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FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS PIAUIENSE - FACAPI 
 Curso: Direito 
 Disciplina: Direito Penal IV 
 Professora: Esp. Josianne Maria da S. A. Pontes 
 
 
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 
 
1. DEFINIÇÃO DE PAZ PÚBLICA 
 Paz pública, significa a necessária sensação de tranquilidade, de segurança, de paz, 
de confiança que a nossa sociedade deve ter em relação à continuidade normal da 
ordem jurídico-social. (GRECO, 2022); 
 Sentimento coletivo de paz assegurado pela ordem jurídica. (MASSON,2022) 
 
Incitação ao crime 
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre 
as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a 
sociedade. (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) 
 
1. Objeto jurídico = paz pública 
2. Ação Nuclear = incitar, no sentido de estimular, incentivar publicamente a prática de 
crime. 
3. Sujeito ativo = Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo do delito de incitação ao 
crime. 
4.Sujeito passivo = é a sociedade, coletividade (crime vago) 
5.Consumação = crime formal, consuma-se quando o agente, incitando publicamente a 
prática de crime, coloca, efetivamente, em risco a paz pública, criando uma sensação de 
instabilidade social, de medo, de insegurança no corpo social, pouco importando se o 
crime incitado venha ou não a ser praticado por alguma pessoa. 
6.Tentativa = Dependendo do meio utilizado pelo agente para incitar publicamente a 
prática de crime, será possível ou não o reconhecimento da tentativa. 
 Ex. agente é preso em flagrante no momento que afixava cartazes (tentativa é 
possível); 
 Se for oralmente, impossível o conatus 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14197.htm#art3
7.Elemento subjetivo = O dolo, não havendo previsão para a modalidade de natureza 
culposa. 
8. Ação penal = APPI 
9. Figura Equiparada 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre 
as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a 
sociedade. (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) 
 A incitação deve ser pública e direcionada a um número indeterminado de 
pessoas, visando animosidade (rancor ou aversão) em alguma das seguintes 
situações: 
 Entre as Forças Armadas (142, CF – Exército, Marinha e Aeronáutica). Não 
abrange a PM, PC e PF) 
 Entre as Forças Armadas e Poderes Constitucionais (art. 2º, CF – Legislativo, 
Judiciário e Executivo); Ex. agente incita animosidade do Exército contra 
ministro do STF. 
 Entre as Forças Armadas e Instituições Civis (instituições não militares, de 
natureza pública, como MP, Defensoria Pública ou criadas pelo poder público, 
como universidades públicas. 
 Entre as Forças Armadas e a Sociedade (povo) 
10. Distinções 
10.1 Incitamento e Código Penal Militar 
 O delito de incitamento veio previsto no Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 
1.001/69), conforme se verifica pela leitura do seu art. 155, Incitamento 
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime 
militar: 
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. 
 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou 
distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, 
manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em 
que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. 
 
10.2 Incitação ao genocídio 
 Se a finalidade do agente for a destruição, no todo ou em parte, de grupo nacional, 
étnico, racial ou religioso, o fato se amoldará ao art. 3º da Lei nº 2.889, de 1º de 
outubro de 1956, que define e pune o crime de genocídio, verbis: 
Art. 3º Incitar, direta e publicamente, alguém a cometer qualquer dos crimes 
de que trata o art. 1º: Pena – metade das penas ali cominadas. 
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma do crime incitado, se este 
se consumar. 
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for 
cometida pela imprensa. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14197.htm#art3
10.3 Incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência nacional 
 Se a incitação disser respeito à discriminação ou preconceito de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional, será aplicado o art. 20 da Lei nº 7.716, 
de 5 de janeiro de 1989, que diz: 
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de 
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. ( 
Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. 
11. Confronto entre incitação ao crime e imunidade parlamentar 
 Em 2014, um Deputado Federal afirmou na Câmara e em entrevista a jornal que 
sua colega de parlamento, Maria do Rosário, “não merecia ser estuprada” porque 
era “feia e não fazia o seu tipo”. O STF decidiu que as palavras não estavam 
protegidas pela Imunidade Parlamentar. Vejamos: 
PRIMEIRA TURMA STF 
Incitação ao crime de estupro, injúria e imunidade parlamentar - 
1 
A Primeira Turma, em julgamento conjunto e por maioria, recebeu 
denúncia pela suposta prática de incitação ao crime (CP, art. 286) 
e queixa-crime apenas quanto à alegada prática de injúria (CP, art 
140), ambos os delitos imputados a deputado federal. Os crimes 
dizem respeito a declarações proferidas na Câmara dos Deputados 
e, no dia seguinte, divulgadas em entrevista concedida à 
imprensa. No caso, o parlamentar afirmara que deputada federal 
“não merece ser estuprada, por ser muito ruim, muito feia, não 
fazer seu gênero” e acrescentara que, se fosse estuprador, “não 
iria estuprá-la porque ela não merece”. A Turma assinalou que a 
garantia constitucional da imunidade material protege o parlamentar, 
qualquer que seja o âmbito espacial em que exerça a liberdade de 
opinião, sempre que suas manifestações guardem conexão com o 
desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão 
dela. Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser 
relacionadas ao exercício do mandato, devem revelar teor 
minimamente político, referido a fatos que estejam sob debate público, 
sob investigação em CPI ou em órgãos de persecução penal ou, ainda, 
sobre qualquer tema que seja de interesse de setores da sociedade, do 
eleitorado, de organizações ou quaisquer grupos representados no 
parlamento ou com pretensão à representação democrática. 
Consequentemente, não há como relacionar ao desempenho da função 
legislativa, ou de atos praticados em razão do exercício de mandato 
parlamentar, as palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação 
com o debate democrático de fatos ou ideias e, portanto, sem vínculo 
com o exercício das funções cometidas a um parlamentar. Na 
hipótese, trata-se de declarações que não guardam relação com o 
exercício do mandato. Não obstante a jurisprudência do STF tenha 
entendimento no sentido da impossibilidade de responsabilização do 
parlamentar quando as palavras tenham sido proferidas no recinto da 
Câmara dos Deputados, as declarações foram proferidas em entrevista 
a veículo de imprensa, não incidindo, assim, a imunidade. O fato de o 
parlamentar estar em seu gabinete no momento em que a concedera é 
meramente acidental, já que não foi ali que se tornaram públicas as 
ofensas, mas sim por meio da imprensa e da internet. Portanto, 
cuidando-se de declarações firmadas em entrevista concedida a 
veículo de grande circulação, cujo conteúdo não se relaciona com a 
garantia do exercício da função parlamentar, não incide o art. 53 da 
CF. Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Inq-3932) Pet 
5243/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Pet-5243) 
Incitação ao crime de estupro, injúria e imunidade parlamentar - 
2 
O Colegiadoexplicou que a defesa sustentava atipicidade da conduta 
de incitação ao crime, pois as afirmações seriam genéricas. A respeito, 
registrou que o tipo penal em análise dá ênfase ao aspecto subjetivo 
da ordem pública, ao sentimento de paz e à tranquilidade social. O 
bem jurídico tutelado é diverso daquele que é ofendido pelo crime 
objeto da instigação. Não se trata da proteção direta de bens jurídicos 
primários, mas de formas de proteção mediata daqueles, pois se 
enfrenta uma das condições favoráveis à prática de graves danos para 
a ordem e a perturbação sociais. Assim, a incitação ao crime não 
envolve ataque concreto ao bem jurídico tutelado, mas sim 
destina-se a salvaguardar o valor desse bem jurídico do crime 
objeto de incitação. No caso, a integridade física e psíquica da 
mulher encontra ampla guarida na ordem jurídica, por meio de 
normas exsurgidas de um pano de fundo aterrador, de cotidianas 
mortes, lesões e imposição de sofrimento ao gênero feminino no 
País. Assim, em tese, a manifestação do acusado tem o potencial 
de incitar outros homens a expor as mulheres à fragilidade e à 
violência física, sexual, psicológica e moral, porquanto proferida 
por parlamentar, que não pode desconhecer os tipos penais. 
Especialmente, o crime de estupro tem consequências graves, e 
sua ameaça perene mantém todas as mulheres em situação de 
subordinação. Portanto, discursos que relativizam essa gravidade 
e a abjeção do delito contribuem para agravar a vitimização 
secundária produzida pelo estupro. A Turma enfatizou, ainda, que 
a utilização do vocábulo “merece” tivera por fim conferir ao delito 
o atributo de prêmio, favor, benesse à mulher. Além disso, confere 
às vítimas o merecimento dos sofrimentos a elas infligidos. Essa 
fala reflete os valores de uma sociedade desigual, que ainda tolera 
e até incentiva a prática de atitudes machistas e defende a 
naturalidade de uma posição superior do homem, nas mais 
diversas atividades. Não se podem subestimar os efeitos de discursos 
que reproduzem o rebaixamento da dignidade sexual da mulher, que 
podem gerar perigosas consequências sobre a forma como muitos irão 
considerar o crime de estupro, podendo, efetivamente, encorajar sua 
prática. O desprezo demonstrado pela dignidade sexual reforça e 
incentiva a perpetuação dos traços de uma cultura que ainda subjuga 
a mulher, com o potencial de instigar variados grupos a lançarem 
sobre a própria vítima a culpa por ser alvo de criminosos sexuais. 
Portanto, não é necessário que se apregoe, verbal e literalmente, a 
prática de determinado crime. O tipo do art. 286 do CP abrange 
qualquer conduta apta a provocar ou a reforçar a intenção da 
prática criminosa de terceiros. Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 
21.6.2016. (Inq-3932). Pet 5243/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. 
(Pet-5243) 
 
Incitação ao crime de estupro, injúria e imunidade parlamentar - 
3 
A Turma sublinhou outra alegação da defesa, segundo a qual, se as 
palavras do parlamentar fossem consideradas incitação ao estupro, 
então as mulheres que aderiram ao movimento iniciado na internet 
(“eu não mereço ser estuprada”) também o teriam praticado. Ressaltou 
que se tratara de campanha de crítica e repúdio às declarações do 
parlamentar. O sentido conferido, na referida campanha, ao verbo 
“merecer” revela-se oposto ao empregado pelo acusado nas 
manifestações que externara publicamente. Essas mensagens 
buscaram restabelecer o sentimento social de que o estupro é uma 
crueldade intolerável. Ademais, o tipo penal da incitação ao crime 
é formal, de perigo abstrato, e independe da produção de 
resultado. Além disso, não exige o fim especial de agir, mas apenas 
o dolo genérico, consistente na consciência de que o 
comportamento do agente instigará outros a praticar crimes. No 
caso, a frase do parlamentar tem potencial para estimular a 
perspectiva da superioridade masculina e a intimidação da mulher 
pela ameaça de uso da violência. Assim, a afirmação pública do 
imputado tem, em tese, o potencial de reforçar eventual propósito 
existente em parte daqueles que depreenderam as declarações, no 
sentido da prática de violência contra a mulher, inclusive novos 
crimes contra a honra da vítima e de mulheres em geral. Por fim, 
o Colegiado, no que diz respeito às imputações constantes da queixa-
crime (calúnia e injúria), reputou que as mesmas declarações 
emanadas na denúncia atingiram, em tese, a honra subjetiva da 
querelante, pois revelam potencial de rebaixar sua dignidade moral, 
expondo sua imagem à humilhação pública, além de associar as 
características da mulher à possibilidade de ser vítima de estupro. Não 
cabe, nessa fase processual, concluir no sentido da configuração de 
retorsão imediata ou reação a injusta provocação. A queixa-crime 
atribui, ainda, a prática do delito de calúnia, pelo fato de o querelado 
ter falsamente afirmado que a querelante o chamara de estuprador. No 
ponto, entretanto, a inicial não narra de que maneira a afirmação do 
parlamentar tivera por fim específico ofender a honra da querelante, 
razão pela qual a queixa não pode ser recebida quanto a esse delito. 
Vencido o Ministro Marco Aurélio, que não recebia a denúncia ou a 
queixa-crime. Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Inq-3932) 
Pet 5243/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Pet-5243) 
 
 
 
 
 
Apologia de crime ou criminoso 
 
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso (não abrange 
contravenções penais) ou de autor de crime (abrange coautoria e participação e é 
irrelevante que o autor tenha sido condenado ou responda ação penal) 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
 
 Na apologia o agente estimula indiretamente o cometimento de crimes, e na 
incitação o estímulo é direto. 
 Exemplo, quem, em entrevista, elogia um empresário por ter, 
comprovadamente, sonegado milhões em tributos, ou um assassino porque 
matou determinada pessoa. 
1. Objeto jurídico = paz pública 
2. Ação Nuclear = O núcleo fazer apologia, no sentido de elogiar, louvar, enaltecer, exaltar 
fato criminoso ou autor de crime. 
3.Sujeito ativo = Qualquer pessoa 
4.Sujeito passivo é a sociedade 
5. Consumação = crime formal, se consuma no instante em que o agente faz, 
publicamente, apologia de crime ou criminoso, colocando em risco a paz pública, criando 
uma sensação de instabilidade social, de medo, de insegurança no corpo social. 
6. Tentativa = Dependendo do meio utilizado pelo agente para fazer a apologia de crime 
ou criminoso, será possível ou não o reconhecimento da tentativa. 
7. Elemento subjetivo = O dolo. Não havendo previsão para a modalidade culposa. 
8. Ação penal é de iniciativa pública incondicionada 
9. Diferença entre Apologia e Incitação 
Incitação (286,CP) Apologia (287,CP) 
Estímulo é direto à pratica de crimes 
Ex. Paulo sobe em carro de som e incita as 
pessoas a agredir moradores de rua até a 
morte 
Estímulo é indireto 
Ex. Pedro elogia publicamente a execução 
de assaltantes por grupos de extermínio. 
EX. João diz em TV que determinado PM, 
responsável pela morte de menores 
abandonados fez uma faxina em prol da 
coletividade e que seus colegas de farda 
deveriam imitá-lo. 
 
 
 
 
Associação Criminosa 
 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer 
crimes (não abrange contravenções penais e todos os crimes devem ser dolosos) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada (abrange 
arma própria e imprópria) ou se houver a participação de criança ou adolescente. 
 
 Antigo crime de quadrilha ou bando e com a Lei 12.850/2013 – Lei do Crime 
Organizado, alterou-se o nomen iuris para associação criminosa. 
 Associação: deve ser estável, permanente, independendo da hierarquia entre os 
membros e repartição de funções. Exige-se pelo menos 3 pessoas e dentre eles, ao 
menos 1 imputável e a extinçãoda punibilidade de um dos agentes não 
descaracteriza o crime. 
1. Objeto jurídico = Os objetos material e jurídico são a paz pública 
2. Ação Nuclear = associarem-se, aliarem-se, reunirem-se 3 ou mais pessoas para o fim 
específico de cometer crime de natureza homogênea ou heterogênea. 
 
ASSOCIAÇÃO CONCURSO DE PESSOAS 
União estável e permanente de 3 ou mais 
pessoas; 
Intenção de praticar número 
indeterminado de crimes; 
Consuma-se com a simples associação, 
ainda que nenhum delito seja efetivamente 
praticado. 
União eventual ou momentânea de pessoas 
Intenção de cometer um ou alguns crimes 
determinados. 
Consuma-se com a prática de atos de 
execução da empreitada criminosa. 
3.Sujeito ativo = Qualquer pessoa (crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, de 
condutas paralelas) 
4.Sujeito passivo é a sociedade 
5. Consumação = crime formal, se consuma no instante em que se concretiza a 
convergência de vontades, no instante em que se associam 3 ou mais pessoas com a 
intenção de cometer crimes. E para quem ingressa posteriormente, consuma-se no 
momento da adesão à associação já existente. 
6. Tentativa = não admite. 
7. Elemento subjetivo = O dolo para o fim de cometer crimes. Não havendo previsão para 
a modalidade culposa. 
8. Ação penal é de iniciativa pública incondicionada 
9. MP pode oferecer denúncia pela associação criminosa quando apenas um de seus 
integrantes foi identificado? Sim, porém deva existir provas, como interceptação 
telefônica, seguras da união permanente e estável dessa pessoa com pelo menos outros 2 
indivíduos para o fim específico. 
10. Causas de aumento de Pena 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até (significa dizer que pode ser inferior como 
1/3, 1/4) metade se a associação é armada (abrange arma própria e imprópria) ou se 
houver a participação de criança ou adolescente. 
 arma própria = instrumento criado para ataque ou defesa (revolver, pistola, 
espingarda, punhal) 
 arma imprópria = instrumento criado com finalidade diversa mas que pode ser 
usado para ataque ou defesa, como barra de ferro, chave de fenda, taco de beisebol 
 
11. Lei n. 8.072/90 (Lei do Crimes Hediondos) e figura qualificada 
Art. 8º - Lei 8072/90 -Será de três a seis anos de reclusão a pena 
prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes 
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins ou terrorismo (exceto tráfico de drogas) 
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à 
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu 
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. (Delação 
premiada) 
12. Associação para o tráfico 
Art. 35. LEI 11.343/2006 Lei de Drogas- Associarem-se duas ou 
mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer 
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
13. Associação Criminosa e Organização Criminosa (Lei nº 12.850/2013) 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou 
mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão 
de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) 
anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou 
por interposta pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das 
penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 Cuida-se de delito mais grave do que o de associação criminosa (art. 288), porque 
apenado com reclusão, de três a oito anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
14. Colaboração premiada na Lei nº 12.850/2013 
 O agente que promove, constitui, financia ou integra, pessoalmente ou por 
interposta pessoa, organização criminosa, poderá ser beneficiado com o instituto da 
colaboração premiada, nos termos constantes da seção I do capítulo I da Lei nº 
12.850, de 2 de agosto de 2013.Diz o art. 4º, caput, incisos I a V, do referido diploma 
legal: 
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão 
judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade 
ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo 
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos 
seguintes resultados: 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização 
criminosa e das infrações penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da 
organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da 
organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das 
infrações penais praticadas pela organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física 
preservada. 
 
 
 
Constituição de milícia privada 
 
 
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização 
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar 
qualquer dos crimes previstos neste Código: 
 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. 
 
 
 Conforme Cezar Roberto Bitencourt Bittencourt (2022) e Rogério 
Sanches: 
a) Organização paramilitar é uma associação civil armada constituída, basicamente, por 
civis, embora possa contar também com militares, mas em atividade civil, com estrutura 
similar à militar. Trata-se de uma espécie de organização civil, com finalidade civil ilegal 
e violenta, à margem da ordem jurídica, com características similares à força militar, mas 
que age na clandestinidade. Para Rogério Sanches, “Paramilitares são associações civis, 
armadas e com estrutura semelhante à militar. Possui as características de uma força 
militar, tem a estrutura e organização de uma tropa ou exército, sem sê-lo”. 
b) Milícia particular = grupo de pessoas (que podem ser civis e/ou militares), que, 
alegadamente, pretenderia garantir a segurança de famílias, residências e 
estabelecimentos comerciais ou industriais. Haveria, aparentemente, a intenção de 
praticar o bem comum, isto é, trabalhar em prol do bem-estar da comunidade, 
assegurando-lhe sossego, paz e tranquilidade, que foram perdidos em razão da violência 
urbana. No entanto, essa atividade não decorre da adesão espontânea da comunidade, 
mas é imposta mediante coação, violência e grave ameaça, podendo resultar, inclusive, 
em eliminação de eventuais renitentes. Na realidade, há uma verdadeira ocupação de 
território, uma espécie de Estado paralelo, com a finalidade de explorar as pessoas 
carentes. Em sentido semelhante, destaca Rogério Sanches: “por milícia armada entende-
se grupo de pessoas (...) armado, tendo como finalidade (anunciada) devolver a segurança 
retirada das comunidades mais carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, 
os agentes ocupam determinado espaço territorial. A proteção oferecida nesse espaço 
ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça”. 
c) grupo ou esquadrão, está se referindo aos famosos grupos de extermínio que ganharam 
espaço, basicamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo, tanto que o texto utiliza a locução 
“grupo ou esquadrão”. 
 “Esquadrão” ficou conhecido no final do regime militar como “esquadrão da morte”. 
Grupo de extermínio é a denominação atribuída no Brasil a grupos de matadores 
que atuam nas classes mais desprivilegiadas de algumas das grandes cidades desse 
País, normalmente nos subúrbios ou nas periferias. Em sentido semelhante é o 
entendimento de RogérioSanches, verbis: “Por grupo de extermínio entende-se a 
reunião de pessoas, matadores, ‘justiceiros’ (civis ou não) que atuam na ausência 
ou leniência do poder público, tendo como finalidade a matança generalizada, 
chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas”. 
 
1. Objeto jurídico = paz pública 
 
2. Objeto material = a organização paramilitar, milícia particular, grupo e esquadrão. 
 3. Ação Nuclear = 
 Os núcleos constituir, organizar, integrar, manter ou custear pressupõem um 
comportamento comissivo por parte do agente. 
a) constituir: significa criar, fundar; 
b) organizar: estruturar, estabelecer bases para o funcionamento, colocar em ordem 
para as atividades; 
c) integrar: unir-se às atividades do grupo, fazer parte da milícia; 
d) manter: após a constituição da milícia, colaborar para que prossiga em suas 
atividades; 
e) custear: colaborar financeiramente para a existência da organização. É evidente 
que os moradores e comerciantes da região extorquidos pelos milicianos não respondem 
pelo crime, na medida em que são vítimas da infração penal. 
4. Sujeito ativo = Qualquer pessoa (crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, de 
condutas paralelas). Muitas vezes, a milícia é composta por militares da ativa ou da 
reserva, mas isso não é requisito do delito. 
5.Sujeito passivo é a sociedade 
6. Consumação = Tratando-se de um crime formal, de consumação antecipada, o delito 
de constituição de milícia privada restará consumado a partir do instante em que os 
agentes levarem a efeito qualquer dos comportamentos previstos pelo tipo penal, 
independentemente de praticarem os crimes para os quais convergiam suas condutas. 
7. Tentativa = Tal como no crime de associação criminosa, o conatus não é possível 
8. Elemento subjetivo = O dolo, com o fim específico de praticar qualquer crime do CP. 
Não havendo previsão para a modalidade culposa. 
9. Ação penal é de iniciativa pública incondicionada. 
10. Qual a diferença entre os delitos de associação criminosa, tipificado no art. 288 
do Código Penal, e a constituição de milícia privada, prevista no art. 288-A do mesmo 
diploma repressivo? 
 O aspecto que diferencia o delito de milícia privada do crime comum de associação 
criminosa é sua forma de atuação. 
 Nas milícias, um grupo de pessoas previamente organizado toma, mediante 
violência e ameaça, determinado território (bairro, favela, morro) e passa a atuar 
de forma ostensiva (armados), fazendo as vezes da polícia preventiva — ao largo da 
atuação oficial, ignorando, portanto, o monopólio estatal da segurança pública. 
Seus integrantes passam a fazer patrulhas armadas pela região ocupada sob o 
pretexto de evitar outras práticas ilícitas (tráfico de drogas, roubos, furtos etc.). Para 
isso, cobram dos moradores e dos comerciantes valores semanais ou mensais — os 
que se recusam a pagar sofrem represálias: assaltos, depredações, disparos de arma 
de fogo em seus imóveis e, algumas vezes, até tortura e morte. Além disso, os 
integrantes da milícia costumam monopolizar a prestação de certos serviços ou a 
comercialização de determinados produtos na região dominada. Os moradores, por 
exemplo, são obrigados a comprar gás de cozinha ou combustível dos milicianos ou 
a adquirir planos clandestinos de TV a cabo com eles. Caso se recusem e procurem 
outros fornecedores, sofrem represálias. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte especial: crimes contra 
a Administração Pública, crimes praticados por prefeitos e crimes contra o Estado 
Democrático de Direito (arts. 312 a 359-T) – 16. ed. – São Paulo : Saraiva Jur, 2022. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Especial – arts. 213 a 359- T – v. 3 
– 20. ed. – São Paulo : Saraiva Jur, 2022. 
 
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: volume 3: parte especial: artigos 213 a 361 
do código penal – 19. ed. – Barueri [SP]: Atlas, 2022. 
 
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial (arts. 213 a 359-T) – 12 edição, Rio de 
Janeiro, Método, 2022.

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