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Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) Autor: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas 09 de Fevereiro de 2022 Bons estudos -Bons Estudos 1 Sumário 1. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário ...................................................................................... 2 1.1 Disposições Gerais .................................................................................................................................... 2 1.2 Preferências do Crédito Tributário ........................................................................................................... 8 2. Administração Tributária ............................................................................................................... 23 2.1 Fiscalização ............................................................................................................................................ 23 2.2 Dívida Ativa ............................................................................................................................................ 28 2.3 Certidões Negativas ............................................................................................................................... 33 Resumo ........................................................................................................................................... 35 Questões Comentadas ...................................................................................................................... 37 Lista de Questões ............................................................................................................................. 55 Gabarito .......................................................................................................................................... 66 Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 2 1. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A partir de agora nos dedicaremos ao estudo das garantias e dos privilégios do crédito tributário, cujas normas gerais se encontram inseridas nos artigos 183 a 193 do Código Tributário Nacional. As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar para receber a prestação do tributo. Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos1. Por uma questão didática, abordaremos tais temas na ordem elencada pelo Código Tributário Nacional. Começaremos analisando as disposições gerais, constantes nos artigos 183 a 185-A, para em seguida comentarmos os artigos 186 a 193, agrupados na seção que versa sobre as preferências. 1.1 DISPOSIÇÕES GERAIS O artigo que inaugura o tema é o artigo 183 do Código Tributário Nacional, que possui a seguinte redação: Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram.[...] Como se observa, o rol das garantias constantes do Código Tributário Nacional não é exaustivo. Outras mais podem ser estabelecidas por meio de leis ordinárias federais, estaduais e municipais. É o que defende Paulo de Barros Carvalho2, Regina Helena Costa3, Luís Eduardo Schoeuri4 e Paulo Caliendo. Nas palavras desse último jurista, “Não há limitação do texto a criação de garantias por meio de lei ordinária, seja esta de natureza federal, estadual, distrital ou municipal”5. Não fosse assim, haveria uma invalidade da Lei 9.532/97 e da Lei 8.397/1992, que introduziram o arrolamento fiscal e a medida cautelar fiscal. No entanto, isso não significa que a lei ordinária possa contrariar as disposições previstas pelo Código Tributário Nacional. As normas introduzidas por esse diploma legislativo são gerais e cogentes. O que a lei ordinária pode fazer é tão somente criar outras garantias ou privilégios que com elas sejam compatíveis. 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 517. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 636. 3 COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 373. 4 SCHOEURI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 878. 5 CALIENDO, Paulo. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 744. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 3 Quanto ao parágrafo único do artigo 183, tem-se que ele dispõe da seguinte forma: Art. 183. [...] Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Assim, o fato de o devedor ter garantido a execução fiscal com uma fiança, por exemplo -- instituto que é disciplinado pelo direito privado -- não altera a natureza do crédito tributário. O artigo 184 possui a seguinte redação: Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Por força desse dispositivo, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede que ele seja excutido para satisfação do crédito tributário. O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual conste cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é óbice à penhora e arrematação para quitação de créditos de natureza tributária. Assim, apenas não podem ser penhorados os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis, do que são exemplos o bem de família, previsto pela Lei 8.009/90; e aqueles arrolados no artigo 833 do CPC, que colacionamos abaixo: Art. 833. São impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 4 recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis aoativa da União de natureza tributária, inscrevendo- a para fins de cobrança, amigável ou judicial; Como se pode observar do caput do artigo 201, constituído o crédito e esgotado o prazo para pagamento voluntário, pode a autoridade administrativa competente inscrever o crédito tributário em dívida ativa. O gráfico abaixo ajuda a visualizar o momento a partir do qual a inscrição se torna possível: O parágrafo único apenas diz o óbvio: O fato de o crédito ter sido inscrito em dívida ativa não impede que os juros moratórios continuem fluindo até que ocorra o pagamento da prestação, e essa circunstância não retira a liquidez do crédito apurado. O artigo 202 traz os requisitos do termo de inscrição em dívida ativa: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Trata-se de requisitos obrigatórios, sem os quais a inscrição perde a presunção de liquidez e certeza. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 31 O inciso I determina que conste do termo de inscrição o nome do devedor e dos corresponsáveis, bem como o domicílio e residência de cada um. Apesar disso, não impede o redirecionamento da execução fiscal o fato de o corresponsável não constar na CDA, desde que o fisco comprove no bojo da ação de execução uma das hipóteses que autoriza a responsabilização19. O inciso II determina que conste do termo da inscrição a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora, e o inciso III que haja a descrição da origem e natureza do crédito, com a indicação da disposição da lei em que seja fundado. Nessa perspectiva, não há a obrigatoriedade de a ação de execução fiscal ser acompanhada da memória de cálculo, porque a lei exige que conste tão somente a forma de calcular o débito e seus fundamentos. Quanto ao tema, há inclusive súmula do Superior Tribunal de Justiça sobre o assunto: Súmula 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980. O inciso IV determina que conste a data da inscrição e o inciso V o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Não há, assim, a obrigatoriedade de que ação de execução seja acompanhada do processo administrativo fiscal, porque basta que conste na inscrição o seu número. Por fim, dispõe o parágrafo único que a certidão de dívida ativa deve conter todos os requisitos desse artigo, além da indicação do livro e da folha de inscrição. O artigo 203 regulamenta as consequências da não observância do disposto no artigo anterior: Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. A interpretação literal desse dispositivo conduziria à conclusão de que qualquer omissão ou erro acarretaria na nulidade do termo de inscrição e do processo de cobrança dele decorrente. 19 STJ, 2ª T., EDcl no REsp 863.334/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3-5-2007, DJ 15-5-2007, p. 265. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 32 No entanto, não é isso o que ocorre, porque a jurisprudência abrandou o rigor desse dispositivo, ao firmar posição no sentido de que a nulidade somente deve ser reconhecida nos casos em que o sujeito passivo demonstrar que o equívoco prejudicou a sua defesa.20 Em existindo um erro grave, que prejudique a defesa do executado, é possível ainda que a Fazenda Pública substitua a CDA até a data da sentença dos embargos à execução, corrigindo o defeito. Nessa hipótese, no entanto, é devolvido ao sujeito passivo o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. Essa possibilidade, de saneamento da nulidade mediante substituição da CDA, somente é possível nos casos em que o vício atinge o termo de inscrição. Quando a nulidade atinge o próprio lançamento, não há como saneá-la, porque a própria constituição do crédito se encontra maculada. Por esse motivo, é inviável a substituição da certidão de dívida ativa quando a correção pretendida objetivar a modificação do sujeito passivo da execução, existindo inclusive súmula acerca do tema: Súmula 392: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. Assim, se determinado Município ingressar com ação de execução fiscal contra o contribuinte A cobrando o IPTU inadimplido, não pode no curso da execução, ao verificar que o imóvel era de propriedade do contribuinte B, substituir a certidão e pedir o redirecionamento da execução contra este último. O vício atingiu o próprio lançamento, que teve como destinatário o contribuinte A. Esse raciocínio, no entanto, não se aplica nos casos em que consta na CDA pessoa jurídica empresarial cuja falência foi decretada antes da propositura da ação executiva. Nessas hipóteses, o Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido da possibilidade de correção da petição inicial e da CDA, não sendo correta a imediata extinção do feito21. Por fim, dispõe o artigo 204 que a dívida regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova constituída. De fato, como mencionado, a certidão de dívida ativa é título executivo extrajudicial, autorizando o manejo da ação de execução fiscal. No entanto, essa presunção não é absoluta, podendo ser ilidida por prova a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Por ser ônus do sujeito passivo comprovar a inexatidão das informações registradas, cabe a ele juntar o processo administrativo fiscal no processo de embargos à execução22. 20 STJ, 1ª T., AGRGAI 485.548/RJ, Min. Luiz Fux, maio 2003. 21 REsp 1372243/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 21/03/2014. 22 AgInt no REsp 1619983/PB, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 14/02/2018. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 33 2.3 CERTIDÕES NEGATIVAS O capítulo atinente às certidões negativas regula a forma pela qual o contribuinte comprova a regularidade da sua situação perante o fisco. O artigo que inaugura o tema é o 205 do Código Tributário Nacional: Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócioou atividade e indique o período a que se refere o pedido. Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição. O artigo 205 trata da Certidão Negativa de Débitos Tributários, que atesta que o contribuinte não tem pendências com o fisco, tendo adimplido com todas as suas obrigações tributárias. Deve ser emitida nos casos em que não há crédito constituído contra o sujeito passivo. Em existindo crédito constituído, seja por meio de lançamento tributário ou confissão do próprio sujeito passivo, é inviável a emissão dessa modalidade de certidão, independentemente de o referido crédito ter ou não sido inscrito em dívida ativa. Fazendo jus o sujeito passivo à emissão dessa certidão, deve ela ser expedida no prazo máximo de 10 dias contados da entrada do requerimento na repartição, conforme enuncia o parágrafo único do dispositivo. Na prática, no entanto, a certidão negativa é expedida imediatamente pela internet, sendo dispensável o comparecimento do contribuinte à repartição fiscal. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”. Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito passivo, embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206. Para que o sujeito passivo faça jus à emissão dessa certidão, é necessária a presença de um dos seguintes requisitos: 1º - Os créditos não estejam vencidos: A razão é óbvia. Se não ocorreu o vencimento, não há mora do sujeito passivo. Assim, muito embora o crédito já esteja constituído, não há como considerar que o contribuinte não esteja regular. 2º - A exigibilidade esteja suspensa: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 34 Caso ocorra qualquer uma das hipóteses do artigo 151 do Código Tributário Nacional, como a adesão a parcelamento ou a obtenção de medida liminar em ação judicial, por exemplo, o sujeito passivo passa a fazer jus à certidão positiva com efeitos de negativa. 3º - Tenha sido garantida a dívida com penhora: Também faz jus à certidão positiva com efeitos de negativa o sujeito passivo que garante a dívida tributária com penhora, desde que o bem oferecido seja suficiente para fazer frente à integralidade do crédito cobrado. Quanto ao tema, merece relevo a circunstância de o Superior Tribunal de Justiça admitir o ajuizamento de ação cautelar por parte do contribuinte para antecipar a realização da penhora e, assim, autorizar a obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa23. De fato, não é incomum que, entre a constituição do crédito tributário, a inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, transcorra longo período de tempo. Desse modo, caso não se franqueasse o caminho da antecipação da penhora, o contribuinte ficaria sem a possibilidade de obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa, em situação mais gravosa do que aqueles que figuram como executados no processo judicial. Com o advento do NCPC, a medida pode ser requerida mediante pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, nos termos dos artigos 303 a 304. O artigo 207, por sua vez, dispõe no seguinte sentido: Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator. Hugo de Brito Machado Segundo24 explica o dispositivo: Como observa Hugo de Brito Machado, o art. 207 do CTN, norma autoaplicável de natureza cautelar, aplica-se nos casos em que: (i) a prática do ato para evitar o perecimento de um direito deva ocorrer antes do final do prazo de que dispõe a autoridade para fornecer a certidão; (ii) a autoridade recusa indevidamente o fornecimento da certidão, sendo demorado o procedimento destinado a demonstrar-lhe a inexistência de débito; e (iii) o sujeito passivo realmente não tem direito à certidão negativa, nem à positiva com efeito de negativa. Em todos esses casos, considerando que terceiros assumirão a responsabilidade pelo pagamento do tributo porventura devido, a exibição da certidão é dispensada. Afinal, o art. 207 deve ser entendido no 23 REsp 1123669/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010. 24 SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 35 sistema no qual se está encartado, o qual elege as certidões de regularidade fiscal, e a necessidade de sua exibição para a prática de certos atos, como instrumento de garantia do crédito tributário. Se terceiros o garantem, na excepcional hipótese do art. 207, a sua exibição é dispensada. Por fim, dispõe o artigo 208 do Código Tributário Nacional: Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. Trata-se de hipótese de responsabilidade por transferência, na qual o agente é responsabilizado pelo pagamento do crédito tributário em razão da emissão de uma certidão negativa que contenha erro contra a Fazenda Pública. Como se observa do dispositivo, há a necessidade de comprovação do elemento subjetivo, consistente na atuação fraudulenta ou dolosa por parte do servidor. Uma vez comprovados esses pressupostos, o servidor é responsabilizado pelo pagamento do crédito tributário e juros de mora acrescidos, sem prejuízo da responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. RESUMO Direitos e Privilégios do Crédito Tributário 1. As garantias são os meios jurídicos assecuratórios que o estado pode utilizar para receber a prestação do tributo. Os privilégios dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos 2. O rol das garantias constantes do Código Tributário Nacional não é exaustivo. Outras mais podem ser estabelecidas por meio de leis ordinárias federais, estaduais e municipais. 3. Por força do artigo 184 do CTN, responde pelo crédito tributário todos os bens do sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito passivo esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real), porque isso não impede que ele seja excutido para satisfação do crédito tributário. O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em doação, no qual conste cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é óbice à penhora e arrematação para quitação de créditos de natureza tributária.4. O artigo 185 do CTN versa sobre fraude à execução fiscal. Como se observa do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa. Assim, o regramento aplicável ao fisco com relação aos créditos tributários é mais Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos favorável do que o existente em favor dos credores privados. Com relação a estes últimos, incide o disposto no artigo 792 do CPC, que pressupõe para o reconhecimento da fraude à execução a existência de uma demanda judicial ou de uma constrição judicial. Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal. O fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida ativa sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total pagamento da dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevante que o terceiro tenha adquirido o bem de boa-fé. 5. O artigo 185-A prevê três requisitos para indisponibilização dos bens do sujeito passivo: a) citação do devedor; b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; c) não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. 6. Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a execução. A interpretação do terceiro requisito foi fixada pelo STJ por meio da Súmula 560. Segundo o verbete, "A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran". 7. Como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. 8. Na falência, há a necessidade de fracionamento do crédito tributário em três partes: a) valor do tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência; b) valor das multas tributárias; c) valor dos juros moratórios vencidos após a decretação da falência. O valor devido a título de tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência possui preferência sobre a maior parte dos créditos, salvo com relação: i) aos créditos extraconcursais; ii) às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei; iii) aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; iv) aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho, no limite estabelecido pela legislação. As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados. Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda menos privilegiada. Eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o que é algo bastante raro na prática. Administração Tributária 1. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. 2. O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao fisco as informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros. Tais pessoas não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização devem contribuir. Não obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, em razão de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 3. Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão de existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria sujeita à reserva de jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial para o acesso a tais informações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão em sentido contrário, ao fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do RE 601.314: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 4. O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. Quando figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o pagamento do seu débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, também há um caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas prerrogativas da Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro chamado de “Dívida Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses créditos. A dívida ativa pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o artigo 39 da Lei 4.320/64. 5. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. 6. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”. Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o nome já revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que a lei considera que o sujeito passivo, embora possuidor de débitos tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do preenchimento de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206 QUESTÕES COMENTADAS 1. (VUNESP/Procurador Jurídico /2018) No âmbito das relações dos particulares com a Administração Pública, é comum a exigência por parte desta da apresentação de certidões que atestem a regularidade fiscal do cidadão em face de suas obrigações. A esse respeito, é correto afirmar que a) a certidão positiva expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. b) a certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de vinte dias da data da entrada do requerimento na repartição. c) a lei não poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo seja feita por certidão negativa expedida pela Fazenda Pública, para além dos casos expressamente previstos pela Constituição Federal. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br1255215Bons estudos -Bons Estudos d) a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa, tem efeitos de certidão positiva de débitos, impedindo o exercício dos direitos sujeitos à comprovação de regularidade fiscal. e) independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido. Comentários: a) Afirmativa incorreta. Nos termos do artigo 208 do CTN, é a expedição de certidão negativa que pode atrair a responsabilidade enunciada por esse dispositivo b) Afirmativa incorreta. O prazo é de 10 dias. c) Afirmativa incorreta. A lei pode exigir a prova de quitação de determinado tributo, conforme enuncia o artigo 205 do CTN. d) Afirmativa incorreta. Nesse caso, o interessado faz jus à certidão positiva com efeitos de negativa, conforme dispõe o artigo 206 do CTN. e) Afirmativa correta, conforme dicção do artigo 207 do CTN. 2. (FUNRIO/Técnico Legislativo/2018) A alternativa que assegura ao contribuinte o direito de obter Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa é a seguinte: a) quando apesar de declarado o tributo devido e não pago, o contribuinte ainda não tenha sido intimado sobre a inscrição do referido crédito tributário em Dívida Ativa. b) quando o contribuinte tenha impetrado mandado de segurança, ainda que a liminar não tenha sido concedida pelo juízo. c) nos casos em que houver penhora de bens do contribuinte no valor equivalente ao total do débito exequendo. d) após o encerramento do processo administrativo fiscal, mas antes da execução fiscal. Comentários: a) Afirmativa incorreta. Tendo sido o crédito constituído e esgotado o prazo para pagamento voluntário, não é mais possível a obtenção de certidão positiva com efeitos de negativa, ainda que não tenha sido realizada a inscrição do crédito em dívida ativa. b) Afirmativa incorreta. O que suspende a exigibilidade do crédito é a concessão da liminar. Se não houve liminar, o crédito permanece exigível. c) Afirmativa correta. É o que dispõe o artigo 206 do CTN. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos d) Afirmativa incorreta. Tendo sido o crédito constituído e esgotado o prazo para pagamento voluntário, não é mais possível a obtenção de certidão positiva com efeitos de negativa, ainda que não tenha sido ajuizada a ação de execução fiscal. 3. (NUCEPE/Delegado de Polícia Civil/2018) Considerando o previsto no Código Tributário Nacional sobre as garantias e privilégios do crédito tributário, assinale a alternativa CORRETA a) Responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, ressalvados apenas os gravados por cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo se houverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. c) A enumeração das garantias e privilégios contidas no Código Tributário Nacional tem caráter exaustivo, sendo vedada, ainda que por lei, a criação de outras. d) O crédito tributário prefere sempre a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados, unicamente, os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. e) São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos antes do processo de falência, e concursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. Comentários: a) Afirmativa incorreta. Nos termos do artigo 184, “sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis”. b) Afirmativa correta. É o que dispõe artigo 185 do Código Tributário Nacional. c) Afirmativa incorreta. Como dispõe o artigo 183, “enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram”. d) Afirmativa incorreta. Como regra geral, o crédito tributário apenas não tem preferência sobre os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. No entanto, na falência, a sistemática é distinta. e) Afirmativa incorreta. É o oposto do que enunciado. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos ==13272f== 4. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe o Código Tributário Nacional. A certidão positiva que indique a existência de um crédito tributário já vencido, mas submetido a parcelamento, tem os mesmos efeitos de uma certidão negativa. Parte superior do formulário Certo Errado Comentários: Afirmativa correta. O parcelamento é hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito. Logo, nos termos do artigo 206, é possível a emissão de certidão positiva com efeitos de negativa. 5. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe o Código Tributário Nacional. As informações relativas às representações fiscais para fim penal são sigilosas, sendo vedada a sua divulgação ou publicização. Certo Errado Comentários: Afirmativa incorreta. Termos do artigo 198, §3º, inciso I, é possível a divulgação das representações fiscais para fins penais. 6. (VUNESP/Juiz de Direito Substituto/2018) Um cidadão protocola pedido administrativo junto à Secretaria da Fazenda do Município X, pleiteando acesso à lista dos 50 maiores devedores do Município, considerando apenas os débitos inscritos em dívida ativa. A autoridade competente da Secretaria da Fazenda, com base na legislação tributária vigente, deve a) deferir o pedido, porque não há vedação legal à divulgação de informações relativas às inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública. b) indeferir o pedido, porque a divulgação desses dados somente é permitida quando houver solicitação de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que comprovada a instauração regular de processo administrativo com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) indeferir o pedido, porque essas informações foram obtidas pela Fazenda Pública em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. d) deferir o pedido, desde que a entrega das informações seja realizada pessoalmente ao solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência dos dados solicitados e assegure a preservaçãodo seu sigilo. e) indeferir o pedido, porque a divulgação de informações sobre inscrição de débito em dívida ativa da Fazenda Pública somente pode ser realizada ante a requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça. Comentários: O artigo 198, §3º, do Código Tributário Nacional, dispõe no seguinte sentido: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) § 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001 III – parcelamento ou moratória. Logo, a alternativa correta é a letra A. 7. (CESPE/Analista Judiciário STJ/2018) Julgue o item que se segue, a respeito das disposições do Código Tributário Nacional (CTN). As garantias do crédito tributário estão taxativamente previstas no CTN. Certo Errado Comentários: Afirmativa incorreta, conforme dispõe o artigo 183 do CTN. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 8. (CESPE/Auditor do Estado/2018) A Autoridade fazendária lavrou termo de inscrição de dívida ativa contendo apenas os seguintes dados: nome do devedor, quantia devida, data da inscrição e número do processo administrativo do qual se originou. De acordo com o CTN, o termo deveria conter, ainda, obrigatoriamente, a) a memória de cálculo detalhada dos juros de mora. b) os responsáveis tributários. c) o endereço do devedor. d) o CPF e o RG do devedor. e) a previsão legal do crédito. Comentários: Os requisitos do termo de inscrição em dívida ativa se encontram inseridos no artigo 202 do CTN: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Portanto, é necessária a previsão legal do crédito, conforme inciso III. 9. (FGV/Técnico Tributário/2018) Analise as hipóteses a seguir, e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa. ( ) Constitui dívida ativa tributária todo crédito da Fazenda Pública que tiver sido inscrito em repartição administrativa competente, esgotado o prazo em lei para pagamento. ( ) Certidão da Dívida Ativa é o título que habilita o Fisco a ingressar com a execução fiscal, contemplando valor líquido e certo, incabível sua alteração após iniciado o processo executivo. ( ) A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa até a decisão de 1ª instância, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos Na sequência em que aparecem, as afirmativas são, respectivamente, a) F – F – V. b) V – V – F. c) F – V – F. d) V – F – V. e) V – F – F. Comentários: i) Falso. Essa frase pode ser utilizada para descrever a dívida ativa, que se subdivide em dívida ativa tributária e dívida ativa não tributária. ii) Falso. É possível a substituição da CDA até a decisão de primeira instância, conforme enuncia o artigo 203 do CTN. iii) Verdadeiro. É o que dispõe o artigo 203. Portanto, a alternativa correta é a letra A. 10. (CESPE/Procurador Jurídico/2017) Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética. Assinale a opção que apresenta situação que configura quebra de sigilo fiscal conforme as disposições do CTN. a) Com base nas informações constantes dos livros fiscais obtidos em determinada empresa, o funcionário do fisco lavrou auto de infração e, ao final do procedimento administrativo, sem autorização judicial, encaminhou a informação para apuração criminal. b) A Fazenda Pública divulgou, por meio de sistemas públicos, sem autorização dos contribuintes, a concessão de moratória ou parcelamentos. c) Um funcionário da Receita Federal, tendo tomado conhecimento de informações fiscais por conta de sua função, repassou-as a outro funcionário da Receita Federal, do mesmo setor, para providências funcionais, sem expressa autorização da chefia direta. d) Tendo tomado conhecimento de informações fiscais, um funcionário do fisco lavrou o devido auto de infração e, após o prazo de impugnação, encaminhou-o para a inscrição na dívida ativa, sem conhecimento do secretário da Receita Federal. e) Tendo verificado práticas ilícitas de natureza tributária, no curso de processo administrativo fiscal, o funcionário do fisco encaminhou a informação ao Ministério Público, ao final do procedimento administrativo, bem como repassou para um jornalista amigo as informações, sob a promessa de sigilo da fonte. Comentários: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos a) Nesse caso, não há ofensa ao sigilo fiscal. Verificando a prática de crimes por parte do sujeito passivo, deve o agente fiscal encaminhar representação fiscal para fins penais. b) Não há violação ao sigilo fiscal, conforme determina o artigo 198, §3º, inciso III, do CTN. c) Não há violação do sigilo fiscal. As informações permaneceram no âmbito da administração fazendária. d) Não há violação ao sigilo fiscal. O encaminhamento para inscrição em dívida ativa é procedimento natural, dispensando autorização do secretário da Receita Federal. e) Há violação ao sigilo fiscal. Além de ter encaminhado a representação fiscal para o Ministério Público antes do término do processo administrativo fiscal, o servidor divulgou as informações para um jornalista. 11. (CESPE/Procurador Jurídico/2017) Um devedor tributário, devidamente citado em execução fiscal, não pagou nem apresentou bens à penhora no prazo legal. Nesse caso, considerando-se as garantias e os privilégios do crédito tributário, a declaração da indisponibilidade dos bens do devedor prevista no CTN dependerá da demonstração do esgotamento das diligências para a localização de bens penhoráveis. Segundo a jurisprudência do STJ, o esgotamento dessas diligências caracteriza-se pela a) comprovação da tentativa ou consumação de alienação ou oneração de bens ou rendas após a inscrição em dívida ativa, como acontece na medida cautelar fiscal. b) diligência da fazenda pública em demonstrar ter realizado buscas razoavelmente exigíveis, já que inexiste na jurisprudência um rol mínimo de diligências a serem realizadas. c) existência de pedido e determinação, nos autos, de constrição sobre ativos financeiros via BacenJud, expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional — ou estadual — de Trânsito. d) existência de pedido e determinação, nos autos, de constrição sobre ativos financeiros via BacenJud, expedição de ofícios aos registros de imóveisdo local de residência do executado e da sede da comarca e da capital da respectiva unidade da Federação. e) simples inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal da contestação, como ocorre na medida cautelar fiscal. Comentários: Esse tema foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, mediante a edição de súmula sobre o assunto: Súmula 560: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran. Portanto, a alternativa correta é a letra C. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 12. (CESPE/Procurador do Estado/2017) Uma certidão positiva com efeitos de negativa consiste em a) documento administrativo que indica a existência de créditos inexigíveis ou que já estão garantidos, embora não sirva para a comprovação de regularidade do pagamento de tributos. b) certidão judicial que indica a existência de créditos exigíveis e não garantidos, apesar de não servir para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo. c) certidão judicial usada para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo, ainda que indique a existência de créditos vencidos e exigíveis. d) documento administrativo utilizado para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo, ainda que indique a existência de créditos garantidos ou inexigíveis. e) certidão administrativa ou judicial que serve para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo e que certifica a existência de créditos exigíveis e não adimplidos, mesmo sem garantia. Comentários: a) Afirmativa incorreta. A certidão positiva com efeitos de negativa comprova a regularidade fiscal. b) Afirmativa incorreta. Não é certidão judicial. Além disso, a certidão positiva com efeitos de negativa não indica a existência de créditos exigíveis e não garantidos. c) Afirmativa incorreta. Não é certidão judicial. Além disso, a certidão positiva com efeitos de negativa não pode ser emitida se constatada a existência de créditos vencidos e exigíveis. d) Afirmativa correta. É o que dispõe o artigo 206 do CTN. e) Afirmativa incorreta. Não é certidão judicial. Além disso, não pode ser emitida quando verificada a existência de créditos exigíveis e não adimplidos. 13. (CESPE/Procurador do Estado/2017) Nos termos da lei, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. Nesse sentido, é correto afirmar que na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos a) com garantia real. b) com privilégio especial. c) com privilégio geral. d) quirografários. e) subordinados. Comentários: A alternativa correta é a letra E, conforme enuncia o inciso III do artigo 186 do CTN. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 14. (CESPE/DPU/2017)A respeito das normas gerais de direito tributário, julgue o seguinte item. A fluência de juros de mora de dívida ativa regularmente inscrita exclui a liquidez do crédito. Certo Errado Comentários: Afirmativa incorreta, conforme enuncia o parágrafo único do artigo 201 do CTN. 15. (VUNESP/TJ-SP Juiz Substituto/2017) A alienação ou oneração de bens imóveis presume- se em fraude à execução em relação à Fazenda Pública a partir a) do protesto da Certidão da Dívida Ativa. b) da inscrição do débito tributário na Dívida Ativa. c) do ajuizamento da ação de execução fiscal. d) do despacho que ordenou a citação do executado. Comentários: O marco é a inscrição do crédito em dívida ativa, conforme dispõe o artigo 185 do CTN. 16. (CESPE/Procurador do Município/2017) Julgue o seguinte item, a respeito de obrigação tributária e crédito tributário. Caso o contribuinte tenha créditos inscritos em dívida ativa integralmente garantidos por penhora ou créditos com a exigibilidade suspensa, é admitido que lhe seja expedida certidão de regularidade fiscal. Certo Errado Comentários: Afirmativa correta. Nessa caso, admite-se a emissão de certidão positiva com efeitos de negativa. 17. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Em relação às preferências do crédito tributário, estabelecidas pelo Código Tributário Nacional, Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos a) o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, bem como aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. b) são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. c) a multa tributária prefere apenas aos créditos com garantia real. d) são pagos preferencialmente a quaisquer outros, os créditos tributários vencidos, a cargo de pessoas jurídicas de direito público ou privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação, sendo vedada a cobrança dos créditos vincendos. e) é inconstitucional a lei que estabeleça limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Comentários: a) Afirmativa incorreta, conforme dispõe o inciso I do parágrafo único do artigo 186. b) Afirmativa correta, conforme dispõe o artigo 188 do CTN. c) Afirmativa incorreta. A multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados, conforme determina o inciso III do parágrafo único do artigo 186. d) Afirmativa incorreta. Nos termos do artigo 190 do CTN, a preferência abarca os créditos vincendos. e) Afirmativa incorreta. Não há inconstitucionalidade. 18. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Tem os mesmos efeitos da certidão negativa a certidão de que conste a existência de créditos a) em curso de cobrança executiva, independentemente de ter sido efetuada a penhora. b) vencidos, mas já inscritos na dívida ativa. c)vencidos, independentemente de terem sido inscritos ou não na dívida ativa. d) que estejam em moratória. e) inscritos na dívida ativa, desde que ainda não promovida sua execução judicial. Comentários: Dispõe o artigo 206 do CTN: Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos Portanto, a alternativa correta é a letra D, porque a moratória suspende a exigibilidade do crédito tributário. 19. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Acerca das preferências do crédito tributário na falência, é correto afirmar que a) prefere aos créditos extraconcursais. b) prefere aos créditos com garantia real, no limite do bem gravado. c) prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho. d) é considerado extraconcursal quando decorrente de fato gerador ocorrido durante o processo de falência. e) a multa tributária tem preferência com relação a qualquer outrocrédito, seja qual for sua natureza ou classificação nos termos da lei falimentar. Comentários: Na falência, o crédito tributário não prefere ao crédito com garantia geral e aos créditos extraconcursais. Portanto, estão incorretas as letras a, b e c. A letra e está incorreta, porque a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. Está correta a alternativa d, conforme dispõe o artigo 188 do CTN. 20. (CESPE/PGE-AM Procurador do Estado/2016) Considerando o desenvolvimento da relação jurídica tributária, julgue o próximo item. A penhora de bem ou de direito que promova a satisfação integral do crédito tributário assegurará ao sujeito passivo da relação jurídica tributária o direito de obter certidão positiva com os mesmos efeitos da certidão negativa. Certo Errado Comentários: Afirmativa correta, conforme dispõe o artigo 206 do CTN. 21. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Em relação às indicações dos elementos obrigatórios do termo de inscrição da dívida ativa tributária, previstos no Código Tributário Nacional, assinale a alternativa INCORRETA. a) O nome do devedor e, sempre que possível, o seu domicílio ou a residência. b) A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) A origem e a natureza do crédito, mencionando especificamente a disposição da lei em que seja fundado. d) A data em que foi inscrita. e) O número do processo judicial de que se originar o crédito. Comentários: A alternativa incorreta é a letra E. O número do processo judicial não consta da CDA, até porque ele não existe quando da inscrição do crédito em dívida ativa. 22. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Todas as pessoas jurídicas de direito público podem editar normas relacionadas com os tributos de sua competência. Não obstante isso, o CTN contém regras a respeito de fiscalização de tributos. De acordo com o CTN, a) a competência e os poderes das autoridades administrativas, em matéria de fiscalização, será regulada, necessariamente, por lei, ordinária ou complementar, ou por medida provisória, conforme o caso. b) os livros fiscais e os documentos que comprovem os lançamentos efetuados neles devem ser conservados até que ocorra a decadência dos créditos tributários decorrentes das operações a que eles se referem. c) a legislação tributária que disciplina a atividade de fiscalização, de maneira geral ou específica, aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, desde que revistam a condição de contribuintes, com exclusão daquelas que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. d) as disposições que excluem ou limitam o direito de a Fazenda Pública examinar mercadorias, livros fiscais e documentos não têm aplicação, mesmo que previstas em lei. e) a legislação tributária que disciplina a atividade de fiscalização, de maneira geral ou específica, aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, inclusive as que gozem de isenção de caráter pessoal, desde que revistam a condição de contribuintes, mas excluídas as que gozem de imunidade tributária. Comentários: a) Afirmativa incorreta. Nos termos do artigo 194, “a legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação”. O conceito de legislação tributária é mais amplo do que lei em sentido estrito, porque abarca atos infralegais. b) Afirmativa incorreta. O artigo 195, parágrafo único, determina a conservação dos livros obrigatórios até que ocorra a prescrição dos créditos tributários. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) Afirmativa incorreta. O fato de alguém gozar de imunidade ou isenção não impede o exercício da atividade fiscalizatória por parte do fisco, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 194. d) Afirmativa correta, conforme dispõe o artigo 195 do CTN. e) Afirmativa incorreta. O fato de alguém gozar de imunidade não impede o exercício da atividade fiscalizatória por parte do fisco, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 194. 23. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Ao tratar da fiscalização feita pela Administração Tributária, a legislação tributária proíbe a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informações a) solicitadas pela autoridade administrativa no interesse da Administração pública, a qual comprovou a instauração regular de processo administrativo punitivo. b) obtidas em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros. c) divulgadas para fins penais. d) a respeito de parcelamento ou moratória. e) sobre inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública. Comentários: O artigo 198 possui a seguinte redação: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001 § 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos § 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Portanto, a alternativa correta é a letra B. 24. (FCC/Auditor Fiscal/2016) A atividade de fiscalização dos sujeitos passivos de obrigação tributária é de tal relevância que o próprio Código Tributário Nacional contempla algumas das principais regras a esse respeito. De acordo com esse Código, a) é permitida a divulgação, por parte dos servidores da Fazenda Pública, de informação obtida em razão do ofício, sobre a situação financeira de contribuinte, desde que não envolva crime financeiro por ele cometido. b) as autoridades administrativas municipais poderão requisitar o auxílio da força pública estadual, quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, desde que essa medida se configure fato definido em lei como crime ou contravenção. c) é vedada a divulgação,por parte da Fazenda Pública, de alguns tipos de informações específicas, tais como aquelas relativas à inscrição de débitos do contribuinte em Dívida Ativa dessa mesma Fazenda Pública. d) a autoridade fiscal que proceder a qualquer diligência de fiscalização lavrará, em um dos livros fiscais exibidos pelo sujeito passivo, os termos necessários para que se documente o início do procedimento, e fixará prazo máximo para a conclusão daquela, vedada a lavratura desses termos em separado. e) os despachantes aduaneiros oficiais, que são contribuintes do ISS, estão obrigados, mediante intimação escrita de autoridade competente para fiscalizar o ICMS, a prestar às autoridades administrativas todas as informações de que disponham com relação aos negócios de seus clientes, contribuintes do ICMS, preservado o dever de segredo, quando previsto em lei. Comentários: a) Afirmativa incorreta, conforme dispõe o caput do artigo 198 do CTN. b) Afirmativa incorreta. A requisição pode ocorrer mesmo que o fato não configure crime ou contravenção. c) Afirmativa incorreta. É possível a divulgação dos créditos inscritos em dívida ativa. d) Afirmativa incorreta. É possível que os termos sejam lavrados em separado, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 196. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos e) Afirmativa correta, conforme dispõe o inciso IV do artigo 197 do CTN. 25. (CESPE/Auditor de Controle Externo/2016) Julgue o item subsequente, relativos ao imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN) e à certidão negativa. A administração tributária poderá fornecer certidão positiva com os mesmos efeitos da certidão negativa na hipótese de créditos tributários com exigibilidade suspensa ou de créditos objeto de execução fiscal garantidos por penhora. a) Certo b) Errado Comentários: Afirmativa correta, conforme dispõe o artigo 206. 26. (UFMT/DPE-MT/2016) Segundo o Código Tributário Nacional, em qualquer hipótese, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, em razão de crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Certo Errado Comentários: Afirmativa incorreta. A presunção não ocorre quando, nos termos do parágrafo único do artigo 185, tenham sido reservados bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. 27. (FUNESP/Procurador do Estado/2016) De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário a) regularmente inscrito como dívida ativa. b) devidamente constituído, mesmo que não inscrito na dívida ativa. c) em fase de constituição, mesmo que não inscrito na dívida ativa. d) regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução. e) não pago na data do seu vencimento. Comentários: O marco legal utilizado é a inscrição em dívida ativa, conforme enuncia o artigo 185 do CTN. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 28. (FAURGS/Juiz de Direito Substituto/2016) No que se refere ao termo de inscrição da dívida ativa, considere os conjuntos de informações abaixo. I - Nome do devedor, número da carteira de identidade, domicílio e número do cadastro da pessoa física. II - Nome do devedor, a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos. III - Nome do devedor, número da carteira de identidade, residência e número do cadastro da pessoa física. IV - A origem e natureza do crédito, a data em que a dívida ativa foi inscrita e número do cadastro de pessoa física. Quais possuem apenas itens obrigatórios ao termo de inscrição da dívida ativa? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e IV. e) Apenas I, III e IV. Comentários: Os requisitos do termo de inscrição se encontram no artigo 202 do CTN: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita; V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Portanto, a alternativa correta é a letra B. 29. (FGV/Auditor Fiscal/2016) Sobre as garantias e os privilégios do crédito tributário, assinale a afirmativa correta. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos a) Na falência, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados apenas, os créditos extraconcursais ou as importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, e os créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa. c) O juiz pode determinar a indisponibilidade de bens e direitos do executado antes da sua citação, como forma de assegurar a garantia do juízo na execução fiscal. d) A cobrança judicial do crédito tributário está sujeita à habilitação em falência e recuperação judicial. e) Na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados e quirografários. Comentários: a) Afirmativa incorreta. O crédito tributário também não prefere aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. b) Afirmativa correta, conforme dispõe o artigo 185 do CTN. c) Afirmativa incorreta. A citação é requisito obrigatório para determinação da indisponibilidade, conforme se nota do artigo 185-A do CTN. d) Afirmativa incorreta, conforme se observa do artigo 187 do CTN. e) Afirmativa incorreta. A multa prefere apenas aos créditos subordinados, conforme artigo 186, parágrafo único, inciso III, do CTN. 30. (CESPE/TJ-AM Juiz Substituto/2016) No tocante às garantias e privilégios do crédito tributário, é correto afirmar que a) a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário altera a natureza deste e a da obrigação tributária a que corresponda. b) na falência, o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais e aos créditos com garantia real. c) a multa tributária, no processo falimentar, prefere apenas aos créditos quirografários. d) responde pelo crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, excetuados os gravados com cláusula de impenhorabilidade. e) a extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos. Comentários: a) Afirmativa incorreta, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 183. b) Afirmativa incorreta, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 186. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) Afirmativa incorreta. A multa prefere apenas aos créditos subordinados. d) Afirmativa incorreta. Excetua-se unicamente os bense rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis, conforme enuncia o artigo 184 do CTN. e) Alternativa correta, conforme dispõe o artigo 191 do CTN. 31. (CESPE/TJ-AM Juiz Substituto/2016/Adaptada) Julgue o item a seguir: Em caso de falência, pagos os créditos trabalhistas, há preferência do crédito tributário sobre os créditos extraconcursais e os créditos com garantia real, até o valor do bem gravado. Certo Errado Comentários: A afirmativa está incorreta. O crédito tributário não tem preferência sobre os créditos extraconcursais e sobre os créditos com garantia real. 32. (VUNESP/Procurador Jurídico/2016) Segundo as disposições do Código Tributário Nacional, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. No processo de falência, a multa tributária prefere aos créditos a) com privilégio especial. b) com privilégio geral. c) com garantia real. d) quirografários. e) subordinados. Comentários: A afirmativa correta é a letra E, conforme enuncia o inciso III do parágrafo único do artigo 186 do CTN. LISTA DE QUESTÕES 1. (VUNESP/Procurador Jurídico /2018) No âmbito das relações dos particulares com a Administração Pública, é comum a exigência por parte desta da apresentação de Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos certidões que atestem a regularidade fiscal do cidadão em face de suas obrigações. A esse respeito, é correto afirmar que a) a certidão positiva expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. b) a certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de vinte dias da data da entrada do requerimento na repartição. c) a lei não poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo seja feita por certidão negativa expedida pela Fazenda Pública, para além dos casos expressamente previstos pela Constituição Federal. d) a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa, tem efeitos de certidão positiva de débitos, impedindo o exercício dos direitos sujeitos à comprovação de regularidade fiscal. e) independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo porventura devido. 2. (FUNRIO/Técnico Legislativo/2018) A alternativa que assegura ao contribuinte o direito de obter Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa é a seguinte: a) quando apesar de declarado o tributo devido e não pago, o contribuinte ainda não tenha sido intimado sobre a inscrição do referido crédito tributário em Dívida Ativa. b) quando o contribuinte tenha impetrado mandado de segurança, ainda que a liminar não tenha sido concedida pelo juízo. c) nos casos em que houver penhora de bens do contribuinte no valor equivalente ao total do débito exequendo. d) após o encerramento do processo administrativo fiscal, mas antes da execução fiscal. 3. (NUCEPE/Delegado de Polícia Civil/2018) Considerando o previsto no Código Tributário Nacional sobre as garantias e privilégios do crédito tributário, assinale a alternativa CORRETA a) Responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, ressalvados apenas os gravados por cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo se houverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. c) A enumeração das garantias e privilégios contidas no Código Tributário Nacional tem caráter exaustivo, sendo vedada, ainda que por lei, a criação de outras. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos d) O crédito tributário prefere sempre a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados, unicamente, os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. e) São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos antes do processo de falência, e concursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. 4. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe o Código Tributário Nacional. A certidão positiva que indique a existência de um crédito tributário já vencido, mas submetido a parcelamento, tem os mesmos efeitos de uma certidão negativa. Parte superior do formulário Certo Errado 5. (CESPE/Procurador do Município/2018) Julgue o item que se segue à luz do que dispõe o Código Tributário Nacional. As informações relativas às representações fiscais para fim penal são sigilosas, sendo vedada a sua divulgação ou publicização. Certo Errado 6. (VUNESP/Juiz de Direito Substituto/2018) Um cidadão protocola pedido administrativo junto à Secretaria da Fazenda do Município X, pleiteando acesso à lista dos 50 maiores devedores do Município, considerando apenas os débitos inscritos em dívida ativa. A autoridade competente da Secretaria da Fazenda, com base na legislação tributária vigente, deve a) deferir o pedido, porque não há vedação legal à divulgação de informações relativas às inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública. b) indeferir o pedido, porque a divulgação desses dados somente é permitida quando houver solicitação de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que comprovada a instauração regular de processo administrativo com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. c) indeferir o pedido, porque essas informações foram obtidas pela Fazenda Pública em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos d) deferir o pedido, desde que a entrega das informações seja realizada pessoalmente ao solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência dos dados solicitados e assegure a preservação do seu sigilo. e) indeferir o pedido, porque a divulgação de informações sobre inscrição de débito em dívida ativa da Fazenda Pública somente pode ser realizada ante a requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça. 7. (CESPE/Analista Judiciário STJ/2018) Julgue o item que se segue, a respeito das disposições do Código Tributário Nacional (CTN). As garantias do crédito tributário estão taxativamente previstas no CTN. Certo Errado 8. (CESPE/Auditor do Estado/2018) A Autoridade fazendária lavrou termo de inscrição de dívida ativa contendo apenas os seguintes dados: nome do devedor, quantia devida, data da inscrição e número do processo administrativo do qual se originou. De acordo com o CTN, o termo deveria conter, ainda,obrigatoriamente, a) a memória de cálculo detalhada dos juros de mora. b) os responsáveis tributários. c) o endereço do devedor. d) o CPF e o RG do devedor. e) a previsão legal do crédito. 9. (FGV/Técnico Tributário/2018) Analise as hipóteses a seguir, e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa. ( ) Constitui dívida ativa tributária todo crédito da Fazenda Pública que tiver sido inscrito em repartição administrativa competente, esgotado o prazo em lei para pagamento. ( ) Certidão da Dívida Ativa é o título que habilita o Fisco a ingressar com a execução fiscal, contemplando valor líquido e certo, incabível sua alteração após iniciado o processo executivo. ( ) A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa até a decisão de 1ª instância, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. Na sequência em que aparecem, as afirmativas são, respectivamente, a) F – F – V. b) V – V – F. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) F – V – F. d) V – F – V. e) V – F – F. 10. (CESPE/Procurador Jurídico/2017) Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética. Assinale a opção que apresenta situação que configura quebra de sigilo fiscal conforme as disposições do CTN. a) Com base nas informações constantes dos livros fiscais obtidos em determinada empresa, o funcionário do fisco lavrou auto de infração e, ao final do procedimento administrativo, sem autorização judicial, encaminhou a informação para apuração criminal. b) A Fazenda Pública divulgou, por meio de sistemas públicos, sem autorização dos contribuintes, a concessão de moratória ou parcelamentos. c) Um funcionário da Receita Federal, tendo tomado conhecimento de informações fiscais por conta de sua função, repassou-as a outro funcionário da Receita Federal, do mesmo setor, para providências funcionais, sem expressa autorização da chefia direta. d) Tendo tomado conhecimento de informações fiscais, um funcionário do fisco lavrou o devido auto de infração e, após o prazo de impugnação, encaminhou-o para a inscrição na dívida ativa, sem conhecimento do secretário da Receita Federal. e) Tendo verificado práticas ilícitas de natureza tributária, no curso de processo administrativo fiscal, o funcionário do fisco encaminhou a informação ao Ministério Público, ao final do procedimento administrativo, bem como repassou para um jornalista amigo as informações, sob a promessa de sigilo da fonte. 11. (CESPE/Procurador Jurídico/2017) Um devedor tributário, devidamente citado em execução fiscal, não pagou nem apresentou bens à penhora no prazo legal. Nesse caso, considerando-se as garantias e os privilégios do crédito tributário, a declaração da indisponibilidade dos bens do devedor prevista no CTN dependerá da demonstração do esgotamento das diligências para a localização de bens penhoráveis. Segundo a jurisprudência do STJ, o esgotamento dessas diligências caracteriza-se pela a) comprovação da tentativa ou consumação de alienação ou oneração de bens ou rendas após a inscrição em dívida ativa, como acontece na medida cautelar fiscal. b) diligência da fazenda pública em demonstrar ter realizado buscas razoavelmente exigíveis, já que inexiste na jurisprudência um rol mínimo de diligências a serem realizadas. c) existência de pedido e determinação, nos autos, de constrição sobre ativos financeiros via BacenJud, expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional — ou estadual — de Trânsito. d) existência de pedido e determinação, nos autos, de constrição sobre ativos financeiros via BacenJud, expedição de ofícios aos registros de imóveis do local de residência do executado e da sede da comarca e da capital da respectiva unidade da Federação. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos e) simples inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal da contestação, como ocorre na medida cautelar fiscal. 12. (CESPE/Procurador do Estado/2017) Uma certidão positiva com efeitos de negativa consiste em a) documento administrativo que indica a existência de créditos inexigíveis ou que já estão garantidos, embora não sirva para a comprovação de regularidade do pagamento de tributos. b) certidão judicial que indica a existência de créditos exigíveis e não garantidos, apesar de não servir para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo. c) certidão judicial usada para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo, ainda que indique a existência de créditos vencidos e exigíveis. d) documento administrativo utilizado para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo, ainda que indique a existência de créditos garantidos ou inexigíveis. e) certidão administrativa ou judicial que serve para a comprovação de regularidade do pagamento de determinado tributo e que certifica a existência de créditos exigíveis e não adimplidos, mesmo sem garantia. 13. (CESPE/Procurador do Estado/2017) Nos termos da lei, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. Nesse sentido, é correto afirmar que na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos a) com garantia real. b) com privilégio especial. c) com privilégio geral. d) quirografários. e) subordinados. 14. (CESPE/DPU/2017)A respeito das normas gerais de direito tributário, julgue o seguinte item. A fluência de juros de mora de dívida ativa regularmente inscrita exclui a liquidez do crédito. Certo Errado 15. (VUNESP/TJ-SP Juiz Substituto/2017) A alienação ou oneração de bens imóveis presume- se em fraude à execução em relação à Fazenda Pública a partir Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos a) do protesto da Certidão da Dívida Ativa. b) da inscrição do débito tributário na Dívida Ativa. c) do ajuizamento da ação de execução fiscal. d) do despacho que ordenou a citação do executado. 16. (CESPE/Procurador do Município/2017) Julgue o seguinte item, a respeito de obrigação tributária e crédito tributário. Caso o contribuinte tenha créditos inscritos em dívida ativa integralmente garantidos por penhora ou créditos com a exigibilidade suspensa, é admitido que lhe seja expedida certidão de regularidade fiscal. Certo Errado 17. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Em relação às preferências do crédito tributário, estabelecidas pelo Código Tributário Nacional, a) o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, bem como aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. b) são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. c) a multa tributária prefere apenas aos créditos com garantia real. d) são pagos preferencialmente a quaisquer outros, os créditos tributários vencidos, a cargo de pessoas jurídicas de direito público ou privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação, sendo vedada a cobrança dos créditos vincendos. e) é inconstitucional a lei que estabeleça limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho.exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. (risco nosso) Observem que, no inciso I, riscamos o seguinte trecho: “declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução”. A razão repousa no fato de que, como mencionamos anteriormente, não se aplica ao crédito tributário a impenhorabilidade constituída por ato voluntário. O artigo 185 do CTN versa sobre a fraude à execução fiscal: Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Como se pode observar do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa, que ocorre antes mesmo do ajuizamento da ação de execução fiscal, conforme demonstra o gráfico abaixo: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 5 Assim, o regramento aplicável ao fisco com relação aos créditos tributários é mais favorável do que o existente em favor dos credores privados. Com relação a estes últimos, incide o disposto no artigo 792 do CPC, que pressupõe para o reconhecimento da fraude à execução a existência de uma demanda judicial ou de uma constrição judicial: Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V - nos demais casos expressos em lei. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 6 De toda forma, como evidencia o parágrafo único do artigo 185, não é toda alienação após a inscrição em dívida ativa que se constitui em fraude à execução, mas tão somente aquelas que sejam realizadas sem que o devedor tenha reservado bens para o pagamento da dívida inscrita. Assim, por exemplo, nada impede que o sujeito passivo, contra quem paira dívida inscrita no valor de R$ 500.000,00, aliene imóvel no valor de R$ 700.000,00, desde que mantenha em sua propriedade bens cuja soma seja superior à dívida inscrita. Ainda quanto ao tema, é importante consignar que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da inaplicabilidade da Súmula 375 à fraude à execução fiscal: Súmula nº 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. O fundamento é o de que, tratando-se de alienação realizada após a inscrição em dívida ativa sem que tenham sido reservados pelo sujeito passivo bens suficientes ao total pagamento da dívida, a presunção de fraude à execução é absoluta, sendo irrelevante que o terceiro tenha adquirido o bem de boa-fé6. Assim, se o devedor X, contra quem há dívida tributária inscrita no valor de R$ 200.000,00, vender a Y um imóvel de sua propriedade - sem reservar bens para garantir a integralidade da dívida - pode o fisco penhorar o bem transacionado e levá-lo a leilão para satisfação do seu crédito, sendo irrelevante a circunstância de o terceiro adquirente ter agido de boa-fé. Assim, o artigo 185 do Código Tributário Nacional exige cautela redobrada de quem adquire um bem – sobretudo quando for um imóvel - sendo importante a consulta acerca da existência de créditos inscritos em dívida ativa no nome do alienante. Por fim, dispõe o artigo 185-A do Código Tributário Nacional: Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 6 STJ - REsp: 1141990 PR 2009/0099809-0, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 10/11/2010, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 19/11/2010. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 7 § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Como se pode observar, três são os requisitos para que a indisponibilidade possa ser decretada: a) citação do devedor; b) ausência de indicação de bens à penhora pelo devedor; c) não terem sido encontrados bens penhoráveis pela Fazenda Pública. Os dois primeiros requisitos não oferecem dificuldades, sendo decorrência do próprio procedimento adotado pela Lei de Execuções Fiscais. De fato, no modelo adotado pela Lei 6.830/80, citado o devedor, este tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida ou garantir a execução: Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas: [...] O terceiro requisito é que gerava maior controvérsia, porque a lei não estabelece quando que se deve entender que não foram encontrados bens pelo credor. Seria necessário o esgotamento das diligências por parte do fisco ou bastaria que a penhora sobre conta corrente não obtivesse êxito? Em caso positivo, quais são os atos necessários para se considere esgotadas as diligências? O tema foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, mediante a edição de súmula sobre o assunto: Súmula 560: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185- A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando18. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Tem os mesmos efeitos da certidão negativa a certidão de que conste a existência de créditos a) em curso de cobrança executiva, independentemente de ter sido efetuada a penhora. b) vencidos, mas já inscritos na dívida ativa. c)vencidos, independentemente de terem sido inscritos ou não na dívida ativa. d) que estejam em moratória. e) inscritos na dívida ativa, desde que ainda não promovida sua execução judicial. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 19. (VUNESP/Procurador Jurídico/2017) Acerca das preferências do crédito tributário na falência, é correto afirmar que a) prefere aos créditos extraconcursais. b) prefere aos créditos com garantia real, no limite do bem gravado. c) prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho. d) é considerado extraconcursal quando decorrente de fato gerador ocorrido durante o processo de falência. e) a multa tributária tem preferência com relação a qualquer outro crédito, seja qual for sua natureza ou classificação nos termos da lei falimentar. 20. (CESPE/PGE-AM Procurador do Estado/2016) Considerando o desenvolvimento da relação jurídica tributária, julgue o próximo item. A penhora de bem ou de direito que promova a satisfação integral do crédito tributário assegurará ao sujeito passivo da relação jurídica tributária o direito de obter certidão positiva com os mesmos efeitos da certidão negativa. Certo Errado 21. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Em relação às indicações dos elementos obrigatórios do termo de inscrição da dívida ativa tributária, previstos no Código Tributário Nacional, assinale a alternativa INCORRETA. a) O nome do devedor e, sempre que possível, o seu domicílio ou a residência. b) A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos. c) A origem e a natureza do crédito, mencionando especificamente a disposição da lei em que seja fundado. d) A data em que foi inscrita. e) O número do processo judicial de que se originar o crédito. 22. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Todas as pessoas jurídicas de direito público podem editar normas relacionadas com os tributos de sua competência. Não obstante isso, o CTN contém regras a respeito de fiscalização de tributos. De acordo com o CTN, a) a competência e os poderes das autoridades administrativas, em matéria de fiscalização, será regulada, necessariamente, por lei, ordinária ou complementar, ou por medida provisória, conforme o caso. b) os livros fiscais e os documentos que comprovem os lançamentos efetuados neles devem ser conservados até que ocorra a decadência dos créditos tributários decorrentes das operações a que eles se referem. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos c) a legislação tributária que disciplina a atividade de fiscalização, de maneira geral ou específica, aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, desde que revistam a condição de contribuintes, com exclusão daquelas que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. d) as disposições que excluem ou limitam o direito de a Fazenda Pública examinar mercadorias, livros fiscais e documentos não têm aplicação, mesmo que previstas em lei. e) a legislação tributária que disciplina a atividade de fiscalização, de maneira geral ou específica, aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, inclusive as que gozem de isenção de caráter pessoal, desde que revistam a condição de contribuintes, mas excluídas as que gozem de imunidade tributária. 23. (FUNDATEC/Prefeitura Municipal de Porto Alegre/2016) Ao tratar da fiscalização feita pela Administração Tributária, a legislação tributária proíbe a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informações a) solicitadas pela autoridade administrativa no interesse da Administração pública, a qual comprovou a instauração regular de processo administrativo punitivo. b) obtidas em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros. c) divulgadas para fins penais. d) a respeito de parcelamento ou moratória. e) sobre inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública. 24. (FCC/Auditor Fiscal/2016) A atividade de fiscalização dos sujeitos passivos de obrigação tributária é de tal relevância que o próprio Código Tributário Nacional contempla algumas das principais regras a esse respeito. De acordo com esse Código, a) é permitida a divulgação, por parte dos servidores da Fazenda Pública, de informação obtida em razão do ofício, sobre a situação financeira de contribuinte, desde que não envolva crime financeiro por ele cometido. b) as autoridades administrativas municipais poderão requisitar o auxílio da força pública estadual, quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, desde que essa medida se configure fato definido em lei como crime ou contravenção. c) é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública, de alguns tipos de informações específicas, tais como aquelas relativas à inscrição de débitos do contribuinte em Dívida Ativa dessa mesma Fazenda Pública. d) a autoridade fiscal que proceder a qualquer diligência de fiscalização lavrará, em um dos livros fiscais exibidos pelo sujeito passivo, os termos necessários para que se documente o início do procedimento, e fixará prazo máximo para a conclusão daquela, vedada a lavratura desses termos em separado. e) os despachantes aduaneiros oficiais, que são contribuintes do ISS, estão obrigados, mediante intimação escrita de autoridade competente para fiscalizar o ICMS, a prestar às autoridades administrativas todas as informações de que disponham com relação aos negócios de seus clientes, contribuintes do ICMS, preservado o dever de segredo, quando previsto em lei. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 25. (CESPE/Auditor de Controle Externo/2016) Julgue o item subsequente, relativos ao imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN) e à certidão negativa. A administração tributária poderá fornecer certidão positiva com os mesmos efeitos da certidão negativa na hipótese de créditos tributários com exigibilidade suspensa ou de créditos objeto de execução fiscal garantidos por penhora. Certo Errado 26. (UFMT/DPE-MT/2016) Segundo o Código Tributário Nacional, em qualquer hipótese, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, em razão de crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Certo Errado 27. (FUNESP/Procurador do Estado/2016) De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário a) regularmente inscrito como dívida ativa. b) devidamente constituído, mesmo que não inscrito na dívida ativa. c) em fase de constituição, mesmo que não inscrito na dívida ativa. d) regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução. e) não pago na data do seu vencimento. 28. (FAURGS/Juiz de Direito Substituto/2016) No que se refere ao termo de inscrição da dívida ativa, considere os conjuntos de informações abaixo. I - Nome do devedor, número da carteira de identidade, domicílio e número do cadastro da pessoafísica. II - Nome do devedor, a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos. III - Nome do devedor, número da carteira de identidade, residência e número do cadastro da pessoa física. IV - A origem e natureza do crédito, a data em que a dívida ativa foi inscrita e número do cadastro de pessoa física. Quais possuem apenas itens obrigatórios ao termo de inscrição da dívida ativa? a) Apenas I. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e IV. e) Apenas I, III e IV. 29. (FGV/Auditor Fiscal/2016) Sobre as garantias e os privilégios do crédito tributário, assinale a afirmativa correta. a) Na falência, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados apenas, os créditos extraconcursais ou as importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, e os créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. b) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa. c) O juiz pode determinar a indisponibilidade de bens e direitos do executado antes da sua citação, como forma de assegurar a garantia do juízo na execução fiscal. d) A cobrança judicial do crédito tributário está sujeita à habilitação em falência e recuperação judicial. e) Na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados e quirografários. 30. (CESPE/TJ-AM Juiz Substituto/2016) No tocante às garantias e privilégios do crédito tributário, é correto afirmar que a) a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário altera a natureza deste e a da obrigação tributária a que corresponda. b) na falência, o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais e aos créditos com garantia real. c) a multa tributária, no processo falimentar, prefere apenas aos créditos quirografários. d) responde pelo crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, excetuados os gravados com cláusula de impenhorabilidade. e) a extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos. 31. (CESPE/TJ-AM Juiz Substituto/2016/Adaptada) Julgue o item a seguir: Em caso de falência, pagos os créditos trabalhistas, há preferência do crédito tributário sobre os créditos extraconcursais e os créditos com garantia real, até o valor do bem gravado. Certo Errado Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 32. (VUNESP/Procurador Jurídico/2016) Segundo as disposições do Código Tributário Nacional, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. No processo de falência, a multa tributária prefere aos créditos a) com privilégio especial. b) com privilégio geral. c) com garantia real. d) quirografários. e) subordinados. GABARITO 1. E 2. C 3. B 4. Certo 5. Errado 6. A 7. Errado 8. E 9. A 10. E 11. C 12. D 13. E 14. E 15. B 16. Certo 17. B 18. D 19. D 20. C 21. E 22. D 23. B 24. E 25. A 26. B 27. A 28. B 29. B 30. E 31. Errado 32. E Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudosinfrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran. Assim, é necessário o exaurimento das diligências, que se considera ocorrido quando: a) restar infrutífero o pedido de constrição sobre ativos financeiros (SisbaJud7); b) for comprovado pelo fisco a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado – como cartórios de registro de imóveis – sem que tenham sido encontrados bens; c) tenha o credor enviado ofícios ao Denatran ou Detran com pedido de informações sobre veículos em nome do devedor. Realizadas essas diligências e tendo o devedor, devidamente citado, não apresentado bens à penhora, pode o magistrado determinar a indisponibilidade de bens e direitos em nome do 7 O Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (SisbaJud) foi desenvolvido a partir do Acordo de Cooperação Técnica nº 41/2019, firmado entre o Conselho Nacional de Justiça, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Banco Central do Brasil. O novo sistema passou a operar em setembro de 2020, substituindo o antigo BacenJud, com o intuito de trazer novas funcionalidades e proporcionar maior celeridade no cumprimento das decisões judiciais relativas a informações e constrições de ativos financeiros. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 8 executado, mediante cadastro da decisão na Central Nacional de Indisponibilidade de Bens. Esse sistema permite que a ordem de indisponibilidade chegue ao conhecimento de diversos órgãos registrais do País, impedindo que o sujeito passivo aliene os bens de sua propriedade. Além disso, a medida facilita a localização desse patrimônio, porque o parágrafo segundo determina que, uma vez cumprida a indisponibilidade, cabe aos órgãos e entidades registrais informar ao juízo sobre o cumprimento da decisão. Por outro lado, caso se constate que a indisponibilidade atingiu bens diversos cuja soma é superior ao valor cobrado, deve o magistrado determinar o levantamento dos bens ou valores que excederem a esse limite, conforme determina o parágrafo primeiro do dispositivo. 1.2 PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O Código Tributário Nacional disciplina o grau de preferência atribuído ao crédito tributário quando comparado com os créditos provenientes de outras fontes, como de relações trabalhistas ou contratuais. A regra geral que disciplina o tema se encontra inserida no caput do artigo 186 do Código Tributário Nacional, que dispõe no seguinte sentido: Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 9 Portanto, como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro, independentemente da natureza ou do tempo da sua constituição, ressalvados apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho8. Um exemplo auxilia a compreender o dispositivo: Imaginemos que o sujeito passivo X possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para uma instituição financeira, R$ 150.000,00 para os seus empregados e R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos. A dívida da instituição financeira foi garantida por meio de hipoteca de um imóvel de sua propriedade. Os demais débitos não se encontram garantidos. Passado algum tempo sem que o sujeito passivo fizesse o pagamento voluntário, a instituição financeira ingressou com a ação de execução, requerendo a penhora e a arrematação do imóvel hipotecado. Igual medida foi tomada pelos empregados e pela União Federal, que nas suas ações de execução penhoraram o bem imóvel hipotecado pela instituição financeira. Não foram encontrados outros bens de propriedade do executado. O imóvel foi arrematado por R$ 250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado? Por força do artigo 186 do Código Tributário Nacional, a preferência é dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Assim, os empregados devem receber o valor de R$ 150.000,00, o que representa a quitação da dívida com relação a eles. O valor remanescente, de R$ 100.000,00, deve ser repassado para a União Federal, por se tratar de dívida de natureza tributária. Como houve o esgotamento do valor arrecadado, nada é repassado à instituição financeira. Embora essa seja a regra sobre a preferência do crédito tributário, há importante exceção, constante do parágrafo único do artigo 186, que disciplina a ordem de preferência no caso de falência: Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 8 Há entendimento no sentido de que esse dispositivo seria parcialmente inconstitucional, porque os créditos de natureza alimentícia também teriam preferência sobre o crédito tributário. Nesse sentido, já decidiu o TRF da 4ª Região: “INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ARTIGO 186 DO CTN 1. O dispositivo em comento fere a Constituição Federal, ainda que de forma parcial, já que atenta contra o princípio de proteção prioritária assegurado à criança e ao adolescente (art. 227 CF); contra o dever de assistência imposto pelo artigo 229 da CF; bem como consagra, em situações como a dos autos, tratamento anti-isonômico, conferindo maior proteção aos empregados que aos filhos do indivíduo. 2. Incidente de arguição de inconstitucionalidade acolhido” (TRF4, Corte Especial, ARGINC 2009.04.00.033108-1, Rel. Luciane Amaral Corrêa Münch, DE 14-9-2010). Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 10 II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Por força do inciso III do artigo 186, que deve ser interpretado em conjunto com o artigo 124 da Lei 11.101/20059, no caso de falência do devedor há a necessidade de fracionamento do crédito tributário em três partes: a) valor do tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência; b) valor das multas tributárias; c) valor dos juros moratórios vencidos após a decretação da falência. As multas tributárias preferem apenas aos créditos subordinados na falência, ou seja, são pagas somente se os créditos das seguintes classes forem satisfeitos: i) créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; ii) créditos com direito real de garantia até o limite do valor do bem gravado; iii) valores devidos a título de tributo, correção e juros vencidos até a data da quebra; e iv) créditos quirografários. Os juros moratórios vencidos após a decretação da falência possuem posição ainda menos privilegiada, conforme evidenciam os artigos 83, inciso IX e 124, ambos da Lei 11.101/2005: Art. 83. Aclassificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: [...] IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no art. 124 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Assim, eles somente são pagos se todos os credores subordinados também o forem, o que é algo bastante raro na prática. O valor devido a título de tributo acrescido de correção monetária e juros até a data da falência possui preferência sobre a maior parte dos créditos, salvo com relação: i) aos créditos extraconcursais; ii) às importâncias passiveis de restituição; iii) aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho, no limite estabelecido pela legislação; iv) aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. 9 Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 11 Os créditos extraconcursais (i) são aqueles que dizem respeito às obrigações ocorridas após a falência ou durante o curso da recuperação judicial, conforme enuncia o artigo 84 da Lei 11.101/2005: Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo financiador, em conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos a membros do Comitê de Credores, e aos créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) II - às quantias fornecidas à massa falida pelos credores; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) III - às despesas com arrecadação, administração, realização do ativo, distribuição do seu produto e custas do processo de falência; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) IV - às custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa falida tenha sido vencida; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) § 1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste artigo serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese prevista no art. 122 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020). Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 12 O dispositivo foi alterado pela Lei nº 14.112/2020, que ampliou o rol de créditos considerados como extraconcursais, além de ter alterado a ordem de preferência entre eles. A remuneração do administrador judicial, por exemplo, cedeu preferência às quantias mencionadas nos artigos 15010 e 15111; ao valor que eventual financiador tenha efetivamente entregado ao devedor durante a recuperação judicial12; bem como aos créditos que constituam objeto de restituição em dinheiro, de acordo com o artigo 86. Ademais, o legislador conferiu maior importância às obrigações assumidas durante a recuperação judicial, que devem ser satisfeitas logo após o pagamento do administrador judicial. A mudança foi realizada pelo seguinte motivo: anteriormente, essa classe era a última dentre os créditos extraconcursais, o que desincentiva instituições financeiras e fornecedores a fornecerem créditos a pessoa jurídica recuperada, pelo receio de que a empresa falisse e os valores não fossem recuperados. Com o novo regramento, objetiva-se facilitar a obtenção de créditos pela pessoa jurídica em recuperação. As importâncias passíveis de restituição (ii) concernem àqueles bens ou direitos que sequer são de propriedade do falido, razão pela qual não podem ser utilizados para satisfação do crédito tributário. Na redação originária da Lei de Falências, tais quantias não faziam parte do rol dos créditos considerados extraconcursais, o que justificativa sua inclusão como uma modalidade autônoma na previsão do artigo 186 do CTN. Com o advento da Lei nº 14.112/2020, tais importâncias agora possuem o status de crédito extraconcursal, de forma que a disposição do artigo 186, parágrafo único, inciso I do CTN tornou-se redundante sob este aspecto. Exemplo bastante corriqueiro de importância passível de restituição é do bem alienado fiduciariamente ao falido. Embora o devedor tenha a posse, a propriedade é do credor fiduciário, que tem o direito de pedir a sua restituição ao juízo falimentar. Diferentemente do que ocorre quando não há a falência do devedor, os créditos com garantia real têm preferência sobre o crédito tributário na falência, até o limite do valor do bem gravado (iii). Assim, imaginemos que o devedor falido X possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para um credor hipotecário (instituição financeira), R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos, e R$ 1.000.000,00 para fornecedores sem qualquer garantia. Supomos que o único bem de sua propriedade seja justamente aquele que foi hipotecado, o qual foi arrematado 10 Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. 11 Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. 12 A positivação da possibilidade de celebração de contratos de financiamento pelo devedor em recuperação judicial trata-se de inovação trazida pela Lei nº 14.112/2020. O tema foi inserido na Lei nº 11.101/2005 por meio dos artigos 69-A a 69-F, prevendo, entre outras coisas, que o financiamento poderá ser realizado por qualquer pessoa, inclusive credores, familiares, sócios e integrantes do grupo do devedor; bem como que qualquer pessoa ou entidade poderá garantir o financiamento, inclusive o próprio devedor, por meio da oneração ou a alienação fiduciária de bens e direitos. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 13 na falência pelo valor de R$ 250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado?Por força da regra do inciso I do artigo 186, a preferência é do credor com garantia real, no caso a instituição financeira, que deve receber a quantia de R$ 200.000,00. O valor remanescente, de R$ 50.000,00, deve ser repassado à União Federal, o que implica apenas na quitação parcial dos tributos devidos. Os fornecedores, por outro lado, nada recebem. Os créditos decorrentes da legislação trabalhista ou de acidente do trabalho (iv) mantêm, também na falência, a preferência sobre o crédito tributário, mas com uma diferença. Nesse caso, a lei pode estabelecer limites para fruição da preferência, o que efetivamente o fez com a edição da Lei 11.101/2005, cujo artigo 83 dispõe no seguinte sentido: Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) [...] Os créditos trabalhistas que excederem ao limite de 150 salários-mínimos são quirografários, não preferindo ao crédito tributário, conforme determina o inciso VI, alínea c do artigo 83 da Lei 11.101/2005. Os gráficos abaixo ajudam a memorizar o que vimos até aqui: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 14 Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 15 Tudo o que dissemos vale para os créditos tributários que se submetem ao concurso de credores, porque seus fatos geradores ocorreram antes da falência. Mas há também os créditos tributários extraconcursais, provenientes de obrigações surgidas após a decretação da falência do devedor, do que é exemplo o IPTU incidente sobre os imóveis do falido. Sobre o tema, colacionamos o artigo 188 do Código Tributário Nacional e o artigo 84, inciso V, da Lei 11.101/2005: Código Tributário Nacional Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata. Lei 11.101/2005 Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) [...] V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) [...] Os créditos extraconcursais são pagos prioritariamente sobre todos os créditos concursais. Assim, por exemplo, entre o pagamento do IPTU que incidiu após a falência e os valores provenientes das obrigações trabalhistas geradas antes da quebra, deve-se pagar em primeiro lugar o crédito do IPTU. Em existindo mais de um crédito extraconcursal, deve-se observar a ordem prevista pelo artigo 84 do Código Tributário Nacional. De maneira resumida e sem esquecer das observações que fizemos acima, podemos resumir a ordem de preferência no seguinte gráfico: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 16 O caput do artigo 187, por sua vez, determina que “a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento”. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 17 Isso significa que não é necessário que seja realizada a habilitação do crédito tributário na falência, recuperação judicial, inventário ou arrolamento, podendo-se prosseguir na execução fiscal. Por outro lado, uma vez ocorrida a falência, a execução fiscal será suspensa, e assim permanecerá até o fim do processo falimentar, sem prejuízo da possibilidade de prosseguimento contra eventuais corresponsáveis, conforme consta do artigo 7º-A, § 4º, inciso V da Lei nº 11.101/2005, inserido pela Lei nº 14.112/2020. Inclusive, após as intimações e a publicação do edital referentes à sentença decretadora da falência, será instaurado de ofício pelo juízo falimentar incidente de classificação de crédito público para cada Fazenda Pública credora. Desta forma, cada um dos entes será intimado para apresentar relação completa de seus créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada dos respectivos cálculos, de acordo com o procedimento previsto pelo artigo 7º-A da Lei nº 11.101/2005: Art. 7º-A. Na falência, após realizadas as intimações e publicado o edital, conforme previsto, respectivamente, no inciso XIII do caput e no § 1º do art. 99 desta Lei, o juiz instaurará, de ofício, para cada Fazenda Pública credora, incidente de classificação de crédito público e determinará a sua intimação eletrônica para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresente diretamente ao administrador judicial ou em juízo, a depender do momento processual, a relação completa de seus créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada dos cálculos, da classificação e das informações sobre a situação atual. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 1º Para efeito do disposto no caput deste artigo, considera-se Fazenda Pública credora aquela que conste da relação do edital previsto no § 1º do art. 99 desta Lei, ou que, após a intimação prevista no inciso XIII do caput do art. 99 desta Lei, alegue nos autos, no prazo de 15 (quinze) dias, possuir crédito contra o falido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 2º Os créditos não definitivamente constituídos, não inscritos em dívida ativa ou com exigibilidade suspensa poderão ser informados em momento posterior. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 3º Encerrado o prazo de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I - o falido, os demais credores e o administrador judicial disporão do prazo de 15 (quinze) dias para manifestar objeções, limitadamente, sobre os cálculos e a classificação para os fins desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) II - a Fazenda Pública, ultrapassado o prazo de que trata o inciso I deste parágrafo, será intimada para prestar, no prazo de 10 (dez) dias, eventuais esclarecimentos a respeito das manifestações previstas no referido inciso; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) III - os créditos serão objeto de reserva integral até o julgamento definitivo quando rejeitados os argumentos apresentados de acordo com o inciso II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 18 IV - os créditos incontroversos, desde que exigíveis, serão imediatamente incluídos no quadro-geral de credores, observada a sua classificação;(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) V - o juiz, anteriormente à homologação do quadro-geral de credores, concederá prazo comum de 10 (dez) dias para que o administrador judicial e a Fazenda Pública titular de crédito objeto de reserva manifestem-se sobre a situação atual dessescréditos e, ao final do referido prazo, decidirá acerca da necessidade de mantê-la. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 4º Com relação à aplicação do disposto neste artigo, serão observadas as seguintes disposições:(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) I - a decisão sobre os cálculos e a classificação dos créditos para os fins do disposto nesta Lei, bem como sobre a arrecadação dos bens, a realização do ativo e o pagamento aos credores, competirá ao juízo falimentar; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) II - a decisão sobre a existência, a exigibilidade e o valor do crédito, observado o disposto no inciso II do caput do art. 9º desta Lei e as demais regras do processo de falência, bem como sobre o eventual prosseguimento da cobrança contra os corresponsáveis, competirá ao juízo da execução fiscal; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) III - a ressalva prevista no art. 76 desta Lei, ainda que o crédito reconhecido não esteja em cobrança judicial mediante execução fiscal, aplicar-se-á, no que couber, ao disposto no inciso II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) IV - o administrador judicial e o juízo falimentar deverão respeitar a presunção de certeza e liquidez de que trata o art. 3º da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) V - as execuções fiscais permanecerão suspensas até o encerramento da falência, sem prejuízo da possibilidade de prosseguimento contra os corresponsáveis; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) VI - a restituição em dinheiro e a compensação serão preservadas, nos termos dos arts. 86 e 122 desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) VII - o disposto no art. 10 desta Lei será aplicado, no que couber, aos créditos retardatários. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 5º Na hipótese de não apresentação da relação referida no caput deste artigo no prazo nele estipulado, o incidente será arquivado e a Fazenda Pública credora poderá requerer o desarquivamento, observado, no que couber, o disposto no art. 10 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 6º As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às execuções fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem no disposto nos incisos VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 19 § 7º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, aos créditos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) § 8º Não haverá condenação em honorários de sucumbência no incidente de que trata este artigo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020). Nesse sentido, o parágrafo único do artigo 187 do CTN estabelece uma ordem de preferência entre os créditos tributários das entidades federativas: Art. 187. [...] Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata. Por força desse dispositivo, existindo penhoras de entidades federativas diversas sobre o mesmo bem, deve-se pagar em primeiro lugar os créditos tributários da União, depois os créditos tributários dos Estados, Distrito Federal e Territórios, e por último os créditos tributários dos Municípios. Essa regra foi complementada pelo artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais, que possui a seguinte redação: Art. 29 da Lei 6.830/80 A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União e suas autarquias; II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. A diferença entre um dispositivo e outro é que, neste último, foram incluídos os créditos das autarquias, que gozam da mesma preferência estabelecida à entidade federativa correspondente. Embora haja vozes na doutrina no sentido da inconstitucionalidade desses dispositivos, por ofensa ao princípio da isonomia entre as pessoas políticas, não é isso que tem predominado na jurisprudência. Quanto ao tema, há inclusive Súmula do Supremo Tribunal Federal, proferida na época da ordem constitucional pretérita: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 1 20 Súmula 563: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 187, do CTN, é compatível com o disposto no art. 9º, I, da CF/67. Em julgado repetitivo, o Superior Tribunal de Justiça considerou que o crédito tributário de autarquia federal goza do direito de preferência em relação àquele de que seja titular a Fazenda Estadual, desde que coexistentes execuções e penhoras13. Os artigos 189 e 190 do CTN dispõem no seguinte sentido: Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior. Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Os artigos 189 e 190 se aplicam nos casos de inventário e liquidação, quando o sujeito passivo for solvente, ou seja, consegue adimplir com todas as suas obrigações. Nesse caso, o pagamento do crédito tributário deve ser realizado com prioridade sobre os demais créditos. O artigo 191 não apresenta dificuldades, apenas condicionando a extinção das obrigações do falido a prova da quitação de todos os tributos. Mais polêmico é o artigo 191-A, que dispõe no seguinte sentido: Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Por força dessa regra, a concessão da recuperação judicial fica condicionada a uma das seguintes circunstâncias, no que tange aos créditos tributários: i) quitação de todos os tributos; ii) apresentação de certidão negativa; iii) certidão positiva com efeitos de negativa. Nessa esteira, ocorrida a suspensão dos créditos tributários por qualquer das hipóteses do artigo 151 do CTN, faz-se possível a concessão da recuperação judicial, porque o contribuinte, muito embora não tenha quitado seus tributos, obtém uma certidão positiva com efeitos de negativa. O 13 STJ - REsp: 957836 SP 2007/0072037-2, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 13/10/2010, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 26/10/2010. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 3 21 mesmo ocorre se o sujeito passivo garante a dívida com uma penhora suficiente à satisfação do crédito, conforme enuncia o artigo 206 do CTN: Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em quetenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. Quanto ao tema, como vimos no capítulo anterior, o parcelamento é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, e o artigo 155-A, §3º, prevê que a lei deve dispor sobre condições de parcelamento do devedor em recuperação judicial. Com base nesse raciocínio, o STJ tem precedentes no sentido de que, caso haja mora da entidade federativa na edição dessa lei, não se pode exigir a apresentação de certidões de regularidade fiscal para concessão da recuperação judicia.14 Por fim, dispõem os artigos 192 e 193 do CTN: Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. Os dispositivos são autoexplicativos, dispensando maiores comentários. O artigo 192 condiciona a sentença de partilha ou adjudicação à prova da quitação de todos os tributos do espólio. É o que também dispõe o artigo 654 do CPC: Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. O artigo 193, por sua vez, afirma que, salvo quando expressamente autorizado por lei, a celebração de contrato ou a aceitação de proposta em concorrência pública só podem ser realizadas mediante comprovação do interessado de que realizou a quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, no que tange à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. 14 STJ, Corte Especial, REsp 1187404/MT Rel. Min. Luis Felipe Salomão, jun. 2013. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 2 22 Assim, o artigo 193 impõe apenas a comprovação da quitação dos tributos com relação à Fazenda Pública interessada, e desde que relativos à atividade a que pretende ser contratado. Não obstante, há normas mais rigorosas do que a do artigo 193, como a prevista pelos artigos 27 a 29 da Lei 8.666/93: Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e trabalhista; [...] Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Portanto, o atendimento à exigência do artigo 193 do CTN pode não ser o suficiente para que a pessoa jurídica seja contratada pelo poder público. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 7 23 2. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA A partir de agora, nos dedicaremos ao estudo da Administração Tributária, cujas normas se encontram arroladas no Título IV do Código Tributário Nacional, entre os artigos 194 a 208 desse diploma legislativo. Por uma questão didática, percorreremos o itinerário proposto pelo Código Tributário Nacional: Começaremos estudando as normas sobre fiscalização, depois estudaremos as disposições sobre dívida ativa e, por fim, terminaremos o percurso analisando as regras sobre certidões negativas. 2.1 FISCALIZAÇÃO A norma que inaugura o tema é a do artigo 194 do Código Tributário Nacional, que possui a seguinte redação: Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Ao utilizar o termo legislação tributária, quis o Código Tributário Nacional autorizar não apenas à lei em sentido estrito a regulamentação das matérias atinentes à competência e aos poderes das autoridades administrativas, mas também aos Decretos, às Portarias, às Instruções Normativas e aos outros atos infralegais. De fato, o conceito de legislação tributária é bastante amplo, porque abarca, nos termos do artigo 98 do CTN, “as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. Por outro lado, isso não significa que o poder executivo seja totalmente livre para dispor sobre o tema. Como defende Hugo de Brito Machado Segundo15 “[...] as diretrizes e especialmente os limites a serem observados pela atividade de fiscalização tributária devem ser estabelecidos em lei. Aspectos instrumentais, porém, que cuidam muito mais do funcionamento interno e da organização da própria repartição fiscal (v. g., número de fiscais que compõem a equipe, tipos de formulários que devem 15 SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 2 24 ser utilizados etc.), podem ser fixados por atos infralegais. Daí a referência do CTN à legislação”. O parágrafo único reitera que todos têm o dever de se submeter à fiscalização tributária, independentemente de ser ou não contribuinte de determinado tributo. Assim, o fato de uma entidade ser isenta ou imune não significa que ela não terá que se sujeitar à fiscalização tributária. O artigo 195 traz regras sobre o exame de livros, mercadorias e registros contábeis do sujeito passivo, ao dispor no seguinte sentido: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Portanto, os agentes da administração tributária podem fiscalizar as mercadorias, livros, arquivos,documentos e papéis do sujeito passivo, independentemente de qualquer autorização judicial, mas desde que haja pertinência entre o objeto de análise e a finalidade da fiscalização. Nesse sentido, não é oponível ao fisco o direito ao sigilo dos livros fiscais, como inclusive deixa claro o artigo 1.193 do Código Civil: Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. A insubmissão ao disposto no artigo 195 do Código Tributário Nacional pode justificar a imposição de multa e o lançamento por arbitramento do tributo, sem prejuízo de a Fazenda Pública requerer judicialmente a exibição da documentação. O parágrafo único determina que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados sejam conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Assim, é importante frisar: o prazo de conservação não é de cinco anos, mas até que ocorra a extinção do crédito pela prescrição. Na prática, portanto, o prazo de conservação pode ser bem mais longo, pela possibilidade de o prazo prescricional ser interrompido ou suspenso. O artigo 196 possui a seguinte redação: Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos f 25 Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. De fato, o processo administrativo fiscal é orientado pelo princípio documental, porque seus atos devem ser formalizados16. O fato de a atividade fiscalizatória ser documentada não só é importante para possibilitar o controle da sua legalidade, inclusive no âmbito judicial, mas também pelo fato de que o seu início se constitui em um importante marco no Direito Tributário, por impedir a realização da denúncia espontânea. O artigo 197 arrola uma série de pessoas e entidades que são obrigadas a prestar ao fisco as informações de que disponham, com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; III - as empresas de administração de bens; IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; V - os inventariantes; VI - os síndicos, comissários e liquidatários; VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Como se pode observar, as pessoas arroladas pelo artigo 197 são terceiros, ou seja, não são sujeitos passivos da relação obrigacional principal para cuja fiscalização devem contribuir. Não 16 PAULSEN, Leandro. Constituição e Código Tributário Comentados à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 26 obstante, têm a obrigação acessória de prestar informações ao fisco, em razão de manterem informações relevantes sobre as atividades do sujeito passivo. Apesar disso, se as informações estiverem legalmente sob sigilo, em razão do cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão, esses terceiros não são obrigados a repassá-la, conforme deixa claro o parágrafo único do artigo 197. Questão polêmica sobre o tema dizia respeito a possibilidade de o fisco examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. De fato, o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 autoriza essa possibilidade, ao dispor no seguinte sentido: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (Regulamento) Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. A dúvida que pairava era sobre a constitucionalidade do dispositivo, em razão de existir entendimento no sentido de que o sigilo bancário seria matéria sujeita à reserva de jurisdição, o que implicaria na necessidade de obtenção de ordem judicial para o acesso a tais informações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, pacificou a questão em sentido contrário, ao fixar a seguinte tese de Repercussão Geral, quando do julgamento do RE 601.314: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. Assim, a administração tributária pode requisitar diretamente às instituições financeiras os dados bancários dos seus correntistas, desde que preenchidos os seguintes pressupostos, previstos pelo artigo 6º da Lei Complementar 105/01: a) houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso; b) tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Além disso, as informações obtidas devem ser mantidas sob sigilo, conforme determina o parágrafo único do artigo 6º da Lei Complementar 105/01. Quanto ao tema atinente ao sigilo fiscal, dispõe o artigo 198 do Código Tributário Nacional: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 27 Portanto, a regra é que os dados do sujeito passivo sejam conservados pela fazenda pública respectiva, configurando infração administrativa o repasse dessas informações a terceiros. Há, no entanto, uma série de exceções a essa regra. O parágrafo primeiro do artigo 198, por exemplo, dispõe no seguinte sentido: Art. 198 [...] § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; (Incluído pela Lcpnº 104, de 2001) II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) O inciso I autoriza o compartilhamento das informações sigilosas com o Poder Judiciário, nos casos em que haja decisão judicial autorizando. Esse dispositivo também se aplica às Comissões Parlamentares de Inquérito, que possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (art. 58, § 3º, da CF). O inciso II concerne àquelas situações em que paira contra o contribuinte um processo administrativo com objetivo de investigar a prática de alguma infração administrativa, seja ela de natureza ambiental, concorrencial, etc. Nesse caso, é possível que as informações em poder do fisco sejam compartilhadas com o órgão responsável pela apuração da infração, desde que elas sejam necessárias para a investigação. Além disso, o intercâmbio deve ser realizado com a observância das cautelas previstas pelo parágrafo segundo do artigo 198: Art. 198 [...] § 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Também não é vedada a permuta de informações entre as entidades federativas, na forma estabelecida pela lei ou convênio: Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. O parágrafo único deste dispositivo autoriza ainda que a União possa permutar informações com Estados Estrangeiros, na forma estabelecida em tratados, acordo ou convênios. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 28 Por fim, o parágrafo terceiro do artigo 198 estabelece uma série de informações que não são protegidas pelo sigilo: Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. § 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Finalmente, dispõe o artigo 200 do Código Tributário Nacional quanto à requisição de força pública pelas autoridades administrativas: Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção. Essa regra, por óbvio, não autoriza ao fisco o ingresso no domicílio residencial ou profissional do contribuinte sem a prévia autorização judicial, conforme salvaguarda prevista pelo artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal17. 2.2 DÍVIDA ATIVA O ente público pode figurar como credor ou devedor em uma relação obrigacional. Quando figura no polo passivo, a legislação lhe confere diversas prerrogativas para o pagamento do seu débito, do que é exemplo o precatório. Quando aparece no polo ativo, também há um caminho privilegiado para cobrança da prestação a que faz jus. Uma dessas prerrogativas da Fazenda Pública é apurar os créditos devidos e inscrevê-los em um livro chamado de “Dívida Ativa”, que tem como função organizar e racionalizar a cobrança desses créditos18. 17 HC 93050, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/06/2008, DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-04 PP-00700. 18 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 155. Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 29 A dívida ativa pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme enuncia o artigo 39 da Lei 4.320/64: Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. § 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. Embora o parágrafo segundo do artigo 39 diga o oposto, não há dúvidas de que, a partir da Constituição Federal, os créditos provenientes de empréstimos compulsórios e contribuições especiais possuem natureza tributária. Uma vez inscrito o crédito em dívida ativa, seja ele de natureza tributária ou não tributária, faz-se possível a emissão de certidão que espelhe as informações constantes da inscrição, a qual é um título executivo extrajudicial, conforme enuncia o inciso IX do artigo 784 do CPC: Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: X - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; De posse dessa certidão, a Fazenda Pública pode ingressar com a ação de execução fiscal contra o sujeito passivo. Feitas essas considerações, voltemos nossa atenção para o artigo 201 do Código Tributário Nacional, que dispõe sobre a dívida ativa tributária: Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular. Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito. Do ponto de vista da União Federal, a autoridade administrativa competente para realizar a inscrição em dívida ativa é a Procuradoria da Fazenda Nacional, a quem compete realizar o controle de legalidade da constituição do crédito tributário: Mateus Pontalti, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas Aula 08 Direito Tributário - 2022 (Curso Regular) www.estrategiaconcursos.com.br 1255215Bons estudos -Bons Estudos 30 Lei Complementar 73/1993 Art. 12 - À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão administrativamente subordinado ao titular do Ministério da Fazenda, compete especialmente: I - apurar a liquidez e certeza da dívida