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08 Formação e Desenvolvimento de Coleções Nova

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Formação e Desenvolvimento de 
Coleções 
Lourival Pereira Pinto 
 
Curso Técnico em Biblioteca 
Educação a Distância 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE 
 
 
Professor Autor 
Lourival Pereira Pinto 
 
Design Instrucional 
Deyvid Souza Nascimento 
Maria de Fátima Duarte Angeiras 
Renata Marques de Otero 
Terezinha Mônica Sinício Beltrão 
 
Revisão de Língua Portuguesa 
Letícia Garcia 
 
Diagramação 
Izabela Cavalcanti 
 
Coordenação 
Hugo Carlos Cavalcanti 
 
Coordenação Executiva 
George Bento Catunda 
 
Coordenação Geral 
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra 
 
 
 
Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação 
Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação 
 (Rede e-Tec Brasil). 
 
Janeiro, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P659f 
 Pinto, Lourival Pereira. 
Formação e Desenvolvimento de Coleções: Curso 
Técnico em Biblioteca: Educação a distância / Lourival Pereira 
Pinto. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional 
de Pernambuco, 2016. 
43 p.: il. 
 
Inclui referências bibliográficas. 
Inclui bibliografia. 
 
1. Educação a distância. 2. Coleções – Desenvolvimento 
(bibliotecas). 3. Bibliotecas - Planejamento. I. Pinto, Lourival 
Pereira. II. Título. III. Secretaria Executiva de Educação 
Profissional de Pernambuco. IV. Ministério da Educação. V. 
Rede e-Tec Brasil. 
 
 CDD – 025.2 
 CDU – 025.2 
 
 
 
 
 
Sumário 
Introdução ........................................................................................................................................ 4 
1.Competência 01 | Formar e desenvolver coleções: o que, para quem e por quê? .......................... 7 
2. Competência 02 | Saber formar e avaliar uma coleção ................................................................ 22 
3.Competência 03 | Empreender a formação de uma coleção para uma determinada comunidade 
de leitores ....................................................................................................................................... 28 
Conclusão ........................................................................................................................................ 40 
Referências ..................................................................................................................................... 41 
Bibliografia sugerida para estudo .................................................................................................... 42 
Minicurrículo do Professor ............................................................................................................ 433 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
Introdução 
 
Este texto é uma conversa entre professor e aluno, porque entendemos que o conhecimento se 
constrói nas relações entre as pessoas. Mesmo que este texto esteja escrito aqui, lembre-se de que 
é uma pessoa escrevendo para outra pessoa, e assim, estamos construindo conhecimentos juntos, a 
partir dessa nossa relação. Desejo que você aproveite a leitura e que, de alguma maneira, seja um 
período de transformação para todos nós. 
 
Vamos começar nossa conversa falando sobre a relação entre as bibliotecas e as comunidades, 
porque entendemos que, nessa relação, as coleções têm papel essencial. Entendemos que as 
bibliotecas devem ter uma relação estreita com a comunidade na qual está inserida, e essa relação 
define os objetivos e propósitos da biblioteca. 
 
Uma biblioteca está estruturada, basicamente, em quatro eixos, que são: gestão, coleções, espaço e 
mediação. Se esses quatro eixos são planejados e/ou reestruturados a partir da relação com a 
comunidade, a biblioteca se transforma, assim, num dispositivo essencial para a emancipação e 
apropriação de conhecimentos. 
 
Defendemos que leitura e biblioteca devem ser percebidas e compreendidas como direitos 
humanos básicos para as pessoas. 
 
Gestão, coleções, espaço e mediação. 
 
Dentre esses quatro eixos, vamos falar, nesta disciplina, especificamente sobre coleções. Se as 
coleções são construídas junto com a comunidade, entendemos que uma não pode prescindir da 
outra. Sendo assim, em cada etapa no processo de formação e desenvolvimento de uma coleção, se 
biblioteca e comunidade estiverem em sintonia, há uma grande possibilidade de que as metas e os 
objetivos sejam alcançados. 
 
A partir da constituição de uma coleção, a biblioteca tem a missão de emancipar a comunidade por 
meio da expressão. Assim, ao dar acesso a diferentes conteúdos, mídias e expressões, a biblioteca 
permite que seus leitores se espelhem nesses conteúdos, ampliando suas possibilidades de 
expressão cultural. 
 
Você e eu, todos nós recebemos uma herança cultural, e essa herança pode estar representada em 
diferentes formas de expressão. Por sua vez, essas expressões podem estar acessíveis nos livros, nas 
artes visuais, nas canções, nos cordéis, nos saberes populares, na oralidade, nos periódicos, nos 
filmes, nas bases de dados, nos blogs, nas redes sociais, etc. 
 
Consideramos essencial o acesso à herança cultural, e essa deve ser a preocupação central da 
biblioteca. Então, as coleções devem ser representativas dessa herança, assim como podem gerar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
novos significados para a comunidade. Afinal, sabemos que uma ação cultural é aquela que gera 
transformações a partir da herança cultural. 
 
Nesta disciplina vamos conversar um pouco sobre formação e desenvolvimento de coleções. No 
decorrer das aulas, vamos refletir sobre os seguintes assuntos: 
 
O processo de políticas de desenvolvimento de coleções. 
Fatores que afetam a formação e o desenvolvimento de coleções em bibliotecas. 
Seleção, aquisição e descarte. 
Avaliação de coleções. 
 
A disciplina é dividida em três competências, que serão estudadas semanalmente. As competências 
estão interligadas e unificadas, com o propósito de alcançar o objetivo de trazer à luz algumas 
contribuições sobre o tema. Apresentamos, a seguir, as três competências: 
 
Competência 1: Formar e desenvolver coleções: o que, para quem e por quê? 
 
Nesta competência, primeiramente responderemos a perguntas essenciais: O que é uma coleção? 
Qual biblioteca e coleção nós queremos? Quem somos nós? Somos um organismo biblioteca/ 
comunidade? Aqui também discutiremos o conceito de coleção, e os processos básicos para a sua 
formação: políticas de seleção e aquisição, processo técnico e descarte. 
 
Competência 2: Saber formar e avaliar uma coleção 
 
Continuando nossa conversa anterior, aqui responderemos a uma pergunta primordial: Como 
avaliar uma coleção? A partir das respostas da primeira competência, refletiremos sobre os 
elementos necessários à prática da formação: diversidade, atualização, conservação, integração 
entre os temas e suportes, integração com a comunidade, inovação e orçamento. 
 
Competência 3: Empreender a formação de uma coleção para uma determinada comunidade de 
leitores 
 
Nesta competência, os alunos colocarão em prática os conhecimentos adquiridos ao longo das 
competências anteriores. Assim, cada aluno deverá escolher uma comunidade e direcionar a ela 
uma pequena coleção. Essa comunidade poderá ser uma escola, uma associação, uma casa de 
moradia, um bairro, um escritório, etc. A coleção não terá, quantitativamente, limites máximos ou 
mínimos de volumes. Nesta competência, os alunos serão orientados a selecionar,adquirir, 
processar e disponibilizar a coleção. 
 
Feita a apresentação, iniciemos a primeira competência. Mas antes, aprecie a figura 1. Trata-se da 
área dedicada aos leitores juvenis. Perceba o cuidado com que o ambiente está conectado com a 
coleção de livros juvenis, tornando o ambiente aconchegante e prazeroso. Seja muito bem-vindo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - um cantinho da ARSTA BIBLIOTEK, biblioteca pública de Estocolmo. 
Fonte: www.cazadores/debibliotecas.com/2014/12/arsta-bibliotek-bibliotecas-publicas-em.html. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
1.Competência 01 | Formar e Desenvolver Coleções: o que, para quem e 
por quê? 
 
Quando uma biblioteca está construída, e já estruturada para receber seus acervos, é chegada a 
hora de planejar a formação e o desenvolvimento de coleções. Mas o que será que significa, em 
princípio, formar uma coleção? Aqui estamos caminhando para responder à primeira pergunta do 
enunciado da competência, a saber: O que é formar e desenvolver coleções? 
 
O que é formar uma coleção? 
 
Coleções (ou acervos) de bibliotecas são os itens que constituirão as fontes de informação 
destinadas à comunidade. Concordamos com Neves, Moro e Estabel (2012), quando afirmam que as 
bibliotecas vivem, mais do que nunca, a era da bibliodiversidade. Essa diversidade é caracterizada 
por suportes (ou mídias), e conteúdos que podem ajudar seus leitores pela sua travessia 
educacional e cultural. 
 
Uma coleção pode ser formada por livros, periódicos (jornais, revistas), quadrinhos (tirinhas, gibis, 
graphic novels, charges), CDs, DVDs, Blue-Rays, leitores de ebooks (e ebooks), tablets, games, 
instrumentos musicais, papelaria, etc. Esses itens, por sua vez, devem contemplar os diferentes 
gêneros literários e as diversas áreas do conhecimento. Veja, na figura 2, uma pequena coleção de 
gibis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - caixa de coleção de gibis 
Fonte: http://eusoudonademim.blogspot.com.br/2013/04/sala-de-aula-gibiteca.html 
 
Mas, antes de formar uma coleção, a biblioteca deve fazer uma pergunta, que consideramos 
essencial: para quem e por que formar uma coleção? Para responder a essa indagação, a biblioteca 
deve empreender um longo processo de (re) conhecimento da comunidade onde a biblioteca está 
inserida. Esse processo, na realidade, não é apenas longo, ele é infinito, porque a cada momento 
novas demandas podem surgir por conta das transformações que, naturalmente, passam as pessoas 
e as comunidades. Um desejo (ou necessidade) que é evidenciado hoje por uma pessoa ou 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
comunidade pode não fazer sentido amanhã. Lembre-se de que, por conta do dinamismo da 
sociedade, as necessidades e os desejos mudam, dando lugar a novas demandas. 
 
Para quem e por que formar uma coleção? 
 
Entendemos que a contemporaneidade traz consigo alguns sintomas que influenciam diretamente a 
constituição cultural e de informação, como é o caso das bibliotecas, museus e centros culturais. 
Podemos enumerar alguns desses sintomas, como a velocidade, o desapego, a superficialidade, a 
materialidade, a insegurança, a convergência tecnológica, etc. 
 
 
SAIBA MAIS 
 Para aprofundar esse tema, sugerimos ler MODERNIDADE LÍQUIDA, de Zygmunt Bauman. 
 
 
 
 
Sendo assim, uma biblioteca tem que compreender que as demandas, desejos e necessidades de 
sua comunidade caminham ao sabor desses sintomas, e consideramos que acompanhar as 
demandas nessa contemporaneidade seja o maior desafio na formação e no desenvolvimento de 
coleções. 
 
Além disso, a formação de coleções se confunde com a própria natureza dos serviços de referência 
(conteúdo que será tratado mais adiante, em disciplina específica), afinal a convergência 
coleções/contato com o leitor, é condição básica para o funcionamento de qualquer serviço de 
bibliotecas. 
 
Bem, mas como começar a fazer isso? Em princípio, a biblioteca deve investigar a sua comunidade. 
Quando falamos em comunidade, significa dizer biblioteca/leitores. Nós não apenas atendemos a 
comunidade. Nós também somos a comunidade. Então, a pergunta a se fazer é: qual biblioteca nós 
queremos? Assim, quando a comunidade é ouvida, ela se sente como parte integrante da 
biblioteca. O sentimento de pertencimento talvez seja o fator que mais benefício pode trazer para o 
enlace biblioteca/comunidade. 
 
Qual biblioteca nós queremos? 
 
 
O pertencimento traz um sentimento de compromisso com as pessoas e as coisas da 
comunidade. Nesse sentido, a biblioteca é um lugar propício para que os desejos de apropriação 
e emancipação das pessoas sejam realizados. 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
Experimente fazer essa pergunta a alguém próximo a você. A resposta pode te surpreender, porque 
você poderá descobrir, além dos desejos e necessidades, qual é o conceito de biblioteca no 
imaginário dessa pessoa. 
 
Essa pergunta deve ser feita para a formação de todos os tipos de bibliotecas, sejam elas públicas, 
comunitárias, universitárias, escolares, etc. É certo que, em casos específicos como as bibliotecas 
universitárias, muitas vezes as coleções começam com as bibliografias básicas e recomendadas dos 
cursos da instituição que atende. No entanto, o universo educativo e cultural vai muito além das 
bibliografias obrigatórias, e é nesse além, nesse gigantesco além, que a biblioteca tem que tentar 
satisfazer os desejos e as necessidades dos seus leitores. 
 
Os projetos de coleções devem ter a preocupação central de levar informação à comunidade, além 
de serem formulados a partir das necessidades específicas de cada comunidade. Um exemplo é o 
projeto ARCA DAS LETRAS, que leva leitura e informação para moradores de comunidades agrárias e 
assentamentos rurais. Veja, na figura 3, uma coleção de livros destinada aos moradores de 
comunidades rurais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Projeto ARCA DAS LETRAS leva coleções de livros e leitura para comunida-
des de agricultores rurais 
Fonte: http://blog.crb6.org.br/boletim/projeto-de-bibliotecas-moveis-leva-cultura-
a-agricultores-rurais/ 
 
 
SAIBA MAIS 
Para conhecer mais sobre o programa Arca das Letras, acesse www.mda.gov.br/sitemda/tags/arca-
das-letras 
 
 
 
Lembre-se sempre de que as pessoas são complexas e, por isso mesmo, não são apenas vinculadas 
a seus cursos. Elas têm vivências em outros mundos e seus desejos são diferentes, e muitas vezes, 
surpreendentes. 
 
Quando fazemos essa pergunta podemos nos deparar com respostas variadas. A seguir, vamos dar 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
alguns exemplos de respostas que podem surgir nesse processo de descoberta: 
 
Quero uma biblioteca que tenha assinatura de revistas de esportes. 
Quero uma biblioteca com muitos gibis e mangás. 
Quero uma biblioteca com recortes de jornais que informem sobre vagas de 
empregos e estágios. 
Quero uma biblioteca que tenha recursos para comprar livros novos que eu quero 
ler. 
Quero uma biblioteca com assinatura do jornal local para eu saber mais do meu 
lugar. 
Quero uma biblioteca que não tenha livros velhos, desatualizados e empoeirados. 
Quero uma biblioteca com livros novos e limpos. 
Quero uma biblioteca onde eu possa ler os livros novos e assistir aos filmes que se 
basearam nesses livros. 
Quero uma biblioteca que tenha jogos eletrônicos e de tabuleiros. 
Quero uma biblioteca com quadros, para que eu possa apreciar e entender de arte. 
Quero uma biblioteca com música e filmes. 
 
Os exemplos acima são apenas para ilustrar algumas respostas que possam ser descobertas no 
trabalho de investigação. Reiteramos que coleções e referência são indissociáveis.Então, essas 
respostas também trarão contribuições para o serviço de referência e, muitas vezes, até para o 
serviço de processos técnicos (catalogação, classificação, indexação, sinalização das notações, etc.). 
 
A figura 4 mostra o logotipo da campanha EU QUERO MINHA BIBLIOTECA, que consideramos 
pertinente ao momento de mobilização das pessoas por mais e melhor acesso à informação e 
manifestações culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - campanha pela efetividade da Lei 12.244 de 2010. 
Fonte: www.redecim.com.br/profiles/blogs/eu-quero-minha-biblioteca-campanha-pela-
efetividade-da-lei-12-244 
 
 
SAIBA MAIS 
Conheça a Lei 12.244 aqui: < www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12244.htm > 
 
 
 
Não há uma regra clara sobre a amostra necessária para fechar o ciclo da pesquisa, porém 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
recomendamos, vagamente, que a biblioteca apenas encerre a pesquisa quando sentir que as 
respostas começaram a se repetir com bastante frequência, denunciando que, naquele momento, 
boa parte dos dados colhidos possa começar a atender à demanda. Lembramos de que esse 
trabalho de prospecção nunca pode terminar. 
 
A partir das respostas colhidas, devemos fazer uma análise dos dados. Essa análise deve ser feita 
por classificação (diferenças e semelhanças), e organizados num documento acessível a todos, e 
que é, primordialmente, a constituição básica do processo de formação e desenvolvimento de 
coleções da biblioteca. A seguir, falaremos um pouco sobre a política de seleção e aquisição. 
 
 Política de seleção e aquisição 
 
As respostas devem ser agrupadas, classificadas e registradas num documento que seja acessível a 
todos, que chamaremos de documento institucional. Uma vez elaborado, esse documento pode ser 
considerado a base para a construção da política de seleção e aquisição da biblioteca. Essa política 
deve contemplar quais tipos de suportes e conteúdos a biblioteca deve priorizar, levando-se sempre 
em consideração o documento constitucional básico da coleção. 
 
Aqui, vamos ler dois exemplos: no primeiro exemplo, uma determinada biblioteca descobre que 
boa parte dos seus leitores potenciais não são alfabetizados no tempo considerado certo para o 
Ministério da Educação (MEC). A demanda, então, é por textos básicos de alfabetização. A partir daí 
a política de seleção e aquisição deve priorizar a aquisição desses textos. 
 
 
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos 
governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as 
crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino 
fundamental. 
 
 
No segundo exemplo, imaginemos uma comunidade que tenha leitores alfabetizados na idade 
considerada certa para o MEC, mas que não tem a prática leitora, ou por falta de acesso, ou de 
incentivo, ou outro motivo. Somam-se a esses fatores, as crianças que, pelo estágio escolar, ainda 
não são alfabetizadas (menores de seis anos). Na pesquisa de campo, descobriu-se que essas 
crianças e suas famílias querem que a biblioteca dê acesso a livros de ficção (principalmente juvenis 
e infantis). Por sua vez, a biblioteca deve ter consciência de que o acesso a essa literatura tem 
potencial para formar leitores competentes e letrados. Então, nesse caso, a prioridade da política é 
pela aquisição desse material bibliográfico. 
 
 
A leitura literária é a que pode incentivar a leitura e formar leitores. 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
Percebemos, nos dois casos, que não basta apenas que o material esteja lá, disponível ao leitor, mas 
que o acesso seja complementado pelas ações subsequentes, a saber: no primeiro caso, o trabalho 
de alfabetização, e no segundo caso, as ações de mediação de leitura. 
 
 
Entendemos que, a priori, não é papel do bibliotecário ou do técnico de alfabetizar pessoas, mas 
argumentamos que, diante disso, há dois pontos que exigem reflexão: no primeiro, a biblioteca 
pode estabelecer parcerias com educadores e pedagogos. No segundo, o próprio bibliotecário 
pode ter competências para fazer esse trabalho, porque pode ser considerado um educador. Nas 
comunidades mais pobres, as crianças não estão alfabetizadas na idade “certa”. Dados do IBGE 
mostram que a alfabetização varia de acordo com a renda. Em famílias mais ricas (mais de cinco 
salários mínimos per capita), aos cinco anos de idade, quase metade (47%) das crianças já se 
alfabetizaram. Entre as mais pobres (menos de 1/4 de salário mínimo per capita) o percentual é 
de 10%. Então, de alguma maneira, ações educativas podem contribuir para reduzir essa 
desigualdade. 
 
 
A política de seleção e aquisição nunca é definitiva, porque, obviamente, os atores sempre mudam. 
Se pensarmos numa biblioteca universitária, vamos perceber que periodicamente novos cursos são 
incorporados à instituição que mantém a biblioteca. Além de novos cursos, os planos pedagógicos 
também podem ser reformulados, assim como as bibliografias das disciplinas. Além disso, a 
biblioteca deve “olhar” seu leitor como um ser complexo, o que significa dizer que as pessoas não 
são padronizadas. Num processo de descoberta, a biblioteca pode ser surpreendida com as 
possibilidades que os dados venham a apresentar. Veja alguns exemplos imaginários de como as 
coisas podem não ser o que aparentam ser: 
 
Um estudante de Design não quer só livros e periódicos de Design. Ele quer que a biblioteca 
ofereça livros sobre gastronomia. 
Um estudante de Engenharia quer livros que ensinem a tocar violão. 
Uma estudante de Enfermagem quer guias impressos de viagens. 
Um estudante de Música quer livros de bricolagem. 
Alguns alunos querem aprofundar seus conhecimentos sobre um assunto de interesse, mas as 
bibliografias básicas e complementares dos cursos podem não ser suficientes. 
 
 
As cinco leis da Biblioteconomia, criadas pelo bibliotecário Ranganathan na década de 1930: 
 
1. Os livros são para serem usados. 
2. A cada leitor o seu livro. 
3. A cada livro o seu leitor. 
4. Poupe o tempo do leitor. 
5. A biblioteca é um organismo em crescimento 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
Consideramos que nas bibliotecas escolares o desafio talvez seja um pouco maior, porque estamos 
falando aqui de um espaço onde vemos claramente uma biblioteca como lugar de aprendizagem. 
Nas bibliotecas escolares, os leitores estão em formação e pedem mais por novidades, afinal nessa 
idade eles estão descobrindo o mundo e suas manifestações culturais, e é o momento de iniciar sua 
travessia cultural. A biblioteca tem o desafio de acompanhar as novidades editoriais, que 
acontecem rapidamente, ao mesmo tempo em que não pode perder de vista os clássicos, que são 
fundamentais para entender as influências e heranças culturais de várias gerações. 
 
Outro desafio para a biblioteca escolar é ampliar a diversidade de materiais bibliográficos que 
constituem o ciclo básico dos currículos escolares, a saber: matemática, língua portuguesa, ciências, 
história, geografia, sociologia, filosofia, etc. A maioria das escolas de Ensino Fundamental e Médio 
adota apostilas que vão nortear as aulas durante todo o período letivo. Consideramos que as 
apostilas podem desestimular os alunos a pesquisar em outras fontes de informação. Pensando 
nisso, a biblioteca pode propor opções bibliográficas que venham enriquecer o trabalho de pesquisa 
dos alunos. 
 
 
Procure se lembrar da escola em que você estudou no ensino fundamental. Havia biblioteca lá? 
Se sim, era um espaço aconchegante, com livros novos e interessantes? Estava sempre aberta ao 
público? Você gostava de frequentá-la? Reflita sobre isso. 
 
 
Assim, a política de seleção e aquisição pode estimular adiscussão, o diálogo e o conflito entre 
diferentes fontes de informação, propondo, assim, a construção de conhecimentos. 
 
Há três tipos de aquisição de coleções numa biblioteca: 
 
 Doação 
 Compra 
 Permuta 
 
A política de seleção e aquisição deve contemplar, igualmente, esses três tipos. A política 
norteadora de seleção deve valer para materiais, comprados, trocados ou recebidos como doação. 
É muito comum alguém, por um motivo qualquer, querer se desfazer de um acervo, e achar que a 
biblioteca tem como obrigação recolher qualquer tipo de doação. Por isso, a biblioteca deve ter 
como prática a avaliação criteriosa do material e, se a incorporação de um material for contrária à 
sua política de seleção e aquisição, deve deixar claro para o doador que o material será deixado à 
disposição de outrem, ou simplesmente descartado. 
 
Por isso, a política de seleção e aquisição deve estar clara quanto às suas diretrizes, tanto para a 
biblioteca quanto para a comunidade. 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
Os seguintes tópicos devem fazer parte dessa política: 
 
Para compra: prioridade de conteúdos e suportes, disponibilidade orçamentária, comparação de 
preços de fornecedores, qualidade e atualização do material, periodicidade de aquisição. 
Para doação: prioridade de conteúdos e suportes, qualidade e atualização do material, 
orientações ao doador que indiquem claramente que a biblioteca, a partir daquele momento, 
terá autonomia para decidir o destino dos materiais doados. 
Para permuta: prioridade de conteúdos e suportes, qualidade e atualização do material, e 
benefícios da parceria. Permutas não são muito comuns, mas devem sempre levar em 
consideração o acordo básico de uma parceria, a saber: parcerias são trocas, e devem beneficiar 
os dois lados envolvidos. 
 
 
Caso a biblioteca receba a doação de coleção completa de uma pessoa, sugerimos que a 
organização dessa coleção leve em consideração a genética do acervo. Isso significa que deve 
ser preservado o sistema de organização do doador e não o sistema de organização da 
biblioteca. A ordem dos manuscritos, objetos, documentos impressos, deve ser compreendida, 
mantida e explicada ao público potencial da coleção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - uma coleção pode ser formada por compra, doação ou permuta. 
Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-707135833-100-livros-diversos-sebo-
biblioteca-coleco-frete-gratis-_JM 
 
Uma vez formado o embrião da coleção, é necessário que se inicie o tratamento técnico do 
material. Esse tratamento é também chamado de processamento técnico, e é parte constituinte da 
formação e desenvolvimento de coleções. A seguir, falaremos dessa etapa. 
 
 
Os processos técnicos 
 
O processamento técnico de uma biblioteca não deve ser considerado meramente uma tarefa 
tecnicista. As etapas desse processo exigem do profissional um alto grau de conhecimento 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
humano, porque, além da técnica inerente à tarefa, os atos de classificar, catalogar e indexar têm 
como base as áreas de conhecimento, de pessoas e da diversidade bibliográfica. 
 
Defendemos que o conhecimento humanista do profissional poderá influenciar diretamente no 
processamento, que é constituído, basicamente, das seguintes etapas: 
 
Classificação 
Catalogação 
Indexação 
Preparo do material para o acesso 
 
Vamos falar rapidamente sobre cada um deles porque vocês já tiveram esses conteúdos mais 
aprofundados durante o curso. 
 
 A classificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - ordem dos livros nas estantes 
Fonte: www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Classifica%C3%A7%C3%A3o%20 
De%20Livro&lang=3 
 
Classificar é conhecer, por isso o profissional deve conhecer a coleção que está formando. 
Classificar também é separar a coleção por meio de semelhanças e diferenças de gêneros e 
espécies. Assim, uma vez adquirida a coleção, chega o momento de fazer a separação por áreas do 
conhecimento. Recomendamos separar, primeiramente, pelas áreas maiores, para, em seguida, 
especificar as áreas menores. A separação, então, é feita nas áreas específicas pré-definidas. A 
seguir, veja um exemplo: 
 
Livros de Artes são primeiramente separados do restante da coleção. Em seguida, eles são 
separados por artes específicas: música, pintura, artesanato, cinema, etc. E, se for necessário, 
podemos, por exemplo, separar a música por especificidades regionais: música brasileira, francesa, 
italiana, japonesa, etc. E dentro da música brasileira, podemos fazer a separação da classe MUSICA 
por ritmos regionais (ou não): samba, maracatu, sertaneja, rock, etc. 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
Classificar é conhecer 
 
O processo de classificação exige do bibliotecário um conhecimento, mesmo que básico, do assunto 
que está sendo classificado. Alguns sistemas de classificação podem ajudá-lo nesse trabalho. Os 
mais usados no Brasil são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal 
Universal (CDU). Há outras opções, mas o que o bibliotecário deve sempre levar em consideração é 
que a classificação, assim como todo o processo técnico, não é um fim em si mesmo, é apenas o 
meio. O fim são as pessoas que utilizarão as coleções. Pense nos leitores. 
 
 A catalogação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - antigos fichários para armazenar fichas de catalogação. 
Fonte: http://biblioideiaseestudos.com.br/ 
 
Catalogar é representar um documento por meio de uma descrição dos itens essenciais e 
recuperáveis desse documento. O objetivo é facilitar a recuperação da informação por meio dos 
campos que serão descritos, e que dizem respeito ao documento catalogado. Assim, por exemplo, 
um livro deve ter como descritos e recuperáveis os seguintes elementos: autor, título, descritor (ou 
palavra-chave ou assunto), notação, resumo, local e ano de publicação, editora, língua, etc. Para 
catalogar o bibliotecário deve utilizar um código norteador. O código mais utilizado no Brasil é o 
Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR). 
 
 
Notação (ou número de chamada) é o conjunto de códigos que, normalmente, é mostrado na 
lombada do livro. Esses códigos representam assunto, autoria (ou responsabilidade) e definem o 
endereço dos livros nas estantes. 
 
 
 A indexação 
 
Conforme você viu em disciplina anterior, indexação é um processo de extração de palavras-chave 
do texto e que servirão para, futuramente, facilitar a recuperação do documento por meio dos seus 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
assuntos. A indexação pode trabalhar com palavras do discurso livre, ou por meio de um 
vocabulário controlado. Nesse caso, a operação de indexação e busca é feita com base num tesauro 
específico de uma área do conhecimento. A indexação pelo tesauro diminui a dispersão de termos 
que podem surgir a partir de um conceito, e assim, propor uma sintonia entre o termo indexado 
pelo bibliotecário e o termo a ser pesquisado pelo usuário do sistema. Normalmente os sistemas de 
vocabulário controlado utilizam dicionários terminológicos de áreas específicas. Para ser controlado 
o vocabulário podem ser utilizados tesauros, ontologias, taxonomias, folksonomias, etc. 
 
Palavras-chave, descritores e termos são expressões que 
representam os conteúdos dos documentos. 
 
 Preparo do material para o acesso 
 
No momento em que o material está pronto, deve ser colocado imediatamente à disposição dos 
leitores (figura 8). Os materiais impressos devem ser etiquetados para facilitar a sua localização nas 
estantes. Quanto aos materiais digitais, devem ser organizados num site ou portal preocupado com 
a usabilidade das pessoas. Dependendo da proposta da biblioteca,os materiais digitais podem 
requerer recursos tecnológicos de comunicação, como servidores, tablets e e-readers. Porém, 
mesmo neste ambiente os materiais necessitam ser catalogados, classificados e indexados, que são 
técnicas que buscam tornar os itens armazenados e recuperáveis. Você poderá se aprofundar mais 
nesse tema na disciplina AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS que será ofertada logo após esta disciplina! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 - livros classificados, catalogados, etiquetados, e preparados para o uso. 
Fonte: http://br.photaki.com/picture-prateleiras-de-livros-na-biblioteca-infantil_450147.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
 O Descarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 - Montanha de livros danificados. 
Fonte: http://booksellerswithoutborders.com/photoblog/the-ghosts-of-borders-
past/before/ 
 
Vimos na, figura 9 que, muitas vezes, o descarte é necessário. Chamado de desbastamento por 
alguns, o descarte deve ser planejado por meio de uma política centrada na pertinência e no uso 
das coleções. Aqui também o ponto de partida deve ser a comunidade de leitores, e é, direta ou 
indiretamente, ela que deve ter a decisão final sobre o descarte. Quando a biblioteca conhece o 
sentimento da comunidade, a política de descarte pode ser construída com segurança. Como vimos 
anteriormente nos exemplos de possíveis respostas da comunidade, uma delas pode ser a seguinte: 
 
 
Quero uma biblioteca que não tenha livros velhos, desatualizados e empoeirados. 
 
 
 
Assim, a biblioteca pode tomar algumas decisões que compatibilizem as coleções com a 
comunidade. Leia alguns exemplos: 
 
Dependendo dos recursos, a biblioteca deve substituir livros muito desgastados por novas 
edições e exemplares. 
Livros desatualizados devem ser descartados, a menos que algum leitor peça para separá-los num 
espaço para pesquisas retroativas. 
Livros com fungos, brocas, ou estragados, e que não têm recuperação por restauro, devem ser 
descartados. 
Com exceção dos livros estragados, o material não deverá ser simplesmente jogado fora. A 
primeira opção é deixar na cesta de pegue-leve à disposição dos leitores, e a segunda opção é 
encaminhar o material descartado para reciclagem. 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
SAIBA MAIS 
Algumas bibliotecas utilizam cestas que chamam de pegue-leve (figura 10). Os leitores são livres para 
pegar e levar o material que quiser. Outras bibliotecas promovem eventos periódicos, para integrar 
melhor a comunidade. Podem ser feiras de troca, ou eventos como recite um poema e ganhe um livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 - Pegue-leve numa biblioteca 
Fonte: http://cre-sercravinhos.blogspot.com.br/p/pegue-e-leve.html 
 
Algumas bibliotecas têm “medo” de descartar itens da coleção, e outras praticam o apego de uma 
forma desnecessária. Defendemos que, se houver uma política consistente de descarte, esses dois 
problemas tendem a ser minimizados. Outro ponto importante e que deve ser sempre lembrado é 
que a biblioteca também é lugar de memória e alguns itens da coleção são essenciais para se 
compreender a comunidade e a biblioteca. Sendo assim, a política da biblioteca deve deixar claro o 
valor simbólico desses itens, para que sejam preservados. A biblioteca deve equilibrar tradição e 
inovação. 
 
Espero que tenha ficado claro até aqui. 
 
Nunca se esqueça de que todas essas diretrizes devem ser sempre planejadas, conduzidas e 
avaliadas com a comunidade. Um trabalho feito em equipe pode ser mais conflituoso, mas, por isso 
mesmo, pode render muitos frutos bons. 
 
 
SUGESTÃO 
Veja o filme UM SONHO DE LIBERDADE. Neste filme, alguns presos criam uma biblioteca no presídio. O 
espaço torna-se, então, ponto de encontro para quem busca informação e entretenimento. 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 - Um Sonho de Liberdade, com Morgan Freeman e Tim Robbins. Direção de Frank 
Darabont. 
Fonte: http://universal.globo.com/programas/the-librarians/materias/top-10-as-melhores-
bibliotecas-do-cinema.html 
 
Aqui finalizamos a primeira semana de conversas. Antes de nos despedirmos brevemente, convido 
você para refletir o poema que segue para o nosso primeiro encontro presencial 
 
Refletindo a competência 1 com Arte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
É hora da revisão! 
 
 
Caro cursista, ao término da nossa primeira competência vimos que as coleções (ou acervos) são 
todos os itens de informação que podem ajudar os leitores da biblioteca na sua travessia 
educacional e cultural. Alguns itens importantes devem ser lembrados por você. Vamos revê-los? 
 
 A formação de coleções é um processo que se desenvolve em etapas interdependentes, 
sendo necessário haver uma harmonia entre os seus elementos constituintes para que o 
todo (a coleção) possa existir, alcançando o objetivo maior que é a socialização do 
conhecimento para formação de leitores. 
 
Constituem essa estratégia: 
 
1 - O Estudo da comunidade à qual essa coleção vai servir, entendendo os aspectos econômicos, 
sociais, culturais, educacionais, políticos e outros elementos inter-relacionados que influenciam 
diretamente na escolha do acervo e de sua administração. Devemos aprender a ouvir! A empatia 
(que é a capacidade de colocar-se no lugar do outro) é fundamental para compreender o que a 
comunidade espera de uma biblioteca, lembre-se disto! 
 
2 - A elaboração de uma Política de Seleção e Aquisição, que atua como instrumento normativo 
para garantir a consistência e permanência de todo o processo de desenvolvimento das coleções ao 
longo dos anos de existência da biblioteca, oferecendo um suporte a todas as decisões para as 
próximas seleções, avaliações e aquisições de materiais que podem ser feitas através de compra, 
doação ou permuta. Uma política de seleção não é eterna, ela muda em decorrência dos tempos, 
das tecnologias, interesses e necessidades de informação das pessoas. 
 
3 - Ações de Descarte ou Desbastamento. Após a avaliação de uma coleção, o bibliotecário poderá 
optar pelo descarte (exclusão definitiva do item no acervo com baixa nos registros) ou 
desbastamento (retirada dos itens poucos utilizados da coleção para outro local). Essas medidas 
visam renovar o espaço físico na biblioteca, contribuindo para melhorar o acesso ao acervo. 
 
 
 
Até a próxima! 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
2. Competência 02 | Saber Formar e Avaliar uma Coleção 
 
Olá, seja bem-vindo de volta! Vamos continuar nossa conversa. Agora, com a compreensão dos 
conceitos básicos de formação e desenvolvimento de coleções, apresentaremos alguns conceitos 
que são essenciais à avaliação e continuidade do processo. Esses conceitos devem ser entendidos e 
colocados em práticas para que a biblioteca alcance seus objetivos de se integrar à comunidade, 
tornando-se, assim, espaço de referência para os leitores. A seguir, introduziremos brevemente 
esses temas. 
 
 Diversidade 
 
Se a coleção é formada a partir das demandas da comunidade, é certo que ela será diversificada, 
porque numa comunidade de leitores há variedade de pensamentos, ideologias e heranças 
culturais. Sendo assim, a coleção deve se preparar para uma formação diversificada em conteúdos e 
formatos. Quando falamos em conteúdos nos referimos às diferentes áreas do conhecimento. 
Dessa maneira, uma coleção poderá agregar materiais com as mais diversas temáticas, a saber: 
filosofia, religião, ciências naturais e aplicadas, história, artes, literatura de ficção, etc.E também em 
diferentes mídias e formatos: livros impressos e eletrônicos, periódicos, audiovisuais, quadrinhos, 
quadros, etc. 
 
A ideologia dos bibliotecários e técnicos jamais deve se impor às demandas da comunidade. Não é 
possível falar aqui em imparcialidade ou neutralidade, mas entendemos que a formação de 
coleções é um trabalho compartilhado e, por isso mesmo, as diferenças devem ser respeitadas e 
contempladas no processo de formação. 
 
 
Um conceito fundamental para a formação e desenvolvimento de coleções é o de bibliodiversidade. 
Termo bastante usado pelas editoras independentes, ele significa a diversidade cultural no mundo dos 
livros. A bibliodiversidade defende um equilíbrio das publicações, e para que isso aconteça não pode 
haver monopólios financeiros e nem predominância cultural de alguns. As bibliotecas devem assegurar 
que suas coleções contemplem a diversidade cultural o máximo possível. Sugerimos, como exemplo, 
que as coleções incluam, em suas políticas de aquisição, textos de autores “marginais” e indígenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 - A bibliodiversidade. 
Fonte: http://navegacoesnasfronteirasdopensamento.blogspot.com.br/2014/11/declaracao-
internacional-de-editores-e.html 
 
 Atualização 
 
Este é um requisito básico e deve ser sempre monitorado, porque na contemporaneidade as coisas 
mudam muito rápido, e por isso a biblioteca deve estar atenta para que a coleção acompanhe, na 
medida do possível, essas mudanças. Essa atualização refere-se tanto ao conteúdo quanto aos 
formatos de publicação. Lembre-se de que o leitor de dez anos atrás não é o mesmo leitor de hoje, 
e em dez anos o leitor de hoje poderá não existir mais. Portanto, as coleções devem acompanhar e 
até se antecipar às demandas de leituras das comunidades. 
 
 Integração 
 
Já sabemos que a coleção deve estar integrada à comunidade, e naturalmente, a integração 
também deve existir entre os temas e suportes. Essa complexa integração pode ser construída e 
verificada em alguns pontos que servem de referência para formalizar a integração entre demanda, 
conteúdos temáticos e mídias. Leia, a seguir, alguns desses pontos: 
 
Os materiais da coleção devem, na sua maioria, ser escritos na língua em que fala a 
comunidade. Assim, no Brasil, devem ser priorizadas coleções em língua portuguesa. Porém, 
se a biblioteca estiver localizada numa comunidade indígena, a prioridade deve ser a língua 
dos falantes daquela comunidade. 
Um fator essencial para a integração é a linguagem dos materiais (textos, sons, imagens). A 
linguagem dever ser compatível com os diferentes níveis de alfabetização e letramento dos 
leitores. 
Se a coleção está sendo formada de acordo com as demandas, então está claro que a coleção 
vai ao encontro dos interesses dos leitores, mas a biblioteca sempre pode contribuir com algo 
mais. A biblioteca, muitas vezes, pode perceber algo antes que a comunidade e sugerir 
materiais que, mesmo que ainda não conhecidos pelos leitores, guardam em si uma 
contribuição potencial a esses leitores. Essas contribuições, muitas vezes, são fruto de 
pesquisas da biblioteca, que propondo uma antecipação, colabora com a inovação da 
coleção. 
 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
 Orçamento 
 
Nenhuma biblioteca sobrevive sem sustentabilidade financeira, por isso é importante que a 
comissão busque alternativas de incrementar o orçamento para que as políticas de formação e 
desenvolvimento de coleções não fiquem prejudicadas. 
 
Dependendo do tipo da biblioteca, é possível que haja um plano orçamentário que dê sustentação à 
biblioteca. Isso acontece, normalmente, em algumas bibliotecas universitárias, escolares, públicas e 
especializadas. No caso das bibliotecas comunitárias, o orçamento já é mais difícil de ser construído, 
porque vai depender da ajuda da comunidade, de empresas patrocinadoras e de concorrência em 
editais públicos e privados. Isso requer, da equipe, uma constante busca por captação de recursos 
financeiros. E mesmo em bibliotecas que já tenham um planejamento orçamentário, aconselhamos 
que sempre se busque outras formas de captação para incrementar o orçamento. Afinal, quanto 
mais recursos, mais melhorias a equipe pode promover nas bibliotecas, e isso inclui a formação e o 
desenvolvimento das coleções. 
 
Nenhuma biblioteca sobrevive sem sustentabilidade financeira 
 
No caso das bibliotecas escolares, algumas escolas mantêm as bibliotecas nos seus planos 
orçamentários. Mas isso acontece principalmente em escolas da rede privada de ensino. No caso 
das bibliotecas de escolas públicas, existem alguns planos governamentais que favorecem a 
ampliação das coleções nas bibliotecas escolares. Entre eles está o PNBE (figura 13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 - alguns livros do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) 
Fonte: www.google.com.br/search?q=pnbe+biblioteca+da+escola&biw=1366&bih= 
667&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAmoVChMIrZT1xY6YyQIVhEGQCh13r
wlL#imgrc=LHoTCificXBo4M%3A 
 
O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), desenvolvido desde 1997, tem o objetivo de promover o 
acesso à cultura e o incentivo à leitura nos alunos e professores por meio da distribuição de acervos de 
obras de literatura, de pesquisa e de referência. O atendimento é feito em anos alternados: em um ano são 
contempladas as escolas de educação infantil, de ensino fundamental (anos iniciais) e de educação de 
jovens e adultos. Já no ano seguinte são atendidas as escolas de ensino fundamental (anos finais) e de 
ensino médio. Hoje, o programa atende de forma universal e gratuita todas as escolas públicas de educação 
básica. 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
Talvez você esteja se perguntando se apenas o bibliotecário deve tomar as decisões em relação às 
políticas de formação e desenvolvimento de coleções. A resposta é não. As decisões devem ser 
avaliadas e feitas por uma comissão, porque acreditamos que uma decisão coletiva pode trazer 
mais benefícios para a resolução dos problemas. 
 
A formação e avaliação de coleções devem ser 
coordenadas por uma comissão formada por 
membros da biblioteca e da comunidade. 
Assim, algumas questões podem ser 
planejadas e pensadas por essa comissão, tais 
como: 
 
 Periodicidade do inventário da coleção para verificar 
possíveis perdas. 
 Análise dos materiais que devem ser descartados ou 
recuperados. 
 Verificação e acompanhamento da demanda 
reprimida, que é aquela que indica os títulos 
procurados pelos leitores, mas que não existem na 
biblioteca. 
 Proposição dos critérios utilizados e das políticas 
específicas que envolvem todo o processo de 
formação e desenvolvimento de coleções. 
 Avaliação constante do processo de formação e 
desenvolvimento de coleções. Essa avaliação deve 
compreender os processos técnicos, a integração, a 
atualização, a diversidade, as demandas e o impacto 
da coleção na comunidade. 
 
O impacto da coleção na comunidade deve ser verificado 
periodicamente. Essa avaliação pode ser feita por meio de 
consultas às pessoas da comunidade. 
 
Assim, entendemos que as equipes das bibliotecas devem, constantemente, buscar alternativas 
para que as coleções fiquem sempre atualizadas e integradas com a comunidade. 
 
Os temas aqui apresentados devem, naturalmente, fazer parte da política de formação e 
desenvolvimento de coleções. Além de ajudarem na formação da coleção, são essenciais para 
subsidiar a avaliação da coleção. Assim, quando a comissão resolver fazer a avaliação, o 
planejamento pode ser feito a partir das seguintes perguntas: 
 
As coleções estão integradas com a comunidade? 
As coleções compreendema diversidade cultural da comunidade? 
O desenvolvimento das coleções está assegurado por um plano de captação de recursos? 
Há um plano de conservação e preservação das coleções? (você estudará esse conteúdo em 
disciplina específica). 
As coleções estão respondendo às demandas da comunidade? Aqui, o documento que 
contém os resultados da pesquisa com a comunidade pode servir como base (falamos sobre 
esse documento na primeira competência). 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
As manifestações culturais podem ser conceituadas a partir de cinco referências: diversidade, 
dinamismo, conflito, identidade e espontaneidade. Entender a diversidade cultural é entender e 
aceitar o outro. 
 
 
Espero que, até aqui, as coisas estejam claras para você. Agora, passaremos à terceira competência, 
que vai te orientar a empreender, na prática, a formação de uma coleção. 
 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
O ano da leitura mágica, de Nina Sankovitch. Neste livro, a protagonista impõe a si mesma um desafio: 
ler um livro por dia durante um ano. Ao final de um ano, ela formou uma coleção com os livros lidos e 
registrou os títulos da coleção no final da obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 - o ano da leitura mágica 
Fonte: www.universoliterario.com.br/2014/03/resenha-o-ano-de-
leitura-magica-nina.html 
 
 
 
 
É hora da revisão! 
 
 
Caro cursista, ao término da nossa segunda competência vimos que a avaliação é uma etapa do 
processo de desenvolvimento de coleções que verifica se a biblioteca cumpre o seu papel como 
equipamento educacional e cultural, servindo de interface do usuário com a informação. Devemos 
sempre nos perguntar: Será que a biblioteca cumpre os objetivos institucionais e oferece bons 
serviços à comunidade? Qual o valor da eficácia e do uso das coleções? A avaliação também deve 
subsidiar decisões sobre o uso do espaço físico e otimização da coleção. Alguns pontos importantes 
devem ser lembrados por você: 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 A avaliação de coleções identifica pontos fortes ou fracos da coleção, com vistas às 
possibilidades de substituições, acréscimos, melhorias e atualizações para melhorar a 
disponibilidade e acesso às coleções. 
 
 A avaliação de coleções requer análise crítica quando à diversidade do acervo, sua 
atualização e a integração dos recursos de informação com a comunidade leitora. 
 
 Ao avaliarmos uma coleção estamos avaliando também os métodos de seleção adotados 
pela instituição mantenedora da biblioteca, sendo esta parte integrante do planejamento e das 
políticas de seleção. Os métodos, técnicas e critérios de seleção não são eternos e devem sempre 
estar em avaliação, pois o mundo muda e os usuários também! 
 
 As avaliações de coleções precisam ter critérios claros e bem definidos, todos eles acordados 
em conjunto com a equipe de trabalho da biblioteca. Podemos estudar sobre os usuários da 
biblioteca e suas necessidades de informação através da aplicação de questionários, buscando 
também informações sobre o número de exemplares e a atualização da coleção. Outra dica é usar 
dados estatísticos para verificar a frequência de empréstimos, reservas e circulação dos itens do 
acervo, sinalizando as demandas de uso desses materiais, e por fim, desenvolver estudos sobre a 
comunidade geral à qual a biblioteca serve para que se possa definir o perfil ideal das coleções. 
 
 
 
 
Refletindo a competência 2 com Arte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
3.Competência 03 | Empreender a Formação de uma Coleção para uma 
Determinada Comunidade de Leitores 
 
Agora chegou a hora de você colocar a mão na massa! Vamos empreender a construção de uma 
pequena coleção. Conforme falamos no texto de abertura da competência, cada aluno deverá 
escolher uma comunidade. Então, você pode optar por uma escola, alguma casa de moradia (sua 
própria casa), uma igreja, uma associação, um escritório corporativo ou particular, um website, etc. 
 
A coleção pode ser composta por livros (impressos ou digitais), periódicos, DVDs, Blu-Rays, 
gravuras, quadros, partituras musicais, selos, provas de concursos, instrumentos musicais, CDs, 
discos de vinil, filmes e músicas para download, etc. 
 
O primeiro passo, conforme já vimos, é investigar a comunidade para conhecer suas reais 
necessidades de informação. Assim, você pode perguntar que tipo de biblioteca as pessoas querem. 
Se essa etapa for possível de fazer, será ótimo, mas se não for possível, mediante o pouco tempo 
disponível para a atividade, sugerimos que você comece a partir de uma coleção já existente, 
mesmo que pequena, e, que, em caso de ampliação, recorra a doações, para evitar gastos 
financeiros. 
 
Sendo assim, em primeiro lugar, você deve definir o lugar e prepará-lo para receber a coleção. 
Preparar significa ter espaço para armazenar a coleção, e espaço para receber leitores. No caso de 
bibliotecas digitais, deverá ter espaço para armazenar os conteúdos e meios de atender aos 
leitores. Isso significa ter uma infraestrutura básica de informação e comunicação. 
 
A partir da escolha dos lugares e do tipo de coleção, você deve focar agora a comunidade que será 
atendida. Assim, converse com as pessoas que serão potenciais leitoras da sua coleção. A pergunta 
básica é: 
 
Qual biblioteca você quer? 
 
A partir das respostas, direcione a sua coleção para aproximá-la da sua comunidade, promovendo 
assim a integração. Lembre-se de que essa comunidade pode ser bem pequena, por exemplo, a sua 
família, ou seu círculo de vizinhos. 
 
Em seguida, a coleção deve ser minimamente organizada para atender a essa comunidade. Lembre-
se das disciplinas de classificação e catalogação. Assim, você deve separar e classificar fisicamente 
os materiais da coleção para que possam ser mais facilmente localizados pelas pessoas. 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
Caso sua coleção já exista, e/ou não houver recursos para formar uma coleção a partir das demandas, 
você pode ir direto para a etapa de organização (catalogação, classificação, indexação). 
 
 
 
A catalogação pode ser feita manualmente, em fichas, ou numa pequena base de dados construídas 
em programas baixados gratuitamente na internet. 
 
 
Alguns exemplos de programas gerenciadores de bibliotecas são: PHL, BibLivre (gratuitos), e 
Pergamum e Sophia (pagos). Você poderá se aprofundar mais sobre esse conteúdo durante a 
disciplina de AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS. 
 
 
Lembre-se de que a coleção deverá, posteriormente, ficar à disposição de uma comunidade de 
leitores, por isso, é necessário que a organização seja feita pensando nessa comunidade. 
 
Algumas coisas não podem ser esquecidas nessa etapa, e aqui listarei algumas, porque considero 
que são essenciais ao processo de formação de coleções: 
 
As pessoas são diferentes, por isso um mesmo livro (ou outro item bibliográfico), pode ter 
impactos diferentes em leitores diferentes. 
As pessoas mudam. O mundo vive em constante mudança social, cultural e tecnológica, e essas 
mudanças influenciam diretamente as pessoas. Os leitores de hoje serão diferentes dos leitores 
de amanhã. Por isso, as bibliotecas e suas coleções devem estar em constante reinvenção. 
A produção de informação não para, e a velocidade de produção bibliográfica é gigantesca. Por 
ser configurada como um espaço de memória e formação, a biblioteca é um espaço de conflito 
entre tradição/inovação. Novos títulos devem ser agregados à coleção, porém os clássicos devem 
sempre ser preservados. Uma sugestão é agregar à coleção alguns clássicos que são reeditados 
com nova encadernação, com ilustrações e outros conteúdos que tornam a leitura ainda maisinteressante. 
 
A seguir, vamos listar algumas dicas de como proceder nas atividades de organização da coleção: 
 
O tombamento: O tombo é o registro de entrada do item na coleção. Assim que ele chega, deve ser 
incorporado por meio do processo de tombamento, que pode ser uma numeração sequencial. Esse 
número é o registro que vai identificar que o item é pertencente à coleção. Algumas bibliotecas 
criam um carimbo de identificação com o nome da biblioteca e o número de tombo do livro. Os 
sistemas gerenciadores de bibliotecas fornecem, no momento, da catalogação, o número de tombo. 
Se você fizer o tombamento manualmente veja um exemplo de como deve ser feito na figura 15. 
 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 - modelo de livro de tombo 
Fonte: http://pt.slideshare.net/sebanna/curso-de-auxiliar-de-biblioteca 
 
 
Entenda alguns campos do registro de tombo, conforme exemplo acima: 
 
N° Número de tombo 
Data Data de aquisição 
Autor Autoria da obra 
Título Título da obra 
V Volume (se a obra for dividida em volumes) 
Local Local de publicação da obra 
Ed Casa que publicou a obra 
Data Ano de publicação da obra 
Aqui Tipo de aquisição (compra, doação ou permuta) 
Ex. Exemplar da obra (a biblioteca pode ter mais de um exemplar da obra) 
Lin Língua em que está escrita a obra. 
Obs Observações gerais (descarte, baixa, etc.) 
 
A classificação: primeiramente separe os itens por assuntos genéricos (maiores), e depois vá 
subdividindo esses itens por assuntos mais específicos (menores). Procure juntar itens similares, 
itens que têm mais de um exemplar e itens que guardem alguma relação entre si. Armazene-os de 
maneira lógica, o que significa armazená-los por semelhança. Lembre-se de que a classificação 
guarda uma lógica de semelhanças e diferenças, assim, por exemplo, numa coleção de filmes, você 
pode organizá-los por gêneros (terror, ação, drama, comédia, fantasia, etc.), ou por autoria, 
classificando os filmes por sobrenome de diretor. Ao separá-los, o próximo passo é identificar os 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
conjuntos e subconjuntos por algum código. 
 
Assim, por exemplo, numa videoteca, os filmes de terror podem ser identificados com a cor preta e 
os filmes de comédia podem ficar com a cor azul. Então os filmes de cor preta estarão agrupados e 
representarão o gênero TERROR. Para isso, sugerimos que, na parte visível de cada item cole um 
adesivo (ou uma fita de tecido colorido) da cor de cada gênero. Esta é uma sugestão que foi 
escolhida apenas para que você entenda a sistemática de separação por semelhanças e diferenças. 
Você pode utilizar muitos outros recursos, como códigos da CDD, ícones, figuras, etc. 
 
 
 
A classificação pode ser bem simples e de fácil entendimento. Os assuntos podem ser identificados por 
cores ou ícones. 
 
 
A catalogação: Depois de organizado por classificação, os itens da coleção devem ser catalogados. 
Esse processo é importante porque facilita a localização de qualquer item da coleção. Assim, como 
você já viu em disciplina específica, catalogar é registrar os dados essenciais do item numa ficha 
manual ou num programa específico para bibliotecas. Se a sua coleção, para esta disciplina, for 
muito pequena, é recomendável usar fichas, onde você descreverá o item e fará a associação desse 
item com a classificação que lhe foi previamente atribuída. Uma vez classificado, o item terá um 
lugar na coleção, e a catalogação remeterá os dados do item para aquele lugar. Ainda no exemplo 
da coleção de filmes, o filme de terror O ILUMINADO, do diretor Stanley Kubrick, recebeu a cor 
PRETA, e seu lugar na prateleira, portanto, será com os itens de cor preta, que representa o gênero 
TERROR. 
 
No momento da catalogação, o item será descrito por título (o Iluminado), autor (Stanley Kubrick), 
gênero (terror), e cor preta. Para individualizar ainda mais, acrescente ao adesivo de cor preta, as 
três primeiras letras do sobrenome do diretor. Dessa maneira, o item ficará agrupado com os 
demais na cor preta, porém as letras KUB darão ao filme um status de quase único, porque pode ser 
que aquele seja o único filme de terror com essas letras. Esse método apenas sofre alguma 
alteração quando um diretor tem a responsabilidade de vários filmes de terror. Nesse exemplo, 
podemos citar o diretor WES CRAVEN, que numa suposta coleção de filmes, poderia ter vários 
títulos agrupados e, portanto, vários filmes com as letras CRA no agrupamento de cor preta. Nesse 
caso, você pode acrescentar a primeira letra do título do filme, para individualizar o item na 
coleção. 
 
 
Wes Craven dirigiu alguns filmes como Quadrilha de Sádicos, Pânico1, Pânico 2, etc. que 
poderiam ficar identificados como CRA Q (para quadrilha de sádicos), CRA P1 (para Pânico 1), 
CRA P2 (para Pánico 2). No campo LOCAL (ou classificação) da planilha de catalogação, seriam 
colocados esses códigos. Assim, quando o leitor acessasse a ficha, poderia imediatamente saber a 
localização do item na coleção. 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
Veja um modelo de ficha manual para o item QUADRILHA DE SÁDICOS: 
 
Tombo 001 
Autor Craven, Wes 
Título Quadrilha de Sádicos 
Título 
original 
The Hills Have Eyes 
Dados de 
lançamento 
EUA, 1978 
Formato Blu-Ray 
Palavras-
chave 
Terror. Filmes de Terror. 
Notação CRA Q 
Exemplar 1 
Notas Um remake do filme foi lançado em 2006, dirigido por Alexandre Aja, com o título 
VIAGEM MALDITA. Não consta na coleção. 
 
Você pode fazer a catalogação num sistema de base de dados. Na figura 16 mostramos o modelo de 
um registro bibliográfico feito no BibLivre, que é um programa gratuito de gerenciador de 
bibliotecas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 - modelo de um registro no sistema BIBLIVRE. 
Fonte: https://bibblogger.wordpress.com/2015/06/08/acesso-ao-catalogo-do-biblivre/ 
 
As palavras-chave: Na planilha de catalogação deve haver um espaço para registrar as palavras-
chave que melhor representem o item na coleção. Na biblioteconomia chamamos essas palavras de 
DESCRITORES, porque, além de serem palavras que descrevem o conteúdo do item, também são 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
palavras controladas por um vocabulário. 
 
 
Vocabulários controlados podem ser taxonomias, folksonomias, ontologias. Os mais utilizados em 
bibliotecas são os tesauros. 
 
 
 
Na terminologia essas palavras são denominadas de TERMOS, porque são retiradas de dicionários 
de terminologia. 
 
 
Os dicionários de terminologia são sempre especializados numa determinada área do 
conhecimento. Existem dicionários terminológicos de Direito, Física, Eletrônica, Nutrição, etc. 
 
 
No nosso caso, como se trata de palavras de uso livro do discurso, a princípio sem controle, vamos 
chamar de PALAVRAS-CHAVE. Da mesma forma que acontece com os códigos, as palavras-chave 
agrupam um conjunto de itens semelhantes e auxiliam na recuperação da informação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 - Nuvem de palavras-chave. 
Fonte: http://blog.boo-box.com/publishers-2/pimp-your-blog/aproveite-todo-o-poder-das-palavras-chave-para-
o-seu-conteudo/ 
 
Caso você tenha decidido implantar uma biblioteca digital, o processo de palavras-chave é ainda 
mais importante. Nesse caso, como não é possível identificar os itens por etiquetas, é necessário 
descrevê-los com palavras-chave (e metadados) e criar diretórios que agrupem os itens por 
semelhanças. 
 
 
Metadados são recursos que incluem dados sobre o item da coleção, e facilitam sua localização 
nas bibliotecas digitais. Diretórios são recursos que organizam e classificam os conteúdospor 
categorias e subcategorias. Sugerimos que, caso seja de interesse, você pesquise mais sobre o 
assunto. 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
A acessibilidade: consideramos importante que a biblioteca sempre pense na acessibilidade a todas 
as pessoas. Para seguir o conceito de acessibilidade e inclusão, os espaços devem estar preparados 
para receber todas as pessoas. Sabemos que, por uma série de razões, muitas vezes isso não é 
possível, mas pequenas ações, e, às vezes, sem custo algum, podem trazer muitos benefícios. As 
bibliotecas são construídas para todas as pessoas, e por isso mesmo, os seguintes detalhes devem 
ser observados: 
 
Rampas de acesso (se necessário) 
Elevadores (se necessário) 
Pisos táteis 
Orientações em BRAILE 
Correta condução de pessoas cegas pelos espaços 
Ações culturais com tradução simultânea em LIBRAS 
Espaços dimensionados e preparados para cadeirantes 
 
 
 
LIBRAS é a língua brasileira de sinais. É usada pela maioria dos surdos (veja figura 18) 
BRAILE é um sistema de leitura para cegos. Foi criado pelo francês Louis Braille no século XIX 
(veja figura 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18 - Língua Brasileira de Sinais 
Fonte: www.contagem.mg.gov.br/?hs=303766&hp=811069 
 
No caso específico de coleções, as bibliotecas devem incluir nas suas políticas de seleção e aquisição 
itens acessíveis como: 
 
Livros em Braile 
Audiolivros 
Livros em letras grandes para pessoas com baixa visão 
Etiquetas de notação (classificação) em braile 
Programas de voz, em caso de bibliotecas digitais 
Audiodescrição da informação 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19 - Alfabeto Braille 
Fonte: http://camaradeparaguacu.mg.gov.br/escola/cursos/braille-basico/ 
 
Portanto, se o seu projeto para esta disciplina é criar uma pequena coleção para pessoas com 
deficiência, atente para esses detalhes. 
 
Por fim, a coleção pode ser etiquetada e armazenada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 20 - uma coleção pronta para receber seus leitores. 
Fonte: www.totalmentein.com/tag/biblioteca-pequena-em-casa/ 
 
 
SAIBA MAIS 
Para que você se inspire, sugerimos ver o vídeo do projeto IDEAS BOX, criado pelos BIBLIOTECÁRIOS 
SEM FRONTEIRAS. Acesse o vídeo aqui: 
www.youtube.com/watch?v=3qPbky8XiQc 
 
 
 
Trata-se de caixas itinerantes que contém itens de bibliotecas (figura 21). Após ser aberta, a coleção 
de caixas permite montar uma biblioteca em até 20 minutos. 
 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
A coleção contém os seguintes itens: 
 
Conexão: acesso à internet 3G ou 4G. 
Tecnologia da Informação: 15 a 20 tablets, 5 laptops e um servidor de internet. 
Aprendizagem: 250 livros impressos, 50 e-readers, milhares de e-books, aplicativos educacionais, 
wikipedia, Khan Academy. 
Cinema: 1 TV HD, projetor, 100 documentários e filmes. 
Jogos: de tabuleiro e vídeo games. 
Artes: palco para apresentações musicais e teatrais. 
Criação: 5 câmeras, softwares de vídeo e de design gráfico, scanner para criação, materiais de 
desenho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 21 - IDEAS BOX 
Fonte: http://ewbusa-smu.org/ideas-box/ 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 Para conhecer mais sobre os bibliotecários sem fronteiras, acesse: www.librarieswithoutborders.org/ 
 
 
 
 
No momento em que a coleção está classificada, catalogada, armazenada, consideramos que já está 
pronta para o uso. Aqui, então, começa a etapa que chamamos de serviço de referência ao 
usuário/leitor. Essa etapa será apresentada em disciplina específica, ainda neste curso. 
 
Findamos aqui nossa conversa. Espero que as informações apresentadas ao longo destas semanas 
tenham contribuído para a expansão dos seus conhecimentos. Desejo a você um bom trabalho, e 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
que suas coleções tragam ótimos resultados na vida das pessoas. 
 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Escritores da Liberdade, com Hilary Swank, e direção de Richard LaGravenese. Alemanha/EUA, 2007. 
Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, a professora Erin Gruwell 
combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula e os livros façam a diferença na vida 
dos estudantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 22 - Escritores da Liberdade 
Fonte: http://socializandofilmes.blogspot.com.br/search/label/Livros 
 
 
 
 
 
É hora da revisão! 
 
 
Caro cursista, terminando a terceira competência, trazemos a você um panorama geral sobre os 
processos de formação e desenvolvimento de coleções para uma comunidade de leitores. 
Certamente, estas informações serão úteis para a atividade que você vem desenvolvendo desde o 
início da nossa disciplina e que tem sua culminância nesta última semana. Atente às seguintes 
perguntas que deverão ser atendidas para um bom desenvolvimento de coleções: 
 
 QUEM? (Estudo da comunidade). Trace o perfil da comunidade que será atendida, 
identificando quem são as pessoas que frequentam a biblioteca e quais as necessidades e interesses 
deste público. Ter estas informações vai lhe ajudar a planejar os serviços de informação com mais 
consistência (veremos mais sobre estes serviços em disciplina do próximo módulo). 
 
 COMO? (Políticas de Desenvolvimento de Coleções - PDC). Elabore um plano para registrar 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
todas as etapas do processo de desenvolvimento de coleções. Registre os critérios adotados pela 
biblioteca para seleção e aquisição de materiais. O PDC é um documento que deve ser planejado 
por uma comissão composta por pessoas tanto da biblioteca quanto da comunidade ou instituição 
mantenedora. Pense na missão e nos objetivos da biblioteca que deverão estar em harmonia com a 
instituição mantenedora. No caso de uma biblioteca comunitária, por exemplo, a biblioteca deve 
auxiliar as ações e objetivos delineados pela associação dos moradores local (educação, lazer e 
identidade cultural primordialmente). Pense também nas etapas de processamento técnico dos 
livros e registro de patrimônio (livro de tombo, sistema computadorizado, etc.). Por exemplo, será 
preciso uma catalogação formal? Neste caso, qual código de classificação utilizar? AACR2? Qual o 
nível de descrição é suficiente na catalogação? Que código de classificação usar? Classificar os 
assuntos de forma geral ou mais específica? É necessário desdobrar a classificação em graus mais 
complexos (detalhados)? Qual o tipo de indexação usar? Qual o tipo de linguagem? É necessário 
usar vocabulário controlado para controle dos termos de indexação? Pense na realidade do seu 
usuário! 
 
 O QUE? (Seleção e Aquisição). É o momento de determinar os itens que vão compor o 
acervo através dos critérios estabelecidos pelo PDC, considerando as exigências dos usuários e, não 
menos importante, o orçamento disponível (em tempos de crise, é fundamental atenção ao 
planejamento dos gastos com o menor impacto negativo possível para a biblioteca e seus usuários). 
Os materiais selecionados deverão estar coerentes com a comunidade e a instituição mantenedora. 
Por exemplo, para uma biblioteca de Artes, não haveria muita serventia ter um livro sobre biologia 
molecular no acervo, tampouco listas telefônicas, agendas antigas ou documentos do tipo. 
Biblioteca não é antiquário nem depósito de inutilidades. Geralmente as aquisições se dão por 
compra, doação ou permuta. A seleção de materiais exige pesquisa e estudo sobre as obras que 
serão selecionadas. Um erro muito comum é se deixar influenciar por gostos pessoais ou apelos do 
mercado editorial. Registre uma lista dos livros e materiais de informação que abiblioteca almeja 
adquirir (chamada de lista desiderata) e encaminhe para a comissão responsável pela avaliação da 
coleção. A comissão de seleção e aquisição também poderá se guiar por sugestões dos usuários e 
instrumentos de coleta de dados (questionários, entrevistas) para obtenção de parâmetros de 
dados quantitativos e qualitativos sobre o acervo. No caso de aquisição por doação, o recebimento 
dos novos livros e demais materiais deverá ter respaldo legal por documentos assinados pelo 
doador, no qual compromete-se a aceitar as diretrizes normativas que constam na PDC da 
biblioteca. 
 
 POR QUÊ? (Avaliação). Aqui é a prova de fogo. Todos os esforços para a formação do acervo 
serão testados nesta última etapa. A avaliação para Lancaster (1996, p. 20) “[...] pode ser feita com 
o objetivo de melhorar as políticas de desenvolvimento de coleções, melhorar as políticas 
relacionadas com períodos de empréstimos e taxas de duplicação, ou embasar decisões 
relacionadas com o uso do espaço”. Proceda a avaliação das coleções em períodos pré-
determinados até mesmo para detectar se há algum erro nos critérios de seleção de materiais. 
Chame os usuários para esta etapa! De tempos em tempos, certamente o acervo tenderá a crescer, 
pois as necessidades de informação dos leitores mudam e os livros estocados não acompanham 
essas dinâmicas. Outras obras, contudo, permanecem, pois são clássicos atemporais da 
humanidade (leia o texto “O que Rejeitar ou Conservar em uma Biblioteca?” de Philippe Willemart 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
disponível como texto de apoio da competência 3). Para os livros combatentes de guerra não mais 
consultados, cumpridores de sua nobre função informativa, é hora de pensar no desbastamento 
(procedimento de identificação dos livros poucos utilizados ou desgastados do acervo, recolocando-
os para outros locais) ou no descarte (exclusão definitiva do acervo). Atenção: sensibilidade e bom 
senso são fundamentais para essas ações pois nem tudo é repasse técnico e operacional. Decidir o 
que rejeitar ou conservar em uma biblioteca requer uma dimensão sensível à formação humana de 
seus leitores, permitindo-lhes conhecer a cada livro, um mundo novo. 
 
Estas são as etapas para formar e desenvolver uma coleção na biblioteca. Você pode adaptá-las 
segundo as necessidades dos seus leitores e da comunidade do entorno. Boas bibliotecas 
funcionam com boas ideias. 
 
 
Refletindo a competência 3 com Arte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acesse esta música com letra animada através do link: 
 https://www.youtube.com/watch?v=NWM2C4Luq2c 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
Conclusão 
 
Terminamos aqui este caderno. Acredito que você, após as leituras dos textos e a produção das 
atividades descritas ao longo da disciplina, tem os conhecimentos e as competências básicas para 
dialogar e refletir sobre a formação e o desenvolvimento de coleções em qualquer espaço de 
informação, memória e cultura. As questões aqui discutidas podem te ajudar a planejar um serviço 
de coleções de acordo com a sua comunidade de leitores e usuários. Há inúmeras possibilidades de 
coleções e leitores, por isso é necessário que você, caro cursista, a partir das informações aqui 
apresentadas, desenvolva sempre novos saberes. O que foi apresentado aqui é apenas um 
fundamento básico nesse campo de conhecimento. Meu conselho é que você se mantenha sempre 
atualizado, porque as coisas mudam constantemente, e, por isso, você deve sempre procurar novos 
caminhos de aprendizagem ao longo da sua vida profissional. 
 
A informação está nas pessoas, e está no mundo, mas o conhecimento tem que ser construído a 
partir dessa avalanche de informações. Desejo que você busque suas informações nesse vasto 
mundo e que, a partir delas, construa seu mundo de conhecimentos. Um profissional da informação 
que se apropria de informações e produz seu conhecimento tem mais facilidade de entender e 
informar o seu leitor/usuário. Por isso, desejo que você nunca interrompa sua busca por 
informações. O conhecimento, uma vez apropriado, pode ser uma referência para a procura de 
informações do seu usuário/leitor. Acredito que o papel principal de um profissional da informação 
é compreender o mundo, as pessoas, e o conhecimento produzido pelas pessoas desse mundo. E 
entenda que você, as suas referências, e o seu usuário/leitor são pessoas e conhecimentos que 
constituem o seu mundo. 
 
Finalizo este caderno com um trecho do Poema de Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade: 
 
 
“Mundo, mundo vasto mundo 
 
Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. 
 
Mundo, mundo, vasto mundo, 
 
Mais vasto é meu coração. ” 
 
 
Desejamos muito sucesso em sua vida profissional. 
 
Um abraço cordial! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
Referências 
 
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001. 
 
GULLAR, Ferreira. Melhores poemas. 7. ed. São Paulo: Global, 2004. 
 
IBGE: Brasil em síntese. Disponível em: <http://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao.html> Acesso 
em 01 nov. 2015. 
 
LANCASTER, F. W. Avaliação de serviços de bibliotecas. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros, 1996. 
 
MIRÓ. aDeus. 3. ed. Recife: Mariposa Cartonera, 2015. 
 
NEVES, I. C. B.; MORO, E. L. da S.; ESTABEL, L. B. (orgs.). Mediadores de Leitura na 
Bibliodiversidade. Porto Alegre: Evangraf; SEAD; UFRGS, 2012. 
 
PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA. Disponível em: <http://pacto.mec.gov. 
br/o-pacto> Acesso em 01. Nov. 2015. 
 
RANGANATHAN, S. R. As cinco leis da biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos / Livros, 2009. 
 
RODRÍGUEZ SANTA MARIA, Gloria Maria. As bibliotecas públicas que queremos. São Paulo: 
Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Unidade de Bibliotecas e Leitura; SP 
Leituras, 2013. 
 
SANKOVITCH, Nina. O ano da leitura mágica. São Paulo: Leya, 2011. 
 
VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções São Paulo: APB: Polis, 1989. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
Bibliografia sugerida para estudo 
 
LANCASTER, F. W. Avaliação de serviços de bibliotecas. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros, 1996. 
 
VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções. São Paulo: APB: Polis, 1989. 
 
______ . O futuro das bibliotecas e o desenvolvimento de coleções: perspectivas de atuação para 
uma realidade em efervescência, Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 93 - 107, 
jan./jun.1997. Disponível em:< 
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/629/413 >. Acesso em 01 jan. 
2016. 
______ . Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos 
informacionais, Ci. Inf., Brasília, DF, v. 22 n.1, p.13-21, jan./abr. 1993. Disponível em:< 
http://revista.ibict.br/index.php/%EE%80%80ciinf%EE%80%81/article/viewFile/1208/849 >. Acesso 
em 01 jan. 2016. 
 
WEITZEL, Simone. O desenvolvimento de coleções e a organização do conhecimento: suas origens e 
desafios, Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 61 - 67, jan./jun. 2002. Disponível em:< 
http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/11/pdf_929fb1f298_0012875.pdf >. Acesso em 01 jan. 
2016. 
 
______ . Elaboração de uma política de desenvolvimento de coleções em bibliotecas 
universitárias. Rio de Janeiro: Intertexto, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
Minicurrículo do Professor 
 
Lourival Pereira Pinto 
 
 
 
 
 
 
É Doutor em Ciência da Informação pela USP (2009), Mestre em Ciências da Comunicação pela USP 
(2005), bibliotecário pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1993). Foi docente 
do curso técnico em biblioteconomia

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