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Aulas 04 e 05: “Massas de Ar, Frentes e Sistemas associados” Curso: Geografia Departamento de Geografia (DG) Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE/UNESP) 2° Semestre – 4 Créditos (60 horas / aula) A) Concepção de Massa de Ar e sua classificação “Massa de Ar” A massa do ar adquire suas propriedades por permanecerem sobre determinada região da superfície da terra por um período suficientemente longo para que as propriedades termodinâmicas, temperatura e umidade alcancem praticamente um estado de equilíbrio, constituindo-se, assim, um volume praticamente homogêneo. As propriedades da região de origem, sobre a qual a massa de ar se encontra, irão refletir as suas características e, por conseguinte a própria denominação que identificar· a massa de ar. INMET Fonte: http://www.inmet.gov.br/html/informacoes/sobre_meteorologia/meteoro_basica/doc/frente.pdf Trata-se de uma porção da atmosfera, de extensão considerável, com características térmicas e higrométricos homogêneas. Geralmente, sua conceituação e identificação é considerada imprecisa pela dificuldade de dividir a atmosfera em espaços independentes. Sua extensão pode variar de algumas centenas a alguns milhares de quilômetros (horizontal e vertical – volume) Requer três condições básicas para sua formação: superfícies relativamente planas e extensas, baixa altitude e homogeneidade quanto às características superficiais. (Ex.: oceanos, mares e planícies continentais) (No geral, formam-se em lugares onde as situações atmosféricas são mais estáveis e lentas) A) Concepção de Massa de Ar e sua classificação “as massas de ar têm roteiros habituais de deslocamento e atuação, mas não podem ter limites rígidos em suas expansões e em suas formas de atritação. Avanços e recuos de maior ou menor expressão espacial, combinados com formas de participação mais ou menos ativas, podem provocar, de ano para ano, variações muito sensíveis e diferentes entre si num mesmo espaço geográfico”. (AB’SABER, 1983, p.94) AB’SÁBER, A. N. As cheias no Sul. Ciência Hoje, v.2, n.8, vol.2, set./out.1983. Ao se deslocarem se suas regiões de origem / área de formação, com características termo-higrométricas próprias, as massas de ar influenciam as regiões por onde passam e, ao mesmo tempo, são influenciadas por elas. A movimentação de uma massa de ar é marcada por uma alteração permanente de suas características, o que ressalta o dinamismo da atmosfera na sua interação com a superfície a partir do movimento do ar. Massa de ar primária: possui as características principais de sua área de formação (pouco ou não alterada de forma expressiva). Massa de ar secundária: apresenta modificações significativas como resultado da influência das condições superficiais das novas áreas. A) Concepção de Massa de Ar e sua classificação São classificadas de acordo com sua Região de Origem. “Massa de Ar” - Classificação Latitude E – Equatorial T – Tropical P – Polar A – Árticas / Antárticas Natureza Massa (m) + + C - Continental A, P, I - Oceânica Observação: as denominações acima podem variar de estudo para estudo, e de pesquisador para pesquisador. É apenas um parâmetro utilizado. No geral, elas podem ser classificadas pela origem zonal térmica - “Quentes e/ou Frias” (Equatorial, Tropical....), e pelas características de umidade - “Secas e Úmidas” (Continentais, Marítimas...). O deslocamento das massas de ar no sentido “Polo-Equador” (pelo dinamismo atmosférico) sempre permitem o contato de massas de ar de características diferentes, o que gera as descontinuidades atmosféricas ou frentes, que serão estudadas daqui a pouco! Fonte: http://en.academic.ru/dic.nsf/enwiki/161870 SERRA, A.; RATISBONNA, L. As Massas de Ar na América do Sul. Revista Geográfica, n. 51, v. 25, 1959. Para Serra e Ratisbonna (1959): B) Frentes e suas propriedades Frentes, ou zona de descontinuidade (térmica, anemométrica, barométrica, higrométrica....) no interior da atmosfera, é gerada pelo encontro de duas massas de ar de características diferentes. Trata-se de uma superfície de transição estreita e inclinada, de grande instabilidade atmosférica e variação abrupta. Aquelas massas de ar migratórias tendem a adquirir as características correspondentes às áreas por onde se deslocam, o frio das regiões polares, o calor dos trópicos, a umidade dos oceanos ou a secura dos continentes. O estado do tempo dentro de uma massa de ar varia localmente e diariamente, devido ao aquecimento ou arrefecimento, ou ainda, à precipitação ao longo do tempo cronológico. Mas, na zona onde duas massas de ar de características térmicas diferentes se convergem, como não se misturam, o limite é bastante distinto em ambas. Essa zona é denominada de frente. Na zona frontal, o ar mais leve é forçado a subir pelo mais denso, por isso desestabiliza a atmosfera. BORSATO, V.A.; MENDONÇA, F.A. Participação da massa polar atlântica na dinâmica dos sistemas atmosféricos no Centro-Sul do Brasil. Mercator. Fortaleza, v. 14, n. 1, p. 113-130, jan./abr. 2015. Fonte: SIMEPAR (...) frente polar. Estas frentes comportam-se como verdadeiros rios atmosféricos, canalizando importantes volumes de ar em fluxo concentrado em direção a centros de baixa pressão, que normalmente atingem seu máximo aprofundamento e atividade sobre o oceano atlântico. A passagem do sistema frontal, que antecede a chegada do ar polar propriamente dito, promove condições de forte instabilidade gerando chuvas antes, durante e depois da passagem da frente em várias áreas do território paulista (Monteiro, 1968, 1973; Tarifa, 1975). GALVANI, E.; AZEVEDO, T.R. A Frente Polar Atlântica e as características do tempo associadas: estudo de caso. X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2003. Disponível em: http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Emerson/SBGFA2003.PDF B) Frentes e suas propriedades Pode ocorrer um deslocamento rápido do sistema frontal, gerando forte instabilidade, quando há uma grande amplitude (e diferença) barométrica e de temperatura entre as massas de ar, e seus centros de ação são muito acentuados. Ocorre geralmente entre as regiões polares e subtropicais. Ainda, pode ocorrer um deslocamento lento do sistema, gerando relativa estabilidade, devido á baixa diferença barométrica e centros de ação das massas de ar bem distantes um do outro. O lento deslocamento deixa o céu encoberto, podendo estar associados à precipitação de longa duração (porém nem sempre grande intensidade). Fonte: Monteiro, 1968. B) Frentes e suas propriedades “Avanço de uma Frente Fria” “Avanço de uma Frente Quente” (ou recuo de um avanço frontal - setor quente de retorno) A menor densidade do ar quente e o atrito com a superfície fazem com que o ar quente tenha, em relação à frente fria, mais dificuldade de empurrar o ar frio adjacente. Consequentemente, a linha da frente quente configura-se como uma cunha formada pelo ar frio na base e o ar quente sobre ele. Fonte: http://www.labhidro.iag.usp.br/site_iag/?page_id=669 Frente Estacionária: Frente que é quase estacionária, ou que se move muito pouco desde sua última posição sinóptica. Também conhecida como frente semi estacionária. (INMET, 2015) Trata-se de um sistema frontal que encontra-se numa mesma região por um tempo relativamente grande (3 dias, por exemplo), e encontra dificuldades em avançar e/ou recuar. Geralmente, gera muita precipitação e tempo instável durante sua permanência na região. B) Frentes e suas propriedades B) Frentes e suas propriedades • Frontogênese – processo de origem das frentes.• Frontólise – dissipação de uma frente. Exemplos: C) Fenômenos e Ciclogênese e Oclusão ao longo das frentes A Frente Oclusa (oclusão) é uma zona de transição onde uma Frente Fria, movendo-se mais depressa, ultrapassa (e obstrui) uma frente quente, fazendo elevar-se todo o ar quente. É uma fronteira que separa a nova massa de ar frio (a que avança sobre a região) da massa fria que estava na região antes do sistema penetrar. Mudanças na temperatura, umidade e direção do vento ocorrem com a passagem de frentes oclusas. Quando o ar atrás da frente oclusa é mais frio do que o ar adiante da mesma, denomina-se oclusão fria ou frente oclusa do tipo fria. Quando o ar atrás da frente oclusa é mais quente do que o ar adiante da mesma, denomina-se oclusão quente ou frente oclusa do tipo quente A sequência (ao lado) mostra a evolução do sistema antes do desenvolvimento de uma frente oclusa. Um ciclone em desenvolvimento tem tipicamente uma frente quente estendendo-se para leste e uma frente fria que estende-se para norte com rápido deslocamento; ao sul da frente quente, uma região com ar frio que lá estava antes do ciclone penetrar na área. A medida que o ciclone se desenvolve, a frente fria gira ao redor do centro de baixa e alcança a frente quente; este processo forma as frentes oclusas. http://www.labhidro.iag.usp.br/site_iag/?page_id=669 Fonte: http://pt.slideshare.net/acbaptista/superfcies-frontais-16703995 C) Fenômenos e Ciclogênese e Oclusão ao longo das frentes Exemplos: D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical Na atmosfera tropical, caracterizada por muita umidade e intensa atividade convectiva, são observados fenômenos meteorológicos em várias escalas de espaço e de tempo, desde a convecção cúmulos até a oscilação quase-bienal. Os estudos destes fenômenos foram no passado bastante limitados pela escassez e baixa frequência das observações meteorológicas nos trópicos. Felizmente os centros meteorológicos têm ao longo dos últimos 10 a 15 anos gerado análises globais, o que tem possibilitado melhorar o entendimento de vários aspectos da atmosfera tropical. SPINOZA, E. (2015) http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/18.html É importante ressaltar que nem todos estes fenômenos foram estudados e/ou são aceitos em estudos de Climatologia Geográfica. Algumas definições imprecisas e/ou pouco conhecidas (subjetivas) dificultam sua aplicação. Ainda, trata-se de um viés eminentemente das ciências atmosféricas, não focando necessariamente o Espaço Geográfico. A partir destas pequenas considerações, serão apresentados agora os fenômenos como Ondas de Leste (OL), Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), dentre outros! D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical As ondas de leste (OL), também denominadas distúrbios ondulatórios de leste ou ondas de leste africanas são sistemas de escala sinótica definidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) como distúrbios em níveis baixos e de origem tropical que podem-se desenvolver em ciclones tropicais (Asnani, 2005), principalmente nas bacias do Atântico tropical e do Pacífico oriental (COMET, 2014), e também são responsáveis das chuvas importantes no nordeste e norte do Brasil (Caetano, 2011). Segundo Burpee (1972), a metade das OL são responsáveis pela formação dos ciclones tropicais no Atlântico; porém, o desenvolvimento dos ciclones não é necessário para a geração de quantidades significativas de chuva. http://meteosinotica.blogspot.com.br/2015/06/ondas-de-leste.html ASNANI, C.G. 2005. Tropical Meteorology. Chapter 4. Easterly Waves. Indian Institute of Tropical Meteorology. Burpee, R. 1974. Characteristics of North African Easterly Waves During the Summers of 1968 and 1969. Journal of the Atmosferic Sciences. Vol 31. 1556- 1570. Caetano, J. 2011. Análise das ondas de leste sobre a costa leste do nordeste do Brasil para o período entre 1999-2009. Dissertação do Mestrado. Programa de Pós-graduação em Meteorologia do Instituto de Geociências do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGM-IGEO-CCMNUFRJ). COMET-Program e University Corporation of Atmospheric Research. 2012-2014. Ondas Tropicais de Leste. (https://www.meted.ucar.edu/tropical/synoptic/Afr_E_Waves_es/navmenu.php?tab=1&page=1.0.0&type=flash) “Ondas de Leste” D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical “Ondas de Leste” Em várias regiões da faixa tropical tem sido observada a presença de um fenômeno de tempo caracterizado por distúrbios nos ventos de leste, que vem sendo estudado há mais de quarenta anos. Estes distúrbios foram chamados de ondas de leste e foram encontrados no Pacífico leste e oeste, no Atlântico Norte e na faixa tropical perto da África (SPINOZA, 2015). As ondas de leste apresentam-se como um cavado formado pela máxima curvatura ciclônica nos ventos alísios de leste. Apresentam-se percorrendo todo o mundo e tem características ligeiramente diferentes dependendo onde se encontrem no seu caminho pelos trópicos, originando-se em algumas regiões e morrendo em outras Não se descarta a possibilidade de que os distúrbios de leste, ainda não bem definidos no Hemisferio Sul, tenham algum efeito sobre a precipitação da região norte nordeste do Brasil, pois coincidentemente os períodos de máximas precipitações ocorreram quando foram detectados distúrbios deslocando-se de leste para oeste (Silvestre, 1996). Apesar das considerações, há uma dificuldade no Estudo e Definição destas ‘ondas’, através da relativa sutileza em intensidade (dificuldade em detectar por cartas sinóticas), ausência de uma estrutura uniforme e de dados consistentes nos trópicos. Silvestre E., 1996: Distúrbios nos Ventos de Leste no Atlântico Tropical, São José dos Campos, INPE 1996. http://master.iag.usp.br/pr/ensino/sinotica/aula16/ Animação de imagens de satélite de GOES-13 e METEOSAT cada 3 horas no canal infravermelho, desde 02:45Z do 26/08/2013 até 23:45Z do 06/09/2013. Trem de ondas de leste (linhas amarela, vermelha e azul claro). O círculo laranja indica o início da Gabrielle. observa-se uma análise das ondas de leste com imagens de satélite. A animação inicia nas 02:45Z do 26 de agosto de 2013, onde pode-se identificar um trem de ondas formado por duas ondas que avançam para o oeste e, após um dia, surge uma nova onda (cor azul claro). No centro de Atlântico estas ondas avançam com uma aceleração relativamente constante, mas quando se aproximam ao Caribe, estas ondas se desaceleram, até esperar a chegada da terceira onda, que colabora com a geração da Gabrielle. Fonte: http://meteosinotica.blogspot.com.br/2015/06/ondas-de-leste.html Os fenômenos tipos "ondas de leste" (Easterly Waves), que por falta de observações no oceano Atlântico, tornam-se difíceis de se distinguirem das "calhas induzidas" (troughs induced), deveriam explicar grande parte das chuvas verificadas na faixa litorânea, porquanto as "calhas", pela própria dinâmica e estrutura, poderiam implicar no aparecimento de chuvas para a região. BARROS, Linton Ferreira, 1967. BARROS, L.F. Esboço climatológico da região leste brasileira. Rev. Bras. de Geografia, n. 2, v. 29, 1967. “Ciclones Tropicais” D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical Trata-se de regiões onde a atmosfera tropical apresenta movimentos turbilhonares do ar em larga escala espacial, em torno de um centro de baixa pressão, geralmente acompanhado de ventos muitos velozes e de fortes chuvas, que se formam sobre os oceanos. Cicloneé, genericamente, o termo atribuído pelos cientistas às perturbações tropicais mais velozes. Esse fenômeno, porém, recebe denominações regionais particulares! Ex: Tufão (Oriente e noroeste do Pacífico), Hurricane ou Furacão (Atlântico Norte – Caribe), Willy-Willy (Austrália), Baggio (Filipinas), Travados (Madagascar), Papagallos (Nordeste do Pacífico) (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). As grandes células de ocorrência de ciclogênese ocorrem em águas oceânicas quentes (26,5°C ou mais) e uma alta atmosfera que se resfrie rapidamente (Instável à convecção úmida). Fonte: NOOA (2015) http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/F1_esp.html http://www.teinteresa.es/tierra/ciclones-tropicales-azotan-Unidos-Canarias_0_899311503.html A formação de um ciclone tropical decorre da liberação de calor latente para o ar no momento da condensação em condições de convecção, processo de expressiva intensidade nas regiões tropicais. Os fluxos de calor sensível e latente do oceano para a atmosfera também são importantes para a manutenção e a intensificação do ciclone. O ciclone caracteriza-se pela transformação de uma gigantesca quantidade de energia calorífica em movimento circular ao redor de um centro de baixas pressões, em associação com a força de Coriolis e a força centrífuga de perturbação (fluxos horizontais). Movimentos de ascendência e subsidência (fluxos verticais) fornecem energia necessária ao ciclone, bem como facilitam e acentuam a transformação de calor em movimento. Quanto mais aquecidas as águas superficiais dos oceanos, maior será a potência dos ciclones. (Temp. superiores a 27°C – oceanos tropicais) (ocorre principalmente no fim do verão de cada hemisfério) (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). http://www.climatempo.com.br/noticias/300516/o-que-sao-ciclones-extratropical-subtropical-e-tropical/ “Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)” D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical Durante os meses de verão do Hemisfério Sul, A ZCAS é um fenômeno meteorológico que exerce um papel preponderante no regime de chuvas na região onde atua, acarretando altos índices pluviométricos na América do Sul. Este fenômeno é caracterizado pela persistência de uma banda de nebulosidade orientada no sentido noroeste-sudeste (NW-SE), que se estende desde o centro sul da Amazônia, regiões Centro- Oeste e Sudeste, centro sul da Bahia, norte do Estado do Paraná e estendendo-se em direção ao Oceano Atlântico sudoeste (Ferreira et al., 2004). Uma das principais consequências da atuação da ZCAS é a ocorrência dos altos índices pluviométricos, principalmente no final da primavera e nos meses de verão, nas regiões afetadas (Grimm, 2011). QUADRO Et. Al., 2012. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-77862012000200004&script=sci_arttext D) Ondas de leste, Ciclones tropicais e Linhas de Instabilidade tropical Geralmente esse sistema atmosférico antecede a entrada de uma Frente. Este sistema é responsável pela formação de tempo instável, aumento na nebulosidade e na umidade relativa do ar, gerando um curto período de chuvas fortes, concentradas no tempo e no espaço (ZANDONADI, 2014). As vezes, as LI antecedem uma frente fria de 100km a 300km, favorecendo a elevação do ar. “Instabilidade Tropical, Linhas de Instabilidade ou Calhas Induzidas (IT) ” Assim, a "calha", sempre registrada junto à descontinuidade (frente fria que avança) e que atinge a grandes altitudes, pode se desenvolver mais fortemente avançando em altitude para este da frente fria, antecipando-se a esta. A origem dêste movimento parece estar ligada ao movimento ondulatório (movimento de onda) iniciado na frente polar. Êste movimento se propaga em altitude, adiantando-se da frente e para este. A nova “calha" assim surgida, e que em altitude se antecipa à frente polar, constituindo uma estrutura dinâmica típica. BARROS, Linton Ferreira, 1967. BARROS, L.F. Esboço climatológico da região leste brasileira. Rev. Bras. de Geografia, n. 2, v. 29, 1967. http://ppegeo.igc.usp.br/scielo.php?pid=S1980-44072012000100004&script=sci_arttext E) A Dinâmica das massas de ar e evolução do tempo na América do Sul Estudar o clima como simples comportamento da atmosfera seria meteorologia que, ela mesma, em grande parte liga-se a preocupação prática com a previsão do tempo, o que não deixa de vinculá-la à atividade humana. O que a climatologia que me preocupou almejava era relacionar a dinâmica da baixa atmosfera, em seu comportamento caótico, discernindo-lhe um possível “ritmo”, para relacionar este comportamento complexo e difícil aos ritmos das atividades humanas. MONTEIRO, 1994. MONTEIRO, C.A.F. O “físico” da Geografia: mensageiros e portadores. 1° Seminário de Geografia Física do Ceará. AGB: Fortaleza-CE, 1994. Partindo inicialmente destas considerações, espera-se na Climatologia produzida por geógrafos relacionar os elementos climáticos estáticos e dinâmicos (e seu ritmo) ao ritmo das atividades humanas, buscando sempre contribuir para alguma área pertinente ao ser humano. Neste sentido, a síntese dos elementos da atmosfera pode ser encontrada através dos Sistemas Atmosféricos predominantes em uma região. Tais sistemas apresentam um ritmo, nem sempre estável, mas recorrente e com um padrão em comum. A seguir, vamos descrever quais são eles, na América do Sul: SERRA, A.; RATISBONNA, L. As Massas de Ar na América do Sul. Revista Geográfica, n. 51, v. 25, 1959. Para Serra e Ratisbonna (1959): “... principal responsável pela formação dos tipos de tempo da Região Sul, em virtude da atuação de Massas Polares e da ação das Frentes Frias” (MONTEIRO, 1963, p. 122). MONTEIRO, C. A. F. O clima da região Sul. In: CATALDO, D. M. (Org.). Geografia do Brasil, Grande Região Sul. Rio de Janeiro: IBGE, 1963. p. 117- 169. “Apesar da análise rítmica ser uma metodologia proposta inicialmente por Monteiro (1971; 1973), há uma divergência em trabalhos acadêmicos posteriores à sua proposição quanto à nomenclatura utilizada na identificação dos sistemas atmosféricos. Para não entrar na questão dos méritos acadêmicos, este estudo optou por utilizar a base proposta pelo autor e a nomenclatura proposta por Zavattini e Boin (2013), por detalhar o avanço dos sistemas frontais e identifica os sistemas atmosféricos da seguinte maneira:” • Sistemas Tropicais: Massa Tropical Atlântica (MTA), Massa Tropical Atlântica Continentalizada (MTAC), Massa Tropical Continental (MTC), Linhas de Instabilidade em Massa Tropical (LI) e Massa Equatorial Continental (MEC). • Sistemas Polares: Massa Polar Atlântica (MPA), Massa Polar Velha (MPV), Massa Polar Velha Continentalizada (MPVC). • Sistemas Frontais: Frente Polar Atlântica (FPA), Frente Polar Reflexa (FPR), Frente Polar Atlântica em Dissipação (DIS), Repercussão da Frente Polar Atlântica (REP), Frente Polar Atlântica Estacionária (EST), Frente Polar Atlântica com Setor Quente de Retorno no Continente (QTE) e Frente Polar Atlântica Oclusa (OCL). Para fins de análise, esses sistemas atmosféricos da América do Sul podem ser agregados da seguinte maneira: • Correntes do Sul: MPA + MPV/MPVC + FPA eixo principal, em dissipação, oclusa, estacionária + FPR. • Correntes do Leste: MTA + MTAC + LI + FPA com setor quente de retorno no continente + Repercussão da FPA. • Corrente do Norte: MEC. • Corrente do Oeste: MTC. Resumo “Geral” das Massas de Ar que influenciam o estado de São Paulo (há divergências entre autores, mas serve de base, no momento): Massa Polar Atlântica (MPA): possui maior atividade no outono e inverno e tem sua origem associada ao Anticiclone Polar Atlântico. Ascaracterísticas do tempo sob a atuação desse sistema são rápido declínio da temperatura e, consequentemente, maiores amplitudes térmicas, além de umidade relativa do ar muito baixa, céu limpo e claro, pressão atmosférica em elevação, tempo ensolarado e, dependendo das condições atmosféricas, pode-se registrar a ocorrência de geadas. Massa Polar Atlântica Velha ou Tropicalizada (MPV): a atuação desta na área em estudo é percebida quando um sistema polar, depois de deslocar-se pelo continente, vai perdendo suas características originais, ou seja, é uma MPA modificada, alterada profundamente devido à permanência em latitudes mais baixas. A temperatura e a umidade começam a elevar-se gradativamente. Geralmente a PT encontra-se entre uma frente em frontólise nas latitudes baixas e uma nova frontogênese nas proximidades do rio da Prata. Massa Tropical Atlântica (MTA): é originária do anticiclone semifixo do Atlântico Sul e atua constantemente nas regiões Leste, Sul e Centro-Oeste do Brasil. Devido ao seu sentido de circulação anti-horário penetra para o interior. Sua propriedade de origem é a de uma massa quente e úmida com tendência à estabilidade, promovendo temperaturas que variam entre 20 e 30° C, ventos fracos a moderados de direção leste e sudoeste, céu claro ou parcialmente encoberto. Massa Tropical Continental (MTC): tem sua origem vinculada à Depressão do Chaco ou resultante de anticiclone que precede a FPA, com atuação bem definida no verão, constituída de uma circulação ciclônica na superfície, de forte convergência. Entretanto, a baixa umidade relativa do ar associada à forte subsidência da alta superior, dificulta a formação de nuvens de convecção e trovoadas, sendo responsável, portanto, por tempo quente e seco. Os ventos predominantes são de oeste e noroeste. O tempo fica quente e abafado, a pressão permanece baixa, não ocorrem chuvas e a temperatura fica acima dos 30º C. Sua atuação contínua é responsável pelos veranicos, ou seja, 15 dias consecutivos ou mais sem chuvas, muito comuns na primavera e no verão. 61 Massa Equatorial Continental (MEC): tem sua fonte de origem na planície amazônica, tende a avançar para o interior do continente sul-americano nos sentidos NW, SE e para ESSE, de acordo com a posição da FPA. Esse sistema se forma sobre o continente aquecido, onde dominam os ventos fracos, sobretudo no verão. Sua repercussão na área de estudo gera alta umidade relativa do ar, temperatura do ar acima de 30º C, queda na pressão atmosférica, ventos de direção norte, noroeste e oeste e instabilidade atmosférica. MONTEIRO (1963); NIMER (1989); BALDO (2006); ZANDONADI, 2014. Exemplos:
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