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Hist. da Psic.

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INTRODUÇÃO À HISTÓRIA 
DA PSICOLOGIA 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
1 - INTRODUÇÃO 
 
1.1 – Por que e para que estudar a história da psicologia 
 
- Encontramos uma enorme diversidade de abordagens do 
objeto de estudo da psicologia. 
- Encontramos desacordos e fragmentações tanto ao objeto de 
estudo quanto as especializações científicas e profissionais. 
- Compreensão de um eixo de referência que pode permear os 
diferentes campos da psicologia. 
- Permite integração de áreas problemáticas. 
 
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- Atualização de dados que foram suprimidos 
ou perdidos e foram recuperados 
(documentos, diários, agendas, fichários, etc). 
 
- Refinamento nas técnicas de pesquisa e 
tradução das obras mais importantes. 
 
- Compreender o panorama sociocultural que 
amparava o desenvolvimento da psicologia 
enquanto profissão. 
 
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2 - Uma psicologia pública 
 
- Refere-se ao interesse comum do comportamento 
em suas várias condições sociais. 
- A psicologia popular pode ser considerada 
pseudocientífica. 
 
2.1 - Frenologia 
 
- Franz Joseph Gall (1758-1828), fundador da frenologia, 
tentou localizar no cérebro áreas responsáveis por 
aspectos distintos do funcionamento comportamental 
e emocional 
 
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2.2 - Fisiognomia 
 
- Avaliação da pessoa tomando como base os traços 
fisionômicos. Também chamado de caracterologia, foi 
desenvolvido no século XVIII pelo teólogo suíço 
Johann Lavater (1741-1801). 
 
- A fisiognomia ganhou credibilidade ao ser adotado 
por Cesare Lombroso, famoso criminologista. 
Acreditava-se na possibilidade de identificar um “tipo 
crimoso”, identificável pelas características faciais 
 
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2.3 - Mesmerismo 
 
- Prática desenvolvida pelo médico austríaco 
Franz Anton Mesmer (1734-1815). 
Inicialmente, consistia em utilizar imãs no 
tratamento de sintomas físicos e psicológicos 
de seus pacientes. Também chamado de 
“magnetismo animal”, se popularizou com o 
nome de “mesmerismo”. 
 
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2.4 - Espiritualismo 
 
- O “contato” com os mortos consistia a 
principal atividade dessa prática 
 
2.5 - Cura pela mente 
 
- Fundado por Phineas Parkurst Quimby (1802-
1866), tinha ligação direta com o mesmerismo. 
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3 – INFLUENCIAS FILOSÓFICAS SOBRE A 
PSICOLOGIA 
 
- Seguindo o projeto platônico, o cristianismo optou 
por uma posição dualista onde mente e corpo 
tinham naturezas diferentes. 
 
- A mente deveria exercer influência sobre o corpo 
mas, sabe-se, o corpo sempre impactou as escolhas 
da mente. 
 
- A relação entre mente e corpo era mesma que a 
marionete e seu manipulador. 
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 3.1 – RENÉ DESCARTES (1596-1650) : UM 
MUNDO DE IDÉIAS CLARAS E DISTINTAS 
 
- Descartes privilegia a posição dualista. Mente e 
corpo seriam de essências diferentes. 
 
- A mente teria somente uma função: pensar. Todas as 
outras funções foram atribuídas ao corpo. 
 
- Mente (res cogitans) e corpo (res extensa). 
 
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- Para se conhecer a verdade, devemos colocar todos 
os nossos conhecimentos em dúvida. 
 
- Logo, concluiu que toda impressão sensorial é 
duvidosa. 
 
- Finalmente, conclui que a única verdade é: meus 
pensamentos existem. 
 
- A existência desses pensamentos se confunde com 
a essência da minha própria existência. Disto 
decorre a célebre expressão: penso, logo existo. 
 
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- Podemos extrair quatro regras básicas do 
método cartesiano: 
 
◦ Regra da evidência: tudo dever ser evidente pela 
clareza e distinção. 
◦ Regra da análise: dividir cada dificuldade em 
quantas partes forem necessárias para resolvê-las. 
◦ Regra da síntese: ordenar o problema do mais 
simples para o mais complexo. 
◦ Regra da enumeração: realizar verificações 
completas do problema. 
 
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 3.1.1 - O IDEALISMO MODERNO 
 
- Também chamado de RACIONALISMO, teve em René 
Descartes seu maior expoente. O ponto de partida é o 
“sujeito pensante” e não o mundo exterior 
 
- Este “sujeito pensante” possuiria, segundo Descartes, 
“idéias inatas”, isto é, idéia que teriam nascido com o 
indivíduo. 
 
- Observamos que o “inatismo” surge nas idéias 
platônicas. Segundo ele “nascemos com a razão e as 
idéias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz do que 
lembrar estas idéias”. 
 
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- Descartes defende a tese que existiriam três tipos de 
idéias: 
 
◦ Idéias adventícias – advindas das experiências sensoriais. 
 
◦ Idéias fictícias – são aquelas que criamos em nossa fantasia e 
imaginação. Essas idéias nunca são verdadeiras. 
 
◦ Idéias inatas – São aquelas que não poderiam vir de nossa 
experiência sensorial. São inteiramente racionais. Ex: A idéia 
de infinito, idéias matemáticas. Para Descartes estas idéias 
são a “assinatura do criador” pois só elas nos possibilita ter 
acesso à verdade. 
 
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 3.2 - O CONHECIMENTO A PARTIR DE UMA POSIÇÃO 
EMPIRISTA 
 
- O palco inicial do empirismo moderno foi a Inglaterra, onde a 
valorização da experiência concreta e da investigação natural foi 
incomparável. 
 
- Como principais representantes do empirismo vemos: Francis 
Bacon, John Locke, Geroge Berkeley e David Hume. 
 
- O empirismo, por sua vez, nega a existência de idéias inatas. 
 
- Defende a tese de que o processo do conhecimento depende da 
“experiência sensível”. Antes da experiência, nossa razão é uma “folha 
em branco”. 
 
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 Para os empiristas, o conhecimento humano provém 
de duas fontes básicas: 
 
◦ Percepção do mundo externo (atenção). 
◦ Exame interno de nossa atividade mental (reflexão). 
 
- As experiências escrevem e gravam em nossa 
mente as idéias, e a razão irá combiná-las, associá-las 
ou separá-las. As idéias são hábitos decorrentes da 
associação diária de experiências. 
 
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3.3 – Realismo escocês 
 
- Fundado por Thomas Reid (1710-1796), foi 
denominada de “filosofia do senso comum”. 
 
- Enfatizava os estudo dos sentidos na aquisição 
do conhecimento. 
 
- Tinha um método que se aproximava da 
Introspecção, adotada pelo estruturalismo de 
Titchener 
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4 – AS INFLUÊNCIAS FISIOLÓGICAS 
 
- A fisiologia tornou-se disciplina experimental por 
volta de 1830, através do trabalho de Johannes 
Müller (1801 – 1858). 
 
- Publicou em 1826 a “lei das energias específicas dos 
nervos”. 
 
- Neste contexto, observa-se a investigação dos 
órgãos dos sentidos (visão das cores, percepção de 
tons) 
 
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4.1 – HERMANN VON HELMHOLTZ (1821 – 
1894) 
 
 
- Pesquisou sobre a velocidade do impulso nervoso, sobre a 
visão e audição. 
 
- Forneceu a primeira medida da velocidade do impulso 
nervoso observada em laboratório ao estimular o nervo 
motor e o músculo correspondente da perna de uma rã. 
 
- Logo demonstrou-se que a velocidade de condução não era 
instantânea. 
 
- Esses experimentos contribuíram com os estudos 
psicofisiológicos posteriores. 
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5 – O NASCIMENTO DA PSICOFÍSICA 
 
5.1 - ERNST WEBER (1795 – 1878) 
 
- Problema da relatividade perceptual: Weber inspirou-se em 
Daniel Bernoulli que em 1838 disse que 1 franco vale mais 
para um homem pobre do que 10 francos para um homem 
rico. 
 
- Mudançasfísicas nem sempre produzem mudanças 
psicológicas = LEI DE WEBER 
 
- Quanto a percepção tátil, apresentou uma importante 
descoberta: o limiar de dois pontos e a relação psicofísica. 
 
 
 
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- Quanto à percepção de peso: Menor diferença 
perceptível (just noticeable difference) : 
 
• Qual é a menor diferença entre dois pesos que 
pode ser percebida com confiabilidade? 
 
 R: A percepção da diferença não era fixa mas 
variável e dependia do tipo de peso apresentado. 
 
 
- “A capacidade para discriminar pequenas diferenças em um 
estímulo depende não só da intensidade do estímulo, senão 
também de uma certa relação entre a diferença de pesos e o 
peso padrão utilizado no experimento” (Wolman, p. 11). 
 
 
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5.2 – GUSTAV THEODOR FECHNER (1801 – 1887) 
 
- Físico e Filósofo, expande a teoria de Weber e estabelece a 
psicofísica 
 
- Problema: relação entre fenômenos físicos e fenômenos 
mentais. O objetivo para Fechner era determinar a relação 
que existe entre o estímulo, como unidade física mensurável 
em unidades físicas de centímetros, graus, velas, etc. e a 
sensação causada por este estímulo. 
 
- Psicofísica: “ciência exata das relações funcionais de 
dependência entre o mundo físico e o psíquico, em que o 
evento físico era medido e controlado com os instrumentos 
da física, e o evento mental era indiretamente registrado 
mediante o relato verbal dos sujeitos experimentais” 
(Figueiredo, 1989, p. 50). 
 
 
 
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- Determinar a relação que existe entre o estímulo, como 
unidade física mensurável em unidades físicas e a sensação 
causada por este estímulo. Esta sensação não pode ser 
medida diretamente, somente podemos dizer se está 
presente ou ausente, ou se é maior ou menor que uma 
outra sensação. 
 
- Temos então, segundo Fechner, duas maneiras de medir a 
sensação: 
 
a) Limiar absoluto: abaixo do qual nenhuma sensação é 
percebida. 
 
b) Limiar diferencial: percepção da modificação de sensações. 
 
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 Em experimento que poderia ilustrar esta lei seguiria as 
seguintes etapas: 
 
1. Tomando um estímulo qualquer que medido em unidades 
físicas teria, por exemplo, o valor 200. Este estímulo 
funcionará como o primeiro estímulo padrão. 
2. Tomando um estímulo de comparação gradativamente maior 
do que o estímulo padrão até alcançar o ponto em que é 
diferente apenas perceptivelmente do estímulo padrão. 
Determinamos a 1a d.a.p. 
3. Verificamos quantas unidades o estímulo de comparação (E.C.) 
teve que ser maior que o estímulo padrão (E.P.) para que a 
diferença fosse percebida. Digamos que forma 20 unidades; o 
E.C., portanto, teve como valor 220 e a d.a.p. é igual a 20 na 
escala das unidades físicas. O k neste caso é 20/220 ou 1/10. 
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4.Tomando agora o E.C. de 220 como 2a E.P. e 
usando um outro estímulo de comparação, 
verificamos que temos que aumentá-lo até 
242; quer dizer, 22 unidades físicas, para que 
seja determinada a 2a d.a.p., ou: 220 + k x 220 
= 220 + 1/10 x 220 = 242. 
 
5. Tomando agora o 242 como 3o E.P. e 
procurando o E.C. que dá de novo uma d.a.p., 
encontramos 266,2; pois 242 + k x 242 = 242 
+24,2 = 266,2. 
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Críticas à psicofísica de Fechner 
 
- A Escola da Gestalt, já provou por muitas maneiras que o 
todo não é a simples soma de elementos, que o todo é 
percebido como um todo e que uma sensação forte não é 
uma somatória de sensações fracas; o vermelho não é uma 
somatória de cores de rosa. Cada sensação e cada percepção 
tem sua identidade total, sua totalidade individual. 
 
- Também o postulado da igualdade entre as diferenças apenas 
perceptíveis (d.a.p.’s) sofreu crítica, não somente pelo fato que 
a d.a.p. varia de um observador para o outro, o que já torna 
difícil seu uso em termos científicos, mas também porque 
d.a.p.’s diferentes para o mesmo tipo de estímulo.mesmo 
sujeito, em circunstâncias diversas, apresenta 
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6 – A FUNDAÇÃO FORMAL DA NOVA CIÊNCIA DA 
PSICOLOGIA 
 
6.1 – A psicologia de Wundt 
 
- Wilhelm Wundt seria então o fundador da psicologia como 
disciplina acadêmica formal. 
 
- Graduou-se na Universidade de Heidelberge em 1855. 
 
- Foi assistente de Johannes Müller 
 
- Fundou o primeiro laboratório e editou a primeira revista. 
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- Em sua obra Principles of Physiological Psychology 
(1874)é apresentada sua intenção em fundar 
uma nova ciência: a psicologia. 
 
- Deu início ao seu laboratório em 1879 e será 
nesse ano que devemos considerar o 
nascimento da psicologia como ciência 
“independente”. 
 
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- Duas vertentes: Voluntarismo (psicologia experimental) e a 
Völkerpsychologie (psicologia popular/cultural). 
 
- Objetivo: “descobrir os fatos da consciência, suas 
combinações e relações, para que pudesse, afinal, descobrir as 
leis que regem essas relações e combinações (Wundt, apud, 
Bejamim, p. 29). 
 
- Cada experiência consciente tinha dois fatores: conteúdo e 
apreensão. Logo: experiência mediata (ciências naturais) e 
ciência imediata (psicologia). 
 
 
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- Wundt reconheceu que qualquer experiência é um complexo 
composto de sensações, associações e sentimentos. 
 
- “Uma das metas de Wundt era identificar os elementos mais 
básicos da experiência consciente, e entender como esses 
elementos se organizam em composições ou aglomerados 
psíquicos (...) a esse sistema psicológico, Wundt chamou de 
voluntarismo” (Bejamim, 2009, p. 31). 
 
- A questão básica do voluntarismo seria a apercepção 
(atividade voluntária e clareza focalizada da atenção) 
 
 
 
 
 
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- Wundt vai considerar dois postulados essenciais 
que fundamentam a autonomia da psicologia: 
 
a) Princípio do paralelismo psicofísico: físico e 
psíquico são processos paralelos e que não podem 
ser reduzidos entre si. 
 
b) Princípio da causalidade psíquica: autonomia do 
conhecimento psicológico e causalidade própria 
dos eventos mentais (síntese criadora/fusão ≠ 
associação). 
 
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6.1.1 – Os métodos de pesquisa de Wundt 
 
- Denomina seu método de introspecção. Esse método consistia 
em instruir um observador treinado a averiguar um 
determinado estímulo sensório. Após o fim da apresentação, 
o experimentador deveria relatar o que lhe ocorreu. 
 
- Também deve ser mencionado seus esforços para erigir sua 
Völkerpsychologie (psicologia popular/cultural). Essa obra de 
Wundt, contida em dez volumes que foram escritos entre 
1900 e 1920, retrata seu esforço articulador: arte, religião, 
linguagem, mitologia, costumes, moral e cultura. 
 
 
 
 
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6.1.2 – Os alunos de Wundt 
 
- Wundt foi orientador de mais de 180 alunos de diversos 
países. 
 
6.2 – Hermann Ebbinghaus (1850-1909) e o estudo da 
memória 
 
- Realizou um trabalho sobre a memória humana que foi 
considerado notável para sua época. Em 1885, publicou seu 
famoso livro “Estudos sobre a memória”. 
 
- Realizou seus experimentos nele mesmo, utilizando sílabas 
sem sentido (XAV; BGT, etc). Para isso, tentava controlar o 
ambiente para que tivesse sempre uma constância 
experimental. 
 
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 Fez pesquisas sobre o esquecimento 
 Investigou a relação entre o tamanho de uma 
série a ser memorizada e o grau de dificuldade 
de memorização. 
 Investigou como a retenção é afetada pelo 
aprendizado. 
 Investigou como o número de repetições afeta 
o esquecimento. 
 Buscou relacionara aprendizagem significativa 
com as sílabas sem sentido, averiguando o 
esquecimento em ambas modalidades. 
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6.3 – Psicologia do Ato, de Franz 
Brentano (1838-1917) 
 
- “A psicologia do ato postulava a 
intencionalidade dos atos conscientes (...) 
logo, a psicologia não deveria estudar os 
conteúdos da consciência, mas sim os atos” 
(Benjamin, 2009, p. 57). 
 
- Opunha-se ao método da introspecção. Para 
ele, o principal método era a observação. 
 
 
 
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6.4 – Carl Stumpf (1848-1936) e a 
Psicologia dos tons 
 
- Desenvolveu uma psicologia dos tons, sendo um 
grande crítico dos trabalhos de Wundt. 
 
- Adotou uma abordagem fenomenológica em 
detrimento do elementarismo de Wundt 
 
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6.5 – Georg Elias Müller e a memória 
 
- Deu contribuições em tópicos como: a 
sensação, a visão das cores, a aprendizagem, a 
atenção e a psicofísica. Mas seu principal foco 
foi memória. 
 
- Diferentemente de Ebbinghaus, Müller achava 
que a mente tinha um envolvimento mais ativo 
no processo. 
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6.6 – Oswald Külpe e o pensamento 
 
- “Interessou-se pelos processos mentais mais 
elevados, especialmente o pensamento (...) seu 
método ficou conhecido como introspecção 
experimental sistemática” (Id., ibid., p. 40). Os 
relatos eram feitos após os término do 
experimento a partir de fracionamento da 
experiência. 
 
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7 – As origens da psicologia científica na América – A psicologia 
funcionalista 
 
 
7.1 – Granville Stanley Hall (1844-1924) 
- Fundador do primeiro laboratório de psicologia dos EUA, assim como da 
primeira revista e da APA. 
 
- Tinha como tema dominante a teoria da evolução. 
 
- Introduz a idéia de uma psicologia aplicada. 
 
- Ofereceu contribuições importantes sobre a psicologia da criança e da 
adolescência, do envelhecimento e da religião. Também o campo da 
sexualidade foi tema inspirador de seus estudos. 
 
- Introduziu grande avanço no uso de questionários nas pesquisas 
psicológicas. Os temas de pesquisa eram dos mais variados. 
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7.2 – Willian James (1842-1910) 
 
- Publicou em 1890 a magistral obra, em dois volumes (1400 
páginas), The Principles of Psychology. Trata de temas comuns 
aos filósofos da mente como: consciência, sensações, 
percepção, associação, memória, atenção, imaginação, 
raciocínio, emoções e vontade. 
 
- Um dos temas de maior destaque, e que ainda hoje oferece 
suporte reflexivo, foram suas considerações sobre o “fluxo da 
consciência” e “atenção seletiva”. 
 
- Fez críticas às abordagens elementaristas. 
 
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7.2.1 – Uma nova concepção da consciência 
 
- Assim, “ a psicologia é a ciência da vida mental, tanto dos seus fenômenos 
como de suas condições” (James, 1890, Vol. 1, p. 1). 
 
- Onde: fenômeno é o objeto de estudo presente na experiência imediata e 
condições refere-se à importância do corpo na vida mental. 
 
- Considerava como “falácia do psicólogo” o método experimental de 
Wundt e sua decomposição das sensações. 
 
- Então: “Nunca houve alguém que tivesse uma sensação simples em si. A 
consciência, desde o dia em que nascemos, exibe uma prolífica 
multiplicidade de objetos e relações, e aquilo que denominamos sensações 
simples resulta de atenção discriminativa, levada com frequência a um 
grau bem alto” (James, 1890, Vol. 1, p. 224). 
 
 
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7.3 – James Mckeen Cattell (1860-1944) 
 
- Foi aluno de Wundt, em Leipzig, entre 1883 e 1886. 
 
- Criou um laboratório de psicologia na Universidade da Pensilvânia, onde 
desenvolveu importantes pesquisas sobre “testes mentais”. Influenciado 
por Francis Galton, desenvolveu pesquisas decorrentes de medidas 
psicofísicas e o que é chamado hoje de medidas psicomotoras e cognitivas. 
Sugeriu-se que sua inclinação para esses estudo era devido ao uso regular 
de drogas que fazia, especialmente o haxixe. 
 
- Então: “A psicologia não pode atingir a certeza e exatidão das ciências 
físicas se não se apoiar nos alicerces da experimentação e da mensuração. 
Um passo nessa direção poderia ser dado com a aplicação de uma série 
de testes mentais de medida, a um grande número de pessoas” (Cattell, 
1890, p. 373). 
 
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- Decorrente da influência de Galton, foi um 
defensor da eugenia. 
 
- Segundo Cattell, os testes avaliavam medidas 
relativas à aptidão, dando mostras dos 
interesses funcionalistas da psicologia 
americana. Seria o alvorecer do uso de testes 
para se medir “inteligência”. Todavia, foram os 
esforços do psicólogo francês Alfred Binet que 
popularizou o uso deste tipo de testes. 
 
 
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 CONCEPÇÕES PERSONALISTAS, 
NATURALISTAS E O ESTUDO DA 
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 
 
- Teoria personalista: concentra-se nos grandes 
expoentes da história da psicologia (S. Freud, C.G. 
Jung, W. Reich, B.F. Skinner, etc). 
 
- Teoria naturalista: concentra-se no estudo da época 
(zeitgeist) e do panorama cultural que influencia as 
diversas teorias psicológicas. 
 
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 8 - AS ESCOLAS DE PENSAMENTO 
 
- “Refere-se ao grupo de psicólogos que se associam 
ideologicamente e, as vezes, geograficamente ao um 
líder de um movimento” (Schultz e Schultz, 1998, p. 
30). 
 
- As escolas oferecem “o instrumental, os métodos e os 
esquema conceituais que a psicologia emprega para 
acumular e organizar um corpo de fatos científicos” 
(Id.,ibid., p. 31). 
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8.1 - O ESTRUTURALISMO - Edward Bradford 
Titchener (1867-1927) 
 
- Se os códigos são universais é possível, mediante regras de 
transformação, explicar a partir de um conjunto finito e 
unitário de regras e de elementos básicos a diversidade 
infinita das formas. 
 
- Foi inaugurada por Wundt. Têm como primazia: 1) A 
introspecção. 2) A existência de elementos da mente. 3) A 
necessidade da Psicologia se manter pura. 
 
- Tem como ponto de partida a experiência. 
 
- Era considerada “não científica” por ter como método o 
introspeccionismo. 
 
 
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- No contexto estruturalista a Psicologia não se preocupa com o 
sofrimento mental mas apenas com os avanços experimentais. 
 
- O método estruturalista parte de um introspeccionismo 
treinado. Seria um erro nomear o objeto. 
 
- Cada experiência tem um núcleo elementar. As percepções têm 
núcleos sensoriais, as idéias núcleos imagísticos. 
 
- Assim os elementos: SENSAÇÃO (dados sensoriais, os sentidos 
etc) AFECÇÃO (prazer e desprazer) e IMAGEM 
(representação mental, memória) são as unidades com as quais 
é formada a estrutura psíquica. Titchener ainda não estava 
certo e que modo os três elementos se interpenetravam. 
 
 
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- As SENSAÇÕES e as IMAGENS possuem quatro 
atributos: qualidade, intensidade, duração e clareza. A 
AFECÇÃO só não possui a clareza. 
 
- A Psicologia de Titchener se reduz então a três 
perguntas básicas em relação aos seus elementos: o 
que (quais são os elementos em jogo), como (as 
combinações) por quê (causa). A tarefa seguinte é 
reduzir o material aos seus elementos mais simples. 
 
- A mente refere-se a soma total dos processos 
mentais. 
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 Contribuições do Estruturalismo 
 
 - Definiram claramente o objeto de estudo - a experiência 
consciente. 
 
 - Os seus métodos de pesquisa seguiram a melhor tradição 
científica, envolvendo a observação, experimentação e 
medição. Como a consciência era melhor percebida pela 
pessoa que tinha a experiência consciente, o método de 
estudo do objeto deveria ser uma auto-análise(método 
introspectivo). 
 
 - Embora o objeto de estudo dos estruturalistas esteja hoje 
ultrapassado, a introspecção é ainda usada em muitas áreas da 
Psicologia. 
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 Críticas ao Estruturalismo 
 
 - As críticas mais fortes ao estruturalismo foram dirigidas ao 
seu método: a introspecção. 
 
 - O movimento estruturalista foi também acusado de 
artificialismo por causa da sua tentativa de analisar processos 
conscientes através da sua decomposição em elementos. 
 
 - Gestalt fez uso desta crítica para lançar o seu movimento 
contra o estruturalismo. 
 
- Para Titchener, a Psicologia animal e a Psicologia infantil nada 
tinham de Psicologia, aspecto que também foi criticado. A 
Psicologia desenvolvia-se também em áreas que os 
estruturalistas excluíam. 
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8.2 - O Funcionalismo 
 
- É uma reação ao elementarismo estruturalista. A mente não 
pode ser dividida em partes. Deve ser entendida no todo 
significativo. Tudo é continuidade. 
 
- Nunca foi uma escola nos moldes do estruturalismo 
 
- Os funcionalistas se preocupam com o por quê. As 
experiências não se dão como uma síntese dos elementos 
mentais, mas sim através de um exame das funções de 
adaptação da mente ao organismo. Assume um importante 
enfoque na utilidade do evento psicológico. “o que”, “como”e 
“por quê” não podem ser separados. É a mente como parte 
do mundo. 
 
- Ênfase no estudo de estímulos sensoriais. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
- Acomodação seletiva ou ato adaptativo é o 
propósito da mente funcional. Ex. Paramos de comer 
quando o estimulo da fome é saciado. A criança para 
de brincar quando fica cansada. As respostas podem 
parecer simples mas, no fundo, também falam de 
situações complexas. 
 
- Admite uma interação entre o psíquico e o físico. 
 
- Preocupa-se com a mente em uso. 
 
- Opõem-se ao elementarismo da psicologia 
experimental. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
- Um exemplo clássico de uma abordagem funcional 
em relação ao comportamento é dada por Harvey 
Carr: Um estímulo fornece uma direção = cognição 
pelos sentidos = resposta que visa um fim. Sempre 
existe uma motivação. 
 
- O significado dos objetos dependem de sua função. 
 
- Foi muito criticado por suas características utilitárias. 
 
- O funcionalismo deixou larga influência no campo da 
Psicologia da Aprendizagem. Também serviu de ponte 
para o behaviorismo 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
A psicologia funcional de James R. Angell (1869-
1949) 
 
- “A psicologia funcionalista é, neste momento, pouco mais do 
que um ponto de vista, um programa, uma ambição. Ela 
adquiriu sua vitalidade principalmente, talvez, como um 
protesto contra a exclusiva excelência de outro ponto de 
partida para o estudo da mente” (Angell, 1906, p.6). 
 
- Então temos: 
1) Funcionalismo como estudo das operações mentais. 
2) Funcionalismo como estudo da utilidade da consciência 
(adaptação). 
3) Funcionalismo como estudo “psicofísico” (relações mente-
corpo) 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
A psicologia dinâmica de Robert S. Woodworth 
(1869-1962) 
 
- Em seu livro Dynamic Psychology, Woodworth 
questionou tanto o estruturalismo quanto o 
behaviorismo. O psicólogo deve entender a 
“dinâmica” da mente. 
- Em vez da psicologia S-R, propôs a psicologia 
S-O-R. 
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Críticas ao Funcionalismo 
 
- Os ataques ao movimento funcionalista vieram dos 
estruturalistas. Uma das críticas foi ao próprio termo 
que não estava claramente definido. Os funcionalistas 
foram acusados de, por vezes, usarem o termo 
função para descrever uma atividade e outras vezes 
para se referirem à utilidade. 
 
- Uma outra critica, apresentada especialmente por 
Titchener, relacionava-se com a definição de 
Psicologia. Os estruturalistas afirmavam que o 
funcionalismo nada tinha de Psicologia, pois não se 
restringia ao objeto de estudo e à metodologia do 
estruturalismo. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
- De acordo com Titchener, qualquer abordagem que 
não fosse a análise introspectiva da mente em seus 
elementos, não era Psicologia, no entanto era 
exatamente esta a definição de Psicologia que os 
funcionalistas questionavam e se empenhavam em 
substituir. 
 
- Outros críticos censuraram o interesse dos 
psicólogos funcionais por atividades de natureza 
prática ou aplicada. Os estruturalistas não viam com 
bons olhos a Psicologia aplicada. Atualmente, a 
Psicologia aplicada está muito disseminada e isto 
pode ser considerado uma contribuição do 
funcionalismo, e não um defeito. 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 A Psicologia "interessa-se por dar as 
contribuições que puder a todos os 
campos afins de pensamento e de ação, 
como a filosofia, a sociologia, a educação, 
a indústria, a medicina, o direito, os 
negócios e a indústria. É claro que todo o 
conhecimento sobre a natureza humana 
tem extrema utilidade para qualquer 
campo de atividade relacionado de 
qualquer modo com o pensamento e a 
ação do Homem". (Harvey A. Carr) 
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8.3 - TEORIA PSICANALÍTICA 
 
Sigmund Freud – Cronologia 
 
 1856 - Sigmund Freud nasce no dia 6 de maio, na cidade de 
Freiberg, atualmente Pribor, na Tchecoslováquia. Seu pai, Jakob 
Freud, de 41 anos, é comerciante de lãs. Possui dois filhos de 
um primeiro casamento: Emanuel e Philipp. Sua mãe, Amália 
Nathanson, possui vinte anos menos que o marido, e Sigmund 
é seu primeiro filho. Depois ainda viriam a nascer mais seis 
filhas desse casamento. A família é de origem judaica. 
 
 1860 - A crise econômica decorrente da guerra austro-
italiana. Mudam-se então para Viena.Início dos estudos no 
curso primário. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 1870 - Freud ganha de presente as obras completas de Ludwig Börn, cuja 
leitura iria exercer grande influência em suas idéias. 
 
 1872/1874 - Termina os estudos secundários, possuía então domínio de 
diversas línguas: latim, grego, hebreu, francês, inglês e um pouco de 
espanhol e do italiano. Recebe uma distinção pelo seu belo estilo literário 
em alemão.Ingressa na Faculdade de Medicina em Viena, onde viria a ser 
vítima de certa discriminação devido a seu anti-semitismo existente nos 
meios acadêmicos. 
 
 1875 - Viagem a Manchester, na Inglaterra, onde fica hospedado na casa de 
seu meio irmão Philipp e sua sobrinha Pauline. 
 
 1876 - Primeiras pesquisas, em Trieste, sobre os órgãos sexuais das 
enguias. Começa a trabalhar no laboratório do fisiologista Hernest Brücke. 
 
 1877 - Publica o resultado de seus trabalhos de anatomia sobre o sistema 
nervoso do peixe elétrico. 
 
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 1879 - Freqüenta o curso de psiquiatria de Theodor Meynert, o mais 
importante neuropatologista da época, mas sua área de interesse 
restringe-se apenas ao aspecto neurológico das questões então 
postuladas. 
 
 1881 - Termina os estudos universitários. 
 
 1882 - Vê-se obrigado a trabalhar como clínico médico, pois não consegue 
se empregar como pesquisador na universidade.Inicia o tratamento de 
Bertha Pappenheim (Anna O.), antiga paciente de seu amigo Josef Breuer. 
Conhece Martha Bernays, pertencente a uma família de intelectuais judeus, 
com quem vem a se casar quatro anos mais tarde. 
 
 1853 - Trabalha na clínica psiquiátrica de Meynert. 
 
 1884 - Pesquisa os efeitos da cocaína como anestésico e antidepressivo, 
fazendo aplicações em si mesmo. Receita-a a um amigo, o filósofo Hernest 
von Fleischl-Marxow, que sofre de um tumor na mão, mas este acaba 
ficando irreversivelmente dependente da droga. Freud recebe críticas do 
meio médico por suas imprudências. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 1885 - Recebe uma bolsa de estudos e vai para Paris estudar com Jean 
Martin Charcot, o mais famoso neurologista da épocae diretor do 
manicômio de Salpêtrière. 
 
 1886 - Abre um consultório particular de neuropatologia, utilizando a 
técnica da eletroterapia no tratamento de seus pacientes. (Esta técnica 
consiste na estimulação local da pele e músculos, não possuindo nenhuma 
relação com o tratamento à base de choques elétricos). Em setembro, 
casa-se com Martha Bernays, com quem viria a ter seis filhos. Em outubro, 
apresenta um trabalho sobre a histeria masculina, na Sociedade dos 
Médicos de Viena, mas suas idéias não são bem acolhidas. 
 
 1887 - Abandona a eletroterapia e começa a utilizar a hipnose em seus 
pacientes. 
 
 1891 - Publicação de seu primeiro escrito científico: Afasia, que trata as 
lesões cerebrais que afetam o poder da fala. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 1893 - Viagem a Berlim, para se encontrar com o amigo Wilhelm Fliess. 
Começa a formular a Teoria da Sedução, que abandonaria quatro anos 
mais tarde. 
 
 1895 - Publica Estudos Sobre a Histeria juntamente com Breuer. 
 
 1896 - Desentendimentos com Breuer, morte de Jacob Freud. 
 
 1897 - Viagem à Itália. Em outubro, numa carta à Fliess, anuncia a 
descoberta do Complexo de Édipo. 
 
 1898 - Prepara a Psicopatologia da Vida Cotidiana e termina a 
redação de A Interpretação dos Sonhos. 
 
 1900 - Freud começa a análise de Dora. 
 
 1901 - Aparece a Psicopatologia da Vida Cotidiana, onde é analisado 
o problema dos lapsos de memória, esquecimentos e atos falhos. 
Discordâncias com Fliess, causando um certo distanciamento entre ambos. 
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 1902 - Freud é nomeado professor a universidade de Viena. Funda a 1ª sociedade 
de psicanálise, a Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras, juntamente com Adler, 
Kahane, Stekel e Restler. 
 
 1905 - Aparece O Chiste e Suas Relações com o Inconsciente e Três 
Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. 
 
 1907 - Primeiros encontros de Freud com Gustav Jung e Karl Abraham. 
 
 1908 - É realizado o I Congresso Internacional de Psiquiatria, em Salzburgo, no qual 
participaram 42 membros de seis países (Áustria, Inglaterra, EUA, Alemanha, 
Hungria e Suíça). 
 
 1909 - Viagem aos EUA, juntamente com Jung e Ferenczi, para uma série de 
conferências na Clark University, que mais tarde seria editadas sobre o título de 
Cinco Lições de Psicanálise. São publicadas as análises O Homem dos Ratos 
e O Pequeno Hans. 
 
 1910/1912 - Fundação da Sociedade Psicanalítica Internacional, presidida por Jung. 
Ruptura com Adler. Publica Uma Recordação na Infância de Leonardo da 
Vinci e outros artigos sobre técnica psicanalítica. Aparecimento da revista Imago 
dirigida por Freud, Rank e Sachs. Início da amizade entre Freud e Lou Andreas 
Salomé. 
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 1913 - Ruptura com Jung. Publicação de Totem e Tabu. 
 
 1914 - Publicação de Contribuição à História do Movimento 
Psicanalítico. Início da Primeira Guerra Mundial. 
 
 1915 - Aparecimento de Considerações Atuais Sobre a Guerra e a 
Morte e de diversos artigos sobre metapsicologia. 
 
 1916/1917 - Publicação de Conferências Introdutória Sobre 
Psicanálise. 
 
 1918/1919 - Anton von Freund, rico industrial de Budapeste, amigo e 
antigo paciente de Freud, decide doar toda a sua fortuna em prol do 
desenvolvimento da psicanálise.É fundada então a editora Verlag, 
especializada em publicações psicanalíticas. Freud inicia a redação de 
Além do Princípio do Prazer, onde surgem os conceitos de Tanatos 
(instintos de morte) e Eros(instinto de vida). 
 
 1920 - Em janeiro morre Sofia, sua filha. Publica Psicologia das Massas e 
Análise do Ego. Freud começa a ter reconhecimento mundial. 
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 1923 - Morre Heinerle, filho de Sofia e neto preferido de Freud. É 
constatado um câncer em seu maxilar superior. Freud sofre a primeira de 
uma série de trinta e três operações, que iria conduzi-lo à morte 
dezesseis anos mais tarde. Publicação de O Ego e o Id. 
 
 1924 - Rank e Ferencze começam a divergir das técnicas psicanalíticas 
adotadas por Freud. 
 
 1925/1926 - Morte de Karl Abraham. Fundação da Sociedade Psicanalítica 
de Paris. Encontro de Freud com Einstein, em Berlim, do qual surgiria o 
escrito Porque a Guerra, publicado em 1932. Aparece Um Estudo 
Autobiográfico e Inibições, Sintomas e Ansiedades. 
 
 1927 - Publicação de O Futuro de uma Ilusão. 
 
 1930 - Aparece O Mal-Estar da Civilização. Morre a mãe de Freud. 
Freud é agraciado com o prêmio Goethe, em Frankfurt. 
 
 1932/1933 - Publicação de Novas Conferências Sobre Psicanálise. Em 
Berlim, os nazistas queimam as obras de Freud. 
 
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 1938 - Os nazistas invadem a Áustria e revistam a casa de 
Freud. Fuga para a Inglaterra, juntamente com sua esposa e 
sua filha Anna. Publicação de Moisés e o Monoteismo. 
 
 1939 - Morte de Freud, em 23 de setembro. 
 
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O APARELHO PSÍQUICO SEGUNDO FREUD 
 
- PONTO DE VISTA TOPOGRÁFICO 
 
1ª TÓPICA: 
 
- O CONSCIENTE 
- O INCONSCIENTE 
- O PRÉ-CONSCIENTE 
 
 2ª TÓPICA : 
 
- O ID 
- O EGO 
- O SUPEREGO 
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1ª TÓPICA 
 
- Tópico ou topográfico : É um modelo de lugares.A 1ª tópica 
compõem-se de 3 sistemas : inconsciente, pré-consciente e 
consciente ou sistema percepção-consciência. 
 
O CONSCIENTE 
 
 Está localizado na periferia do aparelho psíquico. Tem a função 
de recepcionar as informações vindas do exterior e do 
interior, sem conservar nenhum traço ou marca duradoura 
dessas informações, que vão excitar, no Cs (consciente), uma 
espécie de registro qualitativo sensível ao prazer e desprazer. 
É um lugar de registro e conservação das excitações, 
cuidando dos processos do pensamento, juízo e parte 
consciente da evocação. 
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O PRÉ-CONSCIENTE 
 
- É separado do Ics (inconsciente) pela censura (responsável 
pela interdição) sofrida pelos conteúdos e processos 
inconscientes em intenção de passar no campo da 
consciência. A localização próxima do consciente faz da Pcs 
(pré-consciente) um pequeno arquivo, sem se assemelhar ao 
Ics. Seus conteúdos podem se recuperar por um ato da 
vontade, tornando-os conscientes. Isso torna-se possível 
porque o conteúdo estava reprimido, se não, sua localização 
seria no Ics, e o conteúdo estaria recalcado. 
 
- conteúdo - contém representação de palavras, uma marca 
mnésica da palavra ouvida, um elemento sensível que deixou 
marcas (representação) de sua passagem pelo aparelho 
psíquico. 
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O INCONSCIENTE 
- É a parte mais arcaica do aparelho psíquico. 
 
- conteúdo - contém representação de coisas (traços 
mnésicos ou mnêmicos) que são fragmentos de 
reproduções antigas, percepções dispostas como 
uma sucessão de inscrições, uma espécie de arquivo 
sensorial (auditivo, gustativo, olfativo, tátil e visual, o 
qual predomina sobre o resto). Constituído também 
por uma energia proveniente das pulsões. As 
representações, juntamente com sua energia 
correspondente, caracterizam-se pelo fácil 
deslocamento e descarga (processo primário) 
caracterizado por 2 tipos de mecanismos que afetam 
as representações : deslocamento e condensação. 
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- Deslocamento : A intensidade de uma representação é 
susceptível de se soltar dela para passar a outras 
representações, em princípio pouco tensas, mas ligadas à 
primeira por uma cadeia associativa. 
 
- Condensação : Uma representação única representa por si só 
várias cadeias associativas, em cuja intersecção se encontra. 
 
- Censura Verdadeira: 
 
- Região fronteiriça que une e separa o Pcs/Cs do Ics; a ação é 
permanente e sua origem confunde-se com a da repressão. A 
censura é uma força intensa, rígida responsável pelos 
impedimentos à passagem dos conteúdos inconscientes à 
consciência e opera transformando as representaçõesatravés 
da condensação e do deslocamento. 
 
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2ª TÓPICA (modelo estrutyral ou dinâmico) 
 
- A segunda tópica compõem-se de 3 sistemas : ID, EGO e 
SUPEREGO. 
 
O ID 
 
- É o polo psicobiológico da personalidade, constituído 
fundamentalmente de pulsões. Os conteúdos fantasmáticos 
são na maior parte hereditários (congênitos e/ou 
constitucionais) e o restante adquirido. 
 
- Do ponto de vista dinâmico e econômico, é o reservatório e 
fonte da energia psíquica, sendo que as outras duas estâncias 
são originárias dele. É a parte mais escura e impenetrável de 
nossa personalidade. 
 
- Do ponto de vista funcional se assemelha ao Ics. Reina nele o 
princípio de prazer e, portanto, o processo primário. 
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 O EGO 
 
- Instância central da personalidade e constitui o pólo central 
por excelência. 
 
- A origem do Ego é o Id em contato com o mundo exterior. A 
diferenciação progressiva das camadas superficiais do Id 
produz-se através do sistema perceptual. O Ego se formaria 
em contato com o mundo exterior, como resultado de 
identificações que, sucessivamente interiorizadas, introjetadas, 
formariam sua estrutura. É uma organização que sempre 
aparece funcionando de forma a proporcionar ao indivíduo 
estabilidade e identidade. 
 
- Está a serviço da auto-conservação na medida em que 
concilia exigências precedentes do Id, do Superego e do 
mundo exterior. 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
- Atua como amortecedor das exigências procedentes do Id, 
adaptando-as à realidade. 
 
- A maior parte do Ego é inconsciente e dentro dessa noção de 
Ego tem-se as funções inibitórias e retardatárias do processo 
primário, que vão constituindo verdadeiras camadas de 
barragens defensivas que o diferencia do Id, então em contato 
com o externo. Adapta-se silenciando e avaliando a 
estimulação advinda do meio exterior. 
 
- O Ego é o pólo defensivo da personalidade, cuja 
representação máxima é a ação repressiva.(resistência contra 
a emergência de conteúdos inconscientes que ameaçam a 
estabilidade psíquica.). 
 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
O SUPEREGO 
 
- É subsequente ao Édipo e está constituído pelas identificações com as 
exigências e proibições dos pais e sociais. Encontram-se aí os valores 
ditados pela cultura em que vive o indivíduo mas também as ideologias, 
crenças e preconceitos carregados afetivamente e que se impõem como 
mandamentos éticos. 
 
- Indica, assinala, determina e estabelece, a partir da história da infância do 
indivíduo, o que ele deve fazer e simultaneamente o que ele deve preferir, 
desejar, escolher. É formada por imagens de objetos temidos e limitadores. 
O superego fiscaliza (permite ou proíbe) através das prescrições e valores 
inscritos nele a energia pulsional intermediada pelo ego, que chega aos 
objetos externos. 
 
- A conduta humana é o produto de um Id que só quer desejar, de um 
superego que também manda desejar mas segundo os valores culturais 
incorporados desde a vida infantil, e de um ego que tenta conciliar estas 
duas instâncias mediante transações e acordos (defesas). 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 9 - O conexionismo de Edward Lee 
Thorndike (1874-1949) 
 
 Thorndike foi o primeiro psicólogo a realizar toda sua formação 
em Psicologia nos E.U.A. Seu interesse pela ciência começou 
pela leitura que fez do livro de William James (Princípios de 
Psicologia) durante sua graduação. Durante este período, com a 
ajuda de William James, que lhe ofereceu o sótão de sua casa 
para a realização de seus experimentos, Thorndike estudava o 
comportamento de galinhas em suas tentativas para sair de 
labirintos que ele construía com seus livros. Entretanto, para se 
afastar de uma paixão não correspondida, acabou por terminar 
seus estudos com Cattell em Columbia. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Prosseguiu seus estudos com galinhas, depois com 
cães e gatos trabalhando com caixas-problema que 
ele mesmo utilizava. Os animais, sempre privados de 
alimento, eram recompensados sempre que davam a 
resposta que ele estipulava: sair do labirinto ou, no 
caso de gatos, conseguir sair de uma gaiola após 
abrir um ou vários trincos que os mantinham presos. 
O comportamento final era, muitas vezes, dificultado, 
ou seja, o animal precisava exibir um conjunto de 
respostas em sucessão antes de emitir o 
comportamento final: sair da gaiola. Estas condições 
experimentais eram delineadas por ele a priori , de tal 
modo que podia planejar também o que e como 
observar. 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Criou uma abordagem experimental que chamou de 
conexismo. Segundo ele, se alguém analisasse a 
mente humana encontraria: 
 
 “conexões de força variável entre (a) situações, elementos 
de situações e, (b) respostas, prontidões para responder, 
facilitações, inibições e direções de respostas. Se todos 
esses elementos pudessem ser completamente 
inventariados, revelando o que o homem pensa e faz, e o 
que o satisfaz e contraria, em toda situação concebível, 
parece-me que nada ficaria de fora... Aprender é 
estabelecer conexões. A mente é o sistema de conexões 
do homem” (Thorndike, 1931, pg.122). 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Distinguia-se do empirismo clássico por falar em conexão 
entre estímulo e resposta e não entre idéias. 
 
 Compartilhava com as idéias atomistas, presentes no 
empirismo, de que o comportamento deveria ser 
decomposto até se chegar a seus elementos mais simples: S-R. 
Esses seriam os blocos de construção, que ao se comporem, 
determinariam os comportamentos mais complexos. 
 
 Adotou medidas quantitativas para mensuração da 
aprendizagem: (a) registrava o número de comportamentos 
errados e (b) o tempo decorrido entre o momento que o 
animal era posto na gaiola e a sua fuga bem-sucedida. Com a 
aprendizagem esse intervalo diminuía. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Propôs que as respostas mal sucedidas eram 
obliteradas depois de algumas tentativas, as corretas 
permaneceriam se recompensadas. Chamou este 
modo de aprendizagem de tentativa e sucesso 
causal, atualmente chamado de tentativa e erro. 
Elaborou a lei do efeito segundo a qual “todo ato que, 
numa dada situação, produz satisfação fica associado com 
essa satisfação, de maneira que, quando a situação se 
repete, o ato tem mais possibilidade de se repetir do que 
antes. Inversamente, todo ato que, numa dada situação, 
produz desconforto se torna dissociado dessa situação, de 
maneira que, quando a situação se repete, o ato tem 
menos probabilidade de se repetir do que antes” 
(Thorndike, 1905, pg. 203). 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Thorndike elaborou sua lei do efeito em 1898, quatro anos 
antes apenas de Pavlov divulgar sua lei do reforço (em 1902). 
 
 “Alguns anos depois do início do trabalho com o nosso método, 
chegou ao meu conhecimento que experiências um tanto 
semelhantes tinham sido realizadas na América e, de fato, não por 
fisiologistas, mas por psicólogos. A partir de então, estudei com 
mais atenção as publicações americanas e agora devo reconhecer 
que a honra de ter dado os primeiros passos por esse caminho 
pertence a E.L. Thorndike. Suas experiências precederam as nossas 
em dois ou três anos, devendo o seu livro ser um clássico, tanto 
pela sua perspectiva corajosa diante de uma tarefa imensa como 
pela precisão de seus resultados” (Pavlov, 1928, In Joçinch, 1968, 
pags. 415-416). 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Considerando uma análise exaustiva dos fenômenos 
associados a esta conexão, Thorndike elabora 3 leis 
fundamentais que caracterizam o processo de 
aprendizagem. São elas: 
 
 A lei da prontidão estabelece que quando uma 
unidade de condução está pronta para conduzir um 
estímulo, conduzir é gratificante, não conduziré 
irritante. Como ilustração desta situação podemos 
referir o exemplo de uma criança que tem 
dificuldades em se manter imóvel por muito tempo 
porque os seus efetores estão prontos para produzir 
movimento pelo que se torna desagradável não o 
fazer. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 A lei do exercício estipula que o exercício 
fortalece a ligação entre a situação e a 
resposta. A prática condiciona o processo de 
aprendizagem porque reforça a conexão entre 
estímulo e resposta. 
 
 A lei do efeito é sem dúvida a mais 
conhecida e que refere que a conexão entre 
um estímulo e uma resposta é fortalecida se 
seguida de prazer e enfraquecida se seguida 
de dor. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 10- Ivan Pavlov e o condicionalismo 
clássico 
 
 Pavlov é o investigador responsável pela 
introdução do termo "reflexo condicionado" 
na terminologia científica. O processo de 
condicionamento resulta da associação de 
dois estímulos que provocam um 
comportamento, passando a verificar-se o 
comportamento na presença de qualquer dos 
dois estímulos. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 A experiência de Pavlov: 
 
 O processo de condicionamento implica a associação de um 
estímulo visual (a carne) e um estímulo sonoro (uma 
campainha). A apresentação simultânea de ambos os estímulos 
provoca um efeito de associação entre eles que permite 
observar uma reação idêntica quando apenas um é 
apresentado. Na realidade quando se retira a carne e a 
campainha é tocada o cão saliva demonstrando a associação 
realizada. O cão reage não apenas à campainha original mas 
sim a todas as campainhas que possuam as mesmas 
características de intensidade e frequência (generalização) 
mas não a todos os estímulos (discriminação). O cão 
continua a apresentar a mesma resposta (salivação) durante 
algum tempo mesmo sem a apresentação concomitante de 
carne, mas extingue o comportamento se esta não é 
apresentada sistematicamente. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 11 - O Comportamentalismo em seus 
primórdios: John B. Watson (1878-1958) 
 
 Watson publicou muitos textos. Em 1913, seu artigo 
na Psychological Rewiew marcou seu incisivo manifesto 
contra a psicologia introspectiva e lançando 
oficialmente o comportamentalismo. Behavior: An 
Introduction to Comparative Psychology (O 
Comportamento: Introdução à Psicologia Comparada). 
Em seu livro de 1919 apresentou um quadro mais 
completo do comportamentalismo e afirmou que os 
métodos e princípios aplicados à psicologia animal 
eram aplicáveis e legítimos no estudo de seres 
humanos. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Como psicólogo aplicado, propôs o estudo do 
comportamento do consumidor em situações 
de laboratório. Acreditava que qualquer coisa 
poderia ser vendida se escolhesse os 
estímulos condicionados certos, 
demonstrando a inferioridade dos produtos 
existentes e a melhor qualidade daquele que 
se quer vender. 
 
 Foi pioneiro no uso dos endossos dados por 
pessoas famosas a produtos, objetivando a 
manipulação dos motivos, emoções e 
necessidades humanas, assim como no 
recurso a necessidades e temores básicos 
com a meta de vender tudo - de automóveis a 
apólices de seguro. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 Em 1928, publicou um livro sobre puericultura, 
expressando suas opiniões de como os pais deveriam 
criar suas crianças. Eles nunca deveriam: 
 
 “abraçá-las e beijá-las, ou permitir que se sentem no colo. 
Se não houver jeito, dê-lhes um único beijo na testa 
quando elas disserem boa noite. Dê-lhes a mão pela 
manhã. Passe a mão em sua cabeça quando elas saírem 
extraordinariamente bem numa tarefa difícil. 
Experimente. Em uma semana você vai descobrir como é 
fácil ser perfeitamente objetivo com o seu filho, sem 
perder a ternura. Você vai ficar bastante envergonhado 
com o modo sentimental e piegas com que o tem tratado 
até agora. (Watson, 1928, pgs. 81-82). 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 As idéias de Watson 
 
 Em Psychology as the Behavirist Views It, Watson faz 
críticas à introspecção por sua não replicabilidade, 
por estar relacionada à habilidade do observador 
(sujeito) e não às condições experimentais. 
 
 “... se você não puder observar 3-9 estados de nitidez na 
atenção, sua introspecção é ruim. Se, por outro lado, um 
sentimento lhe parecer razoavelmente claro, sua 
introspecção também é deficiente: você está vendo 
demais, os sentimentos nunca são claros”. 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio 
 (Re)define a psicologia como ciência do 
comportamento. Ao contrário de Pillsbury, que já a 
havia definido do mesmo modo, Watson acreditava 
que o comportamento poderia ser produzido, 
descrito, observado e reproduzido, sob as mesmas 
condições experimentais, sem haver necessidade de 
qualquer menção a termos vagos como consciência, 
imagens mentais etc. Para ele o organismo se 
adaptaria ao meio devido tanto a seu equipamento 
hereditário como por hábitos aprendidos. O 
comportamento, para ele, do mais simples ao mais 
complexo (como o raciocínio e a linguagem), seriam 
constituídos por hábitos ou feixes integrados de 
hábitos que, em última análise, poderiam ser 
descritos em termos de seus constituintes básicos: S-
R. 
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 Os métodos de observação seriam para ele: 
 
a) a observação, com ou sem uso de instrumentos; 
b) os testes; 
c) o relato verbal; 
d) reflexo condicionado. 
 
 O método do reflexo condicionado foi o que 
conferiu a marca do comportamentalismo. Apesar 
de já ter sido usada por Pavlov, Bekhterev e 
Thorndike, deve-se a Watson sua disseminação, 
popularização e uso em situações práticas fora do 
laboratório. 
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 Críticas ao Behaviorismo 
 
 A necessidade de demarcação relativa à Psicologia da consciência 
conduziu os behavioristas a uma concepção limitada e simplista do 
comportamento. Ao reduzir a interpretação do comportamento à 
fórmula E-R, muitas condutas ficam por explicar. Por exemplo, as 
reações desencadeadas pela sede escapam ao esquema proposto, 
pois não bebemos quando vemos água, é uma situação interna do 
organismo que desencadeia um conjunto de comportamentos que 
permitem atingir o objetivo de beber. 
 
 Outros comportamentos mais complexos e especificamente 
humanos, como a linguagem, o pensamento, os sentimentos, as 
emoções, não são redutíveis à fórmula proposta pelos behavioristas. 
Por outro lado, uma mesma situação pode desencadear reações 
(respostas) diferentes. Por exemplo, quando ocorre um acidente (E), 
as repostas dos sujeitos que o presenciam podem não ser as 
mesmas: um pode socorrer as vitimas (R1); outro procura auxílio(R2); 
outro afasta-se do local (R3)… além disto, o mesmo sujeito, perante 
a mesma situação, pode, em momentos diferentes, comportar-se de 
forma distinta. 
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 Por outro lado,, situações diferentes podem desencadear o 
mesmo tipo de reações. Por exemplo, uma criança pode 
chorar (R) porque caiu (S1); porque a mãe lhe recusou um 
gelado (S2); porque perdeu um brinquedo (S3)… por tudo 
isto, a fórmula dos behavioristas é muito redutora do 
comportamento humano, podendo servir para explicar 
apenas alguns comportamentos dos animais. 
 
 É criticada também a posição de Watson de que não somos 
pessoalmente responsáveis pelas nossas ações, pois, se isto 
fosse verdade, os seres humanos não teriam livre-arbítrio, não 
podendo ser responsáveis pelas suas ações; não haveria 
esforço, empenho ou desejo de melhoria pessoal e social. 
 
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12 – Psicologia Cognitiva 
 
12.1 – Psicologia da Gestalt 
 
 Antecedentes 
 Ehrenfels e Mach - teoria da forma do 
espaço (a forma da mesa ou de um círculo), 
e do tempo (a melodia de uma música ou 
uma dança). W. James também via a mente 
como um todo. 
 
Prof. Dr. Estêvão M. Guerra Estácio Assim como o behaviorismo no EUA, a 
Gestalt surgiu por volta de 1912 criticando as 
teoria estruturalistas e associacionistas. 
Critica a Psicologia de “tijolo e argamassa” do 
estruturalismo. O todo não é a soma das 
partes. 
 
 Três são os teóricos da Gestalt – Max 
Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt Koffka. 
Köhler e os seus companheiros vão 
desenvolver todo um conjunto de 
investigações baseadas na noção de gestalt, 
podendo ser traduzido para português por 
forma, mas também por organização, 
estrutura ou configuração. 
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 A gestalt, ou Psicologia da forma, nasceu por oposição à 
Psicologia do século XIX, que tinha por objeto os estados 
de consciência. Köhler, Wertheimer e Kofka, criticam 
Wundt e a sua tentativa de decompor os processos 
mentais nos seus elementos mais simples. Os gestaltistas 
reagem contra esta concepção atomista e 
associacionista, invertendo o processo explicativo. 
Enquanto os associacionistas partem das sensações 
elementares para construir as percepções, os gestaltistas 
partem das estruturas, das formas, defendendo que nós 
percebemos conjuntos organizados em 
totalidades. A teoria da gestalt considera a percepção 
como um todo, e parte deste todo para explicar as 
partes; enquanto que os associacionistas partiam das 
partes para explicar o todo. 
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 Os estruturalistas, ao reduzir a experiência aos seus 
elementos, perdiam a gestalt, a qual se faz na totalidade. 
Por exemplo, uma melodia é ouvida como uma 
totalidade, como um conjunto e quando a escutamos, 
não temos consciência das notas que a compõem. 
Quando percebemos um automóvel, não vemos primeiro 
o teto, depois as portas e em seguida as rodas. 
Percebemos o automóvel como um todo e só depois 
passamos à análise dos elementos, dos pormenores. O 
todo é percebido antes das partes que o 
constituem. A forma corresponde à maneira como as 
partes estão dispostas no todo. 
 
 O todo não é a soma das partes, na realidade, elas 
organizam-se segundo determinadas leis. Os elementos 
constitutivos de uma figura são agrupados 
espontaneamente e esta organização, segundo os 
gestaltistas, é inata. 
 
 Conceitos Fundamentais da Teoria da Gestalt 
 
 Relação entre parte e todo 
◦ Todo é mais que a soma das partes 
 Campo 
◦ O campo fenomenológico muda constantemente 
◦ Não há atividade puramente “intrapsíquica” 
 Nativismo vs. Empirismo 
◦ Fatores inatos na percepção. 
 
ISOMORFISMO 
 
 Doutrina que afirma existir uma correspondência entre a 
experiência psicológica ou consciente e a experiência cerebral 
latente 
 Organização 
◦ Há formas “boas” e “ruins” 
 
Princípios de organização perceptiva 
 Segregação figura-fundo – um “filtro” perceptivo decide o 
que a figura é, e suprime o fundo 
 
 
 
Proximidade – objetos ou formas que estiverem 
próximos uns dos outros parecem formar grupos, ou 
unidades. Mesmo que as formas, tamanhos e objetos em si 
sejam radicalmente diferentes, vão parecer como um grupo 
se estiverem próximos. 
 
 
 
 
 
 
 
Similaridade – Objetos similares entre si são agrupados, 
percebidos como unidades 
 
 
Continuidade – Objetos que formam linhas ou curvas são percebidos 
como unidades. O indivíduo tende a continuar as formas além dos seus 
limites. 
 
 
Fechamento – O “filtro” perceptivo “prefere” objetos completos 
(boa forma). Com formas que não são fechadas, elas parecem 
incompletes e levam o indivíduo a descobrir o que está faltando. 
A: the Kanizsa triangle. B: Tse's 
volumetric worm. C: Idesawa's 
spiky sphere. D: Tse's "sea 
monster". 
Simetria – O “filtro” perceptivo “prefere” a simetria. Na 
falta de simetria, o indivíduo pode ter a impressão de que 
alguma parte está faltando, ou que a forma está errada. 
Pregnância da Forma - tendemos a ver uma figura tão boa quanto possível sob as 
condições do estímulo. Os psicólogos da gestalt denominaram isto de "boa forma" e uma boa 
forma é simétrica, simples e estável, não podendo ser tornada mais simples ou ordenada. 
 Contribuições da Psicologia da Gestalt 
 
 Tal como os outros movimentos que se opuseram a concepções 
mais antigas, a gestalt teve um efeito revigorante e estimulante 
sobre a Psicologia como um todo. O ponto de vista gestaltista 
influenciou as áreas da percepção e da aprendizagem e continua a 
estimular interesse, ao contrário do que aconteceu com o 
behaviorismo. 
 
 Críticas à Psicologia da Gestalt 
 
 As críticas á posição gestaltista incluem a acusação de que os 
psicólogos da gestalt tentaram resolver problemas transformando-
os em postulados e de nunca terem explicado devidamente as leis 
do seu sistema. Para muitos psicólogos, os princípios gestaltistas 
eram vagos, e os conceitos e termos básicos não foram 
definidos com rigor suficiente para serem cientificamente 
significativos. Outros críticos referiram-se ao fato da Psicologia da 
Gestalt se ocupar demasiado da teoria em detrimento da 
pesquisa experimental e dos dados empíricos 
comprovatórios.

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