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Ciência Política

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CIÊNCIA POLÍTICA E BRASIL: DOIS TEMAS DE DEBATE FUNDAMENTAIS
Diego Pessin
Guilherme Vieira
Tatiana Salvi
São Leopoldo
Abril de 2013
 “Artigo Científico entregue ao Prof. Emerson de Lima Pinto como requisito parcial para aprovação na disciplina de Ciência Política”
São Leopoldo
Abril de 2013
2. FORMAS DE GOVERNO: APORTES CLÁSSICOS E APLICABILIDADE HISTÓRICA NO BRASIL
2.1 APORTES CLÁSSICOS
2.1.1. República
 Desde a época de Maquiavel, sabemos que a forma de governo republicano na qual parte do povo elege, através de voto livre e secreto, seu chefe de Estado, tendo seu mandato com duração limitado. Segundo Maquiavel: “a República aparece como oposição à Monarquia’’. Para Rousseau, a República significa a administração da coisa pública, ou seja, o povo era quem escolhia o seu “soberano”, faziam a administração do seu governo. Em Montesquieu, “assume a feição de modo de governar por aquele que detém o poder soberano, o povo”. Em síntese, as características fundamentais da República são as seguintes:
 “- Temporariedade, porque o Chefe de governo e/ou do Estado recebe um mandato fixo, com proibição de reeleições sucessivas em parcela expressiva das repúblicas; ’’
“- Eletividade, porque na República o governante é eleito pelo povo; ’’
“- Responsabilidade, porque o Chefe do governo e/ou do Estado é politicamente responsável, devendo prestar contas de sua orientação política na condução dos destinos do país. ’’
“Hoje em dia, vimos que todos os países do continente americano, exceto o Canadá, são Repúblicas, e em sua maioria, repúblicas presidencialistas.’’ (STRECK; MORAIS, 2006, p. 175)
 Como vimos, a Temporiedade acontece quando o Chefe do governo e/ou Estado recebe um mandato fixo, com proibição de reeleições, ou seja, o “soberano” assume o poder definitivo. Na Eletividade, dizemos que na República o governante é eleito pelo povo, segundo a afirmação Jefferson, as sociedades sem governo são melhores que as monarquias. Vimos que então, muitos preferem a forma de República, onde o povo decide seu sobernao, do que a Monarquia que é um poder hereditário. Para Accioli: “República é a forma de governo por meio da qual é observada a temporariedade do mandato do governante, sua eletividade atavés do voto popular, e sua responsabilidade política” (FIGUEIREDO, 2001, p.62).
“A forma republicana de governo pode igualmente se configurar em direta ou indireta, no que tange ao exercício do poder. Este pode-se dar diretamente, como ocorre, por exemplo, em alguns cantões da Suíça, onde há reunião em assembléia, a fim de que leis sejam diretamente votadas; de outra parte, o povo pode exercer indiretamente o poder nomeando representantes, estes, em nome do povo, exercitarão a soberania”. (FIGUEIREDO, 2001, p.63)
 Hoje em dia, muitos países são Repúblicas, como os Estados Unidos, exceto o Canadá, é um deles, e em sua maioria, são repúblicas presidencialistas, onde o Chefe de Estado tem autonomia sobre o poder, não precisando necessariamente do seu primeiro ministro. Outro caso é o da Inglaterra. 
2.1.2. Monarquia
“O termo monarquia é derivado do grego – monos (de um só) mais arkhein (mando, governo). Significa, portanto, o governo de apenas uma pessoa, no sentido de impor seu mando sobre determinado grupo de outras pessoas perante as quais se impõe”. (FILOMENO, 1997, p. 99)
 Como podemos saber, a Monarquia é um governo de um só, ou seja, de um só supremo, rei, monarca, onde este poder é concentrado na hereditariedade, não havendo eleições, mas sim, posse hereditária, de pai para filho. Quase todos os Estados do mundo adotaram a forma de governo monárquica. Muitos países europeus adotam a monarquia como forma de governo, como, por exemplo, a Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda, Luxemburgo e mais recentemente a Espanha, que restaurou a monarquia após a morte de Franco. Para Marcelo Caetano (2001): “o Parlamento é composto por três elementos: a Coroa, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns”. A Coroa é a instituição que individualiza a unidade do Estado, titularizada pelo rei.
 São as formas clássicas de investidura na monarquia: a hereditariedade, a eleição e a cooptação.
 A hereditariedade, como mostra já o próprio nome, vem a ser a forma de investidura da monarquia pela consanguidade,ou seja, torna-se rei o parente do monarca morto, conforme a ordem de vocação hereditária. A investidura por eleição, temos como exemplo, o Papa, é eleito pelo Colégio de Cardeais, que deve sempre refletir consenso adsoluto. E a cooptação é a outra forma de investidura nas monarquias mediante testamento, apontar o seu sucessor, que pode ser pessoa com relação à qual não mantém qualquer laço de parentesco.
2.1.3 Parlamentarismo
 O parlamentarismo vem dos tempos do século XIX, e tem suas origens na Inglaterra. Em meados dos anos 1200, o rei Eduardo I,oficializa as reuniões de parlamento, neste mesmo país. Basicamente o parlamentarismo é caracterizado por ter um dualidade, onde o chefia do governo e o chefia do estado fazem parte. O chefia do governo, em outras palavras seria o primeiro ministro, ou o chanceler, e sua tarefa se norteia em uma função executiva, tomando o comando em decisões políticas. Já o chefia do estado, que em outras palavras seria o monarca ou o presidente da republica, tem a função de representar o estado. O parlamentarismo,em síntese seria:
“- apresenta-se como um sistema de governo onde se dá um controle recíproco e mútua colaboração entre as funções legislativas e executiva;”
“- impõe aos países que adotam este sistema a montagem de uma burocracia governamental especializada e profissionalizada,alem de permanente, tentando-se, assim, equacionar o problema da especialização das atribuições;” 
 Ao longo dos anos, as características do parlamentarismo foram mudando. No inicio o parlamento era distinto para nobres e plebeus. Posteriormente o parlamento ganha mais força, pois antes o monarca atuava com mais voz ativa, muito mais do que qualquer outro, e é a partir da “morte da rainha Ana, sucedida no trono por jorge I e logo após por Jorge II, que não falavam a língua inglesa, que o parlamentarismo se mostra mais estruturado, através da instalação do Gabinete, tomando decisões sem a presença do monarca (o Gabinete já existia desde o reinado de Guilherme e Maria)” (STRECK; MORAIS, 2006, p.176)
 O parlamentarismo assume uma função mais popular, quando a câmera dos comuns, passa a assumir o direito de participar da escolho do primeiro ministro, e este necessita ser escolhido no meio de vários que possuem a maioria parlamentar, e ao ser escolhido, recebe a responsabilidade da política chefia. Em tese esta responsabilidade da política chefia seria:
 “-responsabilização política através de voto de desconfiança ou de confiança - podendo-se, ainda, referir no caso alemão o chamado voto de desconfiança construtivo-, posto que destituído de mandato;”
2.1.4 Presidencialismo
 O presidencialismo tem suas origens no Estados Unidos e foi elaborado posteriormente a uma independência da coroa britânica. É caracterizado por ter uma figura,onde se concentra o poder,que este seria o presidente da republica. Em síntese, o papel do presidente seria: 
"-concentrara as atribuições de governo e de representação do estado;"
"-agigantar o papel político do detentor da função executiva no comando das decisões políticas;" (STRECK; MORAIS, 2006, p.178)
 No presidencialismo pode se dizer que vigora :
" a estratégia dos checks and balances, ou sistema de freios e contrapesos para dar equilíbrio à ação das funções estatais e permitir uma convivência harmônica entre os diversos espaços de poder. De regra, o presidente da republica possui, também iniciativa legislativa, ou seja, poderá dar começo ao processo de edição de atos normativos, quando expressamente lhe é deferida tal prerrogativa" (STRECK; MORAIS, 2006, p.178)Presidencialismos e parlamentarismo possuem algumas diferenças, e que com elas se pode identificar qual o sistema adotado por determinado país, e em síntese o aspecto que mais diferencia o presidencialismo seria o seguinte:
“... diferencia-se do parlamentarismo em razão da fixação de um mandato para o presidente da república, que detém, inclusive, poder de veto às decisões proferidas pelo parlamento” (STRECK; MORAIS, 2006, p.178)
 Porém, o presidencialismo apresenta vantagens, como: sua rapidez decisória que viabiliza uma melhor utilização dos recursos.
2.2. APLICABILIDADE HISTÓRICA NO BRASIL
2.2.1. Monarquia e República
“A República federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito” (BRASIL, 1988)
 Passadas algumas definições clássicas acerca de monarquia e república, o presente artigo debruça-se acercado contexto brasileiro e as suas possíveis e inexoráveis conexões acerca do referido debate. No Brasil, o sistema monárquico vigeu até a proclamação da república e extinguiu-se com o advento da Constituição de 1891, consequentemente, a primeira da república. Destaca-se neste período, apenas a pretenças de valorizar o contexto local, a Constituição de cunho positivista elaborada e implantada por Júlio de Castilhos,então presidente do Rio Grande do Sul, lembra-se que presidente era o título a que hoje se confere ao governador local, vigente na “república gaudéria”. Sobrepondo-se à anterior Constituição brasileira, a carta de D. Pedro II, 1822, portanto, inaugura a fase republicana pátria. Além do novel instituto implantado, tal carta veio com pretensas a virar outra página da tumultuada história de terra brasilis, declarava, portanto, ainda que ilustrativamente, o fim da escravidão. Quanto à este aspecto, o Brasil como o último país a aderir tal movimento (veja-se que só aderiu porque não valia mais a pena economicamente), deixava seus escravos à guisa de seus antigos “donos”, fatos que, inexoravelmente, vieram a conduzir a democracia brasileira, em períodos posteriores, a conviver com estruturas precárias, veja-se o coronelismo, apenas a título ilustrativo. Quem muito bem relata esta situação é Monteiro Lobato (magnífico por sinal), quando no livro As Caçadas de Pedrinho discorre no conto Negrinha sobre tal assunto. Já quanto ao supracitado Coronelismo, ainda que não discorra, especificamente, sobre “escravos de cor negra”, passou a influenciar institutos como o “voto de cabresto” e outros mais, isto quando o voto foi permitido universalmente, esqueça, por enquanto, o ardoroso “voto sensitário”. Quando àquela questão, mesmo que Victor Nunes Leal (1975, p.242) tenha discorrido acerca da evolução ou, notável extinção deste a partir das eleições de 1945, vale sim um debate atual sobre o tema; a pergunta que fica: ele realmente foi extinto? 
“Não sei bem se o sentimento será saudade; mas a verdade é que a eleição mudou muito. Recordo da eleição do tempo de dantes –tiro, comedorias, botina de graça para os eleitores, cachaça a rodo, era um carnaval. Votava vivo e votava morto, votava doido do hospício, só não votavam os nossos inimigos políticos.”
 Realmente, por hora, o instituto do coronelismo não pode tomar conta de um ponto específico do presente artigo, inclusive, deve-se ao fato de citar nomes atuais do contexto político brasileiro (a títulos de Direito Penal, poder-se-ia enquadrar como calúnia ou outros mais). No entanto, cabe ilustras, apenas com pretensão reflexiva, os Estados desta província que são coordenados por verdadeiros coronéis e, ainda, disfarçam-se como “representantes do povo”.
 Em uma última análise acerca das formas de governo, monarquia e república, ressalta-se que quando proposta a Constituição de 1891, um debate ficou aberto acerca de um tema específico: monarquia ou república. Realmente, ficou para o debate popular a decisão final acerca do referido tema. E, como quase tudo no Brasil, inclusive a modernidade, como alguns afirmam, chega tarde, imagine quando o Brasil, enquanto povo soberano “soberania popular” foi realmente se pronunciar sobre isto! No ano de 1993. Após dita consulta popular, o povo soberano brasileiro optou por manter-se na forma de res pública, origem do nome no direito romano, e opor-se à forma monárquica, apesar de, ainda em dias atuais, este país ser comandado pelo poder de poucos, diga-se, como se donos fossem.
3.2. APLICABILIDADE HISTÓRICA NO BRASIL
3.2.1 Parlamentarismo e Presidencialismo
 Quando à decorrência dos sistemas parlamentarista e presidencialista no Brasil, destaca-se a longa, inclusive atual, utilização do segundo no contexto brasileiro. Na realidade, o sistema parlamentarista nunca foi de suma importância no cenário pátrio, com excessão a um ano específico.
 No ano de 1961, o presidente brasileiro era Jânio Quadros. Em uma chapa um tanto quanto controversa, Jânio compunha a presidência com o seu vice, João Goulart (lembre: conforme a constituição de 1946, então vigente, o cargo de vice-presidente imcumbia a presidência do senado, não era “meramente ilustrativo” como nos dias atuais). Controversa sim, pois naquele momento integravam a presidência um candidato eleito pela UDN, Jânio Quadros, e um vice eleito pelo PTB, João Goulart (lembre-se deque naquela época os dois cargos eram eleitos distintamente,não necessariamente pela mesma chapa). Ainda mais controversa, portanto, pois oriundos de diversas correntes ideológicas, um de cunho conservador e o outro trabalhista.
 Aos 25 dias do ano de 1961 Jânio Quadros renunciara ao cargo de presidente da república e, como constava na dita Constituição de 1946, quem deveria assumir tal cargo seria, naturalmente, João Goulart. No entanto o vice, em viagem à China comunista fora impedido, ainda se voltasse ao Brasil, de assumir o constitucional cargo de presidente do Brasil. Em um intento de golpe (veja-se que o cerne que desaguou em 1964 pode ter ali a sua primeira aparição), o presidente da câmara, Mazilli, assumira provisoriamente a presidencia da república.
 Passados alguns dias, ao total foram 14, no final, o Estado do Rio Grande do Sul, diante da situação golpista, na figura do então governador Leonel de Moura Brizola, organizou um movimento civil armado que ficou conhecido como a Campanha da Legalidade para aguardar Jango e estabelecer um governo provisório na província gaudéria. A intenção era, se necessário, “rumar ao norte sobre tiros para estabelecer a legalidade”.
 Ao aproximar-se dos 14 dias, diante da ameaça gaúcha de estabelecer uma guerra civil e das ponderações de Jango, como, herdeiro de Getúlio, de “evitar o derramamento de sangue”, imagine qual foi a solução!? Isto mesmo, após tratativas, Jango assume o Brasil sobre a condição do sistema parlamentarista de governo. Após as ameaças de menção ao comunismo ao líder trabalhista, o mesmo, aolado da figura de Tancredo Neves, então escolhido primeiro ministro, sobe ao comando maior da república brasileira.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República federativa do Brasil. [on line] Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 08/04/13.
FILOMENO, José Geraldo Brito. MANUAL DE TEORIA GERAL DO ESTADO E CIÊNCIA POLÍTICA. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
FIGUEIREDO, Marcelo. TEORIA GERAL DO ESTADO. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2001.
STRECK, Lênio Luiz e BOLZAN DE MORAIS, José Luiz. Ciência Política e Teoria do Estado. 5.ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006
INTRODUÇÃO
Por meio deste artigo sobre: “ Formas de governo: Aportes Clássicos e Aplicabilidade histórica no Brasil”, iremos explicar e esclarecer algumas questões de dúvidas frequentes.
De inicio, explicaremos o tópico: “Aportes Clássicos” e assim por meio deste tópico, a República, ou seja, os pensadores, as características fundamentais e os países atuais que sãoconsiderados Repúblicas. E a Monarquia, ou seja, o seu significado, sua forma de governo, e suas formas clássicas de investidura.
	Logo, explicaremos por meio do 2º tópico: “Aplicabilidade histórica no Brasil”, a República e a Monarquia no contexto brasileiro, e assim, seus contextos em outros períodos de governo no Brasil.
	Por fim, ainda no tópico: “Aplicabilidade histórica no Brasil”, relataremos sobre Parlamentarismo e Presidencialismo. Seus anos de aplicação no Brasil, suas épocas de maior importância para o cenário brasileiro e a atual aplicação.
CONCLUSÃO
Neste artigo abordávamos o assunto: “Formas de governo: Aportes Clássicos e Aplicabilidade histórica no Brasil”. Explicamos por meio de tópicos, a República e a Monarquia. Concluindo que, na forma de governo da República, somente parte do povo elege, através do voto livre e secreto, seu chefe de Estado, tendo seu mandato com duração limitado. E na Monarquia, o governo é comandado por um só, um rei, monarca, ou seja, de um só supremo; não ocorrem eleições na Monarquia, e sim, posse hereditária. Também esclarecendo as formas clássicas de investidura na monarquia: a hereditariedade, a eleição e a cooptação. Entre outras comparações da República e Monarquia explicitas no artigo.
Este artigo nos fez aperfeiçoar nossos conhecimentos, sobre as formas de governo no Brasil, nos esclarecendo de uma forma geral, a diferença entre República e Monarquia; os pensadores de cada uma, as características principais entre elas, os países que atualmente são Repúblicas e Monarquias e suas formas clássicas. Como por exemplo, que o sistema monárquico vigeu até a proclamação da república e extinguiu-se com o advento da Constituição de 1891.
Como também, nos proporcionou a compreensão entre Parlamentarismo (caracterizado por ter uma dualidade, onde o chefia do governo e o chefia do estado fazem parte) e Presidencialismo (caracterizado por ter uma figura onde se concentra o poder que este seria o presidente da república) nos aprofundando a época e período de vigor de cada um deles e de maior relevância para o país, entre outras diferenças e comparações.

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