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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ BERNARDO KLOSOWSKI USINAS HIDRELÉTRICAS Trabalho apresentado como Atividade Prática Supervisionada ao professor Guilherme Samways com objetivo de obtenção de nota parcial na disciplina de Hidrologia do Curso de Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba 2015 1. Definição Uma usina hidrelétrica pode ser definida como um complexo arquitetônico ou conjunto de obras e de equipamentos, que tem finalidade de produzir energia elétrica através do potencial hidráulico existente em um rio. Basicamente, a vazão do rio em que a usina está instalada será usada para acionar turbinas e gerar energia elétrica para abastecimento de industrias e cidades. 2. Tipologia Existem basicamente três tipos de projetos de usinas hidrelétricas: fio d’água, de acumulação, com armazenamento por bombeamento ou com reversão. Esta classificação existe para identificar as diferenças nos sistemas de reservatórios que são usados. A seguir, será discorrido mais sobre cada um destes tipos de usina. 2.1 Fio d’água São aquelas que não dispõem de reservatório de água, ou seja, não existe um estoque de água a ser acumulado por uma barragem. Nestes casos, a produção de energia fica refém da vazão do rio, ou seja, da quantidade de precipitação do período. Quando isto ocorre, as vazões podem ser menores que a capacidade das turbinas, ocasionando ociosidade. Esta limitação faz com que o preço da energia produzida por usinas fio d’água seja maior do que as produzidas por grandes usinas de acumulação. Em geral, estas estruturas são instaladas em pequenos ou médios rios que tenham grandes desníveis em seu percurso, visto que, a produção de energia é proporcional à vazão e a altura de queda. 2.2 De acumulação Usinas que contam com reservatórios de regularização são chamadas de usinas de acumulação. O fluxo de água do rio é acumulado nos reservatórios durante os períodos de cheia para que sejam utilizadas nos períodos de seca, mantendo mais regular a produção de energia. Este acúmulo permite fazer com que as turbinas trabalhem sempre em sua zona máxima de produção, resultando em menor ociosidade e custo. Por outro lado, teoricamente essas usinas tem maior custo de produção e impacto ambiental, este último tópico será tratado mais a fundo no decorrer do artigo. 2.3 Com armazenamento por bombeamento ou com reversão Estas usinas utilizam dois reservatórios de água em sua estrutura. O maior destes reservatórios fica a montante, das mesma maneira com que ocorre nas usinas de acumulação, o segundo reservatório, menor, fica a jusante. É feita uma ligação entre estes dois reservatórios para que a água do reservatório inferior possa ser bombeada de volta para o superior quando for conveniente, portanto, esta água poderá passar duas ou mais vezes pelas turbinas. O funcionamento ocorre da seguinte forma: Em tempos de alta demanda energética ocorre a liberação da água do reservatório superior, que passa pelas turbinas e fica depositado no reservatório inferior. Quando a demanda energética diminui, parte da energia gerada pela usina é utilizada para alimentar a bomba que transporta a água de volta para o reservatório superior, mantendo estável a produção de energia. Desta forma, as secas passam a não afetar este tipo de usina. A construção deste tipo de usina deve ser feita em locais que tem declividade correta para que se possam ser feitos os dois reservatórios. Em função do custo da obra, estas usinas são menos utilizadas que as duas anteriores. 3. Barragens Barragens são elementos estruturais construídos transversalmente ao fluxo de um rio para criação de um reservatório de água. São utilizadas em usinas para que se possa armazenar água e faze-la passar pelas turbinas que geram energia. Elas podem ser empregadas para outros usos como irrigação e controle de inundações. Existem diversos materiais que podem ser aplicados para a construção das barragens, a seguir serão listados os três principais tipos e seus detalhes mais relevantes. 3.1 Terra homogênea ou zoneada Podem ser construídas de duas maneiras: Escavações de água ou deposição de grandes quantidades de terra nos cursos de água. Caso seja feita a deposição, é necessário que a terra seja posteriormente compactada por equipamentos mecânicos. No caso das barragens de terra homogênea, é utilizado apenas um material para sua construção, exceto os materiais utilizados na contensão de taludes. As barragens de terra zoneada são constituídas de um núcleo central impermeável que é envolvido por diversas camadas de mais permeáveis para proteção do núcleo. Podem ser utilizados areia, cascalho, fragmentos de rocha ou misturas destes materiais. 3.2 Enrocamento São quatro as principais situações para o uso de barragens de enrocamento: • Custo muito elevado do concreto • Escassez de material terroso de características aceitáveis. • Excesso de rocha dura e resistente. • Rocha de fundação inadequada para barragens de concreto É necessário que as rochas utilizadas para construção de barragens de enrocamento sejam resistentes à ação do intemperismo físico e químico. 3.3 De concreto Existem dois tipos de barragens de concreto: Gravidade e Arcos. Cada uma delas tem exigências específicas que fazem viável sua aplicação. 3.3.1 Barragens de concreto – Gravidade É a barragem que apresenta menor custo de manutenção e maior resistência. Podem ser construídas em todos os locais, porém, dependem da resistência das fundações para terem grandes alturas. A ocorrência de solos constituídos de minérios menos resistentes faz com que em muitos casos seja mais vantajoso construir barragens de terra ou de enrocamento. Em comparação com estas duas, a barragem de concreto tem maior custo. 3.3.2 Barragens de concreto – Arcos A limitação deste tipo de barragem é a proporção entre sua altura e comprimento, que deve ser pequena, portanto, é exigido que o terreno tenha vales com material rochoso adequado. Estas barragens são mais comuns na Europa, onde os vales são mais acentuados. 4. Aspectos favoráveis e desfavoráveis É interessante que façamos a comparação da energia proveniente de usinas hidrelétricas com outras fontes para que seja possível julgar em quais casos se faz necessário a instalação deste tipo de estrutura. Os aspectos aqui considerados foram posicionados ao lado da energia proveniente do petróleo, carvão, fissão nuclear, sol e ventos para que pudéssemos classifica-los em favoráveis e desfavoráveis. 4.1 Aspectos favoráveis 4.1.1 O baixo custo da geração de energia O Brasil é um país cortado por rios de diferentes calibres que podem receber usinas dos diferentes tipos já citados aqui. Sendo a água um recurso renovável e com grande abundância em várias regiões do país, o custo para a produção da energia, depois de ter a usina pronta, é baixíssimo. 4.1.2 A ausência de poluição do ar gerada diretamente Apesar de estudos relatarem a produção de gases provenientes da decomposição do material orgânico alagado nas represas, não existe produção de compostos tóxicos no ar durante a instalação de usinas hidrelétricas. 4.1.3 Outros usos além do aproveitamento hidrelétrico O reservatório da usina pode ser utilizado para outros usos, como a irrigação, a navegação e o amortecimento de cheias. 4.1.4 Crescimento do turismo na região. 4.2 Aspectos desfavoráveis 4.2.1 Destruiçãoda flora natural Em alguns casos ocorrem alagamentos de áreas que abrigavam florestas naturais, comprometendo ecossistemas. 4.2.2 Assoreamento do leito dos rios Os rios transportam além de água pequenas partículas de material orgânico. Com a construção de barragens ocorre a filtração destes materiais, assim, o rio fica deficiente a jusante. Para compensar estas perdas o rio passa a absorver partículas do leito e das bordas, resultando em assoreamento das margens e aumento da profundidade do leito. 4.2.3 Deslocamento de populações O alagamento causado pela construção de lagos artificiais pode ocasionar o deslocamento forçado das populações que vivem no local há muitos anos. Geralmente são populações ribeirinhas e indígenas que veem neste espaço não apenas o seu local de moradia, mas também um espaço afetivo. 4.2.4 Extinção de espécies e transmissão de doenças Além do comprometimento da flora, a fauna também pode ser prejudicada. Os alagamentos podem resultar em extinção de espécies, algumas delas, ainda nem catalogadas. Estas extinções tem potencial de resultar em aumento de outros organismos que são responsáveis por doenças. 5. PCHs De acordo com a resolução 394 – 04-12-1998 da Agência Nacional de Energia Elétrica, toda usina hidrelétrica de pequeno porte, cuja capacidade instalada seja superior a 1 MW e inferior a 30 MW, com área de reservatório inferior a 3km2 é chamada de Pequena Centra Hidrelétrica, ou PCH. Em geral, PCHs são usinas fio d’água, ou seja, sem reservatório. Como já foi comentado anteriormente, estas usinas não permitem que o fluxo seja regularizado, causando períodos de ociosidade ou perda de água pelo vertedor. Existem vantagens propostas pelo Governo Federal para a construção deste tipo de usina. A ANEEL permite que a energia gerada em PCHs que entraram em operação até 2003 entre no sistema de eletrificação sem que o empreendedor tenha que pagar as taxas pelo uso da rede. Estas usinas ainda não são obrigadas a remunerar municípios e estados pelo uso dos recursos hídricos. Outro incentivo ocorre no caso de destemas implantados na Região Norte, que podem receber fundos dos recursos da Conta Consumo de Combustíveis Fósseis, caso estejam substituindo geradoras térmicas a óleo diesel deste sistema. 6. Leilões de Energia Um leilão de energia é o mecanismo utilizado pelo governo brasileiro para promover concorrência entre empresas do ramo de energia. É um processo licitatório com objetivo de obter energia elétrica em um prazo futuro, pré- determinado em um edital, seja pela construção de novas usinas, linhas de transmissão ou mesmo proveniente de usinas já prontas e pagas. Os leilões e o tipo de energia são divididos quanto ao tipo do empreendimento gerador de energia: se novo ou já existente. A energia proveniente de usinas a serem construídos é chamada “energia nova”, caso contrário, é chamada de “energia existente”. Os leilões de energia existente são denominados A-1, pois terão prazo de um ano para serem concluídos. No caso de energias novas, podem ser leilões do tipo A-3 e A-5, com prazos de três e cinco anos, respectivamente, para serem entregues. No caso de energia existente proveniente de empreendimentos hidrelétricos com mais de trinta anos, os preços são regulados pela ANEEL, assim, não são feitos mais leilões deste tipo de energia. Os contratos ainda são divididos em por disponibilidade ou por quantidade. Os contratos por disponibilidade são destinados a contratação de usinas termoelétricas e preveem um pagamento fixo independente da quantidade de energia gerada. Os contratos por quantidade preveem um fornecimento fixo por um determinado preço. Estes são aplicados geralmente em usinas hidrelétricas, assim, os geradores estão sujeitos a sobras ou déficits de energia. A finalidade deste sistema é garantir a segurança do sistema elétrico no Brasil, ou seja, quando existem dificuldades no sistema hidráulico as companhias de energia termelétrica são acionadas para suprir as necessidades. 7. Impactos sobre a hidrologia do rio Os rios carregam consigo um fluxo de sedimentos proveniente de rochas e do solo dos seus leitos. O maior impacto gerado pelas usinas é o efeito de filtro que ela gera. Este fluxo é interrompido pelas barragens e o rio passa a se comportar no sentido de recuperar estas partículas. Suas fontes de sedimentos são o leito e as margens dos rios. Como efeito colateral, ocorre um processo de alargamento das margens e aprofundamento do leito. A foz dos rios e a faixa costeira também podem sofrer com estre processo. Pode ocorrer um processo acentuado de erosão das marés. Outro impacto ocorre no nível dos rios, alterado pela barragem. Nas épocas de estiagem o rio fica quase seco a jusante, apesar de existirem leis proibindo esta situação. Isto não afeta apenas a biodiversidade, mas também o abastecimento de água da população e outras atividades econômicas.
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