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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA 
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
AIDA CARLA SANTANA DE MELO COSTA 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA DE CRIANÇAS 
COM HIDROCEFALIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARACAJU 
2010 
 
 
AIDA CARLA SANTANA DE MELO COSTA 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA DE CRIANÇAS 
COM HIDROCEFALIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orientador: Prof. Dr. Carlos Umberto Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2010 
Dissertação apresentada ao Núcleo de 
Pós-graduação em Medicina da 
Universidade Federal de Sergipe como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Mestre em Ciências da Saúde. 
 
 
AIDA CARLA SANTANA DE MELO COSTA 
 
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA DE CRIANÇAS 
COM HIDROCEFALIA 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em: ____ /_____/_____ 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Carlos Umberto Pereira 
 
1º Examinador: 
 
2º Examinador: 
 
PARECER 
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Dissertação apresentada ao Núcleo de 
Pós-Graduação em Medicina da 
Universidade Federal de Sergipe como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Mestre em Ciências da Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta pesquisa ao meu pai, 
Euvaldo Leal de Melo (in memorian), o 
maior incentivador para a realização desta 
etapa na minha vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao Senhor Deus, pela disposição de continuar, mesmo diante das 
adversidades, e por ter me dado o dom e a habilidade para trabalhar com 
Reabilitação; 
Aos meus pais Euvaldo e Joana, por tudo o que fizeram por mim para que 
hoje eu fosse capaz de alcançar mais esta vitória. Obrigada pelo amor, 
dedicação e por todo o investimento destinado à minha educação. 
Aos meus filhos Felipe e Letícia, por me proporcionarem momentos de 
ternura e descontração, tornando menos árdua esta caminhada. A existência 
de vocês me faz sentir mais confiante em todos os aspectos da minha vida; 
Ao meu marido José Wilson, pela paciência e incentivo constante durante a 
execução desta pesquisa. Seu amor e companheirismo são essenciais em 
minha vida; 
Às minhas irmãs Ana, Ângela e Adriana, por acreditarem no meu potencial e 
por serem os maiores exemplos de dedicação e profissionalismo. A Joana 
Neta, “sobrinha-irmã”, pelo apoio dado nos momentos de necessidade, sempre 
disponível a ajudar; 
Ao meu cunhado Rivaldo Melo, pela sua colaboração e presteza, essenciais 
a fim de que eu pudesse ter maior disponibilidade de horário para a elaboração 
desta pesquisa; 
Ao meu orientador Carlos Umberto Pereira, pela orientação e suporte 
destinado à execução desta pesquisa que, em momentos de insegurança, com 
palavras de estímulo, fez-me acreditar que estava no caminho certo, 
incentivando-me à ascensão profissional; 
À professora Edna Aragão, pelo apoio e colaboração constantes durante 
esta pesquisa. Sua contribuição foi imprescindível para esse objetivo ser 
alcançado; 
Às crianças com hidrocefalia que fizeram parte desta pesquisa, por terem 
possibilitado a confecção deste estudo, e pela imensa contribuição dada à 
pesquisa no campo da neurologia pediátrica; 
Enfim, agradeço a todos que me incentivaram a iniciar o Mestrado e a 
continuar esta grande etapa da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 "A criança é, por natureza, um ser do encantamento, um ser que 
experimenta a leveza e que não retém a dor." 
Cris Griscon 
 
 
RESUMO 
Avaliação da Função Motora de Crianças com 
Hidrocefalia 
 
Fundamento: A hidrocefalia constitui uma condição patológica que se 
manifesta através de sinais e sintomas, incluindo déficits neuromotores que 
podem resultar em limitações nas habilidades funcionais. No entanto, há 
poucos estudos que avaliem a função motora de crianças com esta doença. 
Objetivos: Avaliar o quadro cinético-funcional de crianças com hidrocefalia; 
identificar a condição do tônus muscular; verificar as atividades funcionais 
estáticas e dinâmicas; verificar a associação entre as alterações de tônus e 
as atividades funcionais nas crianças com hidrocefalia. Métodos: Estudo 
transversal, de caráter descritivo, exploratório e de campo, sob abordagem 
quali-quantitativa, realizado no ambulatório do Hospital Universitário, do 
município de Aracaju, no período de agosto de 2009 a março de 2010. 
Resultados: Das 50 crianças avaliadas, 30 (60%) apresentavam hipertonia; 
10 (20%) eram hipotônicas; e 10 (20%) não apresentavam alteração de 
tônus muscular. A média de idade foi consideravelmente menor nas 
crianças hipertônicas em relação às crianças hipotônicas e normotônicas. O 
número de procedimentos cirúrgicos realizados foi mais expressivo no 
grupo de crianças com hipertonia muscular. As sequelas motoras estiveram 
presentes em 92% da amostra. As atividades funcionais estáticas, bem 
como as dinâmicas, encontraram-se mais comprometidas nas crianças 
hipertônicas do que nas hipotônicas e normotônicas. Conclusões: A 
hipertonia muscular foi a alteração tônica mais presente nas crianças com 
hidrocefalia, e a função motora é deficitária, sendo o atraso no 
desenvolvimento neuropsicomotor mais evidente no grupo de crianças 
espásticas e menos pronunciado nas crianças com tônus muscular sem 
alterações. 
 
 Palavras-chave: criança; função motora; hidrocefalia; tônus muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Motor Function Evaluation of Hydrocephalus Children 
 
Background: Hydrocephalus constitutes a pathological condition that is 
manifested through signals and symptoms, including neurological and motor 
deficits that can result functional ability limitations. However, there are few 
studies that show the motor function of children with this illness. Objectives: To 
evaluate the kinetic and functional framework of hydrocephalus children; to 
identify the condition of muscle tone; to check the static and dynamic functional 
activities; to verify the association between tone alterations and functional 
activities in hydrocephalus children. Methods: A cross-sectional, descriptive, 
exploratory and field study, using qualitative and quantitative approach, 
performed at the University Hospital in Aracaju city, from August 2009 to March 
2010. Results: From 50 evaluated children, 30 (60%) had hypertonia; 10 (20%) 
were hypotonic; and 10 (20%) showed no muscle tone alteration. The age 
average was considerably lower in hypertonic children and higher in hypotonic 
and without tone alteration children. The average of carried through surgeries 
was more expressive in hypertonic children. Motor sequels were present in 92% 
of the sample. The static functional activities, as well as dynamic ones, were 
lower in hypertonic children and higher in hypotonic and normaltone children. 
Conclusions: Muscle tone exacerbation is more present in hydrocephalus 
children and motor function is impaired, being the neuropsychomotor 
development delayed more evident in spastic children group and less 
pronounced in children with normal muscle tone. 
Key-words: child; motor function; hydrocephalus; muscle tone. 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Relação entre perímetro cefálico e idade segundo o tônus 
muscular............................................................................................................61 
 
Figura 2. Média de procedimentos cirúrgicos, de acordo com o tônus 
muscular............................................................................................................63 
 
Figura 3. Distribuição das crianças submetidas a tratamento 
fisioterapêutico, de acordo com o tônus muscular.............................................64 
 
Figura 4. Tempo de fisioterapia em relação aos grupos hipotonia e 
hipertonia...........................................................................................................65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Frequência de crianças com hipotonia, normotonia e hipertonia, de 
acordo com o gênero.........................................................................................58 
 
Tabela 2. Frequência de diagnóstico clínico, de acordo com o tônus 
muscular............................................................................................................59 
 
Tabela 3. Média de idades segundo o tônus muscular.....................................60 
 
Tabela 4. Determinação de diferença das idades entre os grupos de 
tônus..................................................................................................................60 
 
Tabela 5. Frequência de crianças submetidas à utilização de shunt, de acordo 
com o tônus muscular........................................................................................62 
 
Tabela 6. Frequência de sequela motora em relação ao tônus 
muscular............................................................................................................66 
 
Tabela 7. Tônus muscular em relação aos hemicorpos direito e 
esquerdo............................................................................................................66 
 
Tabela 8. Atividades funcionais estáticas em relação ao tônus 
muscular............................................................................................................67 
 
Tabela 9. Atividades funcionais dinâmicas (≥12 meses) em relação ao tônus 
muscular............................................................................................................68 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ADM Amplitude de Movimento 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
cm centímetros 
DC Defeitos Congênitos 
DNPM Desenvolvimento Neuropsicomotor 
DTN Defeitos do Tubo Neural 
DVP Derivação Ventrículo-Peritoneal 
ECLAMC Estudo Colaborativo Latino Americano de Malformações Congênitas 
ENMG Eletroneuromiografia 
GABA Ácido Gamaminobutírico 
GAP Granulações Aracnóideas de Paccioni 
HU Hospital Universitário 
LCR Líquido Cefalorraquidiano 
ml mililitros 
mmHg milímetros de Mercúrio 
MMSS Membros Superiores 
MMII Membros Inferiores 
NCHS National Center for Health Statistics 
PC Perímetro Cefálico 
PSF Programa de Saúde da Família 
QI Coeficiente de Inteligência 
QV Qualidade de Vida 
RDNPM Retardo no Desenvolvimento Neuropsicomotor 
 
 
RMN Ressonância Magnética Nuclear 
RN Recém-nascido 
SNC Sistema Nervoso Central 
SUS Sistema Único de Saúde 
TCC Tomografia Computadorizada de Crânio 
UFS Universidade Federal de Sergipe 
US Ultra-Sonografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13 
2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 16 
2.1 HIDROCEFALIA .......................................................................................... 16 
2.2 DESENVOLVIMENTO MOTOR ....................................................................... 30 
2.2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL ...................................................... 30 
2.2.2 DESENVOLVIMENTO MOTOR ANORMAL .................................................... 37 
2.3 TÔNUS MUSCULAR .................................................................................... 42 
3 OBJETIVOS .................................................................................................. 51 
3.1 GERAL ..................................................................................................... 51 
3.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................ 51 
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS .......................................................................... 52 
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ....................................................................... 52 
4.2 LOCAL DA PESQUISA ................................................................................. 52 
4.3 CASUÍSTICA .............................................................................................. 52 
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ........................................................................... 54 
4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .......................................................................... 54 
4.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................................................... 54 
4.7 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ...................................................... 55 
4.8 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 56 
4.9 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................... 57 
5 RESULTADOS .............................................................................................. 58 
6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 69 
7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 78 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 79 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 81 
APÊNDICE A ................................................................................................... 93 
APÊNDICE B ................................................................................................... 95 
ANEXO A ......................................................................................................... 96 
ANEXO B ......................................................................................................... 98 
 
 
 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A hidrocefalia é definida como uma situação patológica de dilatação dos 
ventrículos cerebrais, por acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano 
(LCR), em virtude do desequilíbrio entre a produção e a absorção liquórica, 
podendo ou não estar acompanhado de aumento da pressão intracraniana 
(DEL BIGIO, 2001; PAES, 2000). A hidrocefalia congênita é ocasionada por 
influências ambientais durante o desenvolvimento fetal ou por predisposição 
genética (MUTHUKUMAR; VENKATESH; THIRUPPATHY, 2005). 
Essa condição clínica provoca um aumento no volume dos ventrículoslaterais, terceiro ou quarto ventrículos, de forma isolada ou associada 
(FONSECA; PIANETTI; XAVIER, 2002). O nome provém do grego hydor 
(água) e cephali (cabeça). Pode haver aumento do perímetro cefálico (PC) 
da criança, bem como da pressão intracraniana, ocasionando 
comprometimento das habilidades físicas e mentais (RIZVI; ANJUM, 2005). 
A hidrocefalia geralmente acontece como consequência de uma 
obstrução à circulação liquórica, podendo ocorrer no forame de Monro, no 
aqueduto de Sylvius, no forame de Magendie, no forame de Luschka, ou no 
espaço subaracnóideo. Sua etiologia pode estar ligada a fatores de origem 
genética ou ambiental, ou ainda tratar-se de herança multifatorial 
(CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003). 
Ainda que a hidrocefalia seja controlada, essas crianças, frequentemente, 
apresentam distúrbios de aprendizagem e aquisições motoras precárias. O 
peso da cabeça faz com que algumas crianças apresentem déficit no 
controle cervical e de tronco, apresentando atraso no desenvolvimento da 
motricidade. A manutenção do equilíbrio instala-se mais tardiamente, e a 
criança demanda mais tempo para sentar-se. Pode apresentar déficits 
visuomotores e perceptivos, sendo esse comprometimento vinculado com a 
lesão da substância branca causada pela dilatação ventricular (SHEPHERD, 
2002). 
14 
 
A evolução estático-motora do neonato até a idade adulta depende da 
maturação do SNC, sendo determinada por padrões geneticamente 
estabelecidos e estímulos ambientais. Todo o desenvolvimento motor 
realiza-se sempre sob um ideal de adaptação aos estímulos externos, sendo 
o organismo e o meio ambiente dependentes um do outro nesse conjunto de 
normas. Após o nascimento, todo o sistema biológico da criança esforça-se 
para adaptar-se aos fatores ambientais, bem como a maturação dos reflexos 
e reações do primeiro ano de idade que são importantes para a sua 
evolução (FLEHMIG, 2000). 
As habilidades motoras das crianças aperfeiçoam-se à medida que se 
sucedem essas etapas de desenvolvimento. O desenvolvimento e a 
aprendizagem infantil estão intrinsecamente ligados à motricidade, 
revelando-se fundamentais para o desenvolvimento global da criança. Um 
bom controle motor promove adequada exploração dos ambientes, a partir 
de experiências concretas que subsidiam o desenvolvimento intelectual 
infantil (ROSA NETO et al., 2004). 
Uma análise fisioterapêutica deve ser realizada para avaliar o grau de 
habilidades motoras e de percepção da criança, de forma a implementar as 
estratégias necessárias para superar os déficits. O exame da criança pode 
variar entre a normalidade e algum atraso no desenvolvimento. Uma boa 
avaliação e diagnóstico cinesiológico-funcional são imprescindíveis para a 
prescrição e a execução de um plano terapêutico. A capacidade de 
realização dessas atividades envolve a utilização integrada de diversos 
ajustes posturais, constituindo a base tônico-postural necessária para a 
execução das atividades motoras em geral (SHEPHERD, 2002). 
 A fisioterapia realizada de forma precoce pode ajudar na evolução e no 
bom prognóstico dessa doença, visto que crianças com hidrocefalia, quando 
submetidas a tratamento fisioterapêutico, apresentam melhora de suas 
habilidades funcionais. Cabe ao fisioterapeuta assistir a criança quanto ao 
aprendizado das habilidades motoras; ajudá-la quanto à movimentação e ao 
posicionamento; promover orientações aos familiares e/ou cuidadores 
quanto aos cuidados físicos a serem adotados; e promover melhora da sua 
independência funcional (STOKES, 2000). 
15 
 
Restabelecer a funcionalidade da criança com hidrocefalia exige profundo 
conhecimento de suas aquisições motoras. Dentre os aspectos que 
despertam maior preocupação, estão as possíveis sequelas apresentadas 
por essas crianças, como, por exemplo, o atraso no desenvolvimento das 
funções neuropsicomotoras, fator limitante de suas potencialidades. Além 
disso, os meios de atuação do fisioterapeuta nas disfunções neurológicas 
dessas crianças dependem do desenvolvimento de sistemas de avaliação 
adequados. 
No entanto, apesar da elevada incidência dessa doença no município de 
Aracaju, bem como em outras localidades, há poucos estudos que avaliem a 
função motora desses pacientes e nenhum referencial que aborde a 
avaliação cinético-funcional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
2.1 Hidrocefalia 
 
A hidrocefalia consiste de uma condição clínica marcada pelo excessivo 
acúmulo de líquido cefalorraquidiano dentro dos ventrículos cerebrais ou no 
espaço subaracnóideo, resultando em dilatação ventricular progressiva e 
aumento da pressão intracraniana (JAIN et al., 2007). A dilatação ventricular, 
ou edema intersticial, presente nas regiões periventriculares, exerce um 
efeito de compressão e estiramento sobre as estruturas cerebrais adjacentes 
e nas estruturas distantes, comprometendo a vascularização cerebral, em 
virtude da interrupção do fluxo sanguíneo, levando à isquemia (AMORIM et 
al., 2006; De AQUINO, 2004; GIUGNO et al., 2003). A hipertensão 
intracraniana também ocasiona uma redução da perfusão sanguínea 
cerebral e, como consequência, fenômenos isquêmicos celulares 
(BEHRMAN, 2003). 
Constitui a patologia mais comum em neurocirurgia pediátrica e causa 
inúmeros danos cerebrais, especialmente nas estruturas ao redor dos 
ventrículos. As crianças com hidrocefalia apresentam déficits nas aquisições 
não-verbais maiores do que nas verbais, nem sempre revertidos com o 
tratamento. Como o corpo caloso tem um papel essencial nas aquisições 
não-verbais, é provável que as lesões nessa estrutura sejam responsáveis 
pelas disfunções cognitivas dessas crianças (LOPES; MACHADO; LACHAT, 
2000). 
A prevalência da hidrocefalia congênita apresenta variações de 0,5 a 
2,5/1000 nascidos vivos (WEY-VIEIRA; CAVALCANTI; LOPES, 2004). A 
incidência varia de 0,3 a 3,8/1000 nascimentos (PAES, 2000). Outros 
estudos, no entanto, registram uma incidência que varia de 0,3 a 1,0/1.000 
nascimentos (RAJAB et al., 1998; SCHRANDER-STUMPEL; FRYNS, 1998). 
Essas variações podem estar relacionadas a diferenças étnicas e 
geográficas, além de diferenças metodológicas, como casuística de base 
17 
 
hospitalar ou populacional, inclusão ou não de natimortos e inclusão ou não 
de hidrocefalias secundárias aos DTN (Defeitos do Tubo Neural) 
(CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003). 
Nos Estados Unidos, foi registrada uma incidência de 0,96/1000. No 
Brasil, a incidência para a hidrocefalia congênita é de 2,66/1000 nascidos 
vivos (PAES, 2000; SALOMÃO, 2000). Segundo o relatório do Estudo 
Colaborativo Latino Americano de Malformações Congênitas (ECLAMC), a 
incidência de hidrocefalia congênita tem mostrado tendência a aumento nos 
últimos anos, em especial em hospitais universitários. Essas crianças são, 
em geral, filhos de mães jovens, donas de casa, residentes em zona urbana 
(CASTILLA; ORIOLI, 2004; PACHECO et al., 2006; PAES, 2000). 
Em Sergipe, o banco de dados do Datasus não mostrou registros oficiais 
no município de Aracaju sobre consultas ou cirurgias de crianças com 
hidrocefalia. Com relação aos programas de assistência à saúde, as 
crianças com hidrocefalia e seus familiares têm direito de usufruir todos os 
serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do 
Programa de Saúde da Família (PSF), porém não existe ação voltada para 
pacientes com hidrocefalia. 
O Sistema Nervoso Central (SNC) está envolvido por LCR que tem como 
funções manter flutuante o tecido cerebral; transportar os nutrientes ao 
cérebro e eliminar resíduos; e circular entre crânio e medula espinhal, 
compensando as trocas no volume de sangue intracraniano (MALAGÓN-
VÁLDEZ, 2006). Com isso, protege mecanicamente o cérebro, amortecendo 
choques contra a superfície interna do crânio. Há cerca de 140 ml de LCR, 
estando 70 ml nos ventrículose o restante no espaço subaracnóideo. A 
pressão normal em repouso está entre 150 e 180mmHg (STRATON, 1991). 
A maior parte do LCR é produzida pelos plexos coróides, especialmente nos 
ventrículos laterais, aproximadamente 20 ml por hora ou quase 500 ml por 
dia (MACHADO, 2001). No entanto, um pequeno volume também é 
produzido pelos vasos sanguíneos na região subependimal e na pia-máter, 
sendo a absorção feita pelas granulações aracnóideas (BEHRMAN, 2003). 
O LCR passa ao III ventrículo pelos forames interventriculares ou de 
Monro, atravessa o aqueduto mesencefálico ou de Sylvius e sai do IV 
18 
 
ventrículo para a cisterna magna através dos dois forames de Luschka 
(laterais) e de Magendie (medial). Da cisterna magna, a maior parte flui 
cranialmente, passa pelas cisternas perimesencefálicas e pelo espaço 
subaracnóideo para ser absorvido pelas granulações aracnóideas ou de 
Paccioni (GAP) através da circulação venosa. Uma pequena quantidade do 
LCR desce ao espaço subaracnóideo espinal onde parte é absorvida e parte 
volta ao crânio (FONTES; FUKUJIMA; CARDEAL, 2007). 
Há três mecanismos patogênicos da hidrocefalia: produção aumentada; 
déficit de absorção; e obstrução das vias de circulação ou bloqueio intra ou 
extra-ventricular à circulação do LCR, sendo esse mecanismo obstrutivo o 
mais frequente, podendo ocorrer no forame de Monro, no aqueduto de 
Sylvius, no forame de Magendie, no forame de Luschka, ou no espaço 
subaracnóideo (CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003). 
Pode ser classificada como congênita ou adquirida. A hidrocefalia 
congênita está presente ao nascimento e pode ser causada por influências 
ambientais durante o desenvolvimento fetal ou por predisposição genética. 
Atualmente, a maioria dos casos é diagnosticada na fase pré-natal ou no 
início da infância (SALOMÃO, 2000). 
Existem diversas formas de classificar a hidrocefalia. A classificação 
funcional divide em hidrocefalia obstrutiva (não-comunicante) e não-
obstrutiva (comunicante). A hidrocefalia obstrutiva é decorrente da obstrução 
da circulação do LCR em algum ponto do sistema ventricular (GARTON; 
PIATT JÚNIOR, 2004). No espaço subaracnóideo, após sair do IV ventrículo, 
esta representa a maioria das hidrocefalias congênitas, sendo, geralmente, 
produzida por um bloqueio proximal à GAP, ou bloqueio do aqueduto de 
Sylvius com dilatação dos ventrículos proximais ao bloqueio, dilatação 
desproporcionada do III ventrículo e dos ventrículos laterais em relação ao 
IV ventrículo, também denominada hidrocefalia triventricular (PAES, 2000). 
A estenose do aqueduto de Sylvius é a causa genética de hidrocefalia 
congênita mais frequente, podendo ser primária ou resultado da gliose 
secundária à hemorragia da matriz germinativa. A estenose também pode 
ser resultado de infecções durante a gestação, como sífilis, citomegalovírus, 
toxoplasmose, rubéola, herpes, dentre outras viroses. Quanto às demais 
19 
 
causas genéticas de hidrocefalia congênita, pode-se citar a síndrome de 
Dandy-Walker com atresia dos forames do IV ventrículo, representando, 
aproximadamente, 2,4% dos casos, e a malformação de Arnold-Chiari 
(MUTHUKUMAR; VENKATESH; THIRUPPATHY, 2005; SOUZA et al., 
2007). Nas formas obstrutivas, não existe comunicação entre o LCR 
ventricular e o LCR cisternal (PAES, 2000). 
Na hidrocefalia não-obstrutiva, a circulação do LCR está bloqueada nas 
cisternas circumpedunculares, ou na parte externa do forame, a reabsorção 
do LCR está interrompida ao nível das GAP ou há hiperprodução de LCR. 
Caracteriza-se pelo acúmulo de LCR sem obstrução da via de fluxo 
ventricular, estando frequentemente relacionada a papiloma de plexo 
coróide, que obstrui o III ventrículo, e a tumores do tronco encefálico, os 
quais comprimem o canal entre o III e o IV ventrículo, também denominada 
hidrocefalia tetraventricular (CHIAFERY, 2006; PAES, 2000). 
Trinta por cento das hidrocefalias congênitas são do tipo comunicante. 
Como causa frequente nos prematuros (antes da 32ª semana gestacional), 
está a hemorragia intraventricular que leva, após dez dias, a uma fibrose 
parcial do espaço subaracnóideo. Em cerca de 70% das hidrocefalias 
congênitas, a obstrução localiza-se dentro do sistema ventricular, 
classificada como não-comunicante (FONSECA; PIANETTI; XAVIER, 2002). 
As principais formas de hidrocefalia compreendem a estenose do 
aqueduto de Sylvius, a hidrocefalia comunicante e a síndrome de Dandy-
Walker, sendo a mais comum a obstrução do aqueduto de Sylvius, 
correspondendo a 43% dos casos. Essa alteração pode resultar de infecção, 
hemorragia ou tumor (EDWARDS, 1961). Em 37% dos casos, a hidrocefalia 
está associada a outras malformações intracranianas, como hipoplasia do 
corpo caloso, encefaloceles e cistos aracnóideos. As alterações 
extracranianas estão presentes em 63% dos conceptos e incluem 
mielomeningoceles, anomalias renais, cardíacas, gastrointestinais, lábio 
leporino, fenda palatina, síndrome de Meckel-Gruber e artrogripose 
(HORTÊNCIO et al., 2001). Raramente, a hidrocefalia pode resultar da 
produção excessiva ou da reabsorção deficiente do LCR (LUNDY-EKMAN, 
2000). 
20 
 
Dentre as anomalias congênitas do SNC, os DTN e as hidrocefalias, 
mesmo que não associadas aos DTN, são as mais frequentes (PINAR; 
TATEVOSYANTS; SINGER, 1998). A prevalência dessas duas condições é 
muito alta, constituindo causas importantes de morbimortalidade (GRILLO; 
SILVA, 2003). As consequências das hidrocefalias congênitas não 
associadas aos DTN são variáveis, dependem diretamente da doença que 
as gerou e do momento de sua instalação no feto, mas não são menos 
importantes. Seus portadores têm uma qualidade de vida comprometida por 
múltiplas complicações e incapacidades, gerando importantes repercussões 
em suas famílias e custos elevados para a sociedade (IQBAL, 2000). A 
associação mais frequente mencionada na literatura é a carência alimentar 
de ácido fólico no período gestacional. Fatores como condições sócio-
econômicas e área geográfica, independente da etnia, também estão 
relacionados às variações da incidência de DTN (BIRNBACHER; 
MESSERSCHMIDT; POLLAK, 2002; ZAMBELLI, 2006). 
Quanto às formas associadas aos DTN, a mielomeningocele representa, 
aproximadamente, 29% dos casos (AJLER; AJLER; BROCANELLI, 2007). 
Ocorre com frequência aproximada de 0,4 por 1000 nascidos vivos (FOBE et 
al., 1999). A chance de recorrência é de 5% para um segundo filho, 10% 
para um terceiro filho e 25% para um quarto filho do mesmo casal (ROCCO; 
SAITO; FERNANDES, 2007). É a mais complexa de todas as malformações 
congênitas do SNC compatível com sobrevida prolongada, associando 
anomalias da coluna vertebral, encéfalo, nervos periféricos e sistema ósteo-
articular (SALOMÃO et al., 1995). Está relacionada à ausência da fusão dos 
arcos vertebrais que ocorre entre o décimo oitavo e o vigésimo sétimo dia de 
gestação. Ao nascer, a criança apresenta, na região dorsal, uma 
malformação cística que pode ser fechada, sem saída de LCR do saco 
meníngeo; ou aberta, com saída de LCR do espaço dural. Caracteriza-se 
pela presença da placa neural não recoberta por tecido meníngeo e exposta 
aos agentes externos (LIMA et al., 2006). 
Cerca de 80% a 90% dos recém-nascidos com DTN apresentam 
hidrocefalia (MALAGÓN-VÁLDEZ, 2006). Está associada a frequentes e 
severas sequelas neurológicas que podem causar significativa morbidade e 
21 
 
mortalidade (COLLANGE, 2008). O quadro clínico é caracterizado por 
paraplegia flácida e alteração sensitiva abaixo da lesão, podendo cursar com 
úlceras de pressão, acompanhado de comprometimento neurológico 
(hidrocefalia, medula presa), urológico (infecções de repetição, 
incontinência, cálculos e refluxo) e ortopédico (deformidades que podem 
ocorrer em tronco e membros inferiores). A obesidade pode chegar a 40%, e 
a apneia do sono pode ocorrer em até 20% dos casos (ROCCO; SAITO; 
FERNANDES, 2007). 
A criançacom mielomeningocele pode apresentar incapacidades 
crônicas graves, como paralisia dos membros inferiores, hidrocefalia, 
deformidades dos membros e da coluna vertebral, disfunção vesical, 
intestinal e sexual, dificuldade de aprendizagem e risco de desajuste 
psicossocial (AGUIAR et al., 2003; PÁDUA et al., 2002). O tratamento 
dessas crianças requer intervenção clínica e cirúrgica precoce. A cirurgia de 
correção da mielomeningocele tem como finalidade diminuir a exposição da 
medula espinhal e raízes ao meio ambiente e a perda liquórica, o que 
possibilita a reparação nervosa e a melhora funcional (DIDELOT, 2003). 
Quanto mais caudal a lesão, menor o déficit neurológico; quanto mais alta a 
lesão, aumenta-se a necessidade de derivação liquórica (ZAMBELLI, 2006). 
A mielomeningocele, frequentemente, encontra-se associada com a 
malformação de Arnold-Chiari. Conforme a descrição de Chiari, a 
malformação do tipo I consiste no deslocamento caudal das amígdalas 
cerebelares por meio do forame magno; o tipo II representa uma herniação 
das amígdalas, verme cerebelar, quarto ventrículo e porção inferior do bulbo 
por meio do forame magno; já o tipo III consiste em uma herniação do 
cerebelo e tronco encefálico dentro de uma meningocele cervical alta; no 
tipo IV, há uma hipoplasia cerebelar sem herniação. Quando sintomática, as 
alterações causam obstrução ao fluxo do LCR, promovendo seu acúmulo 
anormal na cavidade craniana (CHRISTOFOLETTI et al., 2007). 
A etiologia genética da hidrocefalia também pode ser determinada por 
anomalias cromossômicas (trissomia do 18 ou triploidia), herança 
monogênica, mutações de um único gene, com padrões de transmissão do 
tipo autossômico dominante, autossômico recessivo e ligado ao X recessivo 
22 
 
(CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003). Considerando a idade de ocorrência e de 
manifestação para diagnóstico diferencial, merece menção também a 
etiologia perinatal traumática. Do ponto de vista genético-clínico, a 
hidrocefalia pode ser classificada em isolada ou associada a outros defeitos 
congênitos. As isoladas, em geral, podem ser resultantes ou estar 
associadas a malformações do SNC ou a infecções congênitas (VAN DER 
PUT et al., 2001). 
A herança autossômica recessiva tem sido proposta em vários casos de 
recorrência familiar. A herança recessiva ligada ao cromossomo X ocorre em 
1,8% a 2% dos casos de hidrocefalia congênita e está associada à estenose 
do aqueduto de Sylvius (CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003; WEY-VIEIRA; 
CAVALCANTI; LOPES, 2004). A obstrução pela malformação de Arnold 
Chiari tipo II é considerada a causa de hidrocefalia na maioria das crianças 
com espinha bífida, com uma probabilidade de ocorrência de 90%, enquanto 
a estenose do aqueduto de Sylvius é responsável por 2/3 das hidrocefalias 
congênitas (TAPPIT-EMAS, 2002). 
A medida do PC deve ser comparada à de uma curva de referência, 
como a da NCHS (National Center for Health Statistics). Considera-se 
microcefalia a medida abaixo de dois desvios-padrão da média ou do 50° 
percentil (p50), e macrocefalia, a medida acima de dois desvios-padrão das 
mesmas referências. É importante lembrar que cerca de 50% das variações 
do tamanho do crânio são familiares e que recém-nascidos pré-termos 
normais apresentam PC maior nos três primeiros meses após o termo, 
devido à configuração elíptica do crânio (FONSECA, PIANETTI; XAVIER, 
2002). 
O PC no recém-nascido a termo é de 35 cm em média, sendo um pouco 
maior que o perímetro torácico. Aos seis meses, a média do PC é de 45 cm, 
igual ao perímetro torácico; aos doze meses, é cerca de 47 cm, sendo 
menor do que o perímetro torácico; em um lactente eutrófico, e aos cinco 
anos de idade, o PC é estacionado em torno de 55 a 57 cm (BEHRMAN, 
2003; FONSECA, PIANETTI; XAVIER, 2002). 
Cerca de 10% produzem sintomas durante a lactância, constituídos de 
estridor, choro fraco e apnéia, que podem ser aliviados por derivação do 
23 
 
LCR ou por descompressão da fossa posterior. Podem ocorrer 
anormalidades da marcha, espasticidade e incoordenação crescente durante 
a infância (BEHRMAN, 2003). 
A manifestação clínica da hidrocefalia depende do grau de obstrução 
liquórica, da capacidade de absorção e do tempo de duração do quadro. A 
macrocefalia é um sinal importante na hidrocefalia dos recém-nascidos e 
lactentes. Mais importante que a macrocefalia é o aumento na velocidade do 
crescimento do crânio. A circunferência da cabeça aumenta rapidamente; 
há separação palpável das suturas coronal e sagital; irritabilidade ou letargia; 
vômito persistente; disfagia; convulsões; sinal do sol poente, caracterizado 
por desvio ocular para baixo (STOKES, 2000). 
A velocidade e a intensidade dessas manifestações vão depender de 
mecanismos compensatórios. Na criança, ocorre a ocupação rápida das 
cisternas e dos espaços subaracnóideos, a disjunção das suturas cranianas, 
a diminuição do volume sanguíneo intracraniano e a expansão do crânio. As 
alterações funcionais e morfológicas são reversíveis, até o momento em que 
não houver destruição axonal. Em pacientes com derivação ventricular, 
embora haja uma reconstituição imediata do manto cortical, as alterações 
ocorridas anteriormente ao tratamento permanecem. Essa reconstituição 
não resulta em restabelecimento dos elementos perdidos, mas na formação 
de uma cicatriz glial e do retorno da função fisiológica dos elementos 
restantes (PROCKOP, 1997). 
Nas crianças com mais idade, como o crânio não pode expandir-se, a 
pressão excessiva no interior dos ventrículos comprime o tecido nervoso, em 
especial a substância branca. Isso comumente resulta em comprometimento 
do equilíbrio e da marcha, incontinência esfincteriana e cefaléia (LUNDY-
EKMAN, 2000). A criança não consegue levantar a cabeça, apresenta 
rejeição às mamadas, opistótono, paresia ou paralisia dos músculos em 
decorrência do comprometimento dos nervos cranianos, além de coma, 
aumento do tônus muscular (espasticidade), distúrbios respiratórios, perda 
progressiva da visão, edema de papila, incoordenação motora, déficit de 
concentração, distúrbio da memória e do aprendizado, alteração 
24 
 
comportamental e distúrbio do sono (CHIAFERY, 2006; COCHRANE; 
KESTLE, 2002; De AQUINO, 2004). 
Outras manifestações frequentes são: fontanela tensa, abaulada e maior 
que o normal, adelgaçamento dos ossos do crânio, vasos sanguíneos 
visíveis, hipertensão intracraniana, sonolência, inapetência e incapacidade 
motora (FELDSTEIN, 2002; SCHWANITZ et al., 1993). Se não for 
controlada, a hidrocefalia pode causar grave retardo mental devido à 
compressão de tecido cerebral contra a estrutura óssea do crânio, 
provocando lesões irreversíveis (STOKES, 2000). 
Além dos déficits neuromotores, os atrasos no desenvolvimento podem 
resultar em limitações nas habilidades funcionais (HWANG; SHIM; CHANG, 
2009). Essas habilidades incluem, por exemplo, o auto-cuidado, como 
alimentação e banho independentes, atividades de mobilidade como levantar 
da cama e ir ao banheiro com independência, e tarefas de função social, 
como ir à escola e interagir com outras crianças (BAKAR et al., 2009). O 
prognóstico motor está relacionado à etiologia da hidrocefalia, à lesão 
encefálica associada, às complicações pós-derivação e à falha no controle 
da evolução da hidrocefalia durante o tratamento (KLIEMANN; 
ROSEMBERG, 2005). 
Para que seja realizada uma avaliação completa, deve-se levar em 
consideração o exame do estado de desenvolvimento e a avaliação da 
maneira como a doença ou o tratamento poderão afetar o crescimento e o 
desenvolvimento da criança. No tratamento das sequelas de hidrocefalia, é 
necessária uma abordagem interdisciplinar para melhor assistir o paciente. 
Estudos demonstram que a evolução dos pacientes com atraso no 
Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) está relacionada aos constantes 
estímulos motores oferecidos,bem como ao desenvolvimento característico 
da fase em que a criança se encontra (HALLAL; MARQUES; BRACCIALLI, 
2008). 
O diagnóstico precoce da hidrocefalia, para muitos autores, favorece o 
tratamento, minimizando os riscos de alterações no desenvolvimento 
neurológico da criança. Na atualidade, tem sido mais frequente em virtude 
do aumento da capacidade diagnóstica, realizada por imagem e pela maior 
25 
 
habilidade dos examinadores (JUCÁ et al., 2002). Pode ser feito a partir do 
segundo trimestre de gestação, através de avaliações do tamanho 
ventricular, do tamanho do átrio ventricular e da sua relação com o plexo 
coróide (HARROD et al., 1984). Entretanto, no passado, a hidrocefalia era 
identificada ao nascimento por um perímetro cefálico (PC) acima de dois 
desvios-padrão da média (CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003; COCHRANE; 
KESTLE, 2002; JUCÁ et al., 2002). 
O início de qualquer diagnóstico é a anamnese. É importante coletar a 
história familiar, investigar sobre a história pregressa de prematuridade. A 
ultra-sonografia (US) gestacional diagnostica a hidrocefalia ainda intra-útero, 
podendo-se tomar medidas precocemente. Esse método, quando usado 
transfontanela, é eficaz na avaliação da hidrocefalia do prematuro, 
geralmente devido à hemorragia ventricular (BEHRMAN, 2003). 
Antigamente, a radiografia de crânio era o único recurso de imagem, 
sendo ainda hoje possível verificar a impressão que as circunvoluções são 
capazes de deixar na tábua óssea interna em crânios sujeitos a uma 
hipertensão intracraniana crônica. Além disso, esse exame de imagem 
acusará desproporção crânio-facial; sinais radiológicos de hipertensão 
intracraniana; calcificações sugestivas de toxoplasmose, tumores, 
citomegalovírus e aumento da fossa posterior (FELDSTEIN, 2002). 
O exame de US tem permitido diagnóstico cada vez mais precoce dos 
defeitos congênitos (DC) durante a vida intra-uterina, sendo utilizado como o 
principal método diagnóstico para rastreamento dos DC na população 
(JULIAN-REYNIER et al., 1994). Como consequência, a maior utilização da 
US pelos obstetras, tanto na rotina quanto em gestações de alto risco, tem 
aumentado a detecção de anomalias fetais, dentre elas a hidrocefalia cujo 
diagnóstico tem sido, cada vez mais, precoce (CAVALCANTI; SALOMÃO, 
2003). 
A Tomografia Computadorizada de Crânio (TCC) permite avaliar a forma 
das cisternas da base e verificar se estão plenas de LCR, como é normal, ou 
se comprimidas, deslocando o LCR pela hipertensão intracraniana (LIMA; 
PEREIRA; SILVA, 2007). Demonstra o tamanho e a posição de cada 
ventrículo, assim como o espaço subaracnóideo, desproporção do 
26 
 
crescimento dos ventrículos e presença de alterações atróficas do cérebro. 
No caso do recém-nascido (RN) com hidrocefalia, a TCC é capaz de 
determinar o local da obstrução ao fluxo do LCR. A presença de migração de 
LCR transependimário, mais intenso em cornos frontais e occipitais, 
demonstra descompensação da hidrocefalia (FELDSTEIN, 2002). 
A Ressonância Magnética Nuclear (RMN) é um requinte de imagem que 
permite aprofundar o diagnóstico, identificando melhor o sistema vascular do 
encéfalo. Demonstra com mais detalhes anatômicos o local da obstrução do 
LCR (GARTON; PIATT JÚNIOR, 2004). 
O tratamento clínico só é eficaz nos casos leves onde a causa pode ser 
removida sem terapêutica cirúrgica. A acetazolamida, droga inibidora da 
anidrase carbônica, é indicada no tratamento de hidrocefalias lentamente 
progressivas. Entretanto, a utilização desse medicamento pode causar 
efeitos colaterais como vômitos, diarréia e acidose metabólica. A furosemida 
diminui a formação do LCR. É um inibidor potente da reabsorção tubular 
distal de sais e água, que atua ao nível da alça de Henle e apresenta 
mecanismo de ação independente do papel exercido pela anidrase 
carbônica. Esses medicamentos são mais utilizados para o controle da 
pressão intracraniana do que propriamente como um manejo terapêutico 
permanente da hidrocefalia (ADAMS; VICTOR; ROPPER, 1997). 
Avanço significativo e determinante na história do tratamento da 
hidrocefalia foi a introdução do uso de drenagens valvuladas unidirecionais, 
com o objetivo de derivar o LCR em excesso nos ventrículos cerebrais para 
outras cavidades corporais, anulando a base fisiopatológica da hipertensão 
intracraniana verificada (DUHAIME, 2006; GARTON; PIATT JÚNIOR, 2004; 
ZHONG; BELLAMKONDA, 2008). 
 Nos anos sessenta, antes da aplicação dos sistemas de derivação, as 
crianças com hidrocefalia tinham um prognóstico ruim, já que apenas 20% 
delas conseguiam chegar à idade adulta e, desses, 50% apresentavam dano 
neurológico importante. O uso de drenagens liquóricas representou grande 
avanço, com acentuada diminuição da mortalidade e da morbidade em 
crianças com hidrocefalia (DUHAIME, 2006; GARTON; PIATT JÚNIOR, 
2004; JUCÁ et al., 2002). 
27 
 
A inserção cirúrgica do catéter pode ser ventrículo-peritoneal (A), que 
deriva o excesso de LCR para o peritônio; ou ventrículo-atrial (B), que 
remove o excesso de LCR de um ventrículo lateral para o átrio direito do 
coração. Este último tipo de catéter não é muito utilizado, visto que a 
infecção do sistema pode acarretar complicações importantes, como 
septicemia e embolia pulmonar (TAPPIT-EMAS, 2002). O uso do shunt 
ventricular foi desenvolvido em 1960. Desde então, a taxa de morte tem 
reduzido de mais de 50% para menos de 10%, em 2005. A maior 
complicação desse tipo de tratamento está relacionada a infecções e 
disfunções mecânicas das válvulas que podem causar severas 
complicações, como déficits neurológicos e cognitivos (BRAGA, 2009). 
Existe uma técnica alternativa ao sistema de derivação, chamada 
terceiroventriculostomia, que consiste na introdução de um endoscópio no 
cérebro, com diâmetro de cerca de dois a cinco milímetros, através de um 
orifício, a fim de favorecer a drenagem do líquido. Embora seja mais 
moderna e próxima do fisiológico, beneficia apenas, aproximadamente, 25% 
dos portadores de hidrocefalia devido às suas peculiaridades técnicas 
(ZYMBERG et al., 2008). Esse método cirúrgico é considerado simples para 
a neurocirurgia, e as abordagens podem variar de acordo com a preferência 
do neurocirurgião (GARTON; PIATT JÚNIOR, 2004). 
No entanto, verificam-se complicações funcionais quando o sistema deixa 
de funcionar em decorrência de uma falha mecânica, disfunção ou obstrução 
do sistema de derivação ventrículo-peritoneal (DVP). As complicações 
funcionais ocorrem com uma frequência variando entre 30% e 60%, 
principalmente nos primeiros dois anos após a derivação (FREY; HAUSER, 
2003; JUCÁ et al., 2002; KLIEMANN; ROSEMBERG, 2005; PUGET, 2005). 
O tratamento cirúrgico da hidrocefalia através da DVP tem na infecção a 
maior causa de morbidade, com graves repercussões, como déficit 
intelectual, neurológico e cognitivo (SARGUNA; LAKSHMI, 2006; TURGUT 
et al., 2005). 
 Diversos fatores de risco contribuem para a infecção em DVP, tais como: 
causa da hidrocefalia, recém-nascidos, inserção primária do sistema de 
derivação, meningite prévia, inadequada habilidade técnica da equipe 
28 
 
cirúrgica, tempo cirúrgico prolongado, presença de fístula liquórica, necrose 
de couro cabeludo e perfuração ou infecção de vísceras abdominais (LIMA; 
PEREIRA; SILVA, 2007). 
O momento do tratamento cirúrgico dependerá da gravidade da 
anomalia, da saúde da criança e da urgência clínica. Entretanto, a 
fisioterapia deverá ser realizada precocemente, a fim de promover as 
habilidades funcionais adequadas à idade e reduzir as deficiências 
secundárias (BEHRMAN, 2003). Em alguns indivíduos, a pressão 
intracraniana pode estabilizar-se sem intervenção cirúrgica (TAPPIT-EMAS, 
2002). 
A colocação da derivação proporciona melhor desenvolvimento 
neuropsicomotor (DNPM), e o conteúdo total de mielina pode se aproximar 
do normal, caso os axônios não tenham sido lesados,assim como o 
restabelecimento das sinapses (BROWER et al., 2008). Entretanto, as 
válvulas corrigem o volume de modo não fisiológico, pois a produção do LCR 
é constante (0,33 ml/min) e o débito através da DVP varia de acordo com 
diversos fatores (GUSMÃO et al., 2000). A hidrocefalia leva à lesão axonal, 
seguida de gliose, atrofia da substância branca e, em alguns casos, 
cavitação desta, além de alterações degenerativas nas fibras descendentes 
dos tratos corticoespinhais (BROWER et al., 2008). 
A atrofia óptica é um achado comum na hidrocefalia avançada devido à 
compressão do quiasma e nervo ópticos por dilatação anterior do III 
ventrículo e aumento da pressão intracraniana. A paresia do nervo 
abducente é comum, e o nistagmo pode estar presente. A visão também 
pode ser afetada pelo dano ao córtex occipital (SHALLAT; PAWL; JEVRA, 
1973). Com a evolução da doença, a profundidade dos reflexos tendíneos e 
o tônus muscular são aumentados (RIZVI; ANJUM, 2005). 
A hidrocefalia apresenta riscos tanto para o desenvolvimento cognitivo 
quanto para o físico. Em vários casos, a presença da hidrocefalia resulta em 
inabilidade intelectual ou dificuldade de aprendizagem, atraso do 
desenvolvimento neuropsicomotor e interferência no prognóstico da marcha 
(BRANDÃO; FUJISAWA; CARDOSO, 2009). No entanto, muitas crianças 
diagnosticadas beneficiam-se com a reabilitação e as intervenções 
29 
 
educacionais que as ajudam a levar uma vida com poucas limitações. No 
tratamento, deve estar incluída uma equipe multidisciplinar (médicos, 
especialistas em reabilitação, educadores). A atuação dessa equipe 
multiprofissional é vital para o resultado positivo, devendo o tratamento ser 
iniciado o mais precocemente possível (MALAGÓN-VÁLDEZ, 2006). 
A hidrocefalia, quando não tratada, leva ao distúrbio neurológico em 50% 
a 60% das crianças. Sendo o processo detido, 40% apresentam inteligência 
preservada. Mantendo-se em bom e contínuo manejo cirúrgico, cerca de 
70% das crianças podem viver acima do período de lactente; destas, 40% 
podem ter capacidade intelectual e 60% poderão ter incapacidade intelectual 
e motora (GUPTA et al., 2007). Mesmo as crianças com Coeficiente de 
Inteligência (QI) normal apresentam déficits temporais visuomotores e 
perceptivos de moderado a grave. Esse comprometimento tem sido 
vinculado com a lesão da substância branca, causada pelo alargamento 
ventricular (SHEPHERD, 2002; STOKES, 2000). 
A avaliação motora tem por finalidade fornecer aos profissionais clínicos 
e pesquisadores informações pertinentes à prescrição de programas e 
atividades motoras, além da avaliação desses programas em crianças com 
desvios no sistema motor e problemas de desenvolvimento. Dessa forma, a 
avaliação motora estabelece-se como um recurso que possibilita obter 
dados de uma criança ou população específica, que podem se tornar 
decisões válidas sobre seu desenvolvimento motor. Estabelece-se, assim, a 
avaliação diagnóstica como ponto inicial para uma intervenção planejada 
cujo objetivo primário é melhorar as habilidades motoras, permitindo maiores 
níveis de funcionamento nas atividades da vida diária (ROSA NETO et al., 
2004). 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
2.2 Desenvolvimento Motor 
 
 
2.2.1 Desenvolvimento Motor Normal 
 
A maturação cerebral envolve uma série de estágios sobrepostos 
temporalmente que seguem uma sequência precisa, diferindo de região para 
região cerebral, e mesmo dentro de uma região em particular, variando 
temporalmente de uma espécie animal para outra (SCHWEIGERT; SOUZA; 
PERRY, 2009). O desenvolvimento humano está relacionado a diversas 
modificações que começam com a concepção e continuam durante toda a 
vida, passando por diferentes estágios e sofrendo interferência direta do 
meio (PAPALIA; OLDS, 2000). 
A infância é uma fase da vida do ser humano primordial para o 
desenvolvimento cognitivo, psicológico, biológico e motor, pois nesse 
período ocorrem as principais maturações cerebrais em seu organismo 
(COLE; COLE, 2004). O crescimento da criança torna possíveis novos 
comportamentos, representando a interdependência entre os aspectos 
biológico, psicológico, físico e motor. O desenvolvimento infantil é um 
processo que inicia desde a vida intra-uterina e envolve vários aspectos, 
como a maturação neurológica, o crescimento físico e a construção de 
habilidades relacionadas ao comportamento e às esferas cognitiva, afetiva e 
social da criança (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003). 
O sistema nervoso apresenta uma intensa evolução dinâmica nos 
primeiros anos de vida, devido aos processos de mielinização e 
diferenciação neuronal de suas estruturas. Esse crescimento acelera-se 
progressivamente ao nascimento e nos primeiros 24-36 meses de vida, 
sendo denominado de “período crítico” do desenvolvimento. A crescente 
maturação do córtex cerebral promove a melhora das funções motoras, com 
aquisição do controle motor e das habilidades motoras. Por outro lado, a 
prática motora também influencia o desenvolvimento da mielinização e da 
organização estrutural do SNC, sendo a experiência e a repetição muito 
31 
 
importantes nos mecanismos de maturação cerebral durante a vida extra-
uterina (PASCUAL, 1995). 
As primeiras aquisições motoras do bebê foram descritas como partindo 
de movimentos simples para movimentos cada vez mais complexos. Essa 
fase é de grande importância, pois a criança pode explorar, com 
independência, seu ambiente. Isso coincide com a grande evolução da 
maturação do SNC, havendo um salto no desenvolvimento cognitivo, afetivo 
e comunicativo, melhora da qualidade das informações exteroceptivas e 
proprioceptivas e riqueza das experiências motoras em função do meio em 
que elas se desenvolvem. O conjunto desses parâmetros interage no 
contexto cultural e social onde vive a criança, devendo ser levado em conta 
na presença de Retardo no Desenvolvimento Neuropsicomotor (RDNPM) 
(NASCIMENTO; MADUREIRA; AGNE, 2008). 
As etapas do desenvolvimento não são estáticas, e a sequência das 
aquisições motoras ocorre de maneira encadeada, sendo cada etapa 
preparatória das etapas subsequentes. As idades em que são alcançados os 
marcos do desenvolvimento constituem dados estatísticos que servem como 
guias para o reconhecimento dos desvios da normalidade. No entanto, em 
uma avaliação, é importante considerar não só as aquisições motoras, mas 
a qualidade com que são realizadas (BOBATH; BOBATH, 1964). 
Os bebês desenvolvem suas habilidades motoras em certa sequência, 
considerada geneticamente programada. As crianças devem atingir certo 
nível de maturação fisiológica antes de estarem prontas para exercitar uma 
habilidade; e cada habilidade recém-aprendida prepara o bebê para lidar 
com a próxima. Trata-se de um processo contínuo, dinâmico e multifatorial 
de interação entre o bebê e o ambiente, devendo o bebê ser estudado em 
um contexto físico e social (THELEN, 1995). 
Durante o crescimento de uma criança, ocorrem grandes alterações em 
seu desenvolvimento global. Os movimentos iniciais dos recém-nascidos vão 
sendo elaborados de forma, cada vez mais, complexa, propiciando à criança 
modos de atuar sobre o meio em que vive, partindo de atos reflexos, ou seja, 
atos involuntários que lhe permitem a sobrevivência, até chegar a atos mais 
elaborados, fruto de repetições vivenciadas por ela. Esse desenvolvimento 
32 
 
da criança não ocorre por acaso, obedece a uma maturação neurológica, 
sendo ricamente influenciado pelo meio (WILLRICH; AZEVEDO; 
FERNANDES, 2008). 
O desenvolvimento motor é definido como a progressão das mudanças 
tanto quantitativas quanto qualitativas que vão desde a não diferenciação ou 
o estado imaturo até um estado altamente organizado, especializado ou 
maduro. Geralmente avança nas direções céfalo-caudal e próximo-distal 
(BURNS; MAC DONALD, 1999). O controle de cabeça é conseguido antes 
do controle de tronco edos membros inferiores. O controle dos ombros e do 
quadril emerge com o do tronco, antes do controle distal dos membros. As 
respostas simpáticas predominam no início do desenvolvimento, enquanto a 
homeostasia e as respostas parassimpáticas controladas emergem mais 
tarde. Os padrões motores de dominância reflexa e em massa precedem a 
integração dos reflexos e o controle voluntário seletivo do movimento. O 
controle motor geral precede o desenvolvimento do controle motor fino 
(RODRIGUEZ; CLEMENTE, 2006). 
Desse modo, o desenvolvimento motor é considerado um processo 
sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser 
humano adquire uma significativa quantidade de habilidades motoras, as 
quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução 
de habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH; 
AZEVEDO; FERNANDES, 2008). Inicialmente, acreditava-se que as 
mudanças no comportamento motor refletiam diretamente as alterações 
maturacionais do SNC. Hoje, porém, sabe-se que o processo de 
desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica, sendo suscetível a mudanças 
a partir de inúmeros estímulos externos (TAPPIT-EMAS, 2002). 
A criança, a partir do nascimento, sofre profundas modificações, passa 
de uma condição de total dependência, controlada apenas por movimentos 
reflexos, até tornar-se um ser independente, com desejos próprios. Essas 
modificações ocorrem, principalmente, nas áreas motora, sensorial e 
psíquica. Dessa forma, os reflexos primitivos do recém-nato sofrem inibição 
na medida em que ocorre a maturação do SNC (FLEHMIG, 2000). Essa 
maturação deve ser considerada fator de importância crítica, mas a 
33 
 
percepção, a cognição, a experiência e o ambiente também são fatores 
determinantes. O desenvolvimento apresenta avanços, estacionamentos e 
retardos, não é uma evolução estável, proporciona mudanças qualitativas e 
quantitativas para a evolução motora (SHEPHERD, 2002). 
Segundo Piaget, a criança no primeiro ano de vida apresenta evolução 
significativa do desenvolvimento nos aspectos psicossociais, quando recebe 
grande influência da mãe e do ambiente e favorece a evolução de 
aquisições cognitivas movidas pelas ações intencionais, promovendo, dessa 
forma, a aprendizagem (ATKINSON et al., 2002). Os primeiros anos de vida 
do ser humano são marcados por importantes formações motoras, físicas, 
mentais e sociais, sendo o período em que a criança possui especial 
sensibilidade aos estímulos oriundos do ambiente, que chegam a ela por 
meio de seus sentidos (SACCANI et al., 2007). 
Durante todo o primeiro ano de vida, o bebê aprende a controlar a 
postura em posições progressivamente mais verticais e sujeitas à 
sustentação do peso. Podem ser identificadas três importantes progressões 
alternativas referentes ao desenvolvimento: do controle de cabeça; da 
capacidade de sentar-se; da capacidade de ficar em pé. Coletivamente, 
representam a emergência do controle postural estático, como pré-requisito 
essencial ao posterior desenvolvimento do controle dinâmico dos 
movimentos (RODRIGUEZ; CLEMENTE, 2006). 
A fase de zero a dois anos é marcada por grandes alterações bio-sócio-
comportamentais, envolvendo aquisições de habilidades motoras básicas 
(PAPALIA; OLDS, 2000). Nessa fase, é de extrema importância oportunizar 
variadas formas de movimento e garantir desenvolvimento e crescimento 
adequados, tornando, assim, a criança competente para responder às suas 
necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida. A 
aprendizagem motora depende da associação das características herdadas 
com experiências vividas, sendo o ambiente uma rica fonte de mudanças 
que influencia o desenvolvimento (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 
2003). 
Os primeiros anos de vida são essenciais ao processo de formação da 
saúde física e mental do ser humano. É na infância que ocorrem o 
34 
 
crescimento e o desenvolvimento da pessoa em ritmo intenso, tanto do 
ponto de vista biológico quanto psico-social e emocional. Nesse contexto, 
torna-se importante o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, 
considerados centrais na atenção à saúde infantil. Para um desenvolvimento 
pleno, as crianças necessitam também de um ambiente de segurança, amor, 
afeto e estimulação de suas habilidades físicas e intelectuais 
(NASCIMENTO; MADUREIRA; AGNE, 2008). 
Os primeiros dois anos de vida constituem uma época em que ocorrem 
alterações substanciais no crescimento e no desenvolvimento da criança. 
Durante as primeiras semanas de vida, o lactente é capaz de reagir às 
sensações táteis, gustativas e sonoras, aos movimentos e às imagens 
visuais, especialmente diante de um rosto humano, mas depende 
inteiramente de alguém que o alimente, o proteja e o suporte contra a ação 
da gravidade e durante os movimentos no meio ambiente. Pela sequência 
céfalo-caudal, as crianças são capazes de acompanhar com os olhos os 
objetos; aprendem a erguer a cabeça antes de poderem estender os braços 
com o propósito deliberado; adquirem estabilidade da cabeça e tronco. 
Assim, no aspecto da locomoção, tem-se a sequência do rastejar, engatinhar 
e caminhar; e quanto à manipulação, temos o alcançar, o agarrar e o soltar 
(BURNS; MAC DONALD, 1999). 
Nessa idade, a criança possui uma noção básica do ambiente em que 
vive; dispõe de independência motora graças à locomoção, bem como da 
capacidade funcional para se alimentar e colaborar ao ser vestida/despida, 
além de alguma capacidade de comunicação verbal. É capaz de segurar e 
manipular objetos e está consciente das diferenças básicas no tocante às 
dimensões, à consistência e ao uso dos objetos, porém seus movimentos e 
sua coordenação ainda necessitam de precisão e destreza. Assim se 
processa todo o desenvolvimento motor: o exercício de uma etapa motora 
fornece os elementos necessários para que a etapa seguinte aconteça e 
aprimore-se, por isso é de vital importância o conhecimento motor normal, 
em especial do zero aos dois anos de vida do bebê (BURNS; MAC 
DONALD, 1999). 
35 
 
A criança até os dois anos tem seu desenvolvimento físico, cognitivo, 
sensorial, emocional e social bastante acelerado pelas experiências que 
vivencia, posto que seus sistemas músculo-esquelético e nervoso estão em 
constante crescimento e este influencia e é influenciado pelas atividades e 
experiências da criança. Vários estudos comprovam que a criança tem 
períodos ótimos para a aquisição de conhecimentos ou habilidades 
específicas. Passado esse período, o aprendizado de tais habilidades torna-
se mais difícil. Dessa forma, após o nascimento, além de fatores como 
doenças, acidentes e outros que podem afetar o desenvolvimento, a 
qualidade das experiências vividas pela criança é de suma importância. 
Qualquer fator que interfira em um dos aspectos do desenvolvimento deverá 
interferir no desenvolvimento como um todo (VITTA; SANCHEZ; PEREZ, 
2000). 
Os anos iniciais de vida da criança são caracterizados por diversas 
modificações no crescimento e desenvolvimento. O termo desenvolvimento, 
quando aplicado à evolução da criança, significa que, com o decorrer do 
tempo, existirá um aumento das possibilidades individuais de agir sobre o 
ambiente (SHEPHERD, 2002). Esse ambiente pode, de certa forma, 
influenciar o desenvolvimento motor de crianças, pois este não é um 
processo estático, não é somente o produto de fatores biológicos, mas é 
influenciado, do mesmo modo, por condições ambientais que interferem na 
aquisição de habilidades funcionais dessas crianças (GALLAHUE, 2003). 
O desenvolvimento motor torna-se fundamental, considerando que a 
criança desenvolve sua linguagem no intercâmbio com o ambiente, pela 
exploração ativa por meio da manipulação dos objetos, da repetição das 
ações, pelo domínio do próprio corpo e controle do esquema corporal e 
pelas relações que estabelece no ambiente. Durante muitos anos, o 
desenvolvimentomotor foi descrito como uma tomada de consciência 
progressiva pela criança, de seu sistema muscular, na mesma medida da 
inibição dos atos reflexos, da progressão das habilidades e da repetição das 
experiências motoras (SACCANI et al., 2007). 
A criança nasce equipada com a habilidade para produzir numerosos 
padrões interativos e sensório-motores, pré-programados para atingir a 
36 
 
vinculação essencial à sua sobrevivência e segurança gravitacional, isto é, 
controle sobre o corpo, motricidade e, simultaneamente, sobre suas 
emoções. Assim, os mecanismos cognitivos são baseados na atividade 
motora, constituindo os primeiros substratos da cognição. A ação gera e 
elicita a cognição, através das práxis, tendo por base uma planificação 
mental que regula, controla, integra, elabora e executa a intenção da criança 
(ADAMS; VICTOR; ROPPER, 1997). 
Investigou-se a relação entre as habilidades receptivas de crianças com 
lesões neurológicas e suas possibilidades de realização neuropsicomotora. 
Os resultados apontaram que as crianças sem atraso do desenvolvimento 
neuropsicomotor apresentaram escores muito superiores nas habilidades 
receptivas linguísticas (CIPRIANI; BRUNI, 1986). 
A interação entre aspectos relativos ao indivíduo, como suas 
características físicas e estruturais, ao ambiente ao qual está inserido e à 
tarefa a ser aprendida é determinante na aquisição e no refinamento das 
diferentes habilidades motoras (WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 
2008). 
Durante o desenvolvimento da criança, o sistema motor é influenciado 
por uma variedade de mecanismos: visual, tátil e áudio-motor. As posturas 
corporais são modificadas para acomodar as complexas aquisições 
sensório-motoras. Em uma criança normal, essas diferenciações e 
elaborações motoras seguem um padrão temporal precedido de maturação 
de conexões neurais. Os órgãos sensitivos estão totalmente formados ao 
nascimento, entretanto os estímulos visuais, auditivos, táteis e olfatórios 
ainda não podem ser interpretados pelo recém-nascido, pois não há 
nenhuma evidência de experiência prévia que possa influenciar a resposta 
(ADAMS; VICTOR; ROPPER, 1997). 
Baseado nisso, a criança que inicia o seu aprendizado motor e cognitivo 
sem o “input” visual requer caminhos diferentes de investigação e 
acompanhamento. A falta do controle visual de auto-correção postural faz 
com que o SNC ajuste-se através de outros mecanismos, como 
propriocepção, sistema vestibular, cerebelo. Às vezes, seu grau de 
deficiência ou mesmo fatores externos (ambiente físico e social) não 
37 
 
conseguem dar as informações necessárias, resultando em crianças mal 
coordenadas ou atrasadas quanto ao seu desenvolvimento neuropsicomotor 
(LOPES; KITADAI; OKAI, 2004). 
Dentre os fatores de risco que aumentam a probabilidade de déficits no 
desenvolvimento motor, o nível socioeconômico da família é um fator que 
pode interferir no desenvolvimento. Algumas pesquisas evidenciaram a 
importância dos fatores socioeconômicos na determinação da saúde da 
criança. Considera-se a educação da mãe e a renda familiar elementos 
básicos, por serem indicadores de recursos disponíveis e conhecimento ou 
comportamento em relação à saúde da criança (VICTORIA et al., 1992). 
Esse tipo de abordagem é retomado quando é mencionada a relação entre 
aspectos biológicos e ambientais, destacando-se, entre os ambientais, os 
fatores socioeconômicos e demográficos. Desse modo, determinadas 
situações de vulnerabilidade são causadas por fatores biológicos, sociais e 
do ambiente, interagindo entre si, de forma que problemas biológicos 
poderão ser modificados por fatores ambientais e vice-versa (EICKMANN, 
2003; HALPERN et al., 2000). 
 
 
 
2.2.2 Desenvolvimento Motor Anormal 
 
 
O processo evolutivo natural das crianças obedece a etapas 
cronológicas, ou seja, previsíveis para o seu desenvolvimento que, por 
motivos genéticos, ambientais e mesmo congênitos, pode estar alterado, 
desencadeando atrasos no desenvolvimento motor normal. Através dos 
reflexos e reações do primeiro ano de vida, pode-se inferir a estrutura 
fundamental do cérebro (FLEHMIG, 2000). Os reflexos que persistem de 
modo anormal podem interferir no desenvolvimento das habilidades motoras 
mais avançadas em algumas crianças com lesões cerebrais precoces 
(STOKES, 2000). 
38 
 
Define-se como fator de risco uma série de condições biológicas ou 
ambientais que aumentam a probabilidade de déficits no desenvolvimento 
neuropsicomotor da criança (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003). 
Diferentes fatores de risco podem estar relacionados ao atraso no 
Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) no primeiro ano de vida, dos 
quais é possível citar os genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais, 
envolvendo interações complexas entre eles. Tendo em vista que 
características multifatoriais estão envolvidas no processo de 
desenvolvimento infantil, há um efeito cumulativo no risco de a criança 
apresentar atraso (HALPERN; FIGUEIRAS, 2004). 
Dentre os fatores que podem colocar em risco o curso normal do 
desenvolvimento de uma criança, estão: baixo peso ao nascer, distúrbios 
cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, infecções neonatais, 
desnutrição, baixas condições sócio-econômicas, nível educacional precário 
dos pais e prematuridade. Quanto maior o número de fatores de risco 
atuantes, maior será a possibilidade de comprometimento do 
desenvolvimento (EICKMANN; De LIRA; LIMA, 2002; HALPERN et al., 
2000). 
O risco social inclui enfermidades e pobreza, inadequadas condições 
sociais, somadas à ausência ou à precariedade de políticas de ação 
preventiva primária na saúde pública. O risco familiar/ambiental corresponde 
a uma relação inadequada entre pais e filhos, levando a uma provável 
desestrutura do vínculo familiar, o que poderia provocar um RDNPM da 
criança. Os riscos biológicos apresentam importante relação com o atraso do 
DNPM. Dentre eles, pode ser citada a desnutrição e o alto risco para a 
desnutrição, com consequências desastrosas no crescimento, 
desenvolvimento e sobrevivência da criança (SACCANI et al., 2007). 
O desenvolvimento motor, quando ocorre com atraso, costuma seguir 
uma sequência própria, desorganizada, dependente da etiologia específica 
que levou a esse atraso, trazendo consequências importantes nas 
interações que a criança faz em seu ambiente e podendo promover 
alterações secundárias com influência imediata no desempenho de 
habilidade de vida diária. Alguns estudiosos, como Levitt (1982), consideram 
39 
 
que a deficiência física na criança leva à limitação de movimentos, 
interferindo na aquisição de sensações e percepções das coisas cotidianas 
(SCHOENMAKERS, 2005). 
A investigação etiológica do RDNPM requer conhecimento dos fatores de 
risco ambientais, culturais, do manejo educacional familiar e de seus 
aspectos afetivos. Requer também conhecimento sobre o substrato biológico 
da maturação em sua normalidade e de suas modificações determinadas por 
fatores ambientais, genéticos ou multifatoriais (CARAM et al., 2006). 
O desenvolvimento motor atípico não se vincula, obrigatoriamente, à 
presença de alterações neurológicas ou estruturais. Mesmo crianças que 
não apresentam sequelas graves podem apresentar comprometimento em 
algumas áreas de seu desenvolvimento neuropsicomotor. Estudos 
descrevem prejuízos mais comumente ligados à memória, à coordenação 
visuomotora e à linguagem (MANSUR; NETO, 2006). 
Neste sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se 
apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já 
que os problemas de coordenação e controle do movimento poderão 
prolongar-se até a fase adulta (CANTELL; SMYTH; AHONEN, 2003). Além 
disso, atrasos motores, frequentemente, associam-se a prejuízos 
secundários de ordem psicológica e social, como baixa auto-estima, 
isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultama socialização de 
crianças e o seu desempenho escolar (WILLRICH; AZEVEDO; 
FERNANDES, 2008). 
As atividades funcionais englobam todas as tarefas, atividades e papéis 
que identificam uma pessoa como um adulto independente, ou como uma 
criança progredindo rumo à independência adulta. Essas atividades 
requerem a integração das habilidades cognitivas e afetivas com as 
habilidades motoras. Limitação funcional é a incapacidade de um indivíduo 
realizar uma ação ou atividade do mesmo modo que a maioria das pessoas 
realiza; resulta, geralmente, de um comprometimento (BURNS; MAC 
DONALD, 1999). 
O índice de sequelas em pacientes com hidrocefalia é alto, incluindo 
distúrbios cognitivos, intelectuais e motores. A chave para reduzir esse 
40 
 
índice reside no diagnóstico preciso e rápido. Um quarto das crianças com 
hidrocefalia congênita apresenta um sinal sugestivo, caracterizado pela 
adução-flexão dos polegares, possivelmente indicativo de comprometimento 
de trato córtico-espinhal (ROSEMBERG, 1995). A função motora 
comprometida nos membros superiores tem sido comumente encontrada em 
crianças com hidrocefalia, com ou sem mielomeningocele (HAGBERG, 
1962). 
Alguns pacientes com hidrocefalia apresentam certo grau de deficiência 
cognitiva. A capacidade de percepção visual mantém estreita ligação com a 
deficiência intelectual, levando ao comprometimento do raciocínio, 
habilidades motoras de organização, consciência de espaço, trabalho com 
números e má lateralização das habilidades. Esses fatores devem ser 
avaliados para que possam ser tomadas medidas adequadas de tratamento, 
bem como a exigência de estratégias especiais de ensino. O tratamento 
consiste em estimular o desenvolvimento motor normal, dependendo da 
sequela e do atraso acarretado pela patologia (ALMEIDA et al., 2009). 
A capacidade de uma pessoa para cuidar de si mesma é dependente de 
sua mobilidade funcional. Atingir a deambulação independente tem sido o 
principal objetivo, e é o aspecto da mobilidade que recebe a maior atenção. 
Estudos constatam que, estimulando a função do paciente, promover-se-á 
maior independência funcional e melhor qualidade de vida (QV), e quanto 
mais cedo e mais frequente a fisioterapia é realizada, com o intuito de 
melhorar o desenvolvimento da criança com hidrocefalia, melhores os 
índices de QV (DANIELSSON, 2008; SCHOENMAKERS, 2005; 
TOPCZEWSKA- LACH et al., 2005). 
Deve-se trabalhar o tônus muscular, o equilíbrio, orientar o uso de órtese 
quando necessário, prevenir deformidades através do alongamento e 
fortalecimento muscular, orientar quanto ao uso de talas, posicionamento 
adequado, descarga de peso, realizar atividades para propriocepção 
corporal e exercícios respiratórios (SHEPHERD, 2002). 
Durante o primeiro grau escolar, muitas crianças com hidrocefalia são 
submetidas a uma revisão da derivação para alongar a sonda de drenagem. 
Se for necessário trocar toda a derivação, pode haver algum déficit nas 
41 
 
habilidades físicas. A fisioterapia intensiva será efetiva durante esse período, 
para restaurar os graus de funções anteriores da criança. O papel do 
fisioterapeuta consiste em assistir a criança a aprender como usar as partes 
do corpo e desenvolver suas habilidades motoras; ajudá-la em suas 
independências funcionais, com ou sem a utilização de equipamentos; 
ajudar os cuidadores quanto ao desenvolvimento de habilidades, incluindo 
posicionamento e transferências (NEVO et al., 2002). 
O comprometimento neuromotor desta doença pode envolver partes 
distintas do corpo, resultando em classificações topográficas específicas 
(quadriplegia, hemiplegia e diplegia). Também pode ser classificada com 
base nas alterações clínicas do tono muscular e no tipo de desordem do 
movimento. A hidrocefalia, assim como a paralisia cerebral, é uma patologia 
que implica limitações motoras graves para a criança, tornando-a muito 
dependente. O tratamento fisioterapêutico, por sua vez, deve ser iniciado o 
mais precocemente possível devido à maior plasticidade neuromotora, já 
que o propósito é contribuir positivamente para o melhor desenvolvimento 
motor da criança (SARI; MARCON, 2008). 
A plasticidade neural é maior durante a infância e declina 
gradativamente, sem se extinguir na vida adulta, e ocorre tanto no hemisfério 
intacto quanto no lesionado. Os trabalhos atuais relatam que a reorgani-
zação neural guiada de maneira que facilite a recuperação da função é um 
objetivo preliminar da recuperação neural. Os estudos com humanos con-
firmam que essa reorganização pode ser facilitada, incorporando 
treinamento repetitivo, prática de tarefas específicas, treinamento sensorial e 
prática mental, todas integradas às estratégias de reabilitação (BORELLA; 
SACCHELLI, 2009). 
Em todas as doenças neurológicas, um programa de tratamento que 
incorpore, principalmente, o treino de atividades funcionais é sempre essen-
cial para uma maior independência dos pacientes. Acredita-se que um dos 
elementos que permitem a evolução clínica desses pacientes é que o treino 
dessas atividades interfira de forma benéfica na neuroplasticidade, 
estimulando-a (BORELLA; SACCHELLI, 2009). 
42 
 
Devido à importância e ao impacto dos atrasos no desenvolvimento no 
que se refere à morbidade infantil, é fundamental que se possa, o mais 
precocemente possível, identificar as crianças de maior risco, a fim de 
minimizar os efeitos negativos decorrentes desse comprometimento. 
Existem evidências suficientes de que quanto mais precoces forem o 
diagnóstico de atraso no desenvolvimento e a intervenção, menor será o 
impacto desses problemas na vida futura da criança (HALPERN et al., 
2000). 
Em decorrência da escassa literatura no que diz respeito aos déficits 
motores existentes na hidrocefalia, surge a necessidade de investigar o 
comprometimento cinético-funcional de crianças com esta doença, a fim de 
que sejam identificadas características motoras peculiares, a exemplo das 
alterações de tônus muscular e das atividades funcionais, além de 
estabelecer se há ou não relação entre elas. 
 
 
 
 
2.3 Tônus Muscular 
 
 
Tônus muscular é usualmente definido como a resistência percebida pelo 
examinador durante o movimento imposto a um membro voluntariamente 
relaxado (LANCE, 1980). Alguns autores afirmam que essa resistência é 
resultante da interação entre as características elásticas e viscosas do tecido 
contrátil muscular, do tecido conectivo intramuscular, do tendão e dos 
tecidos articulares, além da inércia do membro e do estímulo reflexivo 
orientado ao músculo no qual o principal reflexo envolvido seria o de 
estiramento (PISANO et al., 1996). É mantido por impulsos provenientes da 
medula espinhal e controlado por impulsos eferentes do encéfalo e 
estímulos aferentes do fuso muscular, localizado na fibra intra-fusal do 
músculo estriado (DIAS; SCHNEIDER, 2009). 
O tono muscular é caracterizado pelo grau de resistência ao alongamento 
passivo, apresentando componentes distintos, como a inércia da 
43 
 
extremidade, as propriedades mecânicas elásticas dos tecidos musculares e 
conjuntivos, e o reflexo de contração muscular, sendo modulado 
apropriadamente para a manutenção da postura e dos movimentos 
voluntários (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1995). 
O circuito neural básico para a modulação do tono muscular é o arco 
reflexo, consistindo de receptores musculares, conexão central com os 
neurônios medulares e motoneurônios. Esse circuito é influenciado por 
fatores modulatórios que, associados aos tratos neurais originados de 
estruturas supra-segmentares e formações situadas no tronco encefálico, 
exercem a modulação do comportamento do tono muscular (KATZ; RYMER, 
1989). Os tratos córtico-espinhal e retículo-espinhal bulbar exercem 
influência inibitória sobre os motoneurônios destinados aos músculos anti-
gravitários; os tratos vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal pontino exercemintensa ação facilitatória sobre os motoneurônios destinados aos músculos 
anti-gravitários (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1995; SHUMWAY-COOK; 
WOOLLACOTT, 2000). 
O equilíbrio das influências facilitatórias e inibitórias permite a modulação 
adequada e o controle do tono muscular. Lesões no SNC interferem nesse 
equilíbrio. Na espasticidade, por exemplo, os circuitos neurais que modulam 
o tônus estão cronicamente comprometidos, levando a mudanças nas 
propriedades elétricas intrínsecas dos neurônios. Isso se deve à alteração 
na condutância da membrana, mediada por aumento da concentração de 
moduladores neurais, como a serotonina, que provocariam um pulso 
despolarizante prolongado. Outra hipótese para explicar a alteração 
progressiva do tônus muscular seriam as alterações estruturais permanentes 
nas propriedades mecânicas intrínsecas dos tecidos musculares (KATZ; 
RYMER, 1989). 
Apesar de vários autores concordarem com a existência de um 
componente ativo responsável pela geração do tônus, afirma-se que se uma 
pessoa estiver relaxada o suficiente, a contração muscular em nada 
contribuirá para a resistência sentida pelo examinador, sendo resultante 
somente da interação de componentes biomecânicos, ou seja, somente de 
componentes passivos. Além disso, alterações observadas clinicamente, 
44 
 
muitas vezes, são causadas por fraqueza muscular ou contração ativa do 
paciente, quando este não consegue relaxar o suficiente, causando uma 
avaliação equivocada do tônus (SHEEAN, 2002). 
Ainda que suas alterações sejam amplamente estudadas, a mensuração 
clínica do tônus é feita, principalmente, de duas maneiras: pela palpação 
muscular indireta e pelo movimento passivo da articulação em várias 
velocidades. No primeiro método, busca-se avaliar o turgor muscular e, no 
segundo, a resistência passiva gerada pelo movimento. São métodos 
subjetivos de avaliação, pouco sensíveis às mudanças pequenas ou 
moderadas do tônus, além de seus resultados somente poderem ser 
aplicados a uma escala ordinal. A necessidade do estudo quantitativo do 
tônus muscular fez com que alguns autores desenvolvessem equipamentos 
para mensurar a resistência articular ao movimento passivo (YLINEN et al., 
2006). 
O tônus muscular normal pode ser usado como indicador de ausência de 
alterações musculares, sendo utilizado também para avaliação dos efeitos 
de tratamentos físicos e medicamentosos (LIN; JU; HUANG, 2005). Técnicas 
eletrofisiológicas e biomecânicas têm sido utilizadas para o estudo dos 
componentes intrínsecos e neurais envolvidos nas alterações do tônus, 
principalmente na hipertonia resultante de lesão neurológica, porém poucos 
estudos foram realizados abordando a população saudável. Com isso, pouco 
se sabe sobre a flutuação do tônus muscular em uma população normal, 
bem como as possíveis diferenças decorrentes do treinamento, 
envelhecimento ou do sexo (PANDYAN et al., 2001). 
As atividades motoras dos diversos circuitos neurais atuam na regulação 
do tônus muscular, o qual é definido como o grau de tensão muscular 
durante o repouso ou o estiramento suave. Essa tensão em indivíduos 
normais ocorre devido às características visco-elásticas intrínsecas do 
músculo (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1995). A manutenção desse 
tônus normal permite a execução de movimentos coordenados, elaborados 
pelos centros superiores. Os distúrbios clínicos que acometem o sistema 
motor podem interferir na capacidade de regulação do tônus muscular 
(SILVEIRA; GUSMÃO, 2008). 
45 
 
Os mecanismos fisiopatológicos da síndrome piramidal ou síndrome do 
motoneurônio superior têm origem em vários pontos do trato córtico-
espinhal, resultando em reflexo de estiramento, com envolvimento dos 
motoneurônios alfa e gama, interneurônios da medula espinhal e vias 
aferentes e eferentes. A teoria clássica do aumento do tônus propõe que a 
hipertonia seja devido à perda das influências inibitórias descendentes que 
ocorre como consequência de lesões desse trato, resultando no aumento da 
excitabilidade desses neurônios (LUNDY-EKMAN, 2000; PRIORI; 
COGIAMANIAN; MRAKIC-SPOSTA, 2006; SILVEIRA; GUSMÃO, 2008; 
TEIVE; ZONTA; KUMAGAI, 1998). 
Clinicamente, a hipertonia pode ser espástica ou rígida (KANDEL; 
SCHWARTZ; JESSEL, 1995). Os distúrbios do tônus muscular podem estar 
associados às vias motoras descendentes, que atuam diretamente no 
controle voluntário do movimento. A forma mais comum de hipertonia é a 
espástica, ou também denominada espasticidade (LUNDY-EKMAN, 2000). A 
definição de espasticidade, de acordo com a literatura, inclui quatro 
características: aumento do tônus muscular, exacerbação dos reflexos 
tendinosos, aumento dos reflexos exteroceptivos e radiação de reflexos 
patológicos (AYDIN et al., 2005). 
A espasticidade pode ser definida como o aumento na tensão do músculo 
dependente da velocidade, em resposta ao estiramento passivo (TEIVE; 
ZONTA; KUMAGAI, 1998; WANG, 2000). Ocorre em grupos musculares e 
não em músculos isolados, sendo que os grupos afetados dependem da 
posição, do nível e da extensão da lesão (MEDEIROS, 2008). Constitui uma 
alteração motora caracterizada por hipertonia e hiperreflexia, secundárias a 
um aumento da resposta do reflexo de estiramento, diretamente proporcional 
à velocidade de estiramento muscular (BARNES, 2003; LANCE, 1984). 
Essa hipertonia muscular manifesta-se por aumento da resistência do 
músculo ao estiramento, sinal de canivete, devido à forte resistência inicial 
ao estiramento passivo e sua redução durante a faixa de movimento, com 
predomínio de sua distribuição na musculatura antigravitacional (LUNDY-
EKMAN, 2000; SATKUNAM, 2003). A hiperreflexia, entretanto, caracteriza-
se pelo aumento quantitativo da resposta do músculo estimulado à 
46 
 
diminuição do limiar de estimulação e pelo aumento da área reflexógena. A 
descarga repetitiva desse reflexo exacerbado origina o clônus que 
corresponde à contração muscular repetida de forma involuntária (BARNES, 
2001). 
A dependência da velocidade está relacionada com o grau de tônus 
muscular gerado durante o estiramento passivo. Quanto mais rápido o 
músculo espástico é alongado, maior é a resistência que ele oferece. Ao 
contrário, um estiramento mais lento e suave promove uma redução desse 
tônus, diminuindo a espasticidade, facilitando o alongamento do músculo. 
Dessa maneira, a espasticidade é primariamente um fenômeno fásico. Em 
alguns pacientes, no entanto, há também um componente tônico, não-fásico, 
em que o reflexo de contração persiste, mesmo após o músculo não ser 
mais alongado (SILVEIRA; GUSMÃO, 2008). 
Os circuitos neurais responsáveis pelos reflexos tendinosos fornecem 
aos centros mais altos do SNC um mecanismo de ajuste do tônus muscular 
sob diversas circunstâncias. Desordens desse tônus são, frequentemente, 
associadas às lesões das vias motoras descendentes, visto que a 
intensidade dos reflexos de estiramento é controlada por centros cerebrais 
mais altos (MAYER, 1997). 
A espasticidade é um dos distúrbios motores mais frequentes e 
incapacitantes observados nos indivíduos com lesão do SNC, 
comprometendo o neurônio motor superior ao longo da via córtico-retículo-
bulbo-espinal e afetando milhões de pessoas em todo o mundo (BRAUN; 
BOTTE, 1999). Os estudos neurofisiológicos sugerem que a lesão desta via 
não explica todas as manifestações clínicas (YOUNG, 1994). 
A fisiopatologia da espasticidade ainda não está totalmente esclarecida. 
Por muito tempo, atribuiu-se a presença de reflexos de estiramento 
exacerbados na espasticidade a uma hiperatividade dos neurônios motores 
gama, secundária à lesão das vias supra-espinais inibitórias. Experimentos 
recentes, no entanto, afirmam que a espasticidade pode ser explicada pela 
diminuição da inibição pré-sináptica dos neurônios motores alfa. Nesta 
última hipótese, os interneurônios, que exercem uma inibição pré-sináptica 
sobre as fibras aferentesIa, estariam insuficientemente ativos, devido ao 
47 
 
distúrbio supra-espinal, ocasionando uma descarga excessiva dos neurônios 
motores alfa. Esse mecanismo de intensa facilitação da transmissão na via 
de reflexo monossináptico das fibras sensoriais Ia para os neurônios 
motores alfa é o fundamento básico para algumas abordagens terapêuticas 
da espasticidade (De RUZ et al., 2002). 
O sistema piramidal compreende as fibras dos tratos córtico-espinhal e 
córtico-nuclear, assim como as áreas corticais que dão origem às 
respectivas vias. O sistema extrapiramidal é definido como todas as áreas e 
vias motoras somáticas não compreendidas na definição piramidal, sendo 
estas: núcleos talâmicos, subtalâmicos e núcleos do corpo estriado; áreas e 
núcleos do tronco encefálico, como: núcleo rubro, núcleo olivar inferior, 
substância negra, núcleos vestibulares, formação reticular e teto do 
mesencéfalo, assim como as vias que participam das conexões dessas 
estruturas e as que se ligam ao neurônio motor inferior (MEDEIROS, 2008). 
Dentre os vários mecanismos fisiopatológicos, originados em vários 
pontos da via do reflexo do estiramento, envolvendo os motoneurônios alfa, 
gama, interneurônios da medula espinhal e vias aferentes e eferentes, 
sobressai a teoria clássica do aumento do tônus, secundário à perda das 
influências inibitórias descendentes (via retículo-espinhal), como resultado 
de lesões comprometendo o trato córtico-espinhal (piramidal, agora melhor 
definido como vias mediadoras de influências supra-espinhais sobre a 
medula espinhal). A perda da influência inibitória descendente resultará em 
aumento da excitabilidade dos neurônios fusimotores gama e dos moto-
neurônios alfa1-5. Os principais neurotransmissores envolvidos no 
mecanismo do tônus muscular são: ácido gamaminobutírico (GABA) e 
glicina (inibitórios) e glutamato (excitatório), além da noradrenalina, 
serotonina e de neuromoduladores, como a adenosina e vários 
neuropeptídeos (TEIVE; ZONTA; KUMAGAI, 1998). 
O estiramento súbito de um músculo periférico dá origem a uma 
contração reflexa do músculo estimulado, sendo esse o reflexo de 
estiramento ou miotático. O estiramento do músculo provoca contração no 
mesmo músculo e inibição do seu antagonista. A inibição reflexa é mediada 
por descargas inibitórias, atuando sobre os motoneurônios que inervam o 
48 
 
músculo antagonista. Tanto os reflexos de estiramento induzidos por 
estiramento rápido do músculo, quanto os reflexos miotáticos lentos, 
produzidos por estiramento mantido, são desencadeados pelos receptores 
do fuso muscular, que se encontram distribuídos entre as fibras 
musculoesqueléticas (CASALIS, 1990). 
A causa principal da espasticidade seria um desequilíbrio dos neurônios 
motores alfa e gama. A lesão das vias supra-espinhais inibitórias levaria a 
uma hiperatividade dos neurônios gama, deixando o fuso muscular mais 
sensível ao estiramento e causando uma potencialização pré-sináptica dos 
motoneurônios alfa. Cabe lembrar que o músculo esquelético, além das 
fibras musculares inervadas pelos neurônios alfa, responsáveis pela 
contração muscular, contém, em seu interior, receptores cinestésicos 
proprioceptivos encarregados de captar e transmitir informações ao SNC 
sobre o estado de contração ou relaxamento do músculo. Esses receptores 
proprioceptivos do músculo são de dois tipos: os Órgãos Tendinosos de 
Golgi e os Fusos Neuromusculares (CASALIS, 1990). 
A espasticidade é um distúrbio dos reflexos espinhais proprioceptivos, 
manifestado clinicamente como um movimento abrupto de hiperreflexia do 
tendão e um aumento do tônus muscular, que surge durante a realização de 
movimentos ativos e passivos, dependendo da velocidade, por exaltação do 
reflexo miotático ou de estiramento. É uma entidade clínica presente nas 
lesões piramidais e extrapiramidais do SNC, mais especificamente da via 
córtico-retículo-bulbo-espinhal inibitória (DORETTO, 1996). 
As vias piramidais compreendem dois tratos: córtico-espinhal anterior, 
que inicialmente não se cruza, e córtico-espinhal lateral, onde uma parte 
desse trato cruza-se ao nível da decussação das pirâmides. As vias 
extrapiramidais compreendem tecto-espinhal, vestíbulo-espinhal, rubro-
espinhal e retículo-espinhal. Todos esses tratos terminam na medula em 
neurônios internunciais, através dos quais se ligam aos neurônios motores 
da coluna anterior e, assim, exercem função motora (MAYER, 1997). 
A atividade do SNC, ao excitar ou inibir a descarga da fibra motora gama, 
pode, por sua vez, alterar a sensibilidade do receptor do fuso. Uma descarga 
excessiva dos neurônios gama parece constituir a base do estado patológico 
49 
 
da espasticidade, resultante de descarga aumentada dos centros cerebrais 
superiores que intensifica a atividade do motoneurônio gama. Esse 
mecanismo é responsável pela condição de hipertonia exagerada e 
excitabilidade reflexa aumentada, conhecida como rigidez de descerebração. 
Os sinais clínicos da espasticidade não aparecem de forma isolada, mas 
associados a outras alterações motoras próprias da lesão das vias córtico-
espinhais ou piramidais que, segundo o grau de acometimento neurológico, 
irão da paresia à plegia total da musculatura hipertônica, dando lugar a um 
quadro clínico basicamente caracterizado por déficit motor e hipertonia 
muscular. As características principais da espasticidade são: postura 
anormal e padrões de movimento em massa com co-contração inadequada, 
incapacidade de fragmentar padrões e desempenhar movimento isolado de 
uma articulação, exageros de reflexos extereoceptivos de membros, 
produzindo retirada em flexão, além de espasmos extensores e presença do 
sinal de Babinski (DORETTO, 1996). 
O diagnóstico da espasticidade é basicamente clínico, e a avaliação 
física irá revelar os padrões anormais. Devem ser determinadas quais 
manifestações estão presentes, quais grupos musculares estão envolvidos e 
até que ponto essas manifestações são prejudiciais. É necessário observar 
as funções comprometidas pela hipertonia, incluindo transferências, marcha 
e cuidados pessoais. As escalas de Ashworth e Barthel auxiliam a avaliação, 
mas têm a desvantagem de ser subjetivas. Existem também alguns métodos 
laboratoriais de avaliação da espasticidade, tais como a eletroneuromiografia 
(ENMG) dinâmica e a análise da marcha, sendo esta uma extensão da 
ENMG (MAYER, 1997). 
Dentre os tratamentos disponíveis, incluem-se: a fisioterapia, os agentes 
farmacológicos (por via oral ou intratecal), a quimiodesinervação dos 
músculos com o uso de injeções de fenol, a utilização de injeções de toxina 
botulínica e os tratamentos cirúrgicos, como o alongamento de tendões, 
transferência de tendões, liberação capsular, neurotomia, cordotomia e a 
rizotomia (TEIVE; ZONTA; KUMAGAI, 1998). 
A rigidez é clinicamente definida como maior resistência para estirar-se e 
a incapacidade de realizar o relaxamento muscular completo. Distinguimos 
50 
 
dois tipos de hipertonia: a rigidez alfa, dita plástica, caracterizada por ser 
redutível com a continuidade do deslocamento passivo do segmento em 
exame; e a rigidez gama, dita elástica, na qual a hipertonia mantém-se 
durante todo o estiramento passivo da musculatura afetada e até aumenta, 
conforme a velocidade desse deslocamento. A rigidez alfa é componente da 
síndrome extrapiramidal; e a gama, da piramidal. A hipertonia plástica atinge 
flexores e extensores, igualmente, podendo ter predomínio axial. É 
homogênea e não sensível à velocidade de movimento imposta; poderá ter 
associadamente fenômeno em roda dentada e está normalmente associada 
à bradicinesia e perda de movimentos associados, preservando-se a força 
muscular e os reflexos. 
A hipotonia é a diminuição da resistência ao movimento passivo de uma 
articulação. Poderá ter origem neuropática, radicular, medular ou muscular. 
Vem, normalmente, acompanhada de hiperextensibilidade(excetuando o 
caso da hipotonia cerebelosa), perda de força muscular, atrofia e/ou 
fasciculações e hiporreflexia. Prediz normalmente uma lesão do arco reflexo 
medular ou uma lesão extrapiramidal (coréia) ou cerebelosa, estando 
preservados os reflexos e a força muscular nessas situações. 
A hipertonia muscular, a hiperatividade reflexa, a presença de reflexos 
primitivos e a fraqueza muscular comprometem a funcionalidade do padrão 
normal de movimentação, impossibilitando a manutenção da postura. A 
espasticidade pode ocasionar uma diminuição da amplitude de movimento 
(ADM), sendo esta, quando adequada, fundamental para um bom 
desempenho das habilidades funcionais. Com a redução da ADM, 
particularmente nas articulações da coluna e do quadril, há dificuldades na 
realização de várias atividades de vida diária (FIORELLI et al., 2002). 
Percebe-se, então, que o tônus muscular é consequência de reflexos que 
atuam ao nível do arco reflexo, permitindo uma harmonia de movimento 
entre músculos agonistas e antagonistas, tanto na postura quanto na 
participação em movimentos associados, evitando contrações ou 
estiramentos excessivos. 
 
 
51 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 Geral 
 
Avaliar o quadro cinético-funcional de crianças com hidrocefalia. 
 
 
3.2 Específicos 
 
1- Identificar a condição do tônus muscular de crianças com hidrocefalia; 
 
2- Verificar as atividades funcionais estáticas e dinâmicas nas crianças 
hidrocefálicas; 
 
3- Verificar a associação entre as alterações de tônus e as atividades 
funcionais nas crianças com hidrocefalia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS 
 
 
4.1 Delineamento do Estudo 
 
Trata-se de um estudo transversal, de caráter descritivo e exploratório, 
sob abordagem quali-quantitativa. 
 
4.2 Local da Pesquisa 
 
A pesquisa foi desenvolvida no ambulatório de Neurocirurgia do Hospital 
Universitário (HU) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), por ser 
referência no atendimento aos pacientes pediátricos com hidrocefalia. Esta 
instituição é uma entidade pública, sem fins lucrativos, que atende a 
população não somente de Sergipe, mas de estados vizinhos, como Alagoas 
e Bahia. Possui atendimento especializado em diversas áreas, sendo 
referência para assistência, ensino e pesquisa da região. 
As avaliações foram realizadas semanalmente, às quartas e quintas-
feiras, apenas pela pesquisadora, sob orientação do neurocirurgião do 
ambulatório. A coleta de dados foi feita a partir de criteriosa avaliação da 
função motora de crianças com hidrocefalia, no período de agosto de 2009 a 
março de 2010, sendo as mesmas avaliadas individualmente, considerando-
se as variáveis tônus muscular e funcionalidade. 
 
 
4.3 Casuística 
 
Participaram deste estudo 50 crianças com hidrocefalia, de ambos os 
gêneros, com idade a partir dos seis meses de vida, incluídas segundo a sua 
presença no ambulatório de Neurocirurgia. A amostra foi acidental e não 
probabilística. 
53 
 
Como não há notificações disponíveis no DATASUS nem registros 
fidedignos em unidades de referência em neurocirurgia do município de 
Aracaju, utilizou-se uma estimativa da demanda dessas crianças. Como no 
período de Agosto de 2008 a Julho de 2009 apenas um único neurocirurgião 
estava responsável pela realização de todos os procedimentos cirúrgicos 
dos pacientes pediátricos com hidrocefalia no Estado de Sergipe, realizados 
nos serviços assistenciais mantidos pelo SUS (Maternidade Nossa Senhora 
de Lourdes e Hospital de Urgência de Sergipe), toda a demanda dessa 
população operada foi encaminhada para esse profissional, contabilizando-
se o número de pacientes pediátricos submetidos a procedimento cirúrgico 
em um período referente a um ano, o que correspondeu a cinquenta (N=50) 
crianças, sendo esse número utilizado como uma estimativa. Baseado nessa 
informação, utilizou-se a fórmula de Barbeta para se calcular o tamanho da 
amostra, descrita a seguir: 
n = N . no / (N + no) 
Com no = 1 / Eo² 
Sendo: 
N – tamanho (número de elementos) da população em estudo; 
n – tamanho (número de elementos) da amostra; 
no – uma primeira aproximação do tamanho da amostra; 
Eo² – erro amostral tolerável. 
O percentual de tolerância do erro da amostra foi de 5%, com uma 
confiança, portanto, de 95%, e o tamanho da população foi 50, sendo o 
cálculo feito da seguinte forma: 
no = 1 / 0,05² (em que 0,05 é o percentual de tolerância do erro da amostra). 
no = 400 
 
n = (50.400) / (50+400) = 44,444... 
 
 
Logo, o número correspondente a 45 crianças constitui uma amostra 
significativa, no que diz respeito às crianças a serem avaliadas. 
 
 n ≈ 45 
54 
 
4.4 Critérios de Inclusão 
 
 
Crianças de ambos os gêneros, com idade a partir dos seis meses de 
vida, com hidrocefalia, atendidas no ambulatório de neurocirurgia do Hospital 
Universitário, no município de Aracaju, que não apresentassem nenhuma 
doença prévia que pudesse cursar com alteração de tônus ou atraso no 
desenvolvimento neuropsicomotor. 
 
 
4.5 Critérios de Exclusão 
 
Crianças que apresentassem outras neuropatias e/ou síndromes 
associadas à hidrocefalia. 
 
 
4.6 Instrumento de Coleta de Dados 
 
Foram utilizados, como instrumento de coleta de dados, uma ficha de 
identificação da criança e o protocolo de avaliação de Durigon (ANEXO A), 
que contém três escalas ordinais. A primeira envolve a avaliação do tônus, 
que analisa a reação muscular ao alongamento, variando de um a dez 
graus, sendo grau 1 para hipotonia, grau 2 para tônus normal, e de 3 a 10 
graus correspondendo a aumento progressivo da hipertonia. A segunda 
escala consiste de avaliação das atividades funcionais estáticas para 
crianças, variando de zero a nove graus, incluindo sedestação, quadrupedia, 
ajoelhado, índio e bipedestação; e a terceira é uma escala de avaliação das 
atividades funcionais dinâmicas para crianças, apresentando variação de 
zero a dois graus, correspondendo a engatinhar e marcha. 
A fim de objetivar a avaliação do grau de funcionalidade, utilizou-se uma 
avaliação quantitativa e qualitativa das atividades funcionais. Essa escala foi 
baseada no protocolo de avaliação descrito inicialmente para crianças com 
55 
 
outras patologias neurológicas, envolvendo atividades estáticas e dinâmicas, 
comumente utilizadas pelos fisioterapeutas para avaliação da criança com 
disfunção neurológica. As atividades funcionais contidas neste protocolo 
representam a sequência do desenvolvimento neuromotor (DURIGON, 
2004). 
 
 
 
4.7 Procedimento de Coleta de Dados 
 
 
Foram preenchidos os dados de identificação e peculiaridades clínicas 
das crianças. Em seguida, procedeu-se ao exame físico. Analisaram-se as 
variáveis relativas ao tônus muscular e às atividades funcionais estáticas e 
dinâmicas. Para a avaliação do tônus muscular, a criança foi posicionada 
pela própria pesquisadora, de maneira alinhada, em decúbito dorsal, 
mantendo seu olhar orientado para cima, procedendo-se à avaliação dos 
grupos musculares, utilizando-se a mobilização passiva segmentar bilateral, 
inicialmente de forma rápida e, posteriormente, lenta, sem a utilização de 
comandos verbais durante cada passo do procedimento. 
Quanto à avaliação das atividades funcionais estáticas, utilizou-se, como 
parâmetro quantitativo, a capacidade de adoção e manutenção da postura e, 
como parâmetros qualitativos, a independência e o alinhamento postural. 
Para tanto, foi utilizada uma graduação objetiva do aspecto qualitativo, 
limitando-se à classificação da presença ou ausência de independência e 
alinhamento, evitando itens subjetivos que comprometeriam a validade da 
graduação (ANEXO A). 
Cada criança foi orientada e/ou incentivada a adotar as posturas, na 
sequência do desenvolvimento motor, com ou sem ajuda do pesquisador, a 
depender de suas limitações. A capacidade de realização dessas atividadesenvolve a utilização integrada de diversos ajustes posturais, constituindo a 
base tônico-postural necessária para a realização das atividades motoras 
em geral. Dessa forma, avaliou-se a função motora das crianças com 
hidrocefalia, sendo os dados coletados submetidos à análise estatística. 
56 
 
4.8 Análise dos Dados 
 
 
Após a aplicação do instrumento de avaliação, os dados foram inseridos 
em uma planilha do Microsoft Excel 2007. Posteriormente, foram 
organizados no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 
versão 17.0. Os dados foram submetidos a tratamento estatístico e 
trabalhados para realizar a caracterização das crianças de cada grupo 
estudado. 
Os sujeitos recrutados nesta pesquisa foram estratificados em grupos 
segundo os resultados obtidos com a avaliação dos parâmetros qualitativos 
e quantitativos propostos, de acordo com a caracterização do tônus 
muscular. Trinta (N=30) apresentavam hipertonia elástica (espasticidade), 
correspondendo ao Grupo Hipertonia; dez (N=10) apresentavam hipotonia 
muscular, compondo o Grupo Hipotonia; e dez (N=10) não possuíam 
alteração de tônus, representando o Grupo Normotonia. 
As variáveis categóricas foram apresentadas por meio de frequências e 
gráficos. Utilizou-se o Teste Qui-quadrado ( 2 ) que permite verificar a 
associação (semelhança) entre categorias discretas e mutuamente 
exclusivas. 
As variáveis quantitativas foram apresentadas como média e desvio-
padrão. Os dados coletados foram submetidos à análise estatística, 
utilizando-se os testes t-Student e Análise de Variância (ANOVA), 
considerando-se o nível de significância de 5%. O teste t-Student tem o 
objetivo de comparar médias entre dois grupos ou amostras, independentes 
ou pareadas, assumindo-se a homogeneidade das variâncias, enquanto que 
a ANOVA foi utilizada para as amostras independentes quando se trata de 
mais de dois grupos. Como pós-teste, utilizou-se o teste de Tukey que 
permite identificar a diferença entre os grupos. 
Foi utilizado também o teste de Kuskal-Wallis que constitui um teste não 
paramétrico, alternativo à ANOVA, ou seja, é usado para comparar mais de 
duas amostras (ou grupos), sendo que, neste caso, o que se é comparado é 
a mediana. 
57 
 
4.9 Aspectos Éticos 
 
 
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da 
Universidade Federal de Sergipe, tendo sido aprovado sob o protocolo 
134/2009, procedendo-se à coleta de dados após sua aprovação. 
Todos os direitos e a identidade dos sujeitos desta pesquisa foram 
resguardados, seguindo os princípios éticos da pesquisa envolvendo seres 
humanos, atendendo, dessa forma, à Resolução Nº 196, de 10 de Outubro 
de 1996, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde – Brasília 
– DF. 
Foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(APÊNDICE B), explicando-se aos genitores ou responsáveis legais todos os 
procedimentos a serem utilizados com cada criança, de modo que a 
identidade (nomes e sobrenomes) dos participantes da pesquisa não fosse 
divulgada. Esse documento foi elaborado em duas vias, de igual teor, a fim 
de que fosse assinada por livre concordância, sendo uma entregue ao 
responsável e outra mantida com o pesquisador, para que os resultados 
obtidos possam ser apresentados em congressos e publicações. Foi 
assegurada a liberdade de se recusar e deixar de participar da pesquisa a 
qualquer momento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
5 RESULTADOS 
 
 
A amostra foi composta por 50 crianças, com idade variando de seis 
meses a 144 meses (média de 39,38 ± 35,12 meses), sendo 29 do gênero 
masculino e 21 do feminino. Pode-se observar que, das 50 crianças 
avaliadas, 37 crianças (74%) foram submetidas a tratamento cirúrgico e 13 
(26%) não haviam sido operadas. Quanto ao tônus, foram avaliados 22 
grupos musculares, bilateralmente, o que representa 44 grupos musculares 
em cada um dos 50 sujeitos, totalizando 2200 grupos musculares, 
classificados segundo a escala de tônus de Durigon (2004). 
 
Na Tabela 1, foi possível observar que, no grupo hipotonia, 60% das 
crianças eram do gênero feminino; no grupo normotonia, 70% eram do 
gênero masculino; e no grupo hipertonia, 60% eram do gênero masculino. 
Ou seja, do total de crianças avaliadas, 58% eram do gênero masculino e 
42% eram do gênero feminino. 
 
 
 
Tabela 1. Frequência de crianças com hipotonia, normotonia e hipertonia, de 
acordo com o gênero. 
 
 
 GÊNERO 
TOTAL 
GRUPO MASCULINO FEMININO 
HIPOTONIA 
4 6 10 
40% 60% 100% 
NORMOTONIA 
7 3 10 
70% 30% 100% 
HIPERTONIA 
18 12 30 
60% 40% 100% 
Total 
29 21 50 
58% 42% 100% 
 
59 
 
Na Tabela 2, observou-se que, das 50 (100%) crianças avaliadas, 38 
(76%) apresentavam hidrocefalia sem mielomeningocele e 12 (24%) tinham 
hidrocefalia associada à mielomeningocele. No grupo hipotonia muscular, 
70% das crianças apresentavam associação entre essas duas doenças. No 
grupo normotonia, 90% tinham hidrocefalia apenas, enquanto no grupo 
hipertonia muscular, 86,7% apresentavam hidrocefalia sem 
mielomeningocele. 
 
 
 
 
Tabela 2. Frequência de diagnóstico clínico, de acordo com o tônus muscular. 
 
 
GRUPO 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
TOTAL 
Hidrocefalia sem 
Mielomeningocele 
Hidrocefalia com 
Mielomeningocele 
HIPOTONIA 
3 7 10 
30,0% 70,0% 100,0% 
NORMOTONIA 
9 1 10 
90,0% 10,0% 100,0% 
HIPERTONIA 
26 4 30 
86,7% 13,3% 100,0% 
TOTAL 
38 12 50 
76,0% 24,0% 100,0% 
 
 
 
 
A Tabela 3 ilustra que, no grupo hipotonia, a média de idade foi de 43,5 
meses; nas crianças do grupo normotonia, a média de idade foi de 66,2 
meses; já no grupo hipertonia, a média de idade foi de 29,07 meses. 
 
 
 
 
 
 
60 
 
Tabela 3. Média de idade segundo o tônus muscular. 
 
GRUPO N 
 
IDADE 
(meses) 
DESVIO-PADRÃO 
HIPOTONIA 10 43,50 29,96 
NORMOTONIA 10 66,20 45,75 
HIPERTONIA 30 29,07* 28,14 
Total 50 39,38 35,12 
 *p-valor = 0,011 < 0,05 
 Os dados estão apresentados como média e desvio-padrão. 
 Teste utilizado: ANOVA para amostras independentes. 
 
 
 
A Tabela 4 aponta a significância estatística no que diz respeito à 
comparação realizada entre os grupos de tônus muscular e a média de 
idade apresentada em cada um desses grupos. 
 
 
Tabela 4. Determinação de diferença das idades entre os grupos de tônus. 
 
(I) GRUPOS DE TÔNUS (J) GRUPOS DE TÔNUS 
DIFERENÇA MÉDIA 
(I-J) 
p-valor 
HIPOTONIA 
NORMOTONIA -22,700 0,274 
HIPERTONIA 14,433 0,451 
NORMOTONIA 
HIPOTONIA 22,700 0,274 
HIPERTONIA 37,133 * 0,008 * 
HIPERTONIA 
HIPOTONIA -14,433 0,451 
NORMOTONIA -37,133 * 0,008 * 
 *Diferença média significativa ao nível de 5%. 
 Teste de Tukey. 
 
 
 
 
61 
 
Na Figura 1, observa-se que nos três grupos de tônus muscular, o 
perímetro cefálico aumentou progressivamente com a idade, sendo esse 
aumento mais considerável no grupo hipertonia. Além disso, pode-se notar 
que, no grupo hipotonia, a concentração desse tônus dá-se com maior 
distribuição até 100 meses; já no grupo normotonia, ocorreu uma 
uniformização entre as idades; enquanto no grupo hipertonia, a maior 
concentração foi apresentada em faixas etárias entre 14 e 40 meses. 
 
 
 
 
 Figura 1. Relação entre perímetro cefálico e idade segundo o tônus 
muscular. 
Teste utilizado: t-Student para amostras independentes. 
 
 
 
 
62 
 
Dentre as crianças que faziam uso de shunt ventricular, observou-se que 
dez (100%) apresentavam hipotonia muscular, 21 (70%) eram crianças 
hipertônicas e seis (60%) apresentavam normotonia (Tabela 5). 
 
 
 
 
Tabela 5. Frequência de crianças submetidas à utilização de shunt, de acordo 
com o tônus muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Figura 2 demonstra que a média de procedimentos cirúrgicos (shunt 
ventricular) realizados foi de 1,7 no grupo hipotonia muscular; 1,17 nogrupo 
normotonia; e 3,67 no grupo hipertonia muscular, mostrando-se mais 
expressiva entre essas crianças. 
 
 
Grupo do Tônus 
Faz uso de Shunt? 
Total 
Sim Não 
HIPOTONIA 
10 0 10 
100% 0% 100% 
NORMOTONIA 
06 04 10 
60% 40% 100% 
HIPERTONIA 
21 09 30 
70% 30% 100% 
Total 
37 13 50 
74% 26% 100% 
63 
 
 
Figura 2. Média de procedimentos cirúrgicos, de acordo com o tônus 
muscular. 
Teste utilizado: ANOVA para amostras independentes. 
 
 
 
 
De acordo com os resultados da Figura 3, verificou-se que apenas 24 
(48%) crianças eram submetidas a tratamento fisioterapêutico, enquanto 26 
(52%) não se utilizavam dessa terapêutica, ainda que apresentando déficits 
motores secundários à doença. 
Com relação ao grupo hipotonia (20%), observou-se que apenas quatro 
(8%) faziam fisioterapia; no grupo das crianças com normotonia (20%), 
nenhuma se utilizava de acompanhamento fisioterapêutico; e no grupo das 
crianças com hipertonia (60%), 20 (40%) eram submetidas a esse 
tratamento (Figura 3). 
 
 
64 
 
HIPERTONIANORMOTONIAHIPOTONIA
20
15
10
5
0
N
Ú
M
E
R
O
 D
E
 C
R
IA
N
Ç
A
S
 S
U
B
M
E
T
ID
A
S
 A
 F
IS
IO
T
E
R
A
P
IA
20
40,0%
4
8,0%
10
20,0%
10
20,0%
6
12,0%
Sim
Não
 
 
 
 Figura 3. Distribuição das crianças submetidas a tratamento 
fisioterapêutico, de acordo com o tônus muscular. 
 
 
 
 
Levando-se em consideração o tempo de acompanhamento 
fisioterapêutico, das 24 crianças (100%) submetidas a esse tratamento, 
quatro (16,67%) compunham o grupo hipotonia, sendo que uma (4,17%) 
fazia fisioterapia há menos de seis meses, ao passo que três (12,5%) 
realizavam há mais de seis meses. Em relação ao grupo hipertonia, das 20 
(83,33%) crianças que faziam fisioterapia, 11 (45,83%) realizavam 
fisioterapia há menos de seis meses, enquanto nove (37,5%) apresentavam 
mais de seis meses de acompanhamento fisioterapêutico (Figura 4). 
 
 
 
 
65 
 
HIPERTONIAHIPOTONIA
12
10
8
6
4
2
0
N
U
M
E
R
O
 D
E
 C
R
IA
N
Ç
A
S
 S
U
B
M
E
T
ID
A
S
 A
 F
IS
IO
T
E
R
A
P
IA
9
37,5%
3
12,5%
11
45,83%
1
4,17%
> 6 meses
< 6 meses
 
 
 
Figura 4. Tempo de fisioterapia em relação aos grupos hipotonia e 
hipertonia. 
 
 
 
 
Na Tabela 6, foi possível observar que as sequelas motoras estiveram 
presentes em 46 crianças (92%), perfazendo 100% nas crianças com 
hipotonia; 70% naquelas sem alteração de tônus; e 96,7% nas crianças 
hipertônicas. Entretanto, o teste não tem poder, tendo em vista que três 
células apresentaram valores esperados menores que cinco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
Tabela 6. Frequência de sequela motora em relação ao tônus muscular. 
 
GRUPOS DE 
TÔNUS 
 SEQUELA MOTORA 
TOTAL 
Não Sim 
HIPOTONIA 
0 10 10 
0,0% 100,0% 100,0% 
 NORMOTONIA 
03 07 10 
30,0% 70,0% 100,0% 
HIPERTONIA 
01 29 30 
3,3% 96,7% 100,0% 
Total 
04 46 50 
8,0% 92,0% 100,0% 
 p-valor = 0,016 < 0,05 
 Teste utilizado: Qui-quadrado 
 
De acordo com os dados apresentados na Tabela 7, pode-se observar 
que não houve diferença significativa quanto à comparação entre o 
comprometimento dos hemicorpos direito e esquerdo no que diz respeito ao 
tônus muscular. 
 
 
Tabela 7. Tônus muscular em relação aos hemicorpos direito e esquerdo. 
 
HEMICORPO N MÉDIA DESVIO-PADRÃO 
Tônus Direito 50 3,804 2,56 
Tônus Esquerdo 50 3,780 2,55 
 p-valor = 0,438 > 0,05 
 Teste utilizado: t-Student para amostras independentes. 
 
 
Com relação aos resultados elucidados na Tabela 8, notou-se 
significância estatística entre os grupos de tônus quanto às atividades 
estáticas. Na sedestação, houve diferença entre hipertonia e hipotonia 
(p=0,001), bem como entre hipertonia e normotonia (p=0,001), sendo o grau 
menor nas crianças hipertônicas. Em relação à quadrupedia, houve 
diferença entre normotonia e hipotonia (p<0,001), bem como entre 
67 
 
normotonia e hipertonia (p<0,001), significando que esse grau é maior nas 
crianças normotônicas. Nas posturas ajoelhado e índio, houve diferença 
entre normotonia e hipertonia (p=0,001), sendo esses graus menores nas 
crianças hipertônicas. Na bipedestação, observou-se diferença entre 
normotonia e hipotonia (p<0,001), bem como normotonia e hipertonia 
(p<0,000), sendo o grau maior nas crianças normotônicas. 
 
 
Tabela 8. Atividades funcionais estáticas em relação ao tônus muscular. 
ATIVIDADES ESTÁTICAS GRUPO DO TÔNUS N 
MÉDIA DOS PONTOS 
(RANKS) 
p-valor 
SEDESTAÇÃO 
HIPOTONIA 10 30,75 0,001* 
NORMOTONIA 10 37,65 
HIPERTONIA 30 19,70 
Total 50 
QUADRUPEDIA 
HIPOTONIA 10 28,35 <0,001* 
NORMOTONIA 10 39,75 
HIPERTONIA 30 19,80 
Total 50 
AJOELHADO 
HIPOTONIA 10 26,75 0,001* 
NORMOTONIA 10 38,00 
HIPERTONIA 30 20,92 
Total 50 
ÍNDIO 
HIPOTONIA 10 26,30 0,001* 
NORMOTONIA 10 36,90 
HIPERTONIA 30 21,43 
Total 50 
BIPEDESTAÇÃO 
HIPOTONIA 10 22,50 <0,001* 
NORMOTONIA 10 41,95 
HIPERTONIA 30 21,02 
Total 50 
* Diferença média significativa ao nível de 5%. Grupo hipertonia em relação aos 
grupos hipotonia e normotonia. 
 Teste utilizado: Kruskal-Wallis. 
 
 
 
68 
 
Em relação às atividades funcionais dinâmicas, nota-se que, das 50 
crianças avaliadas, 40 (80%) pertenciam à faixa etária acima ou igual aos 12 
meses, e dez (20%) correspondiam à idade menor que 12 meses. Para a 
avaliação das atividades funcionais dinâmicas, foram recrutadas apenas as 
crianças que compunham a faixa etária acima ou igual aos 12 meses. 
Na Tabela 9, observou-se diferença significativa entre o tônus muscular e 
as atividades funcionais dinâmicas das crianças com hidrocefalia, uma vez 
que houve diferença entre os grupos normotonia e hipotonia, bem como 
entre os grupos normotonia e hipertonia, para as atividades engatinhar 
(p=0,001) e marcha (p<0,001), as quais foram mais evidenciadas nas 
crianças normotônicas (38,25 para engatinhar e 40,25 para a marcha), se 
comparado com as crianças hipotônicas e hipertônicas. 
Quanto às crianças com alteração de tônus, notou-se que aquelas com 
hipertonia muscular apresentaram atividades dinâmicas mais precárias 
(20,53 para engatinhar e 21,12 para a marcha) em relação às crianças 
hipotônicas (27,65 para engatinhar e 23,90 para a marcha). 
 
 
Tabela 9. Atividades funcionais dinâmicas (≥12 meses) em relação ao tônus 
muscular. 
 
ATIVIDADES DINÂMICAS GRUPO DO TÔNUS N 
MÉDIA DOS PONTOS 
(RANKS) 
p-valor 
ENGATINHAR 
HIPOTONIA 10 27,65 0,001* 
NORMOTONIA 10 38,25 
HIPERTONIA 30 20,53 
Total 50 
MARCHA 
HIPOTONIA 10 23,90 <0,001* 
NORMOTONIA 10 40,25 
HIPERTONIA 30 21,12 
Total 50 
* Diferença média significativa ao nível de 5%. Grupo hipertonia em relação aos 
grupos hipotonia e normotonia. 
 Teste utilizado: Kruskal-Wallis. 
 
69 
 
6 DISCUSSÃO 
 
O sistema de avaliação e classificação, adotado por Durigon (2004), foi 
baseado em fundamentos neurofisiológicos associados à observação clínica. 
Para sua elaboração, levou-se em consideração a capacidade de adaptação 
do fuso muscular ao movimento, a intensidade da reação ao alongamento e 
a variação da manifestação da hipertonia com a variação da velocidade do 
movimento. Esse protocolo utiliza a mensuração objetiva das mudanças 
ocorridas no tônus muscular e nas atividades funcionais, com base nas 
características do desempenho motor, de acordo com os princípios que 
regem o controle neural. 
A escala utilizada para a avaliação da funcionalidade foi baseada no 
modelo utilizado em crianças com outras patologias neurológicas. Seu 
propósito é avaliar quantitativa e qualitativamente as atividades funcionais. 
As vantagens desse método de avaliação consistem na objetividade da 
graduação; utilização de parâmetros neurofisiológicos na classificação; baixo 
custo devido à ausência de utilização de equipamentos auxiliares;possibilidade de avaliação na ausência de motricidade voluntária; e 
facilidade de aplicação. 
Esse protocolo foi validado no Brasil, em 2004, e publicado na Revista 
Neurociências. O melhor atributo desse método foi ter sido fundamentado 
através de uma indiscutível estruturação teórica que envolve a fisiologia do 
fuso muscular e do controle postural. A graduação das escalas de tônus 
muscular e de funcionalidade representa pontos específicos da fisiopatologia 
envolvida na alteração tônica e/ou funcional. Por outro lado, sua aplicação é 
simples e provê informações importantes tanto no âmbito clínico quanto na 
pesquisa. 
A validação desse protocolo foi realizada para crianças com paralisia 
cerebral. Como fatores pós-natais desta doença, consideram-se todas as 
afecções que acometem a criança durante o período de maturação do SNC 
(ANDRADA; LOURO, 1982). Dentre as causas pós-natais da paralisia 
cerebral, incluem-se traumatismos cranianos, meningite, encefalite viral, 
70 
 
oclusão de veias e artérias encefálicas, convulsões, desnutrição e 
hidrocefalia (ANDRADA, 1997; KUBAN; LEVITON, 1994; MONTEIRO; 
MATOS; COELHO, 2002; SARI; MARCON, 2008). 
Sendo assim, apesar de esse protocolo ter sido validado para crianças 
com paralisia cerebral, não houve dificuldade quanto à sua aplicabilidade 
para avaliar a função motora de crianças com hidrocefalia, tendo sido 
adequadamente utilizado, uma vez que foram contemplados os critérios 
pertinentes à avaliação cinético-funcional dessas crianças. Isso se deve à 
semelhança das características tônicas e motoras apresentadas por essas 
duas doenças. 
Na amostra, observou-se maior percentual de crianças do gênero 
masculino (58%). Em uma investigação realizada por Jucá et al. (2002), foi 
observado que 65% dos pacientes analisados eram do gênero masculino. 
Apesar desses resultados encontrados, outras publicações demonstram 
maior prevalência no gênero feminino (LUDUEÑA; PRADA, 2003; 
ZAMBELLI, 2006). No entanto, para De Aquino (2004), o gênero dos 
pacientes com hidrocefalia parece não ser relevante no que diz respeito ao 
fator responsável por complicações. 
A média de idade das 50 crianças avaliadas foi de 39,38 meses, sendo 
maior nas crianças normotônicas e consideravelmente menor nas crianças 
hipertônicas. Isso sugere que a sobrevida seja maior nas crianças sem 
alteração de tônus e menor nas crianças com espasticidade devido ao 
comprometimento associado e às limitações funcionais mais pronunciadas 
nas crianças com hipertonia muscular. 
Quanto ao diagnóstico clínico das crianças do estudo, 76% tinham 
hidrocefalia sem mielomeningocele e 24% apresentavam hidrocefalia 
associada à mielomeningocele. Segundo Nazer et al. (2001), a frequência 
dessas malformações varia em diferentes países e regiões. São escassas as 
publicações no Brasil sobre a prevalência dos defeitos do tubo neural, que 
varia de 0,83/1000 a 1,87/1000. O ECLAMC (Estudo Latino Americano de 
Malformações Congênitas) abrange 173 hospitais na América Latina, muitos 
deles no Brasil, onde todos os nascimentos com malformações são 
71 
 
notificados. De 1967 a 1995, ocorreram mais de 4 milhões de nascimentos 
nesses hospitais, e a prevalência de DTN foi de 1,5/1000. 
Uma grande proporção (74%) de crianças neste estudo foi submetida a 
shunt ventricular. A média de procedimentos cirúrgicos verificados neste 
estudo foi mais expressiva nas crianças do grupo hipertonia (3,67). A média 
de derivações ventriculares encontrada por Kliemann e Rosemberg (2005) 
foi de 1,47 por paciente. Jucá et al. (2002) encontraram uma média de 2,5 
procedimentos cirúrgicos por paciente. Segundo Salomão et al. (1995), a 
maioria dos portadores de mielomeningocele tem hidrocefalia associada e, 
em mais de 70% dos casos, há necessidade de instalação de derivações 
ventriculares. 
Considerando-se sequela motora todo e qualquer comprometimento 
observado nas atividades funcionais estáticas e/ou dinâmicas, 92% da 
amostra apresentaram distúrbios motores, perfazendo uma proporção maior 
do que aquela encontrada na literatura. De acordo com Rosemberg (1995), o 
índice de sequelas em pacientes com hidrocefalia é alto, incluindo distúrbios 
cognitivos, intelectuais e motores. Jucá et al. (2002) verificaram que 40% 
das crianças apresentavam algum grau de retardo do desenvolvimento 
neuropsicomotor. 
Caldarelli, DiRocco e La Marca (1996) observaram déficits no 
desenvolvimento neuropsicomotor em 60% da casuística, colaborando para 
a instalação definitiva de grave comprometimento da qualidade de vida. O 
estudo de Kliemann e Rosemberg (2005) observou distúrbios motores 
graves em 34,3% de sua amostra. Esses autores afirmaram que os 
distúrbios motores correlacionam-se com o grau de hidrocefalia. 
Nossos achados mostraram uma relação importante entre o número de 
cirurgias e a presença de sequelas, sendo o comprometimento motor maior 
nas crianças hipertônicas e hipotônicas e menor nas crianças sem alteração 
de tônus. Heinsbergen et al. (2002) descreveram que o número de trocas do 
sistema devido a complicações é determinante em relação aos distúrbios 
psicomotores. 
Mazur et al. (1988) relataram que mais de três revisões de shunt estavam 
associadas com função motora precária, em decorrência do dano tissular na 
72 
 
região. Uma investigação realizada por Persson; Hagberg e Uvebrant 
(2006), com 144 crianças portadoras de hidrocefalia congênita e 44 com 
hidrocefalia associada à mielomeningocele, também encontrou correlação 
significativa entre o número de revisões de derivação ventrículo-peritoneal e 
a função motora. Por outro lado, Brower et al. (2008) afirmaram que a 
colocação de shunt ventricular proporciona melhor desenvolvimento 
neuropsicomotor. 
Kulkarni et al. (2001) e Heinsbergen et al. (2002) ressaltaram que 
crianças submetidas a mais de duas cirurgias têm grandes chances de 
desenvolver complicações. Fletcher et al. (1995), analisando um grupo de 
187 crianças com hidrocefalia de diversas etiologias, relataram 
anormalidades na coordenação motora fina em 74% das crianças com 
hidrocefalia derivada e em 30% das crianças não submetidas a 
procedimento cirúrgico. Diferentemente de outros estudos, a investigação de 
Kliemann e Rosemberg (2005) mostrou que o número de trocas do sistema 
não apresentou risco para os distúrbios psicomotores. 
De acordo com Hetherington e Dennis (2000), as habilidades motoras e o 
controle motor fino estão significativamente abaixo da média, sendo os 
déficits motores frequentemente relatados nas crianças com hidrocefalia. A 
presença desses déficits é justificada nesta população devido à 
fisiopatologia da hidrocefalia que envolve regiões cerebrais implicadas no 
controle motor. Esses autores ainda afirmam que estudos prévios têm 
relatado que as habilidades motoras estão comprometidas também na 
espinha bífida e que nenhum estudo tem descrito a preservação da função 
motora dentro das condições etiológicas da hidrocefalia. 
Segundo Turner (1986), a função dos membros inferiores (MMII) de 
crianças com mielomeningocele é, com frequência, severamente 
comprometida. Com isso, elas dependem de força e resistência 
consideráveis de seus membros superiores (MMSS) para ajudá-las na 
locomoção. No entanto, outras anormalidades do Sistema Nervoso Central 
associadas podem causar disfunção importante de membros superiores. 
Esse mesmo autor afirma que a função dos MMSS é pior nas crianças com 
73 
 
mielomeningocele e hidrocefalia do que naquelas com mielomeningocele 
apenas. 
Minns et al. (1977) encontraram prejuízo significativo na função dos 
MMSS de crianças entre seis e oito anos de idade, sendo pior naquelas com 
hidrocefalia submetida a derivações. As crianças apresentaram alterações 
neurológicas e pouca habilidade funcional com tarefas diárias. Em outro 
estudo, Grimm (1976) constatou que 82% das crianças com 
mielomeningocele possuíamanormalidade na função manual, sendo essa 
função pior quanto maior o nível da lesão e quanto mais grave o grau de 
hidrocefalia. 
Talvez um dos mais importantes estudos neste campo seja o de Wallace 
(1973), que examinou a relação entre a mobilidade, a função dos MMSS e a 
hidrocefalia em crianças com mielomeningocele. Encontrou-se disfunção do 
trato piramidal e 69% das crianças apresentavam comprometimento da 
função dos MMSS, sendo esse percentual maior em crianças com 
hidrocefalia. Anderson (1975) investigou a função manual de crianças de 
seis a dez anos de idade, com mielomeningocele e hidrocefalia, utilizando 
uma série de testes de função manual, concluindo-se que mais de 50% 
apresentaram comprometimento da função da mão. 
Segundo Behrman (2003), podem ocorrer disfunções na marcha, 
espasticidade e incoordenação na hidrocefalia. Anormalidades na marcha 
foram relatadas em 92% de um grupo de crianças com espinha bífida e com 
hidrocefalia (FLETCHER et al., 1995). Alterações na marcha foram também 
presentes em 44% de um grupo com hidrocefalia resultante de complicações 
da prematuridade, como a hemorragia intraventricular, e 36% de um grupo 
com estenose do aqueduto cerebral. Crianças com mielomeningocele com 
ou sem hidrocefalia obtiveram escores menores quanto à destreza dos 
movimentos em relação à normalidade (HOLLER et al., 1995). 
Segundo Almeida et al. (2009), a aquisição da deambulação deve ser o 
principal objetivo de qualquer paciente que ainda não alcançou esse 
patamar, estando fortemente associada com a espasticidade da musculatura 
do quadril, do joelho, do tornozelo e do quadríceps, além de deformidades 
articulares e do estado mental. A espasticidade nos membros inferiores pode 
74 
 
causar fraqueza e uma diminuição na amplitude articular, levando a um 
estado de contratura muscular. 
Esse mesmo autor afirma que tais alterações desencadeiam uma 
diminuição no movimento voluntário articular isolado, que é substituído pelo 
surgimento de padrões de movimento muscular em massa, comprometendo 
o aprendizado de habilidades motoras. Ocorre também a perda da inibição 
recíproca, que constitui base para o movimento coordenado. A prevenção de 
contraturas dos membros inferiores e, consequentemente, de padrões 
cinemáticos assimétricos, leva a uma melhora significativa no processo de 
deambulação desenvolvido por esses pacientes. 
Chiafery (2006), Cochrane e Kestle (2002) e De Aquino (2004) afirmam a 
existência de aumento do tônus muscular (espasticidade) com presença de 
opistótono, além de incoordenação motora nas crianças com hidrocefalia. 
Segundo Rizvi e Anjum (2005), com a evolução da doença, a profundidade 
dos reflexos tendíneos e o tônus muscular são aumentados. 
Quanto à predominância de comprometimento motor, pôde-se observar 
que não houve, no presente estudo, diferença significativa entre os 
hemicorpos direito e esquerdo. Isso pode caracterizar a hidrocefalia como 
uma doença de acometimento simétrico, no que diz respeito à alteração de 
tônus nos dimídios corporais, embora não haja relatos na literatura que 
corroborem esses achados. 
Segundo Futagi et al. (2002), a síndrome piramidal (especialmente em 
membros inferiores), manifestada, muitas vezes, sob a forma de tetraparesia 
espástica, constitui uma característica comum da criança hidrocefálica. Por 
outro lado, Rocco, Saito e Fernandes (2007) relataram a paraplegia flácida 
como o acometimento mais evidente nas crianças com mielomeningocele. 
Nossa análise indicou que quanto mais avançada a idade da criança com 
hidrocefalia, maior o PC apresentado. Entretanto, não houve diferença 
estatisticamente significativa entre o PC das crianças que fazem uso de 
sistema de derivação, uma vez que foram obtidas médias semelhantes nos 
três grupos estudados, embora esse aumento tenha sido mais considerável 
no grupo de crianças com hipertonia muscular. Apesar desses resultados, 
75 
 
não foram encontrados registros na literatura acerca da relação entre o PC e 
as alterações tônicas apresentadas pelas crianças com hidrocefalia. 
Do total de crianças avaliadas, apenas 48% recebiam tratamento 
fisioterapêutico. Das 30 crianças com hipertonia muscular, 20 utilizavam-se 
dessa terapêutica; das dez crianças do grupo hipotonia, apenas quatro 
faziam fisioterapia; e nenhuma criança do grupo normotonia utilizava-se 
dessa terapia, percebendo-se que o percentual de crianças que usufruem 
esse tipo de tratamento é muito baixo, em se tratando do elevado índice de 
déficits motores apresentados por essa população. 
Essa demanda reduzida de pacientes inseridos em um programa 
fisioterapêutico pode ser justificada pelo fato de que ainda são escassos os 
serviços de fisioterapia destinados à população em geral, pela dificuldade de 
acesso aos serviços particulares devido ao baixo poder aquisitivo, pela 
dificuldade de deslocamento para essas unidades, ou pela pouca informação 
de seus cuidadores quanto à importância dessa terapêutica para a 
recuperação cinético-funcional das crianças hidrocefálicas. 
Almeida et al. (2009) relatam que uma em cada oito crianças apresenta 
alterações do desenvolvimento que podem interferir de forma significativa 
em sua qualidade de vida e inclusão social. De acordo com Hwang, Shim e 
Chang (2009), os atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor podem 
resultar em limitações nas habilidades funcionais. 
Neste estudo, verificou-se que não a fisioterapia não exerceu influência 
sobre o tônus muscular. Entretanto, segundo Peres, Ruedell e Diamante 
(2009), em toda a sua casuística, o padrão de aquisição motora não foi 
acompanhado de aumento do tônus muscular. Pelo contrário, houve 
diminuição deste, o que pode ser atribuído à capacidade de adaptação do 
fuso muscular a diferentes níveis de demanda, através do processo de 
habituação, facilitada pelo atendimento fisioterapêutico. 
Considerando-se as posturas sedestação, quadrupedia, ajoelhado, índio 
e bipedestação, observou-se que todas essas atividades foram menos 
evidenciadas nas crianças hipertônicas e mais presentes nas normotônicas, 
demonstrando que a exacerbação do tônus exerce influência negativa na 
realização das atividades funcionais da criança. 
76 
 
Peres, Ruedell e Diamante (2009) observaram também, em seu estudo, 
uma melhora nos quesitos sedestação, quadrupedia e ajoelhado, 
ressaltando que o controle postural depende de um tônus adequado, e este 
é prejudicado em crianças com espasticidade. Porém, com a facilitação 
motora, o tônus e o controle postural são modificados, tendo, como 
consequência, uma maior variedade de habilidades funcionais conseguidas. 
Nesta pesquisa, observou-se que as crianças hipertônicas apresentaram 
atividades funcionais dinâmicas mais comprometidas, enquanto essas 
atividades estiveram mais presentes nas crianças do grupo normotonia. Isso 
representa maiores limitações motoras nas crianças com espasticidade, 
sendo que as crianças sem alteração de tônus têm maior habilidade para a 
realização do engatinhar e da marcha. 
Teixeira-Salmela (2000) e Teixeira (1998) relatam existir uma relação 
entre espasticidade e função motora, ainda não esclarecida, havendo muitas 
evidências clínicas de que a espasticidade limita os movimentos voluntários. 
Com isso, são percebidas correlações entre o grau de espasticidade e a 
capacidade funcional e variedade de métodos que englobam a mecânica do 
movimento, do tecido e da forma do músculo (FORAN et al., 2005). A 
influência dos reflexos de estiramento muscular em uma hipertonia muscular 
tem graves efeitos negativos sobre o desempenho motor e sobre a 
qualidade de vida em pacientes com uma lesão do neurônio motor superior 
(BENZ et al., 2005). 
Essa alteração tônica na criança pode afetar, de maneira adversa, o 
desenvolvimento motor, levando a posturas e padrões de movimentos 
anormais, equilíbrio e estabilidade postural deficitários (dificultandoas 
atividades de vida diária), deformidades musculoesqueléticas e atrasos na 
aquisição das habilidades motoras, nas quais se incluem o sentar-se, o 
engatinhar, o ficar em pé e o caminhar (CARGIN; MAZZITELLI, 2003). 
A mortalidade de pacientes com hidrocefalia reduziu de 80% a 90% para 
apenas 5% devido à introdução dos shunts para drenagem do líquido 
cefalorraquidiano e dos cuidados médicos gerais (HOPPE-HIRSCH et al., 
1998). Em contraste a essa situação, a morbidade aumentou. Vários graus 
de incapacidade mais frequentemente associada com déficits motores e 
77 
 
cognitivos têm sido observados em pacientes hidrocefálicos submetidos a 
procedimento cirúrgico (DING et al., 2001). Em estudo recente com 129 
crianças hidrocefálicas, após colocação de shunt, Hoppe-Hirsch et al. (1998) 
relataram déficits motores em 60% e déficits cognitivos em 68%, 
comparados com déficits visuais e auditivos em 25% dos casos. 
Todo terapeuta que atua na área de Neuropediatria necessita dominar o 
conhecimento do desenvolvimento normal da criança e dos seus desvios, 
equiparando a idade cronológica com a motora, pois através da avaliação do 
desenvolvimento motor, juntamente com o controle postural, são 
identificados os problemas que interferem na motricidade da criança. Além 
disso, com uma precisa avaliação, pode-se obter um tratamento com 
prognóstico mais fidedigno da mesma, pois é importante que se saiba 
identificar as características individuais do desempenho e que se conheça 
quais as capacidades e respostas diante de certos estímulos que podem ser 
esperadas em determinada idade. 
Os dados obtidos neste estudo permitem-nos observar que o protocolo 
para avaliação do tônus muscular e atividades funcionais serve como 
instrumento de grande valia para quantificar e qualificar o quadro cinético-
funcional das crianças com hidrocefalia. Com isso, acredita-se que esta 
pesquisa possa ampliar a visão dos profissionais de saúde que trabalham 
com essas crianças, em especial o fisioterapeuta, a fim de estabelecer os 
critérios adequados para a avaliação da função motora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
78 
 
7 CONCLUSÕES 
 
 A função motora está comprometida na maioria das crianças com 
hidrocefalia; 
 
 A hipertonia muscular representa a alteração tônica mais pronunciada 
nas crianças hidrocefálicas; 
 
 As atividades funcionais estáticas (sedestação, quadrupedia, 
ajoelhado, índio e bipedestação) e dinâmicas (engatinhar e marcha) 
estão deficitárias em, praticamente, todas as crianças com 
hidrocefalia; 
 
 O comprometimento motor é mais evidenciado nas crianças que 
apresentam alteração tônica, como hipertonia e hipotonia, do que nas 
crianças normotônicas; 
 
 A hidrocefalia constitui uma doença de acometimento simétrico no 
que diz respeito à alteração de tônus observada nos dimídios 
corporais; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
79 
 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
No Brasil, observa-se uma carência de evidências científicas acerca da 
evolução do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças em populações 
diversas, bem como escassez de estudos sobre os fatores que podem 
influenciar positiva ou negativamente esse desenvolvimento. 
Crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se apresentam com 
risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os problemas 
de coordenação e controle do movimento poderão prolongar-se até a fase 
adulta. Além disso, atrasos motores, frequentemente, associam-se a 
prejuízos secundários de ordem psicológica e social, como baixa auto-
estima, isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultam a 
socialização de crianças. 
Sendo assim, os fatores de risco para atraso no desenvolvimento devem 
ser eliminados sempre que possível. Com a identificação precoce de 
distúrbios no desenvolvimento motor, realizada através de uma avaliação 
criteriosa nos primeiros anos de vida, é possível determinar uma intervenção 
adequada, a fim de que as crianças com diagnóstico de atraso possam 
seguir a mesma sequência que as crianças com desenvolvimento normal. 
Essa intervenção tem demonstrado mais benefícios para as crianças quando 
a participação dos pais é associada com a atuação do terapeuta. 
As dificuldades encontradas no desempenho das atividades funcionais 
constituem, geralmente, a queixa principal dos cuidadores das crianças com 
hidrocefalia. Portanto, a promoção do desempenho dessas atividades pode 
ser definida como o principal objetivo a ser alcançado pelas terapêuticas 
empregadas. 
A fisioterapia na criança deve consistir no treinamento específico de atos 
como: levantar-se, dar passos ou caminhar, sentar-se, pegar e manusear 
objetos, além de exercícios destinados a aumentar a força muscular e 
melhorar o controle sobre os movimentos. Em resumo, a fisioterapia prepara 
a criança para uma função, mantém as já existentes ou as aprimora, 
trabalhando sempre com a finalidade de reduzir a espasticidade. 
80 
 
As crianças com hidrocefalia têm uma qualidade de vida comprometida 
por múltiplas complicações e incapacidades, gerando evidentes 
repercussões às suas famílias e custos elevados para a sociedade. Este 
estudo, apesar de não ter tido caráter de validação, poderá ser usado como 
estudo piloto para uma validação posterior, no que diz respeito à elaboração 
de um protocolo de avaliação específico a ser utilizado para crianças com 
hidrocefalia, suscitando novas pesquisas na área da fisioterapia neurológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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93 
 
APÊNDICE A 
 
 
FICHA DE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA DE CRIANÇAS COM 
HIDROCEFALIA CONGÊNITA 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO: 
 
Nome: 
Idade: Sexo: 
Data de Nascimento: 
Endereço: 
Telefone: 
Cidade: Estado: CEP: 
Registro do Paciente: 
Data da Avaliação: 
Local da Avaliação: 
Filiação: 
Médico Responsável: 
Diagnóstico Clínico: 
Diagnóstico Fisioterapêutico: 
Nome do Avaliador: 
Faz Fisioterapia? ( ) SIM ( ) NÃO 
Faz uso de medicação controlada? ( ) SIM ( ) NÃO Qual? 
Faz uso de shunt de derivação? ( ) SIM ( ) NÃO Qual? 
Perímetro Cefálico: 
 
EXAME FÍSICO: 
 
Tônus Muscular 
 
Grupo Muscular Dimídio D Dimídio E 
OMBRO 
- Rotador Medial 
 
- Rotador Lateral 
- Flexores 
94 
 
- Extensores 
- Adutores 
- Abdutores 
COTOVELO 
- Flexores 
 
- Extensores 
ANTEBRAÇO 
- Pronadores 
 
- Supinadores 
PUNHO 
- Flexores 
 
- Extensores 
QUADRIL 
- Flexores 
 
- Extensores 
- Adutores 
- Abdutores 
JOELHO 
- Flexores 
- Extensores 
TORNOZELO 
- Flexão Plantar 
 
- Dorsiflexores 
- Inversores 
- Eversores 
 
 
 
Atividades Funcionais Estáticas 
 
Grau SEDESTAÇÃO QUADRUPEDIA AJOELHADO ÍNDIO BIPEDESTAÇÃO 
0 
1 
2 
3 
4 
56 
7 
8 
9 
 
 
 
 
 
95 
 
APÊNDICE B 
 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
 
 
 Nós, pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe, viemos por 
meio deste, pedir o consentimento do (a) Senhor (a) 
___________________________________________, a fim de viabilizar 
o projeto de pesquisa intitulado “Avaliação da Função Motora de 
Crianças com Hidrocefalia”, permitindo a avaliação da 
criança_______________________________ através de um protocolo 
de avaliação para a obtenção de dados sobre a funcionalidade da 
mesma. 
 A identidade dos participantes do estudo, bem como as informações 
obtidas, serão absolutamente confidenciais. Será assegurado a todas as 
crianças avaliadas o direito a interrupção de sua participação no estudo a 
qualquer momento, se assim desejar. 
 Em hipótese alguma, este estudo prejudicará os cuidados prestados 
ao paciente, de forma que não haverá, portanto, risco de natureza 
psíquica ou física para os participantes do presente estudo. 
 Gostaríamos que soubesse que sua contribuição é imprescindível 
para o nosso trabalho que tem como objetivo enriquecer nosso 
conhecimento e melhorar a prestação de serviço à comunidade. 
 
 
 
Aracaju (SE), _____de_____________________de 2009. 
 
 
 
ASSINATURA PARA O TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO 
 
 
96 
 
ANEXO A 
 
 
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE TÔNUS, ATIVIDADE FUNCIONAL 
ESTÁTICA E DINÂMICA. 
 
 
Grau Reação ao alongamento passivo 
1 Reação ao alongamento diminuída à mobilização. 
2 Reação ao alongamento normal à mobilização. 
3 Reação ao alongamento perceptível apenas no terço inicial do arco de 
movimento, manifestando-se exclusivamente à mobilização súbita e 
rápida. 
4 Reação ao alongamento perceptível apenas no terço final do arco de 
movimento, manifestando-se exclusivamente à mobilização súbita e 
rápida. 
5 Reação ao alongamento perceptível apenas no terço inicial do arco de 
movimento, manifestando-se mesmo à mobilização lenta. 
6 Reação ao alongamento perceptível apenas no terço final do arco de 
movimento, manifestando-se mesmo à mobilização lenta. 
7 Reação ao alongamento perceptível durante todo o arco de movimento, 
manifestando-se apenas à mobilização súbita e rápida. 
8 Reação ao alongamento perceptível durante todo o arco de movimento, 
manifestando-se mesmo à mobilização lenta. 
9 Reação ao alongamento perceptível durante todo o arco de movimento, 
limitando a amplitude de movimento, manifestando-se apenas à 
mobilização súbita e rápida. 
10 Reação ao alongamento perceptível durante todo o arco de movimento, 
limitando a amplitude de movimento, manifestando-se mesmo à 
mobilização lenta. 
 
Tabela 1: Escala Ordinal de Avaliação do Tônus Muscular desenvolvida em adultos. 
Fonte: DURIGON et al., 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
97 
 
Grau Adoção e manutenção da postura 
0 Não realiza a atividade funcional. 
1 Adota a postura com auxílio, mantém com apoio e sem alinhamento. 
2 Adota a postura com auxílio, mantém com apoio e com alinhamento. 
3 Adota a postura com auxílio, mantém sem apoio e sem alinhamento. 
4 Adota a postura com auxílio, mantém sem apoio e com alinhamento. 
5 Adota a postura com auxílio, mantém com apoio e sem alinhamento. 
6 Adota a postura sem auxílio, mantém com apoio e com alinhamento. 
7 Adota a postura sem auxílio, mantém sem apoio e sem alinhamento. 
8 Adota a postura sem auxílio, mantém sem apoio e com alinhamento. 
9 Adota a postura sem auxílio, mantém sem apoio e realiza atividades na 
postura mantendo o alinhamento. 
 
Tabela 2: Escala de Avaliação das Atividades Funcionais Estáticas (sedestação, 
quadrupedia, ajoelhado, semi-ajoelhado e bipedestação) desenvolvida para 
crianças com Paralisia Cerebral. 
Fonte: DURIGON et al., 2004. 
 
 
Grau Realização da atividade funcional 
0 Não realiza a atividade funcional. 
1 Realiza a atividade em “padrão anormal”. 
2 Realiza a atividade em padrão normal e coordenado, porém com 
alterações qualitativas. 
 
Tabela 3: Escala de Avaliação das Atividades Funcionais Dinâmicas (engatinhar e 
marcha) desenvolvida para crianças com Paralisia Cerebral. 
Fonte: DURIGON et. al, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
98 
 
ANEXO B

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