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AULA 7: ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS ARA0205 - Conforto Ambiental, Luminotécnica e Ergonomia PROFESSOR NÍCOLAS TEIXEIRA Como a arquitetura pode se adaptar ao clima local? Conforto Térmico Segundo a ASHRAE 55 (2013), conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e o suor estiverem dentro de certos limites, pode- se dizer que o homem sente conforto térmico. Caruaru-PE Garanhuns-PE Ventilação Natural A ventilação natural pode exercer três diferentes funções em relação ao ambiente construído: Renovação do ar; Resfriamento psicofisiológico; Resfriamento convectivo. Os sistemas passivos de ventilação baseiam-se em diferenças de pressão para mover o ar fresco através dos edifícios. A ventilação cruzada acontece pelo diferencial de pressão provocado pelo vento na edificação. Onde a zona de pressão positiva acontece na área à barlavento e a zona de pressão negativa acontece à sotavento. Ventilação Cruzada – Volumetria É possível usar a forma e orientação da própria edificação para interceptar e desviar o fluxo de ar para o interior da edificação, quando a direção predominante é conhecida. Uma planta em L será eficiente para represar os ventos. Ventilação Cruzada – Volumetria Uma forma estreita e alongada é ideal para favorecer a ventilação natural a uma maior parcela dos ambientes da edificação. Ventilação Cruzada – Volumetria Uma estratégia tradicional para maximizar a ventilação é elevar o edifício para expô-lo a maiores velocidades do ar. Nas regiões tropicais e litorâneas, de elevada umidade do ar é prática comum elevar o piso da edificação para aumentar a exposição das superfícies aos ventos. Ventilação Cruzada – Plantas Abertas Além de considerar o fluxo de ar dentro e fora do edifício, é necessário considerar o fluxo de ar no interior da edificação, entre os diversos ambientes do edifício. A criação de espaços fluidos permite a circulação de ar entre os ambientes internos e entre estes e o exterior. Uma planta com o mínimo de divisórias é ideal. Ventilação Cruzada – Janelas As janelas devem direcionar o fluxo de ar através da área de trabalho. O fluxo de ar interno será determinado pela posição das aberturas de entrada com relação ao exterior e das aberturas de saída com relação a corrente de ar interna. Ventilação Cruzada – Janelas Se o vento é obrigado a mudar de direção dentro do ambiente uma maior parcela do ambiente será ventilada. A forma de abrir das janelas também é influente sobre o volume do fluxo de ar. Em relação ao fluxo de ar existem 2 tipos de esquadrias operáveis de janela: Pivotantes e dobráveis: provocam o redirecionamento da corrente de ar de entrada; De correr e duplo deslizamento: que operam no plano da parede e por isso não redirecionam o ar de entrada. Ventilação Cruzada – Janelas A capacidade de rotação de janelas pivotantes pode ser usada para direcionar as correntes de ar. As janelas de pivôs horizontais apresentam uma maior capacidade de ventilação, mas são inadequadas em edificações de múltiplos andares, pois o ar aquecido na fachada que se eleva pela superfície pode ser desviado para o interior dos ambientes. As janelas pivotantes verticais apresentam uma capacidade de ventilação menor, mas podem ser apropriadas em faces paralelas a direção dos ventos, atuando na sua captação e redirecionamento. Aumentando o diferencial de pressão As projeções do edifício tanto horizontais quanto verticais podem ser utilizadas de 4 formas para afetar o movimento do ar: Aumentar o fluxo de entrada; Interceptar e aumentar a admissão de brisas obliquas; Canalizar a direção da corrente dos fluxos de entrada; Criar ventilação cruzada artificial. Aumentando o diferencial de pressão É preferível que as projeções horizontais externas sejam afastadas em alguns centímetros da fachada para não impedir a circulação do ar e a liberação do ar quente. Ventilação em Pátios Internos O pátio interno funciona como principal fonte de ventilação e iluminação natural em algumas regiões de acordo com o clima ou condições de implantação e urbanização. Um projeto incorreto pode causar uma elevação da temperatura e também prejudicar a ventilação dos ambientes voltados para ele. Ventilação em Pátios Internos Em um pátio interno, a ventilação depende principalmente da proporção entre a altura da edificação e a largura do pátio em uma seção normal ao vento. Quando o pátio é orientado na direção nos ventos dominantes e a razão altura pela largura é menor que 0,5 acontecem algumas zonas de turbulência relativamente pequenas com fluxo livre através da maior parte do espaço. A orientação do pátio 45° em relação aos ventos predominantes é ideal para ventilação no pátio e ventilação cruzada dos ambientes internos. Ventilação em Pátios Internos Em alguns casos para acelerar as correntes de convecção são criados dois pátios, de um lado um pátio sombreado com fontes de água, para resfriar o ar, e no lado oposto, um pátio exposto à radiação solar, promovendo o efeito de termossifão, succionando o ar resfriado que entra pelo pátio sombreado. Captação com uso da vegetação Árvores e arbustos podem ser usados para canalizar o ar através da estrutura e também podem ser utilizados para acelerar a velocidade do ar através de corredores de vento. Efeito Chaminé Nos períodos e climas nos quais não se pode contar com a presença dos ventos para ventilação natural como estratégia de resfriamento, é possível tirar partido do efeito chaminé para promover a ventilação. Aberturas em diferentes níveis podem gerar um fluxo de ar ascendente retirando o ar mais quente através de lanternins, exaustores eólicos e aberturas zenitais. Efeito Chaminé Coberturas de maior inclinação estão sujeitas a pressão positiva na parte inferior da face voltada para os ventos, dessa forma o lado da cobertura voltado para os ventos não é um bom lugar pra localização de aberturas zenitais de saída ou exaustores eólicos. Se as aberturas são localizadas no lado da cobertura voltado para os ventos ou em área de turbulência o efeito chaminé pode ser revertido, onde as saídas de ar passam a agir como entradas de ar de pouca eficiência. Efeito Chaminé Na ventilação por efeito chaminé, a ventilação é potencializada com o aumento da distância entre as abertura inferiores e superiores. Edificações de pé-direito elevado e pavimentos com desníveis são mais favoráveis à ventilação por efeito chaminé. A altura efetiva do cômodo pode ser aumentada através de uma chaminé de ventilação no topo do prédio, aumentando a distância entre as tomadas e saídas de ar no sentido vertical. Efeito Chaminé Fluxo acelerado Para acelerar o fluxo de ar é possível utilizar no lado norte da parte superior da chaminé de ventilação uma superfície envidraçada. Com a incidência direta da radiação solar o ar que sai pela chaminé terá sua temperatura elevada ampliando a diferença de temperatura, acelerando o fluxo de ar ascendente e consequentemente o efeito de sucção nas entradas inferiores, potencializando a renovação de ar e exaustão do ar aquecido. Torres de Vento Originadas na arquitetura árabe vernacular, as torres de vento captam os ventos acima do nível da cobertura direcionando-os para o interior do edifício e são bastante eficazes em edificações onde as janelas têm pouco acesso à ventilação. para evitar que os ventos cruzem o coletor é necessário colocar separações verticais no interior do coletor junto ao cume. Durante o dia elas funcionam como coletoras dos ventos e à noite, o processo é invertido e ela passa a funcionar como uma chaminé para exalar o ar do quarto. Cobertura e parede ventilada A ventilação da cobertura e paredes externas é uma técnica favorável para redução dos ganhos de calor, que reduz sensivelmente a transferência deste aos ambientes internos. No caso de paredes, quando uma parede leve com câmara de ar interna é expostaao sol, a coluna de ar aquecida tende a subir por convecção natural. Se aberturas são colocadas tanto na base quanto em cima a parede vai ventilar ela mesma, liberando o excesso de ganho de calor. Sombreamento O sombreamento é uma estratégia fundamental para redução dos ganhos solares através do envelope da edificação. Uma proteção solar corretamente projetada deve evitar os ganhos solares nos períodos mais quentes, do dia e do ano, sem obstruí-los no inverno e sem prejudicar a iluminação natural através das aberturas. Tipos de Proteção Solar Os elementos externos de proteção solar podem ser horizontais ou verticais, ou uma combinação dos dois. Estes elementos podem ser fixos ou móveis, onde a proteção solar fixa exige um projeto muito mais criterioso em relação às trajetórias solares para garantir sua eficiência. Sombreamento com vegetação: A vegetação pode ser utilizada como um eficiente elemento externo de proteção solar, onde podem ser utilizadas árvores de copa larga que auxiliem no sombreamento inclusive da cobertura, no caso de edificações residenciais ou vegetações arbustivas que protejam a fachada exposta a radiação oeste. Uso de pérgulas As proteções horizontais são mais favoráveis ao sombreamento das fachadas norte e sul, quando o sol encontra-se mais alto. As proteções verticais são eficientes para o sombreamento das fachadas nos horários em que o sol está mais baixo, ou para as fachadas em que os percursos solares estão, na maior parte, na diagonal em relação à fachada (Nordeste, Sudoeste, Sudeste). Uso do cobogó O cobogó, de grande aplicação no nordeste do país, é um exemplo de sistema misto em escala reduzida (BITTENCOURT, 1988) que além de proporcionar sombreamento, permitem a ventilação e iluminação, com a manutenção da segurança e privacidade dos ambientes. Prateleira de Luz: A projeção da lâmina horizontal da prateleira em direção ao ambiente externo aumenta sua exposição à radiação direta e dessa forma, enquanto sombreia a porção inferior, ela reflete a luz incidente na sua superfície superior através da porção superior da janela em direção ao teto, sendo refletida com maior profundidade para o ambiente interior. Uso de Brise de Vidro: vidros especiais como anteparos externos, à 1 metro de distância em frente a janelas comuns. Assim ocorre o impedimento da radiação solar direta e a radiação absorvida pelo anteparo de vidro é resfriada com a ventilação externa. Melhor Orientação e o Que Sombrear Considerando a radiação solar, as janelas devem preferencialmente ser localizadas nas fachadas, sob menor impacto da radiação, orientações norte e sul. Essa orientação é geralmente conflitante com a direção dos ventos e por isso é necessário ponderar quais as melhores opções e prioridades. Melhor Orientação e o Que Sombrear Nas regiões caracterizadas por climas compostos ou com elevadas amplitudes térmicas o sombreamento das janelas é fundamental para prevenção da intensa radiação solar direta, porém o sombreamento das paredes apesar de ser desejável não é crítico. Em regiões de clima quente e úmido o sombreamento não só das aberturas como também das paredes é fundamental. Para edifícios verticais, o sombreamento é o elemento mais eficaz para redução dos ganhos térmicos internos. Inércia Térmica para Resfriamento Uma edificação de elevada inércia térmica proporcionará uma diminuição das amplitudes térmicas internas e um atraso térmico no fluxo de calor devido a sua alta capacidade de armazenar calor, fazendo com que o pico de temperatura interna apresente uma defasagem e um amortecimento em relação ao externo. http://mme.gov.br/projeteee/glossario/fluxo-de-calor/ Envelope de alta inércia térmica Aplicar componentes de elevada inércia térmica em todo o envelope do edifício (paredes, piso e cobertura) auxiliará na redução das flutuações térmicas diárias, onde o calor armazenado durante o dia é reirradiado como energia térmica à noite. Edificação semi-enterrada Edificações semi-enterradas estão mais protegidas da radiação solar e apresentam uma massa térmica adicional através da integração com a terra para estabilizar temperaturas de ar internas, uma vez que a massa térmica da terra diminui e atrasa as flutuações de temperatura do ciclo anual de temperatura. Teto jardim Edificações semi-enterradas estão mais protegidas da radiação solar e apresentam uma massa térmica adicional através da integração com a terra para estabilizar temperaturas de ar internas, uma vez que a massa térmica da terra diminui e atrasa as flutuações de temperatura do ciclo anual de temperatura. Microclima local A cobertura vegetal do entorno da edificação traz um grande benefício às condições de conforto da edificação, pois retém água, que por processos naturais de convecção é evaporada provocando resfriamento pela diminuição da temperatura do ar, contribuindo para geração de um microclima local