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Resumo de D. Constitucional para discentes do 2º P de Direito

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DIREITO CONSTITUCIONAL Aulas 3, 5 e 4(as constituições brasileiras deixei por ultimo) 
 
 Origem do Direito Constitucional. 
“A origem e a própria história do Direito Constitucional está intimamente associada ao 
surgimento e à própria evolução do Estado, na exata medida em que é através do denominado 
Poder Constituinte que nasce a concepção básica do Estado e da própria Constituição como 
organização jurídico política fundamental que transforma a Nação em efetivo Estado. 
O Estado, em particular, evoluiu da Antiguidade (onde era detectada a presença do governo 
único – antiguidade oriental, Império Persa; o surgimento das cidades-Estados – Antigüidade 
clássica, Império Grego; e o início do desenvolvimento da administração estatal – antigüidade 
ocidental, Império Romano), passando pela Idade Média (marcado pelo regime feudal, pelo 
surgimento das comunas e cidades, pela concentração de riquezas e pelo predomínio do 
direito romano), chegando à Idade Moderna (onde se deu a evolução do Estado Absolutista, 
caracterizado pelo poder ilimitado do rei, para o Estado Liberal, caracterizado pela sujeição do 
Estado ao império da lei, e para o Estado Intervencionista, onde o desenvolvimento do Direito 
Constitucional se acelerou, em face das múltiplas atividades que o Estado passou a exercer). 
O Direito Constitucional, portanto, surgiu, neste diapasão, junto com a própria noção de Estado 
e particularmente quando este se organizou política e juridicamente através de uma 
Constituição, passando a sujeitar-se às próprias leis por ele editadas, transformando o poder 
arbitrário original em poder discricionário (que se caracteriza pela existência efetiva de ampla 
margem de escolha e opções para o governante) e vinculado (onde praticamente inexistem 
opções para o governante, em face da solução imposta pela lei). 
Com o advento do Estado Contemporâneo, o binômio poder-dever passou a integrar a própria 
essência do Estado, ao lado do cidadão, titular de direitos, cabendo exatamente ao Direito 
Constitucional (e também ao Direito Administrativo) a busca do equilíbrio harmônico entre os 
deveres do Estado de um lado e os direitos do cidadão, de outro.” 
 
Conceito de Direito Constitucional. 
“Existem várias definições e conceitos do que vem a ser exatamente o Direito Constitucional, 
com pequenas variantes. 
Em todos os casos, entretanto, é certo que o conceito de Direito Constitucional se encontra 
intimamente vinculado ao entendimento do que vem a ser (ou o que representa) o vocábulo 
Constituição, na exata medida em que o Direito Constitucional possui, como objeto último de 
seu estudo, a Constituição, não obstante os inúmeros significados desta última expressão.” 
Parece-nos mais acertada a definição de José Afonso da Silva, verbis: 
“A Constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos 
seus elementos essenciais: um sis- 
tema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de 
seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o estabelecimento dos seus órgãos e 
os limites de sua ação. Em síntese, a Constituição é o conjunto de normas que organizam os 
elementos constitutivos do Estado.” 
 Direito Constitucional Comparado, Geral, Material e Formal. 
“O Direito Constitucional, a par de suas inerentes complexidades, também pode ser analisado 
sob variados prismas, ensejando designações próprias. 
Assim, o Direito Constitucional Comparado preocupa-se em comparar os diversos Direitos 
Constitucionais positivos no tempo e no espaço, ao passo que o denominado Direito 
Constitucional Geral, por sua vez, descreve a própria teoria geral da ciência constitucional.” 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, explica bem este fenômeno, verbis: 
“A comparação entre os Direitos Positivos extrai-se o que há de comum a todos eles, reunindo-
se assim os princípios universalmente respeitados em matéria constitucional. A sistematização 
desses princípios constitui o Direito Constitucional Geral ou Teoria Geral do Direito 
Constitucional, que serve ao mesmo tempo de roteiro para o constituinte e para o intérprete. 
A Teoria Geral do Direito Constitucional estuda os princípios fundamentais da organização 
política, que se identificam por meio do estudo comparativo das constituições em vigor. Hoje, 
em virtude do desaparecimento do Estado Soviético, bem como das Democracias Populares, 
essa teoria está unificada. Com efeito, descabe falar, atualmente, num Direito Constitucional 
marxista.” 
“Por outro prisma, existe ainda o chamado Direito Constitucional Material, associado ao 
conceito de Constituição em sentido material, e o denominado Direito Constitucional Formal, 
derivado da tradução específica da Constituição em sentido formal.” 
 
Princípios Gerais norteadores do Direito Constitucional. 
“Os princípios gerais norteadores do Direito Constitucional moderno podem ser resumidos em 
três acepções básicas: o princípio da supremacia da Constituição; o princípio democrático; e o 
princípio da limitação do poder.” 
 
 Objeto do Direito Constitucional. 
“O Direito Constitucional está voltado, fundamentalmente, para o estudo da Constituição, sob o 
critério orgânico e funcional propriamente dito, assim como, sob a ótica material e formal. 
Portanto, o ordenamento constitucional propriamente considerado é o objeto precípuo do 
estudo do Direito Constitucional.” 
 
RELAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO. 
“O Direito Constitucional se relaciona basicamente com todos os ramos do Direito Público 
Interno, mas também se relaciona com outros ramos, como Direito Privado. 
De forma específica, o Direito Constitucional é classificado como ramo do Direito Público 
Interno, ao lado do Direito Administrativo, Financeiro (incluindo Tributário), Penal e Processual 
(civil e penal).” 
 
 
Relação do Direito Constitucional com o Direito Administrativo. 
“Reconhecidamente, os dois ramos jurídicos (Direito Administrativo e Direito Constitucional) se 
interpenetram, considerando suas últimas relações com o objeto Estado. 
Entretanto, enquanto o Direito Constitucional preocupa-se com a estrutura estatal e com as 
instituições políticas, o Direito Administrativo cuida apenas da organização interna dos órgãos 
da administração, de seu pessoal e do funcionamento de seus serviços, podendo satisfazer às 
finalidades que lhe são constitucionalmente atribuídas. 
É possível compreender a relação entre estes dois ramos comparando-os a um corpo humano, 
onde o cérebro e o esqueleto representariam o Direito Constitucional e os músculos e o sangue 
o Direito Administrativo. O Direito Constitucional oferece as decisões fundamentais, a estrutura 
do Estado e a forma de adoção das decisões de conteúdo político (poder de império) e o 
Direito Administrativo a estrutura da Administração e a forma de adoção das decisões 
administrativas (executórias da vontade política manifestada).” 
 
 Relação do Direito Constitucional com o Direito Financeiro (incluindo o Direito Tributário). 
“A relação do Direito Constitucional com o Direito Financeiro (incluindo o Direito Tributário) se 
verifica, sobretudo, na efetiva presença de regras constitucionais que disciplinam os tributos, 
incluindo suas definições básicas, discriminações gerais, competência tributária além das 
limitações ao poder de tributar.” 
 
 Relação do Direito Constitucional com o Direito Penal. 
“A relação do Direito Constitucional com o Direito Penal é ba-sicamente de subordinação, na 
exata medida em que as regras funda-mentais do Direito Penal se encontram condicionadas 
por inúmeros preceitos registrados nas declarações de direitos e garantias constitucionais.” 
 
 Relação do Direito Constitucionalcom o Direito Pro-cessual (Civil e Penal). 
“A relação do Direito Constitucional com o Direito Processual (Civil e Penal) se perfaz, 
particularmente, por intermédio de vá-rios dispositivos constitucionais disciplinadores do 
processo, co-mo a garantia do devido processo legal, duplo grau de jurisdição (este implícito), 
entre outros. Há também de se considerar, neste particular, as competências jurisdicionais 
fixadas na Constitui-ção, além dos direitos e deveres dos magistrados.” 
 
 Relação do Direito Constitucional com o Direito do Trabalho (e Previdenciário) e com os 
Demais Ramos do Direito Pri-vado (Civil e Comercial). 
“A relação do Direito Constitucional com os denominados ramos jurídicos sociais (Direito do 
Trabalho e Previdenciário) e priva-dos ((Direito Civil e Comercial) se orienta, particularmente, 
pe-los preceitos básicos que se encontram presentes na Constituição e instruem estas várias 
espécies, disciplinando suas respectivas fundamentações básicas.” 
 
A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO INFRACONSTITUCIONAL 
A locução constitucionalização do Direito é de uso relativamente recente na terminologia 
jurídica e, além disso, comporta múltiplos sentidos. Por ela se poderia pretender caracterizar, 
por exemplo, qualquer ordenamento jurídico no qual vigorasse uma Constituição dotada de 
supremacia. Como este é um traço comum de grande número de sistemas jurídicos 
contemporâneos, faltaria especificidade à expressão. Não é, portanto, nesse sentido que está 
aqui empregada. Poderia ela servir para identificar, ademais, o fato de a Constituição formal 
incorporar em seu texto inúmeros temas afetos aos ramos infraconstitucionais do Direito. Trata-
se de fenômeno iniciado, de certa forma, com a Constituição portuguesa de 1976, continuado 
pela Constituição espanhola de 1978 e levado ao extremo pela Constituição brasileira de 1988. 
Embora esta seja uma situação dotada de características próprias, não é dela, tampouco, que 
se estará cuidando. 
A idéia de constitucionalização do Direito aqui explorada está associada a um efeito expansivo 
das normas constitucionais, cujo conteúdo material e axiológico se irradia, com força 
normativa, por todo o sistema jurídico. Os valores, os fins públicos e os comportamentos 
contemplados nos princípios e regras da Constituição passam a condicionar a validade e o 
sentido de todas as normas do direito infraconstitucional. Como intuitivo, a constitucionalização 
repercute sobre a atuação dos três Poderes, inclusive e notadamente nas suas relações com 
os particulares. Porém, mais original ainda: repercute, também, nas relações entre particulares. 
Veja-se como este processo, combinado com outras noções tradicionais, interfere com as 
esferas acima referidas. 
Relativamente ao Legislativo, a constitucionalização (i) limita sua discricionariedade ou 
liberdade de conformação na elaboração das leis em geral e (ii) impõe-lhe determinados 
deveres de atuação para realização de direitos e programas constitucionais. No tocante à 
Administração Pública, além de igualmente (i) limitar-lhe a discricionariedade e (ii) impor a ela 
deveres de atuação, ainda (iii) fornece fundamento de validade para a prática de atos de 
aplicação direta e imediata da Constituição, independentemente da interposição do legislador 
ordinário. Quanto ao Poder Judiciário, (i) serve de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade por ele desempenhado (incidental e por ação direta), bem como (ii) 
condiciona a interpretação de todas as normas do sistema. Por fim, para os particulares, 
estabelece limitações à sua autonomia da vontade, em domínios como a liberdade de contratar 
ou o uso da propriedade privada, subordinando-a a valores constitucionais e ao respeito a 
direitos fundamentais. 
A Carta de 1988, como já consignado, tem a virtude suprema de simbolizar a travessia 
democrática brasileira e de ter contribuído decisivamente para a consolidação do mais longo 
período de estabilidade política da história do país. Não é pouco. Mas não se trata, por 
suposto, da Constituição da nossa maturidade institucional. É a Constituição das nossas 
circunstâncias. Por vício e por virtude, seu texto final expressa uma heterogênea mistura de 
interesses legítimos de trabalhadores, classes econômicas e categorias funcionais, cumulados 
com paternalismos, reservas de mercado e privilégios corporativos. A euforia constituinte - 
saudável e inevitável após tantos anos de exclusão da sociedade civil - levaram a uma Carta 
que, mais do que analítica, é prolixa e corporativa 
Quanto ao ponto aqui relevante, é bem de ver que todos os principais ramos do direito 
infraconstitucional tiveram aspectos seus, de maior ou menor relevância, tratados na 
Constituição. A catalogação dessas previsões vai dos princípios gerais às regras miúdas, 
levando o leitor do espanto ao fastio. Assim se passa com o direito administrativo, civil, penal, 
do trabalho, processual civil e penal, financeiro e orçamentário, tributário, internacional e mais 
além. Há, igualmente, um título dedicado à ordem econômica, no qual se incluem normas 
sobre política urbana, agrícola e sistema financeiro. E outro dedicado à ordem social, dividido 
em numerosos capítulos e seções, que vão da saúde até os índios. 
Embora o fenômeno da constitucionalização do Direito, como aqui analisado, não se confunda 
com a presença de normas de direito infraconstitucional na Constituição, há um natural espaço 
de superposição entre os dois temas. Com efeito, na medida em que princípios e regras 
específicos de uma disciplina ascendem à Constituição, sua interação com as demais normas 
daquele subsistema muda de qualidade e passa a ter um caráter subordinante. Trata-se da 
constitucionalização das fontes do Direito naquela matéria. Tal circunstância, nem sempre 
desejável, interfere com os limites de atuação do legislador ordinário e com a leitura 
constitucional a ser empreendida pelo Judiciário em relação ao tema que foi 
constitucionalizado. 
Nos Estados de democratização mais tardia, como Portugal, Espanha e, sobretudo, o Brasil, a 
constitucionalização do Direito é um processo mais recente, embora muito intenso. Verificou-
se, entre nós, o mesmo movimento translativo ocorrido inicialmente na Alemanha e em seguida 
na Itália: a passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico. A partir de 1988, e 
mais notadamente nos últimos cinco ou dez anos, a Constituição passou a desfrutar já não 
apenas da supremacia formal que sempre teve, mas também de uma supremacia material, 
axiológica, potencializada pela abertura do sistema jurídico e pela normatividade de seus 
princípios. Com grande ímpeto, exibindo força normativa sem precedente, a Constituição 
ingressou na paisagem jurídica do país e no discurso dos operadores jurídicos. 
Do centro do sistema jurídico foi deslocado o velho Código Civil. Veja-se que o direito civil 
desempenhou no Brasil – como alhures – o papel de um direito geral, que precedeu muitas 
áreas de especialização, e que conferia certa unidade dogmática ao ordenamento. A própria 
teoria geral do direito era estudada dentro do direito civil, e só mais recentemente adquiriu 
autonomia didática. No caso brasileiro, deve-se registrar, o Código Civil já vinha perdendo 
influência no âmbito do próprio direito privado. É que, ao longo do tempo, na medida em que o 
Código envelhecia, inúmeras leis específicas foram editadas, passando a formar 
microssistemas autônomos em relação a ele, em temas como alimentos, filiação, divórcio, 
locação, consumidor, criança e adolescente, sociedades empresariais. A exemplo do que se 
passou na Itália, também entre nós deu-se a "descodificação" do direito civil, fenômeno que 
não foi afetado substancialmente pela promulgaçãode um novo Código Civil em 2002, com 
vigência a partir de 2003. 
 
Nesse ambiente, a Constituição passa a ser não apenas um sistema em si – com a sua ordem, 
unidade e harmonia – mas também um modo de olhar e interpretar todos os demais ramos do 
Direito. Este fenômeno, identificado por alguns autores como filtragem constitucional, consiste 
em que toda a ordem jurídica deve ser lida e apreendida sob a lente da Constituição, de modo 
a realizar os valores nela consagrados. Como antes já assinalado, a constitucionalização do 
direito infraconstitucional não tem como sua principal marca a inclusão na Lei Maior de normas 
próprias de outros domínios, mas, sobretudo, a reinterpretação de seus institutos sob uma ótica 
constitucional . 
À luz de tais premissas, toda interpretação jurídica é também interpretação constitucional. 
Qualquer operação de realização do direito envolve a aplicação direta ou indireta da Lei Maior. 
Aplica-se a Constituição: 
 
a) Diretamente, quando uma pretensão se fundar em uma norma do próprio texto 
constitucional. Por exemplo: o pedido de reconhecimento de uma imunidade tributária (CF, art. 
150, VI) ou o pedido de nulidade de uma prova obtida por meio ilícito (CF, art. 5º, LVI); 
 
b) Indiretamente, quando uma pretensão se fundar em uma norma infraconstitucional, por duas 
razões: 
 
(i) antes de aplicar a norma, o intérprete deverá verificar se ela é compatível com a 
Constituição, porque se não for, não deverá fazê-la incidir. Esta operação está sempre 
presente no raciocínio do operador do Direito, ainda que não seja por ele explicitada; 
 
(ii) ao aplicar a norma, o intérprete deverá orientar seu sentido e alcance à realização dos fins 
constitucionais. 
 
Em suma: a Constituição figura hoje no centro do sistema jurídico, de onde irradia sua força 
normativa, dotada de supremacia formal e material. Funciona, assim, não apenas como 
parâmetro de validade para a ordem infraconstitucional, mas também como vetor de 
interpretação de todas as normas do sistema. 
 
nesse contexto, que se insere a constitucionalização do direito, a qual se expressa de duas 
formas: a) o acolhimento pelas Constituições de institutos e regras antes relegadas ao campo 
infraconstitucional; b) a releitura dos institutos previstos na legislação por meio dos princípios 
fundamentais. 
 
Nessa primeira dimensão, o constituinte alberga normas destinadas a proteger institutos, 
dotados de grande relevância para o interesse público. Particularmente, as normas de direitos 
fundamentais garantidoras dos direitos autorais (art. 5º, XXVII) ou do direito de herança (art. 5º, 
XXX) exemplificam essa face da Constitucionalização. Além da proteção de institutos jurídicos, 
esse fenômeno manifesta-se também pelo acolhimento de regras tipicamente legais, tal como 
se dá, entre nós, por meio da previsão da impenhorabilidade da pequena propriedade rural (art. 
5°, XXVI, CF) e da dissolução do casamento por meio do divórcio (art. 226, § 6º, CF). 
 
 Entretanto, o mais relevante aspecto da constitucionalização consiste na releitura de 
toda a ordem infraconstitucional à luz da Constituição. O Direito Civil, o Direito Penal ou 
Administrativo sofrem intensas mutações em seus mais elementares institutos e categorias 
jurídicas, os quais são remodelados pela doutrina, pela jurisprudência e pelo legislador 
ordinário com vistas a adequá-los à Constituição, em especial, ao princípio da dignidade 
humana. 
 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO-INCLUSÃO E CONSTITUCIONALIZAÇÃO-RELEITURA 
 
Para além da tradicional inclusão de conteúdos no texto constitucional (constitucionalização-
inclusão), sustenta-se,hoje em dia, a necessidade de se reinterpretar a ordem 
infraconstitucional de acordo com a Constituição (constitucionalização-releitura). A Carta atual 
consagra, como nenhuma antes, a dignidade humana. Não é de se estranhar que se queira vê-
a incidir sobre o todo da Ordem Jurídica. Esse movimento se verifica, ainda, no interior da 
própria Constituição: além da inserção de conteúdos no sistema de direitos fundamentais 
(fundamentalização-inclusão), exige-se a interpretação da totalidade do sistema constitucional 
a luz desses direitos (fundamentalização-releitura).Fundamentalização-inclusão e 
fundamentalização-releitura. O termo “constitucionalização do Direito” tem sido utilizado em 
oissentidos. A primeira acepção – constitucionalização-inclusão – é imediata. Determinado 
assunto, antes tratado pela legislação ordinária, ou simplesmente ignorado, passa a fazer parte 
o texto constitucional. É a “constitucionalização-elevação” de Favorecer transferência, para a 
onstituição, da sede normativa da regulação da matéria.4 A Constituição de 1988 está repleta e 
exemplos. Originariamente, dentre outros institutos e instituições,constitucionalizou a 
autonomia universitária (art. 207) e a Defensoria Pública (art. 134), inéditos em nossa história 
constitucional.5 Depois, suas Emendas constitucionalizaram os princípios da eficiência 
administrativa (art. 37, caput) e da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII), cujo 
tratamento se restringia ao plano ordinário, além de terem instituído o Conselho Nacional de 
justiça, com a atribuição de promover o controle administrativo e financeiro do Poder Judiciário 
(art. 103-B).6A segunda acepção – constitucionalização-releitura – só veio a receber maior 
atenção nos dias de hoje. Desde que a Constituição passou a ser compreendida como norma 
jurídica dotada de superioridade formal e material em relação às demais, era questão de tempo 
até que se passasse a denominar como “constitucionalização do Direito” a percepção, mais ou 
menos difusa, de que todas as normas infraconstitucionais deviam pagar algum tributo de 
sentido à norma máxima.7 O fenômeno, no Brasil, vem sendo descrito e justificado em diversos 
estudos, com ênfase nas pesquisas recentes sobre a “filtragem constitucional”8, a eficácia 
privada dos direitos fundamentais9 e a formação de um Direito civil-onstitucional.10 A 
jurisprudência já assumiu a idéia, fazendo uso corrente da técnica da interpretação conforme a 
Constituição, com a qual procura, dentro das possibilidades hermenêuticas do texto legal, 
extrair “uma significação normativa harmônica com Constituição”.11Fenômenos próximos se 
desenvolvem, no interior da Constituição, com relação ao sistema de direitos fundamentais. 
Também há uma fundamentalização-inclusão,inserção de conteúdos no sistema de direitos 
fundamentais, e uma fundamentalização-releitura, interpretação de toda a Constituição de 
acordo com esses preceitos.12 Explica-se. O primeiro fenômeno, o da fundamentalização-
inclusão, é velho conhecido dos publicistas. Se a história do constitucionalismo é, em grande 
medida, a história a ampliação progressiva do conteúdo constitucional, assim também o é a 
história particular dos direitos fundamentais, em que são identificadas sucessivas gerações de 
reconhecimento e ositivação. Seu termo inaugural é a positivação dos direitos de liberdade no 
séc. XVIII, com as declarações de direitos e as primeiras Constituições. No início do séc. XX, 
verifica-se a positivação os direitos sociais. Hoje, há a atribuição de status constitucional a 
direitos difusos, sobretudo os relativos ao meio ambiente e à proteção do consumidor. Embora 
a história dos direitos fundamentais, nos diversos países, não possa ser rigorosamente descrita 
por esse relato em gerações”13 é tendência generalizada a progressiva “fundamentalização 
formal” de novos e variados conteúdos.14 A fundamentalização-inclusão pode ocorrer, 
também, em termos materiais. Para além dos direitos formalmente fundamentais (Título II da 
Constituição da e pública),o sistema comporta direitos fundamentaisem razão da importância 
de seu conteúdo. Constituição de 1988 prevê essa possibilidade. De acordo com o § 2º de seu 
artigo 5º, os direitos e garantias expressos na Constituição “não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa o Brasil seja parte”. Em decisão polêmica, o Supremo Tribunal Federal deu 
consequência prática o preceito, ao atribuir o status jusfundamental ao princípio da 
anterioridade tributária, positivado no art. 150, III, b, da Constituição da República, isto é,fora 
do catálogo expresso.15 Essa fundamentalização-inclusão através da afirmação da 
fundamentalidade material demanda recurso a argumentos situados no plano da justificação 
dos preceitos constitucionais. No exemplo, a fundamentalização do artigo 150, III, b, decorreu 
de se afirmar que o preceito constituía garantia da segurança jurídica. O processo de 
fundamentalização-inclusão é decisivo porque, apesar de os direitos fundamentais não 
possuírem superioridade formal em elação ao restante do texto da Constituição16, são 
superiores sob o prisma material17, daí resultando importante conseqüências quanto à sua 
eficácia e estabilidade: (a) os direitos fundamentais, uma vez que possuem maior “peso 
abstrato”, gozam de prioridade prima facie a ponderação com outras normas não inseridas na 
esfera da fundamentalidade18; (b) além disso, estão especialmente protegidos (i) como 
cláusulas pétreas, não podendo ser revogados pelo constituinte reformador (CRFB, art. 60, §4º, 
IV); (ii) como princípios constitucionais sensíveis, justificando a decretação de intervenção 
federal em caso de sua inobservância pelos Estados e elo Distrito Federal (CRFB, art. 34, VII); 
(iii) como preceitos fundamentais, cuja proteção conta om o instrumento da Argüição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF (CRFB, rt. 02, § 1º); (iv) como normas 
passíveis de aplicação imediata, não podendo, em regra, serem interpretados através de 
conceitos restritivos de sua eficácia, como o de “norma não-auto-plicável” (CRFB, art. 5º, § 1º). 
O segundo fenômeno – o da fundamentalização-releitura –, da mesma forma que a 
constitucionalização-releitura, recebe maior espaço apenas no debate decente. Ele atua 
através da “eficácia irradiante” dos princípios constitucionais, norteando a interpretação de todo 
o restante da Constituição (e, como vimos, da totalidade da ordem jurídica).19 Hoje, entende-
se que os direitos fundamentais, além de sua dimensão subjetiva tradicional, possuem também 
uma “dimensão objetiva”.20 Integram não apenas o patrimônio jurídico de seus titulares 
imediatos, mas, ainda, o sistema de valores políticos que compõe a estrutura básica da 
democracia constitucional.21 Por essa razão, devem se irradiar por todo o ordenamento. As 
disposições constitucionais concernentes a matérias como a administrativa, a tributária, a penal 
ou a civil devem ser interpretadas de acordo com as normas jusfundamentais. Assim como há 
a “interpretação conforme a constituição”,há também a interpretação conforme os direitos 
fundamentais”, aplicável ao interior do sistema constitucional.22Os dois processos de 
fundamentalização mantêm uma relação de implicação recíproca. Se determinado conteúdo foi 
incluído no sistema de direitos fundamentais, passa a er invocado para se interpretar os 
demais preceitos que compõem a Constituição. Mas o conteúdo que estes últimos veiculam é 
eventualmente pressionado por uma força tendente à sua inclusão, pela via da afirmação de 
sua fundamentalidade material, no rol daqueles direitos. 
 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA 
 
O termo “Constitucionalização Simbólica” trata-se da discrepância entre a função 
hipertroficamente simbólica (excesso de disposições carentes de aplicabilidade) e a insuficiente 
concretização jurídica de diplomas constitucionais. O conceito se deve ao Professor Marcelo 
Neves em estudo feito em 1992 para obtenção do cargo de professor titular da Universidade 
Federal de Pernambuco. O referido autor sofreu forte influência de constitucionalistas e 
teóricos alemães consagrados, como Horald Kindermann, Niklas Luhmann dentre outros 
autores, o que contribuiu para o desenvolvimento de sua tese sobre o tema. Marcelo Neves diz 
que a constituição simbólica é caracterizada pela falta de eficácia das normas/valores 
constitucionais. Isso é perceptível, segundo o autor, através da legislação e 
constitucionalização simbólicas. 
 
Alguns elementos se destacam dentro do universo da constitucionalização simbólica: a 
legislação simbólica, ou legislação-álibi, sendo necessário para sua compreensão o próprio 
entendimento de símbolo que para Neves é aquilo que representa tudo e ao mesmo tempo 
nada, devido a tamanha ambiguidade e acepção da palavra. Tal compreensão o autor buscou 
na linguística estrutura (Saussare). De outra parte, baseando-se em KINDERMANN, Neves 
propôs um modelo tricotômico para esquematizar a legislação Simbólica, ramificando sua 
concepção em: Confirmação de valores sociais, demonstração da capacidade de ação do 
Estado e adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios. Com 
base em LUHMANN, o termo “constitucionalização simbólica” descreve a constituição como 
uma estrutura híbrida do direito e da política. E nesse panorama surge uma via de prestações 
recíprocas entre esses dois sistemas sociais autônomos (Política e Direito), pois ele possibilita 
uma solução jurídica do problema de auto referência do sistema politico e inerentemente uma 
solução política do problema de auto referência do sistema jurídico. Neves ainda define a 
constitucionalização simbólica em dois sentidos, o sentido Positivo e o Negativo. 
 
Se pode ver que a constituição simbólica é um conceito “novo” e objetivamente, é algo que 
podemos ver com frequência nosso ordenamento jurídico, e, em toda história do Direito 
Constitucional Brasileiro. 
 
Legislação simbólica – seria dividida em três funções (tricotômica): 
 
Confirmação de valores sociais – onde o legislador assume uma determinada posição, 
consagrando um valor social, sendo secundária a eficácia normativa da lei; 
 
Legislação álibi – demonstração da capacidade de ação do Estado no tocante à solução dos 
problemas sociais, buscando, aparentemente, solução para os problemas da sociedade, 
mesmo que mascarando a realidade. 
 
Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios. 
 
 
Negativamente o texto constitucional não é suficientemente concretizado normativo-
juridicamente de forma generalizada. 
 
Positivamente a atividade constituinte e a linguagem constitucional desempenham um 
importante papel politico-ideológico, servindo para escamotear problemas sociais e adiando as 
transformações efetivas da sociedade. 
 
Constitucionalização simbólica como alopoiese do sistema jurídico – a reprodução do sistema 
por critérios, programas e códigos de seu ambiente e, então a possibilidade de descrever o 
direito da sociedade moderna como “autopoiético”, o que quer dizer capaz de autoproduzir-se a 
partir de critérios, programas e códigos de seu próprio ambiente. 
 
A constitucionalização simbólica, equiparada à Constituição nominalista, ou álibi, é o processo 
de criação de uma Constituição moderna, como abertura do sistema jurídico ao político, porém, 
sem concretização. Havendo o texto legal garantidor de direitos e garantias criado um álibi para 
os detentores do poder, que põem a culpa pela não concretização constitucional em elementos 
outros. 
 
 Esse nominalismo constitucional ocorre pelo hipertrofiamento de outros sistemas perante os 
sistemas jurídico e político. Assim, percebe-se queo sistema econômico se mostra como o 
capaz de condicionar o processo constituinte e legiferante, adaptando-os aos interesses dos 
detentores do “poder” para “ter”. Portanto, o sistema jurídico é “dirigido” por outro sistema, não 
tem, pois, força. 
 
Quando a Constituição possui um texto que não se concretiza, afetando, assim, todo o 
ordenamento jurídico (caso típico de constitucionalização simbólica), as normas que regularão 
o “mundo real” não estarão presentes no sistema jurídico, porém, há, ainda, uma ordem, 
mesmo que não seja jurídica. O hipertrofiamento de outros sistemas em detrimento do jurídico 
e do político, tomando-o, assim, sua força originária e se apropria do seu código diferenciador 
“lícito/ilícito”, tira dos contrapesos entre jurídico e político, e coloca nas mãos dos detentores do 
poder. 
 
Como o sistema econômico se sobressai, está nele repousada, atualmente, a força de lei. 
Porém, como não a lei em sentido jurídico, o que está verdadeiramente em suas mãos é 
apenas a força, por não haver outros sistemas que o medeie, e que o impeça de se “fechar” em 
si mesmo. Dessa maneira, não há “abertura” para que os anseios e a realidade o penetrem. O 
que já se percebeu, até agora, é uma diminuição, ou exclusão, das prestações do Estado de 
bem-estar social. 
 
Nas palavras de Agamben (2004, p. 61), “o estado de exceção é um espaço anômico onde o 
que está em jogo é uma força de lei sem lei”. Como foi demonstrado que a constitucionalização 
simbólica está presente até mesmo nos países centrais da modernidade (centro e periferia), e 
havendo uma nítida aproximação entre o estado de exceção e a constitucionalização simbólica, 
pode-se afirmar que a sociedade global vive um estado de exceção permanente, estado de 
exceção como paradigma de governo. 
 
 Não são os sistemas jurídico e político que regulam as relações sociais, culturais, 
educacionais, etc., mas sim, outro sistema que, não o bem-estar social, mas sim, o bem-estar 
de poucos que fazem parte do poder é o objetivo. Desse modo, o Estado (ou os Estados) e o 
seu sistema jurídico apropriado, estão sujeitos ao serviço do econômico. 
 
AS FAMÍLIAS CONSTITUCIONAIS 
 
A evolução e a formação do Direito constitucional britânico realizou-se em três grandes fases: 
inicia-se em 1215, com a concessão da Carta Magna, continua no século XVII, com o Bill of 
Rights resultando da luta entre o rei e o parlamento, e a fase desencadeada a partir de 1832, 
quando foi alargado o direito de sufrágio. A Constituição inglesa não é escrita, em função de 
ser formada por um conjunto de costumes, precedentes e leis esparsas. Isso faz com que seja 
uma Constituição flexível, não necessitando de um processo legislativo especial para sua 
modificação. Esse modelo foi espalhado para diversas regiões do mundo devido à colonização 
da América do Norte, às guerras napoleônicas na Europa continental e ao imperialismo 
britânico. Os países que utilizam tal matriz constitucional primam pela adesão ao Common 
Law, pela importância do costume e da jurisprudência, peloo sentido liberal das normas 
constitucionais e pela menor rigidez de algumas Constituições. 
 
 No outro lado do oceano, o Direito constitucional dos Estados Unidos tem sua gênese com a 
Declaração de Independência, a Declaração de Virgínia e as Declarações de Direitos dos 
primeiros estados, culminando com a Constituição federal de 1787. Tal documento é tido como 
simultaneamente rígido e elástico, visto que sua modificação requer um processo complexo 
que envolve até mesmo a participação das assembléias estaduais, mas ao mesmo tempo tem 
sido adaptada pela ação dos tribunais. Nesse país, a Constituição exerce a função de lei 
fundamental e de pacto constitutivo da União. Ela também garante o federalismo, caracterizado 
pelo Poder Constituinte de cada estado, pela igualdade jurídica entre estes e pela 
especialidade das atribuições federais (o que não for de competência própria do Estado federal 
passa a pertencer aos estados federados). Além disso, o texto original não trouxe os direitos 
fundamentais, sendo estes garantidos pelas emendas posteriores. Esse sistema de matriz 
americana foi difundido pelo mundo de maneira total (apenas na aparência) ou parcial. Os 
principais institutos exportados foram o federalismo, a fiscalização judicial da 
constitucionalidade e o presidencialismo. 
 
 
 
 De volta à Europa, os sistemas constitucionais de matriz francesa originam-se a partir de 
1789, em função da revolução que destronou a dinastia vigente. A ordem constitucional criada 
não foi homogênea, tendo a França experimentado catorze Constituições ao longo de sua 
história. Essas mudanças foram marcadas ora pela predominância das idéias de Montesquieu 
(liberdade), ora pelo pensamento de Rousseau (máxima democracia). Embora algumas 
diferenças tenham marcado os diferentes ordenamentos jurídicos desse país, ele costuma 
primar pela garantia dos direitos individuais, pela soberania nacional e pela separação dos 
poderes. Tal sistema foi transmitido a outras nações européias principalmente logo após a 
Revolução de 1789 e depois da revolução de 1848. Também houve uma importação do modelo 
francês por uma série de países que conseguiram sua independência dos impérios em seguida 
ao fim da Primeira Guerra Mundial e pelos países que sofreram o processo de descolonização 
que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial. 
 
 Completamente diferente dos sistemas constitucionais supracitados, o sistema constitucional 
soviético teve seu início com a revolução russa de 1917. A primeira Constituição surgiu no ano 
seguinte, afirmando os princípios coletivistas. Foi a primeira Carta Magna que adquiriu um 
conteúdo não liberal. Depois dela, surgiram as Constituições de 1924, 1936 e 1977. Como 
principais características, o constitucionalismo soviético assegurava o dominío de todo o poder 
pelo partido comunista, que age como a vanguarda consciente da classe operária. Assim, o 
poder não se encontra nos órgãos de Estado, mas na figura do partido. O modelo em questão 
foi utilizado pelos países que sofreram dominação direta da União Soviética, como as 
repúblicas que a compunham, bem como pelos países por ela influenciados, como China, 
Cuba e as nações do leste europeu. 
 
 
 Além da divisão tradicional, ainda existem os sistemas constitucionais não integrados em 
famílias. Entre eles, destacam-se os modelos suíço, alemão, dos regimes fascistas e dos 
Estados asiáticos e africanos. O sistema constitucional suíço é caracterizado pelo federalismo 
cantonal – o que faz com que os estados aparentem-se às cidades-Estados da Grécia antiga –, 
pela prática de democracia direta em cinco dos menores cantões, pela consagração da prática 
da iniciativa popular e do referendo e pela flexibilidade da Constituição. Por sua vez, o sistema 
constitucional alemão prima pelo Estado federal, mesmo com a representação inigualitária dos 
estados no parlamento federal e por um Executivo bicéfalo, com Chefe de Estado e Chefe de 
Governo. É importante salientar que a segunda das três constituições alemães – a famosa 
Constituição de Weimar – foi a primeira das grandes constituições européias a interessar-se 
pela questão social, em contraste com as constituições liberais que a precederam. Já os 
sistemas constitucionais dos regimes fascistas tinham por características em comum a 
exaltação da força, o culto ao Chefe de Estado, a ideologização da política e o partido de 
massas elevado à categoria de partido único, assegurando um regime de governo totalitarista. 
No que tange aos sistemas constitucionais dos Estados asiáticos e africanos, destacam-se a 
precariedade da unidade política e a dependência externa como fatoresda problemática 
jurídica que atinge tais países. Neles, as instituições ou são moldadas naquelas das 
respectivas potências ex-coloniais ou mesmo passam a formar regimes nacionalistas 
revolucionários. Devido a isso, são comuns as intervenções das Forças Armadas, o 
autoritarismo, o sistema de partido único e até mesmo o surgimento do fundamentalismo 
islâmico. 
 
 No que diz respeito à Portugal e suas colônias, a atual Constituição portuguesa tem por 
fundamentos a democracia representativa e a liberdade política, valores esquecidos pelo 
regime autoritário derrubado em 1974. Ela garante os direitos fundamentais, embora traga 
alguns elementos utópicos em função do repúdio ao antigo ordenamento. Quanto ao sistema 
constitucional brasileiro, sua principal contribuição contemporânea é a prioridade com que trata 
dos direitos fundamentais em relação as demais matérias. No que condiz ao sistema vigente 
nos países africanos de língua portuguesa, as primeiras constituições – surgidas após a 
independência de tais nações – trouxeram como caracteres distintivos um Estado dirigente, a 
ditadura de partido único, organização econômica de tipo coletivizante e a má-formação da 
separação de Poderes. Alguns desses elementos foram extirpados graças aos ordenamentos 
jurídicos posteriores, mas outros ainda permanecem. 
 
FONTES (MODOS DE FORMAÇÃO E REVELAÇÃO DAS REGRAS JURÍDICAS) 
 
Seguindo a obra do Professor Sérgio Pinto Martins, Instituições de Direito Público e Privado, 8ª 
Edição – São Paulo: Atlas, 2008, fls.11 a 19, constatamos vários conceitos de Fontes do 
Direito, respectivo entendimento e classificação a seguir transcritos: 
“Fonte vem do latim fons, com o significado de nascente, manancial. 
No significado vulgar, fonte tem o sentido de nascente de água, o lugar donde brota água. 
Figuradamente, refere-se à origem de alguma coisa, de onde provém algo. Fonte de Direito 
tem significado metafórico, em razão de que já é uma fonte de várias normas. 
Claude du Pasquier (Introduction à la theorie générale et à la philosophie du droit. Paris: 
Delachaux et Niestlé, 1978. p. 47) afirma que fonte de regra jurídica ‘é o ponto pelo qual ela se 
sai das profundezas da vida social para aparecer à superfície do Direito’. 
José de Oliveira Ascensão (O direito: introdução e teoria geral. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 1978, p. 39) menciona que fonte tem diferentes significados: (a) histórico: 
considera as fontes históricas do sistema, como o Direito Romano; (b) instrumental: são os 
documentos que contêm as regras jurídicas, como códigos, leis etc.; (c) sociológico ou material: 
são os condicionamentos sociais que produzem determinada norma; (d) orgânico: são os 
órgãos de produção das normas jurídicas; (e) técnico-jurídico ou dogmático: são os modos de 
formação e revelação das regras jurídicas.’ 
O estudo das fontes do Direito pode ter várias acepções, como sua origem, fundamento de 
validade das normas jurídicas e a própria exteriorização do Direito. 
Fontes Formais são as formas de exteriorização do Direito. Exemplos seriam as leis, o costume 
etc. 
Eduardo Garcia Máynes (Introdución al estúdio Del derecho. México: Porrua, 1968. p. 51) 
afirma que as fontes formais são como o leito do rio, ou canal, por onde correm e manifestam-
se as fontes materiais. 
Fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, 
envolvendo fatos e valores. São analisados fatores sociais, psicológicos, econômicos, 
históricos etc. são os fatores reais que irão influenciar na criação da norma jurídica. 
Alguns autores afirmam que o Estado é a única fonte do Direito, pois ele goza do poder de 
sanção. Uma segunda corrente prega que existem vários centros de poder, onde emanam 
normas jurídicas. 
Para certos autores, relevante é apenas o estudo das fontes formais. As fontes materiais 
dependem de investigação de causas sociais que influenciaram na edição da norma jurídica, 
matéria que é objeto da Sociologia do Direito. 
Miguel Reale (O direito como experiência.2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.p.162) prefere trocar 
a expressão fonte formal por teoria do modelo jurídico. Esta é ‘a estrutura normativa que 
ordena os fatos segundo valores, numa qualificação tipológica de comportamentos futuros, a 
que se ligam determinadas conseqüências.’ 
As fontes do Direito têm por objetivo estabelecer como o Direito se expressa. Pode significar o 
ente que produz a norma. 
As fontes podem ser classificadas em heterônomas e autônomas. Heterônomas são as 
impostas por agente externo. Exemplos: Constituição, leis, decretos, sentença normativa, 
regulamento de empresa, quando unilateral. Autônomas são as elaboradas pelos próprios 
interessados. Exemplos: costume, convenção e acordo coletivo, regulamento de empresa 
(quando bilateral), contrato. 
Podem as fontes ser estatais, em que o Estado estabelece a norma. Exemplos: Constituição, 
leis, sentença normativa. Extra estatais são as fontes oriundas das próprias partes, como o 
regulamento de empresa, o costume, a convenção e o acordo coletivo, o contrato. São 
profissionais as fontes estabelecidas pelos trabalhadores e empregadores interessados, como 
a convenção e o acordo coletivo de trabalho. 
Quanto à vontade das pessoas, as fontes podem ser voluntárias e interpretativas. Voluntárias 
são as dependentes da vontade dos interessados como o contrato, a convenção e o acordo 
coletivo, o regulamento da empresa (quando bilateral). 
Imperativas são as impostas coercitivamente às pessoas pelo Estado, como a Constituição, as 
leis, a sentença normativa. 
Pode-se dizer, para justificar as fontes de Direito, que as normas de maior hierarquia seriam o 
fundamento de validade das regras de hierarquia inferior. 
São fontes do Direito: a Constituição, as leis, os decretos, os atos do Poder Executivo, os 
contratos, as convenções e os acordos coletivos. 
 
As normas jurídicas têm hierarquias diversas, porém compõem um todo, que se inicia com a 
Constituição. 
A Constituição é como se fosse um esqueleto ou um tronco de árvore 
O esqueleto dá sustentação ao corpo. O tronco da árvore dá sustentação a toda árvore. A Lei 
Maior dá sustentação a todo ordenamento jurídico de determinada nação. Traz regras sobre 
produção das leis, direitos trabalhistas, de família, filhos, tributos, previdência social e até 
financeiras. 
 
 
 
 
Lei – CONCEITO 
 
Na declaração dos Direitos Universais do Homem, de 1791, ‘lei é a expressão da vontade geral 
Portalis, na introdução ao Código Civil de Napoleão, afirmava que ‘lei é o Direito reduzido a 
regras positivas e preceitos particulares. 
A lei é estabelecida genericamente para regular condutas. Não pretende atender a certa e 
específica questão, mas regular genericamente condutas. Obriga igualmente a todos. 
É geral a lei, disciplinando o comportamento de várias pessoas que estão em certa situação. É 
abstrata, pois determina uma categoria de ações e não uma ação singular. A lei realiza a 
certeza jurídica. 
Lei em sentido formal é a norma emanada do Estado, e tem caráter imperativo. Lei em sentido 
material é a disposição imperativa, que tem caráter geral, contendo regra de direito objetivo. 
Abaixo da Constituição, existem as leis ordinárias, como: o Código Civil, que trata de direitos e 
obrigações, de contratos, de regras sobre família e sucessões, sobre coisas; leis sobre 
organização de sociedades, como da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76); sobre 
benefícios da Previdência Social (Lei nº 8,213/91) etc. 
Classificação 
Quanto à natureza, as leis podem ser classificadas em materiais e instrumentais ou 
processuais. As leis materiais regulam os direitos das pessoas, como o direito ao casamento, àfiliação, ao contrato de trabalho e aos direitos trabalhistas etc. As leis instrumentais ou 
processuais são o meio que a pessoa tem para fazer valer seu direito material, que são os 
Códigos de Processo Civil (CPC), Código de Processo Penal (CPP) e outras normas. 
Quanto aos órgãos em relação aos quais são provenientes as leis, eles podem ser federais, 
estaduais e municipais. As regras federais são oriundas do Congresso Nacional (Senado e 
Câmara Federal). As estaduais, das Assembléias Legislativas e as municipais, das Câmaras 
Municipais. 
(...) 
Atos do poder executivo 
Não são apenas as leis oriundas do Poder Legislativo que são fontes do Direito, mas também 
as normas provenientes do Poder Executivo. 
No período em que o Poder Executivo podia expedir decretos-leis, foram baixadas várias 
normas; entre as vigentes, está a CLT (Decreto-lei nº 5.452/43), que trata dos direitos 
trabalhistas dos empregados urbanos. 
Edita o Poder Executivo medidas provisórias, que têm força de lei no período de 60 dias (§ 3º 
do art. 62 da Constituição). 
Os decretos complementares às leis, regulamentando-as. Também são chamados de 
regulamentos de execução, porém não podem contrariar ou inovar seu conteúdo. Determina o 
inciso IV do art. 84 da Constituição que compete privativamente ao presidente da República 
expedir decretos e regulamento para a fiel execução da lei. 
Os Ministérios do Poder Executivo muitas vezes expedem portarias, ordens de serviço, 
instruções normativas, circulares etc., que visam ao esclarecimento da lei e a sua 
interpretação. 
Disposições contratuais 
Os contratos são leis entre as partes, fixando regras de conduta e até multas pelo 
inadimplemento de certa cláusula. São, portanto, fontes do Direito, como ocorre com o contrato 
de trabalho ou com qualquer contrato. 
 
Usos e costumes 
 
Na reiterada aplicação de certo costume pela sociedade é que se pode originar a norma legal. 
Antecedeu o costume à lei, pois os povos não conheciam a escrita. O direito costumeiro era 
ligado à religião e as modificações eram feitas muito lentamente. 
A Lei das XII Tábuas é uma espécie de consolidação de usos e costumes do povo do Lácio. 
Era esculpida na tábua, para conhecimento de todos, o que o poder do costume tinha revelado. 
A Lei da Boa Razão, de 18 de agosto de 1769, só admitia o costume se não fosse contra a lei, 
se fosse racional, não contrariasse os princípios da justiça, além de ter 100 anos de existência. 
Com o Código Civil de 1916, o costume passou a ter apenas função supletiva e interpretativa. 
Nos países que adotam o sistema da common law, não existe lei escrita. As normas são 
decorrentes dos costumes e da tradição. Há os precedentes judiciais que influenciam outras 
decisões. É um direito originário das decisões judiciais: judge made law. 
As sociedades modernas passaram a se utilizar das leis, sendo que o costume passou a 
ocupar posição secundária entre as fontes do Direito. 
Os romanos usavam a palavra consuetudo para significar costume. Empregavam também a 
palavra mores, que indica os costumes em geral e mores maiorum para designar os costumes 
dos antepassados. 
Em muitas legislações usam-se indistintamente as palavras uso e costume. Em outras 
legislações, utiliza-se a expressão usos e costumes, como na brasileira e na espanhola. 
O costume é a vontade social decorrente de uma prática reiterada, de certo hábito, de seu 
exercício. 
O uso transforma-se em costume quando a prática é obrigatória entre as pessoas. 
O uso envolve o elemento objetivo do costume, que é a reiteração em sua utilização. A 
observância do uso não é, porém, sempre garantida. No uso nem sempre há o elemento 
subjetivo da opinio iuris, da convicção de sua obrigatoriedade pelas pessoas. O costume tem 
valor normativo e existe sanção por seu descumprimento, que pode até mesmo ser moral. O 
uso não é fonte do direito objetivo, enquanto o costume tem essa característica, não podendo 
deixar de ser observado. Na Espanha, o uso de empresa é considerado como condição do 
contrato de trabalho ou serve de interpretação da declaração de vontade, mas não tem 
natureza de fonte (art.1º, n 3, do Código Civil). 
Distingue-se a lei do costume, pois a primeira é escrita. 
Surge o costume da prática de certa situação. Não tem forma prevista ou é escrito, nem é 
controlado. Perde sua vigência pelo desuso, pois esta é decorrência de sua eficácia (Miguel 
Reale, Lições preliminares de direito.23.ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 156-157). Não tem 
prazo de vigência. 
O costume é espontâneo. É elaborado e cumprido pelo grupo. 
A lei é decorrente do Poder Legislativo, tem um processo técnico para sua elaboração, sendo 
escrita. O costume não se promulga, é criado, formado no curso do tempo. 
Adapta-se o costume à realidade, correspondendo a ela, pois, do contrário, desaparece. A lei, 
de modo geral, é rígida diante da realidade social evolutiva, e perde, muitas vezes, 
correspondência com a realidade. 
Havendo um conflito entre a lei e o costume, prevalece a primeira. 
Se o ato deve ser observado por sua consciência, sujeita-se a uma regra moral. Se deve ser 
observado por todos, é uma regra jurídica ou costume com eficácia jurídica. 
Só haverá o costume jurídico quando: (a) seja habitual um comportamento durante certo 
período; (b) esse comportamento obrigue a consciência social. 
No costume há dois fatores: (a) objetivo: que é seu uso prolongado: (b) subjetivo: a convicção 
jurídica e a certeza de sua imprescindibilidade (opinio iuris est necessitatis). 
Torna-se o costume Direito quando as pessoas que o praticam reconhecem-lhe a 
obrigatoriedade, com se fosse uma lei. 
Não basta, porém, que haja um uso prolongado do costume, mas que seja observado pelas 
pessoas obrigatoriamente. 
Muitas vezes, é do costume que acaba surgindo a norma legal, servindo de base para a 
criação desta última regra. 
Classifica-se o costume em: (a) extra legem (fora da lei) ou praeter (além de) legem, que atua 
na hipótese de lacuna da lei (art. 4º da LICC); secundum legem, segundo o que dispõe a lei e 
que a interpreta; (c) contra legem, que contraria o disposto na norma legal. O costume ab-
rogatório cria uma nova regra. O costume contra legem indica a não aplicação da lei. Quando a 
lei não é aplicada, chama-se desuso. 
Pode o costume ser proveniente de determinado lugar, onde é observado, ou de certo ofício ou 
profissão, tendo característica profissional. 
As funções do costume são: (a) supletiva ou integrativa, em que serve para suprir as lacunas 
da lei; (b) interpretativa, aclarando o conteúdo da norma legal. 
Dispõe o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil que, sendo a lei omissão o juiz decidirá o 
caso de acordo com os costumes. 
O art. 8º da CLT permite que as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de 
disposições legais e contratuais, decidirão, conforme o caso, de acordo com os usos e 
costumes, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça 
sobre o interesse público. Indica o art. 8º da CLT que os usos e costumes são fontes 
supletivas, na falta de disposições legais e contratuais sobre questões trabalhistas. 
Nos países da common law, o Direito costumeiro obriga quando os precedentes judiciais o 
consagram, como ocorre na Inglaterra. Os precedentes judiciais são usados para casos 
semelhantes que irão ser julgados. 
 
Doutrina e jurisprudência 
 
A doutrina e a jurisprudência também exercem importante papel no Direito, mas a verdadeira 
fonte é a legislação. 
Jurisprudência vem de iurisprudentia, que era o direito dos escritos dos iuris prudentes ou 
conhecedores do direito, não época clássica romana. As respostas dadas por estas pessoaseram consideradas como se fossem leis. Jurisprudência é o conjunto de reiteradas decisões 
dos tribunais sobre certa matéria. Súmula é o resumo dos tópicos principais das decisões 
predominantes do tribunais em determinada matéria. 
Não pode ser considerada como fonte do Direito a jurisprudência. Ela não se configura como 
regra obrigatória, mas apenas o caminho predominante em que os tribunais entendem de 
aplicar a lei, suprindo, inclusive, eventuais lacunas desta última. A exceção diz respeito à 
previsão do § 2° do art. 102 da Constituição quando menciona que ‘as decisões definitivas de 
mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, não ações diretas de inconstitucionalidade e 
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito 
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal’. 
O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois 
terços de seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar 
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação 
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal, bem como proceder a sua revisão ou cancelamento, na forma 
estabelecida em lei (art. 103-A da Constituição) 
A sumula terá por objeto validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, 
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a 
administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de 
processos sobre questão idêntica. 
O parágrafo único do art. 28 da Lei nº 9.868, de 10-11-1999, estabelece que a declaração de 
constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a 
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, tem eficácia 
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração 
Pública federal, estadual e municipal. 
A jurisprudência não cria o direito. Interpreta-o 
A doutrina também se constitui em valioso subsídio para a análise do Direito, mas também não 
se pode dizer que venha a ser uma de suas fontes, justamente porque os juízes não estão 
obrigados a observar a doutrina em suas decisões, tanto que a doutrina muitas vezes não é 
pacífica, tendo posicionamentos opostos. 
A analogia, a equidade, os princípios gerais de Direito e o Direito Comparado não constituem 
fontes formais e, sim, critérios de integração da norma jurídica. 
 
Materiais (Elementos da realidade social e valores que inspiram o ordenamento) 
 
MATERIAIS: Conjunto de fatores sociais e axiológicos (morais, éticos) que determinam a ação 
jus-política do legislador, do magistrado, etc. 
Há um pluralismo de fontes materiais do Direito pois, se este coexiste com a sociedade, tudo 
que pode influencia-la, pode influenciar as fontes materiais. 
As convicções, ideologias e as necessidades de cada povo (em certa época) atuam como 
fontes de produção do direito positivo pois condicionam o aparecimento e as transformações 
das normas jurídicas. As fontes materiais NÃO são o direito positivo, mas o conjunto de valores 
e de circunstâncias sociais que, constituindo o antecedente natural do direito, contribuem para 
a formação do conteúdo das normas jurídicas (direitopositivo) – VALORES. 
São elementos emergentes da própria realidade social e dos valores que inspiram um 
ordenamento jurídico. 
As fontes materiais ou reais não são unicamente fatores sociais – que abrangem os históricos, 
religiosos, naturais (clima, solo, raça, natureza geográfica do território, constituição anatômica e 
psicológica do homem), os demográficos, os higiênicos, os políticos, os econômicos e os 
morais (honestidade, decoro, decência, fidelidade, respeito ao próximo) – mas também os 
valores de cada época (ordem, segurança, paz social, justiça) dos quais fluem as normas 
jurídico-positivas. 
Consistem no conjunto de fatos (sociais) determinantes do conteúdo do direito. Nos valores 
que o direito procura realizar, sintetizados no conceito amplo de justiça 
 
 
 
 
Metodologia 
 
TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL 
A teoria da norma constitucional cuida do estudo da aplicabilidade das normas 
constitucionais. 
José Afonso da Silva é o autor mais aclamado e acatado em se tratando da 
classificação das normas em relação a sua aplicabilidade. Par a o Mestre paulistano as 
normas constitucionais dividem-se em normas constitucionais de eficácia plena, contida e 
limitada. 
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada em vigor 
da Constituição, produzem ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos 
essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador 
constituinte, direta e normativamente, quis regular São, portanto, normas que não 
necessitam de regulamentação, sendo auto-aplicáveis ou auto-executáveis, como por 
exemplo, os remédios constitucionais: mandado de segurança, habeas corpus, mandado de 
injunção, habeas data 
Já as normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que o legislador constituinte 
regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou 
margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, 
nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nela enunciados Vale 
dizer, a matéria constitucional foi devidamente regulada, mas a sua aplicação está 
condicionada a prévia existência de outra lei específica que a discipline, assim previsto 
expressamente. Exemplo: “Art. 5 o, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” 
Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam 
“aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses 
interesses após uma normatividade ulterior que lhe desenvolva a aplicabilidade”. Isto quer 
dizer que esse tipo de norma constitucional, para entrar em vigor, vale dizer, para ter 
aplicabilidade prática, depende de uma lei posterior que a regulamente. 
Ao lado da classificação de Jos é Afonso da Silva, adotada pela maioria dos nossos 
doutrinadores, temos as chamadas “normas programáticas”, que não têm aplicação ou 
execução imediata, mas se constituem em comandos-regras, pois explicitam comandos-valor. 
 
 
Teoria do Poder Constituinte 
 
 
Podemos dizer que a elaboração geral da teoria do poder constituinte nasceu, na cultura 
europeia, com SIÉYÈS, pensador e revolucionário francês do século XVIII. A concepção de 
soberania nacional na época, assim como a distinção entre poder constituinte e poderes 
constituídos com poderes derivados do primeiro é contribuição deste pensador. 
Siéyès afirmava que objetivo ou o fim da assembleia representativa de uma nação (leia-se do 
povo, ou seja, dos que se sentem parte do Estado nacional) não pode ser outro senão aquele 
que ocorreria se a própria população pudesse se reunir e deliberar no mesmo lugar. Ele 
acreditava que não poderia haver tanta insensatez a ponto de alguém, ou um grupo, na 
assembleia geral, afirmar que os que ali estão reunidos devem tratar dos assuntos particulares 
de uma pessoa ou de determinado grupo. 
À conclusão da escola clássica francesa compreendendo a Constituição como um certificadoda vontade política do povo nacional, – sendo que para que isso ocorra deve ser produto de 
uma assembleia constituinte representativa da vontade deste povo – se opõe Hans Kelsen, que 
afirma que a Constituição provém de uma norma fundamental.2 Importante ressaltar, neste 
ponto, que os conceitos dos diversos autores serão influenciados pela compreensão da 
natureza do poder constituinte: seja um poder de fato ou um poder de direito. 
Outro aspecto que devemos compreender sobre o poder constituinte é relativo à sua amplitude. 
Alguns autores entendem que o poder constituinte se limita à criação originária do Direito 
enquanto outros compreendem que esse poder constituinte é bem mais amplo, incluindo uma 
criação derivada do Direito por meio da reforma do texto constitucional, adaptando-o aos 
processos de mudança sociocultural,3 e ainda o poder constituinte decorrente, característica 
essencial de uma federação, quando os entes federados recebem (ou permanecem com) 
parcelas de soberania, expressas nas competências constitucionais dos estados membros 
elaborarem suas constituições e os municípios suas leis orgânicas. 
Finalmente, um terceiro aspecto a ser compreendido, e sobre o qual também existem 
divergências, diz respeito à titularidade do poder constituinte. 
 
Teoria da Decisão 
 
Chama-se Teoria da Decisão o conjunto de teorias matemáticas, lógicas e filosóficas que se 
ocupam das decisões que tomam os indivíduos racionais, quer sejam indivíduos que atuam 
isoladamente, em competência entre eles ou em grupos. 
Ela foi desenvolvida na segunda metade do século XX sob a forma de estudo dos aspectos 
diferenciados da descrição e da resolução dos chamados problemas de decisão. 
A Teoria da Decisão encontra seu objeto nos problemas de decisão sobre os quais são 
dedicadas análises aprofundadas dos critérios selecionados para as escolhas e as suas 
soluções. Esta teoria pretende fornecer os instrumentos para apoiar a resolução de problemas 
de decisão e justificar sua escolha como racional. Embora os problemas de decisão sejam 
descritos em linguagem universal própria à Matemática, este tratamento formalizado não reduz 
o estudo dos problemas de decisão aos limites quantitativos de análise, embora a maior parte 
das decisões possa ser quantificada, tais como as decisões econômicas, porém ainda estas 
importam em variáveis imponderáveis como fatores comportamentais ou geopolíticos. 
De modo simples pode-se definir a Teoria da Decisão como aquela que organiza um número 
de métodos de estudo e resolução de problemas de decisão. Este conjunto metódico é 
propositadamente heterogêneo, tendo em vista as diferentes características e ambientações 
dos problemas enfrentados e a grande diversidade temática a que se dedica. 
 
SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO 
O conceito de constituição é um conceito em crise, pois inexiste consenso a seu respeito, 
pluralizando-se sob múltiplos enfoques. Nesse Ínterim, indagam os estudiosos: Seria uma 
constituição a soma do poder dos fatores reais que regem um país (sentido socio-lógico)? 
É viável compreender uma constituição tomando o vocábulo, apenas, nos sentidos lógico-
jurídico e jurídico-positivo (sentido jurídico) ? Convém vislumbrarmos a constituição como o 
produto de uma decisão política fundamental (sentido político) ? 
Dessas perguntas defluem os sentidos ou acepções tradicionais, mediante as quais a doutrina 
procurou compreender o que é uma constituição. 
 Constituição sociológica 
Defensor dessa concepção: Ferdinand Lassalle. 
Ferdinand Lassalle, em famosa conferência pronunciada no ano de 1863 para intelectuais 
e operários da antiga Prússia, salientou o caráter sociológico de uma constituição, a 
qual se apoiava nos fatores reais do poder (Qué es una constitución?, passim) . E o que 
seriam esses fatores reais do poder? 
Para Lassalle, eles designariam a força ativa de todas as leis da sociedade. Logo, uma 
constituição que não correspondesse a tais fatores reais não passaria de simples folha de 
papel. 
Uma constituição duradoura e boa - dizia Lassalle - seria aquela que equivalesse à 
constituição real, cujas raízes estariam fincadas nos fatores de poder predominantes no 
país. 
Constituição jurídica 
Defensor dessa concepção: Hans Kelsen. 
Hans Kelsen, de outro ângulo, examinou a constituição nos sentidos lógico- jurídico, 
jurídico- positivo, formal e material. 
Kelsen, judeu, filho de austríacos, nascido em Praga (1 1-10-1881) e falecido nos 
Estados Unidos da América (1 9-4- 1973), aos 92 anos de idade, aduziu que toda função do 
Estado é uma função de criação de normas jurídicas. 
O mestre de Viena vislumbrou o fenômeno jurídico em automovimento, ou seja, na sua 
perspectiva dinâmica. 
Demonstrou que as funções do Estado correspondem a um processo evolutivo e graduado 
de criação de normas jurídicas (Hans Kelsen, Teoria pura do direito, 1979) . 
Aquilo que a teoria tradicional assinala como sendo três Poderes ou funções distintas 
do Estado, para Kelsen nada mais é que a forma jurídica positiva de certos aspectos 
relativos ao processo de criação jurídica, particularmente importantes do ponto de vista 
político (Teoría ge-neral dei Estado, 1934) . 
Segundo Kelsen, inexiste uma justaposição de funções mais ou menos desconexas, 
como quer a teoria clássica, impulsionada por certas tendências políticas. O que há é uma 
hierarquia dos diferentes graus do processo criador do Direito. 
É nesse ponto que aparece a constituição em sentido jurídico- positivo. Ela surge como grau 
imediatamente inferior ao momento em que o legislador estabelece normas reguladoras da 
legislação mesma. 
Do ângulo lógico- jurídico, a "constituição" consigna a norma fundamental hipotética não 
positiva, pois sobre ela embasa-se o primeiro ato legislativo não determinado por 
nenhuma norma superior de Direito Positivo. 
Mas Kelsen, ao analisar a estrutura hierárquica da ordem ju rídica, também distinguiu os 
sentidos formal e material de uma constituição. 
Sentenciou que a constituição em sentido formal é certo documento solene, traduzido num 
conjunto de normas jurídicas que só podem ser modificadas mediante a observância de 
prescriões especiais, que têm por objetivo dificultar o processo reformador. 
Já a constituição em sentido material é constituída por preceitos que regulam a criação de 
normas jurídicas gerais (Hans Kelsen, Teoría gener al dei derecho y dei Estado, p. 147) . 
Alguns juristas, porém, chamam de constituição material o que Kelsen denominou 
formal,sendo a recíproca verdadeira (Renato Treves, Il fondamento filosofico della 
dottrina pura del diritto di Hans Kelsen, p. 13; Giuseppe Maggiore, Quel che resta del 
kelsenismo, p. 55-64) . 
Constituição política 
Defensor dessa concepção: Carl Schmitt. 
Noutro prisma, temos o sentido político de constituição. 
Carl Schmitt, seguindo a linha decisionista, defendia esse arquétipo de compreensão 
constitucional (Teoría de !a constit ución, p. 23 e s.). 
Conforme Schmitt a constituição é fruto de uma decisão política fundamental, é dizer, uma 
decisão de conjunto sobre o modo e a forma da unidade política. 
Ele admitia que só seria possível uma noção de constituição quando se distinguisse 
constituição de lei constitucional. 
Para os adeptos desse pensamento, constituição é o conjunto de normas que dizem 
respeito a uma decisão política fundamental, ou seja, aos direitos individuais, à vida 
democrática,aos órgãos do Estado e à organização do poder. 
Lei constitucional, por outro lado, é o que sobra, isto é, que não contém matéria correlata 
àquela decisão política fundamental . 
Em suma, tudo aquilo que, embora esteja previsto na constituição, não diga respeito a uma 
decisão política qualifica-se, apenas, como lei constitucional (Antonio José Brandão, Sobre 
o conceito de constituição polí tica, 19 90. 
 
 
Aula 4 será depois da aula 5 
Conceito de Constituição e classificação 
 
Conceito e objeto 
Constituição, genericamente, é o ato de constituir, de estabelecer algo, ou ainda significa o 
modo pelo qual se constitui uma coisa. 
No mundo jurídico, a Constituição é a Lei Fundamental de um Estado e, desse modo, 
determinaria a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, 
escritas ou costumeiras, que regula as formas do Estado e de seu governo, o modo de 
aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os 
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a Constituição é o 
conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. 
O objeto maior da Constituição é limitar o poder do Estado sobre as pessoas e as instituições 
que o compõem 
 
 
 
Classificações 
Quanto ao conteúdo: material e formal 
Constituição material é o conjunto de regras constitucionais esparsas, codificadas ou não em 
um único documento. Já a Constituição, no seu conceito formal, consubstancia-se em 
um conteúdo normativo expresso, estabelecido pelo poder constituinte originário em um 
documento solene que contém um conjunto de regras jurídicas estruturais e organizadoras dos 
órgãos supremos do Estado. 
A diferença entre sentido material e sentido formal da Constituição é que nesta temos a 
existência estatal reduzida à sua expressão jurídica formalizada através da codificação solene 
das normas constitucionais. 
Quanto à forma: escrita e não escrita 
Constituição escrita é o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único 
documento para fixar-se a organização fundamental. 
Caracteriza-se por ser a lei fundamental de um povo, colocada no ápice da pirâmide 
das normas legais, dotada de coercibilidade. 
Todas as Constituições brasileiras foram escritas, desde a Carta Imperial até a 
Constituição de 1988. 
Constituição não escrita é o conjunto de normas constitucionais esparsas, baseado nos 
costumes, na jurisprudência e em convenções. Exemplo: Constituição inglesa. 
Quanto à forma de elaboração: dogmáticas e históricas 
Constituição dogmática é aquela que se nos é apresentada de forma escrita e 
sistematizada, por um órgão constituinte, a partir de princípios e idéias fundamentais da teoria 
política e do direito dominante em uma determinada sociedade. 
Constituição histórica é aquela que resulta da história, dos costumes e da tradição de um 
povo. 
Quanto à origem: promulgadas (democráticas e populares) e outorgadas 
A Constituição promulgada, também chamada de democrática ou popular, é aquela 
fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita pelo povo com a finalidade 
da sua elaboração. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
Constituição outorgada é aquela estabelecida através da imposição do poder, do governante, 
sem a participação popular. Exemplos: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e a 
Emenda Constitucional de 1969. 
Quanto à estabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas 
Constituição imutável é aquela onde é vedada qualquer modificação. Essa imutabilidade 
pode ser, em alguns casos, relativa, quando prevê a assim chamada limitação temporal, 
consistente em um prazo em que não se admitirá qualquer alteração do legislador constituinte 
reformador. 
Constituição rígida é aquela escrita, mas que pode ser alterada através de um processo 
legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade do que aquele normalmente utilizado 
em outras espécies normativas. Exemplo: Constituição brasileira de 1988 (Ver artigo 60 – 
Emendas à Constituição). 
Constituição flexível é aquela em regra não escrita e que pode ser alterada pelo processo 
legislativo ordinário, sem qualquer outra exigência ou solenidade. 
Constituição semi-rígida ou semiflexível é aquela que pode ter algumas de suas regras 
alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente podem sê-las por 
um processo legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade. 
Alexandre de Moraes entende que a Constituição brasileira de 1988 é superrígida, 
porque “em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, 
excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, §4º – cláusulas pétreas)”. 
Quanto à sua extensão e finalidade: analíticas (dirigentes) e sintéticas (negativas, 
garantias) 
Constituição analítica é aquela que examina e regulamenta todos os assuntos relevantes 
à formação, destinação e funcionamento do Estado. É também chamada de Constituição 
dirigente porque define fins e programa de ação futura. Exemplo: Constituição brasileira de 
1988. 
Constituição sintética é aquela que prevê somente os princípios e as normas gerais de 
organização do Estado e a limitação do seu poderatravés da fixação de direitos e garantias 
fundamentais para o cidadão. Exemplo: a Constituição dos EUA. 
Quanto ao sistema pode ser classificada em principiológica ou preceitua 
Na principiológica, conforme anotou Guilherme Pefia de Moraes, " ... predominam os 
princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de abstração, 
consagradores de valores, pelo que é necessária a mediação concretizadora, tal como a 
Constituição brasileira". 
Por seu turno, na preceitual " ... prevalecem as regras, individualizadas como normas 
constitucionais revestidas de pouco grau de abstração, concretizadoras de princípios, pelo que 
é possível a aplicação coercitiva, tal como a Constituição mexicana'' 
Quanto à função, as Constituições podem ser classificadas como provisórias ou 
definitivas. 
De acordo com Jorge Miranda, "chama-se de pré-Constituição, Constituição provisória ou, 
sob outra ótica, Constituição revolucionária ao conjunto de normas com a dupla finalidade 
de definição do regime de elaboração e aprovação da Constituição formal e de estruturação do 
poder político no interregno constitucional, a que se acrescenta a função de eliminação ou 
erradicação de resquícios do antigo regime. 
Contrapõe-se à Constituição definitiva ou de duração indefinida para o futuro como pretende 
ser a Constituição produto final do processo constituinte" 
Quanto ao objeto ou ideologia temos a Constituição liberal ou negativa e Constituição 
social ou positiva 
Constituição liberal ou negativa É exteriorização do triunfo da ideologia burguesa do século 
XVIII, onde tinha por objetivo a não intervenção do Estado não há previsão sobre ordem 
econômica. 
Constituição social ou positiva Correspondem a momento posterior da evoluçãodo 
constitucionalismo, em que passou a se exigir a intervenção do Estado atuando de forma 
positiva, como implementação dos direitos sociais e da ordem econômica 
Quanto ao modelo ou finalidade temos a Constituição garantia, a Constituição dirigente, 
a Constituição dirigente, plano, diretiva, programática, ideológico-programática, positiva, 
doutrinal 
Ou prospectiva e a Constituição-balanço 
Constituição garantia É a Constituição que tem por fim

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