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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CARINA CARVALHO SILVESTRE CONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS: FATORES DE RISCO, DOCUMENTAÇÃO DA PRÁTICA E DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO ARACAJU 2018 CARINA CARVALHO SILVESTRE CONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS: FATORES DE RISCO, DOCUMENTAÇÃO DA PRÁTICA E DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutora em Ciências da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Divaldo Pereira de Lyra Júnior ARACAJU 2018 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA BISAU UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE S587c Silvestre, Carina Carvalho. Conciliação de medicamentos: fatores de risco, documentação da prática e desenvolvimento de instrumento de avaliação / Carina Carvalho Silvestre; Orientador Divaldo Pereira de Lyra Júnior. – Aracaju, 2018. 149 f. Tese (doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe, 2018. 1. Segurança do paciente. 2. Conciliação de medicamentos. 3. Comunicação em saúde. 4. Hospitais. I. Lyra Júnior, Divaldo Pereira de, orient. II. Título. CDU 61 CARINA CARVALHO SILVESTRE CONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS: FATORES DE RISCO, DOCUMENTAÇÃO DA PRÁTICA E DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutora em Ciências da Saúde. Aprovado em: 23/02/2018 _______________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Divaldo Pereira de Lyra Júnior _______________________________________________ 1ª Examinadora: Profª. Drª. Joseilze Santos de Andrade ______________________________________________________ 2ª Examinadora: Profª. Drª. Jullyana de Souza Siqueira Quintans _____________________________________________ 3º Examinador: Prof. Dr. Daniel Tenório da Silva _________________________________________ 4º Examinador: Prof. Dr. Mario Borges Rosa PARECER ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Dedico este trabalho aos meus pais, Maria Célia e Nilson, por me ensinarem todos os dias que educação é o tesouro que se acumula em vida. AGRADECIMENTOS A escritora Ursula Le Guin escreveu “é bom ter um fim para a jornada; mas é a jornada que importa no final” e eu não poderia concordar mais. Tomo a liberdade poética de acrescentar a essa citação que são as pessoas que caminham ao nosso lado que fazem a jornada valer a pena. São para essas pessoas que humildemente escrevo estes agradecimentos: Agradeço aos meus pais, Maria Célia e Nilson, por serem apoio incondicional em todos os momentos. À minha irmã Camila por ser minha fonte de inspiração e motivação a querer ser alguém melhor. Ainda, agradeço a meus familiares, por todo o incentivo e auxílio nas horas de necessidade. Agradeço aos meus amigos campoformosenses, longas distâncias são meros detalhes frente a força da amizade. Aninha, Eudes, Fernanda, Jhone, Luana e Tácito, obrigada por todos os momentos de apoio e estímulo. Agradeço às minhas “Helenas”, Andréa, Flávia, Jennifer, Luiza, Paulinha e Tainara, por toda convivência e compreensão nessas terras aracajuanas. Agradeço aos meus amigos do curso de Farmácia, Adriano, Alessandra, Ana Patrícia, Dalmare, Daniela, Fábio, Loíde, Mariana, Naiane e Sarah. Obrigada por serem minha família em Aracaju, por serem colo e conforto nos momentos mais necessários. Agradeço aos meus amigos do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social, obrigada por serem exemplo de equipe, por todas as valorosas discussões - com temas que vão de educação ao feminismo passando pela alimentação saudável. Vocês foram (e são) essenciais. Obrigada por ensinar na prática que unidos alcançamos vôos mais altos. Meu agradecimento especial a Alessandra, Aline Dósea, Aline Santana, Bárbara, Carla, Daniel, Gabriela, Kérilin, Patrícia, Sabrina, Tâmara, Tatiane, Vanessa Alves e Vanessa Lima. Ainda, agradeço aos meus companheiros de Serviço de Cuidado Farmacêutico, vulgo “Mudinhos”, Dyego, Francisco, Genival Júnior, Luiza, Rafaella e Thaciana. Obrigada pela amizade, por todos os momentos de alento e por serem essenciais no desenvolvimento deste trabalho. Cada palavra de conselho, motivação e sabedoria compartilhadas foram a força-motriz para continuar seguindo em frente. Agradeço a Elisdete, Genival Júnior e Thelma, meus companheiros e “co-autores” desse Doutorado. Obrigada por me permitirem dividir cada dificuldade, angústia e dúvida, por darem as mãos nos momentos que eu mais precisava me reeguer e seguir essa jornada. Vocês foram (são e serão) essenciais. Agradeço a Luana e Lincoln, meus parceiros, companheiros de dias de luta e dias de glória. Sem vocês essa tese não existiria. Obrigada por acreditarem em mim, por me ensinarem tanto e por se deixarem contagiar por minha pesquisa. A minha gratidão a vocês é imensurável. Agradeço ao Professor Alfredo, meu (des)orientador, pela profícua parceria na elaboração desse trabalho. Sua sapiência e intelectualidade aliadas a humildade ímpar são espelhos para construção de um modus operandi de vida. Excelsior! Agradeço ao Professor Divaldo, meu orientador e pai científico. Faço uso do clichê “palavras não são suficientes para descrever o tamanho da minha gratidão”. Obrigada por sua fé sem medida no meu potencial e por me ensinar tanto por meio do exemplo de pesquisador e ser humano. Agradeço às minhas companheiras do Curso de Segurança do Paciente, em especial a Carla, Michelle, Nadia e Suzinara. Obrigada por toda ajuda e aprendizado compartilhado. Agradeço às minhas companheiras de Práticas de Ensino Farmacêutico na Comunidade, Chiara e Giselle. Obrigada por toda a compreensão e por me mostrarem a professora que quero ser no futuro. Agradeço a todos aqueles que me permitiram utilizar a denominação “meus alunos”. Nas palavras de Cora Coralina, feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina e como eu fui feliz aprendendo com cada um de vocês. Agradeço a todos os profissionais do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, em especial a Equipe do Serviço Farmacêutico Hospitalar e do setor de Revisão de Prontuários. Sem a colaboração de vocês esse trabalho não seria possível. Obrigada pela paciência e disponibilidade. Agradeço as professoras Deborah Pimentel e Sabrina Neves pela parceria e colaboração. Obrigada pelos conselhos e orientações. Agradeço aos Farmacêuticos da Alegria, integrantes e colaboradores, pelo altruísmo e abnegação em prol do cuidado do outro. “Quem disse que açúcar e afero não podem curar” está tatuado na minha alma. Agradeço aos profissionais enfermeiros, farmacêuticos e médicos que doaram seu tempo e conhecimento em prol da construção do instrumento desenvolvido nessa tese. Agradeço a todos os pacientes, usuários do Sistema Único de Saúde, do Nordeste deste Brasil, com os quais pude conviver direta ou indiretamente. Obrigada por, mesmo involuntariamente, serem os melhores professores da escola da vida.Agradeço, por fim, a maior de todas as inspirações, Àquele que é Caminho, Verdade e Vida, que colocou todas as pessoas citadas acima na minha jornada e que me mostra todas os dias que não existem coincidências. Gratidão. Você não pode esperar construir um mundo melhor sem melhorar os indivíduos. Para esse fim, cada um de nós deve trabalhar para a sua própria melhoria e, ao mesmo tempo, compartilhar uma responsabilidade geral para toda a humanidade. (Marie-Curie, 1867-1934) “Verba volant, scripta manent” (palavras ditas voam longe, palavras escritas permanecem) Provérbio latim RESUMO CONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS: FATORES DE RISCO, DOCUMENTAÇÃO DA PRÁTICA E DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO. Carina Carvalho Silvestre, 2018. Introdução. A conciliação de medicamentos é um processo delineado para promover a comunicação da equipe de saúde, visando prevenir erros de medicação nos pontos de transição de cuidados. No Brasil, estudos sobre este tema, bem como sobre a importância da comunicação escrita para sua completa execução ainda são incipientes. Objetivo. Analisar a conciliação de medicamentos sob aspectos relacionados a fatores de risco para discrepâncias não intencionais, documentação da prática e desenvolvimento de instrumento para avaliação da conciliação de medicamentos. Metodologia. O estudo foi realizado em três etapas. A primeira correspondeu a um estudo prospectivo, do tipo caso-controle para identificar fatores de risco potenciais para discrepâncias não intencionais da farmacoterapia (DNIF) na admissão hospitalar. Adicionalmente outro trabalho foi realizado trazendo reflexões sobre a qualidade da documentação do histórico de uso de medicamentos nos hospitais e a necessidade de melhoras neste processo. A segunda etapa consistiu em um estudo transversal realizado nos prontuários dos pacientes admitidos em um hospital ensino entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017. As evoluções de enfermeiros, farmacêuticos e médicos foram avaliadas para caracterizar o registro de informações sobre o uso de medicamentos em todos os prontuários. A última etapa correspondeu a um estudo de desenvolvimento metodológico para elaborar e validar o conteúdo de um questionário para survey sobre a realização da conciliação de medicamentos em hospitais do Brasil. Resultados. Os achados da primeira etapa evidenciaram que pacientes submetidos a processos de admissão após as transferências entre hospitais tiveram três vezes mais chances de ter uma DNIF em comparação a pacientes que foram admitidos diretamente de casa. Na segunda etapa ficou evidenciada que a comunicação ineficiente entre as equipes de cuidado pode ter sido a causa primária dos achados da primeira etapa. Quanto à avaliação da comunicação escrita, foram identificadas 1.588 alterações nas prescrições durante a coleta de dados eapenas 390 (24,5%) destas alterações foram justificadas. Ainda, foi possível identificar 485 falhas de comunicação sobre medicamentos em 65,3% (n=132) das evoluções avaliadas. Em relação ao desenvolvimento do questionário, três versões preliminares foram elaboradas. A terceira versão foi submetida ao processo de validação de conteúdo por meio do Delphi resultando na versão final do questionário com 17 questões. Conclusão. A comunicação ineficiente, especialmente sobre medicamentos, entre os vários atores da equipe de cuidados pode influenciar sobremaneira a realização da conciliação de medicamentos e, por conseguinte, a segurança de pacientes na transição de cuidados. Descritores: segurança do paciente, conciliação de medicamentos, comunicação em saúde, hospital. ABSTRACT MEDICATION RECONCILIATION: RISK FACTORS, DOCUMENTATION OF PRACTICE AND EVALUATION INSTRUMENT DEVELOPMENT. Carina Carvalho Silvestre, 2018. Introduction. Medication reconciliation is a process designed to promote communication and teamwork to prevent medication errors at transition of care points. In Brazil studies on the medication reconciliation are still incipient. Aim. To analyze the medication reconciliation under aspects related to risk factors for unintentional discrepancies, documentation of the practice and development of instrument to evaluate the medication reconciliation. Methods. The study was conducted in three stages. The first one was a prospective, case-control study with the aim of identifying the potential risk factors for unintentional medication discrepancies (UMD) at hospital admission. In addition, another study was carried out bringing reflections on the quality of documentation of the history of use of medicines in hospitals and the need for improvements in this process. The second step consisted of a cross-sectional study conducted in a teaching hospital. The clinical notes of nurses, pharmacists and physicians were evaluated to characterize the records on medication use, additionally analysis of communication failures was carried out in all medical records. The last step corresponded to a methodological development study to elaborate and validate the content of a survey questionnaire on the accomplishment of the medication reconciliation in Brazilian hospitals. Results. The findings of the first stage showed that patients submitted to admission procedures after transfers between hospitals were three times more likely to have an UMD compared to patients who were admitted directly from home. In the second stage, it was evidenced that the inefficient communication among the care teams may have been the primary cause of the findings of the previous study. Regarding the evaluation of written documentation, there were no reports of allergies and adverse drug reactions in 44 (21.9%) of nurses, 8 (22.9%) of pharmacists and 54 (26.8%) of physician’s clinical notes. In addition, 1,588 changes in prescriptions were identified in the data collection period, where only 390 (24.5%) of these changes were justified. Furthermore, it was possible to identify 485 communication failures on medications in 65.3% (n = 132) of the evolutions evaluated. In relation to the development of the questionnaire, three preliminary versions were elaborated. The third version was submitted to the content validation process through Delphi resulting in the final version of the questionnaire with 17 questions. Conclusion. Inefficient communication, especially on medication, among the various actors in the care team can greatly influence the achievement of drug reconciliation and hence patient safety in the care transition. Keywords: patient safety, medication reconciliation, health communication, hospital. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................. 13 2. REVISÃO DA LITERATURA....................................................... 19 2.1 Cuidado em saúde e a segurança do paciente no uso de medicamentos.............................................................................. 20 2.2 Erros de medicação e falhas na comunicação nas transições de cuidado em saúde................................................................... 21 2.3 Conciliação de medicamentos: estratégia-chave para a segurança do paciente................................................................. 25 2.4 Desafios para a implantação e consolidação da conciliação de medicamentos em hospitais........................................................ 30 2.5 As pesquisas sobre conciliação de medicamentos no Brasil – presente e perspectivas............................................................... 33 2.6 Histórico da tese.......................................................................... 35 3. OBJETIVOS................................................................................ 38 3.1 Objetivo geral...............................................................................39 3.2 Objetivos específicos................................................................... 39 4. RESULTADOS............................................................................ 40 4.1 CAPÍTULO I - Risk factors for unintentional medication discrepancies at hospital admission: A matched case-control study………………………………………………………………….. 41 4.2 CAPÍTULO II - ‘What is not written does not exist’: the importance of proper documentation of medication use history 44 4.3 CAPÍTULO III - Comunicação escrita relacionada a medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta em hospital de ensino.......................................................................................... 51 4.4 CAPÍTULO IV - Desenvolvimento e validação de conteúdo por Delphi de questionário sobre conciliação de medicamentos...... 84 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 121 5.1 Considerações Finais.................................................................. 122 6. REFERÊNCIAS........................................................................... 123 7. ANEXOS...................................................................................... 134 7.1 ANEXO A: Normas para publicação na revista “British Medical 135 Journal Quality & Safety”............................................................. 7.2 ANEXO B: Normas para publicação na revista “Pharmacoepidemiology and Drug Safety” 145 13 14 1. INTRODUÇÃO O uso de medicamentos é considerado a intervenção de saúde mais comum na prática clínica para a prevenção, diagnóstico, tratamento e controle de doenças (GYLLENSTEN, 2012; MORROW, 2015). Entretanto, seu uso não é isento de riscos e, portanto, problemas relacionados ao uso de medicamentos têm sido amplamente relatados na literatura (ERNST, GRIZZLE, 2001; MATETI et al., 2015). Entre 2000 e 2012, a taxa de erros de medicação nos Estados Unidos aumentou 69,8%, os quais, por definição, são considerados preveníveis na prática clínica (BATES, 2007; BROPHY et al., 2014). No Brasil, Souza e colaboradores (2014), em uma revisão sistemática de 45 estudos observacionais, reportaram que a prevalência decorrente da morbimortalidade relacionada farmacoterapia é superior a países como os Estados Unidos e Alemanha. Diversas estratégias têm sido reportadas para melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados em saúde dos pacientes, com destaque para a conciliação de medicamentos (AL-RASHOUD et al., 2017; GALVIN et al., 2013; MAZHAR et al., 2017; WHITE et al., 2011). Este é um processo delineado para promover a comunicação e o trabalho em equipe com o objetivo de prevenir erros de medicação (neste caso, discrepâncias não intencionais da farmacoterapia) nos pontos de transição de cuidados. Exemplos de transição de cuidados são: admissão hospitalar, transferência entre duas unidades clínicas, alta hospitalar ou encaminhamento da atenção primária para a atenção secundária (INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT, 2017; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007). Segundo a literatura, nesses pontos há mais possibilidades de haver riscos à segurança dos pacientes (BELDA-RUSTARAZO et al., 2015; MAGALHAES et al., 2014; PERSELL et al., 2010). Nesse contexto, desde 2004 a conciliação de medicamentos tem sido recomendada como estratégia de segurança ao paciente pelas principais organizações de segurança do paciente no mundo (AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS, 2013; INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT, 2008; JOINT COMMISSION, 2013). Corroborando com estas iniciativas, em 2017, a Organização Mundial de Saúde lançou o Terceiro Desafio Global para a Segurança do Paciente, cujo objetivo principal será reduzir o nível de danos severos e evitáveis relacionados a medicamentos em 50% ao longo de cinco 15 anos, por meio de estratégias que incluem o processo da conciliação de medicamentos (DONALDSON et al., 2017). Segundo a literatura, a conciliação de medicamentos mostra muitos benefícios sobre diversos desfechos em saúde. Revisões sistemáticas com metanálise realizadas recentemente destacam que a conciliação de medicamentos é eficaz na redução das visitas ao setor de emergência (RR 0,72; 95% CI: 0,57-0,92) e na readmissão hospitalar (RR 0,81; 95% CI: 0,70-0,95). Ademais, relatam também redução significativa de 66% no número de discrepâncias (RR 0,34; 95% CI: 0,23- 0,50) no grupo que recebeu a conciliação de medicamentos pelo farmacêutico, em comparação ao grupo controle (MEKONNEN; MCLACHLAN; BRIEN, 2016; MEKONNEN; MCLACHLAN; JO-ANNE, 2016). No Brasil, estudos também têm apontado impactos positivos desta prática (MAGALHÃES et al., 2014; MENDES et al., 2016). Apesar de suas vantagens comprovadas, a conciliação de medicamentos ainda não é um serviço consolidado nos sistemas de saúde, incluindo o brasileiro (LEOTSAKOS et al., 2014) e é de difícil execução na prática clínica (PEVNICK, SHANE, SCHNIPPER, 2016). Ademais, a conciliação de medicamentos requer atuação integrada e colaborativa entre a equipe de saúde, especialmente enfermeiros, farmacêuticos e médicos, e participação efetiva de pacientes, famílias e cuidadores (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014; ROSE, FISHER, PAASCHE- ORLOW, 2017). Deste modo, é imperativo que esse serviço seja investigado sob diversos aspectos a fim de auxiliar na manutenção da qualidade do cuidado prestado e da segurança dos pacientes. 1.1. Estrutura da tese Esta tese de doutorado foi estruturada conforme Instrução Normativa nº 02 do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe, que discorre sobre as formas de apresentação das Dissertações e Teses. Desta forma, é apresentada da seguinte maneira: i) REVISÃO DA LITERATURA: organizada como capítulo de livro, esta apresenta os principais referenciais teóricos em relação à temática que envolve a conciliação de medicamentos. Está estruturada em tópicos que contemplam: 16 a conjuntura do cuidado em saúde e sua relação com a segurança do paciente no uso de medicamentos; os erros de medicação e falhas na comunicação nas transições de cuidado; conceitos e etapas que compõe a conciliação de medicamentos; desafios para a implantação e consolidação da conciliação de medicamentos e o panorama das pesquisas sobre a conciliação de medicamentos no Brasil. Por fim, o percurso histórico da tese é relatado ao final desta revisão. ii) CAPÍTULO 1: estruturado na forma de artigo intitulado: “Risk factors for unintentional medication discrepancies at hospital admission: A matched case- control study”, publicado no periódico científico European Journal of Internal Medicine. Neste capítulo, por meio de um estudo com delineamento de caso- controle, identificaram-se fatores de risco para discrepâncias não intencionais da farmacoterapia na admissão hospitalar de um hospital de ensino. iii) CAPÍTULO 2: elaborado na forma de manuscrito cujo título é: “‘What is not written does not exist’: the importance of proper documentation of medication use history” publicado no periódico científico International Journal of Clinical Pharmacy. Este capítulo discorreu sobre a importância da avaliação e documentação adequada da história de uso de medicamentos dos pacientes quando estes estão submetidos aos cuidados da equipe de saúde. iv) CAPÍTULO 3: organizado no formato de manuscrito intitulado “Comunicação escrita relacionada a medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta em hospital de ensino”, a ser submetido para publicação no periódico científico British Medical Journal – Quality and Safety. Neste capítulo foi caracterizada a comunicação sobre uso de medicamentos por enfermeiros, farmacêuticose médicos durante a admissão, internamento e alta de pacientes em um hospital de ensino. v) CAPÍTULO 4: escrito na forma de manuscrito intitulado “Desenvolvimento e validação inicial de questionário para survey sobre conciliação de medicamentos: um estudo Delphi”, a ser submetido para publicação no periódico científico Pharmacoepidemiology and Drug Safety - Special Issue on Validation Studies. Neste capítulo foi desenvolvido e validado, por meio do método Delphi, um questionário a ser utilizado em pesquisas do tipo survey. 17 Este questionário visa caracterizar a realização da conciliação de medicamentos em hospitais do Brasil. Esta tese de doutorado também proveu como resultados preliminares a apresentação de trabalhos científicos. Tais trabalhos foram apresentados em renomados eventos, nacionais e internacionais, da área farmacêutica, sob forma de pôster ou palestras e publicados em anais de congressos, conforme abaixo: Resumos expandidos publicados em anais de congressos 1. SANTOS, L. M. C.; SILVESTRE, C. C. ; SILVA, R. O. S. ; ALCANTARA, T. S. ; SANTOS JUNIOR, G. A. ; MARQUES, T. C. ; OLIVEIRA-FILHO, A. D. ; LYRA JUNIOR, D. P. . Unintentional Medication Discrepancies of Patients Hospitalized in a Teaching Hospital. In: 8º Congresso RIOPHARMA de Ciências Farmacêuticas, 2015, Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Farmácia, 2015. v. 97. p. 1512-1512. Resumos publicados em anais de congresso 1. SILVESTRE, C. C.; JESUS-JÚNIOR, F.C. ; SANTOS, L. M. C.; MARQUES, T.C.; DORIA, G.A.A.; LYRA JUNIOR, D. P. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO RELACIONADA AO USO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAL DE ENSINO. In: XI Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, 2017, Brasília. Anais do XI Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, 2017. 2. SILVESTRE, C. C.; LYRA JUNIOR, D. P. ; SANTOS, L. M. C.; SILVA, R.O.S. ; SANTOS-JÚNIOR, GA ; NEVES, S.J.F ; OLIVEIRA FILHO, A. D. ; Lobo, I.M.F. . Identifying potential risk factors for medication dicrepancies in a teaching hospital: a step towards implementation of medication reconciliation processes. In: 76th International Congress of FIP, 2016, Buenos Aires. Annals of 76th International Congress of FIP, 2016. 3. LYRA JÚNIOR, D.P ; SILVESTRE, C. C. ; SANTOS-JÚNIOR, GA ; SANTOS, L. M. C.; NEVES, S.J.F ; OLIVEIRA-FILHO, A.D. ; LOBO, I.M.F. ; MARQUES, T.C. . Admissão hospitalar como fator de risco para discrepâncias não intencionais da farmacoterapia. In: X Congresso 18 Brasileiro de Farmácia Hospitalar, 2015, Curitiba. Anais do X Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, 2015. 4. SILVESTRE, C. C.; BRITO, G.C. ; ONOZATO, T. ; SANTOS-JÚNIOR, GA ; LOBO, I.M.F. ; LYRA JR, D.P. . Avaliação da história da farmacoterapia de pacientes durante a admissão hospitalar: um alerta a segurança dos pacientes. In: V Congresso Brasileiro sobre Uso Racional de Medicamentos, 2014, São Paulo. Avaliação da história da farmacoterapia de pacientes durante a admissão hospitalar: um alerta a segurança dos pacientes, 2014. Apresentação de trabalhos 1. Silvestre, CC. Conciliação de Medicamentos. 2017. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). 2. Silvestre, CC. O trabalho em equipe para segurança do paciente. 2017. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). 3. Silvestre, CC. Como reduzir os riscos no uso de medicamentos - uma abordagem multiprofissional. 2017. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). 4. Silvestre, CC. Segurança do paciente: erros de medicação. 2015. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). 19 REVISÃO DE LITERATURA 20 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Cuidado em saúde e a segurança do paciente no uso de medicamentos Nas últimas seis décadas, os avanços tecnológicos nas áreas clínicas possibilitaram a ampliação do acesso aos serviços de saúde e a difusão da informação em saúde na era da globalização (REIS; MARTINS; LAGUARDIA, 2013). Além disso, verifica-se que transformações importantes ocorreram no cenário moderno e competitivo dos sistemas de cuidados de saúde. Entretanto, a redução da morbimortalidade de diversas doenças contrasta com os riscos elevados inerentes a esses sistemas complexos, com demandas ascendentes e investimentos nem sempre suficientes. A segurança do paciente foi definida por Runciman (2009) como “a redução, a um mínimo aceitável, do risco de um dano desnecessário associado ao cuidado de saúde” assume um papel vital tanto como componente na excelência do atendimento ao paciente como um componente crítico do gerenciamento da qualidade dos cuidados nos diversos níveis de atenção à saúde. A execução deste princípio é muitas vezes percebida como uma responsabilidade individual dos profissionais de saúde e, geralmente, não é traduzida no processo de cuidados de saúde e na estrutura do sistema. Nesse sentido, a segurança do paciente deve ser considerada no contexto dos processos de prestação de cuidados de saúde e da cultura da organização, e os mecanismos para proteger os pacientes de danos precisam ser projetados com uma compreensão clara da ciência da segurança (LEOTSAKOS et al., 2014; MERCURI; GAFNI, 2011). Um exemplo prático desse contexto é a segurança no uso de medicamentos, uma vez que, dentre as intervenções prestadas no cuidado em saúde, aquelas relacionadas à farmacoterapia são as mais difundidas e utilizadas (LEHNBOM et al., 2014). Em relação ao impacto econômico, esse problema gerou um custo de 42 bilhões de dólares anualmente em todo mundo, o que representa 0,7% do total das despesas mundiais de saúde (AITKEN; GOROKHOVICH, 2012). É válido destacar também que a morbimortalidade relacionada aos medicamentos causa não somente considerável uso de recursos, como também danos no público em geral e em todo o sistema de saúde. Além disso, estima-se que há uso adicional de recursos devido à 21 consequências indiretas desse problema, como a perda de produtividade das pessoas afetadas de pacientes e profissionais (GYLLENSTEN et al., 2012). Desde 1999, com a publicação do relatório do Institute of Medicine dos Estados Unidos intitulado “Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro”, que se enfatiza a magnitude do problema da segurança do paciente no cuidado em saúde (KOHN et al.,1999). Esta publicação é considerada atualmente um marco na área de segurança do paciente. Neste relatório, um grupo de especialistas analisou os principais componentes do sistema de saúde, capazes de conduzir a erros e dentre os quais, os problemas relacionados ao uso de medicamentos destacaram-se como frequentes e potencialmente fatais. A estimativa apontou que, nos Estados Unidos, aproximadamente 7.000 pacientes morriam devidos a erros que poderiam ser evitados. Tal dado gerou desde então uma busca por soluções para esta questão. A publicação apontou, entre outras situações, que os erros resultantes do uso de medicamentos não eram, na sua totalidade, consequências do problema de saúde do paciente e/ou a sua gravidade. Poderiam ser resultantes também do cuidado recebido pela equipe de saúde e, desta forma, ser prevenidos. Assim, a morbimortalidade relacionada a uso de medicamentos é um problema de alta relevância para a prática clínica. Foi descrita a prevalência de 3% a 18% de mortes de pacientes nos hospitais em consequência de eventos adversos relacionados a medicamentos – reações adversas e erros de medicação (CABELLO et al., 2016; JUNTTI-PATINEN; NEUVONEN, 2012; LAPATTO‐REINILUOTO et al., 2015; PARDO et al., 2009). Um estudo realizado por Montané e colaboradores (2017) encontrou que fatores de risco para as mortes relacionadas a reações adversas a medicamentos são sexo masculino, idosos mais jovens (média de 72 anos) e número elevado de medicamentos utilizados (média de oito medicamentos) (MONTANÉ et al., 2017).Para melhor entendimento é necessário compreender os conceitos empregados na área da segurança no uso de medicamentos e a relação entre eles. Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou a Aliança Mundial pela Segurança do Paciente com o objetivo de, dentre outros, dirigir estratégias para a prevenção, detecção e correção de problemas que afetem a segurança do paciente, em especial aqueles relacionados a medicamentos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Outra iniciativa foi a publicação da Classificação 22 Internacional de Segurança do Paciente (International Classification for Patient Safety) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009) com o objetivo de auxiliar na harmonização de conceitos dentro do contexto da segurança do paciente. De acordo com esta publicação, evento adverso a medicamento é qualquer dano causado pelo uso de um ou mais medicamentos com finalidade terapêutica, abrangendo, portanto, reações adversas e erros de medicação. A reação adversa a medicamento é um dano inesperado que resulta de uma ação ou tratamento justificado em que o processo correto, para o contexto em que o evento ocorreu, foi implementado. A definição de erro será abordada no tópico a seguir. 2.2. Erros de medicação e falhas na comunicação nas transições de cuidado em saúde De acordo com o National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention (2017), os erros de medicação são definidos como: [...] qualquer evento evitável que pode causar ou levar ao uso inadequado de medicamentos ou dano ao paciente, enquanto o medicamento está sob o controle de um profissional de saúde, paciente ou consumidor. Tais eventos podem estar relacionados à prática profissional, produtos de saúde, procedimentos e sistemas, incluindo prescrição, comunicação entre os profissionais, rotulagem dos produtos, embalagem e nomenclatura, composição, dispensação, distribuição, administração, educação, monitoramento e uso. (NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR MEDICATION ERROR REPORTING AND PREVENTION, 2017). Os erros de medicação representam uma fonte significante de desperdício nos gastos em cuidados de saúde. As causas dos erros de medicação são complexas e sistêmicas, resultantes da natureza fragmentada do sistema de atendimento e da incapacidade de compartilhar e usar efetivamente os dados de cuidados de saúde (KRIPALANI et al., 2007; THOMPSON-MOORE; LIEBL, 2012). No que concerne aos erros de medicação, as transições de cuidado são uma das principais causas desse problema (BOOCKVAR et al., 2004; FORSTER et al., 2003). As transições de cuidado podem ser definidas como a coordenação e a continuidade do cuidado em saúde quando um paciente transita em diferentes níveis de atenção á saúde ou entre diferentes níveis de cuidado em um mesmo local (COLEMAN; BOULT, 2003). Por conseguinte, um cuidado seguro nos momentos de transição de cuidado depende não só do conhecimento, habilidades e comportamentos dos profissionais de saúde, mas também da capacidade de 23 reconhecer e acomodar as variações como, a gravidade da doença, co-morbidades, tratamentos anteriores, tratamento atual e necessidades individuais do paciente (COLEMAN; BERESON, 2004). Desta forma, os momentos quando ocorre transição do paciente no hospital (por exemplo, na admissão, transferência entre unidades e alta) são reconhecidos como situações vulneráveis para a segurança no uso de medicamentos uma vez que mudanças não intencionais na farmacoterapia resultante de falhas na comunicação entre a equipe de saúde são comuns (MUELLER et al., 2012). Assim, a comunicação adequada e no tempo correto, incluindo informações sobre medicamentos que foram iniciados, interrompidos ou alterados, assume um papel importante nas transições de cuidados a fim de evitar erros de medicação que possam levar a novos ou piores sintomas, readmissão hospitalar ou morte (LEHNBOM et al., 2014). Problemas relacionados à comunicação sobre os medicamentos entre a equipe de saúde nas transições de cuidado em hospitais vêm sendo objeto de estudo ao longo dos anos (CORNU et al., 2012; MANIAS et al., 2016; NICKERSON et al. 2005; OLSON et al., 2012; TURPLE et al., 2006). O estudo de Cornish e colaboradores (2005), realizado na admissão hospitalar de um hospital de ensino, encontrou que em 54% dos pacientes (n = 151), para os quais foram prescritos no mínimo quatro medicamentos, tinham pelo menos uma variação não intencional entre os medicamentos que o paciente estava tomando em casa e a prescrição na admissão. Dentre essas variações, a mais comum, representando 46% do total, consistiu na omissão de um medicamento que o paciente utilizava antes da admissão. Neste estudo 39% dessas inconsistências foram julgadas como tendo potencial de causar desconforto moderado ou grave nos pacientes. Outro estudo, realizado na admissão do setor de emergência de um hospital, dos 60 pacientes selecionados aleatoriamente, 60% apresentaram pelo menos uma mudança não intencional entre as prescrições de admissão e os medicamentos que estavam tomando em casa (VIRA; COLQUHOUN; ETCHELLS, 2006). Em outro estudo, um ensaio clínico controlado randomizado, avaliou a intervenção multiprofissional de enfermeiros, farmacêuticos e médicos para a correção das discrepâncias entre os medicamentos antes da admissão e após a cirurgia. Realizado com 464 pacientes em um hospital de ensino de cuidados intensivos, no grupo intervenção, 41 (20,3%) de 202 pacientes apresentaram pelo menos uma 24 discrepância pós-operatória relacionada à farmacoterapia domiciliar, em comparação com 86 (40,2%) de 214 pacientes no grupo de cuidados padrão (p <0,001) (KWAN et al., 2007). No trabalho de Unroe e colaboradores (2010), realizado na alta hospitalar encontrou que 196 pacientes (96% [IC 95%, 93-98]) tiveram ao menos uma mudança não intencional nos medicamentos utilizados em casa, totalizando 1102 diferenças totais. Menos da metade (44% [IC 95%, 37-51]) destes pacientes foram explicitamente orientados na alta sobre a prescrição de novos medicamentos ou alterações de dose de medicamentos já utilizados. Apenas 12% (IC 95%, 7-18) receberam instruções escritas para interromper o uso de medicamentos utilizados previamente em casa. Os dados apresentados nesses estudos ilustram como o problema de comunicação sobre a farmacoterapia ocorre nas transições de cuidado. Mudanças não intencionais na farmacoterapia dos pacientes quando estes transitam entre diferentes níveis de atenção a saúde são situações que podem levar a danos aos pacientes (VIRA, COLQUHOUN; ETCHELLS, 2006; CORNISH et al., 2005). Essas diferenças entre a farmacoterapia pregressa de um paciente e o regime terapêutico do novo setor de cuidado são conhecidas como discrepâncias na farmacoterapia, porém sua definição é variável entre os estudos (CORNISH et al., 2005; GLEASON et al., 2004; STEURBAUT et al., 2010;UNROE et al., 2010). De acordo com Steurbaut e colaboradores (2010), as discrepâncias podem ser categorizadas como: a omissão de um medicamento (ou seja, um medicamento que o paciente faz uso domiciliar, mas que não é registrado como tal), medicamento previamente interrompido (registro de um medicamento que foi anteriormente descontinuado em casa pelo paciente, sem reavaliação clínica), medicamento incorreto (um medicamento que nunca foi consumido pelo paciente, mas registrado como tal), duplicação terapêutica, dose incorreta, forma farmacêutica incorreta, horário de administração incorreto, frequência de administração incorreta e marca incorreta do medicamento. Manzorro e colaboradores (2011), por sua vez, descreveram que as discrepâncias podem ser classificadas como intencionais e não intencionais. São consideradas intencionais quando há: adição de novo medicamento justificada pela avaliação do paciente; decisão médica de não prescrever um medicamento ou mudar sua dose,frequência ou via de administração baseado na situação clínica do 25 paciente e na substituição de medicamento. Ainda de acordo com os mesmos autores, discrepâncias não intencionais são: omissão de medicamentos; início de tratamento sem justificativa clínica; dose, frequência ou via de administração diferente daquela que o paciente já faz uso; medicamento diferente de uma mesma classe que o paciente faz uso; duplicação terapêutica; medicamento não disponível no hospital. Recentemente, uma revisão sistemática foi realizada a fim de elucidar a terminologia relacionada às discrepâncias da farmacoterapia. Como resultado, foi encontrada elevada diversidade entre as definições de discrepâncias quando se compara estudos no mesmo local e mesmo ponto de transição (ALMANASREH; MOLES; CHEN, 2016). Destarte, três tipos de situações relacionadas às discrepâncias podem ocorrer nas transições de cuidado (INSTITUTE FOR SAFETY MEDICATION PRACTICES, 2017): discrepância intencional: quando o prescritor faz uma escolha intencional para adicionar, alterar ou interromper um medicamento e sua escolha está claramente documentada. discrepância intencional não documentada: aquela na qual o prescritor escolhe intencionalmente adicionar, alterar ou interromper o uso de um medicamento, mas essa escolha não está documentada. Representam falhas na documentação. discrepância não intencional: aquela na qual o prescritor altera, sem justificativa clínica, a farmacoterapia de um paciente, por exemplo, adicionando ou omitindo um medicamento que o paciente estava fazendo uso antes da admissão. As discrepâncias não intencionais são consideradas erros de medicação. A partir desta classificação é possível instrumentalizar os profissionais de saúde para que possam reduzir as discrepâncias na comunicação e melhorar a segurança do paciente. As discrepâncias não intencionais na farmacoterapia são consideradas erros de medicação (TAM et al., 2005; VIRA, COLQUHOUN, ETCHELLS 2006). Para tanto, a conciliação de medicamentos tem sido empregada como estratégia para solucionar problema na segurança do paciente em relação ao uso de medicamentos. 26 2.3. Conciliação de medicamentos: estratégia-chave para a segurança do paciente A conciliação de medicamentos foi descrita pela primeira vez em meados de 2003 e foi introduzida como termo no Medical Subject HeadingTerms (MeSH) em 2011. Sua origem é relacionada com o aumento da preocupação dos profissionais de saúde com a consequência dos erros de medicação ocasionados pelas transições de cuidado em saúde (ARONSON, 2017). Este processo visa garantir que todas as vezes que o paciente seja deslocado de um setor de cuidado a saúde para outro, as informações sobre seus medicamentos sejam transferidas ao mesmo tempo de forma acurada e completa (INSTITUTE FOR HEALTHCARE IIMPROVEMENT, 2017). A conciliação é definida como o processo formal de obtenção da lista mais precisa possível de todos os medicamentos que o paciente está utilizando, incluindo nome do medicamento, dose, frequência e via de administração, e da contínua avaliação desta lista. Seu objetivo principal é identificar e corrigir discrepâncias não intencionais da farmacoterapia. No cenário hospitalar, a conciliação pode se configurar como um processo a ser realizado no momento da admissão, da transferência entre duas unidades clínicas e da alta hospitalar (INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT, 2017; INSTITUTE FOR SAFETY MEDICATION PRACTICES, 2017; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007). Recentemente no Brasil, o Conselho Federal de Farmácia publicou uma definição para a conciliação de medicamentos: [...] serviço pelo qual o farmacêutico elabora uma lista precisa de todos os medicamentos (nome ou formulação, concentração/dinamização, forma farmacêutica, dose, via de administração e frequência de uso, duração do tratamento) utilizados pelo paciente, conciliando as informações do prontuário, da prescrição, do paciente, de cuidadores, entre outras. Este serviço é geralmente prestado quando o paciente transita pelos diferentes níveis de atenção ou por distintos serviços de saúde, com o objetivo de diminuir as discrepâncias não intencionais.(CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2016). Adicionalmente, a conciliação de medicamentos traz alguns propósitos para a prática clínica (NICE, 2007; NATIONAL PRESCRIPTION CENTER, 2017): assegurar que, nas transições de cuidado, o paciente correto obtenha o medicamento certo, na dose certa e no momento certo. Em outras palavras, garantir a continuidade do tratamento; 27 reduzir o risco de ocorrência de erros de medicação quando o paciente transita de um nível de cuidado para outro; promover a prestação de cuidado adequada no manejo da farmacoterapia de forma personalizada e contínua para cada paciente; esclarecer os pacientes sobre a farmacoterapia utilizada. Importante destacar que nesse processo toda a equipe de saúde responsável pelo cuidado deverá estar informada sobre a farmacoterapia utilizada pelos pacientes; incentivar a eficiência do serviço de saúde, por meio do incentivo a melhor organização do tempo, habilidades e fluxos de trabalho pela equipe de saúde. A Figura 01 traz um exemplo resumido para auxiliar o entendimento do processo de conciliação de medicamentos durante a admissão e a alta de uma unidade de saúde (KWAN et al., 2013). 28 Figura 2: Resumo da conciliação de medicamentos nas interfaces de cuidado (Adaptado de Kwan et al., 2013) Em detalhe, o processo de conciliação pode ser explicado com o auxílio do mnemônico “3C’s”, em que cada “C” representa uma das três etapas principais da conciliação: coleta, checagem e comunicação, em cada momento da transição de cuidado (ex. admissão, transferência e alta): Coleta: é a primeira etapa da conciliação de medicamentos e envolve a aquisição da melhor história possível do uso medicamentos (MHPM), do termo Best 29 possible medication history, em inglês. Mais abrangente do que um histórico primário de uso de medicamentos, geralmente realizados na rotina, o MHPM envolve duas ações: a coleta sistemática da história completa de todos os medicamentos prescritos e não prescritos por meio de uma entrevista estruturada com o paciente/família/cuidadores e a verificação dessa informação com pelo menos outra fonte confiável disponível (por exemplo, um banco de dados de outras internações, caixas de medicamentos, prescrições anteriores de pacientes, uma farmácia comunitária ou com o médico da atenção primária). Com a etapa de coleta, obtém-se uma lista completa e acurada de todos os medicamentos que o paciente faz uso. É importante frisar que a acurácia da história do uso de medicamentos é considerada a “pedra fundamental” da conciliação de medicamentos (KWAN et al., 2013). Uma revisão sistemática realizada por Mueller e colaboradores (2012) destaca que não se pode considerar um programa de conciliação de medicamentos bem sucedido, se o mesmo não incluir a história do uso de medicamentos o mais fidedigna possível. Checagem: a MHPM, obtida na etapa anterior de coleta, é comparada com as prescrições do momento no qual o paciente se encontra na transição do cuidado, por exemplo, admissão, transferência ou alta. É nesta etapa que as discrepâncias não intencionais da farmacoterapia devem ser identificadas e resolvidas. A prevenção, detecção e resolução de discrepâncias na farmacoterapia constituem atividades essenciais no processo de conciliação de medicamentos (ALMANASREH; MOLES; CHEN, 2016). Comunicação: nesta última etapa do processo, todas as discrepâncias não intencionais da farmacoterapia identificadas e resolvidas na etapa de checagem devem ser comunicadas a equipe de saúde responsável pelo cuidado do paciente. Desta forma, todas as modificações realizadas nas prescrições dos pacientes bem como as suas justificativasdevem estar documentadas nos prontuários clínicos dos pacientes. Exemplos dessas mudanças a ser comunicadas podem ocorrer: quando um medicamento é suspenso e a razão para a suspensão do mesmo; quando um medicamento novo é introduzido e qual a justificativa clínica para seu uso quando a duração estimada do tratamento iniciado é alterada (por exemplo, para antibióticos ou hipnóticos) 30 quando há uma alteração na dose, via ou frequência do medicamento e quais os motivos para tais mudanças (particularmente importante quando, por exemplo, um paciente está sendo transferido de uma unidade de alta dependência, como unidade de terapia intensiva, para uma enfermaria médica e a administração de medicamentos variou de parenteral para intravenosa ou oral). Desde 2005, a Joint Commission, órgão responsável pela acreditação hospitalar nos Estados Unidos, incluiu a conciliação de medicamentos como meta de segurança ao paciente. Além disso, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá, para um hospital ser acreditado (instituição certificada com padrões de qualidade) é necessário ter a conciliação de medicamentos implantada (JOINT COMMISSION, 2013). Adicionalmente, em 2006, o Institute of Medicine publicou o documento “Preventing Medication Errors” reconhecendo que a conciliação de medicamentos é importante para a prevenção de erros de medicação (ASPDEN et al., 2007). Mais recentemente, a maioria das organizações internacionais envolvidas com a segurança dos pacientes, por exemplo - Joint Commission, World Health Organization, National Institute of Clinical Excellence and the National Patient Safety Agency, Institute for Healthcare Improvement - tem recomendado a conciliação de medicamentos como estratégia “padrão-ouro” para resolução de erros de medicação por meio da promoção de campanhas e incentivo a sua implantação nas instituições de saúde em todos os níveis de cuidado. Para subsidiar esta implantação, guias e protocolos sobre a conciliação de medicamentos vêm sendo difundidos pelos órgãos competentes em segurança do paciente. Um destaque dessas iniciativas é o projeto “High 5s” da Organização Mundial de Saúde (OMS). O projeto “High 5s”, lançado em 2007, é uma iniciativa global de segurança do paciente que visa facilitar o desenvolvimento, implementação e avaliação de procedimentos operacionais padrão para a resolução de problemas na área (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014). Essa iniciativa visou reduções mensuráveis, significativas e sustentáveis na incidência de problemas relacionados à segurança do paciente a nível hospitalar. O documento ressalta que essa padronização de processos pode melhorar a segurança do paciente, uma vez que a tendência de um processo para falhas é diminuída em relação à consistência com a qual é realizada; ou seja, o grau em que 31 está padronizado (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014). Após alguns anos de avaliação de desempenho, os dados do projeto destacam que muitos hospitais se encontram no processo de disseminação da implementação da conciliação de medicamentos, com variações significativas na execução das etapas relacionadas à conciliação, pois estas diferiam de hospital para hospital e país para país (LEOTSAKOS et al., 2014). Recentemente, tem sido observado que a prática da conciliação ainda é incipiente em países desenvolvidos como a França (CURATOLO et al., 2015), em desenvolvimento, a exemplo do Brasil (SILVESTRE et al., 2016) e subdesenvolvidos, como a Etiópia (MEKONNEN et al., 2017). Apesar de várias evidências geradas por estudos, com destaque para estudos de alta evidência científica como ensaios clínicos e revisões sistemáticas com metanálise (MEKONNEN; MCLACHLAN; BRIEN, 2016a; MEKONNEN; MCLACHLAN; BRIEN, 2016b), a implantação da conciliação de forma efetiva e sustentada na prática ainda é um desafio importante para instituições e prestadores de cuidado em saúde. 2.4. Desafios para a implantação e consolidação da conciliação de medicamentos nos hospitais A conciliação de medicamentos é um processo complexo e de responsabilidade compartilhada entre profissionais de saúde com a participação de pacientes e famílias. Para tanto, requer uma atuação integrada e colaborativa da equipe de saúde, especialmente enfermeiros, farmacêuticos, médicos. Tal demanda, exige competências clínicas e habilidades específicas para os profissionais envolvidos (INSTITUTE FOR SAFETY MEDICATION PRACTICES, 2017). Os papéis e responsabilidades reais para cada participante são baseados no modelo ideal de prática da conciliação de medicamentos, que leva em consideração tanto os recursos de pessoal disponíveis quanto os fluxos de trabalho existentes. No entanto, estes últimos estão sujeitos a variação de hospital para hospital e, no mesmo hospital, de equipe em equipe. Algumas diretrizes das instituições relacionadas à segurança do paciente discorrem sobre a importância de pacientes e profissionais no processo de conciliação (INSTITUTE FOR SAFETY MEDICATION PRACTICES, 2017; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014): 32 Pacientes, familiares e cuidadores: os pacientes, seus familiares e cuidadores são agentes principais no processo de conciliação, uma vez que são as principais fontes de consulta e confirmação de sua história de uso de medicamentos. Desta forma, no processo de cuidado, é essencial que os pacientes e suas famílias sejam orientados em relação a informar sua farmacoterapia pregressa e atual a todos os profissionais de saúde que o estão assistindo (BAJCAR, 2006). Enfermagem: a equipe de Enfermagem frequentemente é o primeiro ponto de contato entre um paciente, família e a equipe de saúde e fornecem uma conexão importante entre estes e a equipe de saúde. Farmácia: o profissional farmacêutico, sempre que possível, deve assumir a liderança na gestão adequada da informação sobre a farmacoterapia aos pacientes e outros profissionais de saúde. Estudos recentes mostram que quando o farmacêutico atua como líder no processo de conciliação de medicamentos, seus resultados são mais efetivos para a prática clínica (MEKONNEN; MCLACHLAN; BRIEN, 2016a; MEKONNEN; MCLACHLAN; BRIEN, 2016b). Medicina: ao médico, como principal responsável pela prescrição, cabe garantir que as prescrições do paciente na admissão, transferência e altas sejam completas e acuradas. Quaisquer alterações nos medicamentos devem ser documentadas nos prontuários e as discrepâncias resolvidas o mais rápido possível. A American Medical Association incentiva a capacitação destes profissionais para a realização da conciliação de medicamentos (AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION, 2017). A equipe de saúde responsável pelo cuidado precisa estar ciente de seus papéis e responsabilidades para a conciliação de medicamentos ser considerada uma prática efetiva. Aliado a isso, a cultura da organização em relação à colaboração interdisciplinar e o trabalho em equipe irão influenciar significativamente a comunicação na conciliação de medicamentos, visto que o processo é melhor conduzido em um ambiente de responsabilidade compartilhada. Por outro lado, embora o princípio básico da comunicação sobre os medicamentos e o seu valor para a segurança do paciente sejam geralmente aceitos, o processo em si é muitas vezes considerado exaustivo e pode sofrer resistência por parte da equipe se não for 33 implementado de forma sistemática, com supervisão, recursos e envolvimento de todos os profissionais responsáveis pelo cuidado (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014) Pevnick e colaboradores (2016) afirmam que muitos dos benefícios da conciliação de medicamentos são dependentes de uma abordagem abrangente que frequentemente envolve a comunicação de farmacêuticos com outros provedores do cuidado e com os pacientes. Nesse ínterim, as intervenções realizadas pela equipe de saúde devem ocorrer de forma sinérgica a fim de queos benefícios para os pacientes sejam alcançados. Por outro lado, os autores destacam que, devido à intensidade de carga de trabalho exigida para as intervenções da conciliação (por exemplo, detecção e resolução de discrepâncias antes da elaboração das prescrições) os resultados tangíveis da conciliação são muitas vezes de difícil medição e despercebidos pela equipe. Os esforços visando à melhora da qualidade da conciliação de medicamentos demandam a colaboração interprofissional concentrada em compreender os fluxos de trabalho existentes e propor estratégias para melhorá-los. Sem um protocolo padronizado que designe o papel de cada provedor na obtenção da história de uso de medicamentos e na documentação adequada da mesma, cada profissional corre o risco de cometer um dos dois erros: (1) não obter uma história de uso de medicamentos suficientemente abrangente, talvez com a suposição de que outro provedor o fez ou o fará ou (2) gastar tempo desnecessariamente com a obtenção da história de uso de medicamentos, mesmo que outro fornecedor tenha feito isso ou o fará (MUELLER et al., 2013). Tal dificuldade pode ocorrer por falta de consenso sobre o que constitui a conciliação de medicamentos para cada profissional, o que prejudica a avaliação de suas intervenções e efeitos (ROSE; FISHER; PAASCHE-ORLOW, 2017). A revisão sistemática de Almanasreh, Moles e Chen (2016) trouxe à luz da discussão os diferentes conceitos e terminologias empregadas para a definição da conciliação, suas etapas e sobre o conceito de discrepâncias. Para os autores, a falta de padronização de práticas e clarificação dos termos utilizados dificultam a mensuração e divulgação dos impactos positivos provenientes da conciliação de medicamentos. Estudos recentes corroboram esses achados, afirmando que a falta de clareza de papéis de enfermeiros, farmacêuticos e médicos em relação à conciliação 34 de medicamentos em conjunto com a ausência de processos importantes, como a documentação da MHPM, podem resultar em conciliação incompleta, ineficiência, duplicação de trabalho e, possivelmente, mais confusão sobre a farmacoterapia de um paciente (AL-ASHAR et al., 2016; LEE et al., 2015; VOLGSMEIER et al., 2013). Portanto, a comunicação efetiva entre a equipe de saúde está no cerne do processo de conciliação de medicamentos, tanto no que justificou a sua criação quanto no que impõe barreiras à sua implantação e sustentabilidade nos diferentes cenários de prática clínica. 2.5. As pesquisas sobre conciliação de medicamentos no Brasil – presente e perspectivas Mundialmente a busca por soluções para a segurança do paciente se inicia em meados nos anos 2000. Por outro lado, no Brasil, apenas em 2013 foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente, por meio da Portaria n° 529 de 2013 do Ministério da Saúde. O objetivo geral desta foi contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, bem como, fomentar a inclusão do tema segurança do paciente na pós-graduação na área da saúde (BRASIL, 2013a). Essa legislação, juntamente com a RDC n° 36 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, incentivou a busca por ações para a promoção deste tema e a melhora da qualidade nos serviços de saúde (BRASIL, 2013b). Em consonância com a publicação destas duas legislações, no cenário nacional, as pesquisas sobre segurança do paciente vêm crescendo ao longo dos anos. No que concerne a conciliação de medicamentos, dissertações de mestrado desenvolvidas mostram a relevância do tema para as investigações no país. No Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, 2017), 15 trabalhos sobre o tema foram identificados (ADRIANO, 2016; BEZERRA, 2015; CASTILHO, 2016; FERREIRA, 2015; FIGUEIRA, 2015; GAI, 2015; GRAÇA, 2015; LINDENMEYER, 2015; LOMBARDI, 2016; MARQUES, 2013; MENDES, 2016; SILVESTRE, 2014; SOARES, 2016; SPALLA, 2013; VELOSO, 2014). 35 Como produtos de alguns destes trabalhos, publicações sobre o tema são encontradas na literatura. Dois trabalhos foram realizados na admissão do setor de cardiologia em hospitais de grande porte. Magalhães e colaboradores (2015), em estudo realizado na admissão de uma clínica cardiológica de um hospital, observaram a ocorrência de 181 discrepâncias em 50 pacientes (86%), sendo que 32 (17.7%) delas eram não intencionais. Foram aceitas 23 (74,2%) intervenções da conciliação de medicamentos para a resolução destas. Por sua vez, Lombardi e colaboradores (2016), observaram uma alta prevalência de discrepâncias não intencionais (50,4%), com destaque para omissão (61,0%), dose (18,6%), frequência (18,6%) e via de administração (1,7%). Silvestre e colaboradores (2016), em um estudo transversal, observaram que dos 358 pacientes incluídos no estudo, 150 apresentaram uma ou mais discrepância não intencionais, sendo identificadas 327 discrepâncias ao total, das quais a omissão foi a mais frequente (n=128, 85,3%). Os autores ainda observaram que em 117 casos (44,8%) não houve registro da farmacoterapia anterior e em 137 casos (52,4%), os pacientes não foram questionados sobre alergias. Outro trabalho, um ensaio clínico randomizado, apontou que 327 discrepâncias foram encontradas no grupo da conciliação em comparação ao grupo controle, destas, 172 (52,6%) não foram intencionais. A omissão, a dosagem, o intervalo e a via de administração, respectivamente, foram o tipo mais comum de discrepâncias encontradas. (MENDES et al., 2016). Uma estratégia para viabilizar/facilitar a medição dos resultados da conciliação é a utilização de instrumentos. No entanto, ainda é escasso o número de instrumentos validados para a conciliação de medicamentos. Neste sentido, o processo de validação é importante pois analisa se o instrumento é adequado e preciso, garantindo assim que seus resultados sejam fidedignos ao que se propõem a medir. Um mesmo instrumento pode passar/ser submetido a diversos tipos de validação, como a validade de critério, de construto, concorrente, preditiva, convergente, transcultural, de conteúdo, entre outras (SOUZA; ALEXANDRE; GUIRARDELLO, 2017). A validação de conteúdo avalia se o conteúdo de cada elemento do instrumento em questão reflete de forma adequada e representativa o construto a ser medido, ou seja, avalia se o instrumento trouxe em seu conteúdo o domínio que deseja ser explorado (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; SOUZA; ALEXANDRE; 36 GUIRARDELLO, 2017). Para isso, diversas técnicas podem ser adotadas, como o grupo nominal e a técnica Delphi. A técnica Delphi é uma técnica interativa para obtenção de consenso de um grupo de especialistas (HASSON; KEENEY; MCKENNA, 2000; WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000). Uma das vantagens desta técnica é que o grupo de especialistas não precisam estar reunidos fisicamente. Assim, este grupo é convidado a responder um questionário individualmente repetidas vezes, até que os atributos do instrumento sejam completamente avaliados e haja um consenso. O fato de os especialistas não estarem na mesma área geográfica e fornecerem pareceres individuais reduzem a influência de fatores psicológicos em comparação com técnicas onde o consenso é obtido por reunião física, como a técnica do grupo nominal (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000). Ante ao exposto, apesar dos recentes esforços na realização e publicação de alguns trabalhos, no Brasil, estudos sobre este tema ainda são incipientes. Paralelamente, em 2017, a OMS lançou o Terceiro Desafio Global para a Segurança do Paciente, cujo objetivo principal será reduzir o nível de danos severos e evitáveis relacionados a medicamentos em 50% ao longo de cinco anos, por meio de estratégias que incluem, dentre outras, a melhora da comunicação escrita e segurança do pacientenas transições de cuidado medicamentos (DONALDSON et al., 2017). Por conseguinte, a demanda de trabalhos sobre importância da comunicação escrita para a completa execução da conciliação ainda é imperativa. 2.6. Histórico da tese O Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da Universidade Federal de Sergipe – Brasil (LEPFS/UFS) é uma iniciativa acadêmica, estabelecida em 2007, com o intuito de desenvolver atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão e formar profissionais capacitados para a execução de estudos na área da Farmácia Social. O LEPFS/UFS tem como missão inovar e formar para o cuidado ao paciente e para promoção do uso racional de medicamentos. Desde a sua criação o LEPFS se configura como referência nacional no ensino e no desenvolvimento de pesquisas e extensão na área farmacêutica. São temas desenvolvidos: educação farmacêutica; farmácia social; comunicação farmacêutica; desenvolvimento, tradução, adaptação transcultural e validação de 37 instrumentos; implantação e desenvolvimento de serviços clínicos farmacêuticos (SCF); avaliação do impacto dos SCF nos resultados em saúde; políticas e sistemas de saúde; avaliação do processo de trabalho dos farmacêuticos; saúde baseada em evidências; farmácia clínica e segurança do paciente; gerontologia; avaliação de competências clínicas; capacitação e formação de recursos humanos; e, uso racional de medicamentos. Importante destacar que estes trabalhos foram desenvolvidos nos diferentes cenários do sistema de saúde brasileiro, como farmácia comunitárias, farmácias especializadas, hospitais, ambulatórios, instituições de longa permanência para idosos, dentre outros. Em relação às pesquisas sobre segurança do paciente, em 2010 foi realizada a primeira Defesa de Mestrado no LEPFS, da então aluna de mestrado, Jullyana de Souza Siqueira Quintans. A pesquisa abordou a temática dos erros de medicação, em especial, de prescrição em uma clínica cardiológica de um hospital privado do Nordeste do Brasil (QUINTANS, 2010). Após esse trabalho, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe passou a ser um cenário para as pesquisas do grupo. No ano seguinte foi dada continuidade por meio de trabalhos que envolveram a atuação do farmacêutico em serviços clínicos em colaboração com a equipe de saúde em prol da segurança do pacientes, dentre outros desfechos. Deste então, foram realizados três mestrados, o de Carina Carvalho Silvestre, Genival Araújo de Santos Júnior e Rafaella Oliveira Santos Silva, e um doutorado, de Tatiane Cristina Marques, neste cenário (MARQUES, 2015; SANTOS-JÚNIOR, 2013; SILVA, 2017; SILVESTRE, 2014). Em 2014, a farmacêutica Carina Carvalho Silvestre defendeu a dissertação de mestrado intitulada “Necessidade da conciliação de medicamentos: avaliação da história da farmacoterapia de pacientes admitidos em um hospital universitário”, constituindo o primeiro trabalho do grupo sobre conciliação de medicamentos. Após finalizar o Mestrado, foi selecionada como tutora para atuar no Curso Internacional de Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente, organizado em parceria pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e Ministério da Saúde. Este curso foi ofertado como uma das ações estratégicas do Programa Nacional de Segurança do Paciente, lançado em abril de 2013, a qual teve como meta ofertar 1000 vagas para profissionais indicados por hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2016, a então 38 doutoranda foi selecionada novamente para a segunda edição do curso, ofertado desta vez para profissionais das Redes de Urgência e Emergência. Em relação à experiência docente, a doutoranda, foi professora substituta por um ano do curso de Farmácia Universidade Federal de Sergipe Campus Lagarto, ministrando a disciplina de Práticas em Ensino Farmacêutico na Comunidade III. Nesta disciplina, ofertada integralmente no cenário hospitalar, foram ministrados conteúdos referentes à segurança do paciente, segurança no uso de medicamentos e conciliação de medicamentos. No que concernem às pesquisas atuais do LEPFS sobre conciliação de medicamentos, a Msc. Thaciana dos Santos Alcântara está desenvolvendo o seu projeto de doutorado no Hospital de Urgências de Sergipe intitulado “Impacto da Conciliação de Medicamentos no setor de pediatria de um hospital público de alta complexidade”, constituindo a segunda investigação do grupo sobre conciliação de medicamentos. Portanto, o referido campo de estudo ainda apresenta grande potencial de exploração de pesquisa pelo grupo. 38 39 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral Analisar a conciliação de medicamentos sob aspectos relacionados a fatores de risco para discrepâncias não intencionais, documentação da prática e desenvolvimento de instrumento. 3.2. Objetivos específicos Analisar potenciais fatores de risco para discrepâncias não intencionais da farmacoterapia identificadas na admissão hospitalar; Caracterizar a comunicação escrita sobre o uso de medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta hospitalar em prontuários clínicos; Validar o conteúdo de um questionário desenvolvido para survey sobre a conciliação de medicamentos em hospitais do Brasil. 40 RESULTADOS 41 42 4.1. CAPÍTULO I: Risk factors for unintentional medication discrepancies at hospital admission: A matched case-control study O texto completo referente ao Capítulo 1, que no texto integral da Tese defendida ocupa o intervalo de páginas 42 e 43, foi suprimido por tratar-se de artigo publicado em revista cujo acesso não está disponível gratuitamente. O mesmo foi publicado na Revista European Journal of Internal Medicine, na edição do mês de maio de 2017, volume 40. 44 45 4.2 CAPÍTULO II: ‘What is not written does not exist’: the importance of proper documentation of medication use history O texto completo referente ao Capítulo 2, que no texto integral da Tese defendida ocupa o intervalo de páginas compreendido entre as páginas 44 a 50, foi suprimido por tratar-se de artigo publicado em revista cujo acesso não está disponível gratuitamente. O mesmo foi publicado na Revista International Journal of Clinical Pharmacy, na edição do mês de outubro de 2017, volume 39, número 5. 51 3 52 4.3. CAPÍTULO 3: Comunicação escrita relacionada a medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta em hospital de ensino Carina Carvalho Silvestre Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Departamento de Farmácia, São Cristóvão, SE, Brasil Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil E-mail: farm.carina@gmail.com / lepfs.ufs@gmail.com Lincoln Marques Cavalcante Santos Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Departamento de Farmácia, São Cristóvão, SE, Brasil Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil E-mail: marques.lincoln@hotmail.com / lepfs.ufs@gmail.com Luana Andrade Macêdo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Departamento de Farmácia, São Cristóvão, SE, Brasil Endereço: Cidade Universitária “Prof. JoséAloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil E-mail: luaamacedo@gmail.com / lepfs.ufs@gmail.com Francisco Carlos de Jesus Júnior Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Departamento de Farmácia, São Cristóvão, SE, Brasil Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil 53 E-mail: jr_farmaceutico@hotmail.com/ lepfs.ufs@gmail.com Débora Mônica Machado Pimentel Departamento de Medicina, Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE, Brasil Endereço: Rua Cláudio Batista, s/n, Bairro Cidade Nova, Aracaju, SE, CEP: 49060-108, Brasil E-mail: deborahpimentel@icloud.com Divaldo Pereira de Lyra Júnior Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Departamento de Farmácia, São Cristóvão, SE, Brasil Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil E-mail: lyra_jr@hotmail.com / lepfs.ufs@gmail.com Telefone: +55 79 2105-6319 Autor correspondente: DP Lyra Jr. Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil. Telefone/Fax: +55 79 2105-6319. E-mail: lepfs.ufs@gmail.com. 54 RESUMO Introdução. A comunicação efetiva sobre o uso medicamentos em ambiente hospitalar é um processo que contribui para a promoção da segurança do paciente. Apesar de sua importância, especialmente para a conciliação de medicamentos, a comunicação escrita sobre o uso de medicamentos nos prontuários de pacientes ainda é pouco investigada na literatura. Assim, o presente estudo visou descrever a documentação em prontuários clínicos sobre medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta hospitalar. Métodos. Um estudo transversal foi realizado nos prontuários dos pacientes admitidos em um hospital universitário no nordeste do Brasil entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017. As evoluções de enfermeiros, farmacêuticos e médicos foram avaliadas para caracterizar o registro de informações sobre o uso de medicamentos. Além disso, uma análise de falhas de comunicação foi conduzida em todos os registros. Resultados. Neste estudo foram incluídos 202 pacientes com idade média de 51,48 ± 16,42 (19-97) anos. Não houve registro sobre reações alérgicas e reações adversas a medicamentos em 44 (21,9%) evoluções dos enfermeiros, 8 (22,9%) dos farmacêuticos e 54 (26,8%) dos médicos. Além disso, foram identificadas 1.588 alterações nas prescrições durante a coleta de dados, sendo que apenas 390 (24,5%) destas alterações foram justificadas. Ainda, foi possível identificar 485 falhas de comunicação sobre medicamentos em 65,3% (n=132) das evoluções dos três profissionais avaliados. Conclusões. Os resultados revelaram que a documentação sobre o uso de medicamentos nos prontuários clínicos é incompleta e inconsistente nas evoluções das três profissões investigadas. Portanto, mais estudos devem investigar a qualidade do registro de informações sobre medicamentos, aprimorando a comunicação dos profissionais de saúde e a segurança do paciente nos pontos de transição de cuidados. Palavras-chave – documentação, comunicação em saúde, segurança do paciente, hospital de ensino. 55 INTRODUÇÃO A comunicação efetiva sobre o uso medicamentos em ambiente hospitalar é um processo dinâmico e complexo que contribui para a garantia da segurança do paciente.[1] Segundo Manias et al. (2016)[2], quando há completude das informações na comunicação entre a equipe de saúde é possível assegurar a continuidade do cuidado principalmente nos pontos de transição. Falhas na comunicação sobre o uso de medicamentos nos serviços de saúde têm sido amplamente relatadas.[3-6] Evidências recentes sugerem que deficiências na transferência de informações entre os profissionais de saúde podem causar erros de medicação, como discrepâncias não intencionais na farmacoterapia.[7] Estas podem ocorrer quando há alteração da farmacoterapia sem justificativa clínica durante as transições de cuidado ou quando a intencionalidade da alteração não é documentada.[8-9]. Assim, a conciliação de medicamentos surge como a estratégia mais efetiva para a resolução dessa problemática.[10-12] A literatura aponta desafios relacionados a implantação e consolidação da conciliação de medicamentos, sendo a qualidade e a confiabilidade da documentação sobre os medicamentos descritos como desafios ainda não superados.[13-16] Idealmente, todos os medicamentos que o paciente faz uso antes, durante e após a internação hospitalar devem estar registrados bem como quaisquer mudanças e as justificativas para tais alterações, melhorando a comunicação entre a equipe de saúde [17,18] A documentação completa garante que as informações relevantes para a tomada de decisões relacionada aos cuidados de saúde estejam disponíveis, contribuindo para o acompanhamento e avaliação do tratamento, reduzindo episódios de, por exemplo, omissões e duplicidade terapêutica [19,20] Nesse contexto, o prontuário deveria ser o principal documento que reflete a 56 história do paciente, desde a admissão até a alta hospitalar, permitindo a continuidade do cuidado.[5,18] Apesar da importância da documentação do uso de medicamentos durante as transições do cuidado, estudos que abordam esta temática ainda são incipientes.[6].[2,17,21-23] Assim, o presente estudo visou descrever a documentação em prontuários clínicos sobre medicamentos por enfermeiros, farmacêuticos e médicos na admissão, internamento e alta hospitalar. METODOLOGIA Delineamento do estudo Foi realizado um estudo transversal, de análise documental, com base nos dados obtidos de prontuários dos pacientes. Local do estudo O estudo foi realizado por meio do levantamento dos dados obtidos nos prontuários dos pacientes internados em um Hospital Universitário do Nordeste. População do estudo Neste estudo, a população foi constituída dos prontuários de pacientes adultos de ambos os gêneros, internados nas Clínicas Cirúrgicas (I e II), Médicas (I e II) e Unidade de Terapia Intensiva em um Hospital Universitário do Nordeste. Foram incluídos os pacientes que atenderam aos seguintes critérios de elegibilidade: 1) possuir mais de 18 anos de idade e 2) estar internado por, no mínimo, 48 horas. 57 Coleta de Dados A coleta de dados foi realizada de abril a agosto de 2017, por meio da investigação dos prontuários de pacientes internados no hospital do estudo de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017. Antes de iniciar a coleta de dados, dois coordenadores (L.M.C.S. e C.C.S.) e cinco assistentes de pesquisa (A.S.D., G.A.C.C., L.A.M., R.O.S.S. e T.S.A.) foram nomeados. Os prontuários foram lidos de forma independente e individual pelos assistentes de pesquisa. Em caso de divergências, estas foram resolvidos por consenso entre os mesmos. Todos as assistentes eram farmacêuticas-pesquisadoras e membros do mesmo grupo de pesquisa. As assistentes vivenciaram treinamentos que objetivaram a familiarização com o instrumento de coleta de dados e o esclarecimento de dúvidas que poderiam surgir durante o preenchimento do instrumento. Estrutura dos prontuários Os dados dos pacientes internados no hospital do estudo são registrados em prontuários de papel, que exibem informações do paciente desde a admissão hospitalar até a contabilização das despesas na instituição, e em sua estrutura possuem: dados sociodemográficos do paciente, incluindo a descrição dos procedimentos solicitados; motivo do internamento, comorbidades e prováveis diagnósticos do paciente; informações sobre alergias, tratamentos anteriores e os realizados na instituição. Além disso, no prontuário estãocontidas as prescrições realizadas durante o internamento e as evoluções clínicas dos profissionais de saúde responsáveis pelo cuidado do paciente. Por fim, estão incluídas as orientações pós-alta hospitalares e contrarreferência para encaminhamento do 58 paciente. Para atender aos objetivos deste estudo foram analisados os dados presentes nos prontuários registrados pelos três profissionais diretamente envolvidos no processo de uso de medicamentos: enfermeira(o), farmacêutica(o) e médica(o). Os dados foram coletados a partir das fichas de admissão hospitalar ou, quando estas não estavam presentes, da primeira evolução médica no prontuário do paciente. Os registros presentes na assistência de Enfermagem e nas evoluções farmacêuticas no primeiro dia de internação hospitalar também foram considerados como fonte de informações nesta etapa. Na internação hospitalar, os dados foram extraídos das prescrições de medicamentos, avaliações pré-anestésicas, fichas de solicitação de parecer de outras especialidades e evoluções multiprofissionais da Enfermagem, Farmácia e Medicina. Na alta hospitalar foram extraídas as informações presentes apenas nos relatórios de alta hospitalar ou, quando estes não estavam presentes, da última evolução da Enfermagem, Farmácia e Medicina. Variáveis analisadas A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário desenvolvido e estruturado pelos pesquisadores possuindo 32 questões divididas em quatro partes: 1) informações gerais do paciente (idade, sexo, natureza da internação, clínica de internação, quantidade de dias de internação e motivo de internamento; 2) evolução da Medicina; 3) evolução da Enfermagem; 4) evolução da Farmácia. O formulário completo se encontra no Apêndice desse artigo. Nas evoluções na admissão foram verificados os registros de: alergias e reações adversas a medicamentos; medicamentos utilizados antes da admissão hospitalar incluindo a dose, frequência e duração do tratamento; alterações no uso 59 dos medicamentos utilizados antes da admissão, sendo classificadas quanto ao tipo de alteração (modificação ou suspensão), assim como se esta alteração foi justificada e qual a justificativa; momento no qual tais informações foram registradas (ex. admissão, internamento ou alta). Nas evoluções durante o internamento foram verificados os registros de: transferências para outras clínicas na mesma instituição durante a internação hospitalar; alterações nas prescrições dos medicamentos, tais como mudanças na dose, frequência, via de administração, adições, substituições e suspensões de medicamentos e a justificativa para tais alterações; alterações nas prescrições como consequência da intervenção de outro profissional, bem como se tal sugestão foi aceita; intercorrências relacionadas aos medicamentos e referências a outros profissionais que sugerissem intervenções na farmacoterapia. Nas evoluções durante a alta, foram verificados os registros de: alterações entre os medicamentos que o paciente utilizava antes da admissão hospitalar e os que foram prescritos na alta, sendo classificadas quanto ao tipo de alteração (modificação ou suspensão), assim como se esta alteração foi justificada e qual a justificativa; alterações nas prescrições de alta como consequência da intervenção de outro profissional, bem como se tal sugestão foi aceita; contrarreferência para encaminhamento do paciente após alta hospitalar. Análise das falhas de comunicação As evoluções da Enfermagem, Farmácia e Medicina foram analisadas a fim de identificar falhas de comunicação escrita sobre medicamentos. Essa análise foi realizada utilizando como referência os estudos de Lingard et al. (2004)[24] e Manias et al. (2016)[2]. A partir dessa abordagem, os registros referentes às intercorrências 60 relacionadas ao uso de medicamentos na instituição foram transcritos, analisados e classificados. Para a classificação das falhas, a tipologia presente no Quadro 1 foi adotada. Quadro 1. Tipologia adotada para a classificação das falhas de comunicação. Sergipe, Brasil, 2017. Falhas Definição Ocasião (“quando?”) Uma falha de ocasião significa que houve problemas durante o tempo em que a comunicação ocorreu Audiência (“quem?”) Uma falha de audiência acontece quando houver lacunas na equipe envolvida na comunicação Propósito (“por quê?”) Uma falha de propósito significa que o propósito ou objetivo da comunicação não foi claro, não foi alcançado ou foi inapropriado Conteúdo (“o quê?”) Uma falha de conteúdo ocorre quando uma informação sobre medicamentos está ausente ou incompleta ou quando há conflito de informações Fonte: adaptado de Lingard et al. (2004)[24] e Manias et al. (2016)[2]. Calibração do instrumento de coleta de dados Na fase de planejamento deste estudo foi elaborado um formulário de coleta de dados utilizando variáveis da admissão, internação e alta hospitalar extraídas de estudos semelhantes encontrados na literatura.[24-27] Posteriormente, o formulário foi submetido a um estudo-piloto, a partir da análise por conveniência de 92 prontuários de pacientes admitidos no segundo trimestre de 2016, seguindo os mesmos critérios de elegibilidade e no mesmo cenário de prática. Os dados foram analisados por dois observadores independentes (L.M.C.S. e F.C.J.J.) sob supervisão de um terceiro pesquisador (C.C.S.). Aspectos éticos O estudo foi autorizado pela Diretoria do Hospital e possui aprovação no 61 Comitê de Ética em Pesquisa Local mediante parecer de nº CAAE 08125912.5.0000.0058. Análise estatística Os formulários de coleta, após levantamento dos dados, foram submetidos à uma verificação e análise do preenchimento por meio do armazenamento em banco de dados, na qual foram verificadas as possíveis incoerências, as duplicidades e as inconsistências utilizando o software Microsoft® Excel for Mac Version 15.19.1 (160212). Com o auxílio deste software, as variáveis categóricas e contínuas serão representadas, respectivamente, por frequência e estatística descritiva (média, desvio padrão, valores mínimos, máximo e intervalo de confiança). RESULTADOS Ao longo do desenvolvimento deste estudo, 424 pacientes foram admitidos no hospital nas cinco alas estudadas. Destes, apenas 202 (47,6%) pacientes atenderam os critérios de inclusão e tiveram, dessa forma, seus prontuários analisados. Foram excluídos 222 pacientes pelas seguintes razões: tiveram alta em menos de 48 horas (n=208; 49,0%), não foi possível encontrar o prontuário (n=8; 1,9%) ou tinham idade inferior a 18 anos (n=6; 1,4%) (Figura 1). Caracterização dos pacientes estudados Dos 202 prontuários analisados, 121 (59,9%) eram de pacientes do sexo feminino e possuíam média de idade de 51,48 ± 16.42 (19–97) anos. A Tabela 1 traz a caracterização completa dos pacientes estudados. 62 Tabela 1. Características dos pacientes do estudo. Sergipe, Brasil, 2017. Variáveis N (%) Gênero Feminino 121 (59,9%) Masculino 81 (40,1%) Idade 18 – 29 anos 21 (10,4%) 30 – 39 anos 30 (14,9%) 40 – 49 anos 41 (20,3%) 50 – 59 anos 47 (23,3%) 60 – 69 anos 38 (18,8%) Mais de 70 anos 25 (12,3%) Origem do internamento Ambulatorial 192 (95,0%) Hospital 10 (5,0%) Clínica de Internamento Clínica Cirúrgica 124 (61,4%) Clínica Médica I 40 (19,8%) Clínica Médica II 37 (18,3%) Unidade de Terapia Intensiva 1 (0,5%) Tempo de Internação 1 – 4 dias 103 (51,0%) 5 – 9 dias 40 (19,8%) 10 – 14 dias 25 (12,4%) 15 – 19 dias 9 (4,4%) 20 – 24 dias 11 (5,4%) 25 – 29 dias 7 (3,5%) Mais de 30 dias 7 (3,5%) Transferências durante o internamento Intrahospitalar 15 (7,4%) Interhospitalar 1 (0,5%) N = número de pacientes A razão para internamento mais prevalente foi cirurgia para colelitíase ou obstrução da via biliar (com ou sem colecistite) (n=20; 9,9%), seguido de neoplasia maligna de mama (n=9;4,4%), neoplasia benigna da glândula tireoide (n=8; 3,9%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (n=8; 3,9%). Documentação nas evoluções dos profissionais de Enfermagem, Farmácia e Medicina Admissão hospitalar No estudo, todos os 202 prontuários incluídos possuíam evoluções da Medicina na admissão hospitalar. Destes, 201 (99,5%) prontuários possuíam evolução de admissão da Enfermagem. Em relação aos registros da Farmácia, 63 foram encontrados somente 35 (17,3%) evoluções no momento da admissão. Em relação ao momento do registro, o farmacêutico foi o profissional que menos registrou a farmacoterapia pregressa no momento da admissão, com média de 2,6 ± 4,5 (0–22) dias para documentar o uso prévio de medicamentos no prontuário. A Tabela 2 traz a descrição das informações referentes a farmacoterapia na admissão presentes nas evoluções da Enfermagem, Farmácia e Medicina. Tabela 2. Registros das informações sobre a farmacoterapia na admissão nas evoluções da Enfermagem, Farmácia e Medicina no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (n= 202). Sergipe, Brasil, 2017. Variáveis analisadas Evolução da Enfermagem Evolução da Farmácia Evolução da Medicina n/ntotal (%) n/ntotal (%) n/ntotal (%) Registro por escrito de alergias e/ou reações adversas a medicamentos Presente 157/201 (78,1%) 27/35 (77,1%) 148/202 (73,2%) Momento do registro Admissão 151/157 (96,2%) 12/27 (44,4%) 144/148 (97,3%) Internamento 6/157 (3,8%) 15/27 (55,6%) 4/148 (2,7%) Registro por escrito sobre o uso de medicamentos antes da admissão Presente 56/201 (27,8%) 28/35 (80,0%) 167/202 (82,6%) Nega o uso de medicamentos antes da admissão 12/56 (21,4%) 5/28 (17,8%) 37/167 (22,1%) Dose 8/44 (18,1%) 16/23 (69,5%) 102/130 (78,4%) Frequência 6/44 (13,6%) 15/23 (65,2%) 90/130 (69,2%) Duração do tratamento 1/44 (2,2%) 1/23 (4,3%) 13/130 (10,0%) Momento do registro Admissão 55/56 (98,2%) 10/28 (35,7%) 166/167 (99,4%) Internamento 1/56 (1,8%) 18/28 (64,3%) 1/167 (0,6%) No que se refere ao registro da farmacoterapia pregressa, 167 (82,7%) prontuários possuíam essa informação e 73 (43,7%) destes apresentaram 86 64 alterações nos medicamentos utilizados antes da admissão. Estas alterações foram classificadas como: suspensão no uso desses medicamentos (n=64, 74,4%); e substituição na dose, frequência ou via de administração dos mesmos (n=22, 25,6%). Ademais, apenas 8 (9,3%) modificações possuíam justificativas documentadas nos prontuários dos pacientes. Internamento hospitalar Quanto às prescrições de medicamentos, os prontuários de 168 (83,1%) pacientes apresentaram algum tipo de alteração nas prescrições durante a internação hospitalar. Foram identificadas 1.588 alterações nas prescrições no período de coleta de dados, levando a uma média de 9,45 (I.C. 95%; 7,71–11,19) alterações por paciente. Ainda, apenas 390 (24,5%) das mudanças encontradas foram justificadas, sendo estas classificadas de acordo com a Figura 2. Destas 390 mudanças justificadas, 29 foram relacionadas a intervenções de médicos, duas foram relacionadas aos registros dos enfermeiros e uma de farmacêutico. As recomendações destes profissionais foram aceitas em todos os 32 casos. Em 48 (23,7%) dos 202 prontuários foram registradas 116 intercorrências relacionadas a farmacoterapia nas evoluções da Enfermagem. Ademais, foram observadas 59 referências diretas a outros profissionais. Os médicos foram os mais citados (n=39; 66,1%), seguido dos enfermeiros (n=19; 32,2%) e nutricionistas (n=1; 1,7%). Das referências descritas foram verificadas que 26 (44,0%) indicavam intervenções na farmacoterapia do paciente. Dentre as ações sugeridas estavam a suspensão da administração dos medicamentos, dada a condição clínica do paciente, e a alteração no horário de administração destes medicamentos por ordem do médico. Neste estudo foi verificado que apenas 11 prontuários continham a 65 documentação de intercorrências relacionada ao uso de medicamentos realizada por farmacêuticos. Nos prontuários foi identificado o registro de 17 intercorrências sobre medicamentos, das quais quatro (25,0%) estavam relacionadas ao risco de interações medicamentosas, três (18,7%) à identificação de discrepâncias na farmacoterapia e duas (12,5%) às reações alérgicas apresentadas após administração dos fármacos. Além disso, o farmacêutico documentou a conduta efetuada para a resolubilidade de oito (50%) destas intercorrências. No registro das condutas, a comunicação com o médico foi diretamente citada em apenas três casos. Alta hospitalar Na análise dos relatórios de alta hospitalar, dos 202 pacientes, 93 (46,0%) possuíram prescrições de medicamentos para a alta. Em 71 (76,3%) destes, foram identificadas 219 alterações entre os medicamentos que o mesmo fazia uso antes da admissão hospitalar e os que foram prescritos na alta. Destas mudanças, apenas 77 (35,1%) foram justificadas, sendo estas classificadas de acordo com a Figura 3. No estudo foi verificado que, em 13 (18,3%) prescrições de alta, as mudanças entre a farmacoterapia pregressa e os medicamentos que o paciente faria uso após o internamento sucederam da intervenção de outras especialidades médicas. Destas mudanças, apenas nove faziam referência direta aos médicos que as sugeriram, sendo estas recomendações aceitas em todos os casos. De forma semelhante, foram analisados os relatos de uso de medicamentos após a internação e foi constatado que apenas uma (0,4%) evolução da Enfermagem continha esse registro. Este relato estava associado à continuação do tratamento com medicamentos antirretrovirais. Não foram encontrados registros 66 sobre o uso de medicamentos após a alta nas evoluções da Farmácia. Ainda, foi observada a presença de contra referência para encaminhamento do paciente após alta hospitalar em uma (0,4%) evolução da Enfermagem, seguido de 161 (79,7%) nas evoluções da Medicina e nenhuma documentação da Farmácia na alta hospitalar. Análise das falhas de comunicação No presente estudo foi possível identificar 485 falhas de comunicação escrita sobre medicamentos em 65,3% (n=132) das evoluções da Enfermagem, Farmácia e Medicina. Destas, a maioria (n=301; 62,0%) estava presente nas evoluções da Medicina, seguido de 160 (33,0%) falhas de comunicação encontradas na evolução da Enfermagem e 24 (5,0%) na evolução da Farmácia. Após análise, as falhas observadas foram classificadas e estão dispostas na Figura 4. A Tabela 3 define cada tipologia de falha de comunicação e apresenta exemplos extraídos dos prontuários ilustrando as classificações adotadas neste estudo. 67 Tabela 3. Definição dos tipos de falhas de comunicação com exemplos extraídos dos prontuários dos pacientes internados nas Clínicas Médicas, Cirúrgicas e Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Sergipe, Brasil, 2017. Falhas n Contextualização e registro transcrito (em itálico) Ocasião (“quando?”) 8 O farmacêutico registrou orientação sobre o uso do tramadol quando o paciente já não estava mais utilizando. O tramadol foi suspenso no 3º dia de internação hospitalar, mas o profissional fez o registro da orientação apenas no 4º dia. "Alerto que o tramadol pode intensificar esse quadro de constipação" Audiência (“quem?”) 66 O enfermeiro relatou que o losartana não foi administrado pois o paciente afirmou que o mesmo foi suspenso pelo médico, embora o referido medicamento estivesse presente na prescrição do dia. "O paciente recusou a medicação losartana 50mg pois refere que o médico a teria suspendido" (Observação: este relato foi classificado como contendo falhas de audiência e propósito) Propósito (“por quê?”) 98 Em relato do enfermeiro, não foi possível encontrar clareza no desfecho da não administração da pregabalina, visto que omedicamento deixou de ser utilizado diversas vezes durante o internamento hospitalar por motivo de falta. "Paciente recusou a pregabalina, digo, acompanhante recusou" Conteúdo (“o quê?”) 313 1) Paciente relata fazer uso de nove medicamentos em casa. No primeiro dia de internamento, o médico prescreve oito medicamentos mesmo documentando que a farmacoterapia pregressa seria mantida. "Prescrevo medicamentos que usava em casa" 2) Paciente relata apresentar alergia à metoclopramida, mas o médico prescreve este medicamento para uso quando necessário. DISCUSSÃO As evoluções da Medicina e da Enfermagem estavam presentes em quase todos os prontuários analisados no presente estudo. Apesar disto, baixa prevalência da documentação do farmacêutico foi observada. Similarmente, o estudo de Pullinger e Franklin (2010)[28] revelou que 74% dos farmacêuticos em um hospital universitário da Inglaterra não registravam suas intervenções no prontuário. Nesse sentido, deficiências na formação, a falta de envolvimento do farmacêutico na equipe de saúde e clareza dos papéis que cada profissional possui no cuidado ao paciente 68 são fatores que podem influenciar na falta do registro em prontuário por este profissional. A literatura internacional destaca a importância da documentação do farmacêutico sobre o manejo de medicamentos nos pontos de transição de cuidado a fim de melhorar a completude e acurácia das informações.[2,29-38] A maior parte das evoluções dos três profissionais avaliados não apresentou o registro de informações sobre o uso de medicamentos na admissão e alta hospitalar, com destaque para a ausência de duração dos tratamentos. A deficiência na documentação em prontuário pode omitir informações relevantes sobre o uso de medicamentos, podendo ocasionar aumento nos dias de internação e consequente comprometimento da segurança do paciente.[39-42]. A literatura também aponta que omissões ocorrem com frequência e que estes acontecem não só pela ausência do questionamento sobre o uso de medicamentos na admissão e alta, como também pela não documentação no prontuário das informações obtidas durante a entrevista clínica. Ademais, estas falhas podem levar a interrupções de tratamentos ou levar à indicação de medicamentos inapropriados durante o internamento hospitalar.[23,43- 48] Assim, o registro completo de todas as informações relacionadas ao uso de medicamentos pelos profissionais de saúde deve ser incentivado. Um elevado número de alterações no uso de medicamentos antes e durante o internamento hospitalar foi observado neste estudo. Este achado é similar ao que tem sido relatado pela literatura. [18,49-52]. No entanto, o presente estudo verificou que uma pequena parcela dessas mudanças possuía justificativas documentadas no prontuário. Associações internacionais têm utilizado a documentação das justificativas de mudança nas prescrições como indicador de qualidade para o uso de medicamentos em hospitais.[53] Nesse contexto, a ausência de tais informações documentadas no prontuário prejudica a realização da conciliação de 69 medicamentos, uma vez que sem a presença de justificativas, a análise da intencionalidade das discrepâncias é comprometida. Os resultados obtidos sobre as evoluções de alta dos três profissionais analisados se assemelham aos de outros estudos, nos quais a maior parte dos prontuários não apresentou registro sobre o uso de medicamentos após o internamento hospitalar.[54-58] Estudos mostram a necessidade de fomentar a documentação dos profissionais de saúde na alta hospitalar, uma vez que a falta desta pode comprometer a continuidade do cuidado, especialmente quando o paciente é encaminhado a outro nível de atenção à saúde.[59-61] A conciliação de medicamentos preconiza que seja fornecido ao paciente a lista mais completa e acurada sobre a sua farmacoterapia durante as transições de cuidado. Assim, na alta, prover esta informação de forma escrita ao paciente pode conferir ao mesmo o protagonismo no processo de avaliação e cuidado. Mais da metade dos prontuários analisados apresentou algum tipo de deficiência na comunicação escrita entre os profissionais avaliados. A revisão de Vermeir et al. (2015)[62] destaca que, embora a comunicação face a face entre os profissionais de saúde seja essencial, na prática clínica, a comunicação escrita permanece o meio mais comum de interação entre os profissionais de saúde. Manias et al. (2016)[2] associaram as falhas na comunicação com desafios na instituição e relacionamentos interprofissionais. Assim, a classificação descritiva das falhas de comunicação utilizada no presente estudo sugere aspectos da equipe de saúde que podem conduzir iniciativas de treinamento para melhorar a competência comunicativa da mesma.[24] Dessa forma, futuros estudos devem ser direcionados para a análise das dimensões da comunicação e como estas interagem para promover a transferência de informações sobre o uso de medicamentos em 70 ambiente hospitalar. No intuito de resolver alguns problemas relacionados a documentação, o uso de prontuários eletrônicos, softwares e outras ferramentas para auxiliar a comunicação escrita tem sido incentivado. Em 2009, nos Estados Unidos, o decreto HITECH (Health Information Technology for Economic and Clinical Health) foi criado a fim de estimular a adoção de prontuários eletrônicos e impulsionar a utilização de ferramentas de tecnologia em saúde nos hospitais americanos.[63,64] Nesse sentido, o número de pesquisas que avaliam a qualidade da documentação sobre o uso de medicamentos em prontuários eletrônicos tem crescido.[65-67] Apesar destes prontuários eletrônicos apresentarem progresso na estruturação do registro do cuidado, estudos ainda mostram a ausência de melhoras significativas na qualidade do registro de informações sobre medicamentos nos prontuários eletrônicos em comparação com os prontuários manuais.[65-69] Porém, a probabilidade do paciente apresentar erros de medicação diminui quando este tipo de ferramenta é utilizada.[70-72] No Brasil, o registro de informações em saúde ainda é feito, em sua maioria, em papel como no hospital estudado.[73] Assim, mais pesquisas são necessárias para elucidar a qualidade do relato sobre o uso de medicamentos e possibilitar o uso do prontuário como instrumento de comunicação nos pontos de transição de cuidados. O presente estudo possui forças e limitações. A não realização da análise proporcional o quantitativo de profissionais da instituição também é uma limitação que pode ser destacada. O presente estudo não investigou a relevância clínica da completude das informações sobre o uso de medicamentos antes, durante e após o internamento hospitalar, o que poderia ser útil para a avaliação dos danos aos pacientes frente à ausência destas informações no prontuário. 71 Este estudo possui alguns pontos fortes. Para nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que caracterizou a documentação da comunicação escrita de enfermeiros, farmacêuticos e médicos quanto ao uso de medicamentos. Além disso, a investigação da completude das informações sobre medicamentos nas transições de cuidado é outro fator importante que merece ser enfatizado. Destaca-se também a análise das falhas de comunicação nas evoluções dos três profissionais envolvidos diretamente com o uso de medicamentos, a qual permitiu melhor investigação dos processos de comunicação no referido hospital. CONCLUSÃO Os resultados revelaram que a documentação sobre o uso de medicamentos nos prontuários clínicos é incompleta e inconsistente nas evoluções das três profissões investigadas. O número significante de alterações nas prescrições sem justificativa, a falta de registro na alta hospitalar e as falhas de comunicação encontradas podem comprometer a assistência do cuidado ao paciente. Mais estudos devem investigara qualidade do registro de informações sobre medicamentos, aprimorando a comunicação dos profissionais de saúde e a segurança do paciente nos pontos de transição de cuidados. 72 FIGURAS Figura 1. Fluxograma descrevendo a seleção dos pacientes internados nos meses de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017 nas Clínicas Cirúrgicas (I e II), Médicas (I e II) e Unidade de Terapia Intensiva do HU/EBSERH/UFS. A amostra final foi composta pelos pacientes que: 1) possuíam idade superior a 18 anos e 2) esteve internado por, no mínimo, 48 horas. Sergipe, Brasil, 2017. Figura 2. Classificação das justificativas das alterações nas prescrições de medicamentos dos pacientes dos pacientes internados nas Clínicas Médicas, Cirúrgicas e Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Sergipe, Brasil, 2017. 73 Figura 3. Classificação das justificativas de mudança entre a farmacoterapia pregressa e os medicamentos prescritos na alta hospitalar dos pacientes internados nas Clínicas Médicas, Cirúrgicas e Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Sergipe, Brasil, 2017. Figura 4. Classificação das falhas de comunicação escrita encontradas nas evoluções de Enfermagem, Farmácia e Medicina dos pacientes internados nas Clínicas Médicas, Cirúrgicas e Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Sergipe, Brasil, 2017. 74 AGRADECIMENTOS Nós gostaríamos de agradecer a toda equipe do HU/EBSERH/UFS pela providência dos prontuários. Nós agradecemos também a Aline Santana Dosea, Francisco Carlos de Jesus Júnior, Gabriela Andrade Conrado Carvalho, Rafaella Oliveira Santos e Thaciana dos Santos Alcântara por toda sua dedicação e ajuda na coleta de dados. CONFLITO DE INTERESSE Os autores declaram que não há potenciais conflitos de interesses no que diz respeito à pesquisa, a autoria e/ou publicação deste artigo. APOIO FINANCEIRO L.M.C.S., C.C.S. e L. A. M. receberam apoio financeiro (bolsa de estudo) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 75 REFERÊNCIAS [1] Manias E. Medication communication: a concept analysis. Journal of Advanced Nursing. 2010;66(4):933–43. [2] Manias E, Gerdtz M, Williams A, et al. Communicating about the management of medications as patients move across transition points of care: an observation and interview study. Journal of Evaluation in Clinical Practice. 2016;22(5):635– 43. [3] Frei P, Huber LC, Simon RW, et al. Insufficient medication documentation at hospital admission of cardiac patients: a challenge for medication reconciliation. Journal of cardiovascular pharmacology. 2009;54(6):497–501. [4] Starmer AJ, Spector ND, Srivastava R, et al. Changes in medical errors after implementation of a handoff program. New England Journal of Medicine. 2014;371(19):1803–12. [5] Scotten M, Manos EL, Malicoat A, et al. 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Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2017;25:e2967. 82 APÊNDICE O texto completo deste Apêndice, que no texto integral da Tese defendida ocupa o intervalo compreendido entre as páginas 82 e 83 foi suprimido por, de acordo com a Lei nº 9610/1998 de direitos autorais, por se tratar de um instrumento inédito cujo registro será realizado posteriormente. 84 4 85 4.4. CAPÍTULO 4: Desenvolvimento e validação de questionário para survey sobre conciliação de medicamentos: um estudo Delphi Desenvolvimento e validação de questionário para survey sobre conciliação de medicamentos: um estudo Delphi Short running title: Questionnaire on medication reconciliation Carina Carvalho Silvestre, Lincoln Marques Cavalcante Santos, Elisdete Maria Santos de Jesus, Kérilin Stancine Santos Rocha, Divaldo Pereira de Lyra Jr. Laboratory of Teaching and Research in Social Pharmacy (LEPFS), Department of Pharmacy, Federal University of Sergipe, Cidade Universitária "Prof. José Aloísio Campos", Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, Sergipe, CEP: 49100-000, Brazil. Corresponding author: Divaldo Pereira de Lyra Jr. Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Aloísio Campos”, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, CEP: 49100-000, Brasil. E-mail: lepfs.ufs@gmail.com. Pontos-chave A conciliação de medicamentos é um processo considerado efetivo na prevenção e resolução de erros de medicação em hospitais, porém sua complexidade de implantação é um desafio aos prestadores de cuidado. O questionário desenvolvido nesse estudo possibilita o conhecimento das percepções dos profissionais envolvidos no processo da conciliação, assim como permite clarificar as etapas necessárias e os responsáveis pelas atividades relacionadas a esse processo. A validação de conteúdo foi realizada por meio do método Delphi, que reuniu um amplo painel de especialistas composto por enfermeiros, farmacêuticos e médicos. 86 RESUMO Propósito. Este estudo visou desenvolver e validar o conteúdo de um questionário para survey research sobre a realização da conciliação de medicamentos em hospitais do Brasil. Métodos. O questionário foi desenvolvido a partir de uma análise temática que extraiu temas e sub-temas de estudos sobre a conciliação de medicamentos em hospitais. Em seguida, foi realizada a validação de conteúdo do questionário por meio da técnica Delphi. Assim, 27 profissionais da Enfermagem, Farmácia e Medicina que atenderam a critérios pré-estabelecidos foram convidados a compor o painel de especialistas. O painel foi instruído a julgar o questionário, de acordo com as etapas realizadas. A fim de medir o grau de concordância dos especialistas sobre os critérios avaliados de cada item do questionário, foi utilizado o índice de validação de conteúdo (IVC). Os itens foram considerados validados se o IVC fosse maior ou igual a 0,80. Aliado a isso, os comentários fornecidos pelos membros do painel para a construção das questões foram analisados. Resultados. Este estudo desenvolveu o questionário, que teve três versões preliminares. A terceira versão foi submetida ao processo de validação de conteúdo. Na primeira rodada do Delphi, o painel avaliou um total de 17 questões. Assim, 130 comentários e sugestões foram feitos. Na segunda rodada, as 17 questões foram novamente avaliadas e 93 comentários e sugestões foram propostos. Por fim, na terceira rodada, cinco questões foram reavaliadas, 12 mudanças foram propostas, resultando na versão final do questionário, com 17 questões. Conclusões. Para o nosso conhecimento, este é o primeiro questionário desenvolvido e validado pelo método Delphi que visa avaliar a percepção de profissionais de saúde sobre a realização da conciliação de medicamentos. Este instrumento pode ser uma estratégia complementar na avaliação da conciliação de medicamentos nos serviços de saúde hospitalares. Palavras-chave: conciliação de medicamentos, hospital, inquéritos e questionários, técnica Delphi. 87 Introdução A conciliação de medicamentos é definida como o processo formal de obtenção da lista mais precisa possível de todos os medicamentos que o paciente está utilizando, incluindo nome do medicamento, dose, frequência e via de administração e da contínua avaliação desta lista. Ademais, visa garantir que toda vez que o paciente seja deslocado de um setor de cuidado à saúde para outro, as informações sobre seus medicamentos sejam transferidas ao mesmo tempo, de forma acurada e completa. No cenário hospitalar, a conciliação pode se configurar como um processo a ser realizado no momento da admissão, da transferência entre duas unidades clínicas e da alta.1-3 Diversas revisões sistemáticas ressaltam que a conciliação tem sido efetiva na prevenção de eventos adversos relacionados a medicamentos. Porém, estas apontam algumas limitações, tais como a heterogeneidade dos trabalhos em relação à disparidade da avaliação de seus desfechos, uma vez que muitos estudos não possuem concordância entre termos e metodologias empregadas para a realização da conciliação de medicamentos e subsequente avaliação do seu impacto.4-9 Em consonância com estes achados, atualmente, os desafios relacionados à conciliação se concentram nas dificuldades de implementação das etapas necessárias à sua realização. Para tanto, são necessárias ações integradas direcionadas para a melhora da qualidade com as equipes interprofissionais do cuidado, bem como a compreensão dos processos atuais relacionados com esse serviço.10,11 Em relação a essas ações integradas, destaca-se o envolvimento de enfermeiros, farmacêuticos e médicos com o propósito de que todas as etapas da conciliação sejam executadas efetivamente.12 Todavia, Vogelsmeier e colaboradores13 afirmam que para tornar a conciliação de medicamentos uma prática efetiva é preciso conhecer as percepções dos profissionais envolvidos quanto às funções independentes, conjuntas e sobrepostas no manejo de medicamentos. Os mesmos autores ainda ressaltam que é também é preciso considerar as limitações deste processo, possibilitando o planejamento de intervenções clínicas capazes de gerar resultados positivos e generalizáveis. Nesse contexto, Portela e colaboradores14 enfatizam a necessidade de se avaliar as intervenções de cuidado à saúde, a fim de se compreender a 88 aplicabilidade e reprodutibilidade na prática utilizando para tanto mais de uma abordagem metodológica. Uma das abordagens de avaliação dessas intervenções é a pesquisa do tipo survey, definida como uma estratégia útil e legítima para a pesquisa que tem benefícios claros em ajudar a descrever e explorar variáveis e conceitos de interesse.15 Vale destacar que, ao nosso conhecimento, não há um estudo preliminar que tenha proposto um instrumentopara a realização de uma survey a fim de avaliar a percepção de profissionais de saúde (enfermeiros, farmacêuticos e médicos) sobre a realização da conciliação de medicamentos em hospitais utilizando o método Delphi. Ante ao exposto, este trabalho visa atender dois propósitos: (i) desenvolver um questionário para uma survey research sobre a realização da conciliação de medicamentos em hospitais do Brasil (ii) validar o conteúdo do questionário com especialistas das três profissões utilizando o método Delphi. Métodos As recomendações de boas práticas no relato e condução de survey research foram utilizadas para a elaboração deste questionário.16,17 As etapas estão descritas a seguir: Desenvolvimento do questionário – planejamento do conteúdo do instrumento Uma busca preliminar na literatura foi realizada a fim de identificar estudos ou instrumentos que avaliem a realização da conciliação de medicamentos em hospitais. As bases de dados Pubmed, Scopus, Web of Science e Lilacs foram utilizadas na busca. Os termos medication reconciliation, implementation, survey, questionnaire e hospital foram utilizados. A busca não teve restrições de tempo, tipo de estudo ou metodologia empregada, mas apenas trabalhos em inglês, espanhol ou português foram analisados. Os materiais resultantes das buscas foram considerados a fim de se consultar as definições e etapas recomendadas para a realização do processo de conciliação. Também foram extraídas informações referentes a dificuldades e limitações descritas na realização da conciliação de medicamentos em hospitais. 89 O processo de análise e revisão foi conduzido por dois pesquisadores (C.C.S. e L.M.C.S.) de maneira independente e as divergências foram resolvidas por consenso. Por meio da análise temática, utilizando uma abordagem semelhante a Ahmed e colaboradores18, temas e sub-temas foram extraídos dos artigos, divididos em seções e uma versão preliminar do questionário foi gerada com objetivo de caracterizar a realização da conciliação de medicamentos sob o ponto de vista de enfermeiros, farmacêuticos e médicos que atuam em um mesmo hospital. Pré-Delphi – construção do layout do questionário Uma análise prévia da versão rascunho do questionário foi realizada por um painel de avaliação composto por 17 pesquisadores farmacêuticos do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS), um centro de pesquisa referência na área da Farmácia Social no Brasil. Estes pesquisadores foram selecionados por conveniência e, de maneira voluntária e independente, avaliaram de forma dicotômica - sim ou não - a clareza de cada questão formulada e, respectivamente, da escala de resposta para cada questão. Os pesquisadores possuíam média de idade de 27,82 ± 5,34 (21-40) anos e tempo médio de experiência profissional de 6,47 ± 4,35 (1-15) anos. No caso de uma resposta negativa, um espaço para sugestões foi fornecido ao avaliador para que o mesmo justificasse a sua resposta e pudesse contribuir com melhorias para o instrumento. Após essa etapa, foi realizada uma reunião de brainstorming19 na qual, pesquisadores e participantes do pré-Delphi puderam discutir as melhorias sugeridas para o questionário. Assim, foram sugeridas a reorganização da ordem das questões, modificações ortográficas e gramaticais, resultando no questionário versão 1. Importante frisar que os participantes do pré-delphi não foram os mesmos que participaram da validação de conteúdo. Validação de conteúdo do questionário – método Delphi O Delphi é em um método de obtenção de consenso e seu uso tem sido descrito na literatura como uma maneira efetiva de tomada de decisão no cuidado em saúde. Por meio do Delphi, diferentes opiniões de especialistas foram avaliadas de maneira sistemática e por etapas, a fim de se obter um consenso. Este método permitiu a avaliação independente, bem como não necessitou que os especialistas 90 estivessem na mesma área geográfica20. O método Delphi foi utilizado de maneira virtual para a avaliação do conteúdo do questionário (versão 1) seguindo as recomendações do Recommendations for the Conducting and REporting of DElphi Studies - CREDES 21: Recrutamento do painel de especialistas O painel de especialistas para o Delphi foi formado por especialistas das três profissões: Enfermagem, Farmácia e Medicina. Os profissionais foram recrutados com base nas suas experiências profissionais e expertise em relação à segurança do paciente e conciliação de medicamentos. Tais informações foram levantadas com base nos currículos disponíveis online e nas referências de trabalhos científicos nacionais. Foram convidados, por conveniência, profissionais das cinco regiões do país, que atuavam em hospital e/ou exerciam atividades acadêmicas de ensino e pesquisa. Ao final, 27 participantes - nove de cada profissão - foram convidados via email a participar deste painel. Além de fornecer o convite para o estudo, o email descrevia os objetivos do trabalho e garantia a confidencialidade da pesquisa e do participante. O número de convidados a participar do Delphi foi abordado visando reduzir vieses de interpretação e permitir maior generalização.22 O tempo entre o primeiro contato por email e a finalização do questionário foi de janeiro a junho de 2017. Primeira rodada do Delphi O questionário versão 1 foi enviado ao painel de especialistas no formato online via Google Form (Google Inc, Mountain View, CA, USA). Ao acessar a plataforma, o avaliador foi informado sobre o objetivo da pesquisa, as instruções para o preenchimento, assim como assinava um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Só era possível a continuidade do processo de avaliação se o termo fosse assinado, garantindo-se a confidencialidade de ambas as partes. Quanto ao avaliador foram coletados somente dados de caracterização sócio- demográfica, no entanto os pesquisadores não tiveram acesso à identificação do respondente em nenhuma das questões do instrumento. Isto permitiu a análise do mesmo de forma individual e anônima. A seguir, cada avaliador revisou o conteúdo 91 de cada item - composto pela questão e sua respectiva escala de resposta - do questionário versão 1 de maneira dicotômica (sim ou não) por meio dos seguintes atributos adaptados do estudo de Vituri e Matsuda23: comportamental (a questão permite ação de avaliação clara e precisa) objetividade (a questão permite resposta pontual) simplicidade (a questão expressa uma única ideia) clareza (a questão está explícita de forma clara, simples e inequívoca) pertinência (a questão não insinua atributo divergente do definido) precisão (cada item de avaliação é distinto dos demais, ou seja, não se confundem) variedade (os termos utilizados, embora parecidos, não se repetem) credibilidade (a questão está descrita de maneira que não pareça despropositada). Se o avaliador marcasse “não” em alguma dos atributos avaliados era solicitado que o mesmo explicasse o motivo de tal escolha. Para tanto, um espaço para comentários era fornecido no formulário online. Este espaço também estava aberto para quaisquer críticas, comentários ou sugestões de melhora no instrumento. Para cada resposta fornecida pelo avaliador, o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) foi calculado a fim de obter o nível de concordância entre os mesmos. Neste caso, o IVC mediu a porcentagem de avaliadores que estavam em concordância sobre os atributos avaliados de cada item do questionário.24,25 Um IVC de 0,80 foi adotado para indicar o consenso entre os especialistas, ou seja, itens que tiveram uma concordância maior ou igual a 80% foram mantidos e aqueles que falharam em atingir esse valor foram modificados ou excluídos. Com base nos comentários fornecidos pelos avaliadores do painel, as questões foram modificadas ou excluídas. Estes comentários foram minuciosamenteavaliados por dois pesquisadores (C.C.S) e (L.M.C.S.) e quando necessário um terceiro avaliador (E.M.S.J.) julgou e resolveu as divergências. Essa avaliação também foi realizada para as sugestões feitas para os itens que tiveram um IVC maior que 0,80, considerando a pertinência das mesmas para o estudo. Nesta primeira rodada, cada avaliador teve o prazo de 30 dias prorrogáveis por mais oito 92 para responder a pesquisa. Os pesquisadores tiveram igual tempo para a correção das questões e preparo do material para a rodada seguinte. Segunda rodada do Delphi Após a análise da primeira rodada, o questionário versão 2 foi construído e enviado aos avaliadores para a segunda rodada do Delphi. O envio foi realizado conforme descrito rodada anterior. Para cada item que sofreu modificações foi disponibilizado para os avaliadores: a versão anterior, a versão modificada, as estatísticas descritivas do IVC, os comentários anônimos fornecidos e uma resposta explicativa dos pesquisadores sobre a modificação. Assim, cada avaliador pode julgar se a sua opinião foi contemplada ou não, bem como o motivo para tal. De acordo com uma escala Likert de cinco pontos, na qual 1 corresponde a discordo totalmente, 2 discordo parcialmente, 3 indiferente, 4 concordo parcialmente e 5 concordo totalmente, cada item do questionário versão 2 foi novamente julgado pelo painel. Nessa segunda rodada, o IVC foi utilizado para mensurar o grau de concordância dos avaliadores em relação aos itens do questionário que foram reformulados após a primeira rodada. Logo, foi calculado a partir das respostas marcadas como 4 e 5. Assim como na primeira rodada, um IVC de 0,80 foi adotado para a manutenção, modificação ou exclusão de cada questão do questionário e foi novamente disponibilizado um espaço para justificativas e sugestões. Os pesquisadores também avaliaram, de maneira independente, cada comentário fornecido pelo painel e, em caso de divergência, um terceiro pesquisador foi novamente consultado. Cada avaliador teve um prazo de 15 dias prorrogáveis por mais oito para responder a esta segunda rodada do Delphi. Os pesquisadores tiveram um tempo igual para a correção das questões e preparo do material para a rodada seguinte. Após essa análise, o questionário versão 3 foi preparado e enviado para a terceira rodada do painel de especialistas. Terceira rodada do Delphi Nesta terceira rodada, o questionário versão 3 foi enviado para o painel conforme descrito na rodada anterior. Porém, somente os itens que não atingiram 80% de concordância entre os avaliadores foram passíveis de avaliação pelos 93 juízes. O julgamento pelos especialistas e a análise dos resultados pelos pesquisadores ocorreu de acordo com a descrição fornecida acima nas duas rodadas anteriores. Assim como na segunda rodada, os avaliadores também tiveram 15 dias prorrogáveis por mais oito para responder o questionário. A versão final do questionário foi elaborada e posteriormente será submetida ao teste piloto de aplicabilidade. Análise estatística Os dados das rodadas do Delphi e os valores de IVC foram analisados de maneira descritiva e estão representados por números absolutos e porcentagens. Aspectos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe sob o número CAAE 08125912.5.0000.0058. Ademais, cada voluntário concedeu o seu aceite por escrito para a participação no estudo. Resultados Desenvolvimento do questionário Após a realização das buscas, 16 trabalhos10,13,26-39 foram selecionados. Estes nortearam a análise temática e apontaram os seguintes temas: clarificação dos papéis de enfermeiros, farmacêuticos e médicos na conciliação; descrição detalhada de cada etapa da conciliação nas transições de cuidado; percepção de cada profissional sobre a implantação da conciliação e a correlação entre a conciliação e a segurança do paciente. No intuito de atender o objetivo da survey, a versão rascunho do questionário foi então estruturada em cinco seções: 1) relação atribuída pelo respondente entre a conciliação de medicamentos e a segurança do paciente 2) realização da conciliação de medicamentos na admissão, transferência e alta do hospital estudado, com as respostas variando de “não é realizado” a “é realizado completamente”; e 3) realização da conciliação de medicamentos no hospital 94 avaliado dividida por atividade relacionada à conciliação e em cada etapa da transição do cuidado: admissão, transferência interna e alta hospitalar. Nesta seção, o respondente avaliará se cada atividade é realizada no seu hospital, se for realizada, por qual profissional e, na opinião do mesmo, quem deveria realizá-la; 4) caracterização do hospital avaliado em relação ao porte, financiamento, cumprimento da legislação de segurança do paciente do Brasil e caracterização quanto à porta de entrada e 5) caracterização do profissional em relação à profissão, anos de formação, tempo de atuação total e tempo de atuação no hospital avaliado. Esta versão rascunho foi então submetida a uma análise prévia chamada de pré- Delphi. Pré-Delphi Nesta etapa, os avaliadores avaliaram a versão rascunho do questionário e consideraram que 47 itens não estavam claros. Tais itens foram discutidos à exaustão na reunião de brainstorming. Foram sugeridas e realizadas 35 substituições de palavras ou termos no texto que compunha os itens no intuito de tornar o texto mais compreensível. Ademais, foram realizadas 12 modificações no layout das questões, seja por alteração do formato da questão ou na sua ordenação. Após essas mudanças, o questionário versão 1 foi estruturado e submetido à etapa de validação de conteúdo. Vale ressaltar que as duas últimas seções, por se referirem à caracterização do profissional respondente e do hospital, não foram submetidas à validação de conteúdo pelo Delphi. Validação de conteúdo – método Delphi Painel de especialistas Dos 27 profissionais convidados a participar deste estudo, 18 aceitaram o convite, o que corresponde a uma taxa de retorno de 66,67%. A caracterização dos panelistas está descrita na Tabela 1. Do total, 15 (83,3%) atuavam no setor público, sendo que seis atuavam em hospitais de grande porte, seis realizavam exclusivamente atividades de ensino, quatro trabalhavam em hospitais de médio porte e dois em hospitais de porte especial. Ademais, quatro profissionais atuavam em hospital e, concomitantemente, realizavam atividades de ensino. O tempo médio de experiência profissional foi de 17,05 ± 9,78 (5-35) anos. 95 INSERIR TABELA 1 Rodadas do Delphi Na primeira rodada, os avaliadores julgaram cada item das três seções do questionário. A Tabela 2 traz os valores de IVC da primeira rodada para cada atributo avaliado dos itens do questionário. As Tabelas 3 e 4 mostram os valores de IVC das rodadas subsequentes, sendo que apenas as questões que não atingiram o consenso na rodada anterior foram submetidas à etapa posterior do Delphi. INSERIR TABELAS 2 e 3 Por fim, a Figura 1 traz o percurso das mudanças e sugestões fornecidas pelo painel de especialistas nas três rodadas do Delphi que findaram na versão final do instrumento, contendo uma questão na primeira seção, três questões na segunda seção e 13 na terceira seção. O questionário completo validado pelo Delphi encontra-se no Apêndice desse artigo. INSERIR FIGURA 1 Discussão Este estudo propôs e validou o conteúdo de um questionário para caracterização da atividade de conciliação de medicamentos em âmbito hospitalar. É conhecido que a escolha de um instrumento adequado depende de uma série de fatores, tais como o uso proposto do instrumento, o constructo a ser mensurado, a legibilidade das questões, os custos associados ao uso do instrumento entre outros. Por conseguinte, o desenvolvimento desse questionáriocontemplou etapas consideradas necessárias para esse tipo de investigação, produzindo resultados da investigação que possam ser considerados verossímeis.16,40 Embora outros trabalhos com surveys sobre conciliação tenham sido realizados26,27,35,36,41, poucos descrevem o processo de desenvolvimento das questões. Neste sentido, este estudo apresenta um diferencial importante, pois sua concepção foi resultado de uma busca sistemática da literatura, aliada à análise temática de artigos e instrumentos existentes que utilizaram o método Delphi para validação de conteúdo. Todo processo metodológico da validação deste instrumento é passível de replicação em estudos posteriores. 96 Em relação à validação de conteúdo proposta neste trabalho, Jesus e colaboradores42 afirmam que a cobertura adequada das dimensões fundamentais do constructo de interesse é considerada essencial para sua realização. A etapa chamada nesta pesquisa de pré-Delphi, permitiu que os itens do questionário fossem previamente analisados, a fim de se eliminar problemas linguísticos que pudessem prejudicar a compreensão do questionário pelos avaliadores do painel. É interessante ressaltar que a validade de conteúdo pode ser considerada uma das fontes mais importantes da análise psicométrica. Paradoxalmente, ainda são escassos estudos de validação com evidências adequadas da realização de validade de conteúdo.43 Este estudo utilizou um painel nacional, que devido às dimensões geográficas de proporções continentais do Brasil, constitui-se em uma força em termos metodológicos. Principalmente, quando associado à abordagem metodológica Delphi, que é recomendado para estudos que investigam questões novas e emergentes no setor de saúde.44 Estudos recentes18,22,43,45 corroboram esta escolha, pois o Delphi é indicado para atingir consenso sobre os mais variados temas da área da saúde. Ademais, esses mesmos estudos utilizaram um painel multiprofissional de especialistas, alguns com participantes de diferentes países, porém de forma semelhante à abordagem adotada nesse trabalho. A perspectiva de cada panelista considerando sua área de atuação, experiência e formação acadêmica oferecendo visões únicas sobre o tema da conciliação de medicamentos. Na primeira rodada, uma lista de critérios específicos para a avaliação de cada item do questionário foi utilizada o que pode ter facilitado a discussão dos avaliadores, uma vez que diferentes características do instrumento a ser validado foram avaliadas. Como preconiza o método, fornecer feedback de rodadas anteriores oferece a vantagem de um processo de construção coletiva do trabalho e experiência de todo o painel.21 Tal abordagem é importante quando se levanta questões para as quais há evidências empíricas e situações ainda não exploradas, pois estudos no Brasil sobre a temática da conciliação de medicamentos são recentes e ainda não foi investigada a realização da conciliação de medicamentos nos hospitais.46-49 97 Nas rodadas seguintes, as sugestões dos avaliadores visaram contemplar as diversas etapas da realização da conciliação nos momentos de transferência de cuidado dentro do hospital. Estudos que analisaram a perspectiva de médicos e farmacêuticos sobre a conciliação de medicamentos, em países como a Malásia e a Jordânia, destacam que a conciliação é uma atividade abrangente e complexa, mas necessária para a segurança do paciente na prevenção de erros relacionados a medicamentos.50,51 Outro estudo, realizado nos Estados Unidos, avaliou a percepção de enfermeiros e equipe de enfermagem sobre o processo de conciliação e apontou que sistemas de atuação colaborativos entre enfermeiros, farmacêuticos e médicos devem existir para garantir que os potenciais danos decorrentes da utilização de medicamentos sejam identificados e corrigidos.52 Desta forma, para que sua implementação seja adequada é necessário que haja investimento de recursos e reorganização de processos de atendimento, a fim de que sua integração seja sustentada na prática rotineira.53 A validação deste instrumento pode auxiliar na implementação da conciliação de medicamentos, pois visou clarificar as etapas necessárias e os responsáveis pelas atividades relacionadas a esse processo. Tal resultado pode ser comparado com outros estudos de desenvolvimento e validação dos questionários sobre a segurança do paciente que vêm sendo utilizados como referência para a mudança de prática profissional.54-56 É importante destacar que ao longo dos anos, estes instrumentos foram submetidos a traduções, adaptações transculturais e outras análises psicométricas utilizadas em diversos contextos, que confirmaram a validade e confiabilidade dos mesmos.57-59 Na ausência dessas análises se concentram as limitações desse estudo. Por ser um estudo de desenvolvimento no qual apenas a validade inicial, a de conteúdo, foi contemplada, há a necessidade de outras análises psicométricas, como a validade de constructo e análises de confiabilidade.60,61 Apesar do painel heterogêneo contemplado neste estudo é preciso que análises de aplicabilidade também sejam conduzidas a fim de confirmar se o instrumento mensura o constructo necessário e a reprodutibilidade dos resultados obtidos de forma consistente. Por outro lado, esse estudo também apresenta forças e implicações práticas para futuras investigações. O instrumento permite que as respostas dos profissionais 98 das três categorias – Enfermagem, Farmácia e Medicina – sejam comparadas e posteriormente avaliadas em relação à concordância dos mesmos sobre a realização da conciliação de medicamentos. Ademais, o instrumento propõe que o profissional aponte quem, em sua opinião, deve ser responsável por cada tarefa relacionada à conciliação de medicamentos. Tais respostas podem ser úteis nas etapas que antecedem a implantação de processos complexos como a conciliação, bem como permitem o seu acompanhamento e avaliação. Portanto, estudos futuros devem ser realizados não somente para atender as demandas da validação, mas também para explorar os potenciais da sua aplicabilidade em hospitais. Este estudo desenvolveu e validou o conteúdo por meio do método Delphi de um questionário para uma pesquisa survey sobre a realização da conciliação de medicamentos em hospitais sob a perspectiva de profissionais da Enfermagem, Farmácia e Medicina. No Delphi, especialistas das três profissões puderam contribuir na construção de um instrumento que pode ser uma estratégia complementar na avaliação de um processo complexo como a conciliação de medicamentos. Declaração de Ética Todos os aspectos éticos foram adotados. Os participantes do painel forneceram o seu consentimento por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Agradecimentos Nós agradecemos a todos os participantes do Delphi pelo tempo disponibilizado para a execução dessa pesquisa. Este trabalho foi apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Conflito de interesse Os autores declaram não haver conflito de interesses no presente estudo. 99 Figura 1. Fluxograma com o percurso das sugestões e mudanças das três rodadas de Delphi. 100 Tabela 1. Características dos participantes do Delphi. Brasil, 2017. Variáveis N (%) Gênero Feminino Masculino 11 (61,11%) 7 (38,9%) Idade 22 – 31 anos 32 – 41 anos 42 – 51 anos 52 – 61 anos 3(16,7%) 8 (44,4%) 4 (22,2%) 3 (16,7%) Formação Farmácia 9 (50%) Enfermagem 5 (27,8%) Medicina 4 (22,2%) Região do Brasil Nordeste 7 (38,9%) Sudeste 5 (27,8%) Sul 5 (27,8%) Centro-Oeste 1 (5,5%) Norte 0 (0,0%) N = número de especialistas do Delphi 101 Tabela 2. Valores de IVC obtidos na primeira rodada do Delphi para cada uma das dimensões analisadas. Comportamental Simplicidade Objetividade Clareza Pertinência PrecisãoVariedade Credibilidade Seção 1 0,944 1 0,944 0,944 1 1 1 1 Seção 2 IA 0,833 1 1 0,833 1 0,888 0,944 0,944 IB 0,833 1 1 0,833 1 0,888 0,944 0,944 IC 0,833 1 1 0,833 1 0,888 0,944 0,944 Seção 3 IA 0,777 0,777 0,944 0,722 0,888 0,777 1 0,944 IB 0,777 0,833 0,888 0,722 0,888 0,777 1 0,888 IC 0,611 0,777 0,888 0,666 0,888 0,777 1 0,833 ID 0,777 0,888 0,888 0,722 0,944 0,722 1 0,944 IE 0,722 0,833 0,888 0,666 0,833 0,722 0,833 0,777 IF 0,722 0,833 0,777 0,666 0,777 0,722 0,833 0,833 IG 0,833 0,833 0,888 0,722 0,888 0,833 1 0,888 IH 0,777 0,888 0,888 0,777 0,888 0,833 0,944 0,888 II 0,611 0,833 0,833 0,722 0,722 0,666 0,888 0,777 IJ 0,777 0,888 0,833 0,722 0,888 0,722 0,944 0,888 IK 0,833 0,833 0,833 0,666 0,944 0,888 1 0,944 IL 0,722 0,833 0,833 0,611 0,888 0,833 0,944 0,888 IM 0,833 0,888 0,888 0,722 0,944 0,833 1 1 IVC: Índice de Validade de Conteúdo. Valores em vermelho: IVC menor que 0,8, indicando que o item não está validado. Valores em preto: IVC maior ou igual a 0,8, indicando concordância sobre o item em questão. IA a IM: itens do questionário em sua respectiva seção. 102 Tabela 3. Valores de IVC obtidos na segunda e terceira rodadas do Delphi para cada uma das dimensões analisadas. Seção 1 Seção 2(IA) Seção 3 IA IB IC ID IE IF IG IH II IJ IK IL IM Segunda rodada IVC 1 0,823 0,705 0,705 0,823 0,882 0,764 0,705 0,882 0,882 0,470 0,647 0,705 0,705 0,823 Terceira rodada IVC – – 0,857 – – – 0,80 – – – 0,80 0,928 – 0,928 – IVC: Índice de Validade de Conteúdo. Valores em vermelho: IVC menor que 0,8, indicando que o item não está validado. Valores em preto: IVC maior ou igual a 0,8, indicando concordância sobre o item em questão. 103 Referências 1. World Health Organization. Assuring Medication Accuracy at Transitions in Care. Patient Safety Solutions 1. 2007;33:450-53. 2. Institute for Healthcare Improvement. 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As conclusões dos artigos apresentados, bem como as perspectivas para futuras investigações dessa temática estão descritas a seguir: Dentre os potenciais fatores de risco analisados, a transferência interhospitalar pode ser considerada causa da presença de discrepâncias não intencionais da farmacoterapia durante a admissão hospitalar frenteaos pacientes que foram admitidos diretamente de casa. Este dado aponta ainda que a má qualidade da comunicação entre as equipes de saúde pode ser um fator contribuinte para esse achado. Assim, este tipo de admissão deve ser especialmente observado na implantação da conciliação de medicamentos. A documentação de todos os processos relacionados ao uso de medicamentos deve ser adequadamente realizada. Tal prática é fundamental para a execução de processos como a conciliação de medicamentos e para a melhora da segurança do paciente, especialmente nas transições de cuidado. A documentação de informações sobre medicamentos em prontuários clínicos, realizada por profissionais da Enfermagem, Farmácia e Medicina em um Hospital Universitário do Nordeste brasileiro, foi incompleta e inconsistente. Estes achados reforçam que a comunicação escrita exerce influência nas relações entre os profissionais de saúde e o cuidado aos pacientes e deve, portanto, ser continuamente aprimorada. O instrumento desenvolvido e validado nesta tese poderá ser utilizado como ferramenta para investigar a realização da conciliação de medicamentos em hospitais, sob a perspectiva da equipe de saúde, em especial profissionais da Enfermagem, Farmácia e Medicina. Estudos de caráter multicêntrico poderiam corroborar para a elucidação de fatores relacionados a esta prática nos hospitais brasileiros, assim como 123 podem auxiliar no envolvimento da gestão e recursos humanos responsáveis pela tomada de decisão. A conciliação de medicamentos é um serviço cuja implantação na prática clínica é complexa uma vez que depende de profissionais capacitados, bem como com tempo hábil para a realização desta atividade. Por outro lado, a literatura é imperativa no destaque de seus benefícios frente a melhora da qualidade do cuidado e segurança do paciente, o que justifica a aplicação de esforços para a sua efetivação na prática clínica. 123 REFERÊNCIAS 124 6. REFERÊNCIAS ADRIANO, L.S. Farmácia clínica em unidade de terapia intensiva: identificação, resolução e prevenção de erros de medicação. 2016. 76 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016. AITKEN, M.; GOROKHOVICH, L. Advancing the responsible use of medicines: applying levers for change. 2012. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2222541>. Acesso em 01 nov. 2017. AL-HASHAR, A. et al. 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MEKONNEN, A.B.; MCLACHLAN, A.J.; BRIEN, J.E. Pharmacy‐led medication reconciliation programmes at hospital transitions: a systematic review and meta‐analysis. Journal of Clinical Pharmacy and Therapeutics, v. 41, n. 2, p. 128- 144, 2016b. MENDES, A.E.M. Conciliação medicamentosa da admissão hospitalar : um ensaio clínico randomizado. 2016. 108 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Interna) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016. MENDES, A.E.M. et al. Medication reconciliation at patient admission: a randomized controlled trial. Pharmacy Practice, v. 14, p. 656-663, 2016. MERCURI, M.; GAFNI, A. Medical practice variations: what the literature tells us (or does not) about what are warranted and unwarranted variations. Journal of Evaluation in Clinical Practice, v. 17, n. 4, p. 671-677, 2011. MONTANÉ, E. et al. Drug-related deathsin hospital inpatients: A retrospective cohort study. British Journal of Clinical Pharmacology, [Epub ahead of print], 2017. MORROW, N.C. 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ANEXOS 7.1. ANEXO A: Normas para publicação na revista “British Medical Journal Quality & Safety” INSTRUÇÕES PARA AUTORES Each journal has a very different approach to how they publish research, so we advise you to read the journal-specific instructions for authors by browsing the titles on our Journals website. If you are looking to submit to The BMJ, please visit this section. Please note: Submission to one of our journals implies that the work described has not been accepted for publication elsewhere, that it is not under consideration for publication elsewhere and does not duplicate material already published. TRIPLE BLIND REVIEW Please read this section carefully before submitting your paper. BMJ Quality & Safety operates triple-blind peer review which requires authors to submit an anonymous version of their manuscript file. The manuscript file should be anonymous and should NOT include: Any author names (including file path in the document footer) Author institution details Author contact details Acknowledgements Competing interests (if declared) Ethics approval statements that refer to your institution Please ensure that tracked changes are switched off if previously used. The file will automatically be converted to PDF once uploaded through the submission system and will be available to the reviewers. If the file is not completely anonymised, your manuscript may be returned to you. If you have any questions about triple blind review please do not hesitate to contact the info.bmjqs@bmj.com. 136 Please do NOT remove, redact or in any way anonymise references in the manuscript, including to citations your own previous work. We realize that an astute reviewer will be able to figure out who you are if you refer to your previous work, but reviewers often need to see citations supporting statements in your manuscript, especially ones that relate to the methods or help interpret your findings. ARTICLE TYPES AND WORD COUNTS The word count excludes the title page, abstract, tables, acknowledgements and contributions and the references. For non-native English speakers we now offer a professional editing service. ORIGINAL ARTICLES Original Articles report research and studies relevant to quality of health care. They may cover any aspect, from clinical or therapeutic intervention, to promotion, to prevention. They should usually present evidence indicating that problems of quality of practice may exist, or suggest indications for changes in practice, or contribute towards defining standards or developing measures of outcome. Alternatively, they should contribute to developing approaches to measuring quality of care in routine practice. The journal is interprofessional and welcomes articles from anyone whose work is relevant, including health professionals, managers, practitioners, researchers, policy makers, or information technologists. Word count: 3000-4000 words Structured abstract: up to 275 words in length Tables/Illustrations: up to 5 tables or illustrations Appendices: Those that present additional methodological details or other relevant materials that may be of interest to readers can also be included with the intention of aiding peer reviewers or providing them as online material for interested readers. Research checklists should be uploaded during the submission process. Guidance and forms are available from EQUATOR. If these are not applicable to your research please state the reason in your cover letter. GENERAL GUIDELINES 137 To maximise the chances of your paper being accepted, it is a good idea to review and follow the instructions for authors carefully. If your paper fits the journal’s format, busy editors and reviewers will have a much easier job at considering your paper, and this will save time in the long run. Follow the guidelines below when formatting your paper: 1. Keywords Authors can usually opt to (or are required to) choose keywords relevant to the content of the manuscript during the submission process. This assists in the identification of the most suitable reviewers for the manuscript. Keywords should also be included in the abstract itself. 2. Manuscript format The manuscript must be submitted as a Word document. PDF is not accepted. The manuscript should be presented in the following order: Title page. Abstract, or a summary for case reports (Note: references should not be included in abstracts or summaries). Main text separated under appropriate headings and subheadings using the following hierarchy: BOLD CAPS, bold lower case, Plain text, Italics. Tables should be in Word format and placed in the main text where the table is first cited. Tables must be cited in the main text in numerical order. Acknowledgments, Competing Interests, Funding and all other required statements. Reference list. Images must be uploaded as separate files (view further details under the Figures/illustrations section). All images must be cited within the main text in numerical order and legends should be provided at the end of the manuscript. Appendices should be uploaded using the File Designation “Supplementary File” and cited in the main text. Please remove any hidden text headers or footers from your file before submission. 138 3. Style Abbreviations and symbols must be standard. SI units should be used throughout, except for blood pressure values which should be reported in mm Hg. Whenever possible, drugs should be given their approved generic name. Where a proprietary (brand) name is used, it should begin with a capital letter. Acronyms should be used sparingly and fully explained when first used. 4. Figures/illustrations Images must be uploaded as separate files. All images must be cited within the main text in numerical order and legends must be provided (ideally at the end of the manuscript). 4.1. Colour images and charges For certain journals, authors of unsolicited manuscripts that wish to publish colour figures in print will be charged a fee to cover the cost of printing. Refer to the specific journal’s instructions for authors for more information. Alternatively, authors are encouraged to supply colour illustrations for online publication and black and white versions for print publication. Colour publication online is offered at no charge, but the figure legend must not refer to the use of colours. 4.2. File types Figures should be submitted in TIFF or EPS format. JPEG files are acceptable in some cases. A minimum resolution of 300 dpi is required, except for line art which should be 1200 dpi. Histograms should be presented in a simple, two-dimensional format, with no background grid. For figures consisting of multiple images/parts, please ensure these are submitted as a single composite file for processing. We are unable to accept figures that are submitted as multiple files. 139 During submission, ensure that the figure files are labelled with the correct File Designation of “Mono Image” for black and white figures and “Colour Image” for colour figures. Figures are checked using automated quality control and if they are below the minimum standard you will be alerted and asked to resupply them. Please ensure that any specific patient/hospital details are removed or blacked out (e.g. X-rays, MRI scans, etc). Figures that use a black bar to obscure a patient’s identity are NOT accepted. 5. Tables Tables should be in Word format and placed in the main text where the table is first cited. Tables must be cited in the main text in numerical order. Please note that tables embedded as Excel files within the manuscript are NOT accepted. Tables in Excel should be copied and pasted into the manuscript Word file. Tables shouldbe self-explanatory and the data they contain must not be duplicated in the text or figures. Any tables submitted that are longer/larger than 2 pages will be published as online only supplementary material. 6. Multimedia files You may submit multimedia files to enhance your article. Video files are preferred in .WMF or .AVI formats, but can also be supplied as .FLV, .Mov, and .MP4. When submitting, please ensure you upload them using the File Designation “Supplementary File – Video”. 7. References Authors are responsible for the accuracy of cited references and these should be checked before the manuscript is submitted. 7.1. Citing in the text References must be numbered sequentially as they appear in the text. References cited in figures or tables (or in their legends and footnotes) should appear at the end of the reference list to avoid re-numbering if tables and figures are moved around at peer 140 review/proof stage. Reference numbers in the text should be inserted immediately after punctuation (with no word spacing)—for example, [6] not [6]. Where more than one reference is cited, these should be separated by a comma, for example, [1, 4, 39]. For sequences of consecutive numbers, give the first and last number of the sequence separated by a hyphen, for example, [22-25]. References provided in this format are translated during the production process to superscript type, and act as hyperlinks from the text to the quoted references in electronic forms of the article. Please note that if references are not cited in order the manuscript may be returned for amendment before it is passed on to the Editor for review. 7.2. Preparing the reference list References must be numbered consecutively in the order in which they are mentioned in the text. Only papers published or in press should be included in the reference list. Personal communications or unpublished data must be cited in parentheses in the text with the name(s) of the source(s) and the year. Authors should request permission from the source to cite unpublished data. Journals from BMJ use a slightly modified version of Vancouver referencing style (see example below, or download here). Note that The BMJ uses a different style. 7.3. BMJ reference style List the names and initials of all authors if there are 3 or fewer; otherwise list the first 3 and add ‘et al.’ (The exception is the Journal of Medical Genetics, which lists all authors). Use one space only between words up to the year and then no spaces. The journal title should be in italic and abbreviated according to the style of Medline. If the journal is not listed in Medline then it should be written out in full. 7.4. Example references Journal article 13 Koziol-Mclain J, Brand D, Morgan D, et al. Measuring injury risk factors: question reliability in a statewide sample. Inj Prev 2000;6:148–50. 141 Chapter in book 14 Nagin D. General deterrence: a review of the empirical evidence. In: Blumstein A, Cohen J, Nagin D, eds. Deterrence and Incapacitation: Estimating the Effects of Criminal Sanctions on Crime Rates. Washington, DC: National Academy of Sciences 1978:95–139. Book 15 Howland J. Preventing Automobile Injury: New Findings From Evaluative Research. Dover, MA: Auburn House Publishing Company 1988:163–96. Abstract/supplement 16 Roxburgh J, Cooke RA, Deverall P, et al. Haemodynamic function of the carbomedics bileaflet prosthesis [abstract]. Br Heart J 1995;73(Suppl 2):P37. Electronic citations Websites are referenced with their URL and access date, and as much other information as is available. Access date is important as websites can be updated and URLs change. The “date accessed” can be later than the acceptance date of the paper, and it can be just the month accessed. Electronic journal articles Morse SS. Factors in the emergency of infectious diseases. Emerg Infect Dis 1995 Jan- Mar;1(1). www.cdc.gov/nciod/EID/vol1no1/morse.htm (accessed 5 Jun 1998). Electronic letters Bloggs J. Title of letter. Journal name Online [eLetter] Date of publication. url eg: Krishnamoorthy KM, Dash PK. Novel approach to transseptal puncture. Heart Online [eLetter] 18 September 2001. http://heart.bmj.com/cgi/eletters/86/5/e11#EL1 142 Legal material Toxic substances Contro Act: Hearing on S776 Before the Subcommittee of the Environment of the Senate Comm. on Commerce, 94th Congress 1st September (1975). Washington v Glucksberg 521 US 702 (1997) Law references The two main series of law reports, Weekly Law Reports (WLR) and All England Law Reports (All ER) have three volumes a year. For example: Robertson v Post Office [1974] 1 WLR 1176 Ashcroft v Mersey Regional Health Authority [1983] 2 All ER 245 R v Clarence [1868] 22 QBD 23 Wimpey Construction UK Ltd v Poole (1984) Times, 3 May There are good historical precedents for the use of square and round brackets. Since 1891, round ones have referred to the date of the report, square ones to the date of publication of the report. Apart from not italicising the name of the case, we use the lawyers’ style; be careful with punctuation. Here are some more examples: Caparo Industries plc v Dickman and others [1990] 1 All ER 568-608. R v Clarence [1888] 22 QBD 23. Finlayson v HMAdv 1978 SLT (Notes) 60 Block v Martin (1951) 4 DLR 121 Official Journal of the European Communities: at the top of the page it gives the No, vol, and page and, at the other side of the header, the date. The abbreviation for the title is given in parentheses under the title. Jiggle these elements around to get, eg: 143 Council Directive of 14 June 1989. Offical Journal of the European Communities No L 1989 June 28:181/44-6. (89/831/EEC. 7.5. Digital Object Identifier (DOI) A DOI is a unique string created to identify a piece of intellectual property in an online environment and is particularly useful for articles that are published online before appearing in print (and therefore have not yet been assigned the traditional volume, issue and page number references). The DOI is a permanent identifier of all versions of an article, whether raw manuscript or edited proof, online or in print. Thus the DOI should ideally be included in the citation even if you want to cite a print version of an article. Find a DOI How to cite articles with a DOI before they have appeared in print Alwick K, Vronken M, de Mos T, et al. Cardiac risk factors: prospective cohort study. Ann Rheum DisPublished Online First: 5 February 2004. doi:10.1136/ard.2003.001234 How to cite articles with a DOI once they have appeared in print Vole P, Smith H, Brown N, et al. Treatments for malaria: randomised controlled trial. Ann Rheum Dis2003;327:765–8 doi:10.1136/ard.2003.001234 [published Online First: 5 February 2002]. PLEASE NOTE: RESPONSIBILITY FOR THE ACCURACY AND COMPLETENESS OF REFERENCES RESTS ENTIRELY WITH THE AUTHOR. 8. Online only supplementary material Additional figures and tables, methodology, raw data, etc may be published online only as supplementary material. If your paper exceeds the word count you should consider if any parts of the article could be published online only. Please note that these files will not be copyedited or typeset and will be published as supplied, therefore PDF files are preferred. All supplementary files should be uploaded using the File Designation “Supplementary File”. Please ensure that any supplementary files are cited within the main text of the article. 144 Some journals also encourage authors to submit translated versions of their abstracts in their local language, which are published online only alongside the English version. These should be uploaded using the File Designation “Abstract in local language”. 9. Pre-submission checklist In order to reduce the chanceof your manuscript being returned to you, please check: 1. Author information: Have you provided details of all of your co-authors? Is the information that you have entered into ScholarOne the same as the information on the manuscript title page? 2. Manuscript length and formatting: Have you checked that your manuscript doesn’t exceed the requirements for word count, number of tables and/or figures, and number of references? Have you provided your abstract in the correct format? Have you supplied any required additional information for your article type, such as key messages. 3. Tables: Have you embedded any tables into the main text? Have they been cited in the text? Have you provided appropriate table legends? Have you uploaded any lengthy tables as supplementary files for online publication? 4. Figures: Have you uploaded any figures separately from the text? Have they been supplied in an acceptable format and are they of sufficient quality? Are they suitable for black and white reproduction (unless you intend to pay any required fees for colour printing)? Have the files been labelled appropriately? Have the figures been cited in the text? Have you provided appropriate figure legends? 5. References: Have all of the references been cited in the text? 6. Supplementary files and appendices: Have you supplied these in an acceptable format? Have they been cited in the main text? 7. Statements: Have you included the necessary statements relating to contributorship, competing interests, funding, data sharing and ethical approval? 8. Research reporting checklists: Have you either provided the appropriate statement for your study type, or explained why a checklist isn’t required? 9. Permissions: Have you obtained from the copyright holder to re-use any previously published material? Has the source been acknowledged? 10. Reviewers: Have you provided the names of any preferred and non-preferred reviewers? 145 7.2. ANEXO B: Normas para publicação na revista “Pharmacoepidemiology and Drug Safety” INSTRUÇÕES PARA AUTORES Manuscripts must be submitted as a Word or rtf file and should be written in English. The guidelines below specify the format and layout required for submissions to Pharmacoepidemiology and Drug Safety. We do appreciate that authors spend a lot of time reformatting their manuscripts for submission and therefore, Pharmacoepidemiology and Drug Safety does not require authors to reformat their manuscript to the journal's layout upon initial submission. We ask only that you consider your reviewers by supplying your manuscript in a clear, generic and readable layout (including abstract), and that a reasonable scientific standard is adhered to. However, subsequent revised versions of the manuscript must conform to the requirements of the journal as specified below. Text File The text file should be presented in the following order: (i) Title page; a) full title b) a short running title of less than 50 characters; c) the full names of the authors; d) the authors' institutional affiliations at which the work was carried out, (footnote for authors' present address if different from where the work was carried out); e) name, address, and email address of corresponding author; f) key words; g) 5 ‘take home’ messages or key points; h) word count excluding abstract, tables, figures and references; i) a statement about prior postings and presentations, name(s) of any sponsor(s) of the research contained in the paper, along with grant number(s); (ii)abstract; (iii)main text; (iv) acknowledgments (including funding information); 146 (v) references; (vi) tables (each table complete with title and footnotes) (vii) figure legends (viii) figures provided on a separate page Appendices and supporting information should be supplied as separate files under supplementary material for review. Title The title should be a short informative title that contains the major key words. The title should not contain abbreviations. Authorship Please refer to the journal’s authorship policy in the Editorial Policies and Ethical Considerations section for details on eligibility for author listing. Acknowledgements Contributions from anyone who does not meet the criteria for authorship should be listed, with permission from the contributor, in an Acknowledgements section. Financial and material support should also be mentioned. Thanks to anonymous reviewers are not appropriate. Conflict of Interest Statement Authors are responsible for disclosing all financial and personal relationships between themselves and others that might appear to bias their work. To prevent ambiguity, authors must state explicitly in the Conflict of interest form whether potential conflicts do or do not exist. Authors should describe the role of the study sponsor(s), if any, in study design, in the collection, analysis and interpretation of data, in the writing of the report and in the decision to submit the report for publication. If the supporting source(s) had no such involvement, the authors should so state. Completed Conflict of Interest Disclosure Form(s). Conflict of Interest (COI) disclosure forms must be uploaded with your manuscript files at submission. Please choose the file designation ‘Conflict of Interest form’ when submitting each of your forms. Please note: a separate COI form must be completed by the corresponding author and each co-author. If you do not submit separate COI forms for each of the authors, your manuscript will be un-submitted back to you. If your manuscript has not been formatted specifically for Pharmacoepidemiology and Drug Safety, authors can supply the international COI form upon initial submission but must complete 147 the Pharmacoepidemiology and Drug Safety COI form if invited to provide a resubmission. Keywords Please provide 2-6 keywords and list them in alphabetical order. Keywords should be taken from those recommended by the US National Library of Medicine's Medical Subject Headings (MeSH) browser list. Key points Please include up to five bullet points, of around 100 words only, explaining the importance of the paper’s findings. These points will be published with article in a box entitled ‘Key Points’. Abstract Authors should note that structured abstracts (maximum 250 words) are required. The structured abstract should adopt the format: Purpose, Methods, Results, and Conclusions. Abstracts should not contain citations to other published work. Letters and Commentaries do not require abstracts. Main Text Where possible, the text should be divided into the following sections: Introduction, Methods, Results, Discussion, Acknowledgements, and References. Tables and Figures follow where applicable. The approximate placement of the tables and/or figures should be noted in the text. Letters should be formatted in one continuous section. Commentaries should be formatted as appropriate to content. References All references should be numbered consecutively in order of appearance and should be as complete as possible. In text citations should cite references in consecutive order using Arabic superscript numerals. Sample references follow: Journal article: 1. King VM, Armstrong DM, Apps R, Trott JR. Numerical aspects of pontine, lateral reticular, and inferior olivary projections to two paravermal cortical zones of the cat cerebellum..J Comp Neurol1998;390:537-551. Book: 148 2. Voet D, Voet JG. Biochemistry. New York: John Wiley & Sons; 1990. 1223 p. Please note that journal title abbreviations should conform to the practices of Chemical Abstracts. Tables Tables should be self-contained and complement, but not duplicate, information contained in the text. They should be supplied as editable files, not pasted as images. Legends should be concise but comprehensive –the table, legend and footnotes must be understandable without reference to the text. All abbreviations must be defined in footnotes. Footnote symbols: †, ‡, §, ¶, should be used (in that order) and *, **, *** should be reserved for P-values. Statistical measures such as SD or SEM should be identified in the headings. Figure Legends Legends should be concise but comprehensive – the figure and its legend must be understandable without reference to the text. Include definitions of any symbols used and define/explain all abbreviations and units of measurement. Preparing Figures Although we encourage authors to send us the highest-quality figures possible, for peer-review purposes we are happy to accept a wide variety of formats, sizes, and resolutions. Colour Figures Figures submitted in colour may be reproduced in colour online free of charge. Please note, however, that it is preferable that line figures (e.g. graphs and charts) are supplied in black and white so that they are legible if printed by a reader in black and white. If you wish to have figures printed in colour in hard copies of the journal, a fee will be charged by the Publisher. Appendices Appendices will be listed before the references in the online version of the article, and a link to download the appendices provided. Appendices will also be listed in the print version of the article, but readers will need to access the online version to view these. For submission they should be supplied as separate files (supplementary material for review) but referred to in the text. Supporting information Supporting information is information that is not essential to the article but that provides greater depth and background. It is hosted online, and appears without editing or typesetting. It may include tables, figures, videos, datasets, etc. Note: if 149 data, scripts or other artefacts used to generate the analyses presented in the paper are available via a publicly available data repository, authors should include a reference to the location of the material within their paper. General Style Points The following links provide general advice on formatting and style. • Abbreviations: In general, terms should not be abbreviated unless they are used repeatedly and the abbreviation is helpful to the reader. Initially use the word in full, followed by the abbreviation in parentheses. Thereafter use the abbreviation only. • Units of measurement: Measurements should be given in SI or SI-derived units. Visit the Bureau International des Poids et Mesures (BIPM) website at http://www.bipm.fr for more information about SI units. • Trade names:Chemical substances should be referred to by the generic name only. Trade names should not be used. Drugs should be referred to by their generic names. If proprietary drugs have been used in the study, refer to these by their generic name, mentioning the proprietary name, and the name and location of the manufacturer, in parentheses. Wiley Author Resources Wiley has a range of resources for authors preparing manuscripts for submission available here. In particular, authors may benefit from referring to Wiley’s best practice tips on Writing for Search Engine Optimization. Editing, Translation and Formatting Support Wiley Editing Services can improve the chances of your manuscript being accepted. Offering expert help in English language editing, translation, manuscript formatting and figure preparation, Wiley Editing Services ensures that your manuscript is ready for submission.