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Resumo Friedrich Muller

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Friedrich Muller
A teoria estruturante
Müller, seguindo caminho paralelo ao de Robert Alexy, buscou retirar a excessiva carga teórica que assombra a interpretação/aplicação das normas jurídicas em geral – e das normas de direitos fundamentais em especial– dividindo tal processo em três planos: a) programa da norma; b) âmbito da norma; e c) norma de decisão.
Normas jurídicas não são dependentes do caso, mas referidas a ele, sendo que não constitui problema prioritário se se trata de um caso efetivamente pendente ou de um caso fictício. Uma norma não é carente de interpretação porque e à medida em que ela não “unívoca”, “evidente”, porque e à medida que ela é “destituída de clareza” – mas sobretudo porque ela deve ser aplicada a um caso (real ou fictício). Uma norma no sentido da metódica tradicional (isto é: o teor literal de uma norma) pode parecer “clara” ou mesmo “unívoca” no papel, já o próximo caso prático ao qual ela deve ser aplicada pode fazer que ela se afigure extremamente “destituída de clareza”. Isto se evidencia sempre somente na tentativa efetiva da concretização. Nela não se “aplica” algo pronto e acabado a um conjunto de fatos igualmente compreensível como concluído. O positivismo legalista alegou e continua alegando isso. Mas “a” norma jurídica não está pronta nem “substancialmente” concluída. 
          Para o Autor alemão, tal processo deve partir do texto da norma, formado pela aplicação de todos os recursos hermenêuticos disponíveis (v.g. métodos clássicos de interpretação, princípios de interpretação constitucional. O resultado dessa interpretação – a primeira parte integrante da norma jurídica – é chamado de programa da norma. O segundo estágio nasce a partir da consideração dos dados reais coletados no caso concreto. Na medida em que esses fatos são relevantes para a questão do direito em tela e compatíveis com o programa da norma elaborado, constituem sua segunda parte: o âmbito da norma. É da junção de ambos os elementos que se chega ao terceiro e último ponto do processo interpretativo proposto por Müller: a norma de decisão, que concretiza a linha conclusiva do raciocínio, distanciando o texto da norma propriamente dita.
O texto de um preceito jurídico positivo é apenas a parte descoberta do iceberg normativo (F. Müller), correspondendo em geral ao programa normativo (ordem ou comando jurídico na doutrina tradicional); mas a norma não compreende apenas o texto, antes abrange um “domínio normativo”, isto é, um “pedaço de realidade social” que o programa normativo só parcialmente contempla. 
O novo paradigma do direito
O novo paradigma é indutivo na medida em que desenvolve seus esquemas conceituais de forma intrajurídica, ou seja, trabalha de baixo pra cima, começando com as tarefas comuns da práxis jurídica, com vista a questão da interdisciplinaridade e dimensão pragmática.
Constituição não apenas como norma, mas também como suprema corte, porque teoria e prática são como irmãs, sendo a prática a irmã mais velha (mais experiente). 
O novo paradigma seria virtual, entendendo a virtualidade como aquilo que emerge do possível e quase se transforma no real. Na verdade, Muller coloca que apenas a norma jurídica no sentido de norma de decisão é que produz efeitos e pode ser considerada como real. Visão essa contrária ao positivismo, que acreditava que as leis nos livros eram a norma, já disposta para aplicação. A teoria pós-positivista do direito trabalha com outro enfoque, segundo o qual a lei não contém normas, mas somente textos de normas. O virtual é apenas a forma prévia, o dado de entrada. Ele ainda exige a produção, o fazer criativo, para poder tornar-se algo. Somente a teoria pós-positivista do direito apreende a virtualidade do direito legal. Sendo assim a norma jurídica não existe, mas é criada pelo jurista decidente. Ele a cria não com base no virtual, mas partindo do virtual e com sua ajuda.

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