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aula03_recurso01_direito_constitucional_relac_int_23082013

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AULA 03 – RECURSO 1
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: CLASSIFICAÇÕES
Complementando o estudo da Constituição Federal e suas classificações, necessário consignar:
QUANTO À ORIGEM
Populares, democráticas, promulgadas ou votadas. Elaboradas por um órgão constituinte composto de representantes legitimamente eleitos pelo povo. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.
Outorgadas. Elaboradas sem a participação de representantes legitimamente eleitos pelo povo, sendo impostas pelo governante. Exemplos: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969, outorgadas, respectivamente, pelo Imperador Dom Pedro I, pelo ditador Getúlio Vargas, pelo regime militar de 1967 e por uma Junta Militar em 1969.
QUANTO À ESTABILIDADE, MUTABILIDADE, CONSISTÊNCIA OU ALTERABILIDADE
As Constituições não são textos imutáveis. Devem conter dispositivos que possibilitem a alteração de suas normas de acordo com as modificações exigidas pela dinâmica social. Caso contrário, a ordem constitucional seria rompida sempre que houvesse a necessidade de alteração de uma norma específica, mesmo que de menor importância.
Rígidas. Exigem um procedimento especial de alteração dos preceitos constitucionais mais rigoroso que o das demais normas infraconstitucionais. Exemplos: Constituição americana e todas as brasileiras republicanas. Pela atual, uma emenda constitucional para ser aprovada precisa de maioria de 3/5 (CF, art. 60, § 2º), enquanto uma lei ordinária é aprovada por maioria simples (art. 47). 
Flexíveis. Não exigem um procedimento especial de modificação. As normas constitucionais podem ser alteradas com o mesmo procedimento das leis ordinárias.
Semirrígidas ou semiflexíveis. Contêm uma parte flexível e outra rígida. Algumas normas constitucionais exigem um procedimento especial de alteração e outras não. Exemplo: Constituição brasileira do Império, art. 178.
Imutáveis ou utópicas. Não estabelecem nenhuma forma de revisão de suas normas, que são perpétuas.
Alexandre de Moraes observa que a Constituição de 1988 pode ser considerada super-rígida, uma vez que só pode ser alterada por um processo legislativo diferenciado, e, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável.
QUANTO AO MODELO OU À SUA EXTENSÃO E FINALIDADES
Constituições-garantia. Modelo clássico. A Constituição estrutura e delimita o poder do Estado, estabelecendo a divisão de poderes e assegurando o respeito aos direitos individuais. Exemplo: Constituição americana.
Constituições-balanço. Modelo adotado pelos juristas soviéticos. A Constituição registraria e descreveria a ordem po lítica, econômica e social existente, refletindo a luta de classes no Estado. A cada novo estágio no rumo da construção do comunismo, uma nova Constituição seria promulgada.
Constituições-dirigentes. A Constituição, além de estruturar e delimitar o poder do Estado, inscreve um plano de evolução política, diretrizes a serem seguidas. Exemplos: Constituição brasileira de 1988, art. 3º; Constituição portuguesa de 1976.
QUANTO AO TAMANHO OU EXTENSÃO
Sintéticas, concisas ou negativas. Dispõem somente sobre os aspectos fundamentais da organização do Estado, bem como sobre seus limites (direitos individuais), em poucos artigos. Exemplo: Constituição americana, com trinta e quatro artigos, sete do texto originário e vinte e sete de emendas constitucionais.
Analíticas, prolixas ou abrangentes. Dispõem sobre diversos aspectos da organização do Estado, abrangendo questões que poderiam ser objeto de leis ordinárias, em inúmeras normas constitucionais. Exemplo: a Constituição brasileira de 1988, após a aprovação de diversas emendas constitucionais, conta com duzentos e cinquenta dispositivos em sua parte permanente e quase uma centena nas disposições transitórias, subdivididos em inúmeros parágrafos, incisos e alíneas. Isso sem mencionar artigos que constam somente do corpo das emendas constitucionais e os que foram acrescentados com a utilização do mesmo número, mas seguidos de letras maiúsculas em ordem alfabética, como os seguintes: 29-A, 146-A e 149-A.
QUANTO À DOGMÁTICA OU À IDEOLOGIA
Ortodoxas ou simples. Influenciadas por uma só ideologia. Exemplo: Constituição soviética.
Ecléticas, complexas ou compromissórias. Influenciadas por ideologias de tendências diversas, resultando de uma fórmula de compromisso entre as forças políticas existentes em determinado momento histórico. Exemplo: Constituição brasileira de 1988. 
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988
Quanto ao conteúdo, é de natureza formal; quanto à forma, escrita; quanto ao modo de elaboração, dogmática; quanto à origem, democrática; quanto à estabilidade, rígida; quanto ao modelo, dirigente; quanto ao tamanho, analítica; e, por fim, quanto à dogmática, é eclética. 
Referências:
PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitos fundamentais. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. (Coleção sinopses jurídicas; v. 17).

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