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•Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Simão Priszkulnik Universidade Presbiteriana Mackenzie Escola de Engenharia Ações Físicas e Químicas no Concreto CAPÍTULO 28 •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Marco Vitrúvio Polião, destaca em “Da Architectura” a adição à cal hidratada de lava vulcânica em pó (pozolana), na preparação de argamassas e concretos, que contribuiu a longevidade das construções. Introdução •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Introdução •Figura 1 - Pantheon em Roma, na Itália, datado de 125 d.C. •Figura 2 - Ponte de Alcântara sobre o Rio Tejo, em Portugal, datada de 196 d.C. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Desde a patente outorgada em 1824 a produção de cimento Portland vem crescendo ao longo dos anos, chegando em 2010 a: • 3 bilhões de toneladas produzidas; • Cerca de 70% destinam-se a concreto estrutural; • com consumo médio de 300 kg/m3 de concreto, chega- se ao volume aproximado de 7 bilhões de m3 de concreto utilizados anualmente na construção civil. Introdução •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Agentes físicos e químicos podem comprometer a durabilidade do concreto, sendo: • Físicos: • Abrasão; • Erosão; • Cavitação; • Os sais cristalizados nos poros; • Congelamento e degelo. • Químicos: • Hidrólise dos componentes dos materiais cimentícios; • Troca iônica; • Ações de sulfatos e do ácido carbônico. Introdução •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A abrasão, a erosão e a cavitação são responsáveis pelo desgaste superficial do concreto. Desgaste Superficial do Concreto •Figura 3 - Desgaste superficial do concreto em pavimento de concreto. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia • Corresponde ao efeito do atrito causado ao concreto por veículos ou máquinas em movimento ou pela incidência de partículas secas em alta velocidade. • Caracteriza-se pela perda gradual e continuada da argamassa superficial do concreto,. observável em pisos e pavimentos rodoviários ou na aplicação de jatos de partículas secas para a exposição de agregado em concreto aparente ou, ainda, para a preparação de juntas de concretagem. Abrasão •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Norma DNIT 090 – ES (2006) classifica o desgaste superficial por abrasão em quatro categorias, a saber: a) desgaste leve: perda de argamassa superficial em até 6 mm de profundidade, já com exposição do agregado graúdo; b) desgaste médio: perda de argamassa superficial de 7 a 12 mm de profundidade, com perda adicional da argamassa entre as partículas do agregado graúdo; Abrasão •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia c) desgaste pesado: perda de argamassa superficial de 13 a 25 mm de profundidade, com nítida exposição do agregado graúdo; d) desgaste severo: perda de argamassa superficial, de partículas do agregado graúdo e, também, da argamassa de envolvimento do agregado graúdo, em profundidades maiores que 25 mm, incluindo possível exposição da armadura. Abrasão •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A erosão corresponde ao efeito do atrito causado por partículas em suspensão e em movimento em meio aquoso, por exemplo: • Pontes; • Túneis; • Canais; • Barragens; • Vertedouros. Erosão •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação A cavitação relaciona-se à formação de bolhas de vapor provocadas pelo abaixamento de pressão em regiões onde há um aumento elevado na velocidade de escoamento do líquido. A elevação da velocidade local é ocasionada por sobressaltos existentes na superfície de escoamento, havendo queda de pressão a valores próximos aos da pressão de vapor, formando-se as bolhas. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação A principal característica do fenômeno de cavitação é a instabilidade das bolhas, visto que, quando são transportadas pelo fluxo para regiões de pressões mais elevadas, elas colapsam ou implodem repentinamente. A água preenche velozmente os pequenos vazios e pressões altíssimas são atingidas em áreas infinitesimais e em intervalos de tempo extremamente pequenos. Com a repetição deste fenômeno nas mesmas partes do concreto, resultam as escarificações. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação A cavitação provoca um desgaste irregular da superfície do concreto, dando-lhe uma aparência irregular e corroída, muito diferente das superfícies desgastadas de forma regular pela erosão de sólidos em suspensão. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação K.M. Mehta e P.J.M. Monteiro (1994) complementam que, em contraste com a abrasão e a erosão, um concreto resistente pode não ser necessariamente eficaz na prevenção de danos devidos à cavitação e que a melhor solução consiste na remoção das causas da cavitação, tais como desalinhamentos na superfície ou mudanças bruscas de declividade. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação Em estruturas hidráulicas sujeitas ao escoamento de água em altas velocidades (vertedores e túneis de descarga, além da minimização de irregularidades abruptas ou graduais, da utilização de concreto de alto desempenho, é eficiente a técnica da inserção de ar através de aeradores. As irregularidades abruptas não devem exceder 3 mm e as graduais 6 mm. Adicionalmente, as irregularidades abruptas, normais à direção do fluxo, devem ser aplainadas. A verificação das irregularidades deve ser feita através de gabarito de 1,5 m de comprimento. •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação Na revisão da literatura, R.J.R. Brito (2011) estuda o índice ou número de cavitação, associado à velocidade do escoamento V, à pressão atmosférica pa, às amplitudes das flutuações da pressão p e à pressão de vapor do líquido pv, que é função da temperatura local. O índice de cavitação σ é, geralmente, apresentado segundo a expressão seguinte: •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Citando N.L.S. Pinto, R.J.R. Brito registra que, para uma superfície de concreto satisfatoriamente bem acabada, em que as irregularidades graduais são limitadas a um chanfro máximo de razão altura/comprimento de 1:20, tem-se um índice de cavitação crítico de 0,25. Se o número de cavitação estiver abaixo deste limite, a aeração é a ,melhor alternativa para prevenir a cavitação. Cavitação •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Cavitação Tabela 1 - Critérios de A.T. Falvey para a prevenção da erosão por cavitação (apud J.J.R. Brito, 2011) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Ensaio de desgaste (desagregação superficial e remoção de partículas de um determinado material submetido a forças de atrito) - norma ABNT NBR 12042 (1992) – máquina tipo Amsler A 154. Corpos de prova em forma de paralelepípedo regular, com lados de (70 ± 2) mm e altura de 25 a 50 mm. Carga aplicada nas sapatas = 66 N. Vazão de areia abrasiva = (72 ± 6) cm3/min. Ensaio de desgaste por abrasão •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Ensaio de desgaste por abrasão Figura 4 - Máquina destinada ao ensaio de desgaste por abrasão (ABNT NBR 12042 / 1992). •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 5 - Dispositivo para a medida da espessura dos corpos- de-prova submetidosao ensaio de desgaste por abrasão (ABNT NBR 12042 / 1992). Medida da perda de espessura •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 2 - Exigências especificadas pela ABNT NBR 11801 (1992) para argamassas de alta resistência para pisos. ABNT NBR 11801 (1992) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia • Grupo A: refere-se a pisos com solicitação predominante por abrasão, causada pelo arraste e rolar de cargas pesadas, tráfego de veículos de rodas rígidas e impacto de grande intensidade. • Grupo B: inclui pisos com solicitação predominante por abrasão, causada pelo arraste e rolar de cargas médias, tráfego de veículos de rodas rígidas, tráfego intenso de pedestres e impacto de pequena intensidade. • Grupo C: abrange pisos com solicitação predominante por abrasão, causada pelo arraste e rolar de pequenas cargas leves, tráfego de veículos de rodas macias e pequeno trânsito de pedestres. Tipos de solicitação •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A ABNT NBR 14050 (1998) trata de sistemas de revestimentos de alto desempenho, à base de resinas epoxídicas e agregados minerais, aplicados sobre substratos de concreto e metálico, destinados a atender conjunta ou independentemente requisitos higiênicos e estéticos, anticorrosivos, anti derrapantes, resistência à abrasão e a impactos, bem como resistência à ação mecânica. ABNT NBR 14050 (1998) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 3 - Classificação dos revestimentos de alto desempenho à base de resinas epoxídicas e agregados minerais segundo a ABNT NBR 14050 (1998). ABNT NBR 14050 (1998) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia ABNT NBR 14050 (1998) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 4 - Exigências especificadas pela ABNT NBR 14050 (1998) para os revestimentos de alto desempenho à base de resinas epoxídicas e agregados minerais. ABNT NBR 14050 (1998) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia ABNT NBR 14050 (1998) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A utilização de quantidade de água de amassamento do concreto superior à estritamente necessária à hidratação dos compostos químicos do cimento, além do aprisionamento ou incorporação intencional de ar na mistura, tornam o concreto um material naturalmente poroso. A porosidade do concreto inclui os poros da pasta endurecida de cimento, os poros do agregado e aqueles presentes na interface da pasta com os agregados. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia T. C. Powers (apud S. Aroni e P.K. Mehta, 1965) classifica estes poros em duas categorias: a) Poros do gel: são os poros entre as partículas do gel. São característicos do gel e atingem 20 a 30% do volume total da pasta. O tamanho médio dos poros é da ordem de 15 Å, o que supera 5 vezes o diâmetro da molécula da água; Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia b) Poros capilares: normalmente, o volume total dos produtos de hidratação é menor que o volume de cimento mais água de amassamento, resultando a ocorrência de grandes poros, que podem ocupar ate 40% do volume da pasta. São os principais responsáveis pela permeabilidade da pasta, na medida em que se dispõem como um sistema interconectado de canalículos submicroscópicos. Quanto ao tamanho, estes poros abrangem uma ampla gama, desde 12 x 10-4 cm a 12 x 10 -5 cm de diâmetro. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Os agregados componentes do concreto contribuem, adicionalmente, à porosidade. Os poros dos agregados variam muito em tamanho, sendo que os maiores podem ser vistos ao microscópio óptico ou a olho nu, enquanto os menores são, em geral, maiores do que os poros do gel da pasta de cimento endurecida. A tabela 5 ilustra valores de porosidade de algumas rochas comuns (apud Campiteli, V.C., 1987). Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 5 - Porosidade de algumas rochas comuns (apud Campiteli,V.C., 1987). Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A terceira fase a considerar no exame da estrutura porosa do concreto é a zona de transição existente entre as partículas do agregado e a pasta de cimento. Segundo V.A. Paulon e P.J.M. Monteiro (1991), trata-se de uma região que se estende radialmente para fora da superfície do agregado e, gradualmente, funde-se com a massa da microestrutura da pasta, com uma espessura da ordem de 50 µm. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia De um lado, a água de exsudação que ascende capilarmente no concreto concentra-se sob os grãos do agregado, tanto mais quanto maiores e mais lamelares os grãos, aumentando a relação água/cimento e a porosidade na interface da pasta com o agregado. De outra parte, nos concretos com menor teor de aglomerante, pode ficar deficiente o envolvimento dos agregados pela pasta aglomerante, acarretando outro foco de descontinuidade na interface. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Adicionalmente, variações volumétricas decorrentes de migração de água para o exterior do concreto ou de natureza térmica, além do carregamento externo, repercutem na interface menos resistente e provocam microfissuras na zona de transição. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 6 - Classificação dos concretos segundo a porosidade, conforme proposta por F. Gorisse (apud V.C. Campiteli, 1987). Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A cristalização de sais nos poros do concreto pode gerar pressões capazes de fissurá-lo. Como explicam P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro (1994), a cristalização a partir de uma solução salina pode ocorrer somente quando a concentração do soluto (C) supera a concentração de saturação (Cs) a uma certa temperatura. Como regra, quanto maior a relação C/Cs – grau de supersaturação – maior a pressão de cristalização. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 7 - Pressões de cristalização de sais para grau 2 de supersaturação (C/Cs), calculadas por Winkler (apud P.K.Mehta e P.J.M.Monteiro,1984). Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Conforme estudo de L. Binda e G, Baronio (apud P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro, 2008), a extensão do dano depende do local da cristalização do sal, que é determinado por um equilíbrio dinâmico entre a taxa de evaporação da água pela superfície exposta do material e a taxa de fornecimento da solução do sal para este local. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Quando a taxa de evaporação é menor do que a taxa de fornecimento de água do interior do material, a cristalização do sal ocorre na superfície externa, sem causar qualquer dano. Quando a taxa de migração da solução de sal atravésdos poros interconectados do material é mais lenta do que a velocidade de reposição, a zona de secagem ocorre substancialmente abaixo da superfície, quando, então, a cristalização do sal pode resultar em expansão suficiente para causar descamamento ou lascamento. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia É comum o emprego de sais descongelantes nos pavimentos de regiões com invernos rigorosos. Se eficientes para a continuidade da trafegabilidade, podem, entretanto, provocar descamamentos e lascamentos no concreto. Objetivando identificar a ação de vários sais no concreto, a Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, desenvolveu estudo experimental para observar o efeito no concreto de vários tipos de sais descongelantes (Cody, R.D. et al, 1996). Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia • O cloreto de magnésio resultou no sal mais destrutivo sob todas as condições do ensaio, provocando descoloração, fissuração aleatória e anelar e lascamento severo. • O cloreto de cálcio seguiu na ordem do mais destrutivo, também com fissuração aleatória e anelar e lascamento. • O cloreto de cálcio acarretou anéis escuros nas proximidades dos agregados graúdos sob as condições de secagem e molhagem e congelamento e degelo, enquanto tais anéis em torno dos agregados foram mais raros no concreto mais durável. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia • O cloreto de sódio foi relativamente menos agressivo, à exceção de congelamento e degelo à temperatura de 0ºC em solução 0,75 molar e sob ciclos de secagem e molhagem a 90ºC em solução 3 molar. • O acetato de magnésio produziu lascamento severo e fissuração moderada, ao passo que o nitrato de magnésio causou deterioração moderada por lascamento e descoloração. • A água destilada provocou pouca deterioração sob todas as condições do ensaio. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Adicionalmente, as soluções concentradas de cloreto de cálcio (CaCl2) dissolvem a portlandita [Ca(OH2)] do concreto acarretando aumento da estrutura porosa, a qual é preenchida com novos compostos resultantes de reações entre as soluções de CaCl2 , a fase cimentícia [Ca(OH2)] e o gás carbônico do ar ou da dissolução do agregado calcário dolomítico. O maior volume dos novos sais precipitados pode provocar aumento da pressão análogo ao produzido pela precipitação da brucita, como observado no ensaio com cloreto de magnésio. Fissuração por sais cristalizados nos poros •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A ação intermitente de temperaturas negativas e positivas nos países de clima frio provoca o congelamento da água nos poros de concreto, cujo aumento de volume pode levar a sua deterioração. Por outro lado, ambientes destinados à armazenagem sob temperaturas negativas, como câmaras frigoríficas, também estão sujeitos a patologias. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Segundo T,C,. Powers (1975), o efeito do congelamento da pasta de cimento deve-se à difusão da água não congelada para os espaços.congelados. Com efeito, tal difusão resulta do equilíbrio termodinâmico entre o gelo e a solução não congelada e entre a solução concentrada no espaço congelado e a solução mais diluída nos capilares não congelados. A produção inicial de gelo nas cavidades ocasiona uma solução alcalina relativamente concentrada nestas cavidades e, assim, tal difusão da água não congelada para estas cavidades assemelha-se à osmose e a pressão gerada é uma pressão osmótica, que é suficiente para provocar a desintegração do concreto. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia O desenvolvimento de pressão osmótica numa cavidade submetida ao congelamento depende da cavidade estar ou não preenchida com solução e gelo. Se é relativamente abundante a alimentação de água capilar não congelada, uma cavidade não preenchida torna-se expansiva após a difusão ter preenchido a cavidade. Antes que o estágio de expansão tenha sido alcançado, a pasta tende a retrair à medida que a água é levada das cavidades não congeladas às cavidades contendo gelo. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Segundo a teoria da saturação crítica de T.C. Powers, o concreto só sofrerá dano pelo congelamento se os capilares na pasta de cimento estiverem mais de 91,7% preenchidos com água. Referida teoria baseia-se no fato de que a água, ao congelar, expande aproximadamente 9% em volume. As tensões originam-se no caso dos poros capilares estarem saturados com água e a água vir a congelar. Entretanto, se os poros estiverem parcialmente preenchidos, pode ser acomodada a expansão resultante da formação de gelo. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia T.C. Powers também formulou a teoria da pressão hidráulica segundo a qual o dano pelo congelamento é causado pela pressão hidráulica decorrente da resistência ao movimento da água não congelada nos poros capilares da pasta. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia T.C. Powers aplicou a Lei de Darcy para ilustrar os fatores que afetam a pressão gerada pelo escoamento: Onde: Δh é o gradiente de pressão; η é a viscosidade do fluido; k é o coeficiente de permeabilidade; Q é a velocidade do fluxo; l é o comprimento do percurso de escoamento; A é a área do escoamento. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A pressão gerada aumenta com o aumento da viscosidade do fluido, da velocidade do fluxo e do comprimento, e decresce com o aumento do coeficiente de permeabilidade e da área do escoamento. A viscosidade do fluido, isto é, a viscosidade da solução no poro (água com íons dissolvidos) pode não variar muito. A velocidade do escoamento relaciona-se à velocidade do congelamento (quanto mais rápida a formação de gelo, mais rapidamente é empurrada a água para os capilares). O coeficiente de permeabilidade e área de escoamento (isto é, o tamanho dos poros capilares) dependem da microestrutura da pasta de cimento específica. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Para uma dada pasta de cimento, viscosidade do fluido do poro e velocidade de escoamento, pode-se calcular o comprimento máximo do fluxo, impondo o gradiente de pressão igual à resistência à tração da pasta de cimento (isto é, a pressão máxima até a qual não ocorrerá dano à pasta), a saber: Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia R.A. Helmuth (apud Tanesi, J. e Meininger,R., 2006) a propor a teoria do acréscimo de gelo/pressão osmótica, segundo a qual, durante o congelamento a água desloca- se dos poros do gel aos poros capilares, de acordo com a leis da termodinâmica, ou seja, difusão de energia elevada para energia baixa, e a teoria da osmose, isto é, difusão através de concentrações de gradientes. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A água nos poros capilares não é pura, mas sim uma solução de vários íons dissolvidos na água. O gelo, por sua vez, é água pura. Consequentemente, quando se forma gelo no capilar, aumenta a concentração da solução não congelada remanescente no poro, criando, assim, um gradientede concentração. Mesmo que o capilar esteja cheio de gelo e água, a água fluirá do gel menos concentrado ao capilar mais concentrado, de modo que a equalizar a concentração de solução no poro. Este fluxo osmótico da água gera pressão. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A presença de bolhas de ar faz com que a água difunda do gel e dos capilares para os vazios de ar. Ao invés de preencher os capilares e gerar pressão, a água flui para os vazios de ar, onde há disponível espaço amplo para acomodar a formação de gelo sem o desenvolvimento de pressão. O esquema da figura 6 ilustra o caminho percorrido pela água em direção ao vazio de ar (apud Freitas Jr. J.A em Materiais de Construção – Durabilidade, UFPR, s.d.). Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 6 – Fluxo de água nos capilares da pasta de cimento Fonte: Freitas Jr., Materiais de Construção – Durabilidade, Universidade Federal do Paraná, s.d. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia T.C. Powers (apud Lima, S.M. e Libório, J.B.L., 2009) sugeriu a incorporação de (6 ± 1)% de ar incorporado no concreto para protegê-lo da ação do congelamento, devendo os vazios estar próximos uns dos outros, de modo que o diâmetro dos mesmos seja, em média, a distância entre suas paredes. Também demonstrou que a limitação da relação água/aglomerante em 0,25 faria com que as pastas de cimento completamente hidratadas não sofreriam danos por baixas temperaturas, devido à eliminação da água congelável armazenada nos poros destas pastas. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 7 – Perda de massa após 40 ciclos de congelamento e degelo para concretos com diferentes teores de ar incorporado (apud Freitas Jr.,, J.A.; Materiais de Construção – Durabilidade, Universidade Federal do Paraná, s.d.) Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 8 – Ciclos de congelamento e degelo para 50% de redução do módulo de elasticidade dinâmico de concretos preparados com teores variáveis de ar incorporado (apud Freitas Jr., J.A.; Materiais de Construção – Durabilidade, Universidade Federal do Paraná, s.d.) Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Estudos elaborados por Corr,D.J. et al. (apud Lima, S.M. e Libório, J.B.L., 2009) permitiram um avanço no entendimento da morfologia e da formação de cristais de gelo no concreto congelado, com base em observações sobre a microestrutura de vazios de ar com a utilização de microscópio de varredura a baixas temperaturas Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 9a - Micrografia eletrônica de varredura obtida em temperatura criogênica de vazio de ar com cristais de gelo . Congelamento e degelo Figura 9b - Micrografia eletrônica de varredura obtida em temperatura criogênica de vazio de ar após a sublimação do gelo. Fonte Curr , D.J. (apud Lima, S.M. e Libório, J.B.L, 2009) •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Tabela 8 - Teores de ar recomendados para concreto resistente ao congelamento (American Concrete Institute, ACI 201.2R-08). Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Observações relativas à tabela 8: a) a tolerância máxima do teor de ar no canteiro de obra é de 1,5%; b) a exposição severa refere-se a clima frio e o concreto está em contato contínuo com umidade antes do congelamento ou quando se aplicam sais descongelantes. Exemplos incluem pavimentos, tabuleiros de pontes, passeios e reservatórios de água; Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia c) a exposição moderada diz respeito a clima frio em que o concreto estará apenas ocasionalmente exposto á umidade antes do congelamento, sem o emprego de sais descongelantes. Exemplos incluem paredes externas, vigas e lajes sem contato direto com o solo; d) para concretos com agregado de dimensão máxima igual ou maior do que 37,5 mm, o teor de ar é medido no concreto peneirado, isto é na parcela que passa pela peneira de 37,5 mm. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia De modo geral, a capacidade de um concreto resistir ao dano provocado pelo congelamento depende da pasta de cimento e do agregado, pois o mecanismo responsável pelo desenvolvimento de pressão induzida pelo congelamento na pasta de cimento saturada também se aplica a outros corpos porosos, a exemplo de agregados produzidos de pedras de arenitos, calcários e folhelhos. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia G.J. Verbeck e R. Landgren (apud P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro, 1994) propuseram três classes de agregados. Na primeira, incluem-se os agregados de baixa permeabilidade e alta resistência, cujas partículas apresentam deformação elástica que impede a ruptura por ação do congelamento da água nos poros. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Na segunda categoria, estão os agregados de permeabilidade intermediária, contendo proporção significativa de porosidade total, representada por pequenos poros da ordem de 500 nm e menores. As forças capilares nesses pequenos poros fazem com que o agregado seja facilmente saturado e retenha água. No congelamento, a magnitude da pressão depende principalmente da velocidade de queda da temperatura e da distância que a água tem de percorrer para chegar à fronteira de fuga para aliviar a pressão, que pode ser o poro vazio no agregado, de forma análoga ao ar incorporado na pasta de cimento, ou a própria superfície do agregado. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A terceira categoria inclui os agregados de alta permeabilidade. Embora permitam facilmente a entrada e saída de água, podem ser responsáveis pelo dano na zona de transição na interface entre a superfície do agregado e a matriz da pasta de cimento, ocasionado pela expulsão da água sob pressão da partícula do agregado. Congelamento e degelo •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Hidrólise é um termo aplicado a reações orgânicas e inorgânicas em que água efetua uma dupla troca com outro composto: XY + H2O → HY + XOH C2H5OHKCN + H2O → HCN + KOH C2H5Cl + H2O → HCl + C2H5OHKCN Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Águas deionizadas, ou puras, isto é, com teores mínimos ou nulos de íons, ao contatar o concreto, têm a capacidade de hidrolisar ou dissolver e lixiviar produtos da hidratação do cimento. Em terrenos montanhosos, a água de rios é, geralmente, isenta de íons dissolvidos, e apresenta elevada agressividade às estruturas de concreto, em virtude do seu poder de dissolução. O hidróxido de cálcio é o componente da pasta hidratada mais suscetível à hidrólise, devida a sua alta solubilidade em água pura (1230 mg/L). Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Na lixiviação do concreto, os produtos da hidratação dos compostos do cimento são dissolvidos do sistema poroso e transportados por difusão iônica ou pelo fluxo da água . De acordo com Tomas Ekstrom ((2001), os fatores que afetam o aumento da lixiviação são: a) elevada permeabilidade do concretoe aumento da permeabilidade devida à lixiviação; b) elevado teor de cálcio no concreto, especialmente o hidróxido de cálcio; c) elevado teor de dióxido de carbono na água; d) baixa dureza da alta (água doce). Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Os silicatos hidratados de cálcio e as fases aluminato e ferrita são menos solúveis, porém quanto mais cálcio estiver incorporado em tais fases, mais solúveis serão. Os efeitos da lixiviação em material sólido incluem o aumento da porosidade e a diminuição do teor de íons OH- . Com o aumento da porosidade, a permeabilidade à água aumenta e o processo de lixiviação é acelerado; adicionalmente, reduz-se a resistência mecânica do material. Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro (1994) assinalam, ainda, que, além da perda de resistência, a lixiviação do hidróxido de cálcio do concreto pode ser considerada indesejável por razões estéticas, pois, frequentemente, o produto lixiviado interage com o CO2 do ar e resulta na precipitação de crostas brancas de carbonato de cálcio na superfície, cujo fenômeno é denominado eflorescência. Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Marcelo Jorge et al (2001) desenvolveram estudo experimental sobre o ataque do concreto compactado com rolo (CCR) por águas puras. Corpos-de-prova de CCR, dosados com 90 kg/m3 de aglomerante (com e sem substituição parcial de 10% em volume de cimento Portland por sílica ativa), foram submetidos a um processo acelerado de lixiviação através de percolação de água deionizada durante 4 meses, utilizando o aparato empregado no ensaio de permeabilidade à água sob pressão (ABNT NBR 10786: 1989). Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Figura 10 – Aparelho de permeabilidade à água (ABNT NBR 10786: 1989, apud Marcelo Jorge et al, 2001) Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia O estudo conduziu às seguintes conclusões: a) a água pura pode ser um agente bastante agressivo ao concreto compactado com rolo (CCR). Após o processo de lixiviação, observou-se no CCR dosado apenas com cimento Portland sem adições minerais que uma pequena perda de cálcio levou a uma redução de 18,5% na resistência à compressão em comparação ao concreto de referência (corpos-de-prova mantidos na câmara úmida durante o mesmo período que os lixiviados foram submetidos à percolação da água deionizada); Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia b) a sílica ativa em substituição parcial ao cimento Portland concorreu a ganho de resistência mecânica do concreto e à efetiva redução na permeabilidade do concreto submetido à água pura, tornando-o mais resistente ao ataque produzido pela lixiviação; Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia c) as análises ao microscópio eletrônico de varredura e da difração de Raios X, permitiram confirmar que a estrutura interna do CCR com sílica ativa apresentava-se mais densa, menos porosa e com uma quantidade de placas de hidróxido de cálcio inferior em relação ao concreto sem a sílica ativa, fato este explicado pela ações física e química proporcionadas pela sílica ativa no concreto. Ficou, assim, comprovada a melhoria da microestrutura do CCR pela adição de sílica ativa, já conhecida para os concretos convencionais e de alta resistência; Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia d) a realização da análise química da água percolada pelo concreto mostrou-se uma ferramenta importante no estudo do mecanismo da lixiviação, pois permitiu inferir sobre a dissolução dos produtos de hidratação da pasta de cimento no concreto. No caso em questão, foram observados ciclos de desgaste, iniciando pela remoção da água dos poros (contendo principalmente sódio e potássio), seguida da dissolução do hidróxido de cálcio (CH), permitindo a partir daí a dissolução de parte do C-S-H e das fases AFt e AFm. Desgastada uma camada, o processo inicia-se novamente com a dissolução de mais hidróxido de cálcio (CH). Hidrolise dos componentes dos materiais cimentícios •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia À semelhança das argilas, constituídas, principalmente, por silicatos hidratados de alumínio e ferro, e outros componentes em menores teores, como cálcio, magnésio, sódio e potássio, a pasta de cimento Portland tem a capacidade de trocar cátions com soluções químicas. Segundo P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro (2008), com base na troca de cátions, podem ocorrer três tipos de reações entre soluções químicas agressivas e os componentes da pasta de cimento Portland, a saber: formação de sais solúveis de cálcio, formação de sais de cálcio insolúveis e não-expansivos e ataques químicos por soluções contendo sais de magnésio. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A formação de sais solúveis de cálcio resulta de reações com soluções ácidas presentes em diversos ambientes (tabela 9, apud PK. Mehta e P.J..M.Monteiro (2008). Tabela 9 – Soluções químicas agressivas ao cimento Portland (apud PK. Mehta e P.J..M.Monteiro (2008). Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia As reações de troca catiônica entre soluções ácidas e os componentes da pasta de cimento Portland resultam em aumento dos sais solúveis de cálcio, como cloreto de cálcio, acetato de cálcio e bicarbonato de cálcio, que são removidos por lixiviação. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Conforme ensina Antonio de Sousa Coutinho (1974), os compostos do cimento Portland hidratado só são estáveis em contato com soluções supersaturadas de hidróxido de cálcio, os poros do concreto forem percorridos por um líquido, a exemplo da água com capacidade para dissolver o hidróxido de cálcio, este desaparecerá progressivamente do interior dos poros. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Com a diminuição do pH, os compostos do cimento decompõem-se até se transformarem em precipitados de sílica-gel e de alumina-gel, sem quaisquer propriedades ligantes. Este é o mecanismo da chamada descalcificação do cimento hidratado, que conduz à desagregação. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A formação de sais de cálcio insolúveis pode não causar danos ao concreto, salvo se o produto da reação for expansivo ou removido por água corrente, por infiltração ou tráfego de veículo. Os ácidos oxálico, tartárico, tânico, húmico, hidrofluórico ou fosfórico, ao reagirem com o hidróxido de cálcio, produzem sais de cálcio insolúveis e não expansivos. A propósito o tartarato e o oxalato de cálcio depositam-se na superfície do concreto, promovendo a sua impermeabilização. Entretanto, o ácido húmico pode causar deterioração ao concreto exposto a resíduos de animais e plantas em decomposição. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia A formação de sais de cálcio insolúveis pode não causardanos ao concreto, salvo se o produto da reação for expansivo ou removido por água corrente, por infiltração ou tráfego de veículo. Os ácidos oxálico, tartárico, tânico, húmico, hidrofluórico ou fosfórico, ao reagirem com o hidróxido de cálcio, produzem sais de cálcio insolúveis e não expansivos. A propósito o tartarato e o oxalato de cálcio depositam-se na superfície do concreto, promovendo a sua impermeabilização. Entretanto, o ácido húmico pode causar deterioração ao concreto exposto a resíduos de animais e plantas em decomposição. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia As soluções de magnésio reagem com o hidróxido de cálcio e formam sais de cálcio solúveis. Adicionalmente, o ataque por íon magnésio se estende ao silicato de cálcio hidratado, o qual perde gradualmente íons de cálcio que são parcialmente ou, às vezes, completamente substituídos pelos íons de magnésio. Forma-se, então, um silicato de magnésio hidratado, com perda de características aglomerantes. Reações por troca de cátions •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia Na reação com os aluminatos de cálcio hidratados do cimento ou com a alumina reativa do agregado, o íon sulfato é responsável pela formação de um composto expansivo (sulfoaluminato de cálcio) que compromete a estabilidade do concreto endurecido. O ataque por sulfato também pode provocar a diminuição progressiva da resistência e perda de massa em virtude da perda de coesão dos produtos de hidratação do cimento. Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia O sulfoaluminato de cálcio foi descoberto por Candlot (apud Sousa Coutinho, 1974), ao realizar uma série de ensaios sobre a ação dos principais componentes da água do mar no cimento, incluindo os cloretos, aque constituem cerca de 55% dos sais da água do mar, sulfatos, presentes da ordem de 8% e magnésio, que constitui 4% da água do mar. A ocorrência do ataque por sulfatos pode manifestar-se nas formas de expansão e fissuração do concreto. Ao fissurar, torna- se mais fácil a penetração da água agressiva no seu interior, com o que se acelera a sua deterioração. Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia De acordo com o exposto por P.K. Mehta e P.J.M. Monteiro (2008), o hidróxido de cálcio e as fases presentes no cimento Portland hidratado que contêm alumina são mais vulneráveis ao ataque por íons sulfato. Com a presença de hidróxido de cálcio na pasta de cimento Portland hidratada, o monossulfato hidratado (C 3A-CS-H18 ou C3A-CH-H18, dependendo do teor de C3A potencial ser maior de 5% ou maior de 8%) se converte à forma altamente sulfatada de etringita, (C3A.3CS.H32) quando do contato com íons sulfato. Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia O emprego na preparação do concreto de agregado contaminado com gipsita ou de cimento contendo teor elevado de sulfato pode provocar o ataque químico por sulfato existente no interior do próprio concreto, acarretando a formação de etringita tardia (“delayed ettringite formation”). Adicionalmente, a cura a vapor de peças de concreto acima de 65ºC pode induzir a formação de etringita tardia. Com efeito, a etringita não é uma fase estável acima de 65ºC, decompondo-se para formar monossulfato hidratado. Os íons sulfato liberados pela decomposição da etringita são adsorvidos pelo silicato de cálcio hidratado. Posteriormente, durante a utilização da estrutura, quando os íons sulfato são dissolvidos. A for,ação de nova etringita causa expansão. Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia De acordo com o Building Research Establishment Digest 250 (apud P.K.Mehta e P.J.M. Monteiro, 2008), os fatores que influenciam o ataque por sulfato são: a) quantidade e natureza de sulfato presente; b) nível da água e sua variação sazonal; c) fluxo de água subterrânea e a porosidade do solo; d) forma de construção; e) qualidade do concreto, com destaque à baixa permeabilidade do concreto. Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia O Código 318 do American Concrete Institute (apud P.K.Mehta e P.J.M. Monteiro, 2008), classifica a exposição ao sulfato em 4 graus de severidade, com as recomendações específicas a cada grau, a saber: a) ataque negligenciável – teor de sulfato abaixo de 0,1 no solo ou abaixo de 150 ppm (159 mg/L) na água – empregar cimento Portland sem restrição ao tipo; Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia (Continuação do Código 318 do American Concrete Institute) b) ataque moderado - teor de sulfato de 0,1 a 0,2% no solo ou 1.50 a 1500 ppm na água – empregar cimento Portland tipo II da ASTM ou Portland pozolânico ou Portland com escória e relação água/cimento menor que 0,5; c) ataque severo – teor de sulfato de 0,2 a 2,0% no solo ou 1.500 a 10.000 ppm na água – empregar cimento Portland tipo V da ASTM e relação água/cimento menor que 0,45; Ação de sulfatos •Livro Concreto: Ciência e Tecnologia •Editor: Geraldo C. Isaia (Continuação do Código 318 do American Concrete Institute) d) ataque muito severo - teor de sulfato acima de 2%no solo ou acima de 10.000 ppm na água – empregar cimento Portland tipo V da ASTM mais uma adição pozolânica e relação água/cimento menor que 0,45. Ação de sulfatos
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