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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 1 Olá! Hoje o tema é muito interessante e a parte final (poder de polícia) um dos preferidos das bancas. Nossa aula hoje será sobre: AULA 03: Poderes administrativos Mas antes vamos ver o gabarito das questões do desafio, que são: 01. B; 02. C; 03. C. O que achou? Tranquilo? Difícil? Não se preocupe, depois desta aula, você verá como fica bem mais simples, e as explicações estão nas questões comentadas. Vamos em frente. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 2 S U M Á R I O 1. Poderes Administrativos ........................................................................... 3 1.2 Abuso de Poder ....................................................................................... 4 1.3 Modalidades ............................................................................................ 5 1.3.1 Poder discricionário/vinculado ............................................................ 6 1.3.2 Poder regulamentar ............................................................................. 9 1.3.3 Poder hierárquico .............................................................................. 13 1.3.4 Poder disciplinar ................................................................................ 14 1.3.5 Poder de polícia ................................................................................. 16 2. QUESTÕES SELECIONADAS ..................................................................... 26 3. GABARITO .............................................................................................. 66 4. QUESTÕES COMENTADAS ....................................................................... 67 5. DESAFIO ............................................................................................... 164 PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 3 1. Poderes Administrativos Devemos compreender que o ordenamento jurídico confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de restrições, de deveres. Nesse sentido, o Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. Percebe-se, portanto, que esses poderes são outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. Então, é até por isso, pode-se enumerar duas características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. Em razão desse duplo aspecto, os poderes administrativos impõem ao administrador o exercício das prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos anseios coletivos. Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é em razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público não poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas funções. É que, enquanto o particular quando titular de uma prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o poder-dever de agir. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 4 Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, “tais poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderes”. 1.2 Abuso de Poder Quando se utiliza desses poderes de forma normal diz- se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal, ilegítimo, configura o abuso de poder. Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho Filho “a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei”. O abuso de poder pode se constatado sob duas vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de certo ato. Excesso de Poder Abuso de Poder Desvio de Poder (desvio de finalidade) O desvio de poder também é conhecido como desvio de finalidade, que corresponde à conduta do agente público que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na lei. Cito como exemplo, a remoção de um subordinado pelo superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui-lo, puni-lo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 5 Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se que ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo, além de ilícito penal tipificado na Lei nº 4.898/65 (abuso de autoridade), além de ser ato de improbidade administrativa, conforme art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe: Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o ato, ou seja, ficar inerte, omisso. Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou comissiva, que afronta os princípios da legalidade, finalidade, moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por exemplo). Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes públicos, tal com o dever de probidade, o dever de prestar contas, o dever de eficiência, dentre outros. 1.3 Modalidades De modo geral, a doutrina destaca a existência de diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá- los nas seguintes modalidades ou espécies: a) poder discricionário/vinculado; PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 6 b) poder regulamentar; c) poder hierárquico; d) poder disciplinar; e) poder de polícia. 1.3.1 Poder discricionário/vinculado Configura-se o poder discricionárioquando a lei não traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo- lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado ato em atendimento ao interesse público. Na discricionariedade há margem para valoração da conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento para realizar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do interesse coletivo. Poder discricionário, assim, é o poder concedido para mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato, considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor atenda ao interesse público. É importante destacar que a conveniência diz respeito às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por outro lado, refere-se ao momento em que o ato deve ser praticado. Assim, tome como exemplo, a necessidade de a Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc). A lei determina que seja licitado, mas o momento (oportunidade) e as condições (conveniência) para tanto será definida pelo administrador, com base no seu planejamento administrativo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 7 Vê-se que o poder discricionário encontra-se na margem de espaço permitida pela própria lei. No entanto, em que pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo que pode sofrer controle administrativo e judicial. É que no âmbito da discricionariedade permitida, deve-se observar a adequação da conduta ao alcance da finalidade (razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei. Também devem ser observados os motivos que inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor os fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim de que se possa verificar sua validade. Por isso, discute-se se é possível o controle judicial dos atos com base no poder discricionário. Nesse sentido, com base nos limites impostos, é permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e proporcionalidade dos atos. O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em violação ao princípio da separação de poderes. Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado, apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de verificar se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não é arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo. Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf. Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 8 FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 249). De todo forma, devemos lembrar que todos os atos administrativos são passíveis de controle judicial. Quanto aos atos discricionários o controle é mais limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) que estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar a compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade, proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais. Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por ser prática arbitrária. É preciso, no entanto, distinguir o que seja discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico indeterminado. Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme explica Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo significado, mutável em função da valoração que se proceda diante dos pressupostos da norma. É que sucede com expressões do tipo ‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança nacional’. São, portanto, expressões previstas no âmbito da norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a concretização ou interpretação pelo aplicador. A discricionariedade reside no campo da aplicação da norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 9 interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o fim perseguido. Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para atuação do administrador, devendo realizar o que exatamente estabelece a lei, quando e como ela determina. De todo modo, é bom ressaltar que para alguns autores, tal como a Profa. Zanella Di Pietro, os poderes discricionários e vinculados “não existem como poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos de outros poderes ou competências administrativas”. Para autora só existiria os poderes normativo, disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o Prof. Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de polícia. De todo modo, como disse inicialmente, em geral, tem-se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar, hierárquico, disciplinar e de polícia. 1.3.2 Poder regulamentar O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato e geral visando dar aplicabilidade à lei. Trata-se de poder no sentido de praticar atos de natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o alcance da lei, decorrente da função normativa. Com efeito, como salienta Carvalho Filho, “o poder regulamentar é subjacente à lei”, ou seja, deve observar as balizas PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 10 legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer, não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram diretamente da Lei. É exemplo de este poder os decretos e regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88, que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas. Assim, muito embora não haja entendimento uniforme, é possível destacar duas espécies de decretos ou regulamentos. Os denominados decretos de execução e os autônomos. Os decretos de execução, no âmbito brasileiro, estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] IV - sancionar,promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Por outro lado, os chamados decretos autônomos são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da Constituição, ou seja, não estão subordinados à lei em sim à CF. A doutrina tem indicado como hipótese de decreto autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto, dispor sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. No entanto, como disse, trata-se de tema controvertido na doutrina. Assim, em defesa dos decretos PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 11 autônomos está a Profa. Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No sentido de o ordenamento Constitucional não prevê tal espécie estão os Profs. Celso Bandeira, Carvalho Filho, por exemplo. Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art. 84, inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos: INFORMATIVO Nº 324 TÍTULO: Liberação de Recursos: Autorização Presidencial PROCESSO: ADI - 2564 ARTIGO: Julgado improcedente o pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos para pagamento dos servidores da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa autorização do Presidente da República. O Tribunal considerou não caracterizada, na espécie, a alegada ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art. 84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001 permite ao Presidente da República dispor, por decreto, sobre a organização e o funcionamento da administração federal quando isso não implicar aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -, afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a norma impugnada privaria os ministros de Estado da atuação nas áreas de sua competência, já que, na forma prevista nos artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, com o auxílio dos ministros de Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.10.2003. (ADI-2564) INFORMATIVO Nº 217 TÍTULO: Guerra Fiscal PROCESSO: ADI - 2155 PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 12 ARTIGO Julgando o pedido de medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do Paraná (Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede crédito presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -, o Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não- cabimento da ação por entender que tal norma caracteriza-se como decreto autônomo revestido de conteúdo normativo, e não como simples ato regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal, mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da ação quanto a diversos dispositivos por se tratarem de normas temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC 2.155-PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155) Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades da Administração para, conforme permissão legal, estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação. Nesses casos há uma delegação legislativa no sentido de permitir a criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder não é de inovar na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar tecnicamente os aspectos legais (o que se tem chamado de discricionariedade técnica), com a expedição de Instruções Normativas por uma Agência, quanto à edição de uma Resolução por um órgão administrativo, por exemplo. Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório (normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 13 situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade técnica da lei. Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar. 1.3.3 Poder hierárquico Poder Hierárquico é o poder que decorre da organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. Trata-se de relação de subordinação entre os vários órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. São poderes implícitos ou decorrentes do poder hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar (estabelecer normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar, distribuir atividades, delegar ou avocar funções), controlar (fiscalizar e exigir o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os atos, anulando ou revogando) as atividades administrativas. Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades desempenhadas no cotidiano administrativo. O poder comando ou de direção é o de orientar as atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado da função administrativa. Assim, o poder de direção subjacente ao poder hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 14 que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de comando. Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem manifestamente ilegais. Não se deve, no entanto, confundir subordinação com vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder hierárquico, a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial (tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais, não retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo controle apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da entidade. Dessa relação de subordinação administrativa (hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superiorrever os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou revogando quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou por meio de recurso hierárquico. 1.3.4 Poder disciplinar O poder disciplinar é a faculdade conferida à Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à disciplina da Administração. É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos graus. O poder disciplinar, por outro lado, é o poder de controlar e fiscalizar no âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 15 responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando penalidades. Então, o poder disciplinar é o poder conferido à Administração para responsabilizar os agentes, órgão ou entidade, ou ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna da Administração. Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas particulares que mantenham vínculo contratual com a Administração (poder disciplinar contratual) ou pessoas sob sujeição especial, tal como os alunos em escola pública, detentos, pessoas internadas em hospitais públicos etc. Funcional (aplica-se aos servidores) Pode Disciplinar Contratual (aplica-se aos contratados pela Adm.) Especial (regime especial de sujeição: Preso, alunos) No entanto, se não houver nenhum vínculo com a Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Eventual sanção a ser aplicada decorrerá do poder de polícia. Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva da Administração”. Significa dizer que se o particular não tem qualquer vínculo com a Administração (funcional, contratual ou sujeição especial), não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da Administração, mas poderá em razão do poder de polícia (fiscalização de atividade, por exemplo). PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 16 Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço, concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa, advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo somente poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia. 1.3.5 Poder de polícia O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Esse poder tem por fundamento, conforme lição da Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe de prerrogativas especiais para a consecução de seus fins. Com efeito, a definição de poder de polícia fora positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao expressar que: Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividade econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos. O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla ou numa acepção restrita. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 17 Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa, isto é, a criação de leis restritiva de direitos. Em sentido estrito corresponde à atividade administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da Administração Pública, sendo denominado de polícia administrativa. Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público. Significa dizer que no exercício da polícia administrativa preventiva a Administração expedirá os atos normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares em razão do interesse público. No tocante ao poder de polícia repressivo a Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, verificando a existência de infrações às disposições preventivas e punindo as condutas ilícitas administrativas. No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, saúde etc. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 18 Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa, que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais. A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando por meio de órgãos de defesa (Polícia Civil, Polícia Federal e a PM nos IPM’s). Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à criminalidade, à repressão penal, à segurança pública. A polícia administrativa, por outro lado, não incide sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc). Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as normas de direito criminal (processuais e penais). Assim, como o poder de polícia, a polícia administrativa, é atividade conferida ao Estado para impor restrições a esfera particular, devemosentender que se trata de prerrogativa especial, e como tal, goza de atributos diferenciados. Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade (DAC). A discricionariedade deve ser entendida no sentido de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e os meios necessários à proteção do interesse público. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 19 Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é em regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e a forma de sua realização quando, então, não haverá margem de escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a concessão de licença para dirigir (habilitação). Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para construir, para dirigir etc). A autorização, por outro lado, é ato decorrente do poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex. porte arma), podendo, portanto, ser revogada. Assim, podemos concluir que nem todo ato do poder de polícia é discricionário. A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à Administração para decidir e executar diretamente suas decisões, por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. Veja que a Administração para praticar seus atos condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização judicial, de modo que por si mesma pode executá-los. A coercibilidade é o atributo que confere à Administração poder de impor obrigações ou condutas aos particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a Administração fazer-se cumprir pelo uso da força. Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 20 regra, a competência é da pessoa política a qual a Constituição conferiu o poder de regular a matéria. Portanto, tratando-se de assuntos de interesses nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88. Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia originário. Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou outorgado. Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode o poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois acabamos de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação ocorra por força de lei. Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa jurídica de direito privado? E para particulares? Bem, aí a questão é um pouco mais complexa. A jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder de polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não poderia ser delegado a particulares. Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 21 jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente: PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA – CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO LICITATÓRIO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF, declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.649/98, que alteraram a natureza jurídica dos conselhos profissionais por ser indelegável a entidade privada atividade típica de Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício das atividades profissionais regulamentadas. 2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos profissionais permanece competente a Justiça Federal para julgar mandado de segurança, ainda que o ato impugnado seja de gestão e não de delegação, como in casu. 3. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/06/2006, DJ 07/08/2006 p. 197) Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por pessoa privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade, segundo o próprio mestre. Destaca-se, todavia, que é possível que se permita ao particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam os atos jurídicos do poder de polícia, que é a instrumentalização do poder de polícia, tal como colocação de fotossensores, radares, pardais, detectores de produtos ilícitos ou metais em aeroportos etc, conforme orientação jurisprudencial. Vejamos: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 22 ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE. AUTO DE INFRAÇÃO. 1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. O aresto consignou que toda e qualquer notificação é lavrada por autoridade administrativa. 2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais que precedem atos jurídicos de polícia não possam ser praticados por particulares, mediante delegação, propriamente dita, ou em decorrência de um simples contrato de prestação. Em ambos os casos (isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson Dallari, em interessantíssimo estudo, recolhe variado exemplário de "credenciamentos". É o que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas de trânsito mediante equipamentos fotossensores, pertencentes e operados por empresas privadas contratadas pelo Poder Público, que acusam a velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e lhe captam eletronicamente a imagem, registrando dia e momento da ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de Direito Administrativo, Malheiros,15ª edição, pág. 726): 3. É descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o auto de infração no local e momento em que ocorreu a infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual (...)previamente regulamentado pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu sobre a impossibilidade da administração valer-se de cláusula que estabelece exceção para notificação pessoal da infração para instituir controle eletrônico. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 23 5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113) Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for integrante da Administração Pública? Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria ser exercida por pessoa jurídica de direito público. Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de consentimento e fiscalização. Significa dizer que, para o STJ, as atividades de consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista, dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura, obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito privado. No entanto, conforme entendimento do STJ não poderá ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções, por se caracterizar como atividades intrínsecas do campo administrativo. Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada no âmbito do STJ: "A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira. Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a vedação à aplicação de multas pela empresa privada. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 24 A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de novembro último que garantiu ao poder público a aplicação de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro Campbell Marques, de ser impossível a transferência do poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da liberdade em favor do interesse público. E suas atividades se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.” O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer a atividade de fiscalização e aplicar sanção. A propósito, são sanções decorrentes do poder de polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras, cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão ou cassação de direito, por exemplo. De toda sorte, por ser ato administrativo, os atos de poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de autotutela, bem como ao controle judicial de legalidade. Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99 estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º: Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 25 Observe que esta lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia. Vamos às questões. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 26 2. QUESTÕES SELECIONADAS 1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/AC – FCC/2010) Acerca dos poderes e deveres do administrador público, é correto afirmar que a) o dever de prestar contas aplica-se apenas aos ocupantes de cargos eletivos e aos agentes da administração direta que tenham sob sua guarda bens ou valores públicos. b) o agente público, mesmo quando despido da função ou fora do exercício do cargo, pode usar da autoridade pública para sobrepor- se aos demais cidadãos. c) o poder tem, para o agente público, o significado de dever para com a comunidade e para com os indivíduos, no sentido de que, quem o detém está sempre na obrigação de exercitá-lo. d) o dever de eficiência exige que o administrador público, no desempenho de suas atividades, atue com ética, honestidade e boa- fé. e) o dever de probidade traduz-se na exigência de elevado padrão de qualidade na atividade administrativa. 2. (AGENTE ADMINISTRATIVO – MPE/RN – FCC/2010) Sobre o poder da autoridade, analise: I. A autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. II. A autoridade, embora atuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. Tais espécies configuram, técnica e respectivamente, a) desvio de finalidade e uso de gestão de poder. b) desvio de poder e excesso de poder. c) abuso de poder e uso regular do poder. d) uso de gestão do poder e excesso de poder. e) excesso de poder e desvio de finalidade. 3. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/AL – FCC/2010) O abuso de poder a) não pode ser combatido por meio de Mandado de Segurança. b) caracteriza-se na forma omissiva, apenas. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 27 c) não se configura se a Administração retarda ato que deva praticar, sendo certo que essa conduta caracteriza mera falha administrativa. d) pode se configurar nas modalidades de excesso de poder e desvio de finalidade ou de poder. e) embora constitua vício do ato administrativo, nunca é causa de nulidade do mesmo. 4. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/AM – FCC/2010) Sobre o abuso de poder, é correto afirmar que: a) para combatê-lo, não há medida judicial cabível, devendo o prejudicado recorrer à via administrativa. b) o abuso de poder só pode revestir a forma omissiva, não a comissiva. c) o uso do poder é lícito, enquanto o abuso pode ser lícito ou ilícito, dependendo da finalidade.d) a improbidade deve sempre ser considerada uma espécie de abuso de poder. e) todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de poder. 5. (OFICIAL DE JUSTIÇA – TJ/PE – FCC/2012) No que se refere aos poderes administrativo, discricionário e vinculado, é INCORRETO afirmar: a) Mesmo quanto aos elementos discricionários do ato administrativo há limitações impostas pelos princípios gerais de direito e pelas regras de boa administração. b) A discricionariedade é sempre relativa e parcial, porque, quanto à competência, à forma e à finalidade do ato, a autoridade está subordinada ao que a lei dispõe. c) Poder vinculado é aquele que o Direito Positivo – a Lei – confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização, mas lembrando a dificuldade de se encontrar um ato administrativo inteiramente vinculado. d) A atividade discricionária encontra plena justificativa na impossibilidade de o legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 28 e) Na categoria dos atos administrativos vinculados, a liberdade de ação do administrador é ampla, visto que não há necessidade de se ater à enumeração minuciosa do Direito Positivo para realizá-la. 6. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRF 2ª REGIÃO – FCC/2012) Em matéria de poderes administrativos, o poder regulamentar tem como objeto a edição de atos administrativos normativos, os quais contêm determinações a) gerais, incidindo sobre todos os fatos ou situações enquadradas nas hipóteses que abstratamente preveem. b) específicas, aplicáveis nas hipóteses delineadas e enumeradas em seus termos e correspondentes condições. c) que devem ser observadas em determinadas e específicas situações, observadas as regulamentações específicas. d) especificadas no próprio ato, mas cuja aplicabilidade depende da expedição de ato complementar. e) a serem aplicadas sempre que não for possível estabelecer critérios subjetivos para elucidar determinadas situações. 7. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 6ª REGIÃO – FCC/2012) O poder regulamentar cabe ao chefe do Poder Executivo e compreende a edição de normas complementares à lei, para sua fiel execução. Constitui forma de expressão do poder a) normativo. b) hierárquico. c) discricionário. d) de polícia. e) disciplinar. 8. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRT 4ª REGIÃO – FCC/2011) É correta a afirmação de que o exercício do poder regulamentar está consubstanciado na competência a) das autoridades hierarquicamente superiores das administrações direta e indireta, para a prática de atos administrativos vinculados, objetivando delimitar o âmbito de aplicabilidade das leis. b) dos Chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, objetivando a fiel aplicação das leis, mediante atos administrativos expedidos sob a forma de homologação. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 29 c) originária dos Ministros e Secretários estaduais, de editarem atos administrativos destinados a esclarecer a aplicabilidade das leis ordinárias. d) dos Chefes do Poder Executivo para editar atos administrativos normativos destinados a dar fiel execução às leis. e) do Chefe do Poder Executivo Federal, com a finalidade de editar atos administrativos de gestão, para esclarecer textos controversos de normas federais. 9. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/PR – FCC/2012) De acordo com Maria Sylvia Zanella di Pietro, o poder regulamentar é uma das formas de expressão da competência normativa da Administração Pública. Referido poder regulamentar, de acordo com a Constituição Federal, a) é competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo, que também pode editar decretos autônomos, nos casos previstos. b) admite apenas a edição de decretos executivos, complementares à lei. c) compreende a edição de decretos regulamentares autônomos sempre que houver lacuna na lei. d) admite a delegação da competência originária em caráter geral e definitivo. e) compreende a edição de decretos autônomos e regulamentares, quando houver lacuna na lei. 10. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRT 8ª REGIÃO – FCC/2010) O Poder Legislativo aprova lei que proíbe fumar em lugares fechados, cujo texto prevê o seu detalhamento por ato do Poder Executivo. Sancionando a Lei, o Chefe do Poder Executivo edita, imediatamente, decreto detalhando a aplicação da norma, conforme previsto. Ao fazê- lo o Chefe do Poder Executivo exerce o poder a) disciplinar. b) regulamentar. c) discricionário. d) de polícia. e) hierárquico. 11. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PE – FCC/2012) No PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 30 que concerne ao poder regulamentar, considere a seguinte situação hipotética: o Prefeito de Olinda expediu decreto regulamentar cujo conteúdo contraria lei do mesmo Município, bem como impõe obrigações que não estão previstas na mencionada lei. Sobre o tema, é correto afirmar que decreto regulamentar a) não pode contrariar a lei, nem impor obrigações que nela não estejam previstas. b) não pode contrariar a lei, porém pode impor obrigações que nela não estejam previstas. c) pode contrariar a lei, bem como impor obrigações que nela não estejam previstas, tendo em vista a autonomia e independência do Poder Executivo. d) pode contrariar a lei, porém não pode impor obrigações que nela não estejam previstas. e) não faz parte do poder normativo da Administração, vez que não é da competência do Chefe do Executivo. 12. (PROCURADOR – TCE/RO – FCC/2010) O poder normativo conferido à Administração Pública compreende a a) edição de decretos autônomos para criação e extinção de órgãos públicos, na medida em que são tradução de seu poder de auto- organização. b) edição de atos normativos de competência exclusiva do Chefe do Executivo, tais como, decretos regulamentares, resoluções, portarias, deliberações e instruções. c) promulgação de atos normativos originários e derivados, sendo os primeiros os regulamentos executivos e os segundos, os regulamentos autônomos. d) promulgação de atos legislativos de efeitos concretos, desde que se refiram a objeto passível de ser disposto por meio de decreto regulamentar. e) edição de decretos autônomos, restringindo-se estes às hipóteses decorrentes de exercício de competência própria, outorgada diretamente pela Constituição. 13. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/MT – FCC/2009) Considere os dispositivos abaixo, extraídos do art. 84 da Constituição Federal, cujo caput é "Compete privativamente ao Presidente PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 31 da República": I. "iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição". II. "sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução". III. "vetar projetos de lei, total ou parcialmente". Há exemplo de poder regulamentarda Administração Pública em: a) II e III, apenas. b) I, II e III. c) I, apenas. d) II, apenas. e) III, apenas. 14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/AP – FCC/2009) É exemplo que se refere ao poder regulamentar, em matéria de competências do Presidente da República, a) exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal. b) vetar projetos de lei, total ou parcialmente. c) celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. d) expedir decretos e regulamentos para fiel execução das leis. e) conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei. 15. (FCC/2014 – PREF. CUIABÁ/MT – PROCURADOR MUNICIPAL) Acerca do poder normativo da Administração Pública, é correto afirmar: a) Os chamados regulamentos executivos não existem no Direito Brasileiro, que somente admite os chamados regulamentos autorizados ou delegados. b) É exercido por meio de decretos regulamentares, resoluções, portarias e outros atos dotados de natureza normativa primária. c) Não se confunde com o poder regulamentar, pois ambos têm natureza jurídica distinta. d) Compete ao Congresso Nacional sustar atos normativos dos demais Poderes que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 32 e) Nem toda lei depende de regulamento para ser executada, mas toda e qualquer lei pode ser regulamentada se o Executivo julgar conveniente fazê-lo. 16. (FCC/2013 – DPE/RS – TÉCNICO DE APOIO ESPECIALIZADO – ADMINISTRATIVO) O Secretário de Estado da Justiça editou decreto para regulamentar o horário de atendimento dos fóruns estaduais, estabelecendo, diversamente do previsto na legislação estadual, que o atendimento aos advogados seria feito no período da tarde. A medida é a) legal quanto à competência e ilegal quanto ao objeto, na medida em que não poderia ter contrariado a legislação estadual, devendo o decreto apenas explicitar os termos da lei. b) legal, desde que o decreto não tenha restringido o número de horas de atendimento franqueadas aos advogados, apenas concentrado a disponibilidade delas no período da tarde. c) inconstitucional, na medida em que a competência para editar decretos é privativa do Chefe do Executivo, não podendo o Secretário de Estado fazê-lo. d) constitucional quanto à forma, pois a competência para edição de decretos é passível de delegação, mas é ilegal quanto ao conteúdo, pois contrariou a legislação vigente. e) inconstitucional quanto à forma, pois a competência para edição de decretos é privativa do Chefe do Executivo, mas é legal quanto ao conteúdo, tendo em vista que a medida se encaixa na competência para edição de decretos autônomos, uma vez que trata da organização da administração. 17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 20ª REGIÃO – FCC/2011) Dispõe o Poder Executivo de poder para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal. Trata-se do poder a) disciplinar. b) discricionário. c) regulamentar. d) de polícia. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 33 e) hierárquico. 18. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/PA – FCC/2009) Poder hierárquico é a) o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes. b) a faculdade de punir as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. c) a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício da coletividade. d) o poder que as Corregedorias têm de investigar e aplicar penalidades em servidores pela prática de atos administrativos ilegais e) o poder de que dispõem os chefes de Executivo de expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada em lei. 19. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/AP – FCC/2009) Exerce poder hierárquico, no sentido tradicional do Direito administrativo, a) um Governador de Estado em relação a um Prefeito de Município daquele Estado. b) o Presidente da República em relação a um presidente de autarquia federal. c) o Governador de Estado em relação ao Presidente do Tribunal de Justiça daquele Estado. d) o Presidente da República em relação ao Presidente do Congresso Nacional. e) um Prefeito de Município em relação a um Secretário daquele Município. 20. (ANALISTA JUDICIÁRIO – CONTABILIDADE – TJ/PE – FCC/2012) Considere sob o foco do poder hierárquico: I. Chamar a si funções originariamente atribuídas a um subordinado significa avocar, e só deve ser adotada pelo superior hierárquico e por motivo relevante. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 34 II. A revisão hierárquica é possível, desde que o ato já tenha se tornado definitivo para a Administração ou criado direito subjetivo para o particular. III. As delegações quando possíveis, não podem ser recusadas pelo inferior, como também não podem ser subdelegadas sem expressa autorização do delegante. IV. A subordinação e a vinculação política significam o mesmo fenômeno e não admitem todos os meios de controle do superior sobre o inferior hierárquico. Está correto o que se afirma APENAS em a) II, III e IV. b) II e IV. c) I, II e III. d) I e III. e) I, III e IV. 21. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – TRT 20ª REGIÃO – FCC/2011) NÃO constitui característica do poder hierárquico: a) delegar atribuições que não lhe sejam privativas. b) dar ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência, para estes últimos, salvo para as ordens manifestamente ilegais. c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, tendo o poder de anular e de revogar atos administrativos. d) avocar atribuições, desde que estas não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado. e) editar atos normativos que poderão ser de efeitos internos e externos. 22. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 22ª REGIÃO – FCC/2010) Do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas ao superior, tais como, delegar e avocar atribuições, bem como rever atos dos inferiores. Sobre o tema, é correto afirmar que a) as delegações podem ser subdelegadas mesmo sem expressa autorização do delegante. b) cabe delegação ainda que a atribuição tenha sido conferida por lei privativamente a determinado órgão ou agente. c) admite-se, no nosso sistema constitucional, a delegação de atribuições de um Poder a outro. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 35 d) a avocação, na esfera federal, deve ser feita como regra, isto é, usualmente; mas é necessária a existência de motivos relevantes para a referida substituição. e) a revisão hierárquica não poderá ocorrer se o ato gerou direito adquiridoao particular. 23. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 3ª REGIÃO – FCC/2009) O poder hierárquico a) autoriza a Administração Direta a rever, de ofício, os atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Indireta, quando identificada a sua desconformidade com as diretrizes governamentais. b) corresponde ao poder conferido aos agentes públicos para emitir ordens a seus subordinados e aplicar sanções disciplinares, ainda que não expressamente previstas em lei. c) fundamenta a avocação, pela Administração Direta, de matérias inseridas na competência das autarquias a ela vinculadas. d) constitui fundamento da organização administrativa, estabelecendo relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos integrantes da Administração Pública. e) possibilita ao particular apresentar recurso ordinário ao Ministério ao qual se encontra vinculada entidade integrante da Administração Indireta, insurgindo-se contra o mérito do ato praticado. 24. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/TO – FCC/2011) Sobre o poder hierárquico, é correto afirmar: a) É possível a apreciação da conveniência e da oportunidade das determinações superiores pelos subalternos. b) Em geral, a responsabilidade pelos atos e medidas decorrentes da delegação cabe à autoridade delegante. c) As determinações superiores – com exceção das manifestamente ilegais -, devem ser cumpridas; podem, no entanto, ser ampliadas ou restringidas pelo inferior hierárquico. d) Rever atos de inferiores hierárquicos é apreciar tais atos em todos os seus aspectos, isto é, tanto por vícios de legalidade quanto por razões de conveniência e oportunidade. e) A avocação de ato pelo superior não desonera o inferior da responsabilidade pelo mencionado ato. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 36 25. (ACE – TCE/AP – FCC/2012) Determinado dirigente de autarquia estadual passou a orientar a atuação da entidade para fins diversos daqueles que justificaram a criação da entidade. Para a correção dessa situação, o ente instituidor da autarquia deverá exercer o poder a) Disciplinar. b) Normativo. c) Regulamentar. d) De revisão ex oficio. e) de tutela. 26. (FCC/2014 – TRT 1ª REGIÃO (RJ) – ANALISTA JUDICIÁRIO) Quando se diz que as relações da Administração pública estão sujeitas à hierarquia, se quer dizer que é possível estabelecer alguma relação de coordenação e de subordinação entre os órgãos que compõem a Administração. Essa competência expressa-se quando a Administração a) edita atos normativos de efeitos externos, obrigando seus subordinados e os particulares que com eles se relacionam. b) edita atos normativos para organizar a atuação dos órgãos que integram sua estrutura. c) instaura processos administrativos para apuração de irregularidades e aplicação de sanções disciplinares e contratuais. d) celebra contratos com particulares para atendimento do interesse público. e) fiscaliza a atuação dos subordinados e dos particulares, inclusive com a aplicação de penalidades. 27. (FCC/2014 – TRT – 2ª REGIÃO (SP) – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) Quando a Administração pública edita atos normativos que se prestam a orientar e disciplinar a atuação de seus órgãos subordinados, diz-se que atuação é expressão de seu poder; a) hierárquico, traduzindo a competência de ordenar a atuação dos órgãos que integram sua estrutura. b) disciplinar, atingindo eventuais terceiros que não integram a estrutura da Administração. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 37 c) de polícia interna, que tem lugar quando os destinatários integram a própria estrutura da Administração. d) normativo, que tem lugar quando os destinatários integram a própria estrutura da Administração. e) de polícia normativa, embora não atinjam os administrados em geral, sujeitos apenas ao poder regulamentar. 28. (FCC/2013 – TRT 15ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO) A possibilidade de autoridade superior de órgão da Administração direta revogar ou anular atos praticados por seus subordinados, nos termos da lei, é exteriorização do poder. a) de Tutela. b) Hierárquico. c) Disciplinar. d) Regulamentar. e) Normativo. 29. (FCC/2013 – MPE-SE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O ato de delegação fruto do poder hierárquico, poderá transferir atribuições a) relacionadas à edição de atos de competência exclusiva atribuída ao delegante. b) específicas, mediante prazo determinado e publicação do ato de delegação por meio oficial. c) correspondentes à totalidade das competências atribuídas ao delegante pela lei. d) cometidas a qualquer órgão singular, uma vez que não são passíveis de delegação as competências imputadas a órgãos colegiados. e) específicas e, mesmo quando praticadas pelo agente delegado, considerar-se-ão editadas pelo delegante. 30. (FCC/2014 – TRT 19ª REGIÃO (AL) – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Carlos Eduardo, servidor público estadual e chefe de determinada repartição pública, adoeceu e, em razão de tal fato, ficou impossibilitado de comparecer ao serviço público. No entanto, justamente no dia em que o PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 38 mencionado servidor faltou ao serviço, fazia-se necessária a prática de importante ato administrativo. Em razão do episódio, Joaquim, servidor público subordinado de Carlos Eduardo, praticou o ato, vez que a lei autorizava a delegação. O fato narrado corresponde a típico exemplo do poder a) disciplinar. b) de polícia. c) regulamentar. d) hierárquico. e) normativo-disjuntivo. 31. (FCC/2013 – TRT – 18ª REGIÃO (GO) – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O poder hierárquico encontra-se presente: a) nas relações entre a Administração pública e as empresas regularmente contratadas por meio de licitação. b) na relação funcional entre servidores estatutários e seus superiores. c) nas relações de limitação de direitos que se trava entre administrados e autoridades públicas. d) entre servidores estatutários de mesmo nível funcional. e) somente entre servidores e superiores militares. 32. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/AL – FCC/2010) Dentre as características do poder disciplinar inclui-se: a) Dispensabilidade da apuração regular da falta disciplinar para a aplicação da punição interna da Administração, tendo em vista a informalidade do poder disciplinar. b) Identidade de fundamentos entre a punição disciplinar e a criminal, assim como da natureza das penas. c) Vinculação obrigatória à prévia definição da lei sobre a infração e a respectiva sanção. d) Imprescindibilidade da motivação da punição disciplinar para a validade da pena. e) Discricionariedade ilimitada quanto ao dever de punir, cabendo à autoridade competente decidir entre instaurar ou não o procedimento administrativo em caso de falta disciplinar. 33. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRT 6ª REGIÃO PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 39 – FCC/2012) Constitui exemplo do poder disciplinar da Administração públicaa) a imposição de restrições a atividades dos cidadãos, nos limites estabelecidos pela lei. b) a imposição de sanção a particulares que contratam com a Administração. c) a edição de atos normativos para ordenar a atuação de agentes e órgãos administrativos. d) a edição de regulamentos para a fiel execução da lei. e) o poder conferido às autoridades de dar ordens a seus subordinados e rever seus atos. 34. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/CE – FCC/2012) No que diz respeito ao poder disciplinar, a apuração regular de infração disciplinar e a motivação da punição disciplinar são, respectivamente, a) indispensável para a legalidade da punição interna da Administração e prescindível para a validade da pena, em razão da discricionariedade do poder disciplinar. b) faculdade da Administração Pública, em razão da discricionariedade presente no poder disciplinar e imprescindível para a validade da pena. c) indispensável para a legalidade da punição interna da Administração e imprescindível para a validade da pena. d) faculdade da Administração Pública, em razão da discricionariedade presente no poder disciplinar e prescindível para a validade da pena, vez que a motivação tanto pode ser resumida, como suprimida em alguns casos. e) dispensável para a aplicação de penalidade, se houver prova contundente acerca do cometimento da infração e imprescindível para a validade da pena. 35. (PROCURADOR – TCE/RO – FCC/2010) O poder disciplinar inerente à Administração Pública para o desempenho de suas atividades a) aplica-se a todos os servidores e administrados sujeitos ao poder de polícia. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 40 b) decorre do poder normativo atribuído à Administração e que lhe permite estabelecer as sanções cabíveis aos administrados quando praticarem atos contrários à lei. c) aplica-se aos servidores públicos hierarquicamente subordinados, bem como àqueles dotados de autonomia funcional. d) aplica-se discricionariamente, permitindo a não aplicação de penalidades previstas em lei na hipótese de arrependimento e desde que não tenha havido prejuízo econômico ao erário. e) dirige-se exclusivamente aos servidores públicos sujeitos ao poder hierárquico estrito da Administração, não se aplicando a outras pessoas ou aos servidores que possuam independência funcional. 36. (AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO – AL/SP – FCC/2010) O Poder disciplinar atribuído à Administração pública a) autoriza a aplicação de penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. b) traduz-se no poder da Administração de impor limitações às liberdades individuais nos limites preestabelecidos na lei. c) caracteriza-se como o poder conferido às autoridades administrativas de dar ordens a seus subordinados e de controlar as atividades dos órgãos inferiores. d) é o poder de editar atos normativos para ordenar a atuação dos diversos órgãos e agentes dotados das competências especificadas em lei. e) é o poder de aplicar, aos agentes públicos e aos administrados em geral, as penalidades fixadas em lei, observado o devido processo legal. 37. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 22ª REGIÃO – FCC/2010) No que diz respeito ao poder disciplinar da Administração Pública, é correto afirmar: a) O poder disciplinar é discricionário; isto significa que a Administração, tendo conhecimento de falta praticada por determinado servidor, não está obrigada a instaurar procedimento administrativo para sua apuração. b) O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não se confunde; no uso do poder disciplinar, a Administração Pública controla o desempenho das funções executivas e a conduta PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 41 interna de seus agentes, responsabilizando-os pelas faltas cometidas. c) Algumas penalidades administrativas podem ser aplicadas ao infrator, sem prévia apuração por meio de procedimento legal. d) Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos, não abrangendo particulares, ainda que sujeitos à disciplina administrativa. e) Uma mesma infração pode dar ensejo a punição administrativa e a punição criminal; no entanto, a aplicação de ambas as penalidades, nas respectivas searas, caracteriza evidente bis in idem. 38. (ACE – TCE/AP – FCC/2012) Submetem-se ao poder disciplinar da Administração: a) servidores submetidos ao regime estatutário e servidores ocupantes de emprego público. b) funcionários públicos, exclusivamente. c) particulares que atuam em setores considerados de interesse público. d) as entidades da Administração indireta, em face da tutela exercida pelo ente instituidor. e) os administrados, em face do poder da Administração de limitar a atuação privada em prol do interesse coletivo. 39. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRT 11ª REGIÃO – FCC/2012) A Administração Pública, ao tomar conhecimento de infrações, cometidas por estudantes de uma escola pública, utiliza-se de um de seus poderes administrativos, qual seja, o poder disciplinar. Nesse caso, a Administração Pública a) poderia utilizar-se de tal poder contra os estudantes da escola pública. b) não poderia utilizar-se de tal poder, porém, pode impor sanções aos estudantes, com fundamento no poder de polícia do Estado. c) poderia utilizar-se de tal poder, no entanto, ele está limitado à fase de averiguação, não cabendo à Administração, nessa hipótese, punir. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CNMP AULA 03 – Poderes Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 42 d) não poderia utilizar-se de tal poder, vez que ele somente é aplicável aos servidores públicos. e) poderia utilizar-se de tal poder, que, nessa hipótese, será discricionário, ou seja, pode a Administração escolher entre punir e não punir. 40. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/TO – FCC/2011) Sobre o poder disciplinar, é correto afirmar: a) Existe discricionariedade quanto a certas infrações que a lei não define, como ocorre, por exemplo, com o "procedimento irregular" e a "ineficiência no serviço", puníveis com pena de demissão. b) Há discricionariedade para a Administração em instaurar procedimento administrativo, caso tome conhecimento de eventual falta praticada. c) Inexiste discricionariedade quando a lei dá à Administração o poder de levar em consideração, na escolha da pena, a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço público. d) O poder disciplinar é sempre discricionário e decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre aqueles que se vinculam à Administração. e) É possível, em determinadas hipóteses, que a Administração deixe de punir o servidor comprovadamente faltoso. 41. (FCC/2014 – TCE/PI – ASSESSOR JURÍDICO) O poder disciplinar atribuído à Administração pública, considerando o disposto na Lei nº 8.112/90, a) é incompatível com a discricionariedade, devendo ser aplicado nos estritos termos da lei. b) abrange discricionariedade onde não houver disposição expressa de lei, tal como considerar a natureza e a gravidade da infração na aplicação da pena. c) abrange discricionariedade
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