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* MALÁRIA 2014-2 * MALÁRIA Conceito: doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitos do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. * Malária O termo malária é de origem italiana, os médicos afirmavam que a malária era adquirida ao se respirar o ar pestilento dos pântanos (mal ária ou mau ar). * MALÁRIA A malária é uma doença sistêmica, onde vários órgãos podem ser atingidos isolados ou conjuntamente, ocorrendo desde casos benignos e crônicos até formas agudas ou fatais. * Outra denominações: Carneirada Paludismo (nome antigo) Batedeira Febre palustre Febre intermitente Febre terçã benigna ou febre terçã maligna ou febre quartã Impaludismo Maleita Maligna Malina Perniciosa Sezão ou sezões Sezonismo Tremedeira * Taxonomia: Reino:Protista Filo:Apicomplexa Classe:Aconoidasida Ordem:Haemosporida / eucoccidida (?) Família: Plasmodiidae Gênero:Plasmodium Espécies: P.falciparum P. vivax P. malariae * P. ovale * P. knowlesi * Importância Afeta mais de 207 milhões de pessoas todos os anos A malária mata 627 mil pessoas por ano. (560 mil crianças) É a principal parasitose tropical No Brasil: 300 mil casos/ano 69 óbitos * ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS Magnitude e Distribuição Geográfica: A malária está presente nas regiões tropicais e subtropicais África Sub-Sahariana: 90% dos casos no mundo. A malária é endêmica 53 países na África (incluindo 8 países ao sul), em 21 países nas Américas, 4 países na Europa e 14 na região leste do Mediterrâneo, e no sudeste Asiático. * ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS Estes óbitos ocorrem na África, em áreas remotas com difícil acesso aos serviços de saúde. Dos 25 a 30 milhões de pessoas que viajam para áreas endêmicas, entre 10 a 30 mil contraem malária. (40% da população mundial) convivem com os risco de contágio. * Malária no mundo * Malária no Brasil P. vivax é a espécie prevalente no Brasil (aproximadamente 80% dos casos) A grande maioria dos casos ocorre na região Amazônica (99%) Estados com maior número de casos de malária: Pará e Amazonas. * Malária no Brasil * Transmissão Natural Induzida * Transmissão Transmissão Natural A malária é transmitida pela picada das fêmeas de mosquito do gênero Anopheles (na sua glândula salivar)na forma esporozoítas (infectante) A transmissão geralmente ocorre em regiões rurais e semi-rurais mas pode ocorrer em áreas urbanas, principalmente em suas periferias Em cidades situadas em locais cuja altitude seja superior a 1500 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno Os mosquitos têm maior atividade durante o período da noite, do crepúsculo ao amanhecer * * * O mosquito contaminam-se ao picar os portadores da doença, tornando-se o principal vetor de transmissão desta para outras pessoas O mosquito da malária só sobrevive em áreas que apresentem médias das temperaturas mínimas superiores a 15ºC, e só atinge número suficiente de indivíduos para a transmissão da doença em regiões onde as temperaturas médias sejam cerca de 20-30ºC, e umidade alta. * O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre * Período de transmissibilidade: Cerca de 8 a 16 dias depois de se alimentar com o sangue de uma pessoa com malária portando gametócitos do plasmódio, a fêmea do mosquito anopheles poderá passar a transmitir a doença para outras pessoas através de sua picada a cada novo repasto sangüíneo, o que ocorre a cada dois ou três dias. Também, há a possibilidade de continuar transmitindo a doença por toda sua vida, que é de cerca de 30 dias. * Transmissão induzida - é como se denomina qualquer outro modo de transmissão que não a natural. São exemplos: transfusão de sangue; uso compartilhado de agulhas e/ou seringas contaminados; malária adquirida no momento do parto(congênita) e acidentes de trabalho em pessoal de laboratório ou hospital * Período de incubação: 15 Dias na maioria dos casos É o espaço de tempo que vai da picada do mosquito infectado até o aparecimento do primeiro sintoma. Períodos muito mais curtos ou muito mais longos constituem eventos pouco comuns. * Suscetibilidade e imunidade: A princípio, todo ser humano é suscetível à malária, mesmo aqueles que já a contraíram por diversas vezes, uma vez que a imunidade induzida pela presença do parasita nunca chega a conferir proteção total. Em situações em que o indivíduo já apresentou dezenas de episódios da doença, o que é bastante comum acontecer na África, p.ex., poderá ser observado um abrandamento dos sintomas. Há casos em que características individuais podem levar a uma resistência natural à doença. São exemplos: a ausência de antígeno Duffy nos glóbulos vermelhos, que os tornaria refratários à invasão pelo P.vivax ; hemoglobinopatias (HbS) em que a invasão pelo P.falciparum é bastante reduzida ; enzimopatias, como a deficiência em glicose-6-fosfato desidrogenase, em que os parasitas não apresentariam um bom desenvolvimento no interior das hemácias. # Nota-se que todas representam formas de proteção apenas parcial, mas suficientes para evitar quadros mais graves. * Anopheles:há cerca de 400 espécies, incluindo 40 que transmitem o plasmódio. A mais comum das transmissoras é o Anopheles gambiae e o Anopheles darlingi * * Só os mosquitos fêmeas picam o homem e alimentam-se de sangue Os machos vivem de sucos de plantas As larvas se desenvolvem em águas paradas, e a prevalência máxima ocorre durante as estações com chuva abundante * Ciclo * * ESPOROZOITO penetra no homem e vai ao fígado (Forma infectante para o homem) ↓ Transforma-se numa célula multinucleada chamada de ESQUIZONTE ↓ Esquizonte rompe e libera milhares de MEROZOITOS no sangue ↓ Merozoitos invadem as hemácias ↓ Merozoitos nas hemácias(eritrócitos) transformam-se em TROFOZOITOS ↓ Vira ESQUIZONTE de 8 a 32 núcleos ↓ MEROZOITOS ↓ Hemácias se rompem e liberam Merozoitos – (febre devido a hemozoinas) ↓ Merozoitos invadem novas hemácias e viram TROFOZOITOS ↓ *GAMETÓCITOS (MICROGAMETA E MACROGAMETA (gametócitos)) (Forma infectante para o mosquito) ↓ Infectam mosquitos ↓ OVO OU ZIGOTO ↓ OOCINETO ↓ OOCISTO ↓ ESPOROZOITO * Ciclo * Progressão e sintomas A malária causada por P.falciparum caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos: dores de cabeça, fadiga, febre e naúseas Estes sintomas podem durar vários dias (seis para P.falciparum, várias semanas para as outras espécies) Mais tarde, acessos periódicos de calafrios e febre intensos que coincidem com a destruição maciça de hemácias e com a descarga de substâncias imunogénicas tóxicas (HEMOZOINAS) na corrente sanguinea ao fim de cada ciclo reprodutivo do parasita. * Estas crises paroxísticas, mais frequentes ao cair da tarde, iniciam-se com subida da temperatura até 39-40ºC São seguidas de palidez da pele e tremores violentos durante cerca de 15 minutos a uma hora Depois cessam os tremores e seguem-se duas a seis horas de febre a 41ºC, terminando em vermelhidão da pele e suores abundantes. * O doente sente-se perfeitamente bem depois e até à crise seguinte, dois a três dias depois. Se a infecção for de P. falciparum, denominada malária maligna, pode haver sintomas adicionais mais graves como: choque circulatório, sincopes, convulsões, delírios e crises vaso-oclusivas. A morte pode ocorrer a cada crise de malária maligna. * Pode tambémocorrer a chamada malária cerebral: a oclusão de vasos sanguíneos no cérebro eritrócitos infectados causa déftis mentais e coma seguidos de morte (ou défice mental irreversível) Danos renais e hepáticos graves ocorrem pelas mesmas razões. As formas causadas pelas outras espécies ("benignas") são geralmente apenas debilitantes, ocorrendo raramente a morte *Anoxia decorrente da anemia (destruição das hemácias). * OS INTERVALOS ENTRE AS CRISES PAROXÍSTICAS SÃO DIFERENTES CONSOANTE A ESPÉCIE: * Atenção: Para as espécies de P. falciparum e P. vivax, o ciclo da invasão de hemácias por uma geração, multiplicação interna na célula, lise (rebentamento da hemácia) e invasão pela nova geração de mais hemácias dura 48 horas. Normalmente há acessos de febre violenta e tremores no dia 1, e passados 48 horas já no dia 3, etc, sendo classificada de malária ternária. A infecção pelo P. malariae tem ciclos de 72 horas, dando-se no dia 1, depois no dia 4, etc, constituindo a malária quaternária. A detecção precoce de malária quaternária é importante porque este tipo não pode ser devido a P. falciparum, sendo, portanto, menos perigoso. * SINTOMAS CRÔNICOS incluem a anemia, cansaço, debilitação com redução da capacidade de trabalho e da inteligência funcional, hemorragias e infartos de incidência muito aumentada, como infarto agudo do miorcádio e AVCs (especialmente com P. falciparum). Se não diagnosticada e tratada, a malária maligna causada pelo P. falciparum pode evoluir rapidamente, resultando em morte. A malária "benigna" das outras espécies resulta em debilitação crônica mas mais raramente em morte * * * * * * Prevenção A melhor medida é a erradicação do mosquito Anopheles Ultimamente, o uso de insecticidas potentes mas tóxicos, proibidos no ocidente, tem aumentado porque os riscos da malária são muito superiores aos do insecticida. O uso de redes contra mosquitos é eficaz na protecção durante o sono, quando ocorre a grande maioria das infecções. Os cremes repelentes também são eficazes, mas mais caros que as redes. A roupa deve cobrir a pele nua o mais completamente possível de dia. O mosquito não tem tanta tendência para picar o rosto ou as mãos, onde os vasos sanguíneos são menos acessíveis, quanto as pernas, os braços ou o pescoço os vasos sanguíneos são mais acessíveis . A drenagem de pântanos e outras águas paradas é uma medida de saúde pública eficaz. * * Diagnóstico Laboratorial Esfregaço delgado - Possui baixa sensibilidade (estima-se que, a gota espessa é cerca de 30 vezes mais eficiente que o esfregaço delgado na detecção da infecção malárica). Porém, o esfregaço delgado é o único método que permite, com facilidade e segurança, a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia e das alterações provocadas no eritrócitoinfectado. O diagnóstico de certeza da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, através dos métodos diagnósticos especificados a seguir: * Gota espessa - É o método adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e fácil realização. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito através de microscopia ótica, após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise da sua morfologia, e pelos estágios de desenvolvimento do parasito encontrados no sangue periférico. * * Gota espessa Esfregaço sanguíneo * Testes rápidos para detecção de componentes antigênicos de plasmódio – Testes imunocromatográficos representam novos metodos de diagnóstico rápido de malária. Realizados em fitas de nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra antígenos específicos do parasito. Apresentam sensibilidade superior a 95% quando comparado à gota espessa, e com parasitemia superior a 100 parasitos/µL. * ParaSight F (Becton & Dickinson) PfHRP2 (Proteína 2 rica em histidina) Fase sólida: anticorpo monoclonal anti-PfHRP2 ou PfHRP2 (controle +) Conjugado: anticorpo policlonal anti-PfHRP2 marcado com rodamina * ICT Malaria P.f. (ICT Diagnostics) Anticorpo marcado com ouro coloidal * Imunofluorescência * Glóbulos vermelhos atacados por P. vivax * * P. malarie * P.ovale * Tratamento A malária maligna, causada pelo P.falciparum é uma emergência médica. As outras malárias são doenças crónicas. O tratamento farmacológico da malária baseia-se na susceptibilidade do parasita aos radicais livres e substâncias oxidantes, morrendo em concentrações destes agentes inferiores às mortais para as células humanas. Os fármacos usados aumentam essas concentrações. * A quinina (ou o seu isómero quinidina), um medicamento antigamente extraído da casca da Cinchona, é ainda usada no seu tratamento. No entanto, a maioria dos parasitas já é resistente às suas ações. Foi suplantada por drogas sintéticas mais eficientes, como quinacrina, cloroquina, e primaquina. É frequente serem usados cocktails (misturas) de vários destes fármacos, pois há parasitas resistentes a qualquer um deles por si só. A resistência torna a cura difícil e cara. * Ultimamente a artemisina, extraída de uma planta chinesa, tem dado resultados encorajadores. Ela produz radicais livres em contacto com ferro, que existe especialmente na hemoglobima no interior das hemácias, onde se reproduz o parasita. É extremamente eficaz em destruí-lo, causando efeitos adversos mínimos. No entanto, as quantidades produzidas hoje são insuficientes. No futuro, a cultura da planta artemisina na África poderá reduzir substancialmente os custos. É o único fármaco antimalárico para o qual ainda não existem casos descritos de resistência. Algumas vacinas estão em desenvolvimento * Cinchona contendo Quinina, o primeiro antimalárico * * Mosquiteiros impregnados com inseticida piretróide (Foto: Reprodução/TVAM) * Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, também da Fiocruz, diz: “A malária é potencialmente grave quando não diagnosticada e tratada nas primeiras 48 horas após o início do quadro, usualmente com febre e cefaléia como único sinal e sintoma. O atraso no diagnóstico e no tratamento pode resultar em complicações no cérebro, pulmões, rins, células do sangue e até levar à morte".
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