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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DAMEC - DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA MARCELO MIGUEL TIBES PELUSO ATERRAMENTOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS ELETROTÉCNICA A Pato Branco 2015 Aterramentos Elétricos Industriais Introdução É sabido que a eletricidade sempre segue o caminho de menor resistência, e esse caminho pode ser o ser humano, quando temos um componente elétrico aterrado erradamente. No presente relatório vamos analisar as técnicas para realizar um aterramento eficiente. Nesse assunto tão vasto e complexo vamos ver também o que é o “terra”, quais as normas para garantir um bom aterramento, e esclarecer algumas regras básicas sobre instalação elétrica, os tipos de aterramento, formas de medições e matérias utilizados. Aterramento Aterrar um dispositivo ou equipamento está relacionado a interliga-lo com a terra propriamente dita ou a uma grande massa que possa a substituir. Então quando nos referenciamos a um dispositivo aterrado estamos afirmando que pelo menos um de seus terminais estão propositalmente ligados a terra. A finalidade de um aterramento é permitir que quaisquer picos de eletricidade sejam diretamente encaminhados para o chão, bem longe de instalações elétricas, de modo que sejam absorvidos sem maiores danos, evitando sobrecargas. O terra é um condutor construído através de uma haste metálica e que, em situações normais, não deve possuir corrente elétrica circundante. O instrumento clássico para medir-se a resistência do terra é o termômetro. Testadores de aterramento Finalidades do terra: Visa a segurança de atuação da proteção; Visa a proteção das instalações contra descargas atmosféricas Visa a proteção do indivíduo contra contatos com partes metálicas da instalação energizadas; Quando houver alguma corrente circulando pelo terra, normalmente ela deverá ser transitória, isto é, desviar uma descarga atmosférica para a terra, por exemplo. O fio terra, por norma, vem identificado pelas letras PE, e deve ser de cor verde e amarela. Tipos de aterramento A ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui uma norma que rege o campo de instalações em baixa tensão. Segundo a ABNT, aterrar significa colocar instalações e equipamentos no mesmo potencial de modo que a diferença de potencial entre a terra e o equipamento seja zero. Essa norma é a NBR 5410. Ao instalarmos uma máquina segundo a norma, temos a certeza de que três itens básicos estão assegurados: 1º. O usuário do equipamento está protegido contra descargas atmosféricas, através da viabilização de um caminho alternativo para a terra. 2º. Não haverá cargas estáticas acumuladas na carcaça da máquina. 3º. Os dispositivos de proteção contra surtos terão seu funcionamento facilitado, através da corrente desviada para o terra. Os três sistemas da NBR 5410 mais utilizados na indústria são: a) Sistema TN-S: É comumente conhecido como sistema a cinco condutores. Neste caso, o condutor de proteção conectado à malha de terra na origem do sistema interliga todas as massas da instalação que são compostas, principalmente, pela carcaça dos equipamentos (massa). O condutor de proteção é responsável pela condução das correntes de defeito entre fase e massa. As massas solidárias ao condutor de proteção (PE) podem sofrer sobretensões, devido à elevação de potencial no ponto de ligação com o neutro de sistema. A utilização de condutores separados N e PE é obrigatória para circuitos com seção inferior a 10 mm² para cobre e 16 mm² para alumínio e em equipamentos móveis. b) Sistema TN-C: O condutor neutro é utilizado também como condutor de proteção e designado como PEN (condutor de proteção + neutro). Nesse caso, diferentemente do esquema TN-S, as massas das cargas elétricas ficam submetidas a potenciais diferentes causadas pelas tensões geradas devido ao desequilíbrio das cargas e das harmônicas geradas pelas cargas não lineares. Esse tipo de esquema não é permitido para condutores de seção inferior a 10 mm² e para equipamentos móveis. c) Sistema TT: Nesse sistema, um ponto (geralmente o centro da estrela em um sistema de baixa tensão ligado em estrela) da fonte é conectado diretamente à terra. Todas as partes metálicas expostas e todas as partes metálicas estranhas à instalação são ligadas a um eletrodo de terra separado na instalação. Nesse caso, o percurso de uma corrente fase massa inclui o terra, o que limita em muito o valor da corrente devido ao elevado valor da resistência de terra. Essa corrente é insuficiente para acionar dispositivos de proteção (disjuntores ou fusíveis), mas suficiente para colocar uma pessoa em perigo. Portanto, ela deve ser detectada e eliminada por dispositivos mais sensíveis, geralmente chamados de interruptores diferenciais residuais (DRs). Todas as massas de uma instalação devem ser ligadas ao condutor de proteção. No entanto, a norma dispensa o uso do condutor de proteção nos circuitos de iluminação e tomadas em unidades residenciais. Existem outros tipos de aterramentos, menos utilizados, como esquema TN-C-S e esquema IT. Esquema TN-C-S: A fonte de alimentação é aterrada, o equipamento tem o seu aterramento que usa um fio separado que, após certa distância, é conectado ao fio neutro Esquema IT. É um esquema TT com neutro da fonte aterrado por impedância. Normalmente utiliza-se uma impedância na ordem de 1000 a 2000 Ohms entre o neutro do enrolamento de baixa tensão do transformador e a terra. Com isso, limita- se a corrente de falta a um valor desejado, de forma a não permitir que uma primeira falha desligue o sistema. As principais vantagens são: Continuidade (mantém o circuito em funcionamento quando submetido ao primeiro defeito); Limitar a corrente de curto-circuito de acordo a capacidade de suportabilidade dos componentes da instalação; Reduzir as harmônicas de maneira acentuada na operação do sistema elétrico utilizado; Segurança pessoal (protege o operador contra choques elétricos). Projeto do sistema de aterramento No projeto de um sistema de aterramento é preciso levar em consideração diversos fatores para que se obtenha um bom resultado final. Resultado no qual seja possível conectar as massas dos equipamentos junto às estruturas de apoio e proteção ao sistema de aterramento que se pretende dimensionar e realmente prover um caminho seguro para a corrente de falta. Para projetar adequadamente o sistema de aterramento devem-se seguir as seguintes etapas: a. Definir o local de aterramento; b. Providenciar várias medições no local (por exemplo, umidade e resistividade do solo); c. Fazer a estratificação do solo nas suas respectivas camadas; d. Definir o tipo de sistema de aterramento desejado; e. Calcular a resistividade aparente do solo para o respectivo sistema de aterramento; f. Dimensionar o sistema de aterramento, levando em conta a sensibilidade e os limites de segurança pessoal. O dimensionamento correto do sistema de aterramento resulta em algumas consequências, tais como: Fornecimento do ponto de referência (neutro) de transformadores trifásicos e de redes de distribuição; Auxílio na proteção contra interferência eletromagnética; Viabilidade de um caminho alternativo e seguro das descargas atmosféricas para a terra. Resistencia de um sistema de aterramento Há vários métodos para medir a resistência de um aterramento, temos que analisaros fatores envolvidos e o sistema de medição que existem para usar no projeto determinado. Num sistema de aterramento, considera-se como resistência de terra o efeito de três resistências: a resistência ás conexões, entre os eletrodos de terra e a superfície do terreno, a resistência relativa ao terreno nas imediações dos eletrodos de terra, dispersão. Para o projeto de um sistema de aterramento, é de primordial importância o conhecimento prévio das características e a constituição química do solo. Em algumas situações é necessário o tratamento químico do solo, para diminuir a resistividade do solo, há produtos que podem ser colocados como a Bentonita e Gel e devem ter as seguintes características: Não ser toxico, Deve reter umidade Bom condutor de eletricidade Ter pH alcalino Não deve ser solúvel em agua A resistividade do solo é função de vários fatores que podem variar, dependendo das condições a que este está submetido no instante da medição: Composição química Umidade Temperatura A resistência deve satisfazer as condições previstas em normas comprovando a idoneidade do solo para a segurança dos equipamentos. A resistência da malha de terra que é um dos fatores predominantes na segurança de um sistema elétrico industrial é feita através do termômetro utilizando-se os eletrodos. Segue algumas maneiras práticas de medir a resistência do solo, cada método dependerá da aplicação e do tipo de processo que facilita o cálculo. O método de Wenner é uma forma de medição de resistividade de solo, no qual consiste em colocar quatro eletrodos de teste em linha separados em uma distância e enterrados no solo com uma profundidade de 20 cm. Para uma medição coerente deve-se seguir alguns princípios como: Eletrodos devem estar alinhados com o mesmo espaçamento, cravados a 20 cm no solo; os espaçamentos são tabelas para cada tipo de solo; fatores como umidade, temperatura devem ser anotados. Método de Wenner Formas de medição da resistência de aterramento A modelagem de estratificação do solo em duas camadas é feita após a terraplanagem e depois de decorrido algum tempo para a estabilização físico-químico do solo. Seus resultados são de precisão razoável e é aplicável somente quando o solo puder ser estratificado em duas camadas. O resultado é visto em gráficos de resistividade por profundidade da malha. O valor de K é obtido através de tabelas que possuem uma relação entre as resistividades das duas camadas de solo. Curvas de resistividade do solo Medidor de resistividade do solo É um equipamento destinado a medição da resistividade do solo. Pode ser do tipo eletromecânico ou eletrônico. Para medir a resistência de uma malha de terra, basta montar os eletrodos e acionar o gerador do aparelho. Seu funcionamento é bem simples, com um termômetro registrando a queda de tensão entre os eletrodos. Medidor de resistividade do solo Quando é necessário medir a resistência de aterramento de um sistema contendo apenas eletrodos verticais independente de sua disposição, usa-se o método de eletrodos verticais. Através da fórmula podemos calcular a resistividade do solo: Tipos de aterramentos Materiais usados para aterramento elétrico: Caixa de inspeção; Caixa de inspeção suspensa; Conector cabo-haste; Conector para haste terra; Conector split bolt com furo; Conector split bolt com rabicho; Conector split bolt; Conectores de medição Haste terra prolongável e simples; Luva de emenda para haste; Solda exotérmica; Tampa caixa inspeção; Terminal compressão 1 furo; Terminal de pressão. Conector cabo-haste. Haste de aterramento Matérias em geral Elementos de uma malha de terra a) Eletrodos de terra: Aço cobreado e aço cobreado b) Condutor de aterramento; c) Conexões: aparafusados e exotérmica (cadinho); d) Condutor de proteção; Detalhes do sistema de aterramento O aterramento deverá ser executado com hastes de 5/8” x 2,4 m com núcleo de aço carbono SAE 1010/1020 com revestimento de cobre eletrolítico com espessura mínima de 0,254mm. A malha de aterramento poderá ser executada em forma triangular ou em linha, mantendo uma distância entre elas de aproximadamente o comprimento da haste. Conclusão Nota-se a importância de saber e aplicar as técnicas de aterramento, de como projetar o sistema, conhecendo as finalidades desse sistema, os tipos de sistemas e os equipamentos necessários que dão suporte para um bom aterramento. Portanto, para fazer um bom aterramento, é fundamental seguir as normas da NBR 5410. Referências MAMEDE FILHO, João. Instalações elétricas industriais. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. KINDERMANN, G., CAMPAGNOLO, J.M., 2011, Aterramento Elétrico. 6 ed. Florianópolis – EEL/UFSC. Manual de Instalações Elétricas Residenciais (CEMIG-2003). Disponível em: . Acesso em: 24 fev. 2013. NBR 5410/1997 – Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. CREDER, H., 2007, Instalações Elétricos. 15 ed. Rio de Janeiro – LTC
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