz irá avaliar a escusa, deferindo ou não a impossibilidade de pagamento. 
3ª – nada fazer. 
Vamos aprofundar um pouco a 3ª hipótese. Uma vez decorrido o prazo de 3 dias para que o réu pague o 
débito, sem qualquer manifestação, o juiz irá determinar o protesto em registro da sentença não observada. 
Registre-se que, ao contrário do que tivemos no art. 517 sobre o protesto judicial, o próprio juiz determinará 
o protesto, independentemente de qualquer manifestação do autor alimentando. 
Além do protesto, no §3º, do art. 528, temos a possibilidade de prisão civil do réu que não cumprir com 
pensão alimentícia. Veja: 
§ 3o Se o executado NÃO pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, 
além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a 
prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 
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§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos 
comuns. 
§ 5o O cumprimento da pena NÃO exime o executado do pagamento das prestações 
vencidas e vincendas. 
Assim... 
 
A prisão civil será decretada, em regime fechado, pelo prazo de 1 a 3 meses, que não eximiráo executado 
do cumprimento da prestação alimentícia. 
Se o réu estiver preso e, durante o período recluso, houver o pagamento, será suspensa a prisão civil. 
Além disso, a ordem de prisão será determinada para que haja o pagamento de até três parcelas atrasadas 
e as que vencerem no curso do processo. 
Veja um exemplo: 
O autor da ação de alimentos requer tutela provisória de urgência a partir do atraso no pagamento das 
últimas cinco parcelas de alimentos acordadas e devidas. O juiz concede a medida em caráter antecipado. 
Intimado, o pai – réu na ação –, não efetua o pagamento nem a justificativa no prazo de três dias. O 
magistrado, diante disso, determina o protesto do valor devido e a prisão civil do réu pelo prazo de dois 
meses. Vamos supor que entre o ajuizamento e a prisão do réu há o vencimento de mais uma parcela. Nesse 
caso, para que o réu seja beneficiado com a suspensão da prisão, deverá efetuar o pagamento das três 
parcelas vencidas a contar do ajuizamento da ação e a que venceu no curso do processo. 
O §7º do art. 528 do NCPC internalizou o conteúdo da Súmula STJ 309. 
Vamos entender o porquê dessa regra. 
O débito de natureza alimentar recebe tratamento específico porque é urgente e essencial ao sustento, à 
vida. Diante disso, cria-se regra excepcional para viabilizar a prisão do devedor de alimentos como forma de 
coagi-lo. Por isso que, se o devedor não estiver pagando as prestações alimentares recentes poderá ser 
preso, pois, o credor necessita do alimento agora. 
Em relação aos débitos anteriores, não há mais a urgência, pois, por razões lógicas, o credor já teve o 
alimento provido por outros meios. Logo, não haveria sentido coagi-lo a pagar dívidas alimentares antigas 
por intermédio da prisão. Para essas dívidas existem outros meios previstos dentro do Código para execução 
forçada. 
NÃO CUMPRIU DA ORDEM DE PAGAMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA
protesto prisão civil
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Nesse contexto, independentemente do número de parcelas devidas, o devedor poderá ser preso caso esteja 
inadimplente em relação às últimas três parcelas a contar do ajuizamento da ação e em relação àquelas que 
vencerem no curso do processo. 
Desse modo, mesmo que haja atraso de uma única parcela, mas que se refira aos últimos três meses ou 
tenha vencido no curso da ação, admite-se a prisão civil. 
Interessante a regra, não?! 
Sigamos! 
Não obstante o procedimento específico, os §§ 8º e 9º tratam da possibilidade do réu se valer do 
procedimento comum de cumprimento de sentença, caso em que não será admitida a medida de prisão civil. 
Para encerrar a análise do art. 528, consigne-se que constitui faculdade ao autor promover o cumprimento 
da ação de alimentos no próprio domicílio, não obstante as regras do art. 516, do NCPC, que disciplinam 
expressamente as regras de competência para promover o cumprimento de sentença. 
No art. 529, do NCPC, temos a possibilidade de penhora dos salários do réu para fazer frente aos valores 
devidos a título de alimentos. Assim, quando o réu for servidor público, empregado público ou empregado 
privado regido pela CLT, poderá ter seu salário retido na fonte. 
Nesse caso, o juiz determina expedição de ofício para a autoridade responsável ou empregador do réu para 
que faça o desconto em folha na forma determinada sob pena de caracterização de crime de desobediência. 
Ainda em relação ao art. 529, é importante destacar que, além do valor mensal estipulado, é possível que o 
desconto em folha seja efetuado para, de forma parcelada, fazer frente ao montante do débito em razão de 
parcelas vencidas. Esse desconto, entretanto, não poderá superar 50% da remuneração do réu. 
Vamos retornar ao exemplo anterior! 
Tínhamos a hipótese de 5 parcelas vencidas e outra que venceu no curso do processo. Independentemente 
da determinação de protesto judicial e de prisão civil, o juiz poderá determinar o desconto em folha de até 
50% da remuneração. Se, hipoteticamente, o réu receber R$ 2.000,00 de remuneração, poderá ter 
descontado em folha até R$ R$ 1.000,00. 
Se a irresponsabilidade do genitor ficar patente nos autos, com procrastinação no cumprimento do dever de 
sustento da prole, o juiz poderá determinar o encaminhamento dos autos ao Ministério Público para 
promover ação criminal de abandono material. 
O art. 533, do NCPC, trata de uma situação especial de concessão de alimentos: a constituição de capital 
quando há condenação pela prática de atos ilícitos. Em situações de prática de atos ilícitos, se na 
condenação ao pagamento de pensão houver também inclusão de alimentos, é possível a determinação para 
constituição de capital. 
Vamos com calma! Veja o exemplo abaixo: 
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Determinado caminhoneiro se acidenta por falha na manutenção do veículo de responsabilidade da empresa 
e, nesse acidente, sofre incapacidade temporária que o inabilitará para o desempenho de suas funções por, 
pelo menos, 5 anos, podendo ficar nesse estado mais ou menos tempo a depender da evolução do seu quadro 
clínico. Esse caminhoneiro ainda pagava, com os rendimentos da atividade laboral desempenhada, pensão a 
uma filha que está sob responsabilidade da genitora. No caso, portanto, estamos diante de uma ação de 
indenização por ato ilícito que inclui também prestação alimentar. 
Na sentença, em razão do montante financeiro devido para pagamento das prestações mensais, o 
magistrado poderá determinar à empresa, ré na ação, que constitua capital. Dito de outra forma, poderá 
determinar à empresa que reserve parte do seu patrimônio para que, com os rendimentos, possa garantir o 
pagamento a longo prazos dos valores devidos. 
Exemplificativamente é isso que disciplina o art. 533, do NCPC. 
Uma alternativa à constituição de capital pela empresa é o desconto em folha de pagamento de pessoa 
jurídica. Nesse caso, entretanto, há de se verificar se há a “notória capacidade econômica” da empresa. Vale 
dizer, é necessário constatar na prática que a empresa possui boas condições financeiras e que, dificilmente, 
não terá capacidade de pagamento da pensão cumulada com prestação alimentícia. Nesse caso, não será 
necessário constituir capital. 
Com isso, finalizamos a análise do cumprimento que envolve prestações alimentícias. 
9 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública 
Novamente vamos analisar um tópico específico de cumprimento de sentença. Nos arts. 534 e 535, ambos 
do NCPC, temos regras aplicáveis ao cumprimento de sentença de pagar quantia certa pela Fazenda Pública. 
Ou seja, é o cumprimento de sentença promovido contra a Fazenda Pública. 
Às condenações contra a Fazenda Pública não se aplica a multa de 10% em caso de não pagamento 
espontâneo no prazo de 15 dias. 
É importante destacar que não há nada referente ao não pagamento dos honorários advocatícios, pelo que 
devemos concluir que é possível a condenação em honorários advocatícios na fase de cumprimento de 
sentença contra a Fazenda Pública. 
Não temos a aplicação da multa porque o procedimento para pagamento da Fazenda Pública é um pouco 
diferente da prática. 
Portanto, da sentença, a Fazenda Pública será intimada para impugnar a execução no prazo de 30 dias, 
podendo alegar as mesmas matérias que vimos no art. 525, do NCPC: 
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Em sentido semelhante ao já estudado em relação ao cumprimento de sentença regular, a Fazenda Pública 
poderá alegar excesso de execução, hipótese em que deverá informar o valor que entende correto, mediante 
apresentação de um demonstrativo descriminado e atualizado dos valores. 
Caso não haja impugnação ou se a impugnação for rejeitada, será determinada a expedição de precatório 
ou de requisição de pequenovalor. 
Em regra, as condenações contra a Fazenda Pública são pagas mediante precatórios, cujo regramento é 
estudado em Direito Constitucional, no art. 100. Como o procedimento de pagamento via precatório é lento, 
quando o valor a receber for de pequena monta, adota-se o denominado RPV, Requisição de Pequeno Valor. 
Para que determinado crédito seja incluído como RPV ele não poderá ultrapassar o montante de 60 salários-
mínimos. 
Assim: 
 
O §4º trata da impugnação parcial. Nesse caso, a parte não impugnada poderá ser, desde logo, executada. 
Aqui temos a mesma regra que vimos lá no art. 525, do NCPC, sobre a inexigibilidade de título ou de 
obrigação. Portanto, a leitura atenta é o suficiente. 
Finalizamos mais um ponto relevante sobre o cumprimento de sentença. 
• falta ou nulidade da citação
• ilegitimidade da parte
• inexigibilidade do título ou obrigação
• excesso de execução ou cumulação indevida de execução
• incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução
• causa modificativa ou extintiva da obrigação
PODEM SER ALEGADOS EM IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
PAGAMENTO DE CONDENAÇÃO CONTRA FAZENDA PÚBLICA
se superior a 60 salários mínimos
precatório
se igual ou inferior a 60 salários mínimos
RPV
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10 - Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa 
Nos dispositivos finais sobre cumprimento de sentença vamos estudar os arts. 536 a 538, do NCPC, para 
analisar o cumprimento de sentença em relação às obrigações de fazer ou de não fazer e em relação às 
obrigações de entregar coisa. 
Além disso, precisamos destacar uma alteração legislativa. Como veremos nas obrigações de fazer, de não 
fazer ou de entregar coisa o Princípio a especificidade da execução deve ser observado. 
O interesse do credor é exatamente a prestação pretendida. A ideia é que o juiz utilize os meios indutivos, 
coercitivos, mandamentais ou sub-rogatórios a fim de cumpri-la efetivamente. 
A lei 14.833/2024 acrescentou um parágrafo único ao art. 499 do Código de Processo civil e trouxe uma nova 
chance para o devedor cumprir a prestação pretendida antes da conversão em perdas e danos. 
Vejamos o art. 499: 
Art. 499. A obrigação SOMENTE será convertida em perdas e danos se o autor o requerer 
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente. 
Parágrafo único. Nas hipóteses de responsabilidade contratual previstas nos arts. 441, 618 
e 757 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e de responsabilidade 
subsidiária e solidária, se requerida a conversão da obrigação em perdas e danos, o juiz 
concederá, primeiramente, a faculdade para o cumprimento da tutela específica. 
(Incluído pela Lei nº 14.833, de 2024) 
O Art. 441 do Código Civil trata dos vícios redibitórios que são vícios ou defeitos ocultos, em coisa recebida 
em contrato comutativo, que torna a coisa imprópria ou lhe diminua o valor. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios 
ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o 
valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
O art. 618 do Código Civil trata da responsabilidade nos contratos de empreitada. 
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o 
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, 
pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. 
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Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não 
propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento 
do vício ou defeito. 
O art. 757 do Código Civil se refere aos contratos de seguro. 
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do 
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos 
predeterminados. 
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, 
entidade para tal fim legalmente autorizada. 
A nova lei inclui, ainda, casos que envolvam responsabilidade solidária ou subsidiária. 
Nesses casos, havendo o requerimento de conversão em perdas e danos o juiz deverá permitir que o 
responsável cumpra a obrigação contratual antes de deferir a conversão. 
O Art. 441 do Código Civil trata dos vícios redibitórios que são vícios ou defeitos ocultos, em coisa recebida 
em contrato comutativo, que torna a coisa imprópria ou lhe diminua o valor. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios 
ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o 
valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
O art. 618 do Código Civil trata da responsabilidade nos contratos de empreitada. 
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o 
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, 
pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. 
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não 
propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento 
do vício ou defeito. 
O art. 757 do Código Civil se refere aos contratos de seguro. 
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do 
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos 
predeterminados. 
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, 
entidade para tal fim legalmente autorizada. 
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A nova lei inclui, ainda, casos que envolvam responsabilidade solidária ou subsidiária. 
Nesses casos, havendo o requerimento de conversão em perdas e danos o juiz deverá permitir que o 
responsável cumpra a obrigação contratual antes de deferir a conversão. 
10.1 - Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de 
Obrigação de Fazer ou de Não Fazer 
No caso de obrigações de fazer ou de não fazer a condenação do magistrado será para a prática da tutela 
específica (ou seja, fazer ou não fazer) ou obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. 
Por exemplo, em um contrato não executado de prestação de serviços de pintura, o juiz poderá determinar 
que o pintor execute (obrigação de fazer) a pintura na forma acordada pelas partes ou, alternativamente, a 
determinação de que a pintura seja realizada por terceiro às custas do réu (resultado prático equivalente). 
Se necessário, o juiz poderá determinar a expedição de mandado de busca e apreensão para cumprimento 
da obrigação, devendo ser cumprido por dois oficiais de justiça. 
Além disso, é fundamental que você saiba que o não atendimento à determinação judicial no mandado de 
busca e apreensão implica litigância de má fé. 
Para encerrar a parte referente ao cumprimento de sentença vamos estudar as astreintes, que é a multa 
pecuniária pelo não cumprimento da obrigação de fazer ou de não fazer. 
Essa multa pode ser aplicada em qualquer momento do procedimento (fase de conhecimento ou de 
execução). O magistrado deverá fixar a multa em valor compatível, suficiente e por prazo razoável a fim de 
compelir o devedor a cumprir a obrigação. 
O valor da multa poderá ser: 
 alterado, com aumento ou redução da multa; 
 excluído, caso se torne insuficiente, ou excessivo, ou se houver cumprimento parcial ou 
suficiente da obrigação. 
Vejamos algumas questões sobre o assunto:ESTRATÉGIA OAB 
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(FGV - 2015) X contratou um plano de saúde com cobertura integral e sem carência junto à operadora 
Saúde 100%, em 19 de outubro de 2012. Seis meses depois, precisou se submeter a uma cirurgia na coluna, 
mas o plano se negou a cobri-la, sob alegação de que tal procedimento não estava previsto em contrato. 
Inconformado, X ajuizou ação visando ao cumprimento forçado da obrigação, demanda essa distribuída 
perante a 10ª Vara Cível da comarca do Rio de Janeiro, de titularidade do magistrado Y. Após regular 
tramitação, o pedido autoral foi julgado procedente, tendo em sentença sido fixado o prazo de 10 dias 
para a efetivação da cirurgia, sob pena de multa de R$ 1.000,00 por dia de atraso. Três meses depois do 
trânsito em julgado, e ainda não tendo sido cumprida a obrigação, X requereu a majoração da multa diária, 
pedido este indeferido pelo juiz Y, sob alegação de estar impedido de atuar por força da coisa julgada 
material. 
Sobre os fatos, assinale a afirmativa correta. 
a) O magistrado agiu corretamente, cabendo ao autor apenas cobrar a multa vencida. 
b) A multa poderia ser aumentada, ou até mesmo substituída por outra medida de apoio mais efetiva, a fim 
de concretizar o direito do autor. 
c) A multa somente poderia ser aumentada se o autor conseguisse modificar a sentença por meio de uma 
ação rescisória. 
d) A multa não poderia ser aumentada, mas o juiz poderia condenar a empresa ré a pagar danos morais ao 
autor. 
Comentários 
A multa prevista no art. 537, do NCPC, tem por objetivo forçar o devedor a cumprir rapidamente a obrigação, 
de modo que cada dia de atraso implica no aumento do valor por ele devido. 
Com o intuito de melhorar essa função, a lei processual autoriza o magistrado a modificar a periodicidade 
ou o valor da multa sempre que a considerar insuficiente ou excessiva, adequando-a ao caso submetido à 
sua apreciação. Vejamos o §1º, I, do art. 537, da referida Lei: 
Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão. 
-- 
(FGV - 2015) Em 21/08/2012, Felipe, empresário do ramo de restaurantes, contratou, por R$ 20 mil, 
mediante pagamento à vista, os serviços de içamento por guindaste da empresa Júnior e Júnior Ltda., a 
fim de que uma grande piscina fosse levada à cobertura de seu prédio. No contrato, restou definido que 
todos os serviços deveriam ser executados até o dia 05/11/2012, vez que Felipe havia programado uma 
festa de inauguração de seu mais novo empreendimento para 10/11/2012. Em 07/11/2012, sem que os 
serviços fossem executados, Felipe procura seu advogado, que ajuíza uma ação judicial. 
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
a) O juiz poderá fixar multa periódica (astreintes) para a efetivação da obrigação de se realizar os serviços de 
içamento, mesmo que não tenha havido pedido específico do autor nesse sentido. 
b) Fixado o valor da multa periódica por decisão judicial irrecorrida, seu montante não poderá ser alterado 
por força da preclusão temporal. 
c) O montante da multa periódica não poderá ultrapassar o do valor da causa, sob pena de enriquecimento 
ilícito de Felipe. 
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d) Fixadas as astreintes pelo juiz, fica vedada a posterior cominação de multa por litigância de má-fé no 
mesmo processo, por se tratarem, ambas, de sanções de natureza processual. 
Comentários 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 537, do NCPC. 
A alternativa B está incorreta. De acordo com o §1º, I, do art. 537, da referida Lei, o valor da multa sempre 
poderá ser alterado pelo juiz quando for verificado que o seu valor se tornou insuficiente ou excessivo. 
A alternativa C está incorreta. Não há qualquer vedação legal a que o montante da multa ultrapasse o valor 
da causa. 
A alternativa D está incorreta. Não a vedação que se aplique, em um mesmo processo, a multa diária para 
coagir o devedor a cumprir a obrigação (astreintes) e a multa por litigância de má-fé, haja vista que ambas 
possuem naturezas diversas. 
10.2 - Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de 
Obrigação de Entregar Coisa 
Em relação ao cumprimento de obrigação de entregar coisa, devemos distinguir a entrega de coisa móvel ou 
imóvel. 
Caso não cumprida a determinação de entrega conforme prescrito na sentença, surge a possibilidade de 
expedição de mandado de busca e apreensão. 
Quando se tratar de bem móvel expede-se o mandado de busca e apreensão para, conforme o nome já nos 
indica, apreender o bem imóvel e entregá-lo a quem é de direito. 
Quando se tratar de bem imóvel, haverá expedição de mandado de imissão na posse do réu a fim de reparar 
o esbulho na posse. O esbulho é o ato por meio do qual a pessoa é privada de bem do qual seja proprietário 
ou tenha a posse. 
Os dispositivos acima tratam das benfeitorias. As benfeitorias são todas as obras realizadas em um bem, com 
o intuito de conservação ou de melhora do bem. As benfeitorias podem ser: necessárias, úteis ou 
voluptuárias. 
Caso no imóvel ocupado contenha alguma benfeitoria, o réu deverá alegar na contestação a existência da 
benfeitoria, discriminando o que foi feito e indicando o valor. 
Caso o processo esteja na fase de conhecimento, há a possibilidade de retenção do bem a fim de que seja 
ressarcido o valor gasto em benfeitorias. 
Com isso, finalizamos o conteúdo de cumprimento de sentença! 
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PRECEDENTES 
1 - Noções iniciais 
A questão dos precedentes do NCPC passa, primeiramente, pela compreensão de que o nosso sistema é 
baseado na civil law. Não é correto afirmar que estamos em direção a um sistema de comom law. Isso porque 
ambos os sistemas possuem vários pontos convergentes que permitem que tenhamos, dentro do nosso 
sistema atual, uma unificação no tratamento das decisões judiciais. 
A ideia foi conferir segurança jurídica a partir de outros julgados, muitas vezes praticamente idênticos ao 
processo sob análise. Não é admissível que, dentro do mesmo tribunal, tenhamos vários posicionamentos 
díspares. 
Além disso, essa padronização permite que os tribunais superiores reduzam o volume de processos, além de 
conferir aos tribunais de segunda instância (TJs e TRFs) maiores poderes e a capacidade de organizar um 
entendimento uniforme. 
A ideia, portanto, não é tornar nosso sistema um sistema de comom law, mas conferir estabilidade, 
previsibilidade e padronização para o julgamento dos processos perante o tribunal. 
Ainda dentro desses conceitos introdutórios, é importante que façamos a distinção entre precedentes, 
jurisprudência e súmulas. 
Precedentes e jurisprudência não são sinônimos. 
Os PRECEDENTES são qualquer julgamento que possa ser utilizado como fundamento de um outro 
julgamento, que será posteriormente proferido. Assim, sempre que um juiz ou colegiado utilizar julgamentos 
anteriores como razão de decidir do processo, essa decisão será denominada de precedente. 
Ainda, é importante saber que quando a decisão se limita à aplicação direta da legislação, essa decisão não 
poderá ser considerada como precedente. O procedente exige que haja um poder argumentativo e 
interpretativo do órgão prolator. 
Esses vários precedentes formam a jurisprudência de determinado órgão judiciário. Assim, a 
JURISPRUDÊNCIA pode ser conceituada como o resultado de várias decisões judicias no mesmo sentido 
sobre uma mesma matéria proferida pelos tribunais. Logo, jurisprudência é o somatório de precedentes no 
mesmo sentido. 
A jurisprudência, portanto, é a consolidação de determinado entendimento extraído a partir de diversos 
precedentes sobre determinada matéria no mesmo sentido. 
Por fim, compreende-se como SÚMULA a consolidação objetiva da jurisprudência. Assim, o tribunal, ao 
reconhecer que já há um entendimentocom fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
Em termos simples, esse dispositivo explica que a sentença pode ser várias coisas: 
 Aquilo que os procedimentos especiais entendem por sentença. Assim, cada uma das 
ações especiais pode prever regras específicas para o conceito de sentença. 
 Sentença é o pronunciamento do juiz que põe fim à fase cognitiva do procedimento 
comum, com ou sem resolução do mérito. 
 Sentença é, também, o pronunciamento do juiz que extingue a execução, tal como o 
cumprimento ou o pagamento da obrigação. 
Em síntese... 
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Esse é o conceito de sentença extraído do NCPC. Cumpre registrar, entretanto, que essa decisão poderá ser 
proferida por um juiz singular, quando efetivamente é denominada de sentença ou, pelo tribunal, quando é 
denominada de acórdão. Ademais, ainda no âmbito do tribunal, temos a possibilidade de decisões 
unipessoais por um dos membros dos colegiados (decisões monocráticas), quando admitido pela lei ou pelo 
regimento interno. 
Para arrematar, vejamos um conceito doutrinário de sentença1: 
A sentença é um ato jurídico do qual decorre uma norma jurídica individualizada, ou 
simplesmente norma individual, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por 
exemplo) em razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada. 
1.2 - Sentença terminativa e definitiva 
A sentença terminativa é aquela que encerra a fase cognitiva sem julgar o mérito e que está descrita no art. 
485, do NCPC. 
A sentença definitiva é aquela que encerra a fase cognitiva com o enfrentamento do mérito na forma do art. 
487, do NCPC. 
Segundo a doutrina: 
 
1 JR. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, 18ª edição, rev., atual. e ampl., Bahia: Editora JusPodvim, 
2016, p. 317. 
SENTENÇA
aquilo que o procedimento 
especial disciplinar como 
sentença
no procedimento comum é o 
pronunciamento que põe fim 
à fase cognitiva
pronunciamento que extingue 
a execução
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Sentença terminativa 
Veja um conceito doutrinário2: 
Sentença terminativa é aquela que não aprecia o fundo do litígio, extinguindo o processo 
sem resolução de mérito. Sobre ela se forma apenas a preclusão temporal (também 
conhecida como coisa julgada formal), sinalizada com o trânsito em julgado da decisão, que 
representa a impossibilidade de rediscussão das questões decididas dentro do processo 
em que foi proferida. 
O art. 485, do NCPC, trata das hipóteses em que o juiz encerrará a fase de conhecimento sem julgamento do 
mérito. Leia com a máxima atenção: 
 
Vamos analisar cada uma das hipóteses: 
(i) INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. 
De acordo com o art. 330, do NCPC, são várias as situações nas quais temos o indeferimento da petição 
inicial. Implica o indeferimento da petição inicial: 
a) a inépcia, ou seja, quando faltar pedido ou causa de pedir, quando o pedido for 
indeterminado e não for hipótese legal de pedido genérico, quando dos fatos narrados pelo 
autor não decorre logicamente a conclusão e quando a petição contiver pedidos 
incompatíveis. 
b) a manifesta ilegitimidade da parte. 
 
2 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, 
rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 566. 
SENTENÇA TERMINATIVA sem análise do mérito art. 485, do NCPC
SENTENÇA DEFINITIVA com análise do mérito art. 487, do NCPC
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c) a falta de interesse processual. 
d) a não indicação do endereço para a citação do réu e o não cumprimento, pelo autor, 
da determinação de emenda à inicial. 
(ii) Negligência das partes (ambas). 
Para caracterização da negligência no processo, basta que este permaneça parado por negligência das 
partes por MAIS de 1 ANO, desde que as partes sejam intimadas para que deem andamento ao processo e 
não o façam. 
Nesse caso, o juiz determinará que ambas as partes paguem proporcionalmente o valor das custas, segundo 
o que disciplina o §2º, do art. 485, do NCPC. 
(iii) Abandono da causa (pelo autor). 
O abandono da causa pela parte autora configura-se quando a parte, de forma deliberada, não promove os 
atos e as diligências que lhe incumbir por prazo SUPERIOR a 30 DIAS, desde que as partes sejam intimadas 
para que deem andamento ao processo. 
Nesse caso, o juiz determinará que a parte autora arque com as custas do processo e com os honorários do 
advogado, segundo o que disciplina o §2º, do art. 485, do NCPC. 
Tanto na hipótese de negligência como na de abandono da causa as partes devem ser intimadas 
PESSOALMENTE para se manifestarem no prazo de CINCO DIAS, antes do decreto judicial de extinção. É o 
que estabelece o §1º, do art. 485, do NCPC. 
(iv) Ausência de pressupostos processuais como requisito de existência e validade do processo. 
Segundo a doutrina, os “pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de 
validade e as condições de eficácia do procedimento”3. 
Assim: 
 
 
3 DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, 18ª edição, Bahia. Editora Jus Podvim, 2016, 2016, p. 312. 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
elementos de existência
requisitos de validade
condições de eficácia do procedimento
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Os elementos de existência são chamados, por grande parte da doutrina, de pressupostos processuais, que 
serão aqui considerados como pressupostos processuais em sentido estrito (stricto sensu). 
Assim, para que o processo seja constituído com todos os seus pressupostos é importante que os “elementos 
de existência” estejam configurados. 
Um processo somente existirá se existirem os sujeitos principais do processo – parte autora e parte ré – e o 
juiz. Sem eles, não há processo. Esse é um elemento de existência do processo, também conhecido como 
pressuposto de existência. 
Uma vez existente o processo, podemos discutir a sua validade. Dito de outra forma, para que o processo 
transcorra validamente, as partes devem ter capacidade de estarem no processo, com capacidade processual 
e com jurisdição. 
Assim... 
 
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Assim, na hipótese de o juiz do processo não ter jurisdição para julgá-lo, faltar capacidade da parte ou não 
existir uma demanda efetivamente para ser julgada, temos a hipótese de extinção da fase de cognição por 
faltar pressuposto de existência do processo. 
Além disso, quando o juiz for incompetente, faltar capacidade processual ou legitimidade ad causam, ou 
ocorrer perempção, litispendência, ou coisa julgada, ou a parte não tiver interesse de agir, a fase de cognição 
será encerrada sem julgamento do mérito. O mesmo ocorre quando for reconhecida a existência da 
convenção de arbitragem. 
Portanto, a falta de pressuposto processual abrange os incs. IV, V e VII, do art. 485, do NCPC. 
(v) AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE PROCESSUAL. 
Para postular em juízo é necessário ter legitimidade e interesse. Caso a parte que tenha ingressado em juízo 
não tiver legitimidade ou interesse haverá extinção da fase de cognição sem análise do mérito da causa. 
(vi) DESISTÊNCIA DA AÇÃO. 
Se as partes desistirem da ação, encerra-se a fase de conhecimento do processo sem a análise do mérito. 
A desistência da ação poderá ocorrer em três momentos distintos: 
PRESSUPOSTOS 
PROCESSUAIS
pressupostos de 
existência
subjetivos
juiz - investido de jurisdição
parte - capacidade de ser parte
objetivos existência de demanda
requisitos de 
validade
subjetivos
juiz - competência emajoritário acerca de determinada questão jurídica, poderá 
formalizar o entendimento em um enunciado de súmula, tornando aquela compreensão objetiva. 
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Assim, em termos de evolução do entendimento a partir de julgamentos, temos a seguinte evolução na 
consolidação do entendimento: 
 
Em síntese: 
 
Vistos esses conceitos iniciais, vamos analisar o art. 926, do NCPC: 
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e 
coerente. 
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os 
tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência 
dominante. 
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas 
dos precedentes que motivaram sua criação. 
De acordo com o art. 926, do NCPC, os tribunais devem uniformizar o entendimento da jurisprudência 
mantendo-a estável, íntegra e coerente. Além disso, a partir da jurisprudência consagrada e de acordo com 
os parâmetros estabelecidos no regimento interno, os tribunais irão adotar enunciados de súmula, 
observando os precedentes decididos pela corte. 
Assim, em relação às súmulas: 
precedente
jurisprudência
súmula
PRECEDENTE
decisões anteriores 
utilizados como 
justificativa de 
entendimento anterior
JURISPRUDÊNCIA
resultado de várias 
decisões judicias no 
mesmo sentido sobre 
uma mesma matéria 
proferida pelos tribunais
SÚMULA
consolidação objetiva 
da jurisprudência
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Ainda em relação ao art. 926, do NCPC, cumpre compreender o que é essa jurisprudência estável, íntegra e 
coerente. Isso depende, preliminarmente, de decisões racionais, que se afastem das convicções pessoais dos 
julgadores. 
Jurisprudência estável envolve a consolidação de entendimentos, que não podem ser modificados sem 
justificativas plausíveis. Princípios como a isonomia e a segurança jurídica impõe que a alteração de 
jurisprudência anterior seja feita com justificativa séria, palatável e racionalmente exposta. 
Jurisprudência íntegra envolve o respeito às decisões anteriores que envolvem a mesma matéria jurídica. 
Assim, todos os fundamentos apresentados devem ser objeto de análise para firmar o entendimento 
majoritário. 
Jurisprudência coerente reflete a ideia de isonomia de entendimento em relação a casos semelhantes ou 
que abordem teses jurídicas semelhantes. O tribunal deve, portanto, observar de forma coerente casos 
análogos. 
Na sequência, confira o art. 927 que trata dos denominados precedentes obrigatórios. 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas 
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional 
e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
A ideia aqui é simples: com essa nova sistemática processual, temos a formação de precedentes vinculativos 
dentro do Poder Judiciário. Se observadas as qualidades acima estudas, os seguintes precedentes possuirão 
eficácia vinculativa: 
• a regulamentação contida nos regimentos internos;
• as circunstâncias fáticas dos precedentes que motivam a criação do entendimento.
OS TRIBUNAIS DEVEM OBSERVAR NA EDIÇÃO DAS SÚMULAS
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Vamos analisar cada uma das hipóteses acima?! 
(1) Em relação às decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade, cumpre observar que, à 
luz do art. 102, §2º, da CF, há entendimento no sentido de que as decisões definitivas de mérito, proferidas 
pelo STF nas ADI e nas ADC, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais 
órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal. 
Além disso, tal regulamentação consta expressamente na Lei nº 9.868/1999. 
Essas normas estabelecem a eficácia erga omnes da coisa julgada material dessas decisões. 
O art. 927, I, do NCPC, por sua vez, determina a eficácia vinculante dos fundamentos determinantes da 
decisão de mérito, consignando expressamente a teoria amplamente aplicada em relação às ações de 
constitucionalidade quanto à transcendência dos motivos determinantes. É a ideia de que a fundamentação 
utilizada pelo STF em sede de controle de constitucionalidade vincula toda a atuação do Poder Judiciário. 
Apenas para registrar, a revogação de súmula é admissível: 
 por superação de entendimento; 
 pela superveniência de lei; ou 
 pela mudança de posicionamento do tribunal. 
Para tanto, o tribunal, à luz do seu regimento interno, poderá alterá-las, realizando, inclusive, audiências 
públicas e admitindo amicus curiae na forma do art. 927, §2º, do NCPC. 
(2) Em relação à Súmulas Vinculantes, não há a necessidade de trazer maiores explicações. Aprovada a 
súmula, seguindo o art. 103-A, da CF, ela torna-se de observância obrigatória em relação aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta de todos os entes federados. 
(3) No inciso III temos a fixação de obrigatoriedade de observância dos acórdãos em IAC e IRDR em recursos 
extraordinário ou especial, assuntos que serão melhor explorados adiante. 
• decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
• enunciados de Súmula Vinculante;
• acórdão em incidente de assunção de competência e resolução de demandas repetitivas
em recursos extraordinário ou especial;
• enunciados do STF em matéria constitucional do STJ em matéria infraconstitucional;
• orientação do plenário do órgão em relação a julgadores vinculados.
PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS
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(4) Em relação aos enunciados do STF, em matéria constitucional, e do STJ, em matéria infraconstitucional, 
fixou-se uma regra geral segundo a qual todos os entendimentos sumulados dos órgãos de superposição são 
vinculativos. 
(5) No que atine às decisões do plenário do órgão colegiado em relação aos julgadores vinculados, temos 
previsão expressa de que são precedentes vinculativos no âmbito dos tribunais de segunda instância. 
Por exemplo, as decisões do plenário do TJ-SP são vinculativas em relação aos seus juízes. Do mesmo modo, 
as decisões do plenário do TRF da 4ª Região são vinculativas em relação aos juízes federais abrangidos (dos 
estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul). 
2 - Ratio decidendi e obiter dicta 
Para compreender os dispositivos acima, devemos tratar sobre obiter dicta e ratio decidendi. 
Ao adotar um sistema de precedentes, vamos nos deparar com os fundamentos e as razões de decidir de 
caráter vinculante, mas também com alguns pontos que não são vinculantes. 
Portanto, devemos pensar em ratio decidendi como as razões de decidir vinculativas, que constituem o 
núcleo do precedente. 
Há, entretanto, outros argumentos que são colocados apenas “de passagem”, sem força vinculante, 
denominados de obiter dicta. Essa fundamentação é prescindível ao resultado da demanda, contudo, 
constitui meio auxiliar para a fundamentação do ato decisório. Logo, eles devem constar do processo como 
ato de fundamentação. 
A fundamentação tem caráter extremamente importante, que deve ser exercido de forma racional, tendo 
em vista a ratio decidendi e também a obiter dicta. 
Para fins de prova: 
 
3 - Distinguishing e overrulling 
Outros dois conceitos importantespara a compreensão da teoria dos precedentes são os conceitos: 
distinguishing e overrulling. 
• razões de decidir vinculativas
• constituem o núcleo do precedente 
RATIO DECIDENDI
• fundamentos prescindíveis do julgamento
• não alteram o resultado do julgamento
OBTER DICTA
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Trata-se da distinção e da superação dos precedentes. 
Em relação à distinção devemos lembrar do art. 489, §1º, VI, do NCPC. 
Esse dispositivo prevê que, se a parte trouxer um precedente, uma jurisprudência ou uma súmula, o juiz está 
vinculado a esses posicionamentos, a não ser que faça demonstração da distinção do caso concreto em 
relação aos entendimentos citados. 
Por outro lado, a superação envolve medidas mais incisivas. Nesse caso, argumenta-se que o caso não se 
aplica porque deve ser superado. Argumenta-se que aquele precedente deixa de ter eficácia vinculante 
devendo ser substituído por outro entendimento. 
Note que, na distinção, dizemos que o conteúdo não se aplica ao caso concreto; ao passo que, no caso da 
superação, afirma-se que, embora o conteúdo seja semelhante, a conclusão adotada está superada frente 
ao novo entendimento a ser firmado. 
A superação denota a evolução do posicionamento e do entendimento jurídico em relação a determinadas 
matérias, de acordo com as vicissitudes das relações sociais, sem descurar da ideia de jurisprudência estável, 
íntegra e coerente. 
Desse modo: 
 Ao decidirem, os juízes e os tribunais não podem proferir decisões surpresas, seguindo 
uma fundamentação adequada e racional. 
 A superação de tese jurídica poderá ser precedida de audiência pública e da admissão 
do amicus curiae no processo a fim de que haja amplo debate acerca da superação do 
entendimento. 
 Quando houver superação de entendimento, em razão dos efeitos que essa decisão 
poderá gerar, admite-se a modulação dos efeitos, a fim de que sejam considerados a partir 
de determinado lapso de tempo, tendo em vista o interesse social ou a segurança jurídica. 
 Para a superação de teses, devem ser observados os princípios da segurança jurídica e 
da proteção da confiança e da isonomia. 
 Os Tribunais devem dar publicidade a seus precedentes. 
Para fins de prova... 
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4 - Julgamentos repetitivos 
Para encerrar os dispositivos iniciais do assunto, vejamos o art. 928, do NCPC: 
Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão 
proferida em: 
I - incidente de resolução de demandas repetitivas; 
II - recursos especial e extraordinário repetitivos. 
Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito 
material ou processual. 
Nesse dispositivo, consideram-se casos repetitivos a decisão proferida em incidentes de resolução de 
demandas repetitivas e os recursos especial e extraordinário repetitivos. 
ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL 
A ordem dos processos no tribunal estava disciplinada no CPC73. No NCPC, nota-se que o legislador conferiu 
maiores poderes ao relator do processo perante os tribunais. 
No art. 932, do NCPC, temos um rol de atribuições do relator. Vamos citar o dispositivo e, na sequência, 
analisá-lo. Muito embora a competência no tribunal seja do próprio tribunal, há uma delegação de 
competência para que o relator possa proferir determinadas decisões monocráticas, tornando o processo 
racional, efetivo e célere. 
Em relação às atribuições do relator, façamos alguns destaques: 
 O relator é responsável por dirigir e ordenar o processo até a decisão final do tribunal. 
Para tanto, caso seja necessário, o relator irá determinar a produção de provas, homologar acordo firmado 
no tribunal etc. 
DISTINGUISHING (distinção)
demonstra a distinção do caso 
concreto em relação aos 
entendimentos citados.
OVERRRULLING (superação)
não aplicação do precedente citado 
sob o argumento de que aquele 
precedente está superado, momento 
em que é firmado novo entendimento 
a respeito
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 O relator poderá apreciar em sede de decisão monocrática a análise de pedidos de tutelas provisórias, 
de urgência ou de evidência. 
Essa análise de pedidos de tutela provisória abrange tanto o requerimento em sede recursal como também 
em processos que se iniciam perante os tribunais. 
 O relator é responsável pela análise de admissibilidade do processo perante o tribunal. 
Na temática do NCPC, não temos mais a admissibilidade sendo efetuada, como regra, perante o juízo a quo. 
Ou seja, o juiz que prolata a decisão recorrida não tem mais a prerrogativa de avaliar os pressupostos 
processuais. 
Esses pressupostos serão analisados exclusivamente pelo relator, no tribunal (órgão ad quem). 
Assim, o relator poderá não conhecer o processo nas seguintes situações: 
➢ recurso inadmissível; 
Nesses casos, entretanto, devemos observar que antes de qualquer decisão do relator, o 
recorrente deverá ser intimado para que possa retificar o equívoco processual no prazo de 
cinco dias. 
Portanto, se o recorrente não juntar, por exemplo, o mandado de procuração, ao invés de o 
relator negar provimento porque é inadmissível o recurso, intimará a parte contrária para, no 
prazo de cinco dias, suprir a irregularidade processual. 
Em relação a esse prazo de cinco dias, é importante destacar que o STF22 entendeu que a 
intimação ocorrerá apenas nos casos de vícios formais: 
O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se 
aplica aos casos em que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de 
procuração ou de assinatura, e não à complementação da fundamentação. 
Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca 
todos os fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese, seria 
necessária a complementação das razões do recurso, o que não é permitido. 
STF. 1ª Turma. 
➢ recurso prejudicado; ou 
➢ recurso que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. 
 O relator poderá negar provimento ao recurso, sem envio do processo para o órgão colegiado, caso O 
RECURSO seja contrário: 
 
22 ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2016. 
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➢ à Súmula do STF, do STJ ou do tribunal a que está vinculado; 
➢ ao acórdão do STF ou do STJ em recursos repetitivos; 
➢ ao entendimento fixado em IRDR ou IAC. 
 Por outro lado, o relator poderá dar provimento ao recurso, sem mesmo enviá-lo para o órgão 
colegiado, quando A DECISÃO RECORRIDA estiver contrária: 
➢ à Súmula do STF, do STJ ou do tribunal a que está vinculado; 
➢ ao acórdão do STF ou do STJ em recursos repetitivos; 
➢ ao entendimento fixado em IRDR ou IAC. 
 O relator poderá decidir pelo incidente de desconsideração de personalidade jurídica, uma das 
hipóteses admitidas de intervenção de terceiros no NCPC. 
 O relator determinará a intimação do Ministério Público, quando envolver situação na qual o parquet 
deve atuar como fiscal da ordem jurídica. 
 Por fim, temos um dispositivo de redação aberta, que prevê a possibilidade de o relator tomar outras 
decisões que estiverem fixadas no regimento interno do Tribunal. 
No art. 933, do NCPC, temos a disciplina relativa à identificação de fato superveniente ou questão de ofício 
não apreciada. 
Um exemplo de fato superveniente é o perecimento do bem móvel objeto do litígio durante o processamento 
do recurso. Já a questão de ofício não apreciada ocorre, por exemplo, quando o relator identifica que houve 
nulidade na citação ou prescrição da pretensão. 
Com o intuito de evitar decisões surpresas, se identificadas essas hipóteses, o relator determinará a 
intimação das partes para se manifestarem no prazode cinco dias. 
Após a confecção do voto e do relatório do processo, que deve ocorrer no prazo de 30 dias, o relator enviará 
o processo ao Presidente do Tribunal, que designará dia para julgamento do processo. 
O art. 942, do NCPC, traz uma regra específica interessante. 
A regra é o julgamento por apenas três membros. Caso esse julgamento por três membros não seja unânime, 
temos a possibilidade de prosseguimento do julgamento com a convocação de novos membros a fim de que 
seja assegurada a decisão por maioria. 
Por exemplo, em determinado órgão colegiado composto por sete membros, três são os Juízes designados 
para votar. O resultado dessa votação resulta em 2 x 1. Como a decisão não foi unânime, temos o 
prosseguimento da votação, até que tenhamos 4 votos, que representa o número mínimo para a maioria do 
tribunal. 
É isso que temos disciplinado no art. 942, do NCPC: 
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Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá 
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão 
convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número 
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às 
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os 
novos julgadores. 
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-
se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. 
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do 
prosseguimento do julgamento. 
Da leitura dos dispositivos acima, conclui-se que esse expediente poderá ser utilizado para o recurso de 
apelação. Contudo, pergunta-se: 
Esse procedimento poderá ser aplicado para mais alguma espécie de recurso? 
SIM! É possível usá-lo na ação rescisória e no agravo de instrumento. Contudo, não poderá ser utilizado para 
incidente de assunção de competência (IAC), para o incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR), 
remessa necessária ou para os processos cujo julgamento seja do próprio plenário ou de corte especial do 
órgão. 
Para a prova... 
 
PROSSEGUIMENTO DA 
VOTAÇÃO QUANDO 
NÃO ATINGIR 3 VOTOS 
UNÂNIMES
aplica-se
apelação
ação rescisória
agravo de instrumento
não se aplica
IAC
IRDR
remessa necessária
processo julgado pelo plenário ou 
corte especial
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INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA 
O incidente de assunção de competência é uma novidade que temos no NCPC, destinada a tratar do 
julgamento de processos que envolvem questões relevantes. 
A finalidade do IAC é tratar da uniformização da jurisprudência do próprio tribunal, que depende da criação 
de um órgão colegiado para tratar do assunto. 
A finalidade do órgão é o julgamento do processo quando provocado por intermédio do IAC, e a promoção 
da uniformização da jurisprudência desse órgão, que terá força vinculativa sobre os juízes e órgãos 
fracionários do tribunal. 
Poderíamos ter a utilização do IAC, por exemplo, em relação aos requisitos para a desconsideração da 
personalidade jurídica. O órgão poderá ser chamado para fixar esses requisitos que iriam vincular o tribunal 
e juízes vinculados, em relação aos requisitos da desconsideração da personalidade jurídica. 
De acordo com o art. 947, do NCPC, se o relator identificar que o recurso, a remessa necessária ou se 
determinado processo de competência originária do tribunal envolve relevante questão de direito, que 
possa trazer grande repercussão social e sem repetição em múltiplos processos, temos a possibilidade de 
utilização do IAC. 
Por intermédio de expediente, leva-se o julgamento ao órgão colegiado maior do tribunal, conforme estiver 
indicado no regimento interno do tribunal. 
INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Nos arts. 948 a 950 tratamos do controle de constitucionalidade incidental. Esse é o controle que ocorre no 
caso concreto, não de forma abstrata por intermédio das ações constitucionais. 
No caso do controle incidental, se arguida a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo será 
instaurado o incidente. 
Nesse caso, deve-se: 
1. ouvir o Ministério Público; 
2. submeter a questão a julgamento perante a turma/câmara; 
3. se rejeitado o incidente, o julgamento prosseguirá; mas, caso haja admissão do incidente, em razão 
da reserva de plenário, o processo será submetido ao plenário; 
4. Presidente irá designar data para análise do incidente; 
5. Admite-se: 
a. Manifestação da pessoa de direito público que editou o ato questionado; 
b. Manifestação por escrito dos legitimados para propor ações concentradas de 
constitucionalidade (Presidente da República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos 
Deputados, Mesa da Assembleia Legislativa, Governador, Procurador-Geral da República, 
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Conselho Federal da OAB, partido político com representação no Congresso Nacional e 
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional). 
c. Manifestação de outros órgãos ou entidades por decisão irrecorrível do relator. 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
Nos arts. 951 a 959, do NCPC, temos regras referentes ao julgamento do conflito de competência. Esse 
expediente processual é utilizado quando há disputa pela competência ou pela incompetência para o 
julgamento de determinado processo. 
O art. 951, do NCPC, trata do legitimado ativo para arguir o conflito de competência. Esse pode ser suscitado: 
➢ pela parte; 
➢ pelo Ministério Público; ou 
➢ pelo próprio juiz. 
Ainda em relação à atuação do Ministério Público, ele será chamado a se manifestar sempre que configurar 
uma das situações de atuação como fiscal da ordem jurídica. 
O art. 952, do NCPC, na sequência, prevê que não poderá suscitar o conflito de competência a parte que 
arguiu a incompetência relativa. O art. 953, a seguir, prevê a forma como será suscitado o conflito em face 
do legitimado. Se o juiz incitar o conflito, ele o fará por intermédio de um ofício. Por outro lado, quando a 
parte ou o Ministério Público suscitarem o conflito, o farão por petição. 
O art. 954, do NCPC, por sua vez estabelece que, distribuído o conflito de competência, o relator determinará 
a oitiva dos juízes envolvidos nele. 
O conflito de competência pode ser positivo ou negativo. 
O conflito positivo ocorre quando dois ou mais juízes se dizem competentes para julgar a matéria. 
O conflito negativo, por outro lado, ocorre quando dois ou mais juízes se dizem incompetentes. 
No primeiro caso, o relator poderá determinar o sobrestamento do processo até que seja decidido, 
efetivamente, o juiz competente. 
No segundo caso, o relator poderá designar um entre os juízes conflitantes para que fique responsável por 
decidir sobre as questões urgentes. 
Assim: 
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No parágrafo único temos a possibilidade de o juiz proferir decisão monocrática do incidente. Isso ocorrerá 
quando a matéria estiver firmada em súmula do STF ou do STJ ou em tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos (IRDR) ou incidente de assunção de competência (IAC). 
Se não for o caso de julgamento monocrático pelo tribunal, haverá remessa do processo para o Ministério 
Público para parecer no prazo de 5 dias, conforme prevê o art. 956, do NCPC. 
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA 
CONCESSÃO DO EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA 
O art. 960, do NCPC, trata da homologação de decisão estrangeira, que ocorre perante o STJ e tem por 
finalidade executar decisões estrangeiras dentro do nosso território. 
Apenas não será utilizado o procedimento de homologação de sentença estrangeira caso haja, entre oBrasil 
e o país estrangeiro, tratado internacional específico. Nesses casos, admite-se, se assim previr o tratado, a 
execução direta de decisões. 
Desse modo, quando tivermos uma sentença ou uma decisão interlocutória, para que tenham eficácia 
perante nosso ordenamento jurídico, elas dependem dessa análise perante o STJ. 
Não confunda! 
 
Ainda em relação à homologação, temos algumas regras específicas que devemos considerar para a prova: 
CONFLITO
Positivo
Dois juízes reputam-se competentes.
O relator do conflito no tribunal poderá sobrestar o 
processo até julgamento final
Negativo
Dois juízes reputam-se incompetentes
O relator do conflito no tribunal poderá designar um 
dos juízes conflitantes para resolver medidas urgentes
SENTENÇA 
ESTRANGEIRA
depende de homologação perante o STJ
CARTA 
ROGATÓRIA
concessão de exequatur pelo STJ
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 admite-se a homologação parcial; 
 admite-se o deferimento de tutelas provisórias de urgência ou execução provisórias em 
procedimentos de homologação de decisão estrangeira. 
 sentença estrangeira de divórcio independe de homologação e, caso haja impugnação 
perante os tribunais judiciais brasileiros, podem ter a validade analisada por qualquer 
magistrado. 
A execução de medida de urgência no Brasil poderá ocorrer por intermédio de carta rogatória, ainda que 
sem a audiência da parte contrária, desde que posteriormente seja assegurado o direito de defesa 
(contraditório diferido). 
Um dos questionamentos que podem surgir ao estudarmos a homologação de sentença estrangeira é: por 
que existe esse procedimento? O que é efetivamente observado pelo STJ para que tenhamos a 
homologação? 
A ideia é aferir se a decisão internacional obedece alguns parâmetros e observa alguns valores importantes 
do nosso Direito Processual Civil, que estão sintetizados no art. 963, do NCPC. 
Para a prova: 
 
Ainda que observem todos os requisitos, temos algumas matérias que não podem ser homologadas. Nos 
casos do art. 23, do NCPC, temos a fixação da competência internacional exclusiva em relação às quais não 
é admissível a homologação de sentença ou a concessão de exequatur. Nas hipóteses descritas no art. 23, 
apenas as autoridades internas é que terão capacidade para decidir sobre. 
O cumprimento dessas decisões estrangeiras homologadas, ou após a concessão do exequatur, ocorrerá 
perante a Justiça Federal. 
Por fim, vejamos uma questão sobre esse tema: 
REQUISITOS INDISPENSÁVEIS À 
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA 
ESTRANGEIRA
autoridade 
competente
citação regular
eficácia no país em 
que a decisão foi 
lançada
tradução oficial 
(exceto caso de 
dispensa por 
tratado)
não ofensa à 
ordem pública
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(FGV - 2015) Dominique, cidadão francês, foi parte em procedimento arbitral que teve como sede uma 
câmara localizada em Paris, na França, tendo este também sido o local onde a sentença foi proferida. Ele 
obteve êxito em sua pretensão, que foi julgada conforme a legislação francesa, e, agora, deseja receber 
da parte sucumbente os valores a que faz jus. A parte devedora é brasileira e possui patrimônio no Brasil, 
sendo a condenação de natureza cível. Ele procura você para, como advogado(a), orientá-lo. 
Assinale a opção que indica o procedimento que Dominique deve adotar. 
a) Iniciar procedimento de cumprimento de sentença perante uma das varas cíveis da comarca onde está 
localizada a devedora, uma vez que a sentença arbitral, conforme legislação processual brasileira, é titulo 
executivo judicial. 
b) Ajuizar ação de execução perante uma das varas cíveis da comarca onde está localizada a devedora, uma 
vez que a sentença arbitral, conforme legislação processual brasileira, é titulo executivo extrajudicial. 
c) Dar início aos trâmites para recebimento dos valores perante os tribunais de Paris, na França, uma vez que 
esse foi o local onde foi conduzido o procedimento de arbitragem. 
d) Obter, preliminarmente, a homologação da sentença arbitral perante o Superior Tribunal de Justiça, uma 
vez que, pelas características narradas na questão, trata-se de sentença arbitral estrangeira. 
Comentários 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A sentença estrangeira, para ser executada no Brasil, 
deve ser previamente submetida a um procedimento de homologação perante o Superior Tribunal de 
Justiça. 
AÇÃO RESCISÓRIA 
1 - Noções Gerais 
Trata-se de meio autônomo de impugnação das decisões judiciais, com previsibilidade nos arts. 966 a 975, 
do NCPC. Dito de outra forma, a ação rescisória é uma ação autônoma, não vinculada a outro processo, que 
tem por finalidade impugnar uma sentença judicial já transitada em julgado. 
Essa ação tem por finalidade desconstituir um julgado protegido pela coisa julgada, com o intuito de dar 
ensejo a um novo julgamento. 
Cuidado! 
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É importante que você compreenda também que o iudicium rescidens antecede o iudicium rescissorium. 
Antes de proferir um novo julgamento, é necessário que haja a rescisão do julgado protegido com a coisa 
julgada. 
Há a possibilidade de pedido apenas para rescisão do julgado, sem pedido para novo julgamento. O que não 
se admite é pedido para novo julgamento sem pedido de desconstituição da coisa julgada. Nesse contexto, 
podemos concluir que o pedido de novo julgamento depende de juízo de desconstituição, contudo, o inverso 
não é necessariamente verdadeiro. 
Além desses dois juízos que vimos acima, fala-se também em um terceiro juízo, o de admissibilidade. Como 
veremos, a ação rescisória é uma ação julgada no âmbito dos tribunais que possui alguns requisitos 
específicos. 
Assim, com o ajuizamento da ação rescisória, sucessivamente, serão exercidos três juízos: 
 
2 - Hipóteses de cabimento 
As hipóteses de cabimento da ação rescisória constam do art. 966, do NCPC. Vamos analisar objetivamente 
cada uma das hipóteses: 
iudicium 
rescidens
juízo 
rescidente
desconstituição da coisa 
julgada
iudicium 
rescissorium
juízo 
rescisório
novo julgamento
1º - juízo de admissibilidade – verificação do cabimento da ação rescisória;
2º - juízo rescindente – desconstituição da coisa julgada;
3º - juízo rescisório – novo julgamento
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 No inc. I, temos a possibilidade de ajuizar ação rescisória quando a decisão de mérito do juiz for proferida 
por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz. 
As três situações constituem tipos penais descritos no Código Penal. Para fins do nosso estudo, basta que 
você conheça brevemente o conceito de cada um deles: 
 
 No inc. II temos a possibilidade de ajuizamento de ação rescisória quando a sentença de mérito for 
proferida por juiz impedido (art. 144, do NCPC) ou absolutamente incompetente. 
Lembre-se de que: se o juiz for suspeito (art. 145, do NCPC), ou houver incompetência relativa, não será 
cabível a ação rescisória. Isso porque tanto a suspeição quanto a incompetência relativa devem ser arguidas 
no momento oportuno sob pena de preclusão, no caso da suspeição, e de prorrogação da competência, no 
caso de incompetência relativa. 
 No inc. III temos a possibilidade de ajuizamento da ação rescisória quando a decisão de mérito resultar 
de dolo, de coação da parte vencedora ou de simulação entre as partes. 
Atenção! No CPC73, não tínhamos a previsão da coação e da simulação como hipóteses de cabimento da 
ação rescisória. 
Para fins de prova, cumpre conhecer os conceitos acima: 
PREVARICAÇÃO
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal (art. 319, do CP).
CONCUSSÃO
Exigir,para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida (art. 316, do CP).
CORRUPÇÃO DO 
JUIZ
Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem (art. 317, do CP).
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 No inc. IV temos o cabimento da ação rescisória quando a sentença de mérito ofender à coisa julgada. 
Veja um exemplo: Foi ajuizada uma primeira ação, A1, que transitou em julgado. Posteriormente é ajuizada 
novamente a mesma ação, A2. A A2 não poderia ser ajuizada, pois já existe julgamento sobre o assunto 
envolvendo as mesmas partes, temos a litispendência. Logo, é possível ajuizar uma ação rescisória, A3, para 
anular a A2, por ofensa à coisa julgada da A1. 
 No inc. V temos o cabimento da ação rescisória quando a sentença de mérito violar manifestamente 
norma jurídica. 
 No inc. VI temos o cabimento da ação rescisória quando a sentença de mérito for fundada em prova cuja 
falsidade foi demonstrada ou possa ser demonstrada na ação rescisória. 
A falsidade poderá ser confirmada: 
➢ em processo penal; ou 
➢ na própria ação rescisória. 
No inc. VII temos o cabimento da ação rescisória quando, após o trânsito em julgado da sentença de mérito, 
o autor obtiver uma prova nova capaz de assegurar pronunciamento favorável, cuja existência 
desconhecia ou cuja prova não pode fazer uso no processo anterior. 
No inc. VIII temos o cabimento da ação rescisória quando a sentença de mérito for fundada em erro de fato 
que possa ser extraída dos elementos constantes dos autos originários. 
Devemos compreender que o erro de fato decorre da existência de algum fato que foi considerado 
inexistente pelo juiz na sentença de mérito, mesmo havendo fortes elementos que indicam a existência de 
tais fatos. 
Para a prova... 
DOLO Meio empregado para enganar alguém.
COAÇÃO
Constrangimento a uma determinada pessoa realizado por intermédio de 
ameaça com intuito de ela pratique atos contra a sua vontade.
SIMULAÇÃO
Prática de atos por intermédio do qual as partes declaram algo, mas 
pretendem fim diverso do que o aparentemente pretendido com a 
finalidade de fraudar a lei.
COLUSÃO
Conluio, conivência ou acordo entre as partes que fingem litigar para enganar 
terceiros.
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Esse rol acima é numerus clausus ou taxativo. Não é um rol exemplificativo e que não comporta interpretação 
extensiva. 
Em relação ao §2º é importante que você tenha em mente que tanto sentenças de mérito como sentenças 
terminativas que não analisam o mérito são passíveis de ação rescisória. No CPC73, havia previsão de que 
apenas sentenças nas quais havia formação de coisa julgada material poderia ser rescindida. Nesses casos, a 
sentença analisava o mérito da causa que, se adequada às hipóteses de cabimento acima, justificavam a 
rescisão da ação. 
Não obstante essa previsão – durante a vigência do CPC73 – tínhamos entendimento no sentido de que a 
ação rescisória seria cabível tanto nas sentenças com análise do mérito quanto nas sentenças sem resolução 
do mérito. 
Agora, com o NCPC, esse assunto está pacificado: 
 
Assim, dentro das situações que vimos acima, quando a sentença sem julgamento de mérito impedir a 
propositura de uma nova ação ou obstar a admissibilidade do recurso, é possível ajuizar a ação rescisória. 
Por exemplo, sentença sem julgamento de mérito fundada em erro extraível dos autos que levou o 
magistrado a decidir pela perempção, que é uma sanção processual que impede a propositura de nova 
demanda. Nesse caso, não obstante se tratar de uma sentença sem julgamento do mérito, é admissível a 
ação rescisória. 
Para encerrarmos as hipóteses de cabimento da ação rescisória, veja os §§5º e 6º: 
• Sentença de mérito do juiz for proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz.
• Sentença de mérito por Juiz impedido ou absolutamente incompetente.
• Sentença de mérito resultar de dolo, coação da parte vencedora ou de simulação entre as 
partes.
• Sentença de mérito ofender à coisa julgada.
• Sentença de mérito violar manifestamente norma jurídica.
• Sentença de mérito fundada em prova comprovadamente falsa (em processo penal ou na 
própria ação rescisória).
• Prova nova capaz de assegurar provimento favorável que, à época do processo originário, 
o autor ignorava ou não pode usar.
• Sentença de mérito fundada em erro de fato extraível dos autos originários.
HIPÓTESES DE CABIMENTO
Cabe ação rescisória tanto nas sentenças com análise do 
mérito como nas sentenças terminativas (ou que não 
analisam o mérito).
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§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra 
decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos 
repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida 
no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 
2016). 
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, 
sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação 
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor 
outra solução jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016). 
Os dispositivos acima preveem que a sentença de mérito que violar enunciado de súmula ou acórdão 
proferido em julgado de casos repetitivos é considerada como violação à norma jurídica. 
Nesses casos, o autor deverá cotejar, na petição inicial, a contrariedade à súmula ou à jurisprudência em 
casos repetitivos com a sentença que pretende rescindir. 
Aprofundando um pouco... 
 
No art. 701, §3º, do NCPC, temos uma hipótese específica de ação rescisória, que é aplicável ao 
procedimento especial da ação monitória. Quando a parte ingressa com uma ação monitória, se restar 
demonstrada a evidência do direito do autor, o juiz expedirá ordem para pagamento que, se não cumprida 
no prazo de 15 dias, constituirá automaticamente um título executivo judicial em favor do autor, para que 
ele promova a ação. Essa decisão que concede a tutela de evidência e que pode ser transformada em título 
executivo judicial – caso se enquadre em uma das hipóteses previstas nos incisos do art. 966, do NCPC – 
pode ser atacada por intermédio da ação rescisória. 
A seguir, veja questões sobre esse tema: 
 
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(FGV - 2017) Luana, em litígio instaurado em face de Luciano, viu seu pedido ser julgado improcedente, o 
que veio a ser confirmado pelo tribunal local, transitando em julgado. 
O advogado da autora a alerta no sentido de que, apesar de a decisão do tribunal local basear-se em 
acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça em regime repetitivo, o precedente não seria aplicável 
ao seu caso, pois se trata de hipótese fática distinta. Afirmou, assim, ser possível reverter a situação por 
meio do ajuizamento de ação rescisória. 
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. 
a) Não cabe a ação rescisória, pois a previsão de cabimento de rescisão do julgado se destina às hipóteses 
de violação à lei e não de precedente. 
b) Cabe a ação rescisória, com base na aplicação equivocada do precedente mencionado. 
c) Cabe a ação rescisória, porque o erro sobre o precedente se equipara à situação da prova falsa. 
d) Não cabe ação rescisória com base em tal fundamento, eis que a hipótese é de ofensa à coisa julgada. 
Comentários 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. 
Prevê o Código,a possibilidade de rescisão da sentença transitada em julgado quando violar expressamente 
a norma jurídica. De acordo com o §5º, considera-se violação de norma jurídica a decisão que contrariar 
súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a distinção 
(overruling). Nesse contexto, prevê o §6º que caberá a quem ajuizar a ação rescisória, demonstrar que se 
trata de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor 
outra solução jurídica. 
-- 
(FGV - 2015) Luan, servidor público do Estado de Minas Gerais, ajuizou ação contra a Fazenda Pública 
estadual, requerendo a devolução de verbas indevidamente descontadas em seu contracheque sob a 
rubrica de “contribuição obrigatória ao plano de saúde". Na oportunidade, demonstrou que o Tribunal de 
Justiça de Minas Gerais (TJMG) já havia, em anterior ação individual proposta por Thales, outro servidor 
público estadual, reconhecido a inconstitucionalidade da lei estadual que previa esse desconto, e 
requereu, assim, a restituição das verbas não prescritas descontadas a tal título. Devidamente ajuizada 
junto à 1ª Vara de Feitos Tributários da cidade de Belo Horizonte/MG, e após regular tramitação, o 
magistrado singular acolheu a tese da ré e julgou improcedente o pedido exordial, tendo tal decisão 
transitado em julgado em 01/04/2012. 
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta. 
a) Luan poderá se valer de ação anulatória, tendo em vista a manifesta injustiça da sentença. 
b) Se a inconstitucionalidade da lei estadual tivesse sido reconhecida, na ação proposta por Thales, pelo 
Supremo Tribunal Federal, Luan poderia ignorar a coisa julgada que lhe foi desfavorável. 
c) Luan poderá se valer de uma reclamação constitucional, tendo em vista o desrespeito, pela sentença, de 
posição jurisprudencial firmada pelo TJMG. 
d) Luan poderia se valer de uma ação rescisória, desde que, para tanto, demonstrasse que houve violação à 
lei, sendo-lhe vedado, nessa demanda, a rediscussão de matérias fáticas. 
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Comentários 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O NCPC admite o ajuizamento de ação rescisória 
fundamentada em violação a norma jurídica, não se prestando o instrumento à rediscussão de matéria de 
fato. 
A alternativa A está incorreta. O instrumento adequado para se rescindir diretamente uma decisão judicial 
é a ação rescisória. 
A ação anulatória é um meio de impugnação que visa a desconstituir um ato da parte que, por via reflexa, 
pode levar à desconstituição da decisão judicial. 
A alternativa B está incorreta. Nesse caso, Luan deveria ajuizar reclamação constitucional perante a Suprema 
Corte a fim de obter a cassação da decisão proferida pelo TJ/MG, e não simplesmente ignorar a coisa julgada 
que lhe foi desfavorável. 
A alternativa C está incorreta. A reclamação constitucional somente teria cabimento caso a decisão de 
inconstitucionalidade tivesse sido proferida pelo STF. 
-- 
(OAB/FGV - 2020) Em um processo em que Carla disputava a titularidade de um apartamento com Marcos, 
este obteve sentença favorável, por apresentar, em juízo, cópia de um contrato de compra e venda e termo 
de quitação, anteriores ao contrato firmado por Carla. 
A sentença transitou em julgado sem que Carla apresentasse recurso. Alguns meses depois, Carla descobriu 
que Marcos era réu em um processo criminal no qual tinha sido comprovada a falsidade de vários 
documentos, dentre eles o contrato de compra e venda do apartamento disputado e o referido termo de 
quitação. 
Carla pretende, com base em seu contrato, retornar a juízo para buscar o direito ao imóvel. Para isso, ela 
pode 
a) interpor recurso de apelação contra a sentença, ainda que já tenha ocorrido o trânsito em julgado, 
fundado em prova nova. 
b) propor reclamação, para garantir a autoridade da decisão prolatada no juízo criminal, e formular pedido 
que lhe reconheça o direito ao imóvel. 
c) ajuizar rescisória, demonstrando que a sentença foi fundada em prova cuja falsidade foi apurada em 
processo criminal. 
d) requerer cumprimento de sentença diretamente no juízo criminal, para que a decisão que reconheceu a 
falsidade do documento valha como título judicial para transferência da propriedade do imóvel para seu 
nome. 
Comentários 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A ação rescisória é o meio adequado para impugnar 
a decisão de mérito, transitada em julgado, que for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em 
processo criminal (caso narrado) ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória (art. 966, VI, CPC). 
A alternativa A está errada. Não cabe apelação contra sentença depois do seu trânsito em julgado. 
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A alternativa B está errada. O Código de Processo Civil é explícito quanto ao não cabimento de reclamação 
quando há o trânsito em julgado da decisão reclamada (art. 988, §5º, I). 
A alternativa C está errada. O juízo criminal não é competente para o cumprimento de sentença do caso 
apresentado. 
3 - Ação anulatória 
O §4º prevê a ação anulatória. Veja: 
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes 
do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no 
curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. 
Assim, quando nós tivermos uma sentença homologatória ela não será passível de ação rescisória, mas de 
ação anulatória, desde que se enquadre nas hipóteses descritas acima. 
Por exemplo, acordo homologado judicialmente, no qual o réu foi coagido a transacionar. Trata-se de decisão 
homologatória que pode ser objeto de ação anulatória com fundamento no inc. III, do art. 966, do NCPC. 
4 - Legitimados para ação rescisória 
O art. 967, do NCPC, estabelece os legitimados para propositura da ação rescisória. Para a prova, é 
fundamental memorizar em que situações temos o cabimento da ação rescisória: 
 
LEGITIMADOS 
PARA PROPOR A 
AÇÃO RESCISÓRIA
parte no processo originário
sucessor da parte a título 
universal ou singular
terceiro juridicamente 
interessado
Ministério Público, quando:
a) não foi ouvido no processo quando 
obrigatória a intervenção; 
b) a sentença é efeito de simulação ou 
colusão das partes; ou
c) for caso de atuação do Ministério 
Público na qualidade de fiscal da ordem 
jurídica.
quando a parte não 
participou do processo que 
deveria ter sido ouvida.
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5 - Prazo 
O prazo para ajuizamento da ação rescisória está disciplinado no art. 975, do NCPC. Prevê o dispositivo que 
a ação rescisória deve ser ajuizada no prazo de dois anos, a contar da última decisão proferida nos autos. 
Esse prazo de dois anos é decadencial, e extingue o direito da parte de buscar o juízo rescisório e novo 
julgamento. 
A contagem do prazo observa, pela regra, a data do trânsito em julgado. Há, contudo, duas exceções: 
1ª exceção: contam-se os dois anos da descoberta de prova nova, hipótese em que o termo 
inicial leva em consideração a descoberta ou o acesso pela parte à prova (para a hipótese 
de cabimento do inc. VII). 
2ª exceção: contam-se os dois anos do conhecimento da simulação ou da colusão pelo 
terceiro e para o Ministério Público a partir da ciência dos fatos que podem ser rescindidos. 
Desse modo, para a prova... 
 
6 - Procedimento 
Em relação à petição inicial, devemos observar as regras constantes do art. 968, do NCPC. 
A petição inicial deverá observar os requisitos definidos no procedimento comum para a apresentação, além 
do depósito prévio de 5% sobe o valor da causa. 
Sobre o depósito prévio de 5%, temos que observar: 
PRAZO
2 anos
contagem
regra
do trânsito em julgadoexceções
da descoberta ou acesso 
à prova nova
do conhecimento da 
simulação ou colusão 
pela parte interessada
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Em regra, a interposição de ação rescisória não impede o cumprimento da decisão atacada. Vale dizer, a 
sentença continuará a produzir efeitos a não ser que seja concedido tutela provisória para o fim de suspender 
o efeito da decisão atacada. 
Uma vez apresentada a petição inicial, haverá distribuição da ação entre os relatores, já que se trata de 
processo de competência de tribunal. 
Presentes os pressupostos de admissibilidade da ação rescisória, o juiz determinará a citação da parte ré 
para apresentar contestação em prazo fixado entre 15 e 30 dias. 
Com a apresentação da contestação, os autos serão novamente remetidos ao relator para ele efetue a 
análise e prepare o seu voto. Em seguida, a secretaria do tribunal providenciará cópia do relatório que será 
encaminhado aos demais julgadores do órgão colegiado competente para julgamento da ação rescisória, na 
forma do art. 971, do NCPC. 
É possível, a depender da hipótese de cabimento, que seja necessária a produção de prova. Se necessária a 
produção de provas para análise da ação rescisória, o relator do processo poderá expedir carta de ordem 
delegando a competência para produção dos atos instrutórios ao juiz que proferiu a sentença a qual 
pretende-se recorrer. 
A finalidade do dispositivo acima é facilitar a colheita das provas, o que é perfeitamente compreensível 
quando envolver comarcas localizadas no interior, distantes da sede do tribunal. 
O prazo para que sejam produzidas as provas, de acordo com o art. 972, do NCPC, é de um a três meses. 
Com a conclusão da fase instrutória, as partes serão intimadas para apresentar alegações finais no prazo de 
10 dias. Na sequência, os autos serão remetidos para julgamento no órgão colegiado. 
É importante ficar atento para o fato de que esse fato é sucessivo, vale dizer, primeiramente será intimada 
a parte autora para apresentar suas alegações no prazo de 10 dias. Decorrido o prazo ou apresentadas as 
DEPÓSITO PRÉVIO
regra
5% sobre o valor 
da causa 
(limitado a 1000 
SM)
dispensados
Fazenda Pública (União, 
estados, DF, municípios, 
autarquias e fundações 
de direito público)
MP DP
beneficiário da 
gratuidade de 
justiça
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alegações finais, segue-se com a intimação da parte ré para apresentar as suas razões finais também no 
prazo de 10 dias. 
Na sessão de julgamento podemos ter, basicamente, dois resultados: 
1ª possibilidade – rejeição, inadmissibilidade ou improcedência do pedido da parte autora. 
Nesse caso, devemos analisar se a decisão do órgão colegiado foi unânime ou não. 
Se não foi unânime, temos apenas uma sentença negativa à parte autora que arcará com 
as despesas do processo e com os honorários do advogado. 
Por outro lado, se a rejeição, a inadmissibilidade ou a improcedência forem unânimes, o 
depósito de 5% será revertido em proveito da parte ré. 
2ª possibilidade – procedência do pedido. 
Se a decisão foi pela procedência, o depósito prévio será restituído à parte autora e, se for 
o caso, o tribunal proferirá novo julgamento. 
Para a prova, podemos sistematizar a evolução do procedimento da seguinte forma: 
PROCEDIMENTO 
1) Ajuizamento. 
2) Registro e distribuição a um relator. 
3) Admissibilidade da ação e análise de pedido de tutela provisória (se for o caso). 
4) Citação do réu para contestar (15-30 dias). 
5) Relatório. 
6) Remessa de cópia do relatório aos demais julgadores. 
7) Instrução probatória (se for o caso). Possibilidade de expedição de carta de ordem (1-3 meses). 
8) Alegações finais no prazo sucessivo de 10 dias (autor-réu). 
9) Julgamento. 
9.1) Se unanimemente rejeitado, inadmitido ou improcedente, reverte-se os 5% ao réu. 
9.2) Se dado provimento, restitui-se os 5% e, se for o caso, procede-se novo julgamento. 
Vejamos uma questão sobre esse tema: 
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(FGV - 2015) Márcia trafegava regularmente a 40 km/h em uma rua da cidade de Salvador/BA quando seu 
carro foi abalroado pelo veículo de Tânia que, ao atender a uma ligação do telefone celular enquanto 
dirigia, perdeu a direção e invadiu a pista contrária de rolamento, causando o acidente. 
Acalmados os ânimos, as partes não chegaram a um acordo, pelo que Márcia ajuizou, perante a 2ª Vara 
Cível de Salvador/BA, uma ação de reparação de danos materiais, danos morais e lucros cessantes contra 
Tânia, que, após ser regularmente citada, contestou todos os pedidos autorais, alegando não ter dado 
causa ao acidente. 
Em sentença, após o tramitar processual em que foram cumpridas todas as exigências procedimentais, o 
magistrado julga procedentes os pedidos de danos materiais e de danos morais, rejeitando, porém, o de 
pedido de lucros cessantes, por entender inexistirem provas desse dano alegado, tendo tal sentença 
transitada em julgado em 19/10/2012. 
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta. 
a) Márcia poderá propor uma nova demanda com o objetivo de obter os lucros cessantes, desde que 
apresente, nesse novo processo, as provas da ocorrência desse dano. 
b) Se Tânia quiser se valer de uma ação rescisória, terá somente até o dia 19/10/2013 para fazê-lo, sob pena 
de decadência. 
c) Admitindo-se a hipótese de que Tânia descobrisse que o juiz é irmão de Márcia, ela poderia se valer de 
uma ação anulatória para fazer cessar os efeitos da sentença, haja vista a falta de imparcialidade do julgador. 
d) Eventual ação rescisória proposta por Tânia não impede a execução da decisão da sentença por parte de 
Márcia, ainda que Tânia demonstre que a sentença foi injusta. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Márcia não poderá ajuizar nova demanda, por se tratar de coisa julgada. 
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 975, caput, do NCPC, o prazo decadencial para o 
ajuizamento de ação rescisória é de 2 anos. 
Assim, Tânia teria até a data de 19/10/2014 para propô-la. 
A alternativa C está incorreta. Vejamos o que dispõe o art. 966, II, da Lei nº 13.105/15. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, nos termos do art. 969, da referida Lei. 
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INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS 
O incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) é uma das grandes novidades do NCPC, que tem 
por finalidade, em resumo, firmar uma tese jurídica a ser seguida no âmbito do tribunal perante o qual foi 
fixado o entendimento. 
A utilização desse expediente não será admissível em todos os tipos de processo, mas apenas em relação 
àqueles em que forem observados os requisitos do art. 977 do NCPC. 
Para a prova... 
 
Assim, sempre que houver causa jurídica relevante e repetitiva no âmbito dos tribunais que possa levar a 
decisões conflitantes, com risco à isonomia e à segurança jurídica será possível ajuizar o IRDR. 
Além disso, devemos ficar atentos a algumas regras específicas: 
 A desistência da ação ou abandono do processo principal não prejudica o IRDR; 
 É necessária a participação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica, quando 
não for parte. 
 Não será admitido o IRDR quando a questão jurídica já estiver sob julgamento em 
instância superior. 
Na sequência passamos às regras procedimentais a partir do ajuizamento do IRDR. De acordo com o art. 977 
do NCPC, o IRDR será endereçado ao Presidente do Tribunal. 
É importante compreender que o incidente pode ser suscitado pelo juiz ou relator do processo, pelas partes 
processuais e, também, pelo Ministério Público ou Defensoria Pública. 
Vejamos uma questão: 
É CABÍVEL O IRDR
repetição de processos sobre a 
mesmacontrovérsia jurídica
risco à isonomia e à segurança 
jurídica
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(FGV - 2017) Nos Juízos de Direito da capital do Estado X tramitavam centenas de demandas semelhantes, 
ajuizadas por servidores públicos vinculados ao Município Y discutindo a constitucionalidade de lei 
ordinária municipal que tratava do plano de cargos e salários da categoria. 
Antevendo risco de ofensa à isonomia, com a possibilidade de decisões contraditórias, o advogado de uma 
das partes resolve adotar medida judicial para uniformizar o entendimento da questão jurídica. 
Nessa hipótese, o advogado deve peticionar 
a) ao Juízo de Direito no qual tramita a demanda por ele ajuizada, requerendo a instauração de incidente de 
assunção de competência. 
b) ao Presidente do Tribunal ao qual está vinculado o Juízo de Direito, requerendo a instauração de incidente 
de resolução de demandas repetitivas. 
c) ao Presidente do Tribunal ao qual está vinculado o Juízo de Direito, requerendo a instauração de incidente 
de arguição de inconstitucionalidade. 
d) ao Juízo de Direito no qual tramita a demanda por ele ajuizada, requerendo a intimação do Ministério 
Público para conversão da demanda individual em coletiva. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois o incidente de assunção de competência tem cabimento quando envolver 
relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. É o que 
dispõe o art. 947, caput, do NCPC: 
Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária 
ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão 
social, sem repetição em múltiplos processos. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A respeito do endereçamento do incidente de 
resolução de demandas repetitivas, estabelece o art. 977, caput, da Lei nº 13.105/15: 
Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: 
I - pelo juiz ou relator, por ofício; 
II - pelas partes, por petição; 
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. 
A alternativa C está incorreta. O incidente de arguição de inconstitucionalidade não se presta, a priori, à 
uniformização da jurisprudência, tal como o incidente de resolução de demandas repetitivas. 
A alternativa D está incorreta. O incidente de resolução de demandas repetitivas deve ser endereçado ao 
presidente do tribunal e não ao juízo de Direito no qual tramita o processo. 
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Quanto ao julgamento, o IRDR é da competência do órgão responsável pela uniformização jurisprudencial 
no tribunal, segundo as regras internas. 
O art. 979 do NCPC, por sua vez, trata da publicidade do julgamento. Prevê o dispositivo que a publicidade é 
ampla e específica. A ideia é dar ciência à comunidade jurídica como um todo sobre o entendimento do 
tribunal sobre aspectos jurídicos relevantes. 
O IRDR deve ser julgado no prazo de um ano. Além disso, há preferência sobre os demais feitos, com exceção 
dos processos que envolvam réu preso e pedidos de habeas corpus. Após o decurso do prazo de um ano, 
caso não esteja julgado ainda o IRDR, os processos que estavam suspensos retomam o fluxo processual. 
Atenção! 
 
O art. 891 do NCPC prevê o juízo de admissibilidade pelo próprio órgão colegiado responsável pelo 
julgamento do IRDR. 
No exercício de admissibilidade o tribunal irá constatar se há repetição de processos sobre a mesma 
controvérsia jurídica e risco à isonomia e à segurança jurídica. 
Após a admissão do IRDR, competirá ao relator do incidente determinar a suspensão de processos pendentes 
relacionados e, no prazo de 15 dias, requisitar informações e abrir vista ao Ministério Público. 
O art. 983, do NCPC, prevê, após a suspensão, requisição de informações e manifestação do Ministério 
Público, a oitiva das partes e interessados no prazo de 15 dias. Após as manifestações, o processo novamente 
será remetido ao Ministério Público para parecer. 
Após as manifestações, o IRDR será submetido a julgamento. Na sessão de julgamento, após a exposição do 
objeto da controvérsia há os debates orais, dos quais participam as partes, MP e interessados conforme 
esquema abaixo: 
PRAZO PARA JULGAR O IRDR
1 ano
após, processos suspensos em face do 
incidente retomam o curso
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Confira uma linha do tempo, marcamos a evolução do procedimento de julgamento do IRDR: 
 
A partir do julgamento do IRDR todos os processos individuais pendentes e futuros que envolvem mesma 
questão de direito devem observar o que foi decidido pelo tribunal, sob pena de caber reclamação direta ao 
tribunal. 
A revisão da tese fixada em IRDR poderá iniciada: 
• de ofício pelo tribunal; 
• pelo Ministério Público; ou 
• pela Defensoria Pública. 
RECLAMAÇÃO 
De acordo com o art. 988, do NCPC, a reclamação constitucional é cabível em quatro situações: 
1) Admite-se o uso da ação para preservar a competência do tribunal. Caso tenhamos alguma hipótese de 
usurpação de competência (por exemplo, admissibilidade de recurso feito pelo juiz a quo) há a possibilidade 
de utilização da referida ação. 
DEBATES ORAIS
autor, réu e MP 
30 minutos
interessados 
30 minutos (divididos)
Ajuizamento do 
IRDR
Encaminhamento 
ao Presidente
Juízo de 
Admissibilidade 
pelo Tribunal
Encaminhamento 
para relator: 
suspensão, 
requisição de 
informações (15 
dias) e MP (15 dias)
Oitiva de partes e 
interessados (15 
dias)
Parecer MP (15 
dias)
Audiência Pública Julgamento
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2) Admite-se o uso da reclamação para garantir a autoridade das decisões do tribunal. Caso haja violação de 
decisão do tribunal por outros órgãos judiciais hierarquicamente inferiores (por exemplo, juiz de primeira 
instância vinculado), admite-se o uso da ação a fim de assegurar a autoridade da decisão do tribunal. 
Essas duas primeiras hipóteses são as tradicionais e estão previstas na maioria dos regimentos internos. 
Agora, encontram-se expressamente positivadas também no NCPC. 
Além disso, temos duas outras hipóteses em que a reclamação poderá ser utilizada. 
3) Admite-se a reclamação, em sede constitucional, para garantir a observância de Súmulas Vinculantes e de 
decisões do STF proferidas em controle concentrado de constitucionalidade. 
4) Admite-se a reclamação constitucional para garantir a observância de acórdão proferido em IRDR ou em 
IAC. 
Se ocorrer algumas das hipóteses acima descritas, surge a possibilidade de utilização da reclamação 
constitucional, que pode ser ajuizada perante qualquer tribunal. 
No §5º temos discriminadas duas hipóteses em que não será cabível a reclamação. 
No primeiro caso, temos a inadmissibilidade da reclamação quando já transitada a decisão reclamada. No 
segundo caso, temos a impossibilidade de utilização da reclamação quando houver outro expediente passível 
de utilização perante as vias ordinárias. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao final de mais uma aula. Aguardo vocês em nosso próximo encontro! 
Um forte abraço e bons estudos a todos! 
Ricardo Torques 
@proftorquesimparcialidade
partes - capacidade processual, 
capacidade postulatória e 
legitimidade "ad causam"
objetivos
intrínsecos - respeito ao 
formalismo processual
extrínsecos: a) negativos -
inexistência de perempção, 
litispendência, coisa julgada ou 
convenção de arbitragem; e b) 
positivo - interesse de agir.
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 antes da contestação: independe de manifestação do réu. 
 após a contestação, mas antes da sentença: depende de consentimento do réu 
(conforme o §4º, do art. 485, do NCPC). 
 após a sentença: não será admissível (conforme o §5º, do art. 485, do NCPC), embora 
seja possível à parte recorrente desistir do recurso. 
Sigamos! 
(vii) INTRANSMISSIBILIDADE DA AÇÃO. 
Com o falecimento de uma das partes do processo, há, em regra, a sucessão processual. Operada a sucessão, 
o processo seguirá o seu rumo. Há, contudo, situações nas quais o direito somente poderá ser exercido pelos 
participantes da relação jurídica material discutida em juízo. Nesse caso, a ação será intransmissível. 
A intransmissibilidade da ação ocorre, por exemplo, na ação de divórcio. 
(viii) DEMAIS CASOS PRESCRITOS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL. 
Por fim, o inc. X deixa margem para que novas hipóteses de encerramento da fase de cognição sem 
julgamento do mérito possam ser estipuladas pela legislação processual. 
Vamos, na sequência, analisar os §§. 
Vamos começar com os §§ 1º e 2º: 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para 
suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, 
e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos 
honorários de advogado. 
Confira o §3º: 
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer 
tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
De acordo com o dispositivo acima, temos quatro hipóteses que podem ser conhecidas de ofício pelo 
magistrado: 
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Leia, na sequência, os §§ 4º a 6º, já estudados. 
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da 
ação. 
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor 
depende de requerimento do réu. 
Por fim, consigne-se que o pronunciamento judicial com encerramento da fase de conhecimento sem 
resolução do mérito enseja à parte a possibilidade de apelar no PRAZO DE 15 DIAS (que é o prazo padrão 
para o recurso de apelação) admitindo-se a RETRATAÇÃO do juiz sentenciante NO PRAZO DE 5 DIAS. 
O art. 486, do NCPC, esclarece que a sentença que põe fim à fase de conhecimento sem análise do mérito 
não impede que a parte possa novamente propor a mesma demanda. É justamente essa a grande diferença 
que temos da decisão sem julgamento de mérito para a decisão com julgamento de mérito (a ser estudada 
no art. 487, do NCPC). 
Na hipótese do art. 485, do NCPC, temos a formação tão somente da coisa julgada formal, de forma que a 
relação jurídica objeto do litígio não foi pacificada definitivamente, o que permite a repropositura da ação. 
Além da regra principal que informa que é possível a repropositura da ação quando a sentença for sem 
resolução do mérito, temos duas informações fundamentais: 
ADMITE-SE A EXTINÇÃO 
SEM JULGAMENTO DO 
MÉRITO QUANDO
faltar pressupostos de constituição e de desenvolvimento 
válido e regular do processo
reconhecer a existência de perempção, de litispendência 
ou de coisa julgada
verificar ausência de legitimidade ou de interesse 
processual
houver morte da parte e a ação for considerada 
intransmissível por disposição legal
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A primeira delas é o fato de que o ajuizamento de nova ação exige a superação do vício anterior que levou à 
extinção; já a segunda é o pagamento ou, pelo menos, o depósito das custas e honorários do advogado da 
ação anteriormente extinta. Podemos falar, portanto, em dois condicionantes para que a ação seja 
novamente proposta. 
 
 
Para encerrar, resta analisar com atenção a perempção do direito de ação. O §3º, do art. 486, do NCPC, 
informa que, se o autor der causa a três abandonos dos autos (conforme hipótese prescrita no inc. III), 
ocorrerá a perempção, ou seja, a impossibilidade de a parte autora repropor a demanda em face do mesmo 
réu para discutir o mesmo objeto, a não ser que essa questão seja ventilada pelo autor como matéria de 
defesa em processo contra ele proposto. 
Para ocorrer a perempção, temos: 
 
PARA REPROPOSITURA DE NOVA AÇÃO EM FACE DE PRONUNCIAMENTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO
correção do vício que levou à extinção da 
sentença
depósito das custas e honorários da sentença 
resolutiva
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Sentença definitiva 
Segundo entendimento da doutrina4: 
A sentença definitiva é aquela que aprecia o fundo do litígio extinguindo o processo com 
resolução de mérito. A sentença definitiva transita formal e materialmente em julgado, 
sobre ela se formando a coisa julgada (art. 502, CPC). A sentença definitiva tem autoridade 
endoprocessual extraprocessual: impossibilita a rediscussão das questões decididas tanto 
dentro do processo em que foi proferida como fora dele. 
Para a doutrina5, a sentença de mérito é aquela em que o juiz acolhe ou rejeita o pedido formulado pelo autor 
da ação ou da reconvenção, ditando imperativamente a solução do conflito. 
As hipóteses de sentença com resolução do mérito estão explicitamente previstas no art. 487, do NCPC: 
Art. 487. HAVERÁ resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 
4 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, 
rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 572. 
5 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com 
o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 428. 
PEREMPÇÃO
três abandonos da causa (deixar de dar andamento ao processo por mais 
de 30 dias quando lhe competia dar andamento ou cumprir diligências 
determinadas pelo juiz).
Implica a impossibilidade de discutir o mesmo objeto contra as mesmas 
partes
não impede que o objeto seja utilizado como matéria de defesa
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Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 [julgamento liminar do pedido 
por prescrição/decadência], a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que 
antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. 
Vamos analisar, objetivamente, cada um dos incisos. 
(i) ACOLHIMENTO OU REJEIÇÃO DO PEDIDO. 
Independentemente de o pedido ser formulado na ação inicial ou na contestação, o acolhimento ou a 
rejeição do pedido impõe pronunciamento quanto ao mérito, o que é o objetivo principal do processo 
judicial. 
Nessa hipótese, o juiz valora expressamente os pedidos deduzidos pelas partes no processo. 
Além disso, é importante destacar que o reconhecimento ou a rejeição do pedido pode se referir tanto à 
ação quanto à eventual reconvenção do réu contra o autor. 
(ii) DECIDIR PELA PRESCRIÇÃO OU PELA DECADÊNCIA.O reconhecimento judicial da prescrição ou da decadência poderá ocorrer de modo liminar, na forma do art. 
332, §1º, do NCPC, ou no momento da sentença, na forma do inc. II, do art. 487, do NCPC, ora estudado. 
É importante registrar que tanto a prescrição como a decadência são temas de direito material, não de 
direito processual, o que implica a extinção do processo com resolução do mérito. Para facilitar a 
compreensão, basta você lembrar que os prazos de prescrição e de decadência estão descritos no Código 
Civil, não no NCPC. 
Registre-se que, para o reconhecimento da prescrição ou da decadência, é necessário, preliminarmente, 
ouvir as partes, conforme expressa o parágrafo único do art. 487, do NCPC. 
 
Na sequência, vamos analisar a hipótese do inc. III, do art. 487, do NCPC, que dispõe sobre as sentenças 
homologatórias. São situações que englobam atos de disposição das partes relativamente ao objeto do 
processo6. São elas: 
 
6 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com 
o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 428. 
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o Reconhecimento da procedência do pedido; 
o Transação; e 
o Renúncia à pretensão formulada. 
Vamos analisar cada uma delas?! 
(iii) RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 
Quando há reconhecimento da procedência do pedido pela parte ré, o juiz está vinculado, não podendo 
decidir de modo diverso. Nesse caso, julga-se extinta a fase de conhecimento do processo com julgamento 
do mérito. 
(iv) TRANSAÇÃO. 
A transação é um negócio jurídico de direito material, resultando em pronunciamento resolutório de mérito, 
em decorrência de concessões mútuas das partes. 
(v) RENÚNCIA À PRETENSÃO FORMULADA. 
A renúncia à pretensão ocorre quando a parte, contra quem se pede, reconhece a pretensão da parte 
contrária como forma de pôr fim à relação processual, caso em que o juiz firmará sentença homologatória 
que põe fim ao processo com resolução do mérito. 
Para encerrar o tópico, cumpre lembrar que o NCPC se volta para prolação de sentença de mérito, tal como 
se extrai do art. 6º, que evidencia o princípio da primazia da decisão de mérito. 
Sobre o art. 488, veja o que nos ensina a doutrina7: 
O art. 488 estabelece que, se a despeito de haver um fundamento para negativa de solução 
do mérito, for também possível resolver o mérito favoravelmente àquela a quem 
aproveitaria a sentença meramente terminativa (normalmente o réu), deve-se proferir a 
sentença de mérito. Em outras palavras, o juiz constata haver um fundamento para a 
extinção da fase cognitiva sem solução de mérito – que seria bom para o réu –, mas 
também conclui que é possível julgar o mérito em favor do próprio réu – sempre que 
possível, deverá adotar essa segunda alternativa. 
Vejamos algumas questões sobre esse assunto: 
 
7 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com 
o novo CPC, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 431. 
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(FGV/OAB/2022) Por mais de 10 anos, Leandro foi locatário de uma sala comercial de propriedade de 
Paula, na qual instalou o seu consultório para atendimentos médicos. 
Decidido a se aposentar, Leandro notificou Paula, informando a rescisão contratual e colocando-se à 
disposição para entregar o imóvel. Ultrapassados 4 (quatro) meses sem o retorno da locadora, Leandro 
ajuizou ação declaratória de rescisão contratual com pedido de consignação das chaves. Diante disso, Paula 
apresentou contestação e reconvenção, na qual pleiteia a cobrança de danos materiais por diversos 
problemas encontrados no imóvel. Diante desse imbróglio, e reconsiderando sua aposentadoria, Leandro 
consulta advogado(a) para avaliar a possibilidade de desistir da ação. 
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. 
A) Por ter sido apresentada contestação, Leandro poderá desistir da ação até a sentença, o que ficará sujeito 
à concordância de Paula. 
B) Como foi oferecida a contestação, Leandro não poderá mais desistir da ação. 
C) Caso apresentada desistência da ação por Leandro, sua conduta implicará a desistência implícita da 
reconvenção. 
D) Caso Leandro desista da ação, isso acarretará a extinção do processo sem resolução de mérito, obstando 
a propositura de nova ação com o mesmo objeto. 
Comentários 
A questão trata sobre a desistência da ação. Esse é um instituto puramente processual e que, até o momento 
da prolação da sentença (§ 5º, Art. 485, NCPC), permite a extinção sem resolução do mérito. 
Antes da citação ela é incondicional (Art. 485, VIII, NCPC) mas, após oferecida a contestação só poderá ser 
deferido com anuência do réu (§ 4º, Art. 485, NCPC), ou a critério do juiz, se ausente justificativa. 
Vamos analisa as questões? 
Letra A: CORRETA 
De acordo com o artigo 485 § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, 
desistir da ação. § 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
Letra B: INCORRETA 
Leandro poderá desistir com o consentimento de Paula. 
De acordo com o artigo 485 § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, 
desistir da ação. § 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
Letra C: INCORRETA 
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De acordo com o artigo 343 §2° do CPC, a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça 
o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. 
#DICADOPROF: A reconvenção e a contestação são formas autônomas de resposta do réu, sendo a primeira 
uma forma de veicular pretensão própria. Por isso, a extinção da ação principal não prejudica a continuidade 
do feito quanto à reconvenção. Portanto, uma vez que a reconvenção corresponde a uma ação autônoma, 
independe da sorte da ação principal. Desse modo, se nem a extinção ou a desistência da ação principal 
impedem o prosseguimento da reconvenção (art. 343, §2º, CPC), com muito menos razão o faria a revelia. 
Letra D: INCORRETA 
De acordo com o Art. 486 do CPC, o pronunciamento judicial que NÃO RESOLVE O MÉRITO NÃO OBSTA a que 
a parte proponha de novo a ação. 
Gabarito: A 
-- 
(FGV - 2017) Roberta ingressou com ação de reparação de danos em face de Carlos Daniel, cirurgião 
plástico, devido à sua insatisfação com o resultado do procedimento estético por ele realizado. 
Antes da citação do réu, Roberta, já acostumada com sua nova feição e considerando a opinião dos seus 
amigos (de que estaria mais bonita), troca de ideia e desiste da demanda proposta. A desistência foi 
homologada em juízo por sentença. Após seis meses, quando da total recuperação da cirurgia, Roberta 
percebeu que o resultado ficara completamente diferente do prometido, razão pela qual resolve ingressar 
novamente com a demanda. 
A demanda de Roberta deverá ser 
a) extinta sem resolução do mérito, por ferir a coisa julgada. 
b) extinta sem resolução do mérito, em razão da litispendência. 
c) distribuída por dependência. 
d) submetida à livre distribuição, pois se trata de nova demanda. 
Comentários 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 485, III, do NCPC, a desistência 
da ação, após a homologação pelo juízo, leva à extinção do processo sem resolução do mérito. 
-- 
(FGV - 2017) A multinacional estrangeira Computer Inc., com sede nos Estados Unidos, celebra contrato 
de prestação de serviços de informática com a sociedade empresarial Telecomunicações S/A, constituída 
de acordo com as leis brasileiras e com sede no Estado de Goiás. 
Os serviços a serem prestados envolvem a instalação e a manutenção dos servidores localizados na sede 
da sociedadeempresarial Telecomunicações S/A. Ainda consta, no contrato celebrado entre as referidas 
pessoas jurídicas que eventuais litígios serão dirimidos, com exclusividade, perante a Corte Arbitral Alfa, 
situada no Brasil. 
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Após discordâncias sobre o cumprimento de uma das cláusulas referentes à realização dos serviços, a 
multinacional Computer Inc. ingressa com demanda no foro arbitral contratualmente avençado. 
Com base no caso concreto, assinale a afirmativa correta. 
a) A cláusula compromissória prevista no contrato é nula de pleno direito, uma vez que o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição, previsto constitucionalmente, impede que ações que envolvam obrigações a 
serem cumpridas no Brasil sejam dirimidas por órgão que não integre o Poder Judiciário nacional. 
b) Caso a empresa Telecomunicações S/A ingresse com demanda perante a Vara Cível situada no Estado de 
Goiás, o juiz deverá resolver o mérito, ainda que a sociedade Computer Inc. alegue, em contestação, a 
existência de convenção de arbitragem prevista no instrumento contratual. 
c) Visando efetivar tutela provisória deferida em favor da multinacional Computer Inc., poderá ser expedida 
carta arbitral pela Corte Arbitral Alfa para que órgão do Poder Judiciário, com competência perante o Estado 
de Goiás, pratique atos de cooperação que importem na constrição provisória de bens na sede da sociedade 
empresarial Telecomunicações S/A, a fim de garantir a efetividade do provimento final. 
d) A sentença arbitral proferida pela Corte Arbitral Alfa configura título executivo extrajudicial, cuja execução 
poderá ser proposta no foro do lugar onde deva ser cumprida a obrigação. 
Comentários 
A alterativa A está incorreta. A cláusula compromissória não é nula, haja vista ser ela admitida pelo NCPC. 
A alterativa B está incorreta. De fato, a existência de convenção de arbitragem deve ser alegada pelo réu, 
em sua contestação, em sede preliminar. Porém, sendo esta alegada, o juiz não deve proceder à apreciação 
do mérito da demanda, mas deve extinguir o processo sem resolução de mérito. 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, nos termos do art. 237, IV, da referida Lei. 
A alterativa D está incorreta. De acordo com o art. 515, VII, do NCPC, a sentença arbitral constitui um título 
executivo judicial e não extrajudicial. 
-- 
(FGV - 2016) Brenda, atualmente com 20 anos de idade, estudante do 2º período de direito, percebe 
mensalmente pensão decorrente da morte de seu pai. Sucede, contudo, que ela recebeu uma 
correspondência do fundo que lhe paga a pensão, notificando-a de que, no dia 20 do próximo mês, quando 
completará 21 anos, seu benefício será extinto. Inconformada, Brenda ajuizou ação judicial, requerendo 
em antecipação de tutela a continuidade dos pagamentos e, por sentença, a manutenção desse direito 
até, pelo menos, completar 24 anos de idade, quando deverá terminar a faculdade. Tal demanda, contudo, 
é rejeitada liminarmente pelo juiz da 3ª Vara, sob o argumento de que aquela matéria de direito já está 
pacificada de forma contrária aos interesses da Autora na jurisprudência dos Tribunais Superiores e, ainda, 
por ele já ter proferido, em outros casos com a mesma questão de direito, diversas sentenças de 
improcedência. 
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta. 
a) A decisão acima mencionada, se transitada em julgado, não faz coisa julgada material, na medida em que 
a ausência de citação do Réu impede a formação regular do processo. 
b) No caso de eventual recurso de Brenda, o juízo que proferiu a sentença poderá, se assim entender, 
retratar-se. 
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c) Se a matéria de mérito estivesse pacificada nos Tribunais Superiores em favor da autora, poderia o 
magistrado, ao receber a petição inicial, sentenciar o feito e julgar desde logo procedente o pedido. 
d) Mesmo que a demanda envolvesse necessidade de produção de prova pericial, o magistrado poderia se 
valer da improcedência liminar, tendo em vista a força dos precedentes dos Tribunais Superiores. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. A decisão mencionada corresponde a uma sentença que extingue o processo 
com resolução do mérito, pois indefere o pedido do autor, conforme o art. 487, I, do NCPC. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois se refere ao §3º, do art. 332, da referida Lei. 
A alternativa C está incorreta. O julgamento antecipado do processo, nesse caso, somente é admitido diante 
da existência de sentença de total improcedência do pedido. 
A alternativa D está incorreta. O julgamento antecipado do processo, nesse caso, somente é admitido se a 
questão for unicamente de direito, o que não ocorre quando a demanda envolve a necessidade de produção 
de prova pericial. 
-- 
(FGV - 2015) O Banco Financeiro S.A. ajuizou contra Marco Antônio ação de busca e apreensão de veículo, 
em razão do inadimplemento de contrato de financiamento garantido por cláusula de alienação fiduciária. 
A primeira tentativa de citação foi infrutífera, uma vez que o réu não mais residia no endereço constante 
da inicial. O Juízo, então, determinou a indicação de novo endereço para a realização da diligência, por 
decisão devidamente publicada na imprensa oficial. Considerando que o advogado do autor se manteve 
inerte por prazo superior a 30 dias, o processo foi julgado extinto, sem resolução do mérito, por abandono. 
Sabendo da impossibilidade de extinção do processo por abandono sem a prévia intimação pessoal da 
parte para dar regular andamento ao feito, o advogado do autor interpôs recurso de apelação. 
Assinale a opção que contém a correta natureza do vício apontado e o pedido adequado à pretensão 
recursal. 
a) Por se tratar de error in procedendo e a causa não estar madura para julgamento, o pedido recursal deve 
ser de anulação da sentença. 
b) Trata-se de erro material, que justifica o pedido de integração da sentença pelo Tribunal. 
c) Em se tratando de error in judicando, o pedido adequado, no caso sob exame, é de reforma da sentença. 
d) Trata-se de erro de procedimento, que justifica o pedido de julgamento do mérito da lide no estado em 
que se encontra. 
Comentários 
Para responder essa questão precisamos saber a diferença entre o error in procedendo e o error in judicando. 
O error in procedendo corresponde a um vício de forma, que ocorre quando o juiz deixa de observar algum 
requisito formal necessário para a prática do ato. A ocorrência deste tipo de erro provoca, em regra, a 
anulação da sentença recorrida. 
O error in judicando corresponde a um vício quanto à materialidade, que ocorre quando o juiz se equivoca 
na interpretação ou na aplicação da lei, o que implica na reforma da sentença por ele proferida. 
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Nesse caso, por se tratar de error in procedendo e a causa não estar madura para julgamento, o pedido 
recursal deve ser de anulação da sentença. Dessa forma, a alternativa A está correta e é o gabarito da 
questão. 
-- 
(FGV - 2014) Adamastor ingressou com ação indenizatória em face de determinada operadora de telefonia 
fixa, argumentando ausência de relação contratual e inscrição indevida de seu nome no cadastro de 
proteção ao crédito. Em contestação, a ré apresentou o contrato firmado entre as partes dezoito meses 
antes e comprovou a falta de pagamento das faturas dos últimos três meses. Em réplica, Adamastor alegou 
que fez o pedido da linha, mas que seu irmão teria feito uso do serviço, restando indevida a inscrição do 
seu nome no cadastro de devedores. 
Nesse caso, concluída a fase probatória, considerando apenas o aspecto processual, o processo deve ser 
extinto. 
a) sem resolução do mérito, em razão da ausência de pressupostos processuais deexistência do processo, já 
que a parte autora não tem legitimidade para a causa. 
b) com resolução do mérito, julgando-se improcedente o pedido, haja vista a evidente demonstração de fato 
extintivo e modificativo do direito do autor, que decorre da ausência de responsabilidade civil nesses casos. 
c) sem resolução do mérito, por restarem ausentes as condições da ação no que tange ao interesse 
processual, caracterizado pelo binômio necessidade-possibilidade, além da ilegitimidade da parte autora. 
d) com resolução do mérito, julgando-se improcedente o pedido, já que a parte ré apontou fato impeditivo 
do direito do autor por ter prestado os serviços adequadamente, comprovando a relação contratual válida 
existente e a inadimplência 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Primeiramente, lembre-se que a legitimidade das partes corresponde a uma 
das condições da ação e não a um dos pressupostos processuais. 
Além disso, como o contrato foi firmado em nome de Adamastor, deve ser ele considerado parte legítima 
para figurar no polo ativo da ação. 
A alternativa B está incorreta. A simples alegação de que um terceiro teria feito uso dos serviços contratados 
em nome da parte autora não lhe retira a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação pactuada em 
seu nome. 
A alternativa C está incorreta. Nesse caso, não há que se falar em ilegitimidade da parte autora, visto que é 
ela própria quem figura na relação contratual. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o que dispõe os art. 373, II e 487, I, ambos 
do NCPC: 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
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(FGV - 2016) João, maior e capaz, correntista do Banco Grana Alta S/A, ao verificar o extrato da sua conta-
corrente, constata a realização de um saque indevido no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), razão pela 
qual ingressa com ação de indenização por dano material em face da referida instituição financeira. 
Contudo, antes mesmo da citação da sociedade ré, João comunica ao juízo seu desinteresse no 
prosseguimento do feito. 
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
a) A desistência da ação produz, como um dos seus efeitos, o fenômeno da coisa julgada material, obstando 
que o autor intente nova demanda com conteúdo idêntico perante o Poder Judiciário. 
b) Tendo em vista que a causa versa sobre direito indisponível, poderá o juiz, de ofício, dar prosseguimento 
ao feito, determinando a citação da instituição financeira para que apresente, no prazo de 15 dias, sua 
resposta. 
c) A desistência somente produzirá efeitos, extinguindo o processo, se houver o prévio consentimento do 
Banco Grana Alta S/A. 
d) Diante da desistência unilateral do autor da ação, operar-se-á a extinção do processo sem resolução do 
mérito. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 485, VIII, do NCPC, o juiz não resolverá o mérito quando 
o autor homologar a desistência da ação. Razão pela qual não há que se falar em formação de coisa julgada 
material. 
A alternativa B está incorreta. A causa versa sobre direito disponível, não podendo o juiz, de ofício, dar 
prosseguimento ao feito, diante de um pedido de desistência formulado pelo autor antes da citação do réu. 
A alternativa C está incorreta. Segundo o §4º, da Lei nº 13.105/15, o autor não poderá, sem o consentimento 
do réu, desistir da ação. 
O consentimento do réu somente é exigido, no caso de pedido de desistência, após a sua citação. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 485, VIII, da referida Lei. 
2 - Elementos e Efeitos da Sentença 
A estrutura da sentença é complexa, pois envolve várias decisões a partir do que foi pedido pelas partes e 
daquilo que consta do processo. Como forma de organizar o que foi analisado no contexto do processo, o 
que será decidido, as razões da decisão e o que foi efetivamente decidido, temos que a sentença contêm os 
seguintes elementos essenciais: 
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O relatório envolve a análise de tudo o que ocorreu no processo. Segundo a doutrina8, no relatório, o juiz faz 
como que um resumo do processo, expondo tudo o que foi relevante no desenvolvimento, como fatos, razões 
de direito alegadas pelas partes, o pedido, a defesa. Trata-se do histórico do que houve no processo9. 
O relatório é um instrumento que evidencia todas as intercorrências do procedimento até a sentença. Assim, 
é no relatório que constarão as informações referentes aos incidentes e às demais decisões interlocutórias, 
provas produzidas etc. 
De acordo com o inc. I, lembre-se de que: 
 
 
8 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com o novo CPC, 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 433. 
9 JR. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, 18ª edição, rev., atual. e ampl., Bahia: Editora JusPodvim, 2016, p. 319. 
ELEMENTOS DA 
SENTENÇA
relatório fundamentos dispositivo
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Registre-se que a intenção do legislador é exigir uma demonstração de que o órgão julgador efetivamente 
conhece a história do processo em cujo bojo está proferindo a decisão10. 
A fundamentação é o ponto central da sentença, pois é o local em que o magistrado analisa o problema 
jurídico posto pelas partes. Fundamentar significa dar razões – razões que visam a evidenciar a racionalidade 
das opções interpretativas constantes da sentença, a viabilizar o seu controle intersubjetivo e a oferecer o 
material necessário para formação de procedentes11. 
Segundo a doutrina12, 
na fundamentação, cabe ao magistrado expor as razões de seu convencimento, de forma 
clara, completa e razoável, de modo que todos aqueles que a leiam possam compreender 
o caminho argumentativo que o levou à conclusão a que chegou. Trata-se de norma em 
que se manifesta e se concretiza de forma inequívoca o princípio do livre convencimento 
motivado, tal como expresso no art. 371. 
É na fundamentação que extraímos os argumentos e a análise dos fatos pelo magistrado. 
De acordo com parte importante da doutrina, a fundamentação atua como norma jurídica individualizada. 
Dito de outro modo, pela atividade fundamentadora do magistrado, toma-se a norma legal e abstrata que, 
cotejada com os fatos e elementos de prova, resulta na norma jurídica aplicada àquele caso concreto, a 
norma jurídica individualizada. 
A fundamentação constitui exigência da motivação. Conforme estabelece a CF no art. 93, inc. IX, toda decisão 
judicial deve ser motivada, pois permite às partes conhecer as razões que formaram o convencimento no 
processo (função endoprocessual) e, externamente, permite à sociedade o controle da atividade jurisdicional 
(função extraprocessual). 
Temos, ainda, o dispositivo, que constitui o fecho da sentença. O dispositivo é o cerne da sentença, 
conferindo identidade ao pronunciamento. Segundo a doutrina13, é a parte da decisão em que o órgão 
 
10 JR. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, 18ª edição, rev., atual. e ampl., Bahia: Editora JusPodvim, 2016, p. 312. 
11 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. 
e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 576. 
12 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com o novo CPC, 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,434. 
13 JR. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, 18ª edição, rev., atual. e ampl., Bahia: Editora JusPodvim, 2016, 358. 
RELATÓRIO
nome das partes identificação do caso
resumo do pedido e 
da contestação
registro das principais 
ocorrências no 
processo
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jurisdicional estabelece um preceito normativo, concluindo a análise acerca de um (ou mais de um) pedido 
que lhe fora dirigido. 
Trata-se do momento em que o juiz resume a decisão rejeitando ou acolhendo os pedidos formulados na 
inicial ou na reconvenção e que receberá a proteção da coisa julgada. Assim, dos três elementos da sentença, 
apenas o dispositivo transita em julgado, vale dizer, tem o condão de tornar-se imutável, indiscutível. 
O §1º declina hipótese que considerará a sentença não fundamentada. Vejamos, objetivamente, cada um 
dos itens: 
 Não se considera fundamentada a sentença que apenas indicar, reproduzir ou 
parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as questões a serem decididas. 
Por exemplo, o magistrado não pode simplesmente dizer que a parte tem direito à 
indenização por danos materiais e morais por violação da intimidade conforme o art. 5º, X, 
da CF. Deverá o magistrado debater analiticamente os danos faticamente demonstrados e 
que estão de acordo com dispositivo constitucional. 
 Não se considera fundamentada a sentença que empregar conceitos jurídicos 
indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto. 
Conceito jurídico indeterminado é uma técnica legislativa, na qual as palavras usadas pelo 
legislador são vagas ou imprecisas e devem ser integradas pelo magistrado à luz do caso 
concreto. A partir dessa atividade integrativa do juiz é que será possível aplicar as 
consequências da norma. 
Por exemplo, quando a legislação afirma que a atividade desempenhada é de risco para 
caracterizar a responsabilidade civil objetiva, a expressão “atividade de risco” exige 
integração do juiz para, no caso concreto, avaliar, a partir dos fatos trazidos, que a 
atividade desempenhada é de risco. Se positivo, decorrerá a responsabilidade objetiva, caso 
contrário, é subjetiva. 
 Não se considera fundamentada a sentença que invocar motivos genéricos, que possam 
justificar qualquer outra decisão no processo. 
Entende-se aqui que a fundamentação deve ser específica. 
 Não se considera fundamentada a sentença que não enfrentar todos os argumentos 
apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese adotada pelo julgador. 
Dito de forma simples, o magistrado, ao adotar determinada tese, deve refutar todos os 
argumentos contrários àquela tese que pautou a decisão. 
 Não se considera fundamentada a decisão que apenas fizer referência a determinado 
precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso concreto se amolda aos fundamentos 
do julgado ou súmula. 
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 Não se considera fundamentada a decisão que, pelo contrário, deixar de seguir súmula, 
jurisprudência ou precedentes invocados pela parte sem demonstrar a inaplicabilidade ao 
caso concreto ou a superação do entendimento anteriormente adotado. 
No caso de colisão entre normas, o magistrado deverá justificar porque adota uma norma ao invés da outra, 
de acordo com as técnicas interpretativas, entre elas a ponderação de princípios e critérios de aplicação de 
regras jurídicas. Além disso, ao interpretar as regras jurídicas, o juiz deve adotar o princípio da boa-fé 
objetiva, que é intitulado em nossa CF como norma processual civil fundamental. 
O art. 490, do NCPC, simplesmente estabelece que o magistrado resolve o mérito com análise do pedido da 
parte, seja para, de forma integral ou parcial, acolher ou rejeitar o pedido. 
O art. 491, do NCPC, trata da sentença líquida. Em regra, o pedido deve ser certo e determinado, o que 
implicará, em igual medida, uma sentença certa e determinada. Mais importante que isso é compreender o 
art. 491, caput, do NCPC, que prevê que o magistrado tem o dever de sentenciar de forma líquida, mesmo 
que o pedido seja genérico. 
Assim, ao sentenciar, o juiz deverá indicar: 
 a extensão da obrigação; 
 o índice de correção monetária; 
 a taxa de juros; e 
 a periodicidade de capitalização dos juros. 
A definição da condenação somente não será exigida em duas situações: 
1ª SITUAÇÃO: quando não for possível apontar de forma definitiva o montante devido, 
admite-se excepcionalmente sentença ilíquida. 
2ª SITUAÇÃO: quando o valor devido depender de produção de prova a fim de apurar o valor 
exato, a ser realizada na fase de liquidação de sentença. 
Em síntese... 
 
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Veja, na sequência, o art. 492: 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como 
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. 
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. 
Prevê o dispositivo que o magistrado deve decidir de acordo com o pedido formulado pelas partes. Se o juiz 
julgar em desconformidade com a regra acima, temos a possibilidade de formação de sentenças ultra, extra 
ou infra petita. 
 
 
SE
N
TE
N
Ç
A
 L
ÍQ
U
ID
A
regra, devendo 
indicar:
a extensão da obrigação
o índice de correção monetária
a taxa de juros
a periodicidade de capitalização dos 
juros
exceções:
não for possível definir o montante 
devido
for necessária prova para apurar o 
montante devido
sentença infra 
petita
ocorre quando o juiz não aprecia um dos pedidos 
formulados
sentença extra 
petita
ocorre quando o juiz aprecia pedido fora daquilo 
que foi demandado
sentença ultra 
petita
ocorre quando o juiz decide para além daquilo 
que foi demandado
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Para que você compreenda o assunto sem maiores dificuldades, lembre-se de que: 
 Na sentença infra petita o juiz se ESQUECE de analisar parte dos pedidos ou dos 
fundamentos. 
 Na sentença extra petita o juiz INVENTA algo não pedido ou fundamentado no pedido. 
 Na sentença ultra petita o magistrado EXAGERA, concedendo em maior extensão aquilo 
que foi pedido pela parte. 
Nos três casos, a consequência é a mesma: a possibilidade de invalidação da sentença prolatada. 
De acordo com o art. 492, do NCPC, “é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem 
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. Além disso, 
de acordo com o parágrafo único, “a decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional”. 
Sigamos! 
O art. 493, do NCPC, trata da influência que fatos supervenientes podem impor ao processo e, 
especialmente, para a sentença. A regra é que a sentença reflita o contexto litigioso no momento da 
concessão da tutela. Assim, deve o magistrado levar em consideração não apenas os fatos trazidos pelas 
partes no momento da propositura da demanda. 
Segundo a doutrina14: 
Trata-se de dispositivo digno de aplauso, porque parte da (correta) premissa de que o 
processo precisa de algum tempo para ser resolvido e de que o inexorável passar do tempo 
pode fazer com que as circunstâncias de fato e de direito que envolvem o litígio sejam 
alteradas. 
Se houver algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo que possa influenciar na relação de direito 
material discutida em juízo e for posterior ao ajuizamento da ação, o magistrado tem o dever de levá-la em 
consideração. De toda forma, deverá o magistrado, antes de decidir, ouvir as partes. 
Por exemplo, no curso de uma ação de cobrança de determinada quantia, ainda que o réu já tenha oferecido 
a contestação e nada tenha dito, poderá apresentar uma petição para requerer a compensaçãodo crédito, 
se concedido, como eventual valor que tenha direito em face do autor por conta de fato superveniente. 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou 
extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em 
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. 
 
14 JR. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, 18ª edição, rev., atual. e ampl., Bahia: Editora JusPodvim, 2016, p. 428. 
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Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes 
de decidir. 
A sentença é preclusiva! 
Dito de outro modo, ao lançar a sentença, o magistrado exerce um ato processual que implica a preclusão 
de sentenciar. Em face disso, o magistrado não poderá mais alterar a sentença prolatada, a não ser em duas 
situações específicas: correção de erro material e embargos de declaração. 
De acordo com a doutrina15, “sem ofensa à regra da inalterabilidade da sentença, pode o juiz corrigir a 
própria decisão, de ofício ou a requerimento da parte, quando constatar inexatidões materiais ou erros de 
cálculo”. Sobre os embargos, leciona a doutrina16 que o juiz pode alterar igualmente a própria decisão em 
função de acolhimento de embargos de declaração. 
Fora essas duas hipóteses, somente teremos alteração da sentença por intermédio de revisão da decisão por 
órgão julgador superior (recurso). 
Para encerrarmos o conteúdo teórico vamos tratar, objetivamente, do art. 495, do NCPC, que trata da 
hipoteca judiciária. 
A eficácia da sentença atinge diretamente a relação jurídica que foi objeto de discussão em juízo. Esse é o 
efeito imediato e direto da sentença. Contudo, podemos verificar efeitos anexos, como a constituição de 
hipotética judiciária. 
Estuda-se, em Direito Civil, que a hipoteca constitui um direito real de garantia. Em termos simples, temos a 
possibilidade de o credor gravar um bem do devedor com o ônus de responder pela dívida, caso não realize 
o pagamento. Essa hipoteca evita que, após o trâmite processual, a parte devedora se desfaça dos bens até 
o efetivo cumprimento da sentença. 
Portanto, com o registro da hipoteca judiciária confere-se preferência de pagamento do resultado fixado em 
sentença. Uma vez constituída, a parte devedora será cientificada no prazo de até 15 dias. 
Veja uma questão sobre o assunto: 
(OAB/FGV - 2022) Adriana ajuizou ação de cobrança em face de Ricardo, para buscar o pagamento de 
diversos serviços de arquitetura por ela prestados e não pagos. Saneado o feito, o juízo de primeiro grau 
determinou a produção de prova testemunhal, requerida como indispensável pela autora, intimando-a 
para apresentar o seu rol de testemunhas, com nome e endereço. Transcorrido mais de 1 (um) mês, 
Adriana, embora regularmente intimada daquela decisão, manteve-se inerte, não tendo fornecido o rol 
contendo a identificação de suas testemunhas. Diante disso, o juízo determinou a derradeira intimação da 
autora para dar andamento ao feito, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de extinção. Essa intimação foi 
 
15 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. 
e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 583. 
16 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. 
e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 584. 
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feita pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos. Findo o prazo sem 
manifestação, foi proferida, a requerimento de Ricardo, sentença de extinção do processo sem resolução 
de mérito, tendo em vista o abandono da causa pela autora por mais de 30 (trinta) dias, condenando 
Adriana ao pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios. 
Na qualidade de advogado de Adriana, sobre essa sentença assinale a afirmativa correta. 
A) Está incorreta, pois, para que o processo seja extinto por abandono, o CPC exige prévia intimação pessoal 
da parte autora para promover os atos e as diligências que lhe incumbir, no prazo de 5 (cinco) dias. 
B) Está correta, pois, para que o processo seja extinto por abandono, o CPC exige, como único requisito, o 
decurso de mais de 30 (trinta) dias sem que haja manifestação da parte autora. 
C) Está incorreta, pois, para que o processo seja extinto por abandono, o CPC exige, como único requisito, o 
decurso de mais de 60 (sessenta) dias sem que haja manifestação da parte autora. 
D) Está incorreta, pois o CPC não prevê hipótese de extinção do processo por abandono da causa pela parte 
autora. 
Comentários 
A questão exige conhecimento das especificidades processuais da decisão de abandono da causa. 
De acordo com o art. 485, § 1º, do CPC/2015, a decisão de abandono da causa deve ser proferida após 
intimação pessoa da parte para suprir a falta no prazo de 5 dias: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 
(trinta) dias; 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no 
prazo de 5 (cinco) dias. 
No caso narrado, não foi feita a intimação pessoal, mas apenas a intimação em nome do advogado. Portanto, 
não foi válida a decisão de extinção do processo por abandono da causa. 
As decisões de extinção do processo sem julgamento de mérito têm algumas especificidades que devem ser 
conhecidas a fim de evitar a ocorrência de nulidades. 
A extinção por abandono da causa exige a intimação pessoal da parte: se o advogado permanece inerte, a 
parte deverá providenciar sua substituição a fim de dar andamento ao seu processo. 
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. 
-- 
(OAB/FGV - 2020) Marcos foi contratado por Júlio para realizar obras de instalação elétrica no 
apartamento deste. Por negligência de Marcos, houve um incêndio que destruiu boa parte do imóvel e 
dos móveis que o guarneciam. 
Como não conseguiu obter a reparação dos prejuízos amigavelmente, Júlio ajuizou ação em face de Marcos 
e obteve sua condenação ao pagamento da quantia de R$ 148.000,00 (cento e quarenta e oito mil reais). 
Após a prolação da sentença, foi interposta apelação por Marcos, que ainda aguarda julgamento pelo 
Tribunal. Júlio, ato contínuo, apresentou cópia da sentença perante o cartório de registro imobiliário, para 
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registro da hipoteca judiciária sob um imóvel de propriedade de Marcos, visando a garantir futuro 
pagamento do crédito. 
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
A) Júlio não pode solicitar o registro da hipoteca judiciária, uma vez que ainda está pendente de julgamento 
o recurso de apelação de Marcos. 
B) Júlio, mesmo que seja registrada a hipoteca judiciária, não terá direito de preferência sobre o bem em 
relação a outros credores. 
C) A hipoteca judiciária apenas poderá ser constituída e registrada mediante decisão proferida no Tribunal, 
em caráter de tutela provisória, na pendência do recurso de apelação interposto por Marcos. 
D) Júlio poderá levar a registro a sentença, e, uma vez constituída a hipoteca judiciária, esta conferirá a Júlio 
o direito de preferência em relação a outros credores, observada a prioridade do registro. 
Comentários 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O caso apresentado enquadra-se no artigo 495 do 
Código de Processo Civil: a decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro 
(pagamento de R$ 148.000,00) e a que determinar a conversãode prestação de fazer, de não fazer ou de 
dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. A hipoteca 
judiciária poderá ser realizada mediante apresentação da cópia da sentença perante o cartório de registro 
imobiliário (art. 495, §2º) - como foi feito por Júlio. A hipoteca judiciária tem como consequência, para o 
credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada 
a prioridade no registro (art. 495, §4º). Por fim, prevê o art. 495, §1º, III que a decisão produz a hipoteca 
judiciária ainda que tenha sido impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo (apelação, no caso 
apresentado). 
A alternativa A está incorreta pois Júlio poderá solicitar o registro da hipoteca judiciária, ainda que pendente 
o julgamento da apelação interposta por Marcos (art. 495, §1º, III). 
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 495, §4º do CPC, a constituição da hipoteca judiciária 
confere ao credor hipotecário o direito de preferência, quanto ao pagamento, em relação a outros credores. 
A alternativa C está incorreta. O Código de Processo Civil não restringe o cabimento da hipoteca judiciária a 
decisões proferidas no Tribunal, conforme o caput do art. 495. 
REMESSA NECESSÁRIA 
Segundo a doutrina17: 
O ordenamento estabelece que a solução judicial de determinada hipóteses de litígios 
apenas será adaptada a transitar em julgado depois de ser examinada, obrigatoriamente, 
por dois graus de jurisdição. Nesses casos, a sentença proferida em primeiro grau tem de 
necessariamente ser examinada pelo grau de jurisdição superior, mesmo não sendo 
 
17 WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 2, 16ª edição, reform. e ampl. com o novo CPC, 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 453. 
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interposta apelação por qualquer das partes. É o que o Código denomina de remessa 
necessária. 
A remessa necessária constitui eficácia da sentença e um óbice para a formação da coisa julgada. Não se 
trata de recurso, uma vez que independe da manifestação de irresignação da parte prejudicada pela 
sentença. 
De acordo com o art. 496, do NCPC, são duas as situações que ensejam a remessa necessária, também 
conhecida como duplo grau de jurisdição obrigatório. 
Para a prova... 
 
 
 
Apenas para esclarecer, a Fazenda Pública, quando possui algum crédito a receber de determinada pessoa, 
caso não haja pagamento espontâneo, deve ingressar com a execução fiscal. A forma de impugnar a 
execução pelo administrado é a oposição de embargos. Assim, se esses embargos forem julgados 
procedentes, a Fazenda deixa de receber valores que lhes seriam devidos. Em face disso, tal como a sentença 
contrária aos seus interesses, a procedência dos embargos também se remete à remessa necessária. 
Assim, é dever do magistrado, na hipótese de não haver apelação, efetuar a remessa ao tribunal. Caso não 
seja efetivada a remessa, cabe ao Presidente do Tribunal respectivo avocar o processo. 
Portanto, a regra é a remessa necessária das condenações CONTRÁRIAS à Fazenda Pública. Há, contudo, 
exceções! O §3º fixa faixas de condenações que, mesmo contrárias à Administração Pública direta, 
autárquica e fundacional, não implicam a remessa necessária. O §4º fixa entendimentos consolidados que, 
se observados no caso concreto, também elidem a remessa necessária. Nesse caso específico, entende-se 
que não obstante a condenação contrária e independentemente do valor, o processo não deve ser enviado 
ao Tribunal para nova análise. 
São estipuladas faixas de valores em face do ente federado e de suas respectivas autarquias e fundações. 
REMESSA NECESSÁRIA
sentenças proferidas contra a Administração 
Pública direta, autarquia e fundacional
sentenças que julgarem procedentes embargos à 
execução fiscal
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Leia, na sequência, o §4º: 
§ 4o Também NÃO se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: 
I - súmula de tribunal superior; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça 
em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito 
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula 
administrativa. 
No dispositivo acima, independentemente do valor da condenação, não haverá remessa necessária sob o 
argumento de que dificilmente haverá modificação do entendimento e, de fato, a Fazenda Pública será 
condenada. Nesse caso, submeter o processo à reapreciação pelo Tribunal é custoso e pouco efetivo. 
Para fins de prova, devemos memorizar: 
 
Na sequência, vejamos questões sobre esse tema: 
ESTÃO SUJEITOS À REMESSA NECESSÁRIA
• condenações contra a União, DF, Estados e Municípios (+ autarquias e fundações
públicas)
• julgamento procedente de embargos à Execução
REGRA
• Condenação contrária à União (+ autarquias/fundações) não superior a 1000 salários-
mínimos.
• Condenação contrária ao Estado, DF ou município de capital não superior a 500
salários-mínimos.
• Condenação contrária ao município (exceto o de capital) não superior a 100 salários-
mínimos.
• Condenação contrária à Fazenda Pública quando fundamentada em súmula de tribunal
superior, acórdão do STF/STJ em julgamento de recursos repetitivos, entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção de
competência, entendimento pacificado administrativamente em parecer ou súmula
administrativa.
EXCEÇÕES
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(FGV - 2017) Maria dirigia seu carro em direção ao trabalho, quando se envolveu em acidente com um 
veículo do Município de São Paulo, afetado à Secretaria de Saúde. Em razão da gravidade do acidente, 
Maria permaneceu 06 (seis) meses internada, sendo necessária a realização de 03 (três) cirurgias. 
Quinze dias após a alta médica, a vítima ingressou com ação de reparação por danos morais e materiais 
em face do ente público. Na sentença, os pedidos foram julgados procedentes, com condenação do ente 
público ao pagamento de 200 (duzentos) salários mínimos, não tendo a ré interposto recurso. 
Diante de tais considerações, assinale a afirmativa correta. 
a) Ainda que o Município de São Paulo não interponha qualquer recurso, a sentença está sujeita à remessa 
necessária, pois a condenação é superior a 100 (cem) salários mínimos, limite aplicável ao caso, o que impede 
o cumprimento de sentença pelo advogado da autora. 
b) A sentença está sujeita à remessa necessária em qualquer condenação que envolva a Fazenda Pública. 
c) A sentença não está sujeita à remessa necessária, porquanto a sentença condenatória é ilíquida. Maria 
poderá, assim, propor a execução contra a Fazenda Pública tão logo a sentença transite em julgado. 
d) A sentença não está sujeita à remessa necessária, pois a condenação é inferior a 500 (quinhentos) salários 
mínimos, limite aplicável ao caso. Após o trânsito em julgado, Maria poderá promover o cumprimento de 
sentença em face do Município de São Paulo. 
Comentários 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Nos termos do art. 496, §3º, do NCPC, as condenações 
contra a Fazenda Pública estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de 
confirmada pelo tribunal, a sentença. No entanto, há exceções. 
Quando a condenação for inferior a 500 salários mínimos contra municípios de capitais, não haverá duplo 
grau de jurisdição obrigatório. À medida de, para os demais municípios o limite é de 100 salários mínimos. 
Assim, a alternativa A está incorreta.

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