Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 205 *MÓDULO 1* Citologia – Microrganismos Luta desigual As células mais simples têm material genético, mas ele fica disperso. Não existe um envoltório nuclear protegendo o DNA nem membranas separando as diferentes estruturas. Os seres vivos que possuem esse tipo de estrutura são conhecidos como procariontes, e seus exemplos mais famosos são as bactérias. Bactérias são seres básicos. Com tamanho entre 0,5 m e 1 m (micrômetro, ou milionésima parte do metro), são os seres unicelulares mais simples que existem. A parede da célula é formada por um polissacarídeo e por peptídeos (e algumas têm flagelos para facilitar a locomoção). Dentro da estrutura, os elementos celulares não são compartimentados. O citoplasma possui uma molécula de DNA circular, ribossomos e, em muitos casos, pequenas moléculas de DNA, os plasmídeos, que podem dar à bactéria resistência a antibióticos. Elas são responsáveis por uma série de doenças, em especial difteria, tétano, pneumonia, cólera e tuberculose. Mas também têm diversas utilidades para os seres humanos. Os lactobacilos, por exemplo, podem ser adicionados a derivados de leite e ocorrem naturalmente na flora intestinal, em que auxiliam a digestão de proteínas e inibem a proliferação de bactérias nocivas. Durante o processo de fabricação de queijos azuis, como o gorgonzola, os Lactobacillus spp inicialmente adicionados são duramente perseguidos por uma espécie eucarionte, que se caracteriza pela grande organização interna das células — membranas que diferenciam os “departamentos”, em especial o núcleo. Esses caçadores são os fungos Penicillium spp (veja a seguir os dois organismos). Procariontes e eucariontes Conheça as diferenças entre os dois organismos LACTOBACILLUS SPP É uma bactéria, isto é, ser procarionte de estrutura celular simples, dividida apenas em membrana e citoplasma, sem carioteca (envoltório nuclear), com DNA circular e com uma única organela, os ribossomos, que sintetizam proteínas. Além da membrana, apresenta uma parede celular externa, a peptideoglicana, que é vulnerável ao ataque químico do Penicillium spp. PENICILLIUM SPP Esse fungo é um eucarionte, isto é, possui uma célula com núcleo e organelas celulares, como o complexo golgiense e mitocôndrias. O mofo foi batizado de Penicillium (“pincelzinho”, em latim) porque as colônias em que vive formam fios que lembram um pincel. Acima, uma célula isolada. Os vírus são seres acelulares que não possuem metabolismo. Isto é, eles não “vivem” realmente. Isso significa que precisam de uma célula viva de outro ser para sua reprodução, que faça o metabolismo necessário para criar outros vírus. Os seres vivos celulares dividem-se em procariontes e eucariontes. Os procariontes, como bactérias e/ou cianobactérias, possuem apenas membrana celular, DNA e ribossomos. Os eucariontes, como fungos, possuem uma célula completa. As vacinas funcionam da seguinte forma: injeta-se em uma pessoa algo parecido com o vírus perigoso — uma parte do vírus ou o vírus morto ou enfraquecido. Isso faz o sistema imunológico desse indivíduo “pensar” que está enfrentando uma doença real, a chamada resposta imune primária. Quando o vírus real aparece, acontece a resposta imune secundária: o organismo já “conhece” o vírus e produz anticorpos de forma muito mais eficiente do que em alguém que não foi imunizado. O soro imune, como o soro antiofídico ou antitetânico, é produzido mediante a coleta de anticorpos prontos do sangue de um ser vivo (por exemplo, um cavalo) previamente inoculado com o antígeno (toxina). O uso do soro faz-se necessário porque a ação das toxinas é tão rápida que não há tempo para o organismo reagir criando anticorpos. A membrana é a parede que limita a célula, mas ela também efetua trocas com o meio ambiente, chamadas de transporte. Esse transporte pode ser passivo, quando a célula simplesmente troca substâncias com o exterior sem gasto de energia (osmose e difusão), ou ativo, quando ela gasta energia para que as substâncias sejam transportadas por meio de “bombas”. A membrana tem receptores nos quais se ligam substâncias específicas, como hormônios que agem em processos metabólicos da célula. O citoplasma funciona como uma grande fábrica em que ocorre o metabolismo celular e que reúne diversas organelas. Entre elas, destaca-se a mitocôndria, que possui DNA próprio e realiza a respiração celular. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 206 O núcleo é onde fica armazenado o código genético, na forma de cromatina, constituída por DNA e proteínas, na forma de um filamento. Os filamentos se enrolam durante a divisão celular, originando os cromossomos. Esse código é lido pela célula para produzir proteínas e é reproduzido antes da divisão celular, que pode ser de dois tipos: mitose, que resulta em duas células com o mesmo número de cromossomos da anterior; ou meiose, que resulta em quatro células com metade dos cromossomos da anterior, processo pelo qual são gerados os gametas. O núcleo é a identidade da célula. Se ele é substituído, a célula passa a se comportar como se pertencesse a outro indivíduo — é o que acontece no processo de clonagem e também na produção de células-tronco. Mitose é o processo pelo qual uma célula diploide, isto é, com um par de cada cromossomo, dá origem a outra célula idêntica e também diploide. Na mitose, os cromossomos se duplicam, afastam-se para os cantos da célula, e ela se parte ao meio. Meiose é o processo para a criação de células haploides, com apenas uma versão de cada cromossomo, destinadas a ser gametas, como espermatozoides e óvulos. Durante a meiose, os cromossomos podem trocar pedaçoscom seus pares, aumentando a variabilidade genética. O DNA é uma molécula muito longa, formada por duas fitas de nucleotídeos que se ligam uma à outra por tênues pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. Um nucleotídeo se prende a outro por uma ligação entre um fosfato e um açúcar chamado desoxirribose. O DNA é capaz de produzir uma cópia exata dele mesmo. Esse processo, chamado replicação ou duplicação, é semiconservativo. O RNA possui uma fita só. A base uracila entra no lugar da timina, e o açúcar é a ribose. Existem três tipos de RNA na célula eucarionte: transportador, mensageiro e ribossômico. Adenina (A), citosina (C), timina (T) e guanina (G) são as bases nitrogenadas, as quatro letras do DNA. Na fita dupla, uma adenina sempre se liga a uma timina, e uma guanina sempre se liga a uma citosina. O DNA não é o responsável direto pela produção de proteínas. Isso é feito pelo RNA criado com as informações do DNA, por meio do processo de transcrição e tradução. No núcleo, a fita de DNA é aberta e, a partir dela, é criada uma fita de RNA mensageiro que copia suas informações. No citoplasma, o RNA mensageiro é lido em sequência pelos ribossomos. A informação contida nele é suficiente para formar uma proteína. Com a ajuda do RNA transportador, que vai buscá- -los no citoplasma, componentes de proteína chamados aminoácidos são encaixados uns aos outros, segundo o código genético, até que se tenha uma proteína completa. Chama-se transcrição o processo pelo qual é criado o RNA mensageiro no núcleo. Tradução é a criação de proteínas por meio da leitura desse RNA no citoplasma. *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. *********** ATIVIDADES *********** .1. (ENEM-MEC) O uso prolongado de lentes de contato, sobretudo durante a noite, aliado a condições precárias de higiene, representa fatores de risco para o aparecimento de uma infecção denominada ceratite microbiana, que causa ulceração inflamatória da córnea. Para interromper o processo da doença, é necessário tratamento antibiótico. De modo geral, os fatores de risco provocam a diminuição da oxigenação corneana e determinam mudanças no seu metabolismo, de um estado aeróbico para anaeróbico. Como decorrência, observa-se a diminuição no número e na velocidade de mitoses do epitélio, o que predispõe ao aparecimento de defeitos epiteliais e à invasão bacteriana. CRESTA, F. Lente de contato e infecção ocular. Revista Sinopse de Oftalmologia. São Paulo: Moreira Jr., v. 4, n.º 4, 2002 (adaptado). A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso na córnea estão relacionados a algumas características gerais desses microrganismos, tais como: (A) a grande capacidade de adaptação, considerando as constantes mudanças no ambiente em que se reproduzem, e o processo aeróbico, como a melhor opção desses microrganismos para a obtenção de energia. (B) a grande capacidade de sofrer mutações, aumentando a probabilidade do aparecimento de formas resistentes, e o processo anaeróbico da fermentação, como a principal via de obtenção de energia. (C) a diversidade morfológica entre as bactérias, aumentando a variedade de tipos de agentes infecciosos, e a nutrição heterotrófica, como forma de esses microrganismos obterem matéria-prima e energia. (D) o alto poder de reprodução, aumentando a variabilidade genética dos milhares de indivíduos, e a nutrição heterotrófica, como única forma de obtenção de matéria-prima e energia desses microrganismos. (E) o alto poder de reprodução, originando milhares de descendentes geneticamente idênticos entre si, e a diversidade metabólica, considerando processos aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 207 .2. (ENEM-MEC) Estima-se que haja atualmente no mundo 40 milhões de pessoas infectadas pelo HIV (o vírus que causa a AIDS), sendo que as taxas de novas infecções continuam crescendo, principalmente na África, Ásia e Rússia. Nesse cenário de pandemia, uma vacina contra o HIV teria imenso impacto, pois salvaria milhões de vidas. Certamente seria um marco na história planetária e também uma esperança para as populações carentes de tratamento antiviral e de acompanhamento médico. TANURI, A.; FERREIRA JUNIOR, O. C. Vacina contra Aids: desafios e esperanças. Ciência Hoje (44) 26, 2009 (adaptado). Uma vacina eficiente contra o HIV deveria (A) induzir a imunidade, para proteger o organismo da contaminação viral. (B) ser capaz de alterar o genoma do organismo portador, induzindo a síntese de enzimas protetoras. (C) produzir antígenos capazes de se ligarem ao vírus, impedindo que este entre nas células do organismo humano. (D) ser amplamente aplicada em animais, visto que esses são os principais transmissores do vírus para os seres humanos. (E) estimular a imunidade, minimizando a transmissão do vírus por gotículas de saliva. .3. (ENEM-MEC) A vacina, o soro e os antibióticos submetem os organismos a processos biológicos diferentes. Pessoas que viajam para regiões em que ocorrem altas incidências de febre amarela, de picadas de cobras peçonhentas e de leptospirose e querem evitar ou tratar problemas de saúde relacionados a essas ocorrências devem seguir determinadas orientações. Ao procurar um posto de saúde, um viajante deveria ser orientado por um médico a tomar preventivamente ou como medida de tratamento (A) antibióticos contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e vacina contra a leptospirose. (B) vacina contra o vírus da febre amarela, soro antiofídico caso seja picado por uma cobra e antibiótico caso entre em contato com a Leptospira sp. (C) soro contra o vírus da febre amarela, antibiótico caso seja picado por uma cobra e soro contra toxinas bacterianas. (D) antibiótico ou soro, tanto contra o vírus da febre amarela como para veneno de cobras, e vacina contra a leptospirose. (E) soro antiofídico e antibiótico contra a Leptospira sp e vacina contra a febre amarela caso entre em contato com o vírus causador da doença. .4. (ENEM-MEC) Os sintomas mais sérios da gripe A, causada pelo vírus H1N1, foram apresentados por pessoas mais idosas e por gestantes. O motivo aparente é a menor imunidade desses grupos contra o vírus. Para aumentar a imunidade populacional relativa ao vírus da gripe A, o governo brasileiro distribuiu vacinas para os gruposmais suscetíveis. A vacina contra o H1N1, assim como qualquer outra vacina contra agentes causadores de doenças infectocontagiosas, aumenta a imunidade das pessoas porque (A) possui anticorpos contra o agente causador da doença. (B) possui proteínas que eliminam o agente causador da doença. (C) estimula a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea. (D) possui linfócitos B e T que neutralizam o agente causador da doença. (E) estimula a produção de anticorpos contra o agente causador da doença. .5. (ENEM-MEC) Durante as estações chuvosas, aumentam no Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm como objetivo a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. Que proposta preventiva poderia ser efetivada para diminuir a reprodução desse mosquito? (A) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua reprodução. (B) Substituição das casas de barro por casas de alvenaria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede das casas de barro. (C) Remoção dos recipientes que possam acumular água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem nesse meio. (D) Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato. (E) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a reprodução do mosquito acontece em águas contaminadas. ________________________________________________ *Anotações* CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 208 .6. (ENEM-MEC) O vírus do papiloma humano (HPV, na sigla em inglês) causa o aparecimento de verrugas e infecção persistente, sendo o principal fator ambiental do câncer de colo de útero nas mulheres. O vírus pode entrar pela pele ou por mucosas do corpo, o qual desenvolve anticorpos contra a ameaça, embora em alguns casos a defesa natural do organismo não seja suficiente. Foi desenvolvida uma vacina contra o HPV, que reduz em até 90% as verrugas e 85,6% dos casos de infecção persistente em comparação com pessoas não vacinadas. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 12/6/2011. O benefício da utilização dessa vacina é que pessoas vacinadas, em comparação com as não vacinadas, apresentam diferentes respostas ao vírus HPV em decorrência da(o) (A) alta concentração de macrófagos. (B) elevada taxa de anticorpos específicos anti-HPV circulantes. (C) aumento na produção de hemácias após a infecção por vírus HPV. (D) rapidez na produção de altas concentrações de linfócitos matadores. (E) presença de células de memória que atuam na resposta secundária. Texto para as questões de 7 a 9. Volta à estaca zero Especialistas suecos admitem erro em estudo e invalidam pesquisa que prometia um tratamento menos agressivo contra o câncer de mama © ANTÔNIO MILENA Radiografia de mama: a detecção precoce continua sendo a arma mais eficaz contra o câncer Foi um balde de água fria. Em 2009 e 2010, veículos de comunicação de todo o mundo repercutiram com entusiasmo os resultados de uma pesquisa que identificara uma nova droga, capaz de ajudar as pacientes com câncer de mama que não conseguem se beneficiar do uso do tamoxifeno, tratamento menos agressivo do que a quimioterapia e que costuma ser eficiente em 70% dos casos. No fim de 2010, veio a decepção: os próprios pesquisadores, da Suécia, publicaram uma nota em que retrataram o estudo, afirmando que suas conclusões não eram válidas. Explica-se: revisando seus achados, eles perceberam que os arquivos do Excel responsáveis pelos principais resultados continham sérios erros de cálculo. Assim, os cientistas voltaram à estaca zero. O erro dizia respeito a uma pesquisa para beneficiar 30% de mulheres que não conseguem resultados no tratamento com o tamoxifeno. Funciona assim: a maioria dos cânceres de mama só se desenvolve sob o efeito de estrógenos, os principais hormônios sexuais femininos, responsáveis pela mudança do formato do corpo na adolescência, pelo ciclo menstrual e pela fertilidade, e também presentes em anticoncepcionais. Os estrógenos agem nas células cancerígenas, estimulando o desenvolvimento do tumor. O tratamento atualmente mais comum contra esse tipo de câncer utiliza o tamoxifeno, que tem a propriedade de bloquear os receptores de estrógeno na parede celular das células cancerígenas. Esses receptores, localizados na membrana, são responsáveis pelo reconhecimento de moléculas que agem em cada tipo de célula, como o estrógeno. Na prática, é como se o tamoxifeno entupisse o buraco pelo qual a molécula entraria, o que acaba impedindo o câncer de se desenvolver. No entanto, o tratamento não funciona em aproximadamente 30% dos casos, nos quais o câncer cresce mesmo sem o efeito do estrógeno — esses casos, em geral mais agressivos, são tratados por meio da quimioterapia. Em seu estudo, os pesquisadores acreditavam ter descoberto uma proteína, batizada de Wnt-5a, capaz de criar receptores de estrógeno na membrana das células que normalmente não os têm. Assim, as células cancerígenas se tornariam vulneráveis ao tamoxifeno. Usando uma molécula sintética similar à Wnt-5a, à qual chamaram Foxy5, os pesquisadores fizeram testes com células in vitro e com ratos cancerosos. Em ambos os casos, pensaram ter obtido sucesso — até revisarem o estudo e perceberem os erros de cálculo que invalidaram os resultados. Assim, um ano após a massiva divulgação da pesquisa, os autores enviaram uma nota para as revistas Proceedings of the National Academy of Sciences e Cell Cycle, explicando o ocorrido e pedindo a retratação dos artigos, por conterem informações incorretas. No entanto, a retratação do estudo não mereceu o mesmo nível de repercussão na imprensa mundial, o que implica o risco de pessoas por todo o planeta ainda depositarem suas expectativas nesse prometido tratamento. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 209 Por outro lado, há estudos e dados que comprovam os efeitos antimetastáticos da Foxy5, que podem subsidiar o desenvolvimento de medicamentos para conter a metástase dos cânceres. Por ora, os cientistas continuarão investindo nessa linha de investigação e descartarão a possibilidade de progredir nas pesquisas sobre a associação da Foxy5 e do tratamento com tamoxifeno, pois não há base confiável para futuros estudos. Não foi desta vez que as pacientes com o tipo de câncer que mais mata no Brasil puderam ter uma nova esperança de cura. A incidência da doença continua crescendo, em razão de mudanças no estilo de vida das mulheres, que têm menos filhos e amamentam menos, o que altera seu ciclo hormonal. Superinteressante, abr. 2011. .7. (AED-SP) O tamoxifeno atua sobre uma estrutura da membrana plasmática, impedindo sua função normal. Qual é seu nome e sua função? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .8. (AED-SP) É possível dizer que o tamoxifeno já é capaz de curar todos os casos de câncer de mama? Justifique. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .9. (AED-SP) Baseado no texto, é possível afirmar que: (A) o tamoxifeno é um medicamento indicado para o tratamento de qualquer tipo de câncer, pois inibe a ação do hormônio estrógeno em todas as células do organismo feminino. (B) o tamoxifeno só atua em 30% das mulheres com câncer de mama. (C) a membrana plasmática das células mamárias apresenta receptores de estrógeno que podem ser bloqueados pelo tamoxifeno. (D) o hormônio feminino estrógeno inibe o desenvolvimento de células tumorais quando se liga aos seus receptores de membrana. (E) os tumores mais agressivos são aqueles que apresentam maior número de receptores de estrógeno em suas membranas. .10. (ENEM-MEC) O milho-verde recém-colhido tem um sabor adocicado. Já o milho-verde comprado na feira, um ou dois dias depois de colhido, não é mais tão doce, pois cerca de 50% dos carboidratos responsáveis pelo sabor adocicado são convertidos em amido nas primeiras 24 horas. Para preservar o sabor do milho-verde, pode-se usar o seguinte procedimento em três etapas: 1. descascar e mergulhar as espigas em água fervente por alguns minutos; 2. resfriá-las em água corrente; 3. conservá-las na geladeira. A preservação do sabor original do milho-verde pelo procedimento descrito pode ser explicada pelo seguinte argumento: (A) O choque térmico converte as proteínas do milho em amido até a saturação; este ocupa o lugar do amido que seria formado espontaneamente. (B) A água fervente e o resfriamento impermeabilizam a casca dos grãos de milho, impedindo a difusão de oxigênio e a oxidação da glicose. (C) As enzimas responsáveis pela conversão desses carboidratos em amido são desnaturadas pelo tratamento com água quente. (D) Microrganismos que convertem esses carboidratos em amido, ao retirarem nutrientes dos grãos, são destruídos pelo aquecimento. (E) O aquecimento desidrata os grãos de milho, alterando o meio de dissolução onde ocorreria espontaneamente a transformação desses carboidratos em amido. .11. (ENEM-MEC) A água é um dos componentes mais importantes das células. A tabela abaixo mostra como a quantidade de água varia em seres humanos, dependendo do tipo de célula. Em média, a água corresponde a 70% da composição química de um indivíduo normal. Tipo de célula Quantidade de água Tecido nervoso – substância cinzenta 85% Tecido nervoso – substância branca 70% Medula óssea 75% Tecido conjuntivo 60% Tecido adiposo 15% Hemácias 65% Ossos (sem medula) 20% JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 8.ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 210 Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido para análise em um laboratório. Enquanto intacta, essa amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa, quando se retirou toda a água do tecido, a amostra passou a pesar 80 mg. Baseado na tabela, pode-se afirmar que essa é uma amostra de (A) tecido nervoso – substância cinzenta. (B) tecido nervoso – substância branca. (C) hemácias. (D) tecido conjuntivo. (E) tecido adiposo. .12. (ENEM-MEC) Define-se genoma como o conjunto de todo o material genético de uma espécie, que, na maioria dos casos, são as moléculas de DNA. Durante muito tempo, especulou- -se sobre a possível relação entre o tamanho do genoma — medido pelo número de pares de bases (pb) —, o número de proteínas produzidas e a complexidade do organismo. As primeiras respostas começam a aparecer e já deixam claro que essa relação não existe, como mostra a tabela abaixo. Espécie Nome comum Tamanho estimado do genoma (pb) N.º de proteínas descritas Oryza sativa arroz 5.000.000.000 224.181 Mus musculus camundongo 3.454.200.000 249.081 Homo sapiens homem 3.400.000.000 459.114 Rattus norvegicus rato 2.900.000.000 109.077 Drosophila melanogaster mosca-da- -fruta 180.000.000 86.255 Disponível em: www.cbs.dtu.dk e www.ncbi.nlm.nih.gov. Acesso em: 23/2/2008 (adaptado). De acordo com as informações acima, (A) o conjunto de genes de um organismo define o seu DNA. (B) a produção de proteínas não está vinculada à molécula de DNA. (C) o tamanho do genoma não é diretamente proporcional ao número de proteínas produzidas pelo organismo. (D) quanto mais complexo o organismo, maior o tamanho de seu genoma. (E) genomas com mais de um bilhão de pares de bases são encontrados apenas nos seres vertebrados. .13. (ENEM-MEC) A figura seguinte representa um modelo de transmissão da informação genética nos sistemas biológicos. No fim do processo, que inclui a replicação, a transcrição e a tradução, há três formas proteicas diferentesdenominadas a, b e c. Depreende-se do modelo que (A) a única molécula que participa da produção de proteínas é o DNA. (B) o fluxo de informação genética, nos sistemas biológicos, é unidirecional. (C) as fontes de informação ativas durante o processo de transcrição são as proteínas. (D) é possível obter diferentes variantes proteicas a partir de um mesmo produto de transcrição. (E) a molécula de DNA possui forma circular e as demais moléculas possuem forma de fita simples linearizadas. .14. (ENEM-MEC) Nos dias de hoje, podemos dizer que praticamente todos os seres humanos já ouviram em algum momento falar sobre o DNA e seu papel na hereditariedade da maioria dos organismos. Porém, foi apenas em 1952, um ano antes da descrição do modelo do DNA em dupla- -hélice por Watson e Crick, que foi confirmado sem sombra de dúvidas que o DNA é material genético. No artigo em que Watson e Crick descreveram a molécula de DNA, eles sugeriram um modelo de como essa molécula deveria se replicar. Em 1958, Meselson e Stahl realizaram experimentos utilizando isótopos pesados de nitrogênio que foram incorporados às bases nitrogenadas para avaliar como se daria a replicação da molécula. A partir dos resultados, confirmaram o modelo sugerido por Watson e Crick, que tinha como premissa básica o rompimento das pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. Considerando a estrutura da molécula de DNA e a posição das pontes de hidrogênio na mesma, os experimentos realizados por Meselson e Stahl a respeito da replicação dessa molécula levaram à conclusão de que (A) a replicação de DNA é conservativa, isto é, a fita dupla filha é recém-sintetizada e o filamento parental é conservado. (B) a replicação de DNA é dispersiva, isto é, as fitas filhas contêm DNA recém-sintetizado e parental em cada uma das fitas. (C) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita parental e uma recém- -sintetizada. (D) a replicação de DNA é conservativa, isto é, as fitas filhas consistem de moléculas de DNA parental. (E) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita-molde e uma fita codificadora. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 211 .15. (ENEM-MEC) Em 1999, a geneticista Emma Whitelaw desenvolveu um experimento no qual ratas prenhes foram submetidas a uma dieta rica em vitamina B12, ácido fólico e soja. Os filhotes dessas ratas, apesar de possuírem o gene para obesidade, não expressaram essa doença na fase adulta. A autora concluiu que a alimentação da mãe, durante a gestação, silenciou o gene da obesidade. Dez anos depois, as geneticistas Eva Jablonka e Gal Raz listaram 100 casos comprovados de traços adquiridos e transmitidos entre gerações de organismos, sustentando, assim, a epigenética, que estuda as mudanças na atividade dos genes que não envolvem alterações na sequência do DNA. A reabilitação do herege. Época, n.º 610, 2010 (adaptado). Alguns cânceres esporádicos representam exemplos de alteração epigenética, pois são ocasionados por (A) aneuploidia do cromossomo sexual X. (B) polipoidia dos cromossomos autossômicos. (C) mutação em genes autossômicos com expressão dominante. (D) substituição no gene da cadeia beta da hemoglobina. (E) inativação de genes por meio de modificações nas bases nitrogenadas. .16. (ENEM-MEC) A identificação da estrutura do DNA foi fundamental para compreender seu papel na continuidade da vida. Na década de 1950, um estudo pioneiro determinou a proporção das bases nitrogenadas que compõem moléculas de DNA de várias espécies. Exemplos de materiais analisados BASES NITROGENADAS ADENINA GUANINA CITOSINA TIMINA Espermatozoide humano 30,7% 19,3% 18,8% 31,2% Fígado humano 30,4% 19,5% 19,9% 30,2% Medula óssea de rato 28,6% 21,4% 21,5% 28,5% Espermatozoide de ouriço-do-mar 32,8% 17,7% 18,4% 32,1% Plântulas de trigo 27,9% 21,8% 22,7% 27,6% Bactéria E. coli 26,1% 24,8% 23,9% 25,1% A comparação das proporções permitiu concluir que ocorre emparelhamento entre as bases nitrogenadas e que elas formam (A) pares de mesmo tipo em todas as espécies, evidenciando a universalidade da estrutura do DNA. (B) pares diferentes de acordo com a espécie considerada, o que garante a diversidade da vida. (C) pares diferentes em diferentes células de uma espécie, como resultado da diferenciação celular. (D) pares específicos apenas nos gametas, pois essas células são responsáveis pela perpetuação das espécies. (E) pares específicos somente nas bactérias, pois esses organismos são formados por uma única célula. .17. (ENEM-MEC) Um fabricante afirma que um produto disponível comercialmente possui DNA vegetal, elemento que proporcionaria melhor hidratação dos cabelos. Sobre as características químicas dessa molécula essencial à vida, é correto afirmar que o DNA (A) de qualquer espécie serviria, já que têm a mesma composição. (B) de origem vegetal é diferente quimicamente dos demais, pois possui clorofila. (C) das bactérias poderia causar mutações no couro cabeludo. (D) dos animais encontra-se sempre enovelado e é de difícil absorção. (E) de características básicas assegura sua eficiência hidratante. ________________________________________________ *Anotações* CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 212 *MÓDULO 2* Genética – As leis de Mendel O padre e as leguminosas Em 1856, em um mosteiro da cidade austríaca de Brünn (hoje Brno, na República Tcheca), um padre agostiniano quarentão plantava ervilhas. Seu nome era Gregor Mendel e o que ele estava fazendo era uma revolução na Biologia só comparável à Teoria da Evolução. © REPRODUÇÃO Mendel: muito à frente de sua época Mendel fez milhares de cruzamentos entre plantas da ervilha-de-cheiro, espécie que foi interessante a sua pesquisa porque as sementes eram sempre amarelas ou verdes, sem tons intermediários, e lisas ou rugosas. Essa simplicidade o ajudou a deduzir as leis fundamentais da genética um século antes de o DNA ser compreendido. Cruzando as ervilhas, Mendel concluiu que cada organismo tem um par de fatores responsáveis pelo aparecimento de uma característica; um vem do pai e o outro da mãe, isto é, cada gameta só pode ter um fator. O que leva à Primeira Lei de Mendel: “Cada caráter é condicionado por um par de fatores que se separam na formação dos gametas, nos quais ocorrem em dose simples”. O trabalho do padre foi publicado em 1866, mas os cientistas da época não lhe deram muita atenção. Cerca de um século depois, a descoberta da meiose confirmaria que ele tinha razão: os genes ocorrem aos pares, mas, na reprodução, apenas um deles é passado adiante. Com apenas modelos lógicos e matemáticos, Mendel havia adiantado em 100 anos o estudo da transmissão das características dos seres vivos. A revolução em duas cores As experiências que levaram à formulação da Primeira Lei de Mendel .1. Mendel imaginou que, se uma ervilha fosse verde, ela deveria ter algum “fator” responsável por essa cor. Para descobri-lo, resolveu cruzar plantas de sementes verdes com as de sementes amarelas. Teve o cuidado de autofecundar cada planta por seis gerações. O resultado foi que todos os novos indivíduos (híbridos) tinham sementes amarelas. O que aconteceu com o “fator” verde? .2. No entanto, quando Mendel cruzou essas plantas amarelas descendentes de verdes, os resultados eram que 75% deles eram amarelos e outros 25% eram verdes. Sinal de que o fator para o verde não tinha sumido. .3. Mendel notou que cada ervilha passava adiante apenas uma de seu par de características herdadas. Chamou a característica “ervilha amarela” de dominante e a “ervilha verde” de recessiva. O resultado são os conhecidos genótipos, sendo os genes representados por letras maiúsculas e minúsculas. Gregor Mendel, um padre do século XIX, descobriu as leis básicas da genética estudando sua plantação de ervilhas. Mendel descobriu que cada ser vivo recebe dois genes de seus ancestrais, mas passa a seus descendentes apenas um. Essa é a chamada Primeira Lei de Mendel, ou da Segregação. O padre também notou que cada característica física é independente das outras, e a passagem de um gene não depende da passagem de outro gene. Essa é a Segunda Lei de Mendel, ou da Segregação Independente. Mendel percebeu que algumas versões da mesma característica dominam outras — por exemplo, no cruzamento de ervilhas verdes e amarelas, as descendentes eram sempre amarelas. A isso ele chamou característica dominante; à outra, recessiva. Quando se discute genética, os genes dominantes e recessivos são expressos por letras maiúsculas e minúsculas. Mendel não previu isto, mas, às vezes, pode acontecer de ambos os alelos de um gene terem CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 213 influência no fenótipo, em vez de um ser cancelado pelo outro. Uma flor, por exemplo, pode ser vermelha ao ter a dupla VV, branca se for BB e rosa com os alelos VB. Isso se chama codominância. Algumas combinações produzem a morte do embrião e modificam as proporções com que certos fenótipos são encontrados. Um rato que tenha dois genes dominantes para o pelo amarelo AA, por exemplo, morre antes de nascer. Isso se chama gene letal. Os genes não agem apenas por meio de dominância e recessividade. Em certos casos, eles interagem uns com os outros para formar características, como a cor da pele humana, que depende da somatória de dois pares de genes. Além de reforçarem-se uns aos outros, pode acontecer de alguns genes calarem seus vizinhos. Galinhas brancas existem porque um gene dominante faz com que o gene que produz a cor de suas penas seja silenciado. Quando dois ou mais pares de genes estão localizados no mesmo par de cromossomos homólogos, está ocorrendo ligação fatorial ou linkage, e não ocorrerá segregação independente entre eles, porém pode ocorrer permuta durante a meiose. Na espécie humana, há dois sistemas de tipagem sanguínea, baseados na presença de antígenos nas hemácias e de anticorpos no plasma sanguíneo. No sistema ABO, os indivíduos podem ser A (antígeno A e anticorpos anti-B), B (antígeno B e anticorpos anti- -A), AB (receptor universal, com antígenos A e B) e O (doador universal, com anticorpos anti-A e anti-B). No sistema Rh, quem apresenta o antígeno (fator Rh) é Rh positivo. O ser humano possui 44 cromossomos autossomos (cromossomos somáticos, que não estão ligados ao sexo) e dois cromossomos sexuais. Os homens possuem um cromossomo X e um Y, isto é, seu par sexual é XY, e as mulheres, dois X, ou XX. O cromossomo Y é minúsculo e possui cerca de 30 genes ativos relacionados às diferenças sexuais masculinas. O cromossomo X possui genes para muitas funções além das que estão relacionadas a características sexuais. Como os homens só têm um cromossomo X, defeitos nesse cromossomo causados por genes recessivos atuam como se fossem causados por genes dominantes — isto é, basta um alelo para que se manifestem. Clones de mamíferos são criados substituindo-se o núcleo de um óvulo pelo de uma célula adulta e reprogramando-o quimicamente para que se comporte como um óvulo normal. Esse embrião é implantado em uma “mãe de aluguel” e gerado normalmente. Células-tronco embrionárias com o mesmo DNA do doador são criadas da mesma forma que se faz um clone, mas o embrião não é implantado. Em vez disso, as células são colhidas no início de sua divisão. Alguns cientistas suspeitam de que o processo tenha problemas porqueo DNA dos clones está “velho” — essa seria a causa da vida curta da pioneira ovelha Dolly, que morreu antes de completar sete anos. Para realizar um teste de DNA, o código genético a ser testado é retalhado com o uso de enzimas e reorganizado eletronicamente. A imagem obtida por esse processo é diferente em cada indivíduo. É como se fosse uma “foto” de seu DNA, chamada de impressão digital de DNA. Para realizar um teste de paternidade, é necessário fazer primeiro um teste de maternidade. Comparando-se a impressão digital de DNA da mãe com a do filho, é possível saber quais partes devem ser comparadas às do suspeito de paternidade. Transgênicos são seres vivos que possuem material genético modificado por engenharia genética, em geral mediante a introdução de genes, ou seja, pedaços de DNA de outros organismos. Pode-se introduzir genes usando vírus, bactérias ou diretamente. A forma mais antiga de criar transgênicos, usada desde os anos 1970, é remover um plasmídeo de uma bactéria, abri-lo com uma enzima, fechá-lo novamente e reinseri-lo na bactéria, que, assim, será transgênica. Organismos transgênicos produzem proteínas que originalmente eram produzidas pelos organismos que doaram genes a eles. *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. ________________________________________________ *Anotações* CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 214 *********** ATIVIDADES *********** Texto para as questões de 1 a 4. Romance proibido Casal de irmãos enfrenta a Justiça da Alemanha para recuperar a guarda dos filhos AFP Uma das filhas de Patrick e Susan: três dos quatro filhos do casal apresentaram problemas genéticos Patrick Stuebing e Susan Karolewsky formavam um jovem casal alemão que teve a primeira filha em 2001. Por essa união, Patrick foi condenado a um ano de prisão em regime aberto. Susan era menor de idade, mas não foi isso que fez Patrick complicar-se com a lei. O que o levou à prisão foi o fato de ele ser irmão de Susan por parte de pai e mãe. Patrick foi criado longe da família até os 23 anos, quando resolveu conhecê-la e descobriu que tinha uma irmã mais nova. Segundo os dois, quando a mãe deles morreu, eles se apaixonaram. Patrick foi preso novamente em 2004. A essa altura, o casal já tinha três filhos — todos enviados a orfanatos públicos. Enquanto ele estava na cadeia, nasceu sua quarta filha. O alemão decidiu, então, levar o caso a uma instância superior. Seus advogados pediram o fim da lei de 1871, que classifica o incesto como uma ofensa criminal. Em março de 2008, o caso chegou até a Corte Constitucional da Alemanha, a última instância da Justiça no país, similar ao Supremo Tribunal Federal do Brasil (a propósito: a legislação brasileira não considera incesto um crime, desde que praticado por maiores e capazes). O argumento dos advogados de Patrick é que a lei que proíbe o incesto é ultrapassada e uma agressão ao direito individual das pessoas, ao impedir que dois adultos tenham relações consensuais. Eles comparam essa medida legal às antigas leis que proibiam a homossexualidade. A Corte alemã, no entanto, não aceitou o argumento. Segundo os juízes, ainda vale a regra segundo a qual, ao casar-se com um parente muito próximo, os pais são responsáveis pelas doenças genéticas que os filhos venham a ter. Assim, Patrick voltou à cadeia para cumprir mais 16 meses. Apesar dos argumentos dos advogados, pesou na decisão da Justiça o fato de que três dos quatro filhos do casal apresentam problemas genéticos, dois com sérias complicações mentais, uma com problema cardíaco. A única criança da qual o casal possui a guarda é a nascida em 2004 — ela não tem nenhum problema. Mundo Estranho, nov. 2010 (adaptado). .1. (AED-SP) A lei que proíbe o incesto na Alemanha data de 1871, quando os costumes eram bem mais rígidos. Por que os juízes não a consideram ultrapassada? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .2. (AED-SP) Qual é a razão de haver maior risco de problemas hereditários entre filhos de relações incestuosas? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .3. (AED-SP) Os filhos de parentes muito próximos têm necessariamente problemas hereditários? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ .4. (AED-SP) Levando-se em consideração o texto: I. A lei alemã de 1871 é obsoleta, pois ainda não se conhecia a genética mendeliana. II. Teria sido uma atitude ética do casal buscar aconselhamento genético e saber das probabilidades de doenças hereditárias. III. Com o aconselhamento genético, nenhuma criança do casal teria nascido com problemas genéticos. Está(ão) correta(s): (A) apenas I. (B) apenas II. (C) apenas III. (D) apenas I e II. (E) I, II e III. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 215 .5. (ENEM-MEC) Mendel cruzou plantas puras de ervilha com flores vermelhas e plantas puras com flores brancas, e observou que todosos descendentes tinham flores vermelhas. Nesse caso, Mendel chamou a cor vermelha de dominante e a cor branca de recessiva. A explicação oferecida por ele para esses resultados era a de que as plantas de flores vermelhas da geração inicial (P) possuíam dois fatores dominantes iguais para essa característica (VV), e as plantas de flores brancas possuíam dois fatores recessivos iguais (vv). Todos os descendentes desse cruzamento, a primeira geração de filhos (F1), tinham um fator de cada progenitor e eram Vv, combinação que assegura a cor vermelha nas flores. Tomando-se um grupo de plantas cujas flores são vermelhas, como distinguir aquelas que são VV das que são Vv? (A) Cruzando-as entre si, é possível identificar as plantas que têm o fator v na sua composição pela análise de características exteriores dos gametas masculinos, os grãos de pólen. (B) Cruzando-as com plantas recessivas, de flores brancas. As plantas VV produzirão apenas descendentes de flores vermelhas, enquanto as plantas Vv podem produzir descendentes de flores brancas. (C) Cruzando-as com plantas de flores vermelhas da geração P. Os cruzamentos com plantas Vv produzirão descendentes de flores brancas. (D) Cruzando-as entre si, é possível que surjam plantas de flores brancas. As plantas Vv cruzadas com outras Vv produzirão apenas descendentes vermelhas, portanto as demais serão VV. (E) Cruzando-as com plantas recessivas e analisando as características do ambiente onde se dão os cruzamentos, é possível identificar aquelas que possuem apenas fatores V. .6. (FUVEST-SP) No heredograma abaixo, o símbolo representa um homem afetado por uma doença genética rara, causada por mutação num gene localizado no cromossomo X. Os demais indivíduos são clinicamente normais. As probabilidades de os indivíduos 7, 12 e 13 serem portadores do alelo mutante são, respectivamente, (A) 0,5; 0,25 e 0,25. (B) 0,5; 0,25 e 0. (C) 1; 0,5 e 0,5. (D) 1; 0,5 e 0. (E) 0; 0 e 0. .7. (UnB-DF) O daltonismo é um caráter ligado ao sexo. O cromossomo X transporta um gene recessivo para o daltonismo, não havendo alelo correspondente no cromossomo Y. Isso explica por que: (A) existem muito mais homens daltônicos que mulheres daltônicas. (B) existem muito mais mulheres daltônicas que homens daltônicos. (C) o número de homens e mulheres daltônicos é aproximadamente o mesmo. (D) o daltonismo depende do fenótipo racial. (E) o daltonismo, embora de caráter genético, é influenciado pelo meio ambiente. .8. (ENEM-MEC) Investigadores das Universidades de Oxford e da Califórnia desenvolveram uma variedade de Aedes aegypti geneticamente modificada que é candidata para uso na busca de redução na transmissão do vírus da dengue. Nessa nova variedade de mosquito, as fêmeas não conseguem voar devido à interrupção do desenvolvimento do músculo das asas. A modificação genética introduzida é um gene dominante condicional, isto é, o gene tem expressão dominante (basta apenas uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas. FU, G. et al. Female-specific flightless phenotype for mosquito control. PNAS 107 (10): 4550-4554, 2010. Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de Aedes aegypti demore ainda anos para ser implementada, pois há demanda de muitos estudos com relação ao impacto ambiental. A liberação de machos de Aedes aegypti dessa variedade geneticamente modificada reduziria o número de casos de dengue em uma determinada região porque (A) diminuiria o sucesso reprodutivo desses machos transgênicos. (B) restringiria a área geográfica de voo dessa espécie de mosquito. (C) dificultaria a contaminação e reprodução do vetor natural da doença. (D) tornaria o mosquito menos resistente ao agente etiológico da doença. (E) dificultaria a obtenção de alimentos pelos machos geneticamente modificados. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 216 .9. (ENEM-MEC) Um instituto de pesquisa norte-americano divulgou recentemente ter criado uma “célula sintética”, uma bactéria chamada de Mycoplasma mycoides. Os pesquisadores montaram uma sequência de nucleotídeos, que formam o único cromossomo dessa bactéria, o qual foi introduzido em outra espécie de bactéria, a Mycoplasma capricolum. Após a introdução, o cromossomo da M. capricolum foi neutralizado e o cromossomo artificial da M. mycoides começou a gerenciar a célula, produzindo suas proteínas. GILBSON et al. Creation of a Bacterial Cell Controlled by a Chemically synthesized Genome. Science, v. 329, 2010 (adaptado). A importância dessa inovação tecnológica para a comunidade científica se deve à (A) possibilidade de sequenciar os genomas de bactérias para serem usados como receptoras de cromossomos artificiais. (B) capacidade de criação, pela ciência, de novas formas de vida, utilizando substâncias como carboidratos e lipídios. (C) possibilidade de produção em massa da bactéria Mycoplasma capricolum para sua distribuição em ambientes naturais. (D) possibilidade de programar geneticamente microrganismos ou seres mais complexos para produzir medicamentos, vacinas e combustíveis. (E) capacidade da bactéria Mycoplasma capricolum de expressar suas proteínas na bactéria sintética e estas serem usadas na indústria. Texto para as questões 10 e 11. A sequência abaixo indica de maneira simplificada os passos seguidos por um grupo de cientistas para a clonagem de uma vaca: I. Retirou-se um óvulo da vaca Z. O núcleo foi desprezado, obtendo-se um óvulo anucleado. II. Retirou-se uma célula da glândula mamária da vaca W. O núcleo foi isolado e conservado, desprezando-se o resto da célula. III. O núcleo da célula da glândula mamária foi introduzido no óvulo anucleado. A célula reconstituída foi estimulada para entrar em divisão. IV. Após algumas divisões, o embrião foi implantado no útero de uma terceira vaca Y, mãe de aluguel. O embrião se desenvolveu e deu origem ao clone. .10. (ENEM-MEC) Considerando-se que os animais Z, W e Y não têm parentesco, pode-se afirmar que o animal resultante da clonagem tem as características genéticas da vaca (A) Z, apenas. (B) W, apenas. (C) Y, apenas. (D) Z e da W, apenas. (E) Z, da W e da Y. .11. (ENEM-MEC) Se a vaca Y, utilizada como “mãe de aluguel”, for a mãe biológica da vaca W, a porcentagem de genes da “mãe de aluguel”, presente no clone, será (A) 0%. (B) 25%. (C) 50%. (D) 75%. (E) 100%. .12. (ENEM-MEC)A Embrapa possui uma linhagem de soja transgênica resistente ao herbicida IMAZAPIR. A planta está passando por testes de segurança nutricional e ambiental, processo que exige cerca de três anos. Uma linhagem de soja transgênica requer a produção inicial de 200 plantas resistentes ao herbicida e destas são selecionadas as dez mais “estáveis”, com maior capacidade de gerar descendentes também resistentes. Esses descendentes são submetidos a doses de herbicida três vezes superiores às aplicadas nas lavouras convencionais. Em seguida, as cinco melhores são separadas e apenas uma delas é levada a testes de segurança. Os riscos ambientais da soja transgênica são pequenos, já que ela não tem possibilidade de cruzamento com outras plantas e o perigo de polinização cruzada com outro tipo de soja é de apenas 1%. A soja transgênica, segundo o texto, apresenta baixo risco ambiental porque (A) a resistência ao herbicida não é estável e assim não passa para as plantas-filhas. (B) as doses de herbicida aplicadas nas plantas são três vezes superiores às usuais. (C) a capacidade da linhagem de cruzar com espécies selvagens é inexistente. (D) a linhagem passou por testes nutricionais e após três anos foi aprovada. (E) a linhagem obtida foi testada rigorosamente em relação a sua segurança. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 217 .13. (ENEM-MEC) Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis. Um organismo, ao receber material genético de outra espécie, ou modificado da mesma espécie, passa a apresentar novas características. Assim, por exemplo, já temos bactérias fabricando hormônios humanos, algodão colorido e cabras que produzem fatores de coagulação sanguínea humana. O belga René Magritte (1896-1967), um dos pintores surrealistas mais importantes, deixou obras enigmáticas. Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo sobre os transgênicos, qual das obras de Magritte, abaixo, estaria mais de acordo com esse tema tão polêmico? (A) (D) (B) (E) (C) ________________________________________________ *Anotações* .14. (INEP-MEC) O Globo, 28/5/2009. A tira acima deriva seu humor do fato de Adão ser o único homem no mundo e, ainda assim, exigir de Eva um exame de DNA, suspeitando que o filho possa não ser dele. O exame de DNA funciona comparando-se sequências de DNA do pai e do filho. Sabendo-se que Adão é o único homem no mundo, pode-se afirmar: (A) salvo mutação, espera-se que todas as sequências de nucleotídeos que não provenham de Eva batam com as dele. (B) além da paternidade, não haveria como determinar, por exemplo, marcadores de grupos étnicos no DNA de Adão, uma vez que não haveria ainda outros com quem comparar essas sequências. (C) se o bebê for do sexo masculino, seu cromossomo Y deve ser idêntico ao de Adão, mas o X não é idêntico ao de Eva, mesmo tendo vindo dela. (D) além de Adão, seria necessário testar o DNA de Eva para saber quais sequências vieram de quem. (E) todas as alternativas anteriores estão corretas. ________________________________________________ *Anotações* CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 218 *MÓDULO 3* Evolução – Lamarck, Darwin e o Neodarwinismo A sobrevivência do mais apto Quando o naturalista britânico Charles Darwin resolveu publicar A Origem das Espécies, em 1859, estava apreensivo. Ele passou quase 30 anos elaborando sua obra-prima e a levava a público por medo de ser plagiado. Aos 50 anos, era um cientista respeitado por seu trabalho de catalogar espécies e fósseis, que havia começado com sua travessia ao redor do mundo no navio HMS Beagle, de 1831 a 1836, viagem na qual passou pelo Brasil e pelas ilhas Galápagos (Equador). O fato de ele ser um cientista influente foi fundamental para que a Teoria da Evolução fosse levada a sério. Num tempo em que os geólogos ainda explicavam os dinossauros como produtos do dilúvio bíblico, a teoria de Darwin abandonava qualquer ideia de intervenção divina na formação de novas espécies. O mecanismo darwinista fundamental chama-se seleção natural: em qualquer população de animais, existe variação entre suas características — uns são maiores, menores, mais fortes ou fracos, de uma cor ou de outra. Diante das pressões do ambiente, alguns animais conseguirão deixar mais descendentes que outros. Essas características tenderão a dominar na geração seguinte, até que a espécie inteira acabe tendo um aspecto novo. Isso não tem a ver com o animal ser mais forte que os outros: animais mais fortes exigem mais alimentos. Se os alimentos são escassos, a seleção natural favorecerá os mais fracos e econômicos. Darwin também explicou como espécies novas se formam a partir do isolamento geográfico. O cientista notou como as espécies de tentilhões das ilhas Galápagos eram similares às da América, assim como os pássaros do Cabo Verde se pareciam com os da África, mas haviam se tornado diferentes o bastante para ser espécies distintas. Assim, quando duas populações passam a viver em locais diferentes e não se cruzam mais entre si, a seleção natural leva a espécies novas. Depois, Darwin ampliaria sua teoria falando de seleção sexual, o que faz, por exemplo, com que o rabo do pavão seja uma característica interessante, mesmo quando parece atrapalhar o bicho. Foi ele que afirmou também que o ser humano descende provavelmente de um tipode macaco. ________________________________________________ *Anotações* ESTÚDIO PINGADO A seleção em ação Um exemplo de como podem ter surgido novas espécies .1. DIVERSIDADE Em determinada população, existe diversidade entre os animais. Certas características podem tornar esses animais mais aptos que outros. Por exemplo, suponha que os gnus resolvam pastar onde existe um tipo de grama venenosa. Alguns deles podem comer essa grama sem adoecer. .2. SELEÇÃO NATURAL Os animais que são capazes de resistir à grama venenosa se alimentam melhor que os outros. Isso significa que acabam escapando mais facilmente de predadores e sobrevivendo mais a doenças. Em outras palavras, eles têm maior capacidade de sobrevivência e, assim, se reproduzem mais. Nas gerações seguintes, a tendência é que haja mais gnus capazes de comer erva venenosa que incapazes. SELEÇÃO SEXUAL Em certas espécies, como muitos mamíferos, os animais mais fortes e bem alimentados também podem vencer em disputas por fêmeas, aumentando ainda mais sua vantagem evolutiva. .3. NOVAS ESPÉCIES Se há separação geográfica entre as populações, com o tempo a seleção natural diferencial poderá criar espécies completamente novas, caso ocorra isolamento reprodutivo. CNB Biologia _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CNB Biologia 219 Darwin não foi o primeiro a propor uma teoria da evolução. Lamarck tinha outra teoria, que acabou se mostrando incorreta, mas abriu caminho para a aceitação da ideia de que os seres vivos se modificam com o passar do tempo. A teoria fundamental na evolução darwinista é a da seleção natural: seres vivos nascem de todos os jeitos, mas os mais adaptados ao meio geram mais descendentes, que sobrevivem mais. As características serão selecionadas e tenderão a dominar, modificando a espécie. Darwin não conheceu a genética mendeliana nem sabia que existem mutações, que provocam mudanças aleatórias nos genes dos seres vivos e também são um fator importantíssimo na evolução. As limitações na teoria da evolução original fizeram com que fosse muito contestada após a morte de Darwin, em 1882, até os anos 30, quando surgiu a Teoria Sintética da Evolução ou Neodarwinismo. O Neodarwinismo conciliou a seleção natural com a genética mendeliana e o conceito de mutações, além de explicar como se formam espécies com o isolamento geográfico. Desde então, a Teoria da Evolução passou a ser amplamente aceita. A ideia darwinista de que todos os animais descendem de um mesmo ancestral, formando uma árvore que vai se dividindo, leva a uma dúvida: como surgiu o primeiro ser vivo? Antigamente, acreditou-se que animais como moscas podiam surgir de matéria morta em decomposição. Experiências provaram que isso é impossível. Mas o primeiro ser vivo deve ter surgido da matéria inanimada — o nome dessa ideia é abiogênese. Surgida nos anos 30, a abiogênese moderna acredita que o primeiro ser vivo pode ter surgido em uma “sopa primordial” de compostos como amônia e metano nos oceanos, sob efeito de tempestades elétricas e raios ultravioleta solares. Experiências provaram que é possível criar certos aminoácidos dessa forma. Uma explicação alternativa para a abiogênese, que está ganhando força, é a exogênese: a ideia de que a vida veio parar na Terra por meio de um meteorito carregando bactérias ou talvez apenas fragmentos de material genético. *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. *********** ATIVIDADES *********** Texto para as questões de 1 a 3. Evolução acelerada Estudos indicam que, nos últimos 5000 anos, a mudança genética ocorreu de forma 100 vezes mais rápida do que em qualquer período anterior da humanidade Uma visão popular a respeito da evolução de seres humanos é que, ao menos nos países civilizados, ela não ocorreria mais. Na sociedade urbana atual, praticamente todas as pessoas têm chances de se reproduzir. Não precisamos mais correr de leões nem de hienas, e muitas doenças hereditárias, que condenariam o indivíduo à morte prematura ou a uma vida de sofrimento, podem ser tratadas pela medicina. Assim, as pessoas podem passar esses genes adiante — onde foi parar a seleção natural? Segundo um estudo conduzido pelos professores John Hawks e Henry Harpending, da Universidade de Utah (EUA), a mudança genética nos últimos 5000 anos ocorreu de forma 100 vezes mais rápida do que em qualquer período anterior da humanidade. Por exemplo, os genes para olhos azuis nas populações nórdicas e a resistência à malária em populações africanas são mutações que surgiram mais ou menos àquela época, mas que hoje atingem até 40% de certos povos. “É como se fosse o ataque dos invasores de corpos”, disse Hawks em artigo no jornal interno da universidade. Outros exemplos citados pelos cientistas como mudanças recentes foram a diminuição no tamanho do corpo, dos dentes e do cérebro (sim, seu cérebro é menor que o do homem das cavernas). E também o desenvolvimento da tolerância à lactose em adultos, que atinge uma parcela enorme de populações europeias e centro-africanas, mas é praticamente inexistente no Extremo Oriente, no sul da África e na América. O gene surgiu quando esses povos passaram a criar gado, e as pessoas que podiam tomar leite a vida toda sem ter dor de barriga acabaram tendo uma dieta melhor que as outras. Conforme declarou Harpending à rede britânica BBC, há dois fatores para a evolução estar mais rápida: “Um deles é que há muito mais pessoas — quanto mais pessoas você tem, mais oportunidades existem para uma mutação vantajosa aparecer”. O segundo fator é a mudança de ambiente: “Nossas dietas mudaram, vivemos em ambientes radicalmente diferentes. Com um tamanho de população maior, surgem vários tipos de doenças novas”. Um estudo de 2009 conduzido por Stephen Stearns, da Universidade de Yale, tentou identificar e descrever algumas mudanças que estão ocorrendo neste momento. A tese de Stearns é que, se, de fato, não estamos sofrendo mais tantas pressões por sobrevivência, as diferenças em reprodução ainda contam como seleção natural. Estudando o registro médico de mulheres norte- -americanas desde 1948, sua equipe estabeleceu um CNB Biologia
Compartilhar